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PROCESSO CIVIL – CONHECIMENTO

CAROLINA FONTES

2021
PROCESSO CIVIL – CONHECIMENTO

TEORIA GERAL DO PROCESSO

É um conjunto de conceitos e princípios e garantias que irão orientar


o funcionamento dos diversos ramos dos direitos processuais. É uma
abstração que abrangera a jurisdição (civil, trabalhista, penal, arbitral) e
não jurisdicional (direito administrativo, direito processual legislativo,
eleitoral, etc).

Assim, sempre que houver relações de poder, em que haverá a


decisão de um, que se sobrepõe a indivíduos, deverá ser respeitado
princípios básicos e garantias constitucionais, como o contraditório, o
devido processo legal, o juiz natural, o dever de imparcialidade,
impessoalidade, e de igualdade.

Nesse âmbito a TGP terá as seguintes bases metrológicas:

Direito processual constitucional: é a base metodológica processual


que assegura que sejam cumpridas as garantias constitucionais, inclusive
o alcance da justiça nos casos concretos.

Instrumentalidade do processo: o escopo máximo do processo é a


pacificação social, por meio da solução de conflitos.

Aliado, também o escopo jurídico do processo é atuação concreta do


direito. O direito material traz uma previsão em abstração, quando há um
conflito sobre o exercício deste, com consequente processo judicial, haverá
uma tradução da verdadeira vontade da lei.

Portanto, um processo judicial trará como resultado a realização da


vontade da lei, nesse sentido, é importante que este resultado tenha
efetivado e utilidade no mundo real, além do mundo das leis, para assim
alcançar legitimidade social.

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CRISES JURÍDICAS

Conflitos de dois ou mais sobre um determinado direito.

O processo deve oferecer caminhos para a solução das crises e


controvérsias entre as partes.

Simplificando:

Por que existe a atividade jurisdicional? Porque na sociedade há


sempre conflitos entre as pessoas.

Para que existe a atividade jurisdicional? Para pacificar os conflitos


– pacificação social.

SOCIEDADE E TUTELA JURÍDICA

SOCIEDADE E DIREITO

Ubi societas ibi jus: não há sociedade sem direito. Por que?

Porque o direito exerce uma função ordenadora. Assim a ordem


jurídica existe para harmonizar as relações sociais, com máxima realização
dos valores humanos e com mínimo sacrifício e desgaste.

Pelo aspecto sociológico o direito busca o controle social, através do


qual busca que a sociedade agia de acordo com certos padrões sociais e
culturais, e também busquem valores comuns.

CONFLITOS

Os bens da vida são limitados, e as necessidades humanas


(vontades) são limitadas.

O conflito de interesse surge porque uma ou mais pessoas estão


interessadas em um mesmo bem da vida.

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Ou o exercício do bem da vida por um indivíduo exclui o exercício
por outro indivíduo.

Ou o exercício do bem da vida de um indivíduo se sobrepõe ao


exercício por outro indivíduo.

LIDE

Conflito de interesses: pretensão resistida.

SOLUÇÃO DE CONFLITOS – ANTIGAMENTE

Autotutela: imposição de interesses de um sobre o outro, geralmente


baseava-se no uso da força, sem intervenção de terceiros.

Atualmente, de forma geral, é proibido pelo direito.

Autocomposição = acordo (permitido e incentivado pelo direito na


atualidade).

Arbitragem: intervenção de terceiro desinteressado. Contudo no


passado esse desinteresse era duvidoso. Nas épocas antigas o terceiro
eram os anciões, sacerdotes.

Com os incrementos dos Estados Nações na Idade Moderna a


atividade Judicial passou a ser do Estado. Momento em que a Justiça
passou a ser entidade como atividade pública. Nessa época quem tinha o
poder de decisão era os reis/imperadores.

FORTALECIMENTO DO PODER ESTATAL - ATIVIDADE JUDICIAL


PÚBLICA

Com a noção e Teoria da Tripartição dos Poderes a atividade judicial


deixou de ser do governante.

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− Poder Judiciário – função judicial. Foi criado para julgar, para
resolver conflitos de interesses.

− Poder Legislativo – função legislativa. Cabe legislar, mas não só.


Cabe a ele, também, fiscalizar.

− Poder Executivo – função executiva. Tem a função executar políticas


públicas, administrar a máquina pública.

JURISDIÇÃO

É a capacidade do Estado tem de decidir imperativamente e impor


decisões. Além, de dizer o que é o direito, principalmente no caso concreto.

A jurisdição tem como principal escopo a pacificação da sociedade.

Escopo jurídico: 1-pacificação da sociedade mediante a eliminação


de conflitos, por meio de uma decisão justa. A decisão decorre de uma
utlizacao do sistema processual.

2- Atuação da vontade concreta do direito.

Escopo social: 1- pacificação de pessoas mediante a eliminação de


conflitos com justiça.

2- Educação das pessoas para respeitar os direitos alheios e para


aprender a exercer os seus direitos.

Escopo político: dar amparo e legitimidade as instituições políticas.


Assim legitima as leis, e necessidade de cumprimento delas.

Instrumentalidade do processo

O processo judicial é um instrumento para o exercício dos direitos.

No processo e no exercício da jurisdição deve existir o maior e mais


adequado proveito útil possível.

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Processo civil de resultados: possibilidade de o processo propiciar a
quem tem um determinado direito tudo aquilo que ele tem direito a obter,
caso contrário o processo não será útil, e não será aceitável pela sociedade.

MÉTODOS DE SOLUÇÃO DE CONFLITOS


Sistema multiportas: diferentes formas de solução de crises jurídicas.
No caso concreto deve-se escolher a forma adequada para o caso concreto.
Tradicional: jurisdição
Formas alternativas

Métodos autocompositivos x Métodos heterocompositivos

São métodos autocompositivos:


1-negociação,
2-conciliação
3-mediação.

Métodos heterocompositivos
1-Arbitragem
2-Judicial

MÉTODOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO


1-Aututela
2-Autocomposição: Consensual
3-Arbitragem

1-Aututela: um impõe o sacrifico integral ao outro, sob o exercício


da força. Só existe em determinadas exceções, quando é permitido de
forma expressa pela lei.
As consequências do exercício podem ser analisadas pelo P.J.

2-Autocomposição: Consensual

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- Sacrifício integral/parcial dos interesses de conflitos
- Vontade das partes: solução consensual
Formas:
1-Renúncia: sacrifício integral do Direito / vontade
2-Submissão unilateral
Essas são formas altruístas
3-Transação: sacrifício parcial / vontade bilateral
Pode acontecer dentro ou fora do processo:
Quando é no processo a solução é híbrida: as partes acordam, e o
Juiz homologa (sentença homologatório – faz coisa julgada).

Formas procedimentais de autocomposição:


1-negociação,
2-conciliação
3-mediação.

NEGOCIAÇÃO
As partes acordam sem a intervenção de um terceiro neutro.
Pode haver a presença dos representantes das partes, caso em que
se dá uma negociação assistida. O representante de cada uma das partes
será um terceiro interessado.
Este é fora do processo.

CONCILIAÇÃO - MEDIAÇÃO
Possuem um terceiro imparcial que auxiliará as partes na resolução
do conflito.

CONCILIAÇÃO
É mais adequada para casos em que não há diálogo prévio entre as
partes. O
pode sugerir soluções para o conflito, mas deve é imparcial e não
tem poder decisório, não podendo impor soluções às partes.
Para situação em que os conflitos não se perpetuam no tempo.

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O CPC incentiva que haja conciliação em todos os processos.
Nos juizados a audiência é uma obrigação (flexibilizado na
pandemia)
Nas varas comuns sempre que uma das partes se manifestar sobre
o interesse na audiência ou se todos silenciarem será marcada a audiência.
Caso alguma das partes falte a audiência será considerado ato atentatório
a dignidade da Justiça, e a este será imposto uma multa (art. 334, $8)

MEDIAÇÃO
Mais apropriada para solução de conflitos surgidos a partir de uma
relação preexistente, continuada e pessoal entre as partes.
O mediador atua no restabelecimento do diálogo entre as partes,
buscando uma solução consensual e espontaneamente identificada pelas
partes.
O mediador visa trabalhar propriamente o conflito entre as partes,
de forma ampla.

Os métodos autocompositivos podem ser adotados judicialmente ou


extraprocessualmente.
No CPC de 2015 eles assumiram um papel relevante
Com o intuito de estimular a solução autocompositiva, o CPC/15
tornou a audiência de mediação ou conciliação praticamente mandatória.
A audiência de mediação ou conciliação precede o ato de contestação
a fim de propiciar um ambiente mais favorável para a solução consensual
e somente pode ser dispensada com a manifestação expressa de todas as
partes em litígio ou quando há transação de direitos indisponíveis.
Por fim, prevê o artigo 166 do CPC que a conciliação e a mediação,
são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da
autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da
informalidade e da decisão informada.

MÉTODOS HETEROCOMPOSITIVOS

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Os métodos heterocompositivos (ou impositivos): solução do conflito
por meio da atuação de um terceiro imparcial, pode meio de uma decisão
impositiva, sendo esse terceiro juiz ou árbitro, na jurisdição estatal e na
jurisdição arbitral, respectivamente.
Monopólio da jurisdição pública: Estado.

ARBITRAGEM
Arbitragem: jurisdição arbitral se estenda somente às circunstâncias
permitidas pela lei.
Lei de Arbitragem (Lei 9.307/96) artigo 1º - possibilidade de recorrer
à arbitragem para “dirimir litígios relativos a direitos patrimoniais
disponíveis”.
Não há a possibilidade de submeter à arbitragem litígios envolvendo
direitos indisponíveis.
Para um conflito ser solucionado pela arbitragem se tiver prévio
acordo entre as partes.
As partes escolhem qual direito material será utilizado para regular
o conflito.
Decisão arbitral: soberana, não há recursos.
Decisão soberana do juízo arbitral, o Juiz processual só pode
analisar eventuais irregularidades.

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