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Larissa Rodrigues1
Janaina Aparecida Domingues da Costa2
Resumo
Este artigo investiga a aplicação da conciliação em casos de conflitos na área da saúde.
Dado o aumento da incidência de conflitos no âmbito da saúde relativos à efetividade das
necessidades básicas individuais e/ ou coletivas, pela prestação de serviços públicos ou
privados, evidencia-se a emergência de buscar soluções mais rápidas aos conflitos nesta
área. A saúde é considerada um direito fundamental dos indivíduos, garantida
constitucionalmente, contudo, requer políticas e instrumentos de proteção a vida humana
e social, condições que lhe imputam complexidade no tratamento jurídico, o objetivo é
apresentar soluções rápidas, práticas e eficazes acerca do instituto da conciliação,
apontando os pontos positivos na resolução de conflitos na esfera extraprocessual em
comparação com uma lide judicial.
Abstract
This article investigates the application of conciliation in cases of conflicts in the health
area. Given the increase in the incidence of conflicts in the health field related to the
effectiveness of individual and/or collective basic needs, through the provision of public or
private services, there is an urgent need to seek faster solutions to conflicts in this area.
Health is considered a fundamental right of individuals, constitutionally guaranteed,
however, it requires policies and instruments to protect human and social life, conditions
that give it complexity in legal treatment, the objective is to present quick, practical and
effective solutions about the institute of health. conciliation, pointing out the positive points
in the resolution of conflicts in the extra-procedural sphere compared to a judicial dispute.
Introdução
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Magistrado da 2ª Seção de Direito Privado do Superior Tribunal de Justiça.
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1 – Conciliação
Iremos abordar neste capítulo de uma forma breve o conceito e histórico da Conciliação
no âmbito judicial. Abordaremos também alguns tipos de conflitos que podem ter uma
solução por meio de acordo.
Conceito
A conciliação é uma forma extrajudicial de solução de conflitos, em que uma terceira
pessoa, chamada de conciliador, busca sugerir um resultado para o conflito mediante a
celebração de um acordo.
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1.2 - Tipo de conflitos que podem ter solução por meio de acordo
Pensão alimentícia, guarda dos filhos, divórcio, partilha de bens, acidentes de trânsito,
dívidas em bancos, danos morais, demissão do trabalho; questões que envolvam
comércio ou relação de consumo, questões de vizinhança, entre outras.
§ 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo
anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização
de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.
§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior
entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em
conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar,
por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.
Neste capítulo veremos a conciliação judicial no âmbito da saúde e, como tem crescido
os casos de processos judiciais. O intuito é trazer uma solução para esses conflitos por
meio da conciliação, de modo a velar pela rápida solução do litígio, e assegurar as partes
a igualdade de tratamento e que fique satisfatório para ambos. Abordaremos também um
caso, e a importância de se rever conceitos, assim como a bioética, mas no Direito com
relação a normatização e evolução cientifica.
isso, utilizam a figura de uma terceira pessoa neutra e imparcial ao embate. Para o
ministro do Superior Tribunal de Justiça Luís Felipe Salomão
Tem diversas soluções que estão sendo pensadas no mundo inteiro, de prevenção ao litígio. Alguns países
com forte iniciativa pública na área da saúde, como Uruguai e França, desenvolveram um sistema
de ombudsman médico que funciona com muita eficácia. O próprio setor se autorregula, cria mecanismos
com credibilidade para resolver o problema e evita litígios. (Summit Saúde 2018, Jornal O Estado de S.
Paulo, 18 de agosto de 2018)
4 – O benefício da conciliação
O Hospital Santa Lúcia foi condenado a pagar R$ 10 mil de indenização a uma paciente
que deu entrada no serviço emergencial e cujo atendimento foi negligenciado, demorado
e cercado de transtornos e constrangimentos. A condenação do juiz da 12ª Vara Cível de
Brasília foi confirmada em 2ª Instância pela 3ª Turma Cível do TJDFT.
A autora contou que procurou o atendimento, por volta das 22h, com fortes dores no peito
e suspeita de infarto. Na recepção, foi informada que seu plano de saúde não cobria a
consulta. Por não ter folhas de cheques nem a quantia suficiente para o procedimento,
teve o atendimento emergencial negado. O marido, que a acompanhava, ficou nervoso
com a situação e arremessou um cesto de lixo contra o vidro da recepção, sendo logo
imobilizado por seguranças. Segundo ela, nesse ínterim, os sintomas se agravaram e ela
passou a sentir náuseas e falta de ar, momento em que outra pessoa, que também
aguardava para ser atendida, ofereceu-lhe uma folha de cheque para cobrir o valor
exigido. Porém, depois de superada a questão financeira, a supervisora da ala
condicionou o atendimento à lavratura de um termo de ocorrência dos fatos na delegacia.
Finalmente, às 11h45, os primeiros exames de emergência foram solicitados e o
diagnóstico demonstrou a necessidade de intervenção cirúrgica. Mas, novamente, foi
informada que o plano não cobria o procedimento e que era necessário um cheque
caução de R$ 50 mil para sua realização. Enquanto aguardavam e providenciavam o
pagamento e, depois de todo o ocorrido, foram informados que o plano era conveniado
sim. Por tudo que passou, a paciente pediu a condenação do hospital ao pagamento de
R$ 200 mil a título de danos morais.
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Em contestação, o réu relatou dinâmica diferente dos fatos e afirmou que a demora
decorreu da confusão aprontada pelo marido dela. Sustentou que não houve qualquer
recusa do atendimento ou conduta negligente de seus profissionais que disponibilizaram
todos os recursos para a assistência médica necessária. Negou também ter exigido
caução para o atendimento.
Após ouvir as testemunhas do caso, o juiz de 1ª Instância afirmou na sentença: “A
conduta do hospital mostrou-se negligente ao exigir indevidamente o pagamento da
consulta e o cheque em garantia da internação hospitalar causando os constrangimentos
morais que a autora descreveu em sua petição inicial desde o início do atendimento e a
sua continuidade com a necessária internação em UTI. Mesmo que não se reconheça
aqui a dimensão da reparação no valor proposto pela autora, conquanto a quantia
desejada se mostre desproporcional com a dimensão do dano, é notório que a lesão deva
ser recompensada com valores econômicos de modo a amenizar os sentimentos de
honra e dignidade vulnerados com a ocorrência do incidente”.
À unanimidade, a sentença foi mantida em grau de recurso pela 2ª Instância do Tribunal.
Não cabe mais recurso. Com isso vimos que fora o desgaste, ainda uma das partes saiu
lesada, o transtorno do tempo para decisão, conciliação não seria mais viável? Creio que
sim.
Outro exemplo foi em 2019, quando o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo criou
um espaço de conciliação para casos de saúde
O convênio foi negociado por mais de seis meses. Na prática, haverá um espaço no 2º
andar do Fórum João Mendes Júnior, que vai concentrar todas as sessões de conciliação
e mediação cujo objeto do litígio verse exclusivamente sobre questões de direito à saúde
que se refiram às partes. A Abramge e a Amil se comprometeram a participar das
sessões de mediação e conciliação, com prepostos treinados em práticas de composição
e com efetiva capacidade de negociação para a solução amigável de conflitos.
"A solução amigável de conflitos é tão antiga quanto a história de todos os povos e
compõe, hoje, uma política judiciária nacional. O Código de Processo Civil prevê soluções
consensuais de conflito, que são como um arsenal de medidas necessárias e
indispensáveis à pacificação da sociedade brasileira”, afirmou o presidente do TJ-SP,
desembargador Manoel Pereira Calças.
Com esse convênio, todo cidadão que entrar com uma ação na Justiça envolvendo saúde
complementar poderá passar pela conciliação prévia com as operadoras e com mediação
do próprio TJ-SP. O juiz que receber um processo dessa natureza poderá encaminhá-lo
para o núcleo do tribunal e uma audiência deverá ser marcada em até 30 dias.
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A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) também possui uma parceria semelhante
com o TJ-SP. O local para solução de conflitos entre clientes e instituições financeiras é
conhecido como “posto bancário”. A novidade, agora, é um convênio com o setor de
saúde privada, que vem sofrendo um aumento no número de processos e reclamações
nos últimos anos.
O coordenador do Cejusc Central, juiz Ricardo Pereira Junior, citou a importância do setor
da saúde dentro do sistema judiciário paulista e afirmou que a aproximação entre as
partes é natural. "As iniciativas de solução de conflito têm-se mostrado muito efetivas no
Estado. Hoje, temos cerca de 250 Cejuscs instalados e agora iremos inaugurar esse
centro temático na área da saúde, o que representa um grande avanço", disse.
Considerações Finais
Referências
Todo documento utilizado e citado no trabalho deve constar na lista de referências.
VIAPIANA,Tabata.https://www.conjur.com.br/2019-set-15/tj-sp-cria-espaco-
conciliacao-casos-saude-complementar . 15 de Setembro de 2019, São Paulo.
Jr., Luiz Antonio S. Arbitragem - Mediação, Conciliação e Negociação. Disponível em:
Minha Biblioteca, (10th edição). Grupo GEN, 2020.
Daniela Vieira Martins, a conciliação no processo judicial brasileiro
https://jus.com.br/artigos/51692/a-conciliacao-no-processo-judicial-brasileiro-
a-luz-do-codigo-de-processo-civil-de-2015 , acesso em 20 de outubro 2022.