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MEDIAÇÃO, CONCILIAÇÃO, ARBITRAGEM E


JUSTIÇA RESTAURATIVA
ESTRATO DE SEUS MARCOS LEGAIS
MARCOS LEGAIS

Por Ana Maria Pereira Lopes


UA Justiça Restaurativa e Processos de Mediação – UNISUL

Eis algumas situações que se apresentam ao Sistema de


Justiça, mas que podem ter outros encaminhamentos por
meio das práticas “alternativas” de Justiça.

Três adolescentes são apreendidas por pichar prédio


público no PI
Na pichação estava escrito: "Casa comigo, só eu sei te
fazer feliz"

Três adolescentes, sendo duas de 17 e uma de 16 anos, foram


detidas pela Guarda Municipal de Cocal no final da noite desta
terça-feira (01/12), por atos de depredação ao patrimônio público.
Todas foram conduzidas à Delegacia de Polícia Civil de Cocal,
onde foram liberadas após a polícia registrar um BOC (Boletim de
Ocorrência Circunstanciado).
O flagrante aconteceu por volta da meia-noite, na Avenida
Joaquim vieira de Brito, precisamente no Centro Comercial de
Cocal, centro da cidade. As três jovens usavam uma lata de tinta
spray para pichar o referido prédio quando foram flagradas por
uma equipe da Guarda Municipal que fazia o patrulhamento de
rotina pela área.
Como punição, o pichador maior de idade paga uma multa e será
penalizado por contravenção penal, considerada um crime de
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menor potencial ofensivo. Já o estabelecimento comercial que


vende a tinta spray para menores também comete crime, no caso
em tela, o comerciante que vendeu a tinta às adolescentes vai ser
intimado e também será punido, conforme o Código Penal
Brasileiro (CPB).
As menores foram autuadas e os pais das adolescentes foram
cientificados de suas responsabilidades junto à justiça.

O gráfico a seguir mostra tipos de atos infracionais


cometidos por adolescentes, o número de atos infracionais
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contra o patrimônio salta à vista.

Eis uma situação encaminhada para mediação de famílias.


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Informação prévia prestada nos formulários de orientação


Mulher – Cristina, 34 anos secretária (a tempo parcial)
Marido – António, 38 anos gestor de marketing
Filhos – Rebeca, 11 anos
Sofia, 9 anos
Mateus, 6 anos
Cristina e António estiveram casados doze anos. Separaram-se
há um mês. Cristina continua a viver no apartamento familiar
com as crianças. António deixou o lar há um mês e está a viver
num apartamento alugado com a companheira Célia. O
apartamento familiar está em nome dos dois e António ainda
está a pagar uma hipoteca. Nem um nem outro possuem
reservas ou outros bens significativos.
Razões para recorrerem à mediação: António escreveu no seu
formulário de orientação: “É cada vez mais difícil discutir
assuntos econômicos e sobre os filhos sem que os nossos
sentimentos interfiram.”
Por seu lado, Cristina escreveu no seu formulário: “Preciso
saber qual é a minha situação financeira. As crianças estão
perturbadas e aborrecidas por verem o pai ir e vir”.
Ambos dizem quem não têm a certeza de como resolver as
coisas porque é difícil falarem. Os problemas que eles
pretendem analisar incluem soluções para os filhos.
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Nomeadamente, a relação do António com os filhos, pois tem


tendência para ir e vir continuamente, e os filhos não sabem
quando o voltarão a ver.
Fonte: 180TERAPIAS-AÇORES. Disponível em:
<http://180terapias-acores.blogspot.com.br/2013/04/casos-praticos-de-mediacao-
familiar.htm>. Acesso em: 04 mar. 2018.

MARCOS LEGAIS
Constituição Federal, em seu art. 98, “Art. 98.

A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados


criarão:
I – Juizados especiais, providos por juízes togados, ou
togados e leigos, competentes para a conciliação, o
julgamento e a execução de causas cíveis de menor
complexidade e infrações penais de menor potencial
ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo,
permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o
julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro
grau

Lei 9.099/95 - possibilidade da suspensão condicional


do processo e a transação penal

Da Fase Preliminar
Art. 70. Comparecendo o autor do fato e a vítima, e não
sendo possível a realização imediata da audiência
preliminar, será designada data próxima, da qual
ambos sairão cientes.
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Art. 72. Na audiência preliminar, presente o


representante do Ministério Público, o autor do fato e a
vítima e, se possível, o responsável civil,
acompanhados por seus advogados, o Juiz esclarecerá
sobre a possibilidade da composição dos danos e da
aceitação da proposta de aplicação imediata de pena
não privativa de liberdade.
Art. 73. A conciliação será conduzida pelo Juiz ou por
conciliador sob sua orientação.
Parágrafo único. Os conciliadores são auxiliares da
Justiça, recrutados, na forma da lei local,
preferentemente entre bacharéis em Direito, excluídos
os que exerçam funções na administração da Justiça
Criminal.
Art. 74. A composição dos danos civis será reduzida a
escrito e, homologada pelo Juiz mediante sentença
irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no
juízo civil competente.
Parágrafo único. Tratando-se de ação penal de
iniciativa privada ou de ação penal pública
condicionada à representação, o acordo homologado
acarreta a renúncia ao direito de queixa ou
representação

Resolução nº 125/2010 do Conselho Nacional de


Justiça

Política Judiciária Nacional de Tratamento Adequado dos


Conflitos, institui a Política Pública nacional de tratamento
adequado aos conflitos por meio da utilização de meios
consensuais de tratamento de litígios
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Código de Processo Civil


Art. 139

(Incumbência do juiz) V – promover, a qualquer tempo, a


auto composição, preferencialmente com auxílio de
conciliadores e mediadores judiciais.
A mediação deve ser estimulada todo por todos os
operadores do Direito, ainda que ajuizada a ação

Lei n.° 13.140/2015, que dispõe sobre a MEDIAÇÃO –


decorrência dos dispositivos do CPC 2015 que
versam sobre a mediação

Meios de resolução de conflito


Jurisdição estatal, autotutela (...),
Conciliação: ocorre quando um terceiro (conciliador) atua
como intermediário entre as partes tentando facilitar o
diálogo a fim de que os litigantes cheguem a um acordo
(auto composição)
A conciliação é regulada pelos arts. 165 a 175 do CPC
2015.

Mediação: também ocorre quando um terceiro (mediador)


se coloca entre os litigantes e tenta conduzi-los a um
acordo (auto composição).

Arbitragem (“jurisdição privada”): é uma técnica de


solução de conflitos por meio da qual os conflitantes
aceitam que a solução de seu litígio seja decidida por uma
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terceira pessoa, de sua confiança (regulada pela Lei


n.° 9.307/96, recentemente reformada pela Lei
13.129/2015)

Conceito de mediação
Lei n.° 13.140/2015
Parágrafo único. Considera-se mediação a atividade
técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório,
que, escolhido ou aceito pelas partes, as auxilia e estimula
a identificar ou desenvolver soluções consensuais para a
controvérsia.

A mediação será orientada pelos seguintes princípios:


1) independência do mediador;
2) imparcialidade do mediador;
3) isonomia entre as partes;
4) oralidade;
5) informalidade;
6) autonomia da vontade das partes;
7) busca do consenso;
8) confidencialidade;
9) boa-fé;
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10) decisão informada.

Lei n.º 13.140/2015


Remuneração
Escolha dos mediadores
Respeito à área de atuação profissional na indicação
dos mediadores, por exemplo (direito de família, direito
societário)
Imparcialidade na indicação e comunicação de
impedimento
Mediação extrajudicial

JUSTIÇA RESTAURATIVA

Resolução n.. 225 de 31/05/2016


Ementa: Dispõe sobre a Política Nacional de Justiça
Restaurativa no âmbito do Poder Judiciário e dá outras
providências

Art. 1º. A Justiça Restaurativa constitui-se como um


conjunto ordenado e sistêmico de princípios, métodos,
técnicas e atividades próprias, que visa à conscientização
sobre os fatores relacionais, institucionais e sociais
motivadores de conflitos e violência, e por meio do qual os
conflitos que geram dano, concreto ou abstrato, são
solucionados de modo estruturado na seguinte forma:
I – é necessária a participação do ofensor, e, quando
houver, da vítima, bem como, das suas famílias e dos
demais envolvidos no fato danoso, com a presença dos
representantes da comunidade direta ou indiretamente
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atingida pelo fato e de um ou mais facilitadores


restaurativos;
II – as práticas restaurativas serão coordenadas por
facilitadores restaurativos capacitados em técnicas
autocompositivas e consensuais de solução de conflitos
próprias da Justiça Restaurativa, podendo ser servidor do
tribunal, agente público, voluntário ou indicado por
entidades parceiras;
III – as práticas restaurativas terão como foco a satisfação
das necessidades de todos os envolvidos, a
responsabilização ativa daqueles que contribuíram direta
ou indiretamente para a ocorrência do fato danoso e o
empoderamento da comunidade, destacando a
necessidade da reparação do dano e da recomposição do
tecido social rompido pelo conflito e as suas implicações
para o futuro.

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