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PROJUDI - Processo: 0009522-21.2021.8.16.0058 - Ref. mov. 94.

1 - Assinado digitalmente por Gustavo Henrique dos Santos Viseu:12904067825


15/02/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE CONTRARRAZÕES. Arq: Petição

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJTL4 KCPSS HW2U4 6ARHD
CONTRARRAZÕES AO RECURSO INOMINADO
Processo nº: 0009522-21.2021.8.16.0058

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ(A) DE DIREITO


DA(O ) JUIZADO ESPECIAL DA COMARCA DE CAMPO MOURÃO
- PARANA

NS2.COM INTERNET S/A


CNPJ: 09.339.936/0001-16
SEDE: Rua Maria Prestes Maia, nº 300, 2ºAndar, Prédio 1, Centro Empresarial Tietê, Vila
Guilherme, São Paulo/SP - CEP 02.047-000

Recorrente: ARTHUR CEZAR DEITOS


CPF/CNPJ: 098.270.939-08

Devidamente qualificada

nos autos da ação em epígrafe, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, apresentar suas
CONTRARRAZÕES AO RECURSO INOMINADO, interposto pela parte Autora, em face da r.sentença de
mérito proferida pelo MM. Juízo de Primeira Instância, expondo os motivos fáticos e jurídicos pelos quais deve
ser provido.
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Recorrente: ARTHUR CEZAR DEI TOS

Recorrido: NS2.COM I NTERNET S/A

Colendo Colégio Recursal

Ínclitos julgadores

Do objeto do recurso

O presente recurso almeja a reforma da r. sentença proferida pelo MM. Juiz a quo, a qual
julgou a pretensão do Recorrido, nos seguintes termos: "DIPOSITIVO: Ante o exposto,
julgo IMPROCEDENTE a presente ação, com resolução do mérito, nos termos do art. 487,
inciso I, do Código de Processo Civil. ".

Data venia, os argumentos sustentados pelo Recorrente não merecem prosperar, pois não
gozam de embasamento jurídico para tanto. Assim, passar-se-á a demonstrar
minuciosamente as inconsistências e os equívocos das razões aduzidas no Recurso
Inominado.

A usência de responsabilidade e dano moral

As alegações do Recorrente não correspondem à realidade fá ca, porquanto a Recorrida


atendeu a todas às suas solicitações, conforme já demonstrado nos autos e devidamente
reconhecido na r. sentença de primeiro grau.

O serviço foi devidamente prestado pela Recorrida, sendo inques onável a inexistência de
qualquer violação à legislação consumerista por sua parte, incidindo o disposto no ar go
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14º, § 3.º, inciso I do Código de Defesa do Consumidor.

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Inexistem quaisquer provas da efe va prá ca de ato ilícito por parte da Recorrida e tão
pouco desrespeito ao Código de Defesa do Consumidor, e princípios estabelecidos no
mesmo diploma legal, posto que o serviço foi prestado pela Recorrida com devida
qualidade esperada conforme prescreve o ar go 6º do Código de Defesa do Consumidor,
incidindo no caso o ar go 14º, § 3.º, incisos I e II do Código de Defesa do Consumidor,
concluindo-se justamente o oposto do quanto sustentado pelo Recorrente, ou seja, todos
os atos pra cados denotam respeito e consideração pelos direitos e garan as conferidas
ao consumidor.

Nesse sen do, não há não há razões para fixação dos danos morais pretendidos, os quais
não existiram, conforme já reconhecido pelo D. Juízo a quo.

Com efeito, o Recorrente não faz qualquer prova a respeito dos alegados danos morais,
transtornos ou angús as sofridos, que assegurem a ele a condenação no patamar
pleiteado, contrariando o disposto no ar go 333 do Código de Processo Civil, o qual
determina que incumbe a quem alega fazer prova dos fatos constitutivos de seu direito.

A jurisprudência e a doutrina reconhecem a obrigação do consumidor em provar a


existência do efe vo dano e do nexo causal para caracterizar a responsabilidade civil. A
esse respeito Paulo R. Roque e A Khouri nos ensina:

“Para responsabilidade obje va (...), con nua sendo necessária a


demonstração do dano ou prejuízo, por que caso contrário, indenizar sem
dano implicaria enriquecer o consumidor sem justa causa. Con nua sendo
necessária também a demonstração do nexo de causalidade. (...) Na
responsabilidade obje va, não basta apenas demonstrar o dano. É preciso
que o consumidor demonstre o dano tem como causa (ou nexo causal) um
defeito do produto ou do serviço. ”

Sendo assim, considerando que a configuração da obrigação de indenizar requer a


presença do (i) agir ilícito; (ii) da existência do dano; e (iii) do nexo de causalidade, não há
que se falar em dano moral, visto que inexistem danos capazes de dar subsistência à
responsabilidade.

Ressalta-se que, mesmo que se admita a existência de ilicitude por parte da Recorrida, o
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que se faz apenas por argumentação, estar-se-ia diante de situação classificada como

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descumprimento contratual, a qual não tem o condão de embasar a indenização por
danos morais, conforme já sumulado pelo Egrégio Tribunal de Jus ça do Estado do Rio de
Janeiro:

“O simples descumprimento de dever legal ou contratual, por


caracterizar mero aborrecimento, em princípio, não configura dano
moral, salvo se da infração advém circunstância que atenta contra a
dignidade da parte (Súmula TJ nº 75 TJ/RJ)”

O próprio Superior Tribunal de Jus ça já reconheceu que o mero aborrecimento não é


suficiente a ensejar o dano moral (grifamos):

D I R EI TO CI VI L. R ESPONSAB I LI DAD E CI VI L. COMPR A PELA I NTER NET.


PR ESENTE D E NATAL. NÃO ENTR EGA DA MERCAD OR I A. VI OLAÇÃO A
D I R EI TO D E PERSONALI DAD E NÃO COMPROVADA NO CASO CONCR ETO.
DANOS MORAIS INDEVIDOS.

1.- A jurisprudência desta Corte tem assinalado que os aborrecimentos


comuns do dia a dia, os meros dissabores normais e próprios do convívio
social não são suficientes para originar danos morais indenizáveis.

2.- A falha na entrega de mercadoria adquirida pela internet configura,


em princípio, mero inadimplemento contratual, não dando causa a
indenização por danos morais. Apenas excepcionalmente, quando
comprovada verdadeira ofensa a direito de personalidade, será possível
pleitear indenização a esse título.

3.- No caso dos autos, as instâncias de origem concluíram não haver


indicação de que o inadimplemento da obrigação de entregar um
"Tablet", adquirido mais de mês antes da data do Natal, como presente
de Natal para filho, fatos não comprovados, como causador de grave
sofrimento de ordem moral ao Recorrente ou a sua família.

4.- Cancela-se, entretanto, a multa, aplicada na origem aos Embargos de


Declaração tidos por protelatórios (CPC, art. 538, parágrafo único).
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5.- Recurso Especial a que se dá provimento em parte, tão somente para
cancelar a multa. (R ECURSO ESPECI AL Nº 1.399.931 - MG
(2013/0281903-4), MI NI STRO SI D NEI B ENETI, 3º Turma do STJ, julgado
em 11.02.2014)

Nesse sen do, merecem destaque as decisões proferidas em casos mais gravosos que o
subjudice nos quais foi afastada a pretensão indenizatória:

APELAÇÃO CÍ VEL. AÇÃO D E OB R I GAÇÃO D E FAZ ER C/C DANO MOR AL.


TELEFONI A FI XA. B LOQUEI O I ND EVI D O D E LI NHA. AUSÊNCI A D E
I NSCR I ÇÃO EM ÓRGÃO D E PROTEÇÃO AO CR ÉD I TO. MERO D I SSAB OR.
CONFIGURAÇÃO. DESPROVIMENTO.

1. A configuração de dano moral advindo de suspensão indevida de serviço


de telecomunicação, sem cobrança exacerbada ou inscrição em cadastro
de inadimplentes, depende de comprovação de que o apontado dano
tenha causado grave perturbação psíquica à vítima.

2. Só é indenizável o dano moral sério, aquele capaz de provocar uma


grave perturbação nas relações psíquicas, na tranquilidade, nos
sentimentos e nos afetos de qualquer cidadão normal.

3. Em caso de suspensão indevida, por maiores que tenham sido os


aborrecimentos gerados à parte, estes não podem ser elevados à
categoria de abalo moral, mas mero aborrecimento. 4. Apelação cível
conhecida e desprovida. (Ap 0071702017, Rel. Desembargador(a) JOSÉ
DE R I BAMAR CASTRO, TERCEI R A CÂMAR A CÍ VEL, julgado em
20/04/2017, DJe 28/04/2017)

Portanto, não cabe ressarcimento em razão de meras conjecturas e fantasias, devendo o


dano moral exis r e ser devidamente comprovado para poder ensejar o direito à
indenização.

Além de inexis r prova do dano moral, os fatos repe dos em sede recursal não passam
de meros aborrecimentos ou “desconfortos” e por isto não são indenizáveis , conforme
escólio de Antônio Jeová dos Santos , in verbis:
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“O mero incômodo, o enfado e desconforto de algumas circunstâncias que
o homem médio tem de suportar em razão do viver cotidiano, não servem
para a concessão de indenizações, ainda que o ofendido seja alguém em
que a suscetibilidade aflore com facilidade.”

Notório, pois, que inexiste razão para fixação de danos morais, posto que o Recorrente
não sofreu quaisquer lesões em suas esferas de considerações pessoal ou social, capazes
de rar sua tranquilidade e sono, como tampouco houve ação injusta por parte do
Recorrente.

Também nesse sen do, atente-se para a definição do professor Carlos


Alberto Bi ar em relação aos danos morais: “(...) morais os danos
experimentados por algum tular de direitos, seja em sua esfera de
consideração pessoal (in midade, honra, afeição, segredo), seja na social
(reputação, conceito, consideração, iden ficação), por força de ações ou
omissões, injustas de outrem, tais como, agressões infamantes ou
humilhantes; discriminações atentatórias; divulgação indevida de fato
ín mo; cobrança vexatória de dívida (...)” (Defesa do Consumidor:
Reparação de Danos Morais em Relações de Consumo, in Revista do
Advogado nº 49, dez. 96, São Paulo, p. 24/31).

Antônio Jeová dos Santos. O Dano Moral Indenizável. São Paulo: Lejus, pg.
36.

Ademais, a ocorrência em tela não tem natureza e finalidade que interfira diretamente na
saúde ou condições essenciais da vida do Recorrente, sendo impossível constatar a
existência dos abalos psíquicos sustentados ao longo da presente demanda.

C onclusões e P edidos

Em face do exposto requer a Recorrida dignem-se Vossas Excelências a negar provimento


ao Recurso Inominado interposto pelo Recorrente, mantendo-se a sentença de primeiro
grau em todos os termos.

Termos em que,
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Pede Deferimento.

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São Paulo, 15 de fevereiro de 2023.

GUSTAVO VISEU

OAB/SP Nº 117.417

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