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Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ
2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS
Recurso: 0008338-39.2020.8.16.0131
Classe Processual: Recurso Inominado Cível
Assunto Principal: Compra e Venda
Recorrente(s): GEOMAR GUERRA
Recorrido(s): MERCADO PAGO.COM REPRESENTAÇÕES LTDA
1. Narra a parte autora, em síntese, que adquiriu o aparelho BTV PREMIUM GATAULU BOX
no importe de R$764,10 (setecentos e sessenta e quatro reais e dez centavos) da empresa
EUROFORTE AGROCIENCIAS LTDA e o pagamento dessa compra ocorreu por meio da
plataforma da requerida Mercado Pago. Entretanto, a mercadoria foi entregue após o prazo
estipulado, que seria dia 31 de agosto de 2020, e possuía defeitos, além de ser divergente do
produto anunciado. O reclamante alega que realizou diversas reclamações, que foram tratadas
com descaso. À vista disso, o autor entrou com ação judicial e solicitou a devolução do valor
pago pela mercadoria na forma dobrada e indenização por danos morais (ev. 1.1). O processo
foi extinto sem resolução de mérito diante do entendimento do juiz de origem de que a ré era
ilegítima para configurar o polo passivo da demanda (ev. 22.1), motivo pelo qual recorre a parte
promovente em movimento de n°28.1, requerendo a legitimidade passiva da requerida nessa
demanda judicial e a procedência dos pedidos feitos em sua inicial.
2. Inicialmente, importante ressaltar que a compra foi realizada diretamente pela loja
EUROFORTE AGROCIENCIAS LTDA, sendo que a promovida Mercado Pago atuou como
meio de pagamento da compra realizada pela recorrente.
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Mercado Pago atrai para si a responsabilidade por danos causados ao consumidor quando a
operação não oferece a segurança que dela se espera. Logo, dentro do modelo de negócio da
Mercado Pago, quando fraudadores usam a sua plataforma como meio para ludibriar o
consumidor, ela tem o dever de indenizar os prejuízos gerados aos seus usuários, com base na
teoria do risco do empreendimento (CDC, art. 14).” TJPR - 2ª Turma Recursal -
5. Assim, deve ser anulada a sentença que extinguiu o processo sem resolução do mérito, para
reconhecer a legitimidade passiva da empresa Mercado Pago para julgamento do feito em
relação à indenização por danos morais e materiais.
6. Oprocesso se encontra em condições de imediato julgamento do mérito, uma vez que foi
devidamente encerrada a instrução do processo (CPC 1.013, §3º, II), pelo que passo ao pronto
julgamento do mérito.
7. Ademais, entende-se que a demanda está pronta para julgamento “quando instaurada a
relação processual e encerrada a necessária instrução do processo, assegurado às partes o
amplo direito de deduzir alegações, de requerer a produção das provas que entender
necessárias para demonstrar o próprio direito material e de impugnar as teses e as provas
apresentadas pela parte contrária” (REsp 1.340.800/CE, 4ª Turma, DJe de 04/12/2017)" (STJ,
3ª T., AgInt no AREsp 751507 / SP, Relatora Ministra Nancy Andrighi, julgado em 25.03.2019).
9. Isto posto, tenho que as alegações do autor foram genéricas e nada há no recurso interposto
a gerar convicção de que houve falha na prestação de serviços, no que se refere a entrega de
produto tardia e não satisfatória, ônus que incumbia ao autor provar (art. 373, I do CPC). Desse
PROJUDI - Recurso: 0008338-39.2020.8.16.0131 - Ref. mov. 19.1 - Assinado digitalmente por Marcel Luis Hoffmann:9159
28/11/2021: JUNTADA DE ACÓRDÃO. Arq: Acórdão (Marcel Luis Hoffmann - 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais)
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modo, não existindo comprovação de falha na prestação de serviços ou ato ilícito pela
reclamada, tenho que a devolução do valor pago pela mercadoria, na forma dobrada, não deve
ser conferida à recorrente.
10. No que se refere à indenização por danos incorpóreos, essa não comporta acolhimento,
11. Recurso provido em parte para o fim de anular a sentença que extinguiu o feito pela
ilegitimidade passiva do recorrido, mas, no mérito, julgar improcedentes os pedidos iniciais.
12. Diante do êxito apenas parcial do recurso, condeno a parte recorrente ao pagamento de
honorários de sucumbência de 10% sobre o valor corrigido da causa. Custas devidas (Lei
Estadual 18.413/14, arts. 2º, inc. II e 4º, e Instrução Normativa nº. 01/2015 - CSJEs, art. 18). As
verbas de sucumbência permanecerão sob condição suspensiva de exigibilidade enquanto
perdurar a concessão dos benefícios da justiça gratuita ao recorrente, nos termos do art. 98,
§3º do CPC.
13. Dou por prequestionados todos os dispositivos constitucionais, legais e demais normas
suscitadas pelas partes nestes autos.
Ante o exposto, esta 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais resolve, por unanimidade dos
votos, em relação ao recurso de GEOMAR GUERRA, julgar pelo(a) Com Resolução do Mérito -
Provimento em Parte nos exatos termos do voto.
O julgamento foi presidido pelo (a) Juiz(a) Irineu Stein Junior, com voto, e dele participaram os
Juízes Marcel Luis Hoffmann (relator) e Maurício Doutor.
26 de novembro de 2021
Juiz Relator