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PROJUDI - Processo: 0003074-34.2021.8.16.0025 - Ref. mov. 51.

1 - Assinado digitalmente por Sandra Regina Rodrigues


13/09/2022: JUNTADA DE PETIÇÃO DE MANIFESTAÇÃO DA PARTE. Arq: Petição

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DO FORO
REGIONAL DE ARAUCÁRIA DA COMARCA DA REGIÃO METROPOLITANA DE CURITIBA - PR

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AUTOS: 0003074-34.2021.8.16.0025

ANALICE DIAS DOS SANTOS, já qualificada nos autos, por suas procuradoras, ao final
firmadas, vem perante Vossa Excelência, manifestar-se nos seguintes termos:

A autora foi intimada a se manifestar a respeito do ofício encaminhado pela


Corregedoria Regional da Polícia Federal no Paraná, constante no movimento 47. Do referido
ofício extrai-se o seguinte:
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Inicialmente, é preciso consignar que o IP 191.32.68.191 não se refere a qualquer

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equipamento que a Autora utilize. Vejamos.

Este é o endereço do único computador utilizado pela Autora:


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Com relação ao telefone celular da Requerente, estes são os dados:
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Ou seja, o IP 191.32.68.191, que supostamente teria acessado a conta
Aninha.fctba@hotmail.com, em 30 de novembro de 2020, às 09:07:44 PM EST, não é o IP de seu
computador.

Em nome da boa-fé, cabe destacar que a autora jamais teria entrado com a ação se
efetivamente houvesse realizado tal prática. A requerente nunca armazenou a referida imagem
em sua conta ONEDRIVE, e se seus dados de conta foram utilizados por terceiro para tais
atividades, é caso de falha na segurança da ré.

Contudo, a sua conta se encontra indisponibilizada para que se averigue o uso,


bloqueando as inúmeras trocas de e-mail e outros procedimentos que a autora teve que fazer
quando sua conta foi “hackeada” a primeira, vez, assim, a própria requerida impede a autora de
comprovar sua falha na segurança.

Vejamos, notícia de decisão, em caso similar:


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Além dessa ação, à autora já havia impetrado 04 reclamações no site “Reclame Aqui”
e “Procon” e administrativamente junto à ré, o que atesta sua boa-fé que no caso é OBJETIVA.

A ré, no caso, não forneceu a segurança esperada pela cliente, de acordo com o
Marco Civil da Internet, e após, entrar em contato para reclamar soube que sua conta havia sido
excluída sumariamente, impedindo-a de comprovar seus argumentos.

O endereço de localização do IP que, supostamente, fez o armazenamento é


claramente fora do domicílio endereço da autora, sendo que o comportamento e o uso estão em
total dissonância com o padrão de utilização da autora, demonstrando que essa jamais realizou
o ato. Mesmo porque, se trata de apenas uma imagem que, claramente, foi utilizada com uma
finalidade humorística, ainda que de gosto totalmente duvidoso.

Assim, temos o entendimento do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná:


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RECURSO INOMINADO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS C/C
OBRIGAÇÃO DE FAZER. PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA.

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MICROSOFT INFORMÁTICA PERTENCENTE AO MESMO GRUPO ECONÔMICO DA
MICROSOFT CORPORATION. REPRESENTANTE BRASILEIRA DA EMPRESA
INTERNACIONAL. CONTA DE - HOTMAIL DE TITULARIDADE DA AUTORA BLOQUEADA
E-MAIL INDEVIDAMENTE. AUSÊNCIA DE INDÍCIOS CULPA EXCLUSIVA E/OU DE
BLOQUEIO POR SEGURANÇA DO USUÁRIO. IMPOSSIBILIDADE DE RECUPERAÇÃO DA
CONTA MESMO APÓS REALIZAÇÃO DO PROCEDIMENTO INTERNO. FALHA NA
PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS. OBRIGAÇÃO DE FAZER IMPOSTA QUE MERECE
GUARIDA. DESBLOQUEIO DA CONTA DE. SENTENÇA MANTIDA POR SEUS PRÓPRIOS
EMAIL- FUNDAMENTOS. Recurso conhecido e desprovido. (TJPR - 1ª Turma Recursal
- 0024690-84.2018.8.16.0182 - Curitiba - Rel.: JUÍZA DE DIREITO DA TURMA
RECURSAL DOS JUÍZAADOS ESPECIAIS MELISSA DE AZEVEDO OLIVAS - J. 26.03.2019).

E mais, a autora pagava R$ 24,00 mensais pelo serviço, esperando ter segurança
para suas fotos de família e filho, sendo que ao final, todo seu zelo se tornou inútil, diante da
conduta abusiva da ré.

Cumpre ressaltar ainda, o entendimento do Superior Tribunal de Justiça, no tocante


aos provedores aplicação:

CIVIL E CONSUMIDOR. INTERNET. RELAÇÃO DE CONSUMO.INCIDÊNCIA DO CDC.


GRATUIDADE DO SERVIÇO.INDIFERENÇA. PROVEDOR DE CONTEÚDO. FISCALIZAÇÃO
PRÉVIA DO TEOR DAS INFORMAÇÕES POSTADAS NO SITEPELOS USUÁRIOS.
DESNECESSIDADE. MENSAGEM DE CONTEÚDO OFENSIVO. DANO MORAL. RISCO
INERENTE AO NEGÓCIO. INEXISTÊNCIA. CIÊNCIA DA EXISTÊNCIA DE CONTEÚDO
ILÍCITO. RETIRADA IMEDIATA DO AR. DEVER. DISPONIBILIZAÇÃO DE MEIOS PARA
IDENTIFICAÇÃO DE CADA USUÁRIO. DEVER. REGISTRO DO NÚMERO DE IP.
SUFICIÊNCIA. 1. A exploração comercial da internet sujeita as relações de consumo
daí advindas à Lei nº 8.078/90. 2. O fato de o serviço prestado pelo provedor de
serviço de internet ser gratuito não desvirtua a relação de consumo, pois o termo
"mediante remuneração", contido no art. 3º, § 2º, do CDC, deve ser interpretado de
forma ampla, de modo a incluir o ganho indireto do fornecedor. (...) 8. Recurso
especial provido. (REsp 1186616/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA
TURMA, julgado em 23/08/2011, DJe 31/08/2011)
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Em votação unânime, a 3ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São

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Paulo condenou, em caso análogo, a rede social a indenizar usuário que teve duas contas
invadidas por hackers, bem como a restabelecer os perfis (sob pena de multa diária por atraso).
A reparação por danos morais foi fixada em R$ 10 mil.

De acordo com turma julgadora, o Código de Defesa do Consumidor atribui ao


fornecedor a responsabilidade por defeitos relativos à prestação dos serviços,
independentemente da existência de culpa. E esse é justamente o caso dos autos. Vejamos:

“Com relação à alegação de fato de terceiro (hacker), essa não isenta o réu de
responsabilidade pela reparação dos danos, eis que tal escusa não se aplica à
hipótese em que incide o chamado risco da atividade. Ademais, se é adotado um
sistema que permite que terceiros invadam a conta de um cliente e a altere em seus
próprios arquivos, não está presente a excludente do artigo 14, § 3º, inciso II, da Lei
8.078/90, isto é, a culpa exclusiva de terceiro”, frisou o relator, Desembargador
Schmitt Corrêa, no Acórdão do processo n. 10244894-07.2020.8.26.0007, também
participaram do julgamento os desembargadores João Pazine Neto, Viviani Nicolau
e Carlos Alberto de Salles.

O acesso não se deu de acordo com o padrão de aso da autora, nem em seu
domicílio endereço, vejamos:

Comprovando-se assim que o armazenamento, se ocorreu, não foi efetuado pela


autora, mas sim, devido à falha na segurança da ré, restando impugnadas todas as afirmações em
contrário.
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Por outro lado, não obstante tenha sido devidamente demonstrado que a Autora
não armazenou a referida imagem, uma vez que a desconhece completamente, é importante

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ressaltar que a imagem se trata, claramente, de uma montagem de cunho humorístico, embora
de péssimo gosto.

Ora, extrai-se do ofício a descrição da imagem:

“Além disso, pode ser descrito como a imagem de um menino de aproximadamente2


ou 3 anos de idade, nu em uma rua de areia, sendo que no lugar de seu pênis foi feita
uma montagem e incluída a imagem de um pênis adulto de grandes proporções. Há
ainda a inscrição: “Achei essa minha foto quando criança sempre fui barrigudo””.

Pelo conteúdo descrito, esta imagem denota uma piada de mau gosto que, pelo
contexto, só pode ter como origem de envio um homem, e não a Autora, uma mãe de família,
que cria seu filho com amor e valores cristãos, sendo ela uma pessoa simples e trabalhadora.

É importante ressaltar que se trata de apenas uma imagem, que foge do uso habitual
da autora, o que corrobora que não foi por ela armazenada.

Não é crível que esta única imagem, que a Autora desconhece a origem, possa ser
utilizada pela Requerida para excluir unilateralmente a conta da autora e todo o seu conteúdo,
PAGO e legitimo, diga-se de passagem.

Com efeito, conclui-se que:

i. Não há prova de que a Autora tenha utilizado de forma indevida a conta vinculada
aos serviços da Requerida;
ii. Não há prova de que a Autora tenha violado as condições gerais dos serviços
prestados pela Requerida;
iii. A requerida excluiu indevidamente a conta da Autora, sem ouvi-la previamente,
em razão de uma única imagem que possui cunho humorístico, ainda que de péssimo gosto;
iv. A requerida não levou em consideração o contexto e histórico de uso dos serviços
pela Autora, que jamais armazenou ou divulgou imagens de cunho pornográfico, o que reforça a
ilicitude do seu ato;
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PEDIDO DE RESTABELECIMENTO DA CONTA EM TUTELA ANTECIPADA - ART 296 DO CPC

Na eventualidade deste Juízo entender, que a obtenção das provas de que o acesso
indevido à conta da autora depende do acesso à ela, requer-se, com fundamento no artigo 296,
do CPC, conforme decisões análogas:

EMENTA – AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DE ENTREGAR COISA CERTA – A


TUTELA ANTECIPADA CONCEDIDA EM SEDE DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO –
POSSIBILIDADE – PEDIDO PODE SER FORMULADO A QUALQUER TEMPO – RECURSO
DESPROVIDO. Nos termos do artigo 296, do Código de Processo Civil, "a tutela
provisória conserva sua eficácia na pendência do processo, mas pode, a qualquer
tempo, ser revogada ou modificada". A antecipação de tutela pode ser revista a
qualquer momento, desde que fornecidas novas provas que possam corroborar com
as alegações da parte, o que é o caso dos autos. (TJ-MS - AI:
14111456820178120000 MS 1411145- 68.2017.8.12.0000, Relator: Des. Eduardo
Machado Rocha, Data de Julgamento: 03/04/2018, 3ª Câmara Cível, Data de
Publicação: 10/04/2018)

Assim, requer-se que o Douto Juízo profira uma ordem judicial, para que a empresa
Requerida MICROSOFT, envie um link de recuperação para o e-mail da Autora, para a
RECUPERAÇÃO dos e-mails que comprovam a invasão e os inúmeros procedimentos realizados
pata recuperação, informando a Autora, seu número de celular (41) 9876-7688 e e-mail
alternativo aninha.fctba@gmail.com, para que a ordem judicial seja cumprida, para o
DESBLOQUEIO e REATIVAÇÃO de suas contas de e-mail, sob pena de multa.

Outrossim, requer-se sejam os pedidos da Autora julgados procedentes.

Curitiba, 13 de setembro de 2022

Francelize Alves Mörking


OAB/PR 38.812

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