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PROJUDI - Processo: 0013878-65.2023.8.16.0001 - Ref. mov. 1.

1 - Assinado digitalmente por Paulo Ricardo Felsky


30/05/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJ5ZR K2SPA 3J2HU ZG4ZD
AO JUÍZO DA __ VARA CÍVEL DO FORO CENTRAL DE CURITIBA DA COMARCA DA REGIÃO
METROPOLITANA DE CURITIBA - PR

EZEQUIAS DUARTE, brasileiro, separado de fato, aposentado , inscrito no RG sob nº


3.393.151-4 SESP/PR e no CPF sob nº 459.335.459-53, residente e domiciliado na cidade de Curitiba
- PR, na Rua Canal Belém, Nº 9 - Bairro Cidadani - CEP 81510-210, não dispõe de endereço eletrônico,
e CLEUDES PERUSSO DUARTE, brasileira, separada de fato, do lar, inscrita no RG sob nº 9.207.510-9
SESP/PR e no CPF sob nº 046.159.069-78, residente e domiciliada na cidade de Curitiba - PR, na Rua
Lupionópolis, Nº 2092 - Bairro Sítio Cercado - CEP 81920-680, não dispõe de endereço eletrônico,
vêm, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio do seu procurador, propor a
presente:

AÇÃO INDENIZATÓRIA

em face de LEONARDO DANIEL MARTINS DUREK, brasileiro, estado civil


desconhecido, auxiliar de padeiro, inscrito no CPF sob nº desconhecido e RG sob nº 13157026,
residente e domiciliado na cidade de Curitiba - PR, na Rua da Sesmaria, nº 128 - Bairro Guabirotuba -
CEP 81520-600, endereço eletrônico desconhecido, e BRADESCO SEGUROS S/A, pessoa jurídica de
direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº 33.055.146/0001-93, estabelecida na Avenida Paulista nº
1415 – Bairro Bela Vista – São Paulo – SP - CEP 01.311-925, com endereço eletrônico desconhecido,
pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos:
PROJUDI - Processo: 0013878-65.2023.8.16.0001 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Paulo Ricardo Felsky
30/05/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
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1. PRELIMINARMENTE
1.1. DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA

Os Autores são pessoas físicas com baixo poder aquisitivo e possuem poucos
recursos financeiros. Diante disso, atendendo ao Código de Normas do Tribunal de Justiça e ao art.
98 do Código de Processo Civil, deve ser concedido em seus benefícios a gratuidade da justiça.

Para tanto, juntam os documentos que comprovam a sua hipossuficiência


econômica, dos quais merecem destaque as declarações de hipossuficiência (art. 99, §3º, do CPC) e
holerites. Requerem, portanto, a concessão da justiça gratuita, nos termos do art. 98 do Código de
Processo Civil.

1.2. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO PREVISTA NO ARTIGO 334 DO CPC

O Artigo 334, caput, do mencionado diploma assim dispõe:

Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência
liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência
mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.

A parte Autora informa que não possui interesse na realização de dita audiência,
vez que as tentativas extrajudiciais restaram infrutíferas.

Neste passo, Excelência, insta ressaltar que ao declinar da solenidade conciliatória


não significa qualquer desprestigio à autocomposição, pois bem se sabe dos enormes benefícios
dessa via de resolução de conflitos.

Destarte, pugna de início pelo desinteresse, entretanto não se furtará aos deveres
que emergirem em caso de persistir nos autos a dita solenidade conciliatória.

2. DOS FATOS
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No dia 14 de fevereiro de 2023 por volta das 22:20 horas, a filha dos Autores,
NATHALIE DUARTE, se deslocava a pé, na calçada da Avenida Victor Ferreira do Amaral, com sua
colega, quando próximo ao numeral 2.772 da referida via, foram surpreendidas com a repentina
invasão do passeio pelo Sr. Leonardo Daniel Martins Durek, ora primeiro Réu, que veio a perder o
controle do veículo, acarretando no atropelamento das transeuntes, causando graves danos
corporais as mesmas.

O acidente foi causado pelo condutor e proprietário do veículo FIAT/UNO, placas


QHA-9484, que de forma negligente e imprudente, acionou o freio de mão do veículo para tentar
frear o veículo, quando então perdeu o controle e avançou sobre as pedestres.

Importante ressaltar Excelência, que no local dos fatos a autoridade competente


apurou as circunstâncias do acidente, constatando que o veículo causador do acidente invadiu
calçada, onde se deslocava os pedestres, mediante confissão do próprio causador do acidente, nos
seguintes termos:
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Verifica-se, portanto, através da documentação juntada aos autos, que o acidente
foi causado por culpa exclusiva do primeiro Réu, fato confesso por este em sua declaração
demonstrando que este infringiu as normas da legislação correlata, causando danos a Nathalie
Duarte, filha dos Autores

Em virtude do acidente a Sr. Nathalie, que estava grávida, foi socorrida e


imediatamente conduzida ao Hospital Universitário Evangélico Mackenzie, na cidade de Curitiba - PR,
para atendimento emergencial e realização de exames, com diagnóstico de GRAVÍSSIMO
politraumatismo e trauma cranioencefálico, ocorrendo o óbito fetal.

A Sra. Nathalie, filha dos Autores, ficou internada por longo período em UTI para
estabilização, passando por diversos procedimentos cirúrgicos, porém não resistiu aos ferimentos,
vindo a óbito em 03/04/2023 em razão das complicações advindas do acidente narrado.

Desta forma, com fundamento no art. 927, caput e art. 186 do Código Civil, não
resta outra opção aos Autores, pais de de cujus, exceto recorrerem ao judiciário para garantirem seus
legítimos direitos indenizatórios, referente aos danos reflexos causados, assegurados diante da perda
da sua filha e do seu neto, que causou e ainda vem causando muita mágoa e sofrimento familiar.

3. DO DIREITO
3.1. DA LEGITIMIDADE PASSIVA DA SEGURADORA RÉ

Em virtude de o veículo causador do acidente estar segurado com a seguradora Ré,


existe a possibilidade de esta, desde logo, integrar o polo passivo da lide.

A propósito este é o entendimento do STJ:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SEGURO FACULTATIVO DE RESPONSABILIDADE CIVIL.


AÇÃO DE REPARAÇÃO DE DANOS. LEGITIMIDADE DA SEGURADORA PARA FIGURAR NO POLO
PASSIVO EM LITISCONSÓRCIO COM O SEGURADO. 1. Em ação de reparação de danos, a seguradora
possui legitimidade para figurar no polo passivo da demanda em litisconsórcio com o segurado,
apontado causador do dano. 2. Recurso especial conhecido e provido. (STJ, REsp 1076138/RJ, Rel.
Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 22/05/2012, DJe 05/06/2012)
(grifamos)
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Destarte, evidente a legitimidade passiva da seguradora Ré, haja vista a existência
de apólice contratada para o veículo FIAT/UNO, placas QHA-9484, de propriedade do segundo Réu.

3.2. DA EXTENSÃO DA RESPONSABILIDADE DA SEGURADORA RÉ

Estabelece o art. 779, do Código Civil, in verbis: “O risco do seguro compreenderá


todos os prejuízos resultantes ou consequentes, como sejam os estragos ocasionados para evitar o
sinistro, minorar o dano, ou salvar a coisa.”

Apesar de não se conhecer o conteúdo da apólice correlata, desde logo se destaca,


em especial, para o fim de evitar alegação em sentido oposto, de que, contemplando cobertura sob
o rótulo “danos pessoais/corporais”, nestes estarão inseridos os danos morais.

O entendimento do STJ é neste sentido:

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. RESPONSABILIDADE CIVIL.


ACIDENTE DE TRÂNSITO. SEGURO. COBERTURA DOS DANOS CORPORAIS/PESSOAIS. INEXISTÊNCIA
DE CLÁUSULA EXPRESSA DE EXCLUSÃO DE DANO MORAL. FATO INCONTROVERSO. APLICAÇÃO DA
SÚMULA N. 402/STJ. DECISÃO MANTIDA. 1. "O contrato de seguro por danos pessoais compreende
os danos morais, salvo cláusula expressa de exclusão" (Súmula n. 402/STJ). 2. O recurso especial não
comporta o exame de questões que impliquem revolvimento do contexto fático-
probatório dos autos ou interpretação de cláusula contratual (Súmulas n. 5 e 7 do STJ). 3. No
caso concreto, o Tribunal de origem examinou os termos da apólice para concluir que o contrato
não traz expressa exclusão da cobertura securitária por danos morais. Alterar esse entendimento é
inviável em recurso especial. 4. Agravo interno a que se nega provimento. (STJ. AgInt no REsp
1437532/PR, Rel. Ministro ANTONIO CARLOS FERREIRA, QUARTA TURMA, julgado em 08/11/2016,
DJe 16/11/2016) (grifamos)

Logo, a responsabilidade da seguradora Ré, em havendo contratação de cobertura


de danos pessoais/corporais, compreenderá o pagamento também da verba indenizatória pleiteada
nesta actio sob o enfoque moral.

3.3. DA CULPABILIDADE

No tocante à culpa, não restam dúvidas de que o primeiro Réu causou o acidente
na forma culposa ao atropelar a parte Autora enquanto está se encontrava na calçada, conforme
relato no Boletim de Ocorrência de Acidente de Trânsito (documento incluso), fato confesso próprio
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causador do acidente, fazendo emergir sua responsabilização e da seguradora correlata pelo
ressarcimento dos danos suportados pela vítima.

É cediço que o Código de Trânsito valoriza essencialmente a vida e não o fluxo de


veículos, nesse passo, na redação dos seus artigos, verifica-se a preocupação que o legislador teve,
acima de tudo, com a integridade física de todos os envolvidos, especialmente dos pedestres,
atribuindo a eles, prioridade sobre os veículos automotores e prioridade no uso dos
passeios/calçadas, como expresso nos art. 28 e 29, §2º do CTB. In verbis:

Art. 28: O condutor deverá, a todo momento, ter domínio de seu veículo, dirigindo-o com atenção
e cuidados indispensáveis à segurança do trânsito. (grifamos)

Art. 29: O trânsito de veículos nas vias terrestres abertas à circulação obedecerá às seguintes
normas: [...]
§ 2º Respeitadas as normas de circulação e conduta estabelecidas neste artigo, em ordem
decrescente, os veículos de maior porte serão sempre responsáveis pela segurança dos menores, os
motorizados pelos não motorizados e, juntos, pela incolumidade dos pedestres. (grifamos)

Art. 68: É assegurada ao pedestre a utilização dos passeios ou passagens apropriadas das vias
urbanas e dos acostamentos das vias rurais para circulação, podendo a autoridade competente
permitir a utilização de parte da calçada para outros fins, desde que não seja prejudicial ao fluxo de
pedestres.

Ainda sobre o direito de preferência de pedestres, convêm registrar que os


pedestres, ante sua vulnerabilidade, devem ter proteção especial diante dos veículos automotores,
conforme dispõe o art. 44 do mesmo Código:

Art. 44. Ao aproximar-se de qualquer tipo de cruzamento, o condutor do veículo deve demonstrar
prudência especial, transitando em velocidade moderada, de forma que possa deter seu veículo
com segurança para dar passagem a pedestre e a veículos que tenham o direito de preferência.
(grifamos)

Nobre Julgador, conforme previsto no artigo 927 do Código Civil “Aquele que por
ato ilícito (art. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repara-lo” e o artigo 186 do mesmo
código prevê “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar e
causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.
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Diante do exposto, imperiosa a responsabilidade indenizatória e solidária dos Réus,
nos termos do art. 186 e 927 do Código Civil, ante o ilícito praticado e o dano causado aos Autores,
que dá azo ao pedido mediato formulado nesta actio.

3.4. DO DANO MORAL REFLEXO – MORTE

O art. 5º, V e X, da Constituição Federal preconiza o direito à indenização moral,


corroborando também o art. 186 do atual Código Civil, ressaltando-se que o incômodo, o desgaste, o
mal súbito, a dor, a ofensa ao âmago, caracterizam o dano moral. Acerca do assunto, ensina o
professor Yussef Said Cahali1:

“Na realidade, tudo aquilo que molesta gravemente a alma humana, ferindo-lhe gravemente os
valores fundamentais inerentes à sua personalidade ou reconhecidos pela sociedade em que está
integrado, qualifica-se, em linha de princípio, como dano moral; não há como enumerá-los
exaustivamente, evidenciando-se na dor, na angústia, no sofrimento, na tristeza pela ausência de um
ente querido falecido; no desprestígio, na desconsideração social, no descrédito à reputação, na
humilhação pública, no devassamento da privacidade; no desequilíbrio da normalidade psíquica nos
traumatismos emocionais, na depressão ou no desgaste psicológico, nas situações de
constrangimento moral.” (grifamos)

Antônio Jeová Santos2 complementa:

“É diminuição de patrimônio ou detrimento a afeições legítimas. Todo ato que diminua ou cause
menoscabo aos bens materiais ou imateriais, poder ser considerado dano. O dano é um mal, um
desvalor ou contravalor, algo que se padece com dor, posto que nos diminui e reduz: tira de nós algo
que era nosso, do qual gozávamos ou nos aproveitávamos, que era nossa integridade psíquica ou
física, as possibilidades de acréscimos ou novas incorporações, como diz Jorge Mosset Iturraspe
(Responsabilidad Civil, p.21).”

Com a reparação do dano moral se pretende, simplesmente, dar à pessoa lesada


satisfação que lhe é devida, por sensação dolorosa que sofreu.

A esse respeito, é imperioso salientar que a indenização possui dupla função.

1
Dano moral. 2ª ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: RT, 2000, p. 20.
2
Dano moral indenizável. 3ª ed. São Paulo: Método, 2001, p. 75.
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A primeira é a função reparadora ou compensatória, por intermédio da qual o
julgador pretende reconstituir no patrimônio do lesado aquela parte que ficou desfalcada,
procurando restabelecer o status quo anterior à ocorrência do dano, devendo ser fixada, ainda que
impossível a reconstituição da integridade psíquica e moral violadas.

A segunda é a chamada função punitiva ou pedagógica, através da qual se objetiva


“punir” o causador do dano, como forma de atuar no ânimo do agente, impedindo que prossiga na
sua conduta danosa.

Pelo princípio da reparação integral do dano, ainda que de forma culposa, os


familiares devem ser ressarcidos, integralmente, pelos danos que sobrevieram exclusivamente por
conta do acidente, em especial o dano reflexo que atinge todos os entes familiares.

Dessa forma, é possível que filhos, pais, cônjuges e conviventes demandem danos
morais, quando da ocorrência do evento morte. Trata-se do denominado dano moral reflexo ou em
ricochete.

Ao abordar o assunto, o Superior Tribunal de Justiça definiu os legitimados a


demandar o dano moral reflexo ou em ricochete, restringindo-o, via de regra, àqueles que se
encontram na cadeia de sucessão hereditária. Vejamos:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. MUTILAÇÃO DE


BRAÇO DA VÍTIMA. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. PEDIDO FORMULADO PELOS
GENITORES E IRMÃOS DA VÍTIMA. LEGITIMIDADE ATIVA. DANO MORAL REFLEXO. PRECEDENTES DO
STJ. AGRAVO INTERNO NÃO PROVIDO. 1. O dano moral reflexo, indireto ou por ricochete é aquele
que, originado necessariamente do ato causador de prejuízo a uma pessoa, venha a atingir, de
forma mediata, o direito personalíssimo de terceiro que mantenha com o lesado um vínculo direto.
2. Segundo a jurisprudência desta Corte Superior, o vinculo presente no núcleo familiar, e que
interliga a vítima de acidente com seus irmãos e pais, é presumidamente estreito no tocante ao
vínculo de afeto e amor, presumindo-se que desse laço se origina, com o acidente de um, a dor, o
sofrimento, a angústia etc. nos genitores e irmãos, o que os legitima para a propositura de ação
objetivando a percepção de indenização por dano moral reflexo. 3. No presente caso, observa-se
que o acórdão da Corte estadual, ao reformar a sentença, que julgou extinto prematuramente o
feito por suposta ilegitimidade ativa dos genitores e irmãos da vítima, a fim de que seja completada
a fase de instrução, encontra-se em harmonia com a jurisprudência sedimentada no Superior
Tribunal de Justiça. 4. Agravo interno não provido. (AgInt no AREsp n. 1.099.667/SP, relator Ministro
Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, julgado em 24/4/2018, DJe de 2/5/2018.) (grifo nosso)
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Dessa forma, o presente caso preenche os requisitos necessário para a referida
indenização, isto é, a legitimidade, a existência de um vínculo de afeto e amor e a dor e o sofrimento
causados por ação ou omissão de outrem, de forma direta ou reflexa.

Quanto ao montante indenizatório do dano reflexo, em casos análogos, de morte,


há precedentes do STJ em montantes superiores a 300 salários mínimos. Vejamos:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CIVIL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. MORTE DOS
GENITORES. DANOS MORAIS. INDENIZAÇÃO. REEXAME. SÚMULA Nº 7/STJ. DIVERGÊNCIA
JURISPRUDENCIAL. COMPROVAÇÃO. AUSÊNCIA. 1. Recurso especial interposto contra acórdão
publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015 (Enunciados Administrativos nºs 2 e
3/STJ). 2. A fixação da indenização por danos morais baseia-se nas peculiaridades da causa. Assim,
afastando-se a incidência da Súmula nº 7/STJ, somente comporta revisão por este Tribunal quando
irrisória ou exorbitante, o que não se verifica na hipótese dos autos, em que, no caso de óbito, foram
arbitrados valores correspondentes a 300 (trezentos) salários mínimos a cada um dos autores, filhos
das vítimas. 3. É inviável o conhecimento do recurso especial pela alínea "c" do permissivo
constitucional quando a parte recorrente deixar de realizar o cotejo analítico suficiente a evidenciar
a similitude fática entre os casos confrontados e a divergência de interpretações. 4. Agravo interno
não provido. (STJ, AgInt no AREsp 1134435/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA,
TERCEIRA TURMA, julgado em 28/08/2018, DJe 05/09/2018) (grifamos)

AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL. DANO MORAL. ACIDENTE DE TRÂNSITO. MORTE DE


COMPANHEIRO E PAI DOS AUTORES. VALOR DA INDENIZAÇÃO. PENSIONAMENTO. AUSÊNCIA DE
IMPUGNAÇÃO DE FUNDAMENTOS. ART. 544, § 4º, I, DO CPC. SÚMULA 284/STF. 1. Não se conhece
de agravo regimental que não tenha atacado especificamente todos os fundamentos da decisão
agravada (art. 544, § 4º, I, CPC e Súmula 284/STF). 2. "A pretensão de simples reexame de prova
não enseja recurso especial" (Súmula 7/STJ). 3. Admite a jurisprudência do Superior Tribunal de
Justiça, excepcionalmente, em recurso especial, reexaminar o valor fixado a título de indenização
por danos morais, quando ínfimo ou exagerado. Valor estabelecido pela instância ordinária que não
excede o fixado, em regra, pelos mais recentes precedentes desta Corte, de 500 salários mínimos
por familiar vitimado, em moeda corrente. 4. Agravo regimental a que se nega provimento. (STJ,
AgRg no REsp 1370919/RJ, Rel. Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, QUARTA TURMA, julgado em
19/11/2015, DJe 27/11/2015) (grifamos)

Nesse sentido, no tocante a quantificação do dano moral, considerando as


circunstâncias do caso concreto, em que a parte Ré causou o óbito fetal do neto dos Autores e, ainda,
o óbito da sua filha, deverá ser arbitrado por este juízo no montante sugerido de R$ 396.000,00
(trezentos e noventa e seis mil reais), ou seja, 300 salários mínimos na presente data, acrescidos de
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juros legais, desde a data do acidente3 (14/02/2023), e correção monetária a contar da data da
citação.

3.5. DO PENSIONAMENTO DE CUNHO MATERIAL À AUTORA, MÃE DA VÍTIMA

É certo que a Autora, mãe da vítima, que convivia com sua filha, cuja coabitação
resta devidamente comprovado através de comprovantes de endereços de ambas, além de todo o
dano extrapatrimonial sofrido, terá suprimido o amparo material que a sua filha poderia prover
através do trabalho, visto que era a de cujus quem trazia o sustento a família, pois laborava como
auxiliar de limpeza (doc. incluso), enquanto a autora era do lar, devendo ser reparada de forma digna,
pela perda material que teve e terá no futuro.

Pelo princípio da reparação integral do dano, os familiares dependentes


financeiramente da vítima devem ser ressarcidos, integralmente, através de uma pensão de cunho
indenizatório, de forma a recolocá-los no status quo ante a ocorrência da morte da vítima.

É o que dispõe o Código Civil, nos art. 948, in verbis:

Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações: (...)
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração
provável da vida da vítima.

No caso em concreto, trata-se de família humilde e de baixa renda, sendo que na


residência familiar residia a Autora, Sra. Cleudes (mãe da vítima), e pela de cujus, Sra. Nathalie, e,
nesse sentido, conforme jurisprudência do STJ, há presunção de dependência econômica entre elas.
Dessarte, a Autora, além de todo o dano moral, teve e terá uma eminente perda material, cabendo,
portanto, a condenação em pensionamento, vejamos:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO AGRAVO REGIMENTAL NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO


AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CONTRADIÇÃO. EFEITOS INFRINGENTES NÃO CONFERIDOS. NÃO
ACOLHIMENTO DO PLEITO RECURSAL. PENSIONAMENTO MENSAL. DEPENDÊNCIA. FAMÍLIA DE
BAIXA RENDA. PRESUNÇÃO. SÚMULA N. 83/STJ. [...] 2. A dependência econômica entre os
integrantes de família de baixa renda é presumida para fins de pensionamento mensal. Incidência
da Súmula n. 83/STJ. 3. Embargos acolhidos sem efeitos infringentes. (STJ, EDcl no AREsp 549.222/SP,

3
Súmula nº 54 STJ: Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual
PROJUDI - Processo: 0013878-65.2023.8.16.0001 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Paulo Ricardo Felsky
30/05/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJ5ZR K2SPA 3J2HU ZG4ZD
Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 24/11/2015, DJe
27/11/2015) (grifamos)

Nesse diapasão, é cabível a pensão de cunho material, objetivando ressarcir aquele


que dependia financeiramente da vítima, resultante da diminuição patrimonial familiar, a fim de
amenizar os efeitos econômicos negativos ao núcleo familiar.

O valor da pensão, conforme entendimento sedimentado no STJ, deverá ser de 2/3


do salário mínimo e mantida neste patamar até a idade correspondente a expectativa de vida do IGBE.

Assim, a Autora faz jus ao recebimento da pensão vitalícia neste patamar, utilizando
como parâmetro o salário mínimo e seus respectivos reajustes anuais, conforme preceitua a Súmula
nº 490 do STF4.

Quanto ao termo inicial do pensionamento, deverá retroagir à data do acidente


(14/02/2023), uma vez ser este o momento em que o ato ilícito do ofensor incidiu sobre o amparo
material familiar, anteriormente proporcionado pela vítima.

Por sua vez, o termo final da pensão deverá corresponder ao tempo aproximado de
vida da vítima, considerando a expectativa de vida média do brasileiro fornecido pelo IBGE na data da
sentença, que para fins de valoração de causa será considerada a expectativa de 75,8 anos5. Este é o
entendimento do STJ, vejamos:

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL.


RESPONSABILIDADE CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC/1973. NÃO OCORRÊNCIA. ACIDENTE
AUTOMOBILÍSTICO. MORTE DE FAMILIARES. AÇÕES INDENIZATÓRIAS. ORIGEM. JULGAMENTO
CONJUNTO. PREPOSTO DA EMPRESA RÉ. CULPA EXCLUSIVA. REEXAME DE PROVAS.
IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº 7/STJ. ARTS. 35, 36, 37 E 38 DO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO.
AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA Nº 211/STJ. DANOS MORAIS. INDENIZAÇÃO.
RAZOABILIDADE. IMPOSSIBILIDADE DE REVISÃO. SÚMULA Nº 7/STJ. PENSIONAMENTO MENSAL.
DEPENDÊNCIA ECONÔMICA PRESUMIDA. TERMO FINAL DA OBRIGAÇÃO. EXPECTATIVA MÉDIA DE
VIDA DO BRASILEIRO. [...] 5. A dependência econômica da esposa e das filhas de vítima morta em
acidente automobilístico é presumida, sendo perfeitamente razoável que em favor destas seja
arbitrado pensionamento mensal equivalente a 2/3 (dois terços) dos proventos que eram recebidos

4 Súmula 490 do STF: “A pensão correspondente a indenização oriunda de responsabilidade civil deve ser calculada com
base no salário-mínimo vigente ao tempo da sentença e ajustar-se às variações ulteriores”.
5
ftp://ftp.ibge.gov.br/Tabuas_Completas_de_Mortalidade/Tabuas_Completas_de_Mortalidade_2016/tabua_de_mortalidade_2016_analise.pdf
PROJUDI - Processo: 0013878-65.2023.8.16.0001 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Paulo Ricardo Felsky
30/05/2023: JUNTADA DE PETIÇÃO DE INICIAL. Arq: Petição Inicial

Documento assinado digitalmente, conforme MP nº 2.200-2/2001, Lei nº 11.419/2006, resolução do Projudi, do TJPR/OE
Validação deste em https://projudi.tjpr.jus.br/projudi/ - Identificador: PJ5ZR K2SPA 3J2HU ZG4ZD
em vida por seu genitor/esposo, como forma de repará-las pelo prejuízo material inequívoco
resultante da perda da contribuição deste para o custeio das despesas domésticas. 6. A
jurisprudência desta Corte consolidou-se no sentido de que, no caso de morte resultante de
acidente automobilístico, perdura a obrigação de pensionamento da viúva por aquele que deu
causa ao evento até a data em que a vítima (seu falecido cônjuge) atingiria idade correspondente
à expectativa média de vida do brasileiro, prevista na data do óbito, segundo a tabela do IBGE. (STJ,
AgRg no REsp 1401717/RS, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado
em 21/06/2016, DJe 27/06/2016) (grifamos)

E também do Tribunal de Justiça do Paraná:

APELAÇÃO. "AÇÃO DE REPARAÇÃO PR DANOS MATERIAIS C/C DANOS MORAIS". ACIDENTE DE


TRÂNSITO.RESPONSABILIDADE DO REQUERIDO PELO ACIDENTE COMPROVADA. CULPA
CONCORRENTE AFASTADA. INVASÃO DA CONTRAMÃO DE DIREÇÃO QUE SE SOPREPÕE A EVENTUAL
EXCESSO DE VELOCIDADE. PENSÃO MENSAL DEVIDA.COMPROVADA A DEPENDÊNCIA ECONÔMICA
DA MÃE DA VÍTIMA. TERMO FINAL FIXADO DE ACORDO COM O ENTENDIMENTO ADOTADO PELOS
TRIBUNAIS SUPERIORES QUE ANALISAM A EXPECTATIVA DE VIDA APONTADA PELO IBGE. DANOS
MORAIS. REDUÇÃO. IMPOSSIBILIDADE, QUANTUM QUE SE MOSTRA ADEQUADO À FINALIDADE
REPARATÓRIA E PUNITIVA DA INDENIZAÇÃO SEM CARACTERIZAR ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DA
PARTE.SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. (TJPR - 10ª C.Cível - AC - 1611098-0 - Francisco
Beltrão - Rel.: Ângela Khury - Unânime - J. 01.06.2017) (grifamos)

Nesse diapasão, é cabível a pensão de cunho material pelo ato ilícito praticado, a
fim de amenizar os efeitos econômicos negativos à parte Autora que sobreveio exclusivamente por
conta do acidente, devendo tal indenização ser enquadrada sob a rubrica de danos materiais da
apólice de seguro, conforme entendimento do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE CIVIL EM ACIDENTE DE


TRÂNSITO. OMISSÕES ALEGADAS E DETECTADAS. AUSÊNCIA DE EXPLICITAÇÃO PLENA DOS
CONSECTÁRIOS LEGAIS. QUANTO Á SEGURADORA. ESCLARECIMENTO. RUBRICA SECURITÁRIA.
PENSIONAMENTO MENSAL QUE SE INSERE NA RUBRICA DANOS MATERIAIS. MATÉRIA PACIFICADA
NO STJ E NESTA CORTE. Detectada a ausência de explicitação plena dos consectários legais quanto
à responsabilização da Seguradora denunciada torna impositivo o acolhimento do recurso ao efeito
de declarar que, sobre os valores segurados, incide correção monetária, segundo a variação do IGP-
M, a partir da data da vigência da apólice e juros moratórios de 1% ao mês a contar da citação da
seguradora. Quanto ao pensionamento, necessário esclarecer quanto à rubrica securitária na qual
se insere a condenação em referência. De acordo com a orientação jurisprudencial do Superior
Tribunal de Justiça e deste Colegiado, o pensionamento mensal se insere na rubrica "danos
materiais" das coberturas securitárias contratadas face à natureza patrimonial dos danos
experimentados. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ACOLHIDOS NO EFEITO INTEGRATIVO. (TJRS,
Embargos de Declaração Nº 70072861347, Décima Segunda Câmara Cível, Tribunal de Justiça do
RS, Relator: Guinther Spode, Julgado em 29/06/2017) (grifamos)

Por todo o exposto, requer a condenação dos Réus a repararem integralmente a


Autora, mãe da vítima, através do pagamento de pensão de cunho material, no valor correspondente
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à 2/3 do salário mínimo até a data em que a de cujus atingiria a expectativa de vida do IBGE ou até o
óbito da Autora. Sobre as parcelas já vencidas deverá incidir, ainda, juros de mora e correção
monetária desde a data do vencimento de cada prestação. O cálculo do pensionamento é
representado na tabela abaixo:

Por fim, o teor do disposto nos enunciados nº. 48 e 381 das Jornadas de Direito
Civil do Conselho da Justiça Federal, é uma faculdade de quem pleiteia o pensionamento, postular
sua conversão em indenização una:

I Jornada de Direito Civil - Enunciado 48: “O parágrafo único do art. 950 do novo Código Civil institui
direito potestativo do lesado para exigir pagamento da indenização de uma só vez, mediante
arbitramento do valor pelo juiz, atendidos os arts. 944 e 945 e a possibilidade econômica do
ofensor.”

IV Jornada de Direito Civil - Enunciado 381: “O lesado pode exigir que a indenização sob a forma de
pensionamento seja arbitrada e paga de uma só vez, salvo impossibilidade econômica do devedor,
caso em que o juiz poderá fixar outra forma de pagamento, atendendo à condição financeira do
ofensor e aos benefícios resultantes do pagamento antecipado.”

4. DOS PEDIDOS

Por todo o exposto, requer a Vossa Excelência:


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a) a concessão aos Autores do benefício da Justiça Gratuita, nos termos do art. 98
do CPC, por tratarem-se de pessoas de baixas condições financeiras, não tendo meios para arcarem
com as despesas processuais sem prejuízo de seus próprios sustentos;

b) a citação dos Réus, via correio, para que, querendo, apresentem defesa no
prazo legal, sob pena de revelia;

c) a dispensa da realização de audiência de conciliação/mediação, nos termos do


artigo 334, § 4º, I, conforme adrede justificado;

d) seja determinado a seguradora Ré que exiba nos autos a apólice de seguro,


referente ao veículo FIAT/UNO, placas QHA-9484, e as condições gerais previstas na mesma, referente
ao seguro de proteção veicular contratado;

A TOTAL PROCEDÊNCIA da ação, condenando os Réus, solidariamente:

e) ao pagamento de indenização por dano moral reflexo aos Autores, em


decorrência da morte da filha e do neto dos Autores, no valor de R$ 396.000,00 (trezentos e noventa
e seis mil reais), acrescidos de juros legais, desde a data do evento danoso (14/02/2023), e correção
monetária, a contar da data da citação;

f) ao pagamento de indenização por danos materiais à Autora, SRA. CLEUDE, na


forma de pensionamento, em decorrência da perda patrimonial familiar ocasionada pela morte da
sua filha, com termo inicial retroagindo à data do acidente (14/02/2023), no valor correspondente à
2/3 do salário mínimo até a data em que a de cujus atingiria a expectativa de vida do IBGE ou até o
óbito da Autora, incidindo sobre as parcelas vencidas, juros de mora e correção monetária desde a
data do vencimento de cada prestação;

g) seja deferido o pagamento do pensionamento vitalício em parcela una;


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h) com relação à verba pleiteada na alínea anterior, requer-se seja determinada,
com fulcro no art. 533 do CPC, sejam compelidos a ré a constituir capital, a fim de garantir na íntegra
o pagamento da indenização na forma de alimento requerido nesta inicial;

i) existindo cobertura na apólice de seguro firmada com a seguradora Ré


referente ao pagamento de danos pessoais/corporais, requer-se seja responsabilizada pelo
pagamento dos danos morais a que, eventualmente, forem fixados por esse r. Juízo;

j) as indenizações contratadas com a seguradora Ré deverão ser atualizadas


monetariamente desde a data de estipulação da apólice de seguro, preservando-se o equilíbrio
atuarial;

k) ao pagamento das custas processuais e honorários de sucumbência, no


patamar de 20% sobre o valor da condenação.

Protesta por todos os meios de provas em direito admitidos, quais sejam o


documental incluso, depoimento pessoal das partes, prova pericial, testemunhal em rol a ser ofertado
oportunamente e todas as outras que se fizerem necessárias ao deslinde do feito e ainda, sendo
necessária, vistoria in loco.

Por oportuno, requer que as futuras intimações sejam publicadas exclusivamente


em nome de PAULO RICARDO FELSKY, OAB/PR 95.075, sob pena de nulidade.

Dá à presente causa o valor de R$ 460.945,04 (quatrocentos e sessenta mil e


novecentos e quarenta e cinco reais e quatro centavos).

Nestes termos,
Pede deferimento.

30 de maio de 2023.
PROJUDI - Processo: 0013878-65.2023.8.16.0001 - Ref. mov. 1.1 - Assinado digitalmente por Paulo Ricardo Felsky
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Assinatura Digital

Paulo Ricardo Felsky


OAB/SC 53.158 | OAB/PR 95.075

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