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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE SÃO PAULO
FORO REGIONAL II - SANTO AMARO
15ª VARA CÍVEL
AVENIDA DAS NACOES UNIDAS, 22939, São Paulo - SP - CEP
04795-100
Horário de Atendimento ao Público: das 13h00min às17h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1089383-97.2022.8.26.0002 e código 1352A9ED.
SENTENÇA

Processo Digital nº: 1089383-97.2022.8.26.0002


Classe - Assunto Procedimento Comum Cível - Indenização por Dano Moral
Requerente: Teresinha de Jesus dos Santos Carvalho
Requerido: Novamed Gestão de Clínicas Ltda - “unidade Santo Amaro”

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ALEXANDRE CHIOCHETTI FERRARI, liberado nos autos em 14/04/2023 às 16:46 .
Justiça Gratuita

Juiz(a) de Direito: Dr(a). ALEXANDRE CHIOCHETTI FERRARI

Vistos.

Vistos.

Trata-se de ação de indenização por danos materiais e morais ajuizada por


Teresinha de Jesus dos Santos Carvalho em face de Novamed Gestão de Clínicas Ltda – Unidade
Santo Amaro.

Explica que é proprietária de veículo automotor (motocicleta); no dia 02/12/2022,


o filho da autora teria estacionado por volta das 12h40min no pátio da ré, disponibilizado para uso
exclusivo de seus clientes, a fim de comparecer à consulta agendada na clínica.

Quando do seu retorno, contudo, observou que o bem havia sido furtado. Lavrou
boletim de ocorrência nº KC1723-1/2022.

Requer, assim, o ressarcimento pelos danos materiais, na monta de R$ 27.496,00,


e pelos danos morais sofridos, no importe de R$ 40.000,00.

Acostou documentos; destacando-se o CRLV da moto (fl. 21); declaração de


comparecimento à consulta médica fornecido pela ré (fl. 22); boletim de ocorrência (fls. 23/24);
tabela fipe referente a dezembro de 2022 (fl. 25).

Decisão de fl. 25 concedeu os benefícios da justiça gratuita à autora.

A ré foi citada, conforme A.R de fl. 30.

Diante da inércia da requerida, a autora pugnou pela decretação de sua revelia.

É o relatório.

Observo que o A.R. de fl. 30 foi enviado para o mesmo endereço indicado na ficha

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04795-100
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cadastral da requerida perante a JUCESP (fl. 47).

Dessa forma, mister se faz a decretação de sua revelia, com a aplicação dos efeitos
previstos no art. 344 do CPC, considerando precedente do E. Tribunal de Justiça e a
verossimilhança das alegações da autora, que são corroboradas pelos documentos trazidos aos
autos - mormente, cópia de declaração de comparecimento, datada do mesmo dia em que a

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requerente alega que teve a sua motocicleta furtada, e do boletim de ocorrência:

AGRAVO DE INSTRUMENTO – AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE


C.C. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS – NULIDADE DA CITAÇÃO – ENDEREÇO
DIVERSO – PESSOA JURÍDICA - Hipótese em que a agravante pretende a reforma da
decisão que decretou sua revelia – Alegação de que a carta foi encaminhada para endereço no
qual não mais estava sediada e recebida por pessoa estranha - Citação que é indispensável para a
validade do processo – Carta de citação encaminhada para endereço constante na Receita
Federal e Jucesp atribuídos à agravante em certidão atualizada – Alegação de alteração da
sede da empresa que veio desacompanhada de qualquer documento – Teoria da aparência que
pressupõe, para a validade da citação, que esta se concretize no local onde situada a sede ou
filial da pessoa jurídica, como na hipótese dos autos – Teoria aplicada, na hipótese –
Aplicabilidade do art. 248, §2º, do NCPC - Validade da citação reconhecida, com a
manutenção da decretação de revelia – [...] (TJSP; Agravo de Instrumento
2023903-35.2020.8.26.0000; Relator (a): Salles Vieira; Órgão Julgador: 24ª Câmara de Direito
Privado; Foro Central Cível - 30ª Vara Cível; Data do Julgamento: 26/07/2022; Data de Registro:
26/07/2022).

Nesse sentido, passo ao julgamento antecipado do mérito, nos termos do art. 355,
II, do CPC.

Os pedidos são parcialmente procedentes.

Tratando-se de ação de índole essencialmente consumerista, cabível a inversão do


ônus probatório insculpida no art. 6º, VIII, do CDC, o que confere ainda mais veracidade aos fatos
relatados pela parte autora.

Nessa linha, dispõe também o CDC:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de


culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação

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dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

O pedido de indenização pelos danos materiais sofridos, merece, assim,


acolhimento, consoante entendimento sumulado pelo Superior Tribunal de Justiça:

A empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo


ocorridos em seu estacionamento (Súmula nº 130).

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O pedido de indenização pelos danos extrapatrimoniais, por seu turno, não merece
prosperar.

Isto porque vários julgados proferidos pelo E. Tribunal de Justiça em casos


semelhantes consignam a necessidade de reparação pelos danos materiais sofridos, mas não
necessariamente pelos alegados danos morais:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.


Responsabilidade civil. Tentativa de furto de veículo no interior de estacionamento do
Supermercado réu, com danificação de porta dianteira e painel do automóvel. SENTENÇA de
procedência. APELAÇÃO do Supermercado demandado, que insiste na improcedência, pugnando
subsidiariamente pela redução da indenização moral. EXAME: relação havida entre as partes
que tem natureza de consumo, sujeita portanto ao Código de Defesa do Consumidor, que
impõe a responsabilidade objetiva do fornecedor pelos danos sofridos pelo consumidor em
razão de fato do produto ou do serviço. Prova dos autos que confirma a guarda do veículo no
estacionamento pertencente ao Supermercado réu, assim como os danos causados no veículo
durante a estadia e o desembolso por parte do autor para a reparação correspondente.
Violação ao dever de cuidado e guarda do bem deixado em depósito no estacionamento.
Prejuízo material bem demonstrado e impugnado apenas genericamente. Inteligência da Súmula
130 do C. Superior Tribunal de Justiça. Prejuízo moral indenizável, contudo, não configurado.
Dissabor que não passou da esfera do mero aborrecimento, transtorno ou percalço do
cotidiano. Sentença parcialmente reformada. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO (TJSP;
Apelação Cível 1004043-51.2022.8.26.0564; Relator (a): Daise Fajardo Nogueira Jacot; Órgão
Julgador: 27ª Câmara de Direito Privado; Foro de São Bernardo do Campo - 9ª Vara Cível; Data
do Julgamento: 31/03/2023; Data de Registro: 31/03/2023).

APELAÇÃO. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E


MORAIS. FURTO DE VEÍCULO NO ESTACIONAMENTO DE SUPERMERCADO. Pretensão

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ao recebimento dos valores despendidos com a blindagem de automóvel e de indenização pelos
danos extrapatrimoniais. Pedidos parcialmente acolhidos em primeiro grau. Inconformismo de
ambas as partes. RESPONSABILIDADE DO SUPERMERCADO POR FURTO EM SEU
ESTACIONAMENTO. Inteligência da Súmula nº 130 do C. STJ. Hipótese em que cabe à ré arcar
com os prejuízos decorrentes do dever de guarda e vigilância do local. Caracterização do fortuito

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ALEXANDRE CHIOCHETTI FERRARI, liberado nos autos em 14/04/2023 às 16:46 .
interno. Responsabilidade não elidida por culpa exclusiva de terceiro. DANOS MATERIAIS
CONFIGURADOS. Furtado o veículo blindado, à ré se impõe a obrigação de restituir os valores
despendidos para a blindagem e regularização do automóvel adquirido pela autora. Descabimento
da inclusão dos custos com emplacamento e IPVA, que são decorrências lógicas da titularidade do
veículo. CUSTOS COM TRANSPORTE. Manutenção do ressarcimento com despesas decorrentes
de transporte particular. Ausência de impugnação quanto aos recibos apresentados, na forma do
art. 430 CPC, que mantém incólume a presunção de autenticidade e veracidade. JUROS
MORATÓRIOS. Responsabilidade contratual. Incidência a contar da citação. DANOS MORAIS.
Desconforto ínsito ao ocorrido, que não afronta os direitos da personalidade. Aplicação do
enunciado 159 do CJF. SUCUMBÊNCIA. Redistribuição. IMPROVIDO O RECURSO DA
AUTORA. PARCIALMENTE PROVIDO O RECURSO DA RÉ (TJSP; Apelação Cível
1003240-78.2022.8.26.0011; Relator (a): Rosangela Telles; Órgão Julgador: 31ª Câmara de
Direito Privado; Foro Regional XI - Pinheiros - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento: 23/02/2023;
Data de Registro: 23/02/2023)

Apelação. Furto de veículo em estacionamento de supermercado. Ação de


indenização por danos materiais e morais. Sentença de parcial procedência. Responsabilidade da
ré reconhecida na r. sentença sem recurso neste tópico. Pedido de indenização por danos materiais
decorrentes de gastos com transporte de mercadorias, o que era anteriormente realizado com a
motocicleta furtada. Ausência de impugnação específica em contestação quanto a este tópico. Fato
incontroverso. Art. 341 do CPC. Mera falha na prestação do serviço diante do furto do veículo
dos autores no estacionamento da ré, que, por si só, não configura dano moral. Recurso
parcialmente provido (TJSP; Apelação Cível 1039581-13.2021.8.26.0602; Relator (a): Ana Lucia
Romanhole Martucci; Órgão Julgador: 33ª Câmara de Direito Privado; Foro de Sorocaba - 2ª Vara
Cível; Data do Julgamento: 09/02/2023; Data de Registro: 09/02/2023).

O caso dos autos coaduna-se ao entendimento exarado pelo Tribunal, uma vez que
os fatos narrados não constituem situação ensejadora de grande sofrimento ou abalos psicológicos
à parte autora – ao menos, tal frustração não ficou bem caracterizada pelos elementos probatórios

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Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1089383-97.2022.8.26.0002 e código 1352A9ED.
apresentados.

Por todo o exposto, declaro EXTINTA a presente lide, com fulcro no art. 487, I,
do CPC, julgando parcialmente procedentes os pedidos, a fim de condenar a ré a pagar a autora a
quantia de R$ 27.496,00 (vinte e sete mil quatrocentos e noventa e seis reais), corrigida
monetariamente desde a data do evento (02/12/2022) e acrescidos de juros de mora de 1% desde a

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por ALEXANDRE CHIOCHETTI FERRARI, liberado nos autos em 14/04/2023 às 16:46 .
citação.

Em razão do resultado do julgamento, condeno a autora ao pagamento das custas e


despesas processuais, além dos honorários devidos ao patrono do réu, verba que, nos termos do
art. 85, § 2º, do Código de Processo Civil, fixo em 10% sobre o valor atualizado da causa,
observada, contudo, a gratuidade deferida.

P.I.C.

São Paulo, 14 de abril de 2023.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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