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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE BARUERI
VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL
RUA DESEMBARGADOR CELSO LUIZ LIMONGI, 84, BARUERI-SP
- CEP 06400-000
Horário de Atendimento ao Público: das 13h00min às17h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1016455-81.2021.8.26.0068 e código 115E566D.
SENTENÇA

Processo Digital nº: 1016455-81.2021.8.26.0068


Classe – Assunto: Procedimento do Juizado Especial Cível - Atraso de vôo
Requerente: Mariana Mendes Pereira
Requerido: Azul Linhas Aéreas Brasileiras S.A.

Juiz(a) de Direito: Dr(a). Fabio Calheiros do Nascimento

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FABIO CALHEIROS DO NASCIMENTO, liberado nos autos em 04/09/2022 às 11:20 .
Vistos.

Dispensado o relatório, nos termos do artigo 38 da Lei n. 9.099/95.


A inicial é confusa. Primeiro consta que o voo seria de Uberlândia para São Paulo
(fls. 01), depois que ele seria de Uberlândia para Natal, com escala em Belo Horizonte (fls. 02).
Consta também que a alteração realizada foi para alterar o horário de saída e a escala, que passou
a ser em Campinas, mas o documento copiado nos autos mostra outra coisa (fls. 02).
Não estão claros o destino da viagem e a escala, mas é possível depreender da
inicial que houve um atraso de 4 horas por conta da mudança do voo.
Segundo a ré, em contestação, isso ocorreu porque a autora não compareceu com
os documentos necessários ao embarque. Ela apresentou uma CNH digital, mas esse documento
não pode ser aceito para esse fim. Para comprovar o que alegou, ela apresentou as telas do seu
sistema.
Como sustentou a autora, entretanto, trata-se de prova unilateral porque redigida
pela própria ré, o que, evidentemente, pode ser feito em seu proprio benefício. Não apresentando
a autora o documento necessário ao embarque, não teria havido remarcação de voo, mas
simplesmente proibição de embarque.
De acordo com a orientação pacífica dos tribunais superiores, há dano
extrapatrimonial se esse atraso existe (STJ – 3a T., REsp 1842066 / RS – rel. Min. Moura Ribeiro
– j. 09.06.2020).

Atraso de até 1 hora é suportável e o artigo 12 da Resolução n. 400 da ANAC já


prevê consequências de ordem material.1 Na espécie, no entanto, tratando-se de atraso de

1
Art. 12. (...)
§ 1º O transportador deverá oferecer as alternativas de reacomodação e reembolso integral, devendo a escolha ser do
passageiro, nos casos de:
I - informação da alteração ser prestada em prazo inferior ao do caput deste artigo; e
II - alteração do horário de partida ou de chegada ser superior a 30 (trinta) minutos nos voos domésticos e a 1 (uma)
hora nos voos internacionais em relação ao horário originalmente contratado, se o passageiro não concordar com o
horário após a alteração.

1016455-81.2021.8.26.0068 - lauda 1
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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE BARUERI
VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL
RUA DESEMBARGADOR CELSO LUIZ LIMONGI, 84, BARUERI-SP
- CEP 06400-000
Horário de Atendimento ao Público: das 13h00min às17h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1016455-81.2021.8.26.0068 e código 115E566D.
aproximadamente 4h00, ele não é mesmo desprezível2 e deixa de afetar apenas o aspecto
patrimonial do(s) passageiro(s).

Esse tempo de atraso é representativo porque além de significar a perda do tempo


de descanso e lazer do(s) viajante(s), ainda implica em maior cansaço e desgaste por parte dele(s)
no aeroporto.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por FABIO CALHEIROS DO NASCIMENTO, liberado nos autos em 04/09/2022 às 11:20 .
Utilizando a sistemática do STJ de fixação da indenização por danos morais em
duas fases, anoto que fixo o valor de R$ 500,00 por hora de atraso, a partir da 1a hora. No caso, o
valor da primeira fase é de R$ 1.400,00. Não há nada a ser considerado na segunda fase porque
ausentes peculiaridades no caso concreto.

Correção monetária a contar da presente data e juros de mora a partir de agosto de


2021, nos termos da Súmula 362 do STJ e do artigo 398 do Código Civil.

Diante do exposto, JULGO PROCEDENTE o pedido para condenar a ré ao


pagamento de R$ 1.400,00 a título de indenização em favor do(a/s) autor(a/es/s), com correção
monetária pela tabela do TJSP a partir desta data e juros de mora de 1% ao mês a contar de agosto
de 2021.

Sem condenação das partes ao pagamento de custas e despesas processuais, ou


mesmo honorários advocatícios, a teor do artigo 55 da Lei 9.099/95.

P.R.I.C.
Barueri, 04 de setembro de 2022.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

2
“No mínimo, o direito não há de tutelar obrigações cuja prestação consista em futilidades, por um lado, nem contratos
em que haja manifesto e intolerável desequilíbrio entre prestação e contraprestação. São pelo menos estas duas as
balizas que é preciso considerar, para aquilatar se o interesse do credor é socialmente digno de tutela. O interesse deve
ser sério e útil. Uma obrigação fútil seria, por exemplo, aquela cuja prestação consistisse na obrigatoriedade de uma
pessoa cumprimentar diariamente outra, ainda que a troco de uma contraprestação em dinheiro: costuma-se dizer que o
direito não rege bagatelas, ou que de minimis non curat praetor , o pretor (juiz) não cuida de insignificâncias”.
(NORONHA, Fernando Direito das obrigações - 4. ed., rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2013, pg.52).

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