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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO


COMARCA DE AGUDOS
FORO DE AGUDOS
1ª VARA JUDICIAL
RUA PAULO NELLI, 276, Agudos - SP - CEP 17120-000
Horário de Atendimento ao Público: das 12h30min às19h00min

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1000121-75.2016.8.26.0058 e código 11D1FDA.
SENTENÇA

Processo Digital nº: 1000121-75.2016.8.26.0058


Classe - Assunto Mandado de Segurança - CNH - Carteira Nacional de Habilitação
Impetrante: Sandra Cristina Custodio de Souza
Impetrado: Diretor Detran Departamento Estadual de Transito

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RICARDO VENTURINI BROSCO, liberado nos autos em 01/09/2016 às 16:51 .
Juiz(a) de Direito: Dr(a). Ricardo Venturini Brosco

Vistos.

SANDRA CRISTINA CUSTÓDIO DE SOUZA impetrou Mandado de Segurança


contra ato praticado pelo DIRETOR DO DEPARTAMENTO ESTADUAL DE TRÂNSITO DE
SÃO PAULO DETRAN alegando, em apertada síntese, que em novembro de 2014 recebeu
notificação para procedimento da suspensão de carteira de habilitação, baseada em 3 autos de
infrações, momento em que encaminhou ao impetrado, no prazo devido, o real condutor do
veículo no momento das infrações.

Aduz que, posteriormente, recebeu notificação de instauração de procedimento


administrativo para suspensão do direito de dirigir, protocolizando defesa em que novamente
informava o real condutor do veículo nas ocasiões das infrações, o que foi indeferido pelo
impetrado. Sustenta que embora tenha recorrido à JARI e ao Conselho Estadual de Trânsito 2ª
Instância, a penalidade foi mantida.

Requer, liminarmente, seja determinado à autoridade coatora a permissão


necessária para que a impetrante renove sua carteira de habilitação, suspendendo-se o ato que deu
motivo ao pedido, ratificando-se a liminar ao final, concedendo-se a segurança pleiteada. A inicial
foi instruída com documentos.

Houve o indeferimento da liminar.

Notificado, o impetrado apresentou informações discorrendo, a princípio, sobre os


procedimentos adotados quando da instauração do procedimento administrativo. Aduz ainda que o
proprietário do veículo teria o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação da autuação, para

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indicação do condutor, o que não ocorreu. No mais, afirma que não há que se rediscutir a validade
dos procedimentos administrativos prévios. Juntou documentos.

Houve réplica.

O Ministério Público absteve-se de manifestar-se no feito.

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RICARDO VENTURINI BROSCO, liberado nos autos em 01/09/2016 às 16:51 .
É O RELATÓRIO DO ESSENCIAL.
FUNDAMENTO E DECIDO.

Ante a minuciosa análise dos autos, tem-se que a concessão da ordem é de rigor,
vez que a impetrante está sofrendo violação a seu direito líquido e certo, nos termos do que
passaremos a dispor.

Consta nos autos que a impetrante foi surpreendida com processo administrativo
de suspensão do direito de dirigir em razão de ter sido responsabilizada por infrações de trânsito
por excesso de velocidade.

Ocorre que a impetrante não era a condutora do veículo quando das infrações,
motivo pelo qual indicou corretamente o verdadeiro condutor do veículo, em cada auto de
infração, porém, injustificadamente, o DER não promoveu a transferência das multas.

Ora, conforme preceitua o parágrafo 3°, do art. 257, do Código de Trânsito


Brasileiro:
§ 3º. Ao condutor caberá a responsabilidade pelas infrações decorrentes
de atos praticados na direção do veículo.

Nesta mesma esteira, o § 7º do mesmo artigo nos traz que cabe ao proprietário do
veículo indicar o verdadeiro infrator, quando da notificação das multas, vejamos:

§ 7º. Não sendo imediata a identificação do infrator, o proprietário do


veículo terá 15 (quinze) dias de prazo, após a notificação da autuação,
para apresentá-lo, na forma em que dispuser o CONTRAN, ao fim do

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qual, não o fazendo, será considerado responsável pela infração.

Nesse contexto, conforme restou devidamente demonstrado pela impetrante,


quando da notificação das multas por excesso de velocidade enviadas via correio, a impetrante
indicou corretamente e dentro do prazo de 15 dias o verdadeiro condutor infrator ao preencher o
campo de "Declaração de indicação de condutor infrator" (cf. Documentos de fls. 27/29).

Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por RICARDO VENTURINI BROSCO, liberado nos autos em 01/09/2016 às 16:51 .
Logo, considerando que a impetrante indicou devidamente o real condutor do
veículo, caberia a autoridade coatora ter atribuído a pontuação das multas ao condutor por aquela
indicado.

Ante o exposto, CONCEDO A SEGURANÇA e, por consequência, julgo


procedente, nos termos do art. 487, I do CPC, para o fim de determinar que a autoridade impetrada
proceda ao cancelamento da suspensão/bloqueio do direito de dirigir da impetrante e transfira em
definitivo as infrações apontadas para o verdadeiro condutor.

Oficie-se a autoridade coatora e a pessoa jurídica, encaminhando cópia desta


sentença, nos termos do art. 13 da Lei nº 12.016/09.

Sem custas e despesas processuais. Inaplicável a condenação em honorários nos


termos da Súmula 512 do STF e 105 do STJ.

Por fim, remetam-se os autos à Superior Instância para reexame necessário, na


forma do art. 14, § 1º, da Lei do Mandado de Segurança.

P.R.I.C.

Agudos, 01 de setembro de 2016.

DOCUMENTO ASSINADO DIGITALMENTE NOS TERMOS DA LEI 11.419/2006,


CONFORME IMPRESSÃO À MARGEM DIREITA

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