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RONEY PINI CARAMIT OAB/MS 11.134
RUA JOAQUIM DAS NEVES NORTE, 114-B
NAVIRAÍ – MS BRASIL CEP 79950-000
E-MAIL: RCARAMIT@YAHOO.COM.BR
FONE/FAX: (67) 3461.1601

, e liberado nos autos


EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA CÍVEL DA
COMARCA DE NAVIRAÍ - MS

Este documento é copia do original assinado digitalmente por RONEY PINI CARAMIT. Protocolado em 09/10/2019 às 17:49, sob o número WNAV19080400688
DÉBORA PINI CARAMIT, qualificada nos autos epigrafados supra, em que contende
contra DETRAN-MS, por seu advogado vem, respeitosamente a presença de Vossa Excelência, apresentar,
tempestivamente, IMPUGNAÇÃO a contestação do réu de fls. 27/45, pelas razões a seguir expostas:

Alega a ré em preliminar a ilegitimidade passiva do Detran-MS, sob o frágil argumento de

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que não foi um funcionário da autarquia que emitiu a multa.

A preliminar de ilegitimidade passiva deve ser acolhida, tendo em vista que, o agente de
polícia responsável pela lavratura do auto de infração impugnado agiu por meio de delegação de
competência conferida pelo DETRAN-MS à PMMS, ato firmado a partir de convênio entre a autarquia e o

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órgão público e permitido por lei (art. 280, § 4º, CTB). Não suficiente, verifica-se que o policial
responsável pela autuação se utilizou de autos de infração do próprio DETRAN-MS - fls.58”.

É flagrante o ato ilícito da Administração Pública (art. 186, Código Civil), POSTO QUE
A AUTORA FICOU SUJEITA À SUSPENSÃO/CASSAÇÃO DA SUA CNH DE FORMA
INDEVIDA, conforme comprova a instauração do Processo Administrativo nº 024959/2018 (fls.55).

Se o responsável pelo processo administrativo para aplicação da penalidade, é o


Detran/MS, logo também é deste a legitimidade passiva para figurar como demandado na presente
demanda.

Ademais, a ré não nega que os fatos ocorreram, limitando a trazer defesa genérica, o que
não pode ser aceito. Isto porque, a CONTESTAÇÃO QUE NÃO IMPUGNA ESPECIFICADAMENTE
OS FATOS NARRADOS NA INICIAL viola o artigo 302 do CPC, presumindo, portanto, a veracidade
dos fatos trazidos pela autora.

Ressalte-se que, o LICENCIAMENTO DE VEÍCULO ficou CONDICIONAMENTO


AO PAGAMENTO DE MULTA indevida.

“Art. 170. Dirigir ameaçando os pedestres que estejam atravessando a via pública, ou os
demais veículos:
Infração – gravíssima;
Penalidade – multa e suspensão do direito de dirigir;
Medida administrativa – retenção do veículo e recolhimento do documento de
habilitação.”

A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça tem firme o entendimento segundo o qual


é inadmissível condicionar o licenciamento anual de veículos à prévia exigência do pagamento de multa,
imposta sem prévia notificação ao infrator, conforme a Súmula n. 127 do STJ, in verbis: "É ilegal
condicionar a renovação da licença de veículo ao pagamento de multa, da qual o infrator não foi
notificado".

A autora sequer recebeu notificação da penalidade registrada em 05.07.2018, conforme


comprovam os ARs. de fls.59/60, ou seja, a autora foi surpreendida ao fazer o licenciamento do veículo
com a cobrança da multa, bem como a entregar sua habilitação e ainda responder há um processo
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, e liberado nos autos


administrativo sem que tivesse a possibilidade de defesa pelo transcurso do prazo de recurso, contrariando
as normativas legais, inclusive sumulada pelo STJ (Súmula 127).

Nesse sentido é o entendimento da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça,


vejamos:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.538.297 - MG (2015/0142664-0) RELATOR : MINISTRO

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OG FERNANDES RECORRENTE : ALEX DE SOUZA ADVOGADOS : PATRÍCIA MACHADO
RODRIGUES ALVES E OUTRO (S) - RJ142225 FABIANA GORETTI TRESSE - MG092839N
RECORRIDO : ESTADO DE MINAS GERAIS PROCURADOR : JAQUES DANIEL REZENDE
SOARES E OUTRO (S) - MG077921N DECISÃO Vistos, etc. Trata-se de recurso especial interposto por
ALEX DE SOUZA, com base no art. 105, inc. III, alíneas a e c, da CF/88, contra acórdão publicado na
vigência do Código de Processo Civil de 1973, assim ementado: APELAÇÃO CÍVEL. INDENIZAÇÃO.
REGISTRO EQUIVOCADO DA EXISTÊNCIA DE CRIME EM BANCO DE DADOS DA POLÍCIA

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CIVIL. IMPOSSIBILIDADE DE OBTER O NADA CONSTA. DANO MORAL. AUSÊNCIA DE
COMPROVAÇÃO DE LESÃO REAL OU EFETIVA. SENTENÇA REFORMADA. I - No que tange à
responsabilidade do Estado, conclui-se inicialmente que sempre responderá objetivamente (sem a
necessidade de aferição de culpa) por atos praticados por seus agentes que causem danos a terceiros,
impondo-se a análise da ocorrência do ato ilícito, do dano e do nexo de causalidade. (...). A

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responsabilidade civil do Estado encontra-se amparada no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, que
estabelece que as pessoas jurídicas de direito público e as prestadoras de serviços públicos responderão
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. Ademais, o resultado danoso, assim
considerada a repercussão moral do cadastro desabonador, decorreu de forma direta da conduta do
agente estatal, na expedição de ofício (Fls. 210), e dos riscos causados pelo próprio funcionamento do
serviço de segurança pública, que pode resultar em acusações injustas e lesivas a pessoas estranhas
aos crimes. Basta imaginar que nos encontremos em situação semelhante para perceber os abalos
emocionais que o registro de crime em ficha de antecedentes acarreta à pessoa, além de danos à sua
imagem perante seus pares. (e-STJ, Fl. 327/328) Esse é o entendimento desta Corte em casos análogos.
Confira-se: CONSUMIDOR. INSCRIÇÃO EM CADASTRO DE INADIMPLENTES. DANO MORAL.
DANO IN RE IPSA. QUANTUM INDENIZATÓRIO ADEQUADO. 1. O tribunal de origem concluiu que
foi indevida a inclusão do nome do autor nos cadastros restrição ao crédito, conclusão inalterável na via do
recurso especial, em que é vedado o reexame de prova (STJ, Súmula 7). 2. Segundo a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça, a inscrição indevida em cadastros de inadimplentes constitui dano in re ipsa,
dispensada, assim, a comprovação do efetivo prejuízo. 3. A alteração do quantum indenizatório apenas é
possível, na instância especial, se o valor for irrisório ou excessivo, circunstâncias inexistentes na espécie
(R$ 5.100,00). 4. Agravo regimental não provido. (AgRg no AREsp 129.409/RS, Rel. Ministro OLINDO
MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), PRIMEIRA TURMA, julgado
em 03/09/2015, DJe 15/09/2015) RESPONSABILIDADE CIVIL. MULTA DE TRÂNSITO
INDEVIDAMENTE COBRADA. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL.
DANO PRESUMIDO. VALOR REPARATÓRIO. CRITÉRIOS PARA FIXAÇÃO 1. Como se trata
de algo imaterial ou ideal, a prova do dano moral não pode ser feita através dos mesmos meios
utilizados para a comprovação do dano material. Por outras palavras, o dano moral está ínsito na
ilicitude do ato praticado, decorre da gravidade do ilícito em si, sendo desnecessária sua efetiva
demonstração, ou seja, como já sublinhado: o dano moral existe in re ipsa. Afirma Ruggiero: Para o
dano ser indenizável, 'basta a perturbação feita pelo ato ilícito nas relações psíquicas, na
tranqüilidade, nos sentimentos, nos afetos de uma pessoa, para produzir uma diminuição no gozo do
respectivo direito. 2. É dever da Administração Pública primar pelo atendimento ágil e eficiente de
modo a não deixar prejudicados os interesses da sociedade. Deve ser banida da cultura nacional a
idéia de que ser mal atendido faz parte dos aborrecimentos triviais do cidadão comum,
principalmente quando tal comportamento provém das entidades administrativas. O cidadão não
pode ser compelido a suportar as conseqüências da má organização, abuso e falta de eficiência
daqueles que devem, com toda boa vontade, solicitude e cortesia, atender ao público. 3. Os simples
aborrecimentos triviais aos quais o cidadão encontra-se sujeito devem ser considerados como os que
não ultrapassem o limite do razoável, tais como: a longa espera em filas para atendimento, a falta de
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estacionamentos públicos suficientes, engarrafamentos etc. No caso dos autos, o autor foi obrigado,
sob pena de não-licenciamento de seu veículo, a pagar multa que já tinha sido reconhecida, há mais
de dois anos, como indevida pela própria administração do DAER, tendo sido, inclusive, tratado com
grosseria pelos agentes da entidade. Destarte, cabe a indenização por dano moral. (...) 5. Recurso
especial provido. (..) (STJ - REsp: 1538297 MG 2015/0142664-0, Relator: Ministro OG FERNANDES,
Data de Publicação: DJ 08/03/2017).

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Portanto, dispensável audiência de instrução, uma vez que o dano moral sofrido pela autora
é presumido, tendo em vista a imputação indevida da conduta descrita no artigo 170 do Código de
Brasileiro, com penalidades de suspensão do direito de dirigir, bem como, a apreensão do veículo e
recolhimento da CNH e pagamento de multa vinculada ao licenciamento de seu veículo.

Diante do exposto, requer a rejeição da preliminar e a procedência da ação em todos os


seus termos.

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Nestes termos,
Pede deferimento.
Naviraí, 9 de outubro de 2019

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Roney Pini Caramit
Adv. OAB/MS 11.134

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