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AO EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____

VARA ESTADUAL CÍVEL, DA COMARCA DE BELO HORIZONTE.

Processo nº...

PESCADO & CIA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o nº
90.870.944/0001-86, com sede na rua: Topázio, nº 887, bairro: Dom Pedro, Município
de Belo Horizonte, UF/MG, CEP: 31.986-001, representada neste ato por sua sócia
gerente Sra. FERNANDA MEDEIROS COSTA, brasileira, casada, profissional da
área de pescados, portadora do RG nº 83563005 e do CPF/MG n°123869226-01, por
sua advogada que esta subscreve (procuração anexa), com escritório na Rua …, nº …,
onde receberá intimação, sendo citado para se defender na

CONTESTAÇÃO

Em face da ação de indenização por danos materiais e morais movida perante esse
Juízo por nome do autor JOÃO DAS NEVES CUNHA, brasileiro, casado, proprietário
de restaurante de frutos do mar O Bom DenDê, portador do RG: 07483645, inscrito no
CPF/MG:123987456-01, residente e domiciliado na rua das pedras preciosas., n°239,
bairro: Esmeralda, Município de Belo Horizonte, UF/MG, CEP:31.070-005, e-mail:
obomdende@gmail.com, conforme os artigos 335 e 337 do CPC, vem, no prazo legal,
e com os inclusos documentos, manifestar sua CONTESTAÇÃO, expondo e
requerendo a V. Ex. ª. o que segue:

1. DO BREVE RESUMO DOS FATOS

2. PRELIMINARES

Mediante breve síntese dos fatos, deseja o réu com fulcro no Art.337 do Código de
Processo Civil, antes de discutir o mérito, preliminarmente em conformidade com
os incisos III e XIII do supracitado artigo, alegar incorreção do valor da causa e
indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.

Por tanto, antes de adentrar no mérito, mister se faz apontar algumas defesas em fase
preliminar, conforme segue:
- 2.1. INCORREÇÃO DO VALOR DA CAUSA

- 2.2. INDEVIDA CONCESSÃO DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA

Pelo que se depreende da documentação apresentada, o autor apenas declarou ser pobre
nos termos da lei para auferir os benefícios da Gratuidade de Justiça.

Ocorre que a declaração de pobreza gera apenas presunção relativa acerca da


necessidade, cabendo ao Julgador verificar outros elementos para decidir acerca do
cabimento do benefício.

Apesar da possibilidade da Pessoa Jurídica obter a gratuidade de Justiça, a prova de


hipossuficiência é requisito indispensável à sua concessão.

Desta forma, o pedido de gratuidade deve vir instruído com prova suficiente da
impossibilidade da empresa em arcar com as custas processuais, o que não ocorre no
presente caso, devendo conduzir ao seu indeferimento, conforme precedentes sobre o
tema:

"Havendo dúvidas fundadas, não bastará a simples declaração, devendo a parte


comprovar sua necessidade (STJ, 3.ª Turma. AgRg no AREsp 602.943/SP, rel.
Min. Moura Ribeiro, DJe 04.02.15). Já compreendeu o Superior Tribunal de
Justiça que "Por um lado, à luz da norma fundamental a reger a gratuidade de
justiça e do art. 5º, caput, da Lei n. 1.060/1950 - não revogado pelo CPC/2015
-, tem o juiz o poder-dever de indeferir, de ofício, o pedido, caso tenha fundada
razão e propicie previamente à parte demonstrar sua incapacidade econômico-
financeira de fazer frente às custas e/ou despesas processuais. Por outro lado, é
dever do magistrado, na direção do processo, prevenir o abuso de direito e
garantir às partes igualdade de tratamento" (STJ, 4ª Turma. RESp
1.584.130/RS, rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 07.06.2016,DJe
17.08.2016)."(MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio Cruz.
MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil comentado. 3ª ed.
Revista dos Tribunais, 2017. Vers. ebook. Art. 99)

Por tanto, para que reste provada a hipossuficiência dos autores será necessário a
juntada de declaração de renda junto à Receita Federal, demonstração de bens
penhorados em processo de execução, estar em processo de recuperação judicial ou
extrajudicial (no caso de sociedades empresárias) etc. Uma vez comprovada a
hipossuficiência, tornar-se-á a pessoa jurídica merecedora dos benefícios da justiça
gratuita, nos termos da súmula nº 481 do STJ.

Diante o exposto, deverá conduzir ao imediato indeferimento do pedido de Gratuidade


de Justiça.

DA INEXISTÊNCIA DOS DANOS MORAIS

A princípio cabe esclarecer que o Autor pleiteia pela reparação


de danos morais, alegando ter havido inadimplemento contratual. Todavia, caso tenha
havido inadimplência contratual, o que no presente caso não ocorreu, os danos seriam
apurados à luz das multas contratuais, previstas na cláusula que justamente tal
finalidade.

Em análise ao caso, observa-se que a situação não representa


qualquer forma de dano ao Autor. A simples quebra se contrato, de cunho obrigacional,
sem qualquer valor de estima não pode ser reputado como ato ilícito capaz de resultar
um dano moral.

Verifica-se também que não há qualquer prova de ofensa efetiva


à moral, à honra ou a imagem da parte supostamente prejudicada. Os danos apontados
nos documentos acostados na inicial pela parte Autora não passam de meras
conjecturas.

Ademais, cabe frisar que o dever de indenizar por dano moral


requisita um ato ilícito capaz de conferir um sofrimento físico ou espiritual, acarretando
tristezas, preocupações, angústias ou humilhações, o que não se vê no caso. Logo, o
abalo moral deve ser forma que contenha a proteção jurídica, sendo de suma
importância a prova de acontecimentos específicos, severos e de intensidade, que
comprove o efetivo dano moral. Cabendo também diferenciar a dor moral decorrente da
ofensa aos direitos da personalidade, embora subjetiva, do mero aborrecimento.

É evidente que o presente caso não se trata de dano moral. Isto


porque, para a procedência do pedido de indenização, deverá restar comprovado do fato
(causa), das consequências (resultado), do liame que os uniu (nexo causal) e a culpa do
Réu, seja por negligência, imprudência ou imperícia, o que não restou demonstrado na
situação em análise.
Em vista disso, os supostos transtornos explanados pelo Autor
não passam de meros aborrecimentos, sendo estes, como quaisquer chateações do dia a
dia, desavenças decorridas de uma relação contratual, são corriqueiros na vida dos
negócios e não podem ensejar indenização por danos morais, correndo o risco inclusive
de banalizar tal instituto.

Nesse mesmo sentido vem decidindo os Tribunais Superiores,


vejamos.

(JURISPRUDÊNCIA)

https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/tj-mg/1617190479

https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/tj-mg/860788508

Dessa forma, entende-se que é necessário que a pessoa seja


atingida em sua honra, sua reputação, sua personalidade, seu sentimento de dignidade,
passe por humilhação e constrangimentos severos para que se possa falar em dano
moral. E, não se percebe tais fundamentos na peça inicial, não fora demonstrados
efetivas consequências, sendo caracterizada então como aborrecimentos do cotidiano.
Por tais razões, o pedido de indenização por danos morais deverá ser totalmente
improcedente.

Por outro lado, em caso de Vossa Excelência entender, equivocadamente, pela


procedência do pedido indenizatório, cumpre explanar que este fere os princípios da
razoabilidade e proporcionalidade. Isto porque, é vedado o enriquecimento sem causa,
quando se almeja condenação no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais). Assim, para
a fixação do quantum indenizatório, devem-se observar os princípios da
proporcionalidade e razoabilidade.

3. DO MÉRITO

4. DOS DOCUMENTOS JUNTADOS COM A INICIAL

Em relação aos documentos apresentados, cumpre impugnar pontualmente:


Impugna-se os documentos de fls. ...(captura de tela de conversas, por WhatsApp,
enviados para o réu), tendo em vista que trata-se de simples espelhamento de tela,
prints, sem possibilidade de aferição da veracidade e da autenticidade das informações
demonstradas, pois foi realizada apenas pela parte, de forma unilateral, não podendo
ser considerada como prova válida para demonstrar o vício de consentimento.

Com base no Código de Processo Civil, o artigo. 439, dispõe que “A utilização de
documentos eletrônicos no processo convencional dependerá de sua conversão à forma
impressa e da verificação de sua autenticidade, na forma da lei”.

Porém, para que seja conferida veracidade às mensagens trocadas por aplicativo de
conversas, deve ser elaborada pela parte interessada uma ATA NOTARIAL,
instrumento público, por meio do serviço realizado pelos tabelionatos de notas
brasileiras, com fulcro no artigo 384 do Código de Processo Civil, no qual o tabelião
documenta um fato presenciado por ele, sendo uma forma de evitar alegação de que as
conversas foram adulteradas, garantindo a integridade e autenticidade do conteúdo.

Nesse sentido, os documentos acostados pela autora, nas fls. ..., não foram produzidas
em observância a forma prevista na Lei 13.105/2015, artigo 384, do Código de Processo
Civil, razão pela qual devem ser desentranhados do processo.

Impugna-se os documentos de fls. ... (contrato de prestação de serviço) em virtude de


ter apenas anexado o contrato referente ao ano de 1992, sendo o 1º contrato, porém
nesse lapso temporal em questão houve a necessidade de alterar esse contrato de
prestação de serviço, tendo em vista o período pandêmico, em que houve prévia
concordância para a devida alteração. Ademais, em anexo a presente defesa, o réu
comprova a necessidade dessa alteração contratual.

5. PEDIDOS

Nestes termos, roga-se:


I - O acolhimento da PRELIMINAR de Incorreção do valor da causa, nos termos do
artigo 337, III, do Código de Processo Civil.

II - O acolhimento da PRELIMINAR de Indevida concessão do benefício de gratuidade


de justiça., nos termos do artigo 337, XIII, do Código de Processo Civil.

III – Caso Vossa Excelência entenda por não acolher as preliminares arguidas, o que se
admite apenas por argumentar, requer quanto ao mérito que a ação seja julgada
improcedente.

IV - Protesta provar o alegado por todos os meios e o provas adquiridas em direito.

Termos em que,

Pede deferimento.

Belo Horizonte, 01 de Setembro de 2022.

ADVOGADO

OAB/MG
PROCURAÇÃO

OUTORGANTE: PESCADO & CIA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no


CNPJ sob o Nº 90.870.944/0001-86, com sede na rua: Topázio, nº 887, bairro: Dom
Pedro, Município de Belo Horizonte, UF/MG, CEP: 31.986-001, representada neste ato
por sua sócia gerente Sra. FERNANDA MEDEIROS COSTA, brasileira, casada,
profissional da área de pescados, portadora do RG nº 83563005 e do CPF/MG
n°123869226-01, e-mail: ciapescados@gmail.com.

OUTORGADOS: NOME DA ADVOGADA, brasileira, casada, advogada, inscrito na


OAB/BA sob o nº..., CPF nº..., com escritório profissional situado na rua: Gerais de
Minas, n°750, bairro: Miradeiro, Município: Belo Horizonte, UF:MG, CEP: 21.835-
042, e-mail: uni.direitos@gmail.com.br.

PODERES: Pelo presente instrumento o outorgante confere ao outorgado amplos


poderes para o foro em geral, com cláusula ad-judicia et extra, em qualquer Juízo,
Instância ou Tribunal, podendo propor contra quem de direito, as ações competentes e
defendê-lo nas contrárias, inclusive em qualquer distritos policiais ou órgão da
administração pública, seguindo umas e outras, até final decisão, usando os recursos
legais e acompanhando-os, conferindo-lhe ainda, poderes especiais para receber citação
inicial, confessar, e conhecer a procedência do pedido, desistir, renunciar ao direito
sobre que se funda a ação, transigir, firmar compromissos ou acordos, receber e dar
quitação, podendo agir em Juízo ou fora dele, assim como substabelecer esta a outrem,
com ou sem reservas de iguais poderes, para agir em conjunto ou separadamente com o
substabelecido.

Salvador, 01 de Setembro de 2022.

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FERNANDA MEDEIROS COSTA

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