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De acordo com o caso em tela, a parte autora reclama efetuou troca de titularidade e
solicitou a religação da energia e não obteve êxito.
Assim, alegando que os procedimentos adotados pela Cia foram irregulares, resolveu
recorrer ao Judiciário a fim de ser indenizada pelo dissabor que informa ter vivenciado, contudo, não
traz aos autos elementos suficientes que embasem as suas alegações iniciais.
Pelo exposto até aqui resta comprovada que a conduta empreendida pela LIGHT não
configura ato ilícito indenizável, diante da ausência do nexo causal.
Sem prejuízo, inexistente, no presente caso, o dano moral alegado pela parte autora,
porquanto para sua configuração não bastam meras alegações: deve ser comprovada, ao menos, a
existência de fato que pudesse, ainda que potencialmente, colocar a suposta vítima em situação de
afronta moral ou psicológica.
Não basta, portanto, alegar ter sofrido o dano moral, deve ser comprovada a ocorrência de
situação que o pudesse, ainda que potencialmente, causar; o que não foi feito nestes autos pela
parte autora (CPC, art. 373, I).
E mesmo que a LIGHT tivesse concorrido para os danos que a parte autora alega ter
sofrido (o que desde sempre se refuta) a improcedência de tal pedido ainda seria impositiva, pois os
fatos narrados na inicial refletem tão somente a ocorrência de mero dissabor decorrente de
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atividades corriqueiras, hipótese insuficiente para a configuração do dano moral, conforme
sedimentado pelo STJ:
“O mero dissabor não pode ser alçado ao patamar do dano moral, mas somente aquela agressão
que exacerba a naturalidade dos fatos da vida, causando fundadas aflições ou angústias no espírito
de quem ela se dirige.”1
Ademais, a Súmula 2303 do TJERJ é taxativa no sentido de que a mera cobrança feita
através de missivas, ainda que considerada indevida, não tem o condão de configurar dano moral,
como na hipótese dos autos.
Desta forma, merece ser julgado improcedente o pedido de indenização por danos morais.
A inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, CDC) é admitida somente quando presentes os
seus pressupostos. A norma insculpida no art. 373, I do CPC, prevê expressamente que cabe ao
autor o ônus de provar o fato constitutivo de seu direito. Nesse mesmo sentido é a Súmula nº 330
da jurisprudência predominante do TJERJ:
No caso dos autos, a parte autora pretende a inversão do ônus probatório sem apresentar
qualquer documento hábil a comprovar as alegações deduzidas na petição inicial, ou seja, sem
desincumbir-se do ônus de fazer prova mínima dos fatos que embasam o direito alegado, razão pelo
qual o pleito é manifestamente descabido.
1
REsp n.º 606382-MS, 4ª Turma, Rel. Min. César Asfor Rocha, DJ 17.05.04.
2
FILHO, Sérgio Cavalieri. Programa de Responsabilidade Civil, Malheiros Editores, 5a. edição, pág.98.
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"Cobrança feita através de missivas, desacompanhada de inscrição em cadastro restritivo de crédito, não configura dano
moral, nem rende ensejo à devolução em dobro.” (Referência: Processo Administrativo nº. 0013649 47.2011.8.19.0000
Julgamento em 22/11//2010 Relator: Desembargadora Leila Mariano. Votação unânime.)
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Referência: Processo Administrativo nº. 0053831 70.2014.8.19.0000 Julgamento em 04/05/2015 - Relator: Desembargador
Jesse Torres. Votação por maioria.
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DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE
AUSÊNCIA DE PROPOSTA DE ACORDO
Informa a parte Ré que não tem interesse em apresentar proposta de acordo, pois, após a
realização de análise da presente demanda e tratando-se do caso em apreço, certifica-se que, por
ora, não comporta composição.
CONCLUSÃO E PEDIDOS
Por todos os motivos expostos, a LIGHT confia em que será acolhida a preliminar de
incompetência relativa deste d. Juizado, com a extinção do presente feito, sem resolução do mérito,
na forma do art. 51, inciso II da Lei nº 9.099/95 c/c art. 485, inciso IV do Código de Processo Civil,
sob pena de cerceamento de defesa, ou, no caso de ultrapassada a preliminar arguida, na
decretação da improcedência de todos os pedidos.
Por fim, requer, para fins do disposto no § 2º do artigo 272 do Código de Processo Civil,
que de todas as publicações supervenientes conste, única e exclusivamente, o nome do seu
procurador Dr. DÉCIO FREIRE, devidamente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil,
Seccional do Rio de Janeiro, sob o nº 2.255-A, sob pena de nulidade na forma do §1º do artigo
236 do Código de Processo Civil, e do artigo 272 § 1º , 2º e 5º do Novo Código de Processo Civil
com endereço profissional situado à Rua São José nº. 90 - 17° andar; Centro, Rio de Janeiro, RJ,
CEP: 20.010- 020 e endereço eletrônico acordolight@dfa30anos.com.br.
Nestes termos,
pede deferimento.
Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2022.