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Processo: 0733828-05.2022.8.07.0001
CONTESTAÇÃO
1. SÍNTESE DA INICIAL:
Contudo, importante mencionar, ainda, que tal recusa é apenas com relação
ao recebimento de intimações e não há óbice para realização de demais atos de forma digital,
nos termos do § 5º do artigo citado acima.
3. PRELIMINARMENTE:
3.1 DA IMPUGNAÇÃO AO VALOR DA CAUSA:
O art. 291 do Código de Processo Civil prevê: “A toda causa será atribuído
valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível."
Ou seja, o valor da causa deve ser baseado nos pedidos e mérito da petição
inicial, o qual deverá estar expressamente mencionado nos pedidos, sob pena de inépcia da
inicial.
Deste modo, caso tenha algum erro face ao valor da causa este deve ser
alegado na primeira oportunidade dos autos.
Conforme exposto acima, o valor da causa deve ser baseado nos pedidos,
havendo visivelmente uma discrepância entre os valores trazidos pela parte.
Por esses motivos, a parte autora não faz jus ao benefício, devendo
imediatamente promover o pagamento das custas e despesas processuais, nos termos do
artigo 290 do Código de Processo Civil. 2
Sabe-se que para estar presente à legitimidade passiva, é preciso que exista
relação de sujeição diante da pretensão do autor, estabelecendo um vínculo entre a
pretensão e o Réu, o que evidentemente não há no caso em tela.
Isto porque não se pode vincular terceiro, neste caso o Banco Volkswagen,
que atua no ramo de concessão de créditos, e não no ramo de seguros, a uma relação
obrigacional que não lhe diz respeito.
Como em tantos outros casos, o réu tem sido citado para responder a ações
judiciais sem que a parte autora tenha, previamente, tentado a solução amigável do litígio.
O que se vê, portanto, é uma preferência pela judicialização em vez da busca pela solução
amigável do conflito, solução esta que é princípio basilar do CPC, positivado no art. 3º, §§
2º e 3º, do referido diploma3.
3CPC: art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. (...) § 2º O Estado promoverá, sempre
que possível, a solução consensual dos conflitos. § 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual
Essa primazia da judicialização acaba por abarrotar o sistema judiciário com
demandas que poderiam ser resolvidas de forma prévia e consensual, caso os demandantes
fizessem uso dos canais disponíveis para a resolução de conflitos, como, por exemplo, o
Serviço de Atendimento ao Cliente e Ouvidoria (disponibilizados através de e-mail, site na
Internet e telefone), bem como, a ferramenta consumidor.gov.br4 do Senacon/MJ, à qual o réu
aderiu.
de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público,
inclusive no curso do processo judicial.
4Visitado em 29/10/2019: https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI295576,91041-
Pretensao+resistida+nas+relacoes+de+consumo+consumidorgovbr.
5TJRS, 9ª Câmara Cível, Apel. nº 70079041182, Rel. Des. Eugênio Facchini Neto, DJe 16/11/2018; TJRS, 17ª Câmara Cível,
Ag. Inst. nº 70077234706, Rel. Des. Paulo Sérgio Scarparo, DJe 2/07/2018; TJRS, 9ª Câmara Cível, Ag. Inst. nº 70068818301,
Rel. Des. Carlos Eduardo Richinitti, DJe 13/05/2016.
6STJ, Segunda Seção, REsp 1349453/MS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 02/02/2015: “PROCESSO CIVIL. RECURSO
ESPECIAL REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. ART. 543-C DO CPC. EXPURGOS INFLACIONÁRIOS EM
CADERNETA DE POUPANÇA. EXIBIÇÃO DE EXTRATOS BANCÁRIOS. AÇÃO CAUTELAR DE EXIBIÇÃO DE
DOCUMENTOS. INTERESSE DE AGIR. PEDIDO PRÉVIO À INSTITUIÇÃO FINANCEIRA E PAGAMENTO DO
CUSTO DO SERVIÇO. NECESSIDADE. 1. Para efeitos do art. 543-C do CPC, firma-se a seguinte tese: A propositura de ação
cautelar de exibição de documentos bancários (cópias e segunda via de documentos) é cabível como medida preparatória a fim de instruir
a ação principal, bastando a demonstração da existência de relação jurídica entre as partes, a comprovação de prévio pedido
à instituição financeira não atendido em prazo razoável, e o pagamento do custo do serviço conforme previsão contratual e
normatização da autoridade monetária”.
repetitivos, a imprescindibilidade da via administrativa para o requerimento de exibição de
documentos, tendo, inclusive, estendido tal necessidade para as ações de exibição de
contas7. O STJ entende, portanto, que o autor, ao deixar de buscar a via administrativa antes
da propositura da demanda, demonstra a ausência de interesse de agir, devendo a demanda
ser extinta, nos termos do art. 485, VI, do CPC.
Dessa forma, o mesmo raciocínio deve ser aplicado ao caso em questão, eis
que o demandado possui canal próprio para a solução do conflito de maneira prévia, o que
não foi observado pela parte autora.
7STJ, Segunda Seção, REsp 1561427/SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, DJe 02/04/2018: “RECURSO ESPECIAL.
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDÊNCIA COMPLEMENTAR FECHADA. AÇÃO PARA EXIGIR CONTAS. INTERESSE DE
AGIR. IMPRESCINDIBILIDADE. RESGATE. DIREITO À ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA DOS VALORES VERTIDOS
PELO EX-PARTICIPANTE. PRESTAÇÃO DE CONTAS EM FORMA MERCANTIL. INUTILIDADE. 1. Aquele que administra
bens ou interesses alheios está obrigado a prestar contas da administração, do mesmo modo que aquele que tenha seus bens ou interesses
administrados por outrem tem direito a exigir as contas correspondentes à gestão. 2. Por um lado, a instauração de demanda judicial,
com o escopo de obter a prestação de contas, tem o objetivo de liquidar a relação de direito material, constituindo procedimento com a
destinação específica de compor litígio real entre as partes, só ressaindo o interesse quando haja recusa na dação ou na aceitação das
contas particulares. 3. Por outro lado, por ocasião do julgamento de leading case, sob o rito da repercussão geral, pelo Plenário - RE
631.240, relator Ministro Roberto Barroso -, o STF perfilhou o entendimento de que a instituição de condições para o regular exercício
do direito de ação é compatível com o art. 5º, XXXV, da Constituição. Para se configurar a presença do interesse de agir, é preciso haver
necessidade de ir a juízo, não se caracterizando, no tocante a requerimento administrativo, ameaça ou lesão a direito antes da sua
apresentação, da apreciação e do indeferimento. 4. O resgate é instituto jurídico existente no regime de previdência privada, pelo qual
o ex-participante, que ainda não atingiu a qualidade de assistido (beneficiário) do plano de benefícios, opta por se desligar da relação
jurídica contratual - hipótese em que tem direito, tão somente, à devolução, com atualização monetária, dos valores que aportou ao
fundo do respectivo plano de benefícios (Súmulas 289 e 290 do STJ). Com efeito, a controvérsia teria de se limitar à reserva de poupança,
não se vislumbrando interesse processual da autora para o exame de aspectos diversos acerca da gestão do fundo formado, pois não mais
integra a coletividade de participantes e beneficiários do plano de benefícios. 5. Recurso especial provido”.
8CPC: Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes
estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus,
poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
9CPC: Art. 313. Suspende-se o processo: II - pela convenção das partes.
consumidor.gov.br, bem como pelos demais canais oficiais10, e evitando, portanto, o
prosseguimento de litígio desnecessário.
4. MÉRITO:
10Central de Relacionamento: 0800-7701936 | Capitais e Regiões Metropolitanas: 4003 6636 | SAC: 0800-7701926 |
Deficiente auditivo/fala: 0800-7701935 | Ouvidoria: 0800-7012834 | https://www.vwfs.com.br | Banco Central do Brasil:
145 (custo de uma ligação local).
Portanto, inexiste qualquer vício de consentimento que possa implicar na
anulação do que foi pactuado, revelando-se evidente a ausência de impedimento ou vício
nas tratativas do contrato.
“Conforme já dito anteriormente, a maior parte dos contratos bancários se constitui de contratos de
adesão, que, segundo a conceituação estampada pelo art. 54 da Lei 8.078/90, “é aquele cujas cláusulas
tenham sido aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor
de produtos ou serviços, sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu
conteúdo”.
... a maioria dos contratos bancários é caracterizada como contratos de adesão, isso porque ao
consumidor não é possibilitada a discussão de cláusulas contratuais, bem como porque geralmente
tais contratos são do tipo formulário, contendo diversos espaços em branco onde são preenchidos
somente alguns dados contratuais (qualificação do consumidor, data de emissão, vencimento, valor
etc.), restando imutável e inflexível a maioria das condições ajustadas. (...) Nesta situação, não pode
se dar ao luxo de discutir as cláusulas da avença, especialmente quando o banco fornecedor já
apresenta o instrumento contratual elaborado, restando ao consumidor aderir a ele ou não. 11”
Diante disso, mister salientar que as teses defendidas pelo Autor não são
novas, já tendo sido exaustivamente discutidas e – o que é mais importante – rejeitadas em
11EFING, Antônio Carlos. Contratos e Procedimentos Bancários à luz do Código de Defesa do Consumidor. 1. ed., 2 tir., São
Paulo: RT, 1999, p.172.
todos os Tribunais, especialmente, pelo Supremo Tribunal Federal e também pelo Superior
Tribunal de Justiça.
Com efeito, consta do Formulário CET, em seu item “B”, tanto o valor do
veículo vendido à vista, como o valor do veículo quando vendido por financiamento
bancário. Ademais, o item “C” do Formulário CET discriminou todos os valores referentes
aos pagamentos feitos a terceiros que poderiam ser incluídos no financiamento. É
justamente neste item, que expressamente constou identificada a cobrança da comissão dos
serviços prestados pela concessionária. Ali, a parte autora assinalou a opção pelo
financiamento desse serviço identificando, para pagamento por sua conta e ordem, a
denominação social e o CNPJ da concessionária.
12Art. 4º Compete ao Conselho Monetário Nacional, segundo diretrizes estabelecidas pelo Presidente da República: VI -
Disciplinar o crédito em todas as suas modalidades e as operações creditícias em todas as suas formas, inclusive aceites,
avais e prestações de quaisquer garantias por parte das instituições financeiras;
escolhendo e optando a parte autora pelo financiamento do serviço, tudo em conformidade
com os normativos publicados pelo BACEN.
13Art. 40. O fornecedor de serviço será obrigado a entregar ao consumidor orçamento prévio discriminando o valor da
mão-de-obra, dos materiais e equipamentos a serem empregados, as condições de pagamento, bem como as datas de início
e término dos serviços. Art. 46. Os contratos que regulam as relações de consumo não obrigarão os consumidores, se não
lhes for dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo, ou se os respectivos instrumentos forem
redigidos de modo a dificultar a compreensão de seu sentido e alcance Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços
que envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento ao consumidor, o fornecedor deverá, entre outros
requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre: I - preço do produto ou serviço em moeda corrente nacional; II -
montante dos juros de mora e da taxa efetiva anual de juros; III - acréscimos legalmente previstos; IV - número e
periodicidade das prestações; V - soma total a pagar, com e sem financiamento.
“(...)
1ª TESE
Nos contratos bancários celebrados até 30.4.2008 (fim da vigência da Resolução CMN 2.303/96) era
válida a pactuação das tarifas de abertura de crédito (TAC) e de emissão de carnê (TEC), ou outra
denominação para o mesmo fato gerador, ressalvado o exame de abusividade em cada caso concreto.
2ª TESE
Com a vigência da Resolução CMN 3.518/2007, em 30.4.2008, a cobrança por serviços bancários
prioritários para pessoas físicas ficou limitada às hipóteses taxativamente previstas em norma
padronizadora expedida pela autoridade monetária. Desde então, não mais tem respaldo legal a
contratação da Tarifa de Emissão de Carnê (TEC) e da Tarifa de Abertura de Crédito (TAC), ou
outra denominação para o mesmo fato gerador. Permanece válida a Tarifa de Cadastro expressamente
tipificada em ato normativo padronizador da autoridade monetária, a qual somente pode ser cobrada
no início do relacionamento entre o consumidor e a instituição financeira.” (REsp 1.251.331 – RS -
Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, DJ 28/08/13). (grifos nossos)
REsp 1.578.553/SP:
“(...)
2.3. Validade da tarifa de avaliação do bem dado em garantia, bem como da cláusula que prevê o
ressarcimento de despesa com o registro do contrato, ressalvadas a:
2.3.2. possibilidade de controle da onerosidade excessiva, em cada caso concreto” (REsp 1.578.553–
RS - Rel. Min. Paulo De Tarso Sanseverino, DJ 06/12/2018
REsp 1.639.259/SP:
“2.1 - Abusividade da cláusula que prevê o ressarcimento pelo consumidor da despesa com o registro
do pré-gravame, em contratos celebrados a partir de 25/02/2011, data de entrada em vigor da Res.-
CMN 3.954/2011, sendo válida a cláusula pactuada no período anterior a essa resolução, ressalvado
o controle da onerosidade excessiva.
2.2 - Nos contratos bancários em geral, o consumidor não pode ser compelido a contratar seguro com
a instituição financeira ou com seguradora por ela indicada.
Esse registro é exigido por força do artigo 1361 do Código Civil, além da
previsão expressa na Resolução nº 320/09 do Contran, tratando-se de requisito necessário
para a operação desejada pelo consumidor, até para que a alienação fiduciária conste no
Certificado de Registro de Veículo – CRV.
Neste sentido, deve ser destacado novamente o Recurso Repetitivo Resp
1.578.553/SP, momento que o Superior Tribunal de Justiça ratificada a validada desta
cobrança:
“2.3. Validade da tarifa de avaliação do bem dado em garantia, bem como da cláusula que prevê o
ressarcimento de despesa com o registro do contrato, ressalvadas a:
“ (...) O segundo ponto a ser analisado é a falta de opção do consumidor. A tarifa é sempre cobrada,
já que à exceção do Banco Volkswagen, nenhuma outra instituição dá opção ao consumidor para que
ele possa evitar o pagamento. O “serviço” não é exclusivo das entidades financeiras. Qualquer
15Art. 52. No fornecimento de produtos ou serviços que envolva outorga de crédito ou concessão de financiamento ao
consumidor, o fornecedor deverá, entre outros requisitos, informá-lo prévia e adequadamente sobre: I - preço do produto
ou serviço em moeda corrente nacional;
cidadão pode acessar os dados e apresentar os documentos que comprovem sua idoneidade. Além
disso, se for considerado “serviço prestado ao cliente”, o que se faz apenas “ad argumentandum”,
estaríamos diante de uma venda casada, já que não é dado ao consumidor realizar o serviço por seus
próprios meios. (...)”
16No tocante a identificação da abusividade, não poderia ser mais precisa a afirmação realizada pela Ministra Maria Isabel
Gallotti em seu julgado do Resp nº 1.255.573, onde descreveu o seguinte: “Reafirmo o entendimento acima exposto, no
sentido da legalidade das tarifas bancárias, desde pactuadas de forma clara no contrato e atendida a regulamentação
expedida pelo conselho Monetário Nacional e pelo Banco central, ressalvando abuso devidamente comprovado, caso a
caso, em comparação com os preços cobrados no mercado. Esse abuso há de ser objetivamente demonstrado, por meio
da invocação de parâmetros objetivos de mercado e circunstâncias do caso concreto, não bastando a mera remissão a
conceitos jurídicos abstratos ou à convicção subjetiva do magistrado.”
uma relação direta e presencial entre a instituição financeira e o cliente. Por outro lado, os
serviços prestados em outros estabelecimentos envolvem uma estrutura mais complexa,
com a participação de terceiros (tais como revendas de veículos e seus prestadores de
serviços etc), fato este que acaba elevando os custos envolvidos em tais serviços.
Com efeito, por ser a Seguradora a única responsável pelo recebimento dos
valores a título de prêmio seguro, não é crível que a instituição financeira seja compelida ao
pagamento de quaisquer valores ou restituição.
De longe que ofertar o seguro de uma seguradora – sendo que isso sequer
ocorreu, dando a opção a parte autora de contratar ou não o seguro configura a prática
rechaçada nesse julgado.
(TJSP; Apelação Cível 1027185-95. SERGIO GOMES: 37ª Câmara de Direito Privado; FORO
REGIONAL XII – NOSSA SENHORA DO Ó - 1ª Vara Cível; Data do Julgamento: 13/05/2022;
Data de Registro: 16/05/2022)
(TJSP; Apelação Cível 1016903-82.2020.8.26.0361; Relator (a): Nelson Jorge Júnior; Órgão
Julgador: 13ª Câmara de Direito Privado; Foro de Mogi das Cruzes - 2ª Vara Cível; Data do
Julgamento: 05/08/2021; Data de Registro: 05/08/2021)
Assim, conforme imagem acima, resta nítido que a parte autora pactuou o
contrato com a seguradora, intermediado pela corretora, sendo o BVW apenas a estipulante,
i.e., o banco não determinou a seguradora.
17https://jurisprudencia.s3.amazonaws.com/TJ-AM/attachments/TJ-
AM_AC_06366277020178040001_9395d.pdf?AWSAccessKeyId=AKIARMMD5JEAD4VJ344N&Expires=1602618843&Sign
ature=6Q%2F9KvRrWXRUY3k7aNJBYDD0wIk%3D
Financeira Ação improcedente - Sentença reformada Recurso do autor não provido e recurso da ré
provido18.
Assim sendo, a opção pela desistência que pode ser feita diretamente à
Seguradora ou Corretora, nos canais de atendimento gratuito por elas disponibilizado,
jamais foi feita, de forma que ainda está a parte autora amparada pelo benefício securitário.
A exigência do valor integral do prêmio seguro pela autora, que ainda dele
se beneficia, claramente configura um enriquecimento sem causa, vedado pelo nosso
ordenamento jurídico.
18https://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/943852688/apelacao-civel-ac-10537052620198260002-sp-1053705-
2620198260002?ref=serp
19Sumula 596 “As disposições do Decreto nº 22.626/33 não se aplicam às taxas de juros e aos outros encargos cobrados
nas operações realizadas por instituições públicas ou privadas, que integram o sistema financeiro nacional.
Nacional – CMN a competência exclusiva para regulamentar as taxas de juros e outras
formas de remuneração das operações bancárias e financeiras.
Vale salientar, entretanto, que a taxa de juros de mercado não pode ser
considerada como limite absoluto na medida em que é a média de diversas taxas praticadas
no mesmo período e para o mesmo tipo de operação, servindo apenas de parâmetro para
aferição de abusividade da taxa pactuada no caso concreto.
3. A taxa média de mercado apurada pelo Banco Central para operações similares, na mesma
época do empréstimo, pode ser usada como referência no exame da abusividade dos juros
remuneratórios, mas não constitui valor absoluto a ser adotado em todos os casos. No caso
concreto, não foi demonstrada significativa discrepância entre a taxa média de mercado e o
índice pactuado entre as partes.
20STJ, DJ 5 abr. 2019, AgInt no AREsp 1230673/MS, Rel. Min. Antonio Carlos Ferreira.
Válido destacar a taxa de juros remuneratórios prevista no contrato:
Não pode o cálculo ser feito com a exclusão do CET da maneira que
pretende o autor, pois, assim, a taxa de juros não reflete as condições contratuais.
“3. Teses para os efeitos do art. 543-C do CPC: É permitida a capitalização de juros com
periodicidade inferior a um ano em contratos celebrados após 31.3.2000, data da publicação da
Medida Provisória n. 1.963-17/2000 (em vigor como MP 2.170-36/2001), desde que expressamente
pactuada.’ – ‘A capitalização dos juros em periodicidade inferior à anual deve vir pactuada de forma
expressa e clara. A previsão no contrato bancário de taxa de juros anual superior ao
duodécuplo da mensal é suficiente para permitir a cobrança da taxa efetiva anual
contratada”.
Resta evidente, portanto, que o pleito autoral que visa anular a clausula que
prevê a capitalização de juros, não possui qualquer respaldo fático ou jurídico, eis que se
trata de matéria já consolidada nos Tribunais Superiores.
O regime de capitalização simples comporta-se como se fosse uma progressão aritmética (PA),
crescendo os juros de forma linear ao longo do tempo. Nesse critério, os juros somente incidem sobre
o capital inicial da operação (aplicação ou empréstimo), não se registrando juros sobre o saldo dos
juros acumulados.
Dessa forma, pode-se afirmar que o método de Gauss não segue o raciocínio
elementar da Matemática Financeira, deixando de calcular o juro sobre o capital, mês a mês,
em progressão aritmética de modo que sequer promove o cálculo de juros lineares (juros
simples).
De fato o método de Gauss que tem sido utilizado em pericias e em outros temas de finanças não
reflete o valor dos juros simples ao longo de uma série de pagamentos. Por ser muito controverso o
assunto, não é estranho que existam duas correntes de entendimento. No entanto, não é uma forma
matemática de cálculo de juros simples, pois ao final de uma série de pagamentos evidencia-se que
não alcança a remuneração do capital pela modalidade de juros simples.
E ainda:
Desta forma, não resiste ao bom direito tal pleito visto que a contratação se
deu de forma regular, sendo devido o contrato e os valores cobrados da parte autora.
Neste sentido cabe esclarecer que a devolução do valor pago apenas será
devida quando se demonstrar que se cobrou “valor indevido”, o que não é o caso, conforme
demonstrado.
Contudo, ainda que se entenda pela restituição dos valores, esses não
podem ser feitos nos termos que a parte autora pleiteia, sendo certo que qualquer
restituição deve ter a incidência dos juros legais de 1% a.m., não havendo de se falar em
juros contratuais/remuneratórios, sob pena de enriquecimento ilícito da parte autora.
1. Afasta-se a determinação da remuneração do capital a ser restituído com base nas taxas aplicáveis
exclusivamente à atividade bancária, pois apenas as instituições financeiras estão autorizadas a
cobrar juros remuneratórios excedentes a 1% (um por cento) ao mês.
Assim, resta latente que o banco não agiu de forma contrária à boa-fé
objetiva, apresentando o contrato e o crédito.
23CDC: Art. 42. Na cobrança de débitos, o consumidor inadimplente não será exposto a ridículo, nem será submetido a
qualquer tipo de constrangimento ou ameaça.
Restou demonstrada a impossibilidade de procedência dos pedidos
autorais, tendo em vista não ter havido falha na prestação de serviço por parte do réu.
Há certas hipóteses em que o fato não é capaz de, por si só, gerar um
resultado danoso ao psiquismo do sujeito lesado, demandando prova inequívoca de que o
desdobramento causal do ilícito perpetrado foi hábil a ultrajar os direitos inerentes à
personalidade.
Desse modo, seja por ausência de qualquer conduta deletéria praticada pelo
BVW em detrimento da parte autora, seja ainda pela ausência de consequências capazes de
provocar sofrimento indenizável por sua gravidade, ainda que se pudesse dar guarida ao
enredo da parte autora, o pleito indenizatório a título de danos morais deve ser julgado
improcedente, eis que ausentes os elementos necessários à configuração do dever de
indenizar, conforme arts. 186 e 927 do Código Civil.
24TJMG. Apelação Cível 1.0194.12.003804-8/001, Rel. Des. João Cancio, 18ª Câmara Cível DJe em 22/09/2015.
4.21. O VALOR DA INDENIZAÇÃO – PROPORCIONALIDADE E RAZOABILIDADE:
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o
juiz reduzir, equitativamente, a indenização.
Por fim, consigna-se que não se pode aceitar o pedido de depósito das
parcelas, seja para afastar a mora, seja para pagamento das parcelas vincendas. O
deferimento, no caso concreto, ensejaria verdadeira afronta à segurança jurídica.
A inversão do ônus da prova (art. 6º, VIII, CDC) não é automática, sendo
admitida somente quando presentes os seus pressupostos: a verossimilhança das alegações
do Autor e a sua hipossuficiência.
Em que pese não seja necessária a prova cabal dos fatos alegados, para fins
de inversão do ônus da prova, pelas alegações genéricas observadas na petição inicial não
restou demonstrada a plausibilidade ou a probabilidade das alegações autorais.
5. REQUERIMENTOS FINAIS:
Requer seja acolhida a(s) preliminar (es) arguida (s), e, no mérito, sejam
julgados improcedentes os pedidos formulados na inicial, haja vista a inexistência de
qualquer ilegalidade nos termos da operação firmada entre as partes.
Nestes termos,
Pede Deferimento.
Curitiba, 19 de setembro de 2022.
EDUARDO CHALFIN
OAB/DF 49.965