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Á 1ª VARA CIVEL DA COMARCA DE ANÁPOLIS DO ESTADO DE GOIÁS

FULANO DE TAL, já devidamente qualificado nos autos, por meio de


sua procuradoras infra-assinadas, vem respeitosamente à presença de Vossa
Excelência, nos autos da presente ação de Busca e Apreensão que lhe move
BANCO S/A, igualmente já qualificada, oferecer CONTESTAÇÃO, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

I- DA JUSTIÇA GRATUITA

Inicialmente, o Réu pleiteia os benefícios da gratuidade da justiça,


conforme autoriza o artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e artigo 98 e
seguintes do Código de Processo Civil, uma vez que sua renda mensal líquida é
insuficiente para arcar com as custas judiciais sem comprometer seu sustento e
de sua família, visto que o Réu trabalha de maneira autônoma, não percebendo
um valor fixo ao mês, tendo uma renda mensal média no valor de R$2.500,00,
conforme os extratos bancários dos últimos três meses do Réu e cópia da
carteira de trabalho que demonstra que o mesmo não exerce atividade da
qual perceba remuneração.
O artigo 99, §2º, do Código de Processo Civil, dispõe que:
Art. 99.  O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado
na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de
terceiro no processo ou em recurso.
(...)
§ 2 O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos
elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a
concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,
determinar à parte a comprovação do preenchimento dos
referidos pressupostos.

De acordo com o art. 99, § 3º, do CPC/2015: Presume-se verdadeira a


alegação de insuficiência deduzida exclusivamente por pessoa natural.
A fim de fundamentar o requerimento de concessão dos benefícios da
gratuidade da justiça, segue alguns entendimentos de Tribunais Superiores:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL.
GRATUIDADE DA JUSTIÇA. INDEFERIMENTO DO
BENEFÍCIO. IMPOSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE
DESCONSTITUIÇÃO DA DECLARAÇÃO DE POBREZA NO
CASO CONCRETO. Mera alegação de que a autora, servidora
pública estadual, pode arcar com as despesas do processo não
afasta a presunção de veracidade na alegação de insuficiência por
ela deduzida, ainda mais quando os documentos juntados aos
autos dão conta da sua miserabilidade jurídica, que, aliás, não se
confunde com pobreza material, miserabilidade ou indigência.
Decisão que merece reforma. Recurso provido. (TJSP - AI:
20581594320168260000, Relator: NOGUEIRA DIEFENTHÄLER,
QUINTA CÂMARA DE DIREITO PÚBLICO, Data de Publicação:
20/10/2016) (Original sem grifo)
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AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA.
HIPOSSUFICIÊNCIA COMPROVADA. CONCESSÃO. DECISÃO
REFORMADA. 1. Demonstrada a insuficiência de recursos do
recorrente, a observância da norma inserta no artigo 5º, inc.
LXXIV, da CF, e art. 98, caput, do CPC2015, é medida que se
impõe. 2. No caso, ante a comprovação documental da
hipossuficiência do agravante, é de ser reformada a decisão
atacada, porquanto proferida em dissonância com a realidade
fática por ele ostentada, bem como destituída de critério razoável
e justo para suprimir-lhe a possibilidade de gozo das benesses da
gratuidade da justiça. Agravo de instrumento a que se dá
provimento. (TJGO - AI: 02665718420168090000, Relator:
MAURÍCIO PORFIRIO ROSA, SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data
de Publicação: 20/10/2016)
*****************************************************************

O fato de o Réu não ter buscado a assistência da Defensoria Pública ou


advogados dativos não afasta a presunção de veracidade da declaração de
hipossuficiência econômica, conforme dispõe o artigo 99, §4º:
Art. 99.  O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado
na petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de
terceiro no processo ou em recurso.
(...)
§ 4º A assistência do requerente por advogado particular
não impede a concessão de gratuidade da justiça. (Original
sem grifo)
(...)

II- SINTESE DOS FATOS

A parte Autora ajuizou ação de busca e apreensão em alienação fiduciária,


com base em um contrato de financiamento, realizado por meio de uma cédula
de credito sob o nº ___________________no valor de R$ 44.581,32 (quarenta e
quatro mil, quinhentos e oitenta um reais e trinta e dois centavos), parcelado em
48 vezes de R$ 1.274,21 (um mil duzentos e setenta e quatro e vinte um centavos).
Em garantia ao pagamento foi outorgado ao Réu um veículo, marca HYUNDAI,
modelo HB20 COMFORT PLUS.
Pela falta de quitação da terceira parcela até a sexta, a Autora requereu a
busca e apreensão do veículo de forma liminar, que foi deferido e cumprido no
dia 12 de novembro de 2018, onde não encontraram o Réu e realizaram a
diligencia, sem esforços e sem resistência, com sua filha.
Ao mesmo dia que ocorreu a busca e apreensão do veículo o Réu entrou
em contato com o escritório de cobrança da Autora, onde gostaria que saber se
tinha possibilidade de acordo, porém não conseguiu naquele momento ter
ciência de qualquer valor para um possível acordo, onde o escritório ficou de
retornar a ligação no outro dia.
Passados dias sem nenhum retorno e o Réu tentando novamente entrar
em contato, somente no dia 21 de novembro conseguiu ter um retorno, onde lhe
informaram que para retirar o veículo de posse do depositário fiel, teria que pagar
o valor de R$ 58.718,97 (cinquenta oito mil, setecentos e dezoito reais e noventa e
sete centavos), sem possibilidade de acordo sobre o valor.
Contudo é impossível a realidade financeira do Réu dispor de tal quantia
para sua quitação, e a parte Autora ao menos quis discorrer sobre um acordo.
III- PRELIMINARMENTE

III.I- Do Valor Da Causa

Inicialmente, é imprescindível discorrer que o valor atribuído à causa,


pela autora, não está de acordo com a realidade dos fatos. Nesse viés, versa o
art. 293, do Código de Processo Civil: “Art. 293. O réu poderá impugnar, em
preliminar da contestação, o valor atribuído à causa pelo autor, sob pena de
preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação
das custas.”
Isso porque, é crível que o valor dado à causa pela autora, no valor de R$
44.539,11 (quarenta quatro mil, quinhentos e trinta nove reais e onze centavos),
é o valor da totalidade do financiamento concedido ao Réu, como a própria
autora afirma na sua inicial, quando deveria corresponder apenas ao saldo
devedor, o verdadeiro proveito econômico da demanda.
Nesse sentido o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro emitiu
decisão recente e com precedente ao entendimento do Superior Tribunal de
Justiça reconhecendo mudança no valor da causa em caso semelhante, senão
vejamos:
APELAÇÃO CÍVEL. CONSUMIDOR. AÇÃO DE BUSCA E
APREENSÃO COM PEDIDO DE LIMINAR. Sentença que julgou
procedentes os pedidos autorais e consolidou a propriedade e a
posse plena e exclusiva do veículo alienado fiduciariamente em
favor da parte autora, condenando a ré ao pagamento das custas
processuais e honorários advocatícios de 10% sobre o valor da
causa. Inconformismo do réu. Preliminar de impugnação do
valor da causa arguida na peça de bloqueio e reiterada em
apelação. No que se refere ao valor da causa, assente a
jurisprudência de nossos tribunais no sentido de que, nas
ações de busca e apreensão de veículos objeto de alienação
fiduciária, deve o valor da causa corresponder àquele do
débito em aberto. Precedente STJ e desta corte. Nesse
sentido, o valor atribuído à causa deve corresponder ao
saldo devedor em aberto, já que este é o benefício
econômico pretendido com a ação, levando-se em conta as
parcelas já recebidas pela instituição financeira. Parte
autora, colacionou aos autos planilha de demonstrativo do
débito, quando da propositura da ação, em que se verifica que o
total do débito apurado é o de r$74.717,50 (setenta e quatro mil,
setecentos e dezessete reais e cinquenta centavos). Assim, o
decisum vai de encontro a melhor doutrina e
jurisprudência dominante, eis que o valor da causa deve
respeitar o proveito econômico perseguido, ou seja, o valor
das parcelas em aberto e não o valor originário do contrato.
No que se refere ao pedido de condenação do apelado ao ônus de
sucumbência, descabida tal pretensão, tendo em conta o
princípio da causalidade. Ademais, a parte autora logrou êxito
em todos os seus pedidos, sendo aplicável ao caso em comento, o
art. 85, caput e § 2º, do CPC. Parcial provimento ao recurso.
(grifo nosso)
(TJRJ - APL: 00235525420178190014, Relator: ANDRE EMILIO
RIBEIRO VON MELENTOVYTCH, VIGÉSIMA PRIMEIRA
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 01/11/2018)

Dessa forma, o Réu requer, desde já, que seja retificado o valor dado à
causa, bem como requer, posteriormente, seja retificado tal valor de toda a
documentação acostada aos autos, inclusive nos mandados expedidos, para que
passe a constar apenas o VALOR DO SALDO DEVEDOR do Réu devidamente
atualizado.

III.II– Da Ausência De Apresentação Da Cédula De Crédito Original

Excelência, o processo sequer deveria estar prosseguindo. Isso porque,


sabe-se que se tratando de processo eletrônico, diante do Princípio da
Cartularidade que envolve os títulos de créditos vinculados aos contratos de
financiamento, tem-se que tais títulos devem ser apresentados em Cartório para
a vinculação junto ao processo judicial eletrônico, dispensando-se o depósito,
sob pena de extinção, requisito este que não foi cumprido pela parte Autora.
O artigo 425 do Código de Processo Civil dispõe sobre os casos onde a
cópia de documento fará a mesma prova que o original e em seu parágrafo 2º
discorre sobre a necessidade de apresentação em cartório de documento
relevante a instrução ao processo, que no caso em tela é a cédula de credito
bancário, visto que a presente ação tramita através de processo eletrônico onde
o documento original não pode ser depositado, necessita-se assim sua
apresentação em cartório por força de sua natureza circular, pois trata-se de
título de crédito que goza dos princípios pertinentes a cartulariadade.
Nesses casos assim é o entendimento do Tribunal de Justiça do Distrito
Federal, vejamos:
PROCESSUAL CIVIL. BUSCA E APREENSÃO. CÉDULA DE
CRÉDITO BANCÁRIO. APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO
ORIGINAL. AUSÊNCIA. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DO
MÉRITO. A ação de busca e apreensão amparada em cédula de
crédito bancário deve ser instruída com o documento original,
sob pena de extinção do feito sem resolução do mérito. A cédula
de crédito bancário não sendo acostada em seu formato
original, mas, sim, em formato eletrônico, ainda que de
forma autenticada, não se mostra idônea para instruir a
ação de busca e apreensão, devendo o título ser
apresentado para depósito em cartório, na forma do que
dispõe o artigo 425, § 2º, do Código de Processo Civil. Isso
porque, de acordo com o disposto no artigo 12, parágrafo 1º,
da Lei 10.931/04, a cédula de crédito bancário pode ser
transferida mediante endosso em preto. Assim, a ação de
busca e apreensão deve ser instruída com o título original
da cédula de crédito bancário, haja vista a possibilidade de
sua circulação por meio de endosso. (grifo nosso)
(TJDF - PROC: 07019698920188070007, Relator: ESDRAS NEVES,
SEXTA TURMA CÍVEL, Data de Publicação: 08/08/2018)

No mesmo sentido temos o entendimento do Tribunal de Justiça do


Estado de Santa Catarina, que assim emitiu decisões:

CÉDULA DE CRÉDITO BANCÁRIO PARA AQUISIÇÃO DE


VEÍCULO. INADIMPLÊNCIA. BUSCA E APREENSÃO.
INDEFERIMENTO DA INICIAL POR AUSÊNCIA DE
AUTENTIFICAÇÃO DO TÍTULO DE CRÉDITO ORIGINAL EM
CARTÓRIO. APELO DO CREDOR FIDUCIÁRIO. NECESSIDADE
DE APRESENTAÇÃO DA VIA ORIGINAL EM CARTÓRIO PARA
FINS AUTENTIFICAÇÃO DO TÍTULO, CONFORME CIRCULAR
Nº 192/CGJ. ORDEM NÃO CUMPRIDA PELO CREDOR
FIDUCIÁRIO. INDEFERIMENTO DA INICIAL MANTIDO. É
cediço que a cédula de crédito bancário tem natureza de título de
crédito, motivo pelo qual está submetida ao princípio da
cartularidade, que consiste na necessidade da apresentação do
título original em credor. Em se tratando de processo
eletrônico, a Corregedoria-Geral da Justiça editou a
Circular nº 192/2014, a qual estipulou que, nesses casos,
basta a simples apresentação do título em cartório para
aposição de carimbo de vinculação. APELO NÃO PROVIDO.
(grifo nosso)
(TJSC - AC: 03024892620178240024, Relator: GILBERTO GOMES
DE OLIVEIRA, TERCEIRA CÂMARA DE DIREITO COMERCIAL,
Data de Publicação: 07/08/2018)
********************************************************
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE EXECUÇÃO DE TÍTULO
EXTRAJUDICIAL. OPOSIÇÃO DE EMBARGOS. CÉDULA DE CRÉDITO
BANCÁRIO. DECISÃO AGRAVADA QUE DETERMINOU A JUNTADA DA
VIA ORIGINÁRIA DA ALUDIDA CÁRTULA EM CARTÓRIO. INSURGÊNCIA
DO CREDOR. APRESENTAÇÃO DO TÍTULO DE CRÉDITO ORIGINAL, DE
FATO, INDISPENSÁVEL. PRINCÍPIOS DA CARTULARIDADE E DA
CIRCULARIDADE. OBSERVÂNCIA DOS ARTIGOS 26 E 29, § 1º, DA LEI
10.931/2004. Peticionamento eletrônico. Situação que não afasta a
possibilidade de determinação de sua exibição. Disposição do artigo
425, § 2º, do CPC/2015 (art. 365, § 2º, do CPC/1973), com redação
dada pela Lei 11.419/2006. Orientação da Circular nº 192/2014 da
Corregedoria Geral de Justiça. Decisum mantido. Recurso conhecido
e desprovido. (grifo nosso)
(TJSC - AI: 40078722820188240000, Relator: RONALDO MORITZ
MARTINS DA SILVA, TERCEIRA CÂMARA DE DIREITO COMERCIAL,
Data de Publicação: 11/09/2018)

Desse modo, verificada a ausência de pressupostos de constituição e


desenvolvimento válido e regular do processo, nos termos do art. 485, IV, do
Código de Processo Civil, não ocorrerá a resolução do mérito. Veja-se:
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
[...]
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de
desenvolvimento válido e regular do processo;
[...].

Nesse viés, a lide em tela deve ser extinta sem resolução do mérito, tendo
em vista a falta da constituição em mora, pressuposto, este, essencial para o
trâmite da ação de busca e apreensão.

IV- DO MÉRITO

Como tese de defesa o Réu oferece Reconvenção.

V- DA RECONVENÇÃO
Reconvenção é a ação do réu contra o autor no mesmo processo em que
aquele é demandado. Nesse sentido, o art. 343 do Código de Processo Civil
textualiza:
Art. 343.  Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para
manifestar pretensão própria, conexa com a ação principal ou
com o fundamento da defesa.

Dessa forma, é lícito a reconvenção no bojo da contestação, conforme o


artigo acima.
Pois bem, o entendimento de todos os Tribunais, inclusive o STJ, é de que
aos contratos bancários se faz plenamente aplicável as disposições do Código de
Defesa do Consumidor. Nesse sentido, restou editada a Súmula 297 do STJ, que
assim prescreve: “O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às instituições
financeiras.”
Corroborando com o assunto, extrai-se do entendimento jurisprudencial
do Tribunal de Justiça de Goiás:
É consabido, ademais, que os contratos bancários são tipicamente de
adesão, inserindo-se no conceito do artigo 54 do Código de Defesa do
Consumidor. A conclusão decorre do fato de que as cláusulas foram estabelecidas
unilateralmente pela instituição financeira, sem possibilidade do consumidor
discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo.
Constitui o contrato de adesão um instrumento cujas cláusulas “são
preestabelecidas unilateralmente pelo parceiro contratual economicamente mais
forte (fornecedor), ne varietur”, afirma Cláudia Lima Marques, isto é, “sem que o
outro parceiro (consumidor) possa discutir ou modificar substancialmente o
conteúdo do contrato escrito” (MARQUES, Cláudia Lima; BENJAMIM, Antônio
Herman Vasconcelos e.; MIRAGEM, Bruno. Comentários ao Código de Defesa do
Consumidor. São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 2006, p. 645 )
Assim, considerando que a maior parte das cláusulas dispostas nos
contratos bancários são estipuladas de forma unilateral pelas instituições
financeiras, a Lei nº 8.078/90, em seu Capítulo VI, estabeleceu algumas regras
para controlar a liberdade contratual e coibir eventuais abusividades.
A partir disso, o artigo 6º do CDC é aplicado aos contratos bancários como
forma de exceção e relativização ao princípio “pacta sunt servanda”, o qual
constitui regra geral no sentido de que o contrato, logo depois de firmado, possui
natureza vinculativa entre as partes.
A finalidade dessa relativização não é a de modificar livremente as
cláusulas e não observar a autonomia das vontades, mas unicamente de
resguardar a função social do contrato e a boa-fé objetiva, com vistas à
manutenção do equilíbrio contratual.
Desse modo, para evitar o enriquecimento ilícito da parte autora, já que o
réu se utilizou do veículo apenas por 190 dias, mantendo-se o mesmo em
perfeitas condições de uso, conforme o auto de busca e apreensão afirma, além da
entrada no valor de R$ 6.169,00 (seis mil cento e sessenta nove reais) acrescido do
valor das parcelas pagas, foi pago o valor de R$ 8.717,42 (oito mil setecentos e
dezessete reais e quarenta dois centavos), sendo assim, é possível a conversão do
contrato de alienação fiduciária para contrato de leasing mercantil, pois este
torna-se menos excessivamente oneroso para o consumidor.
No leasing  não há propriedade resolúvel, já que as prestações pagas têm
natureza de aluguel, que justifica a inclusão do valor residual ao final no caso de
opção pela compra do bem, convertendo-se as parcelas pagas a título de aluguel
em amortização de parcela do débito. No leasing, ao tempo da resolução do
contrato por inadimplemento, não são devidas as prestações vincendas, pois, as
parcelas são a contrapartida do uso e gozo do bem. 
Pois bem, o Réu gozou do bem por apenas um período de 190 dias,
conservando e mantendo o bem em perfeitas condições, fazendo uma simulação
em uma locadora de carros, com filial aqui na cidade de Anápolis, por igual
período que foi utilizado o bem pelo Réu e modelo de veículo também similar ao
objeto em questão, vimos que o valor do aluguel ficaria a quantia bem
aproximada do valor que já foi pago pelo Réu, ou seja, convertendo o contrato em
leasing, por ser mais benéfico para o consumidor, o valor quitado pelo Réu de R$
8.717,42 é correspondente ao valor que pagaria ao alugar um similar de uma
empresa especializada em aluguel de veículos, conforme imagem abaixo:
Portanto, conclui-se que a parte Autora está se aproveitando de sua
vantagem econômica com o intuito de enriquecer ilicitamente, onde
unilateralmente fixou os termos do contrato e agora requer um valor exorbitante
para quitação do mesmo. O valor é tão alto que mesmo após a venda do veículo
em leilão, o que desvaloriza o bem obtendo um valor bem abaixo do mercado,
ainda restaria um remanescente elevado, onde o Réu ficaria sem a posse do bem e
ainda com um saldo devedor alto perante a Autora, não é nem um pouco
coerente que tal fim aconteça.
Ora Excelência, o que se vê é uma parte, no caso a autora, beneficiando-se

da fragilidade econômica e da boa-fé da outra, no caso o réu - que em

momento algum encobriu o veículo obstando a busca e


apreensão – ao contrário o mandado foi efetivamente cumprido no endereço
indicado pelo réu no contrato, o que demonstra sua probidade diante da relação
consumerista.
É imperioso destacar que o Réu não possui condições financeiras nenhuma
de arcar com uma dívida tão alta. E, tendo em vista que não lhe é possível quitar
apenas as parcelas vencidas para obter o bem de volta, não é razoável que a
instituição financeira além de adquirir a posse do veículo ainda execute o réu na
totalidade do contrato e demais despesas, sendo que foram pagas apenas duas
parcelas e tendo o Réu usufruído apenas 190 dias do bem.
Sendo assim, requer a Vossa Excelência que seja aplicado ao caso concreto
os princípios da boa-fé objetiva e da proteção que embasam as relações
consumeristas, convertendo-se o contrato em leasing e dando o mesmo por
liquidado haja vista os valores já pagos pelo réu-consumidor.

VI- DOS PEDIDOS

Ante ao todo exposto, requer:


a) A concessão do benefício da assistência judiciaria, nos termos do artigo 98 do
Código de Processo Civil, tendo em vista que o Réu não possui condições
financeiras de arcar com os honorários e as custas processuais;

b) Sejam acolhidas as preliminares suscitadas, para inicialmente retificar o valor


da causa e, posteriormente, extinguir a ação sem resolução de mérito em razão da
ausência de pressupostos de constituição do desenvolvimento válido e regular do
processo (ausência de apresentação de cédula de crédito original), conforme
artigo 485, IV, CPC;

c) Caso o Juízo não acolha as preliminares acima mencionadas, pugna-se a


presente ação na forma de Reconvenção, de modo que sejam aplicadas as normas
do Direito do Consumidor e assim converta o contrato em leasing, de modo que
se dê por quitado o contrato, haja vista a vulnerabilidade do Réu-consumidor, de
sua boa-fé e proteção pela relação de consumo;
d) A condenação da parte Autora do pagamento das custas processuais e
honorários advocatícios;

e) A produção de todos os meios de provas por direito admitidas afim de provar o


alegado;

f) Que todas as intimações relativas ao presente processo sejam endereçadas as


suas procuradoras infra-assinadas Mariana Moreira Braga, inscrita na OAB/GO
51.706 e Kamila Moreira Braga, inscrita na OAB/GO 54.358, sob pena de nulidade.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Anápolis, 05 de dezembro de 2018.

Mariana Moreira Braga Kamila Moreira Braga


OAB/GO 51.706 OAB/GO5 54.358

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