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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(ÍZA) DE DIREITO DA 1


VARA CÍVEL DO FORO REGIONAL DA TRISTEZA DA COMARCA DE PORTO
ALEGRE/RS

Processo nº 5000667-75.2023.8.21.6001/RS

PATRICIA LEITE DO AMARAL, por intermédio de seu


procurador signatário, nos autos do processo em epígrafe que move em face de
BANCO BMG S.A, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, em atenção
ao conteúdo do Evento 13, apresentar RÉPLICA À CONTESTAÇÃO, pelos fatos
e fundamentos que a seguir passa a expor:

I – DA RELAÇÃO DE CONSUMO ENTRE AS PARTES E A NECESSÁRIA


IMEDIATA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

A relação havida entre as partes é típica relação de consumo,


fato que não é contestado pelo Réu, na medida em que a Demandante é a
destinatária final dos serviços prestados pelo Demandado, de acordo com os
artigos 2º e 3º do Código de Defesa do Consumidor.

Além disso, resta claro que a Requerente é a parte


hipossuficiente da relação, uma vez que não possui as mesmas condições
econômicas e técnicas do que o Requerido, tendo em vista o porte econômico da
mesma.

Com efeito, a norma do artigo 6º, inciso VIII do Código de


Defesa do Consumidor estabelece um direito básico do consumidor, qual seja, a
inversão do ônus da prova, conforme segue:
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Art. 6º São direitos básicos do consumidor:


(...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do
juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente,
segundo as regras ordinárias de experiências;

Destaca-se que a inversão do ônus da prova ocorre ope judice,


isto é, a critério do juiz, quando uma das duas ocasiões ocorrer, seja a
verossimilhança dos fatos alegados na inicial ou quando a parte for
hipossuficiente, ou seja, tais situações não necessitam ocorrer paralelamente,
bastando preencher um dos requisitos acima.

Não obstante isso, a Demandante demonstrou sua


hipossuficiência econômica, tanto é verdade que lhe foi deferido o Benefício da
Justiça Gratuita na decisão (Evento 3).

Portanto, resta comprovado a hipossuficiência da Demandante


e a verossimilhança dos fatos alegados na inicial, motivo pelo qual deverá ser
declarada de imediato a inversão do ônus da prova, conforme postulado no pedido
de letra "d" da peça portal.

II – PRELIMINARES

A) DA SUPOSTA FRAUDE

As alegações do Réu de que há irregularidade na propositura


da ação pelos procuradores do Autor com ajuizamento de ações genéricas beiram
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a litigância de má-fé e buscam intimidar o livre exercício da advocacia em defesa


do consumidor.

Ocorre que, de fato, a prática reiterada do Réu em enganar


e ludibriar idosos que buscam a obtenção de empréstimos consignados e
são enganados para contratação de cartão de crédito consignado é uma
prática reconhecida pelo Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul
como abusiva e ilegal, conforme entendimento jurisprudencial majoritário.

E mais, não só no Rio Grande do Sul essa prática está sendo


reconhecida pela jurisprudência, mas sim em diversos estados como Rio de
Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Goiás, entre outros.

Alegam, ainda, sem qualquer tipo de prova e de maneira


infundada que a parte Autora não teria contratado os procuradores, o que é
mais uma mentira absurda, na medida em que a procuração outorgada, bem
como os documentos pessoais, extratos, contracheques, comprovante de
residência e demais dados fornecidos pela parte Autora aos seus
constituintes são provas suficientes e cabais da regularidade da contratação
e do patrocínio da presente demanda.

Ora, Excelência, se o Tribunal de Justiça do Estado do Rio


Grande do Sul possui entendimento majoritário que os contratos de cartão de
crédito consignado são abusivos e ilegais, o patrocínio destes procuradores em
ações dessa natureza nada mais é que o livre exercício da advocacia e o
reconhecimento pelo Poder Judiciário que as práticas e condutas do Réu são
abusivas com a maioria dos consumidores, os quais são, muitas vezes, pessoas
idosas, como o caso dos presentes autos.
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Dessa forma, as alegações do réu de prática de suposta má-fé


apenas pelo livre exercício da advocacia e postular direitos perante o Poder
Judiciário, os quais são reconhecidos pelo próprio Poder Judiciário
(entendimento majoritário do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande
do Sul), além de diversos outros estados do Brasil, não pode ser admitida.

Percebe-se que o Réu tenta, de forma ardilosa, intimar a


advocacia destes procuradores, os quais jamais cessarão de ajuizar ações de
consumidores que se sentiram lesados em face do Réu e de outras instituições
financeiras.

O réu apresenta contestação genérica, na medida em que


contesta pedido de indenização por danos morais, quando sequer na petição
inicial possui pedido de pagamento de indenização por danos morais,
demonstrando que os procuradores do Réu apresentam defesas genéricas e
infundadas!

Tais afirmações realizadas pelo Réu nada mais são que


desrespeitar o entendimento do Poder Judiciário Gaúcho acerca das
operações de cartão de crédito consignado, o qual, conforme dito acima,
entente de forma majoritária pela sua abusividade, afirmando que o
patrocínio de tais demandas configuraria lide temerária.

Em resumo, não há como condenar o advogado nas penas por


litigância de má-fé porque ele buscou, por seus próprios meios, clientes para que
possa trabalhar como advogado, ou porque ele promoveu diversas ações com o
mesmo tema, notadamente porque isto não é ilegal. A litigância de má-fé deverá
ser analisada caso a caso e não diante de um comportamento único, o de
promover ações assemelhadas.
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Inclusive, já foi proferido entendimento pelo Egrégio Tribunal de


Justiça do Estado do Rio Grande do Sul em processo análogo acerca da
inexistência de indícios nos autos da má-fé do advogado:

APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO


DE OBRIGAÇÃO DE FAZER. PRELIMINAR AJUIZAMENTO
SISTEMÁTICO DE AÇÕES INFUNDADAS PLEITEANDO DIREITO
INEXISTENTE - EXPEDIÇÃO DE OFÍCIO À OAB/RS. O BANCO
DEMANDADO PLEITEOU A EXPEDIÇÃO DE OFÍCIOS À OAB/RS,
SOB O ARGUMENTO DE QUE AUTOR E SEUS ADVOGADOS
PRETENDEM O ENRIQUECIMENTO ILÍCITO ÀS CUSTAS DO
BANCO E DO PODER JUDICIÁRIO, ATRAVÉS DO AJUIZAMENTO
DE DEZENAS DE DEMANDAS IDÊNTICAS E INFUNDADAS.
QUANTO AO PEDIDO, TENHO QUE NÃO HÁ INDÍCIOS NOS
AUTOS DE QUE O ADVOGADO ESTEJA AGINDO DE MÁ-FÉ,
TENDO EM VISTA QUE, NA PROCURAÇÃO OUTORGADA PELA
AUTORA AO EVENTO 1 (PROCURAÇÃO 2), HÁ AUTORIZAÇÃO
EXPRESSA E CLARA PARA AJUIZAMENTO DE AÇÃO EM FACE
DO BANCO PAN. PRELIMINAR REJEITADA. APELAÇÃO
RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL. NULIDADE DA
CONTRATAÇÃO. NO CASO, RESTOU COMPROVADO NOS
AUTOS QUE A AUTORA, PRETENDENDO FAZER UM
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO, RECEBE, NA VERDADE, UM
CARTÃO DE CRÉDITO, COM SAQUE DO VALOR QUE QUERIA A
TÍTULO DE EMPRÉSTIMO. TODAVIA, DESCONTADAS
PARCELAS DO PAGAMENTO MÍNIMO DO CARTÃO NO
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO, O VALOR DA DÍVIDA CONTINUA
CRESCENDO, RESULTANDO EM UM DÉBITO ETERNO, COM
DESCONTO EM FOLHA DE PAGAMENTO, VALIDANDO QUE OS
JUROS DO CARTÃO SÃO OS MAIS ALTOS DO MERCADO.
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ADEMAIS, O QUE COMPROVA A NULIDADE DO NEGÓCIO É


QUE O CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO, FORNECIDO
PELA PARTE DEMANDADA, NUNCA FOI USADO
EFETIVAMENTE, DE FORMA QUE EVIDENTE A SIMULAÇÃO OU
ERRO NA REALIZAÇÃO DO CONTRATO. TAL SITUAÇÃO É UM
ABUSO, POIS INEXISTE UMA LIMITAÇÃO, O QUE CONFIGURA
UMA DÍVIDA ETERNA, GERANDO, COM ISSO, LUCROS
EXORBITANTES AO BANCO E, PRINCIPALMENTE,
DESVANTAGEM EXAGERADA AO CONSUMIDOR, O QUE É
VEDADO EXPRESSA E CATEGORICAMENTE PELO CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR, NOS TERMOS DO SEU ART. 52 E
ARTIGOS 166, VI, E 167, II, DO CÓDIGO CIVIL. ASSIM,
RESSALVANDO O ENTENDIMENTO DESTA CÂMARA SEGUNDO
O QUAL, DIANTE DO RECONHECIMENTO DA NULIDADE DO
CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO,
DEVERÃO AS PARTES RETORNAR AO STATUS QUO ANTE,
CONFORME PREVISÃO DO ART. 182 DO CÓDIGO CIVIL,
MANTENHO A CONVERSÃO DO CONTRATO DE CARTÃO DE
CRÉDITO CONSIGNADO EM EMPRÉSTIMO PESSOAL
CONSIGNADO, BEM COMO A EVENTUAL REPETIÇÃO DO
INDÉBITO EM CASO DE COMPROVADO O PAGAMENTO A
MAIOR, CONFORME DETERMINADO DA SENTENÇA
RECORRIDA, SOB PENA DE REFORMATIO IN PEJUS, UMA VEZ
QUE A PARTE AUTORA NÃO INTERPÔS RECURSO DE
APELAÇÃO. PREQUESTIONAMENTO. EM QUE PESE A
EXIGÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO PARA FINS DE
INTERPOSIÇÃO RECURSAL ÀS CORTES SUPERIORES, O
ÓRGÃO JULGADOR NÃO É OBRIGADO A APONTAR
EXPRESSAMENTE EVENTUAL VIOLAÇÃO QUANTO AOS
DISPOSITIVOS LEGAIS INDICADOS PELAS PARTES.
PRELIMINAR REJEITADA APELAÇÃO CÍVEL DESPROVIDA, POR
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UNANIMIDADE." (Apelação Cível, Nº 50149345720218210008,


Vigésima Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Altair de Lemos Junior, Julgado em: 30-03-2022) (grifo nosso)

Ademais, a parte Autora ingressou em juízo com foto de


seu documento e da procuração assinada, conforme Evento 01, FOTO9.

Não se pode punir um profissional por exercer legalmente sua


profissão, ainda que isto desagrade os colegas de profissão da parte adversa ou
eventualmente os membros do Poder Judiciário.

Ainda, se há um grande número de ações semelhantes na


justiça estadual acerca do tema de empréstimo via cartão de crédito consignado é
em virtude da ganância do Banco Réu em ter lucro a qualquer preço em face de
consumidores e idosos hipossuficientes, vulneráveis e pessoas humildes.

Portanto, não há que se falar em qualquer má-fé nos autos em


relação a parte Autora.

Por fim, requer a aplicação de litigância de má-fé em face do


Réu e seus procuradores, em virtude de provocarem incidente manifestamente
infundado e sem qualquer prova, eis que afirmam que os procuradores do Autor
não foram contratados, ignorando a totalidade dos documentos acostados
juntamente com a petição inicial, fato que não é verdade, nos termos do artigo 80,
inciso VI do Código de Processo Civil, obrigando a parte contrária a impugnar a
preliminar que a Ré sabe que é infundada, além de tentar obrigar o Judiciário a
analisar tal pleito completamente infundado.
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B) DA SUPOSTA PRESCRIÇÃO

Considerando a nulidade do ato por vício do negócio jurídico,


impositiva a observância do disposto no artigo 169 do Código Civil que consagrou
o princípio da imprescritibilidade dos negócios jurídicos nulos ao prever que: "O
negócio jurídico nulo não é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo
decurso do tempo".

Logo, a ação para reconhecer a nulidade de um ato é


imprescritível, notadamente quando se está, como na hipótese dos autos, no
plano da eficácia do negócio jurídico não se sujeitando, portanto, à prescrição.

Nesse sentido, o entendimento do STJ:

AGRAVO INTERNO NO RECURSO ESPECIAL. CONTRATO.


COMPRA E VENDA DE IMÓVEL DE ASCENDENTE A
DESCENDENTE POR INTERPOSTA PESSOA. SIMULAÇÃO.
REEXAME DE PROVAS. NULIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO.
DECADÊNCIA. INEXISTÊNCIA. ATO NULO INSUSCETÍVEL DE
CONVALIDAÇÃO PELO DECURSO DO TEMPO. AGRAVO
INTERNO IMPROVIDO. 1. O Tribunal de origem, com fundamento na
prova documental trazida aos autos, concluiu pela existência de
simulação de negócio jurídico relativo ao contrato de compra e venda
de imóvel de ascendente a descendente por interposta pessoa. A
modificação do entendimento lançado no v. acórdão recorrido
demandaria o revolvimento de suporte fático-probatório dos autos, o
que é inviável em sede de recurso especial, a teor do que dispõe a
Súmula 7 deste Pretório. 2. O negócio jurídico nulo por simulação não
é suscetível de confirmação, nem convalesce pelo decurso do tempo
e, portanto, não se submete aos prazos prescricionais, nos termos
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dos arts. 167 e 169 do Código Civil de 2002.3. Agravo interno a que
se nega provimento. (AgInt no REsp 1702805/DF, Rel. Ministro RAUL
ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 03/03/2020, DJe
25/03/2020)

Sob outra ótica, considerando que o contrato de cartão de


crédito com reserva de margem consignável (RMC) em questão prevê o
pagamento consignado de prestações mensais de trato sucessivo permanente, de
curso infinito, tanto que sequer explicita o número de parcelas do contrato ou limite
de saques, sequer poder-se-ia cogitar de termo inicial da fluência do prazo
prescricional posto que a situação se prolonga no tempo, o que também afastaria
o reconhecimento da prescrição.

A jurisprudência desta Corte, inclusive, assim tem decidido:

APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO


DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C RESTITUIÇÃO DE VALORES E
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. DESCONTOS SOBRE
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO A TÍTULO DE “RESERVA DE
MARGEM CONSIGNÁVEL – RMS”, DECORRENTES DA
CONTRATAÇÃO DE CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO.
ALEGAÇÃO DE DESCONHECIMENTO DA ADESÃO AO PRODUTO.
PEDIDO SUBSIDIÁRIO DE CONVERSÃO DA AVENÇA EM
CONTRATO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO “COMUM”.
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. Prescrição da pretensão autoral
não operada. Descontos mensais e sucessivos a títuto de “RMC”
incidentes ao tempo de propositura da demanda. Precedente
jurisprudencial. A prova documental inserta nos autos (contrato,
autorização para consignação dos descontos em folha de pagamento,
cédula de crédito vinculada à avença) confirma de maneira
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inequívoca a adesão ao cartão de crédito consignado. Contudo,


ausente prova nos autos da entrega do cartão à consumidora e de
sua efetiva utilização pela mesma, cumpre descaracterizar a avença
na forma como originalmente estabelecida. Possibilidade, entretanto,
à luz do art. 170, do Código Civil, que a avença subsista como um
contrato de empréstimo consignado “comum” ou “padrão”, devendo
ser o pacto readequado para esta espécie de operação financeira,
com apuração do saldo devedor em sede de liquidação de sentença.
Dano moral inexistente. Situação que não chega a consubstanciar
violação a direitos personalíssimos, modo a dar ensejo ao
reconhecimento do alegado dano moral e autorizar a correspondente
reparação pecuniária. Redimensionamento dos ônus de
sucumbência, em face do resultado final do julgamento. PREFACIAL
DE MÉRITO REJEITADA. RECURSO DE APELAÇÃO DO RÉU
PARCIALMENTE PROVIDO. APELO DA PARTE AUTORA
DESPROVIDO.(Apelação Cível, Nº 70083956912, Décima Nona
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Mylene Maria
Michel, Julgado em: 26-11-2020)

APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO


DE DEVOLUÇÃO DE VALORES E INDENIZAÇÃO POR DANO
MORAL. CONTRATAÇÃO DE CARTÃO DE CRÉDITO COM
RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL (RMC). DESCONTO EM
BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. PRESCRICAO. NÃO
OCORRENCIA. EXAME DO CASO CONCRETO. CONVERSÃO DA
CONTRATAÇÃO PARA EMPRÉSTIMO CONSIGNADO.
POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO DOS VALORES
AMORTIZADOS. DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS - Não há
se falar em prescrição no caso em comento, pois se trata de contrato
firmado com prestações mensais e sucessivas, não sendo incidente o
instituto. Prejudicial ao mérito rejeitada. - Apesar de demonstrada
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pela instituição financeira a firmatura de contrato de cartão de crédito


com reserva de margem consignável (RMC), com autorização
expressa para desconto do pagamento mínimo em seu benefício, não
houve a demonstração do uso do cartão de crédito pelo correntista
como tal, de forma a descaracterizar a contratação como formalizada
e reconhecida sua nulidade. - Tendo em vista que houve a intenção
de contratação de empréstimo pessoal consignado e recebido
valores, a contratação a esse título (empréstimo pessoal consignado)
deve subsistir, na forma prevista no art. 170 do Código Civil. - Dano
moral não verificado no caso concreto, pois a substituição da espécie
de contratação necessitou de declaração judicial e, antes disso, o agir
da instituição financeira estava lastreada em contrato aparentemente
válido e eficaz. - ônus sucumbenciais redistribuídos. RECURSO DE
APELACAO DO RÉU PARCIALMENTE PROVIDO. RECURSO DE
APEAÇAO DO AUTOR PREJUDICADO. UNÂNIME.(Apelação Cível,
Nº 70083880450, Décima Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça
do RS, Relator: Gelson Rolim Stocker, Julgado em: 30-04-2020)

Vai, portanto, afastada a prescrição no caso.

A) DA SUPOSTA DECADÊNCIA

Em relação a suposta decadência alegada pelo Réu, verifica-se


que a relação entre as partes é de natureza sucessiva e de prazo indeterminado,
não havendo o que se falar em decadência do direito no caso dos autos. Nesse
sentido é a jurisprudência do TJ/MG:

APELAÇÃO CIVEL - AÇÃO REVISIONAL - DECADÊNCIA -


CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO - INOCORRÊNCIA -
CONTRATAÇÃO SOB ERRO - AUSÊNCIA DO DEVER DE
INFORMAÇÃO.
12

- Em se tratando de relação jurídica de trato sucessivo e que os


descontos ocorrem mensalmente, não há falar-se em decadência.
Isto porque, o termo inicial do prazo corresponde à data do
vencimento da última parcela do contrato de cartão de crédito
consignado.
- Embora se trate de relação estabelecida com instituição financeira,
no caso em apreço são aplicáveis as normas do Código de Defesa do
Consumidor, por existir relação de consumo.
- Se a parte acredita estar diante de uma contratação de empréstimo
consignado na modalidade convencional quando, em verdade, está
diante da contratação de cartão de crédito consignado, que lhe é
excessivamente oneroso, o negócio jurídico foi celebrado sob erro e é
inválido. (TJMG - Apelação Cível 1.0000.20.081477-0/001,
Relator(a): Des.(a) Pedro Aleixo , 16ª CÂMARA CÍVEL, julgamento
em 22/07/2020, publicação da súmula em 23/07/2020)

Portanto, não há que se falar em aplicação de decadência nos


presentes autos.

III – DO MÉRITO - DA ABUSIVIDADE DO CONTRATO

Excelência, aduz o Banco Réu que a contratação do cartão de


crédito consignado foi totalmente regular. Destaca que ao cliente foi passado
todas as informações quanto a contratação do serviço. Descreve, ainda, que a
parte autora recebeu cartão em sua residência e fez o desbloqueio do mesmo,
sendo desta forma confirmado que era conhecedora do acordado.
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Informa ainda que a parte autora recebe mensalmente em sua


residência faturas, argumentando que para que os descontos do mínimo do cartão
de credito não ocorram mais, deve o cliente pagar a integralidade da fatura.

Sequencialmente argumenta que ao cliente foi disponibilizado


cartão de crédito, que o mesmo autorizou que o pagamento mínimo fosse
diretamente descontado de seu benefício previdenciário junto ao INSS e caberia
ao cliente o pagamento do saldo remanescente.

Alega, ainda, que foi disponibilizado em virtude da contratação


do cartão de crédito consignado valor diretamente na conta corrente da parte
autora, através de TED no valor de R$ 3.266,00 em novembro de 2017, sendo que
tal modalidade de contratação ocorreu pelo fato da cliente não possuir margem
para empréstimo consignado. Em face disso, o Réu abusou da necessidade e
hipossuficiência da parte autora para entabular contrato diverso ao pretendido,
com cláusulas manifestamente abusivas e excessivas em face da vulnerabilidade
da parte autora que é pessoa idosa.

O Banco Réu traz aos autos cópias da suposta contratação,


mas com análise detalhada dos documentos é se verifica a má-fé da instituição,
conforme abaixo se demonstrará.

Com efeito, o Tribunal de Justiça do Estado de Goiás já


analisou a operação do cartão de crédito consignado RMC, declarando que tal
operação é manifestamente abusiva e excessivamente onerosa ao consumidor,
editando a Súmula nº 63 que possui o seguinte conteúdo:

“Enunciado. Os empréstimos concedidos na modalidade “Cartão de


Crédito Consignado” são revestidos de abusividade, em ofensa ao CDC, por
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tornarem a dívida impagável, em virtude do refinanciamento mensal, pelo


desconto apenas da parcela mínima, devendo receber o tratamento de
crédito pessoal consignado, com taxa de juros que represente a média de
mercado de tais operações, ensejando o abatimento no valor devido, a
declaração de quitação do contrato, ou a necessidade de devolução do
excedente, de forma simples, ou em dobro, podendo haver condenação em
reparação por danos morais, conforme o caso concreto.”

O Demandado aduz que o cliente recebia faturas, fez


desbloqueio do cartão, que confirmaria o cliente tinha conhecimento do
contratado. Esclarece-se que o cartão não foi desbloqueado e tampouco utilizado,
o que reforça não ser conhecedor da modalidade escolhida, conforme
jurisprudência do TJ/RS:

APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS. AÇÃO


DECLARATÓRIA. CONTRATO DE CARTÃO DE CRÉDITO
CONSIGNADO EM BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. DESCONTOS
A TÍTULO DE RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL RMC.
DEVER DE PRESTAR INFORMAÇÃO CLARA E ADEQUADA
DESCUMPRIDO. FALHA NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO.
PRÁTICA ABUSIVA - ART. 39, IV, CDC. DECLARAÇÃO DE
NULIDADE DO CONTRATO. DANO MORAL CONFIGURADO.
Muito embora tenha a autora firmado Termo de Adesão Cartão
de Crédito Consignado Banco BMG e Autorização para Desconto
em Folha de Pagamento com o demandado, em verdade foi
induzida em erro, pois sua real intenção era a de contratar
empréstimo pessoal. Ademais, não restou comprovada entrega,
o desbloqueio e o uso de cartão de crédito pela autora, a
justificar a restrição praticada de imposição de margem
consignável junto ao benefício previdenciário da apelante, que
15

arcou com o prejuízo patrimonial em seus proventos em


decorrência do deficiente serviço prestado. Prática abusiva. Art.
39, inc. IV, CDC. Dano moral. Presente falha na prestação do serviço
pela instituição financeira ao, do que decorre o dever de reparar os
danos causados, conforme art. 14 do CDC. Evidente abuso de direito
indenizável, porque não se trata de mero transtorno ou dissabor, em
face das graves consequências que ocasiona. Dano in re ipsa. Dano
vinculado à própria existência do fato ilícito, cujos resultados
causadores de ofensa moral à pessoa são presumidos,
independendo, portanto, de prova. Quantum indenizatório.
Indenização arbitrada com base nos parâmetros utilizados pela
Câmara em situações análogas. Inversão dos encargos
sucumbenciais. APELAÇÃO PROVIDA EM PARTE, POR MAIORIA.
(Apelação Cível Nº 70078142379, Décima Primeira Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Guinther Spode, Julgado em
26/04/2019) (grifamos)

O Réu sustenta que a parte autora assinou o contrato, que


trouxe junto à contestação, razão pela qual era conhecedora de todas as taxas
aplicadas, bem como, que os descontos na folha, não abateriam o saldo
remanescente, tendo ciência que a dívida JAMAIS irá diminuir.

Esclarece-se que a parte autora recorda de ter assinado um


amontado de documentos e não apenas os que o Réu trouxe à baila. Destaca-se,
ainda, que houve a negativa administrativa na entrega de todos os documentos
assinados naquela ocasião, assim como, informa que todos os documentos eram
em branco, nenhum possuía qualquer informação.

Ademais, a Demandada afirma que o caso em tela se trata


de uma pactuação cristalina, onde não ocorreu falha na prestação de
16

serviços, afirmando que foi transferido em favor da parte autora o valor de


R$ 3.266,00, em novembro de 2017, tendo a parte autora pago até o mês de
fevereiro de 2023, exatamente 67 (sessenta e sete) meses após, o montante
de R$ 9.434,94, e em fevereiro de 2023, o valor da dívida está em R$ 4.570,95,
sem data final para quitação do referido cartão de crédito consignado. Veja-
se decisões do TJ/RS sobre casos análogos:

APELAÇÃO CÍVEL. NEGÓCIOS JURÍDICOS BANCÁRIOS.


CARTÃO DE CRÉDITO CONSIGNADO. RESTITUIÇÃO DE
VALORES C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
APLICABILIDADE DAS DISPOSIÇÕES DO CÓDIGO DE DEFESA
DO CONSUMIDOR. VÍCIO DE CONSENTIMENTO. DEFEITO NO
DEVER DE INFORMAÇÃO. PRÁTICA ABUSIVA. ALTERAÇÃO
CONTRATUAL. Autora pretendia contrair empréstimo pessoal
consignado e assinou termo de adesão a um contrato de Cartão de
Crédito Consignado com autorização para desconto da Reserva de
Margem Consignável (RMC) em folha de pagamento. Não obstante
esteja a contratação adequada à moldura legal, forçoso
reconhecer que a cláusula que permite os descontos na folha de
pagamento do autor, sem conter data-limite para que cessem,
enseja a perpetuação da dívida, ocasionando excessiva
oneração ao consumidor e flagrante desequilíbrio entre as
partes, configurando prática abusiva e vedada, consoante
previsão do art. 39, inc. V, do Código de Defesa do Consumidor
(“exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva”).
Por sua vez, o art. 51, inc. IV, do Código Consumerista rotula
como nulas de pleno direito as cláusulas contratuais que
“coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade”. Contudo, não vinga a
pretensão de declaração de nulidade da relação jurídica, com a
desconstituição total do débito, visto que o art. 881 do Código Civil
17

veda o enriquecimento sem causa. Além disso, estabelece o art. 51, §


2°, do CDC que a nulidade de uma cláusula não invalida a totalidade
do contrato. A ilegalidade na forma de cobrança do débito acarreta a
anulação da cláusula que prevê a cobrança das parcelas do
empréstimo através de descontos a título de Reserva de Margem
Consignável, devendo ser cancelados tais descontos. Via de
consequência, converte-se o “Contrato de Cartão de Crédito
Consignado” para “Empréstimo Pessoal Consignado”. As
parcelas do empréstimo já descontadas eram devidas não
prosperando o pleito de repetição de indébito em dobro dos valores
descontados, sob pena de enriquecimento ilícito da parte autora.
Cabível, todavia, que eventual valor excessivo que venha a ser
descontado após o recálculo da dívida na fase de liquidação de
sentença, seja repetido na forma simples. Não prosperam os danos
morais por não restar demonstrada qualquer situação vexatória ou
abalo psíquico de maior monta, cuidando-se de transtorno que não
ultrapassou o mero dissabor. Convém destacar que o pensionista, em
momento algum, esteve na iminência de ser negativado. APELAÇÃO
INTERPOSTA PELA AUTORA PARCIALMENTE
PROVIDA.(Apelação Cível, Nº 70084054030, Décima Sexta Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Vivian Cristina Angonese
Spengler, Julgado em: 30-07-2020) (grifamos)

APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATOS DE CARTÃO DE CRÉDITO.


AÇÃO DECLARATÓRIA C/C INDENIZATÓRIA. RESERVA DE
MARGEM CONSIGNÁVEL. DEVOLUÇÃO DE VALORES. CÓDIGO
DE DEFESA DO CONSUMIDOR. 1. O Código de Defesa do
Consumidor é aplicável aos negócios jurídicos firmados entre as
instituições financeiras e os usuários de seus produtos e serviços (art.
3°, § 2°, CDC). Súmula 297, STJ. 2 A adesão expressa a cartão de
crédito com constituição de margem consignável, nos termos da
18

Resolução nº 1.305/2009 do Conselho Nacional de Previdência


Social, implica reserva da parcela destinada ao seu custeio. Contudo,
verifica-se que, após mais de 02 (dois) anos de deduções mensais
nos proventos de aposentadoria da parte autora - decorrentes dos
saques em dinheiro realizados via cartão - os descontos realizados
não tiveram por efeito reduzir o valor principal da dívida, pois
imputados apenas sobre encargos financeiros. 3. Indefinição do
termo final para deduções que ostenta natureza de pagamento
perpétuo das parcelas, o que repugnado pelo ordenamento
jurídico, pois desproporcional e em detrimento demasiado ao
consumidor. Sistemática de cobrança que caracteriza evidente
vantagem excessiva da instituição financeira, em franca violação
ao disposto no art. 51, IV, do Código de Defesa do Consumidor.
Nulidade de pleno direito que se reconhece. Doutrina e
precedentes do STJ. 4. Revisão do débito. Tal revisão deverá se dar
mediante consolidação do valor total da dívida, com aplicação, uma
única vez, da taxa média anual de juros remuneratórios divulgada
pelo BACEN para contratos de empréstimo pessoal consignado,
pessoa física, vigente na data dos saques. Autorizado
prosseguimento dos descontos em prol do banco, acaso constatada
persistência do débito, ou repetição simples de valores, em favor da
autora, na hipótese inversa, tudo a ser calculado em liquidação de
sentença, na forma mencionada. APELO PARCIALMENTE
PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70080824873, Vigésima Terceira
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ana Paula
Dalbosco, Julgado em 30/04/2019) (grifamos)

APELAÇÃO CÍVEL. CONTRATOS DE CARTÃO DE CRÉDITO.


AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. CARTÃO DE CRÉDITO
CONSIGNADO. RESERVA DE MARGEM CONSIGNÁVEL. Cartão
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de crédito consignado. Reserva de margem consignável. A


Resolução n.º 1.305/2009 do Conselho Nacional de Previdência
Social prevê a reserva de margem consignável para operações com
cartão de crédito em benefícios previdenciários, sendo exigido pela
Instrução Normativa n.º 39/2009 do INSS a expressa autorização do
consumidor aposentado, seja por escrito ou via eletrônica. Na
hipótese, o instrumento contratual juntado aos autos, embora preveja
cláusula autorizando a constituição de reserva de margem
consignável (RMC) no benefício previdenciário da parte autora, (...).
Ainda, verifica-se que o cartão de crédito enviado à parte
demandante nunca foi utilizado, pois não chegou a ser
desbloqueado, sendo que a única transação efetuada foi uma
operação de crédito pessoal oriunda de saque creditado em
conta corrente. Inobservância do dever de informação contida no
art. 52 do CDC. Pelo princípio da vedação ao enriquecimento ilícito,
descabe a desconstituição integral do débito, de forma que merece
ser acolhido o pedido de conversão do contrato de cartão de crédito
consignado para empréstimo pessoal consignado, com a
readequação do débito. Repetição do indébito. Na hipótese de haver
saldo em prol do consumidor, cabível a restituição dos valores, de
forma simples. (...). APELO PARCIALMENTE PROVIDO. UNÂNIME.
(Apelação Cível Nº 70079299160, Vigésima Terceira Câmara Cível,
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Martin Schulze, Julgado em
11/12/2018) (grifamos)

Pela análise dos autos, comprova-se o alegado pela parte


autora, qual seja, de que a contratação ora discutida é abusiva, senão vejamos: (i)
o banco Réu obriga a parte autora a pagar o mínimo da fatura mediante desconto
em folha diretamente em seu benefício previdenciário; (ii) prática de juros abusivos
de 2,60% ao mês, ao passo que em empréstimos consignados comuns a taxa é
bem menor – limite de 1,80% ao mês -; (iii) o cartão de crédito jamais fora
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utilizado, sendo que o banco Réu disponibilizou o valor através de TED, o que
corrobora a tese de se tratar empréstimo consignado comum; (iv) não há prazo
final para pagamento das faturas, ocasionando prejuízo excessivo ao consumidor,
visto que a dívida se torna impagável.

Assim, a parte autora reitera o pedido antecipatório para que o


Réu, imediatamente suspenda os descontos no benefício previdenciário da parte
autora.

Ademais, sendo que a presente lide trata de questões


eminentemente de direito e que a parte Ré não se desincumbiu de seu ônus
de demonstrar a legalidade de tal contratação, a parte Autora requer o
julgamento antecipado do feito, nos termos do artigo 355, inciso I, do Novo
Código de Processo Civil.

IV- DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer se digne Vossa Excelência em:

a) determinar de imediato a inversão do ônus da prova,


conforme sustentado no item "I" supra e pedido de letra "d" da peça
inaugural;

b) conceder a antecipação de tutela postulada na peça


portal;

c) requer a aplicação de litigância de má-fé em face do Réu


e seus procuradores, em virtude de provocarem incidente manifestamente
infundado e sem qualquer prova, eis que afirma que os procuradores do
21

Autor não foram contratados, ignorando a totalidade dos documentos


acostados juntamente com a petição inicial, fato que não é verdade, nos
termos do artigo 80, inciso VI do Código de Processo Civil;

d) julgar o feito no estado em que se encontra, nos termos do


artigo 355, inciso I, do Novo Código de Processo Civil;

e) determinar a total procedência dos pedidos articulados na


inicial, condenando a Requerida nos termos da exordial.

Nesses termos, pede deferimento.

Porto Alegre, 7 de junho de 2023.

PEDRO MARCON DE JESUS


OAB/RS 106.951

LUCAS MARCON DE JESUS


OAB/RS 111.227

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