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EXMO. SR. DR.

JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA


DE DUQUE DE CAXIAS – RJ

JOÃO BATISTA DE SOUZA AFONSO, brasileiro, casado, cabeleireiro,


portador da cédula de identidade nº 07.797.192-7 – IFP/RJ, Inscrito sob o
CPF/MF nº 957.686.887-49, e ELISIENE FERREIRA, brasileira, casada,
cabeleireira, portadora da cédula de identidade nº 08.333.866-5 – IFP/RJ,
Inscrita sob o CPF/MF nº 091.085.857-68, ambos domiciliados à Rua Aurora,
67, bairro Santa Cruz da Serra, na cidade de Duque de Caxias-RJ, sob o CEP nº
25255-480, por seu procurador infra-assinado, com instrumento de mandato
em anexo, com endereço profissional à Rua Paraná, 124, bairro Santa Cruz da
Serra, Duque de Caxias-RJ, CEP 25240-260, vêm, perante V.Exa, com
fundamento no art. 1102a do Código Adjunto Civil, propor a presente:

AÇÃO MONITÓRIA

Em face de AUDILAR CLUB E BAR LTDA ME, pessoa jurídica de


direito privado, inscrita sob o CNPJ nº 32.342.941/0001-08, na pessoa do seu
representante legal, o Sr. LEUDS GONZAGA DE CAMPOS, brasileiro,
solteiro, fisioterapeuta, documento de identidade e CPF/MF desconhecidos
pelos reclamantes, com endereço para citações sito à Rod. Washington Luiz,
nº 24, KM 102, bairro Xerém, município de Duque de Caxias-RJ, CEP 25055-
009, pelas razões a seguir:

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PRELIMINARMENTE

Primeiramente, requer a concessão das benesses da Justiça Gratuita


aos autores, com fulcro na Lei nº 1060/50, por estarem os mesmos passando
por grave situação financeira acarretada além das problemáticas cotidianas
que ensejam em dificuldades de se obter recursos, ao fato que resulta a
presente ação, que por não terem recebido até a presente data o que lhes é
devido, está a lhes causar grandes constrangimentos ante as obrigações não
cumpridas com terceiros por culpa deste imbróglio.

Ora, os requerentes são casados, possuem filhos e deveres que os


fazem hoje encontrarem-se em estado de penúria, não tendo condições de
disporem de importância para diligenciar o recolhimento das custas,
honorários advocatícios e demais despesas processuais.

Nesse diapasão, por exegese do art. 4º da referida Lei de Assistência


Judiciária, lê-se que:

“A parte gozará dos benefícios da assistência


judiciária, mediante simples afirmação, na
própria petição inicial, de que não está em
condições de pagar as custas do processo e
os honorários de advogado, sem prejuízo
próprio ou de sua família” <grifo nosso>

No mesmo sentido a jurisprudência do STJ dispõe:

"ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. BENEFÍCIO


POSTULADO NA INICIAL, QUE SE FEZ
ACOMPANHAR POR DECLARAÇÃO FIRMADA
PELO AUTOR. INEXIGIBILIDADE DE OUTRAS
PROVIDÊNCIAS. Não-revogação do art. 4º da
Lei nº 1.060/50 pelo disposto no inciso LXXIV
do art. 5º da constituição. Precedentes.
Recurso conhecido e provido.

1. Em princípio, a simples declaração firmada


pela parte que requer o benefício da
assistência judiciária, dizendo-se 'pobre nos
termos da lei', desprovida de recursos para
arcar com as despesas do processo e com o

2
pagamento de honorário de advogado, é, na
medida em que dotada de presunção iuris
tantum de veracidade, suficiente à concessão
do benefício legal." – [STJ, REsp. 38.124.-0-RS. Rel.
Ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira.]

Assim, pelas razões esposadas, fazem jus os autores às benesses da


gratuidade de justiça, com supedâneo na Lei 1060/50.

DA SINÓPSE FÁTICA

1. Os requerentes possuem em decorrência de negócio jurídico firmado


entre as partes, titulo cambial na quantia de R$ 30.000,00 (trinta mil reais)
cada um, representada pelos cheques números 452653 e 452654,
respectivamente, ambos da conta n° 26548, Agência 0653, situada no bairro
de Santa Cruz da Serra, neste município, sob a bandeira do Banco HSBC, e
emitidos pelo réu, sendo o cheque devolvido por insuficiência de fundos.

2. A cobrança pelos meios amigáveis restou infrutífera, pois de todas as


formas tentaram os requerentes buscarem os seus créditos, porém sem obter
êxito.

3. Visando evitar a demanda judicial, foram realizadas insistentes


cobranças e tentativas de negociações, as quais não foram atendidas pela
requerida, que não realizou nenhum pagamento, restando portanto aos
requerentes, como única alternativa, buscar o Poder Jurisdicional do Estado,
para que através de sua força coercitiva, haver o que lhes é devido.

4. Assim, temos que o total da dívida líquida, certa, exigível e


atualizada, conforme cálculo em anexo, comporta a importância de R$
32.170,00 (trinta e dois mil, cento e setenta reais) para cada um, totalizando
o montante de R$ 64.340,00 (sessenta e quatro mil, trezentos e quarenta
reais), devidamente comprovada pelos cheques que instruem a presente
inicial.

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DO DIREITO

5. A ordem de pagamento dos cheques encontra-se datados para 05 de


janeiro de 2009, porém, só foram apresentados ao banco em 19 de junho, e
sua força executiva, em conformidade com o art. 59 da Lei 7357/85,
prescreve em 6 meses a contar do prazo fatal para apresentação (30 dias –
art. 33) qual seja, em 05 de agosto do correte ano, consubstanciando o
direito dos requerentes em proporem a presente, eis que os cheques
encontram-se prescritos.

6. Como se vê, o direito dos requerentes de ingressarem com a


presente ação monitória encontra-se perfeitamente fundamentada no Art.
1.102a do Código de Processo Civil, que trata da legitimatio ad causam
originária dos credores para proporem a referida ação, como se pode notar in
verbis:
Art. 1.102a: A ação monitória compete a
quem pretender, com base em prova escrita
sem eficácia de título executivo, pagamento
de soma em dinheiro, entrega de coisa
fungível ou de determinado bem móvel. <grifo
nosso>

7. Outrossim, para robustecer o ora apresentado, mister trazer a baila


o transcrito ao verbete sumular nº 299 do Colendo Superior Tribunal de
Justiça, que expõe:

“É admissível a ação monitória fundada em


cheque prescrito” <grifo nosso>

8. Não obstante a via acionária escolhida para haver os créditos dos


requerentes, faz-se imperioso demonstrar jurisprudência da Corte de Justiça
do nosso Estado, que pacifica a questão no seguinte sentido:

“AÇÃO MONITÓRIA. CHEQUES PRESCRITOS NA


VIA EXECUTIVA. TÍTULO HÁBIL À AÇÃO
MONITÓRIA. ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE
CAUSA DEBENDI. TÍTULO MERCANTIL

4
AUTÔNOMO E NÃO-CAUSAL. REPRESENTAÇÃO
DE OBRIGAÇÃO DE QUALQUER NATUREZA. NÃO
COMPROVAÇÃO DE FATO QUE DESCONSTITUA O
CRÉDITO. Cheque prescrito na via executiva,
mas título hábil à ação monitória. Segundo
entendimento jurisprudencial pacífico, não é
necessário ao credor, para propositura da
monitória, expor na inicial o negócio jurídico
que deu causa à emissão do título, sendo
ônus do devedor a prova da inexistência do
débito. Alegação de inexistência de causa
debendi afastada, visto que o cheque é título
de crédito não-causal, não havendo
necessidade de prévia relação comercial
entre as partes para sua emissão. Débito que
não foi negado pelos réus. Os cheques nada
mais são do que ordem de pagamento à vista,
que comprovam a existência de dívida não
solvida. São, pois, suficientes para que se dê a
conversão destes em título executivo judicial
no procedimento monitório (arts. 333, I, e
1.102-C, § 3º, do CPC). Precedentes dos STJ e
TJERJ. Recurso a que se nega seguimento.”
<grifo nosso> [TJERJ - 2009.001.20499 DES. MARIO
ASSIS GONCALVES - Julgamento: 10/07/2009 - TERCEIRA
CAMARA CIVEL]

Nesse sentido:
AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ESPECIAL.
AÇÃO MONITÓRIA. CHEQUE PRESCRITO.
COMPROVAÇÃO DA ORIGEM DO DÉBITO.
DESNECESSIDADE. I.- Na ação monitória para
cobrança de cheque prescrito é
desnecessário que o credor comprove a
origem do débito. Recurso improvido. <grifo
nosso> [STJ - AgRg no REsp 721029 / SC-AGRAVO
REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL 2005/0010495-7 -
Ministro SIDNEI BENETI, julgado em 14/10/2008]

AÇÃO MONITÓRIA. PETIÇÃO INICIAL - INÉPCIA


- INOCORRÊNCIA - DEMANDA FUNDADA EM
CHEQUE PRESCRITO, PROPOSTA DENTRO DO
PERÍODO DE DOIS ANOS, APÓS O PRAZO
PRESCRICIONAL DA EXECUÇÃO -
DESNECESSIDADE DA REFERÊNCIA À CAUSA
SUBJACENTE, SENDO SUFICIENTE A
APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO. Não é
inepta petição inicial de ação monitória

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fundada em cheque prescrito, se proposta
dentro do período de dois anos após o prazo
prescricional da execução, sendo
desnecessária a referência à causa subjacente,
por corresponder a demanda à de
locupletamento ilícito, bastando a
apresentação do documento para a
propositura. Ementa oficial: Ação monitória.
Cheques prescritos. Desnecessária a referência
à causa subjacente, por corresponder a
presente ação à de locupletamento ilícito,
proposta que foi dentro do período de dois
anos, após a fluência do prazo prescricional da
execução. Precedentes. Afastado o decreto de
extinção do processo. Recurso provido. <grifo
nosso> [1º Tacivil - 3ª Câm. de Férias de
Janeiro/2004; AC nº 1.218.802-4-Santos; Rel. Juiz
Itamar Gaino; j. 12/2/2004; v.u.] RT 828/245.

Portanto Excelência, os inclusos títulos creditícios preenchem todos os


requisitos exigidos pelo Código de Processo Civil, também carreadas em
jurisprudência pacifica, ensejando o presente procedimento monitório, pois a
dívida é clara e evidente.

DOS PEDIDOS:

Por todo o exposto, demonstradas as razões de fato e de direito que


carreiam a pretensão exordial, requer:

a. A concessão do direito à Gratuidade de Justiça aos requerentes,


com supedâneo a Lei 1060/50, pelas razões esposadas aos autos
(declaração anexa);

b. A total procedência da demanda, determinando expedição de


mandado para o pronto pagamento da quantia de R$ 64.340,00
(sessenta e quatro mil trezentos e quarenta reais), no prazo
de 15 dias.

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c. A intimação do Requerido para embargar, se assim desejar,
conforme art. 1102C e segs. do CPC, ciente de que, pagando no prazo
referido, ficará isento do pagamento de custas processuais e honorários
advocatícios.

d. Caso o requerido não cumpra o mandado de pronto pagamento da


quantia reclamada, nem oponha embargos no prazo legal, REQUER a
expedição de mandado de citação e penhora para que, a Requerida
em 24 horas pague o principal acrescido de juros, correção
monetária, custas processuais e honorários advocatícios em 20% do
valor da causa, sob pena de lhe ser penhorado tantos bens quantos
bastem para garantir o valor do débito;

Protesta ainda provar o alegado por todos os meios de provas em


direito admitidos, especialmente documental, testemunhal, pericial e
depoimento pessoal da requerida.

Atribui-se à causa o valor de R$ 64.340,00 (sessenta e quatro mil


trezentos e quarenta reais).

Termos em que,
Pede Deferimento.

Duque de Caxias, 10 de agosto de 2009

Jorge Luis S. de Oliveira


Advogado
OAB/RJ 157.623

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