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ESTADO DO CEARÁ

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO MAURO FERREIRA LIBERATO

Processo: 0201067-81.2023.8.06.0029 - Apelação Cível


Apelante: José Duarte Soares. Apelado: Banco Bradesco S/A. Custos Legis: Ministério
Público Estadual

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. EMPRÉSTIMO CONSIGNADO.


EXTINÇÃO DO FEITO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. ART.
485, I, DO CPC. OBSERVÂNCIA À RECOMENDAÇÃO
Nº01/2019/NUMOPEDE/CGJCE. EXIGÊNCIA DE
CONFIRMAÇÃO DE VERACIDADE DOS DOCUMENTOS
PESSOAIS E RATIFICAÇÃO DOS PODERES OUTORGADOS AO
REPRESENTANTE JURÍDICO EM PROCURAÇÃO. PARTE
AUTORA DEVIDAMENTE INTIMADA ATRAVÉS DO
CAUSÍDICO. INÉRCIA. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos, acordam os membros da Primeira


Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, à unanimidade de
votos, em CONHECER do recurso para NEGAR-LHE PROVIMENTO, nos termos do
voto do Relator.
Fortaleza, data e hora indicadas no sistema.

DESEMBARGADOR FRANCISCO MAURO FERREIRA LIBERATO


Presidente do Órgão Julgador/Relator
ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADOR FRANCISCO MAURO FERREIRA LIBERATO

RELATÓRIO
Trata-se de recurso de Apelação Cível interposto por José Duarte Soares
adversando sentença proferida pelo douto Juízo da 1ª Vara Cível da Comarca de Acopiara
(fls.80), nos autos da Ação Declaratória de Inexistência de Débito ou Nulidade de Negócio
Jurídico C/C Repetição de Indébito e Indenização por Danos Morais em face de Banco
Bradesco S.A.

Eis o dispositivo da vergastada Sentença:

“Diante do exposto, com fundamento no artigo 321 e 485, inciso I,


todos do Código de Processo Civil, INDEFIRO A PETIÇÃO INICIAL
E DECLARO EXTINTO O PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DE
MÉRITO, com fulcro no art. 485, inc. I, do Código de Processo Civil.

Sem custas.

Publique-se. Registre-se. Intime-se a parte autora. ”

Em sede de apelação (fls. 83/96), a parte recorrente alega que “Depreende-se, a


partir sutis diferenciações, que o EXTRATO BENEFICIÁRIO do INSS é suficiente para
demonstrar os descontos, uma vez que a parcela do Consignado é descontada e repassada
pela própria autarquia, que os computa em sistema e informa sua validade: se está Ativo; se
foi Excluído (movimento realizado pela instituição bancária); e se foi Suspenso (movimento
realizado pelo INSS, inclusive por motivos judiciais). ”

Conclui, por fim, que “Requer se digne esta Colenda Turma Julgadora em dar
PROVIMENTO AO RECURSO, retornando os autos a tramitação normal e esperada, e, por
conseguinte, declarando por sentença a nulidade do contrato bem como indenizando a parte
autora pelos danos sofridos, TUDO POR SER MEDIDA DE MAIS LÍDIMA JUSTIÇA. ”

Após, contrarrazões(fls.199/213) ao recurso de apelação, em que a instituição


financeira requer que seja negado seguimento ao recurso interposto, e em não sendo acolhida
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tal pretensão, que seja negado provimento ao apelo, mantendo-se a sentença proferida pelo
juízo a quo em todos os seus termos.

Empós, o a Representante do Ministério Público de 2ª instância manifestou-se


pelo conhecimento e desprovimento do recurso de apelação.

É o relatório, no essencial.

VOTO
Conheço do recurso, eis que presentes os requisitos de admissibilidade.

Ab initio, insurge-se o autor contra a sentença que indeferiu a petição inicial da


Ação Declaratória de Nulidade/Inexistência Contratual, com fulcro no art. 485, I, do CPC, sob
a justificativa de que a parte autora, apesar de devidamente intimada, deixou de emendar a
inicial no sentido de comprovar a autenticidade dos documentos pessoais e procuração
conferida ao advogado, nos termos da Recomendação nº 01/2019/NUMOPEDE/CGJCE.

Compulsando os autos, verifica-se que houve a determinação judicial para que o


autor comprovasse a veracidade dos documentos pessoais e ratificasse os poderes outorgados
ao representante jurídico em procuração, através de comparecimento pessoal em juízo (fl. 60),
a qual, apesar de intimado através do causídico, conforme fls. 61/62, não supriu a
determinação judicial.

Intimada a parte autora para ratificar os poderes da procuração, com fulcro na


Recomendação nº 01/2019/NUMOPEDE/CGJCE, esta assim deixou de proceder, tendo sido,
pois a ação julgada extinta.

Na hipótese, em que pesem as razões expostas pelo recorrente, não vislumbro


motivos para reformar a sentença de primeiro grau.

Explico.
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Conforme explanado, a lide foi extinta em virtude da inércia da parte autora ao


deixar de apresentar documentação exigida pelo juízo de primeiro grau, prescrita em
recomendação emanada da Corregedoria Geral de Justiça do Estado do Ceará, diante da
evidência de demanda temerária. A ordem referida foi proferida no corpo do despacho
acostado à fl. 60 , que reverberou:

“Vistos hoje. Tendo em vista o ajuizamento de reiteradas demandas


com causa de pedir e pedidos similares em petições padronizadas, em
consonância com a Recomendação n. 01/2019/NUPOMEDE/CGJCE,
determino a intimação da parte autora para, no prazo de 15 (quinze)
dias, emendar a inicial comparecendo em Secretaria para apresentar
seus documentos originais de identidade e comprovante de residência
recente em seu nome, bem como ratificar os termos da procuração e o
pedido de declaração de nulidade do contrato objeto da presente
ação, sob pena de indeferimento da exordial.
Intime-se.”

No caso tratado nestes autos, observa-se a limitação causada pela idade avançada
do autor, bem como pelo seu baixo grau de escolaridade, tornando o contratante vulnerável a
atos causadores de prejuízo ou abuso. Daí surgiu a necessidade de comparecimento do
promovente para apresentar seus documentos originais de identidade e comprovante de
residência, assim como ratificar os termos da procuração e dos pedidos contidos na exordial, a
fim de evitar, inclusive, a propositura de demandas temerárias e ao arrepio do conhecimento
dos próprios outorgantes.

Convém destacar que a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é assente


no sentido de que a inobservância de ordem judicial para sanar qualquer vício da peça
vestibular, seja por ausência ou defeito na procuração, seja por quebra da cadeia completa de
substabelecimento, dentre outros, enseja a intimação do Patrono para a superação do vício,
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coma sujeição de extinção, se houver a abstenção.

In casu, evidenciada a intimação do causídico, conforme fl. 62, sob pena de


indeferimento da petição inicial, não houve o atendimento da diligência judicial, deixando a
promovente de apresentar a documentação solicitada e de ratificar a procuração. Dessa forma,
o processo foi acertadamente extinto sem resolução do mérito.

Sobre o tema, destacam-se os seguintes entendimentos:

AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


AUSÊNCIA DE PROCURAÇÃO DO ADVOGADO SUBSCRITOR
DO APELO ESPECIAL E DO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. INTIMAÇÃO PARA REGULARIZAÇÃO. FALHA
NÃO SUPRIDA. NÃO CONHECIMENTO DO RECURSO.
DESNECESSIDADEDE INTIMAÇÃO PESSOAL DA PARTE.
AGRAVO INTERNO DESPROVIDO. 1. Interposto recurso por
advogado sem procuração dos autos, dele não se pode conhecer, nos
termos do art. 76, § 2º, I, c/c o art. 932, parágrafo único, do CPC/2015,
na hipótese em que a parte recorrente, instada a regularizar a
representação processual, não a promove no prazo que para tanto lhe
foi assinado. Incidência da Súmula n. 115/STJ. 2. Segundo orientação
jurisprudencial desta Corte Superior, a exigência da intimação pessoal
da parte somente se faz necessária nos casos de extinção da demanda
por abandono (art. 267, § 1º, do CPC/1973, equivalente ao art. 485, §
1º, do CPC/2015), o que não se verifica na hipótese, uma vez que a
questão ora sob análise diz respeito a falhas na procuração constante
dos autos ou defeito na cadeia de substabelecimentos. Precedentes. 3.
Razões recursais insuficientes para a revisão do julgado. 4. Agravo
interno desprovido. (STJ, AgInt no AREsp 1823395/AC, Rel.
Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA,
julgado em 20/09/2021, DJe 22/09/2021) (grifos nossos).
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AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL.


PREPARO. COMPROVAÇÃO. AGENDAMENTO BANCÁRIO.
IRREGULARIDADE NA REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL.
VÍCIO NÃO SANADO APÓS INTIMAÇÃO. INVIABILIDADE.
PRECEDENTES. DESERÇÃO. AGRAVO NÃO PROVIDO. (...) 2.
O STJ possui entendimento no sentido de que a ausência da cadeia
completa de procurações impossibilita o conhecimento do recurso,
conforme Súmula 115 do STJ. No presente caso, a agravante foi
efetivamente intimada para regularizar sua representação processual,
em conformidade com o art. 76, caput, do CPC/2015, mas não o fez
no prazo determinado de cinco dias. 3. Agravo interno não provido.
(STJ, AgInt no AREsp 1.074.130/DF, Rel. Ministro Luís Felipe
Salomão, Quarta Turma, julgado em 19/04/2018, DJe 02/05/2018)
(grifos nossos)

Por fim, registre-se a regularidade da intimação realizada via advogado


regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil, nos termos do art. 103 do CPC,
dispensando-se, portanto, a intimação pessoal do autor. Nesse contexto, cabe destacar que a
Corte Superior já decidiu que a exigência da intimação pessoal da parte somente se faz
necessária nos casos de extinção da demanda por abandono (art. 485, § 1º, do CPC/2015), o
que não se verifica na hipótese.

A jurisprudência desta Corte de Justiça é firme nesse sentido:

Ementa: CIVIL E PROCESSO CIVIL. RECURSO DE APELAÇÃO.


SENTENÇA DE EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO
DO MÉRITO, COM BASE NO ART. 485, III, CPC. O JUÍZO
EXPRESSA OBSERVÂNCIA À RECOMENDAÇÃO Nº
01/2019/NUMOPEDE/CGJCE EAO ART. 425. § 2º E ART. 139, IX
DO CPC. CONSIGNADA A INDICAÇÃO DA POSSIBILIDADE DE
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DEMANDA TEMERÁRIA. DETERMINADA A INTIMAÇÃO DA


PARTE AUTORA VIA DJE, ATRAVÉS DO ADVOGADO
CONSTANTE DA PROCURAÇÃO SOB PENA DE EXTINÇÃO DO
FEITO. FLAGRANTE ABSTINÊNCIA. DESNECESSIDADE DA
INTIMAÇÃO PESSOAL DA PARTE AUTORA. O CASO NÃO
CONFIGURA ABANDONO DO AUTOR A JUSTIFICARA SUA
INTIMAÇÃO PESSOAL. INTELIGÊNCIA DOART. 103 DO CPC.
INTIMAÇÃO DO PATRONO CONSTITUÍDO PARA
CUMPRIMENTO DE DILIGÊNCIAS. REALIZAÇÃO.
PRECEDENTES DO STJ E DO TJCE. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. SENTENÇA IRRETOCÁVEL. 1. (…) 2. A lide fora
extinta emvirtude da inércia da parte autora ao apresentar
documentação exigida pelo juízo de piso, prescrita em recomendação
emanada da Corregedoria Geral de Justiça do estado do Ceará. A
ordem referida fora proferida no corpo da decisão interlocutória
acostada às fls. 73. 3. Na visão do apelante, essa Recomendação é
desnecessária, após decisão prolatada nos autos do Incidente de
Resolução de Demandas Repetitivas nº 0630366-67-2019.8.06.0000,
julgado por esta Corte, na data de 21 de setembro de 2020, 4. Ocorre
que este argumento não impõe a nulidade da sentença objurgada. Isso
porque, a uma, o aludido Incidente ainda não fora definitivamente
resolvido. Ele está, hoje, em trâmite no Superior Tribunal de Justiça,
após a interposição de Recurso Especial, tombado sob o nº
1943178/CE, afetado pela Corte Superior (TEMA 1.116/STJ). Aduas,
a intimação para saneamento de vício deu-se em nome de procurador
constituído nos autos e corresponde a regular procedimento em casos
tais. Logo, a extinção da ação não se deu por malferimento ao
incidente acima ventilado, mas, sim, por inércia da parte autora. 5. No
caso tratado nestes autos, observase a limitação causada pela idade
avançada do autor, bem como pelo seu baixo grau de escolaridade,
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tornando o contratante vulnerável a atos causadores de prejuízo ou


abuso. Daí surgiu a necessidade de comparecimento do promovente
para apresentar seus documentos originais de identidade e CPF, bem
como ratificar os termos da procuração e dos pedidos contidos na
exordial, a fim de evitar, inclusive, a propositura de demandas
temerárias e ao arrepio do conhecimento dos próprios outorgantes. Foi
oportunizado, ainda, a possibilidade de atendimento das exigências por
intermédio da rede social da vara de então (WhatsApp Business -
número 88 3661-4031). 6. Convém destacar que a jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça é assente no sentido de que a
inobservância de ordemjudicial para sanar qualquer vício da peça
vestibular, seja por ausência ou defeito na procuração, seja por quebra
da cadeia completa de substabelecimento, dentre outros, enseja a
intimação do Patrono para a superação do resvalo, com a sujeição de
extinção, se houver a abstenção. In casu, evidenciada a intimação do
causídico às fls. 74/75, não houve o atendimento de diligência judicial,
deixando, o promovente, de apresentar a documentação solicitada.
Dessa forma, o processo foi extinto sem resolução do mérito.
Precedentes. 7. (…). Entretanto, diante da recomendação da
Corregedoria de Justiça deste estado, no escopo de evitar a utilização
equivocada do mecanismo judiciário e o uso abusivo do direito
fundamental de acesso à justiça, facultou-se ao demandante prazo
razoável para fazer prova de que agiria com boa-fé processual o que,
repita-se, não foi atendido a contento. 8. Ademais, ainda que se falasse
emnulidade por ausência de intimação pessoal do autor, tal pressuposto
não se ajusta ao caso em tablado. Acerca da necessidade de intimação
pessoal da parte, insta esclarecer, a teor do art. o art. 103, do CPC, que
"a parte será representada emjuízo por advogado regularmente inscrito
na Ordem dos Advogados do Brasil." Logo, havendo advogado
constituído por esta, a intimação para cumprimento de diligências será
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a ele direcionada. Precedentes. 9. Recurso de Apelação conhecido e


desprovido. Sentença mantida. (TJ-CE 0000810-82.2019.8.06.0028
Classe/Assunto: Apelação Cível / Empréstimo consignado Relator(a):
FRANCISCO BEZERRACAVALCANTE Comarca: Acaraú Órgão
julgador: 4ª Câmara Direito Privado Data do julgamento: 06/06/2023
Data de publicação: 06/06/2023). (g.n)

Ementa: APELAÇÃO. SENTENÇA DE EXTINÇÃO DO


PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO, COM BASE NO
ART. 485, III, CPC. O JUÍZO EXPRESSA OBSERVÂNCIA À
RECOMENDAÇÃO Nº 01/2019/NUMOPEDE/CGJCE E AO ART.
425. § 2º E ART. 139, IX DO CPC. CONSIGNADA A INDICAÇÃO
DA POSSIBILIDADE DE DEMANDA TEMERÁRIA.
DETERMINADA A INTIMAÇÃO DA PARTE AUTORAVIA DJE,
ATRAVÉS DO ADVOGADO CONSTANTE DA PROCURAÇÃO E
SUBSTABELECIMENTO, SOB PENA DE EXTINÇÃO DO FEITO.
FLAGRANTE ABSTINÊNCIA. PRESCINDIBILIDADE DA
INTIMAÇÃO PESSOAL DA PARTE AUTORA. O RISCADO NÃO
CONFIGURA ABANDONO DO AUTOR A JUSTIFICAR A SUA
INTIMAÇÃO PESSOAL. INTELIGÊNCIA DO ART. 103 DO CPC,
"A PARTE SERÁ REPRESENTADA EM JUÍZO POR ADVOGADO
REGULARMENTE INSCRITO NA ORDEM DOS ADVOGADOS
DO BRASIL". PORTANTO, HAVENDO O PATRONO
CONSTITUÍDO PELA PARTE, A INTIMAÇÃO PARA
CUMPRIMENTO DE DILIGÊNCIAS SERÁ A ELE
DIRECIONADA. CONFECCIONADO ODISTIGUINSH.
PRECEDENTES DO STJ. DESPROVIMENTO. 1.
INOBSERVÊNCIA DA ORDEM JUDICIAL PARA AFERIÇÃO
DOS PODERES OUTORGADOS AO REPRESENTANTE
JURÍDICO EM PROCURAÇÃO: É firme a jurisprudência do STJ na
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diretiva de que a inobservância de ordem judicial para sanar qualquer


vício na exordial, seja por ausência ou defeito na procuração bem
como quebra da cadeia completa de substabelecimento, dentre outros,
ensejam a intimação do Patrono para a superação do resvalo, com a
sujeição de extinção, se houver a abstenção. 2. In casu, evidenciada a
intimação do ilustre Causídico, na forma da Decisão, às f. 35, não
houve o atendimento de diligência judicial. 3. (...). 5.
PRESCINDIBILIDADE DA INTIMAÇÃO PESSOAL DA PARTE
AUTORA (DISTIGUINSH): O cenário riscado não configura
abandono do Autor a ensejar a sua Intimação Pessoal. A propósito, a
necessidade de intimação pessoal da parte recorrente, insta esclarecer
que, conforme prevê o art. 103 do CPC, "a parte será representada em
juízo por advogado regularmente inscrito na Ordem dos Advogados do
Brasil". 6. Portanto, havendo advogados constituídos pela parte, a
intimação para cumprimento de diligências será a eles direcionada. 7.
Nesse contexto, cabe destacar que a Corte Superior já decidiu que a
exigência da intimação pessoal da parte somente se faz necessária nos
casos de extinção da demanda por abandono (art. 267, § 1º, do
CPC/1973, equivalente ao art. 485, § 1º, do CPC/2015), o que não se
verifica na hipótese. 8. Com efeito, vê-se que, a questão ora sob
análise, diz respeito, à diligência endereçada ao Advogado constituído
nos autos, especialmente, no que se refere a higidez do Instrumento
Procuratório. 9. Exemplares da jurisprudência sedimentada no STJ:
(…). 12. Portanto, confeccionado o DISTIGUINSH, não há
necessidade da intimação pessoal do Autor, mas tão somente do seu
Patrono. 13. DESPROVIMENTO do Apelo, para consagrar o Julgado
Pioneiro, por irrepreensível e em fina sintonia com a jurisprudência do
STJ. (TJ-CE 0000585-62.2019.8.06.0028 Classe/Assunto: Apelação
Cível / Empréstimo consignado Relator(a): FRANCISCO DARIVAL
BESERRA PRIMO Comarca: Acaraú Órgão julgador: 2ª Câmara
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Direito Privado Data do julgamento: 23/03/2022 Data de publicação:


23/03/2022). (g.N)

Assim sendo, forte nessas razões e escorada nos mais variados precedentes da
Corte Superior e deste Tribunal de Justiça, entendo pela rejeição do apelo instrumentalizado
pela parte demandante.

Diante do exposto, pelos argumentos mencionados e em consonância com a


legislação regente, CONHEÇO do presente recurso, todavia, para NEGAR-LHE
PROVIMENTO, mantendo incólume a sentença vergastada.

É como voto.
Fortaleza, data e hora indicadas no sistema.

DESEMBARGADOR FRANCISCO MAURO FERREIRA LIBERATO


Relator

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