Você está na página 1de 13

ESTADO DO CEARÁ

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADORA JANE RUTH MAIA DE QUEIROGA

Processo: 0227467-56.2022.8.06.0001 - Apelação Cível


Apelante: Antônio Ivan Duarte da Silva
Apelado: Itaú Unibanco Holding S/A

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR.


EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. PEDIDO DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA
GRAFOTÉCNICA EM SEDE RECURSAL. ANTERIOR ANUÊNCIA AO
JULGAMENTO ANTECIPADO DO FEITO E DISPENSA DE DILAÇÃO
PROBATÓRIA. PRECLUSÃO LÓGICA. CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO
CONFIGURADO. ALEGAÇÃO DE FRAUDE NA CONTRATAÇÃO NÃO
DEMONSTRADA. APRESENTAÇÃO DO CONTRATO ASSINADO PELA PARTE
AUTORA E COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO NA CONTA BANCÁRIA. SENTENÇA
DE IMPROCEDÊNCIA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO.
- O cerne da controvérsia reside na verificação da legalidade do contrato de
empréstimo consignado nº 610477676, supostamente celebrado entre a parte
recorrente e a instituição financeira recorrida, para, diante do resultado obtido,
verificar-se o cabimento da pretensão indenizatória.

- Cumpre esclarecer inicialmente que o autor/apelante, após a apresentação, pelo


Banco, do contrato assinado pela parte (fls. 125/126), não solicitou perícia
grafotécnica. E, intimado a especificar as provas que pretendia produzir (fl. 203), o
promovente afirmou, expressamente, não ter interesse na instrução processual, pois
o cotejo probatório demonstrava-se suficiente (fls. 208). Além disso, anunciado o
julgamento antecipado da lide à fl. 216 e intimado o demandante, este não se
manifestou, conforme a certidão de fl. 219.

- Deste modo, conclui-se que houve desistência da pretensão de solicitar perícia


grafotécnica, porquanto não pleiteada em momento oportuno, razão pela qual a
produção de prova pericial restou atingida pela preclusão.

- Ressalto que o julgamento antecipado da lide não implica, por si só, em


ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADORA JANE RUTH MAIA DE QUEIROGA

cerceamento do direito de defesa, porquanto a prova é destinada ao Juiz da


demanda e, sem dúvida, a este compete avaliar sua utilidade, necessidade e
adequação, podendo indeferir as que reputar inúteis, desnecessárias ou
protelatórias.

- Diante deste cenário, agiu corretamente o magistrado de primeira instância,


valorando o acervo probatório já produzido, decidindo a causa, conforme o princípio
do livre convencimento motivado, regente no processo civil pátrio, não havendo que
se cogitar possibilidade de nulidade de sentença, em virtude de suposto
cerceamento de defesa.

- Do exame dos autos, verifica-se que o promovido/recorrido comprovou fato


impeditivo, modificativo e/ou extintivo do direito da parte autora, e trouxe provas de
que o requerente, de fato, celebrou o contrato objeto dessa lide, juntando o
instrumento assinado pela parte, cópia dos seus documentos pessoais e
comprovante de transferência da quantia acordada (fls. 125/127 e 147).

- Portanto, diferente do alegado pela parte apelante, o requerido juntou


documentação suficiente à fundamentação de suas alegações, demonstrando a
existência do negócio jurídico. Ademais, ressalte-se que a parte autora é pessoa
alfabetizada e teve a oportunidade de tomar ciência das cláusulas contratuais.

- Assim, em que pese o esforço argumentativo em sede recursal, não há que se


falar em inexistência de relação jurídica, danos morais ou repetição de indébito.

- Recurso conhecido e desprovido.

ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acorda a 3ª Câmara de


Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, por unanimidade, em
conhecer e negar provimento ao Recurso, nos termos do voto da Relatora.
Fortaleza, data e hora da assinatura digital.

JANE RUTH MAIA DE QUEIROGA


Presidente do Órgão Julgador e Relatora
ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADORA JANE RUTH MAIA DE QUEIROGA

RELATÓRIO
Cuida-se de Apelação Cível interposta por Antônio Ivan Duarte da
Silva contra a sentença proferida pelo Juízo da 18ª Vara Cível da Comarca de
Fortaleza, no âmbito da Ação Declaratória de Inexistência de Débito ajuizada por
Banco Itaú Consignado S/A, julgando improcedentes os pleitos autorais.

Nas suas razões recursais de fls. 229/243, o recorrente aduz que o


Banco promovido não comprovou a regular contratação do empréstimo consignado
pela parte e que é necessária a realização de perícia grafotécnica, sob pena de
cerceamento de defesa.

Requer, assim, a anulação do decisum.

Contrarrazões às fls. 247/254, no sentido do não conhecimento do


recurso, ante a violação ao princípio da dialeticidade recursal. No caso de ser
conhecida a insurgência, pleiteia a manutenção da sentença vergastada.

É o relatório.

VOTO

Presentes os pressupostos recursais de admissibilidade intrínsecos


(legitimidade, interesse, cabimento e inexistência de fato impeditivo ou extintivo) e
extrínsecos (tempestividade, preparo e regularidade formal), conheço do recurso e
passo a analisar o seu mérito.

Pois bem. De início, insta destacar que, de acordo com o princípio da


ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADORA JANE RUTH MAIA DE QUEIROGA

dialeticidade, cabe à parte recorrente, ao pleitear a reforma do decisum vergastado,


apresentar expressamente a impugnação especificada dos fundamentos de fato e
de direito pelos quais não se conforma com o provimento infirmado, sob pena de
não conhecimento da insurgência (art. 932, inciso III, do CPC/15).

Nesta linha de raciocínio, a meu sentir, não merece prosperar a


alegação do apelado no sentido de que o recurso não atendeu ao suso mencionado
princípio, porquanto a parte insurgente impugnou expressamente os fundamentos
da sentença, cumprindo, assim, na medida do seu interesse recursal e da
devolutividade do apelo, o disposto no art. 1.010, inciso III, do CPC.

Desta forma, rejeito a preliminar de violação ao princípio da


dialeticidade e, em consequência, conheço do recurso em apreço, avançando para
a análise do mérito recursal, em atenção ao princípio da primazia do julgamento de
mérito (art. 6º do CPC).

Pois bem. O cerne da controvérsia reside na verificação da legalidade


do contrato de empréstimo consignado nº 610477676, supostamente celebrado
entre a parte recorrente e a instituição financeira recorrida, para, diante do resultado
obtido, verificar-se o cabimento da pretensão indenizatória.

Cumpre esclarecer inicialmente que o autor/apelante, após a


apresentação, pelo Banco, do contrato assinado pela parte (fls. 125/126), não
solicitou perícia grafotécnica. E, intimado a especificar as provas que
pretendia produzir (fl. 203), o promovente afirmou, expressamente, não ter
interesse na instrução processual, pois o cotejo probatório demonstrava-se
suficiente (fls. 208).

Além disso, anunciado o julgamento antecipado da lide à fl. 216 e


intimado o demandante, este não se manifestou, conforme a certidão de fl.
ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADORA JANE RUTH MAIA DE QUEIROGA

219.

Deste modo, conclui-se que houve desistência da pretensão de


solicitar perícia grafotécnica, porquanto não pleiteada em momento oportuno, razão
pela qual a produção de prova pericial restou atingida pela preclusão.

Neste sentido, dispõem os precedentes deste e. Tribunal de Justiça:

AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO


DECLARATÓRIA DE NULIDADE CONTRATUAL C/C REPETIÇÃO
DE INDÉBITO E INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA.
DECISÃO MONOCRÁTICA QUE CONHECEU E DEU PROVIMENTO
AO APELO DO RÉU. IMPUGNAÇÃO À ASSINATURA POSTA NO
CONTRATO. PEDIDO DE REALIZAÇÃO DE PERÍCIA
GRAFOTÉCNICA. ANTERIOR ANUÊNCIA AO JULGAMENTO
ANTECIPADO DO FEITO E DISPENSA DE DILAÇÃO
PROBATÓRIA. PRECLUSÃO LÓGICA. CERCEAMENTO DE
DEFESA NÃO CONFIGURADO. RECURSO CONHECIDO E
DESPROVIDO. 1. Cuida-se de agravo interno interposto por
Francisca Alves Pinheiro objurgando decisão monocrática proferida
por esta relatoria às fls. 183/193 da pasta processual principal, que
conheceu e deu provimento ao recurso de apelação manejado pelo
requerido, Banco Bradesco Financiamentos S.A., ora agravado. 2. O
art. 355 do Código de Processo Civil (CPC) possibilita o julgamento
antecipado da lide, ou seja, sem a realização da fase probatória
prevista nos artigos 369 e seguintes da norma processual, em duas
hipóteses: quando não houver necessidade de produção de outras
provas ou o réu for revel. 3. No caso concreto, destaco que, na
réplica (fls. 93/104), a parte autora pugnou expressamente pelo
julgamento antecipado do feito. do feito. A conduta da
requerente/agravante é, à toda evidencia, contraditória, eis que
dispensou a produção de outras provas e pediu o julgamento
antecipado do feito. Além disso, deixou de impugnar, em réplica, a
assinatura constante no contrato, insurgindo-se sobre essa questão
apenas nas contrarrazões do apelo. Nesse contexto, considera-se
preclusa a insurgência da recorrente sobre a autenticidade da
assinatura e sobre a produção de prova técnica. É de se rejeitar,
portanto, a tese de cerceamento de defesa. 4. Sobre a validade do
instrumento contratual, vale lembrar que nas demandas desta
natureza, este e. Tribunal de Justiça firmou entendimento de que a
confirmação da regularidade ou irregularidade do negócio depende
ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADORA JANE RUTH MAIA DE QUEIROGA

de provas concretas sobre (a) a anuência do consumidor sobre os


descontos realizados em seu benefício e (b) o recebimento do crédito
por parte do promovente. 5. E analisando os fólios desta pasta
processual, verifico que o banco se desincumbiu do ônus probatório e
colacionou a cópia do contrato de empréstimo consignado
questionado, às fls. 75/82, bem como o comprovante de repasse, à fl.
89. À vista de tais provas, considero que houve acerto na decisão
monocrática objurgada, que reconheceu a legalidade dos descontos
realizados na folha de pagamento da autora, mesmo diante da sua
negativa. 6. Nessa toada, "ainda que se configure, em regra, contrato
de fornecimento de produto, a instrumentação do empréstimo
consignado na forma escrita faz prova das condições e obrigações
impostas ao consumidor para o adimplemento contratual, em
especial porque, nessa modalidade de crédito, a restituição da coisa
emprestada se faz mediante o débito de parcelas diretamente do
salário ou benefício previdenciário devido ao consumidor contratante
pela entidade pagadora, a qual é responsável pelo repasse à
instituição credora (art. 3º, III, da Lei n. 10.820/2003). [Vide Recurso
Especial nº 1.868.099-CE, da relatoria do Ministro Marco Aurélio
Belizze, julgado em 15 de dezembro de 2020, grifei]. 7. Destarte, não
se verifica irregularidade na celebração do negócio jurídico e não há
ato ilícito praticado pela instituição financeira. A decisão monocrática
ora objurgada deve ser mantida. 8. Agravo interno conhecido e
desprovido (Agravo Interno Cível - 0011460-59.2017.8.06.0126, Rel.
Desembargador(a) JOSE RICARDO VIDAL PATROCÍNIO, 1ª
Câmara Direito Privado, data do julgamento: 16/11/2022, data da
publicação: 16/11/2022). [Destaquei]

PROCESSUAL CIVIL E CONSUMIDOR. AÇÃO DECLARATÓRIA DE


NULIDADE DE RELAÇÃO CONTRATUAL C/C REPETIÇÃO DE
INDÉBITO E DANOS MORAIS. CONTRATO DE EMPRÉSTIMO
BANCÁRIO CONSIGNADO. COMPROVAÇÃO DA FORMALIZAÇÃO
DO CONTRATO. JUNTADA DA TRANSFERÊNCIA ELETRÔNICA
EM CONTA DE TITULARIDADE DO AUTOR NO VALOR
PACTUADO. PERÍCIA GRAFOTÉCNICA. PRECLUSÃO
CONSUMATIVA DA MATÉRIA. INEXISTÊNCIA DE ATO ILÍCITO
PASSÍVEL DE REPARAÇÃO POR DANOS MORAIS. RECURSO
CONHECIDO E IMPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. 1 - Trata-se de
Apelação Cível interposta por RAIMUNDO ALVES MONTEIRO em
face de sentença proferida pelo Juízo da Vara Única da Comarca de
Cedro (CE), que julgou improcedente Ação Declaratória de
Inexistência de Relação Jurídica c/c pedido de Indenização por
Danos Morais e Materiais ajuizada pela apelante em desfavor do
Banco Itaú Consignado. 2 - In casu, em sede de contestação, o
banco recorrido anexous aos autos a seguinte documentação:
Cédula de crédito bancário e Termo de autorização devidamente
ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADORA JANE RUTH MAIA DE QUEIROGA

subscritas pelo autor (fls. 58/67); do documento de identidade e CPF,


Cartão do Banco (fls. 66/67); e do comprovante de pagamento (fl.
68/70). 3 - Ademais, importante destacar que, em que pese a
alegação do autor de que não reconhece a assinatura inserida
no instrumento contratual, o magistrado de primeira instância
anunciou o julgamento antecipado da lide e determinou a
intimação das partes. Ocorre que a parte autora, ora recorrente,
deixou transcorrer o prazo para requerer eventual produção de
prova, conforme certidão acostada às fls. 186 dos autos,
revelando a desistência tácita da perícia grafotécnica, razão pela
qual a produção de prova pericial restou inexoravelmente
atingida pela preclusão. 4 - Quanto aos danos morais, os mesmos
são vistos como qualquer ataque ou ofensa à honra, paz,
mentalidade ou estado neutro de determinado indivíduo, sendo, por
vezes, de difícil caracterização devido ao seu alto grau subjetivo. É
imperioso ressaltar que, para que o mesmo se configure, é
necessário que efetivamente tenha existido ato ilícito passível de
reparação moral e que o mesmo seja devidamente comprovado,
acompanhado do nexo de causalidade. 5 - No caso dos autos, uma
vez configurada a formalização do contrato em avença, inexiste
quaisquer dos requisitos autorizadores para o deferimento de
pagamento de danos morais, vez que não restou comprovada
qualquer conduta ilícita por parte da Instituição Bancária, muito
menos resultado danoso para o apelante, razão pela qual, correto foi
o entendimento do magistrado ao indeferir o pleito. 6 - Apelação
conhecida e improvida. Sentença mantida. ACÓRDÃO: Vistos,
relatados e discutidos estes autos, acorda a 2ª Câmara Direito
Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, por unanimidade,
em conhecer e negar provimento ao recurso de apelação, nos termos
do voto do Relator. Fortaleza, 28 de junho de 2023 INACIO DE
ALENCAR CORTEZ NETO Presidente do Órgão Julgador Exmo. Sr.
INACIO DE ALENCAR CORTEZ NETO Relator (Apelação Cível -
0000820-12.2019.8.06.0066, Rel. Desembargador(a) INACIO DE
ALENCAR CORTEZ NETO, 2ª Câmara Direito Privado, data do
julgamento: 28/06/2023, data da publicação: 28/06/2023) [destaquei]

Por consectário, tendo precluído eventual direito da parte apelante à


realização de perícia quanto ao contrato e à assinatura apresentados pelo banco,
coube ao juízo a quo decidir acerca da validade, ou não, da assinatura e do contrato
ora impugnados.

Não se pode olvidar que é dever do magistrado analisar, de forma


ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADORA JANE RUTH MAIA DE QUEIROGA

cautelosa e aprofundada, cada caso com suas peculiaridades, delimitando o


conjunto probatório específico que se revele imprescindível ao deslinde da
controvérsia, com o propósito de evitar a prolação de decisões equivocadas, bem
como incorrer em cerceamento de defesa.

Ressalto que o julgamento antecipado da lide não implica, por si só,


em cerceamento do direito de defesa, porquanto a prova é destinada ao Juiz da
demanda e, sem dúvida, a este compete avaliar sua utilidade, necessidade e
adequação, podendo indeferir as que reputar inúteis, desnecessárias ou
protelatórias.

Diante deste cenário, agiu corretamente o magistrado de primeira


instância, valorando o acervo probatório já produzido, decidindo a causa, conforme
o princípio do livre convencimento motivado, regente no processo civil pátrio, não
havendo que se cogitar possibilidade de nulidade de sentença, em virtude de
suposto cerceamento de defesa.

Prossigo na análise do feito.

Na hipótese em liça, o recorrente afirma não ter celebrado o contrato


de empréstimo consignado com o Banco réu e sustenta a ocorrência de fraude.
Assim, diante da natureza consumerista da demanda, caberia ao Banco apresentar
provas concretas acerca da regular contratação.

Do exame dos autos, verifica-se que o promovido/recorrido comprovou


fato impeditivo, modificativo e/ou extintivo do direito da parte autora, e trouxe provas
de que o requerente, de fato, celebrou o contrato objeto dessa lide, juntando o
instrumento assinado pela parte, cópia dos seus documentos pessoais e
comprovante de transferência da quantia acordada (fls. 125/127 e 147).
ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADORA JANE RUTH MAIA DE QUEIROGA

Portanto, diferente do alegado pela parte apelante, o requerido juntou


documentação suficiente à fundamentação de suas alegações, demonstrando a
existência do negócio jurídico.

Ademais, ressalte-se que a parte autora é pessoa alfabetizada e teve a


oportunidade de tomar ciência das cláusulas contratuais.

Assim, em que pese o esforço argumentativo em sede recursal, não há


que se falar em inexistência de relação jurídica, danos morais ou repetição de
indébito.

Nesta diretiva, precedentes deste e. Tribunal de Justiça:

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE NULIDADE DE


CONTRATO DE EMPRÉSTIMO CONSIGNADO C/C REPETIÇÃO DO
INDÉBITO E DANOS MORAIS. COMPROVAÇÃO DE REALIZAÇÃO
DO EMPRÉSTIMO. LEGALIDADE DOS DESCONTOS.
AUTENTICIDADE DOS DOCUMENTOS NÃO IMPUGNADA.
CONDIÇÃO PESSOAL NÃO COMPROVADA. CONTRATO VÁLIDO.
APELO CONHECIDO E IMPROVIDO. 1. Vislumbra-se que a
instituição financeira, ora apelada, se desincumbiu plena e
satisfatoriamente do encargo de rechaçar as alegações autorais,
comprovando fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da
requerente (art. 373, II, do CPC), uma vez que produziu prova robusta
quanto à regularidade da contratação. 2. Acrescento que, apesar de
afirmar, o recorrente, que o referido negócio jurídico firmado é
eivado de invalidade, foi apresentado contrato às fls. 43/48,
comprovante de transferência do mútuo às fl. 42 em conta de
titularidade do apelante, constam assinaturas de duas
testemunhas, bem como assinaturas, além de cópias das
respectivas documentações, não havendo indicativo de coação
ou vício de consentimento. 3. No que diz respeito à alegação de
que o apelante é pessoa analfabeta, e que portanto, deveria ter
sido colhidas assinaturas de duas testemunhas, ocorre que não
há nos autos qualquer prova de que a parte seja, como alegado,
analfabeta. 4. A propósito, o autor, na réplica, no momento
processual em que caberia se manifestar sobre a contestação e
ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADORA JANE RUTH MAIA DE QUEIROGA

os documentos juntados na defesa pelo banco réu, não


impugnou a assinatura aposta no instrumento particular; limitou-
se, todavia, a arguir que a instituição financeira não comprovara
o depósito do valor em sua conta. 5. No caso em exame,
portanto, infere-se que a instituição financeira provou a
existência do negócio jurídico firmado pelas partes, mediante a
juntada do contrato de empréstimo consignado questionado pelo
recorrente, bem como comprovante de transferência. 6. Sendo
assim, observa-se ser incontroverso que foi firmado contrato
entre as partes, como provado na esfera do juízo a quo, sendo o
acordo realizado acertado livremente pelo recorrente, e conforme
análise dos autos, mostram-se plenamente válidos os débitos
cobrados pelo apelado. 7. Sendo assim, inexiste quaisquer dos
requisitos autorizadores para o deferimento de pagamento de
danos morais ou devolução de valores, vez que não restou
comprovada qualquer conduta ilícita por parte da instituição
bancária, muito menos resultado danoso para o apelante, razão
pela qual, correto foi o entendimento do magistrado ao indeferir o
pleito. 8. Diante disso, o direito à manutenção das regras pactuadas é
medida que se impõe, visto que houve a expressa declaração de
vontade da parte recorrente, além da ciência acerca da manutenção
das condições inicialmente ajustadas, conhecendo todos os seus
direitos e obrigações. 9. Apelo conhecido e improvido. ACÓRDÃO:
Vistos, relatados e discutidos os presentes autos de apelação cível nº
0119703-16.2019.8.06.0001, em que figuram as partes acima
indicadas, acordam os Desembargadores integrantes da 2ª Câmara
de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, por
votação unânime, em conhecer do recurso interposto, mas para negar-
lhe provimento, tudo em conformidade com o voto do eminente relator.
Fortaleza, 16 de agosto de 2023 INACIO DE ALENCAR CORTEZ
NETO Presidente do Órgão Julgador DESEMBARGADOR CARLOS
ALBERTO MENDES FORTE Relator (Apelação Cível -
0119703-16.2019.8.06.0001, Rel. Desembargador(a) CARLOS
ALBERTO MENDES FORTE, 2ª Câmara Direito Privado, data do
julgamento: 16/08/2023, data da publicação: 16/08/2023) [destaquei]

AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO. AÇÃO INDENIZAÇÃO POR


DANO MORAL E MATERIAL C/C OBRIGAÇÃO DE FAZER
EMPRÉSTIMO CONSIGNADO. AÇÃO JULGADA IMPROCEDENTE.
CONTRATO ASSINADO PELA CONTRATANTE COM CÓPIA
DOCUMENTOS PESSOAIS. ALEGAÇÃO SOMENTE EM
APELAÇÃO DE FALSIDADE NA ASSINATURA APOSTA NO
CONTRATO. IMPOSSIBILIDADE PRECLUSÃO CONSUMATIVA.
REGULARIDADE DA CONTRATAÇÃO DEMONSTRADA.
COMPROVAÇÃO DO DEPÓSITO. AUSÊNCIA DE FALHA NA
PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS E
MATERIAIS. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. DECISÃO
ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADORA JANE RUTH MAIA DE QUEIROGA

MANTIDA. 1. Insurge-se a agravante com relação a decisão deste


relator que negou provimento ao recurso de apelação por ele
interposto, mantendo inalterada a sentença que julgou improcedente a
ação Declaratória de Nulidade de Negócio Jurídico c/c Repetição do
Indébito e Reparação por Dano Moral. 2. Argumenta a
autora/recorrente que em que pese o depósito do suposto empréstimo
ter sido depositado em sua conta-corrente, isto por si só, não tem o
condão de validar a transação. Argumenta, ainda, que, o instrumento
contratual acostado aos autos consta assinatura divergente do
documento de identidade da suplicante/agravante. 3. Por certo,
conforme entendimento firmado pela Segunda Seção do Superior
Tribunal de Justiça, quando do julgamento do REsp 1197929 / PR
submetido ao rito dos recursos repetitivos, ¿as instituições bancárias
respondem objetivamente pelos danos causados por fraudes ou
delitos praticados por terceiros ¿ como, por exemplo, abertura de
conta-corrente ou recebimento de empréstimos mediante fraude ou
utilização de documentos falsos, porquanto tal responsabilidade
decorre do risco do empreendimento, caracterizando-se como fortuito
interno¿. 4. Ocorre que, cotejando o vertente caderno processual, não
verifico causas que maculem a regularidade da celebração do negócio
jurídico discutido nestes autos, isto porque, a instituição
financeira/agravada juntou o contrato discutido nessa demanda
(fls.95/97), assinado a próprio punho pela recorrente, acompanhado
de cópia dos documentos pessoais da requerente e comprovante de
residência (fls. 98/100). 5. Consta, ainda, transferência eletrônica onde
comprova que valor do crédito de R$ 9.337,73 (nove mil, trezentos e
trinta e sete reais e setenta e três centavos), foi depositado no dia 26
de dezembro de 2016, na conta-corrente de titularidade da
autora/apelante, conforme comprovante constante às fls. 22 dos
autos. 6. Outrossim, ressalte-se que a assinatura aposta no
referido instrumento contratual está em conformidade com a
assinatura dos documentos que acompanharam a exordial e que,
inclusive, não houve, em momento oportuno, qualquer tipo de
impugnação pela autora/agravante quanto à autenticidade de tal
assinatura. 7. Daí que, diante da demonstração da legitimidade da
transação pelo banco/agravado, somente uma perícia
grafotécnica, acaso requerida pela parte interessada, poderia
assegurar com certeza, que a assinatura aposta no instrumento
contratual em questão não era de fato da autora/recorrente. No
entanto, perdeu a requerente/agravante o direito a tal prova
quando não arguiu no momento certo a falsidade, operando-se
dessa forma a preclusão consumativa. 8. Sendo assim, concluo
pela regularidade do negócio jurídico celebrado entre as partes,
não observando na espécie quaisquer indícios de vício de
consentimento ou fraude, não tendo a Instituição Financeira
cometido nenhum ilícito capaz de ensejar indenização por danos
morais, bem como a devolução dos valores devidamente
ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADORA JANE RUTH MAIA DE QUEIROGA

descontados. 9. Recurso conhecido e desprovido. Decisão


mantida. A C Ó R D Ã O Acordam os Desembargadores integrantes
da Primeira Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do
Estado do Ceará, por unanimidade de votos, em conhecer do
presente recurso, mas para negar-lhe provimento, nos termos do voto
do Relator, parte integrante desta decisão. Fortaleza, 21 de junho de
2023. EMANUEL LEITE ALBUQUERQUE Presidente do Órgão
Julgador em Exercício Exmo. Sr. EMANUEL LEITE ALBUQUERQUE
Relato (Agravo Interno Cível - 0130177-17.2017.8.06.0001, Rel.
Desembargador(a) EMANUEL LEITE ALBUQUERQUE, 1ª Câmara
Direito Privado, data do julgamento: 21/06/2023, data da publicação:
21/06/2023) [destaquei]

DIREITO CIVIL E DO CONSUMIDOR. AÇÃO DECLARATÓRIA DE


INEXISTÊNCIA DE NEGÓCIO JURÍDICO C/C repetição do indébito E
indenização por danos morais. DESCONTO EM BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO. ALEGAÇÃO DE FRAUDE NA CONTRATAÇÃO
NÃO DEMONSTRADA. APRESENTAÇÃO DO CONTRATO
ASSINADO PELO AUTOR E COMPROVAÇÃO DO CRÉDITO NA
CONTA BANCÁRIA. SUCUMBÊNCIA DO AUTOR. RECURSO
CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA. 1. O cerne da
controvérsia reside na existência (ou não) de relação jurídica entre a
parte autora e a Instituição Financeira ré quanto aos descontos
referentes ao empréstimo consignado nº 186114595. 2. Preliminar de
cerceamento de defesa afastada, porquanto intimada a replicar a
resposta do réu, a apelante quedou-se inerte. Por consectário,
infere-se que a recorrente não impugnou, quando intimada e in
tempore opportuno, a assinatura constante no contrato,
insurgindo-se sobre essa questão apenas no recurso de
apelação, o que impede a acolhida desta pretensão, ante a
preclusão configurada. Orientação Jurisprudencial pacífica do
TJCE. 3. Havendo o réu se desincumbido do ônus que lhe cabia,
apresentando cópia do contrato assinado pelo autor (fls. 86/91),
além da demonstração, pelos extratos bancários (fl. 61), do
crédito em conta bancária da autora, verifica-se que o Banco
recorrido colacionou provas suficientes para comprovar a
regularidade da contratação. 4. Tese de fraude na contratação
não demonstrada. Regularidade suficientemente comprovada. 5.
Por derradeiro, tendo em vista que o autor apelante sucumbiu ao
pedido, caberá a ele arcar integralmente com os ônus da
sucumbência (art. 85, caput, CPC/15), observada a majoração dos
honorários advocatícios sucumbenciais, a título recursal, de 10% (dez
por cento) para 15% (quinze por cento) sobre o valor da causa. 5.
Recurso apelatório conhecido e desprovido. Sentença mantida.
ACÓRDÃO: Vistos, relatados e discutidos estes autos, acorda, a
Turma Julgadora da Terceira Câmara de Direito Privado do Tribunal
de Justiça do Estado do Ceará, por unanimidade de votos, em
ESTADO DO CEARÁ
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
GABINETE DESEMBARGADORA JANE RUTH MAIA DE QUEIROGA

conhecer e negar provimento ao recurso apelatório interposto pela


parte autora para manter a sentença recorrida, observando a
majoração dos honorários advocatícios, tudo nos termos do voto da
Relatora, que integra esta decisão. JANE RUTH MAIA DE QUEIROGA
Desembargadora Relatora (Apelação Cível - 0200031-
96.2023.8.06.0160, Rel. Desembargador(a) JANE RUTH MAIA DE
QUEIROGA, 3ª Câmara Direito Privado, data do julgamento:
05/07/2023, data da publicação: 05/07/2023) [destaquei]

Diante de todo o exposto, conheço e nego provimento ao recurso,


mantendo a sentença em todos os seus termos.

Reiterada a sucumbência, majoro os honorários advocatícios em 2%


(dois por cento), com esteio no artigo 85, §§2º e 11, do CPC, suspensa a
exigibilidade em razão do benefício da gratuidade judiciária, nos termos do art. 98,
§3º, do CPC.

É, respeitosamente, como voto.

Fortaleza, data e hora da assinatura digital.

JANE RUTH MAIA DE QUEIROGA


Desembargadora Relatora

Você também pode gostar