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AO NOBRE JUÍZO DA VARA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA COMARCA DE LAGES - SC

Processo n° 5006051-73.2023.8.24.0039

DERBES URIBIRATAM TIVES, já qualificadas nos autos do processo em epígrafe


(Ação de Cobrança), que endereça contra BRIGIDA DE FATIMA DOS SANTOS OLIVEIRA
, por uma de suas procuradoras no fim assinado, vêm a presença de Vossa Excelência,
por inconformada, “data venia”, com a r. sentença de EVENTO 16, da mesma recorrer,
forte nas disposições do artigo 41 da Lei nº 9.099/95, esperando que recebida a
inconformidade no duplo efeito, quais sejam DEVOLUTIVO E SUSPENSIVO, com as
razões que a acompanham, e ainda, após as demais formalidades, determinada a
subida dos autos à Egrégia Turma Recursal, onde espera vê-la integralmente
reformada.

Canoas, 14 de novembro de 2023.

ADVOGADO
OAB/SC
EGRÉGIA TURMA RECURSAL CÍVEL

RAZÕES DE RECURSO

Processo nº 5006051-73.2023.8.24.0039
Origem: Vara do JEC Cível do Foro da Comarca de Lages/SC
Natureza: Ação de Cobrança

Recorrente: DERBES URIBIRATAM TIVES


Recorrida: BRIGIDA DE FATIMA DOS SANTOS OLIVEIRA

RECURSO INOMINADO

DERBES URIBIRATAM TIVES, já qualificadas nos autos do processo supra


referido (Ação de Cobrança), que move em face a BRIGIDA DE FATIMA DOS SANTOS
OLIVEIRA por uma de suas procuradoras no fim assinado, vem a presença de Vossa
Excelência, por inconformada, “data vênia”, com a r. sentença de EVENTO 16 porque
a mesma lhe foi adversa, apresentando as suas inclusas RAZÕES DE RECURSO, as quais
vão vazadas nos seguintes termos:

RAZÕES RECURSAIS

I – DA DECISÃO RECORRIDA

Inconforma-se a recorrente com a r. sentença prolatada pelo juiz Leigo do


Juizado Especial Cível de Canoas, Dr. Geraldo Correa Bastos, o qual, ao apreciar a
causa, desta vez, não distribuiu a costumeira justiça, eis que opinou pela extinção do
feito sem julgamento do mérito, uma vez que não foi apresentada pela recorrente a
causa debendi originária do título executivo.

No entanto, a decisão exarada não encontra consonância com o ordenamento


jurídico devendo ser modificada para o juízo de total improcedência da ação!

III. – DO MÉRITO
A ação de cobrança prevista no art. 62 da Lei do Cheque (Lei nº
7.357/1985), hipótese dos autos, é fundada na relação causal, o que
pressupõe a necessidade de o credor demonstrar a causa debendi, ou
seja, o negócio jurídico que ensejou a emissão do cheque. Em outras
palavras, a ação em pauta não ostenta natureza cambial, de forma
que o portador do cheque não mais se beneficia dos princípios que
regem o regime jurídico dos títulos de crédito (cartularidade,
literalidade e autonomia)....
(...) Nestes autos, observa-se que a parte autora, embora intimada,
não comprovou a relação existente entre as partes, razão pela qual se
desconhece a origem da dívida em discussão. Portanto, há que se
reconhecer a inépcia da inicial, pela falta de causa de pedir da ação de
cobrança (negócio jurídico subjacente), o que impõe seu
indeferimento e a consequente extinção da ação sem resolução do
mérito. Isso posto, JULGO EXTINTO o processo, sem resolução de
mérito, com fundamento no art. 485, I, e art. 330, I, e § 1º, I, ambos
do CPC. Sem condenação ao pagamento de custas processuais e/ou
honorários de sucumbência em 1ª instância, com base nos arts. 54 e
55, caput, 1ª parte, da Lei nº 9.099/1995
Com a máxima vênia ao entendimento esposado na sentença vergastada, tal
decisão não coaduna-se com o entendimento maciço da Jurisprudência das cortes
superiores e da legislação pátria, uma vez que a ação em tela trata se de ação de
cobrança fundada em título executivo, neste ínterim dispensável a menção ao negócio
jurídico, conforme sumula 531 STJ, conforme se a seguir:

“Súmula 531 Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada


contra o emitente, é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à
emissão da cártula. Publicação - DJe em 18/5/2015.”

Os títulos executivos vieram devidamente acostados com a exordial do EVENTO


1 compondo devidamente todos os requisitos necessários para condição da ação
devendo ser reformada a sentença que extinguiu o feito, posto que a demonstração da
causa debendi no caso em tela se mostra completamente desnecessária, conforme
precedentes do Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. INADIMPLEMENTO. COBRANÇA. AÇÃO


MONITÓRIA FUNDADA EM CHEQUE. SENTENÇA DE PROCEDÊNCIA.
CERCEAMENTO DE DEFESA NÃO VERIFICADO. RENÚNCIA EXPRESSA À
PRODUÇÃO DE PROVAS. DISCUSSÃO DA CAUSA DEBENDI.
DESNECESSIDADE. APLICAÇÃO DO ENUNCIADO SUMULAR N. 531, STJ.
EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO. MERCADORIAS NÃO
ENTREGUES. TESE INSUBSISTENTE. AUSÊNCIA DE PROVA. ÔNUS DO
DEVEDOR. ENTENDIMENTO CONSOLIDADO NOS TRIBUNAIS
SUPERIORES E NESTA CORTE. CONSTITUIÇÃO DO TÍTULO EXECUTIVO
QUE SE IMPÕE. AGRAVO INTERNO CONHECIDO E DESPROVIDO.
DECISÃO MANTIDA. 1. Ao juiz compete, nos limites legais, avaliar a
conveniência e/ou necessidade de dilação probatória. Sendo o
destinatário das provas, se entender suficientes para a sua
convicção, em prol da celeridade, pode optar pelo julgamento
antecipado da lide sem que isso implique cerceamento de defesa ou
violação aos princípios constitucionais do contraditório e da ampla
defesa. 2. O Superior Tribunal de Justiça assentou que "em ação
monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente,
é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão
da cártula" (Súmula 531, STJ). Logo, o ônus de desconstituir o título
de crédito com prova cabal compete ao devedor. 3. É posicionar
consolidado: "'estando em poder do credor o cheque exigido,
presume-se sua falta de pagamento, na hipótese de inexistir nos
autos recibo de quitação hábil a desconstituir tal presunção
referente à cambial objeto da demanda' (TJSC, Apelação Cível n.
0300246-28.2015.8.24.0009, rel. Des. Robson Luz Varella, j. 28-03-
2017)" (TJSC, Apelação Cível n. 0001966-42.2008.8.24.0141, rela.
Desa. Vera Lúcia Ferreira Copetti, Quarta Câmara de Direito Público,
j. 04-05-2017).
4. Recurso conhecido e desprovido. Decisão mantida. Honorários
recursais incabíveis. (TJSC, Apelação n. 0012733-63.2002.8.24.0008,
do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, rel. Diogo Pítsica, Quarta
Câmara de Direito Público, j. 26-10-2023).(Grifado)

Conforme bem delineado na exordial, os cheques são documentos de crédito e


são aptos a demonstrar a existência de uma dívida, ante a sua devolução e por ter sido
emanado da própria recorrida. Nesse sentido, a Lei n.º 7.357/85, em seu art. 61, prevê
a possibilidade de cobrança do cheque no prazo de 02 (dois) anos em face do
emitente, no caso em tela a ação foi ajuizada em 30/03/2023 para cobrança de
cheques sem fundo cuja última emissão e estorno se deu em 13/09/2021.

. Veja-se que a ação de enriquecimento contra o emitente ou outros obrigados,


que se locupletaram injustamente com o não-pagamento do cheque, prescreve em 2
(dois) anos, contados do dia em que se consumar a prescrição prevista no art. 59 e seu
parágrafo desta Lei. No caso dos autos é inconteste a má-fé da requerida, quando da
emissão do cheque, vez que o emitiu sem a existência de provisão de fundos para
compensação, agindo completamente contra o ordenamento jurídico vigente,
conforme se depreende do Art. 4° da mencionada lei, incidindo, inclusive, em tipo
penal.

Desse modo quando da emissão do título, deveria a requerida contar com


provisão de fundos em sua conta corrente a fim de saldar com o compromisso
pactuado e ainda, usando de má-fé sustou ou revogou os referidos cheques emitidos.
Portanto, verifica-se que a sentença vergastada possui condão extra petita uma
vez que decidiu extrapolando os limites da lide posto que cabe ao devedor o ônus de
desconstituir o título de crédito com prova cabal.

III – DOS PEDIDOS

DIANTE DESSAS RAZÕES, requer a recorrente aos integrantes dessa Egrégia


Corte que, em acolhendo as razões aqui expedidas, seja conhecido e provido o
presente recurso para REFORMAR A SENTENÇA DE EVENTO 16 DESCONSTITUINDO A
MESMA PARA QUE O FEITO VOLTE A SEGUIR SEU CURSO UMA VEZ QUE NÃO HÁ
NECESSIDADE DE COMPROVAÇÃO DA CAUSA DEBENDI AOS AUTOS, NÃO
CONFIGURANDO-SE ASSIM CAUSA PARA EXTINÇÃO DO FEITO SEM JULGAMENTO DO
MÉRITO.

Ao final, requer a condenação do recorrido a custas processuais e honorários


advocatícios, de acordo com o artigo 55 da Lei 9.099/95.

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Lages /SC, 14 de novembro de 2023.

ADVOGADO
OAB/SC

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