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EXCELENTISSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ DE DIREITO DO 2º

JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DO TERMO JUDICIÁRIO DE


SÃO JOSÉ DE RIBAMAR

Processo n.º 0801134-33.2022.8.10.0154

CONDOMÍNIO GRAN VILLAGE ARACAGY II, já qualificado nos autos da


AÇÃO DE EXECUÇÃO (COTA CONDOMINIAL), vem respeitosamente perante
este juízo, oferecer:

CONTRARRAZÕES AO RECURSO INOMINADO

Interposto, na forma do artigo 42, parágrafo segundo, da Lei 9.099/95, requerendo a


remessa dos autos para a superior instância para a manutenção da respeitável sentença
recorrida.

Termos em que,
Pede o deferimento.
São Luís - MA 30/08/2023
Advogado (a): Nathalya Silva Matias
OAB/MA: 20704
CONTRARRAZÕES DO RECURSO INOMINADO

Processo n.º 0801134-33.2022.8.10.0154

2º JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DO TERMO JUDICIÁRIO DE


SÃO JOSÉ DE RIBAMAR

RECORRENTE: CANOPUS CONSTRUÇÕES LTDA


RECORRIDO: CONDOMÍNIO GRAN VILLAGE ARACAGY II

EGRÉGIO COLÉGIO RECURSAL

COLENDA TURMA

ÍNCLITOS JULGADORES

Merece ser mantida integralmente a respeitável sentença recorrida, em razão da


correta apreciação das questões de fato e de direito, conforme restará demonstrado ao
final.

1. DA TEMPESTIVIDADE
De acordo com o disposto no art. 42, parágrafo segundo, da Lei nº 9.099/95, o
Recurso Inominado deverá ser respondido no prazo de 10 dias a contar da intimação do
recorrido. Assim send, considerando que a Recorrida teve ciência da decisão no dia
22/08/2023, verifica-se que as contrarrazões são tempestivas.

2. DOS FATOS
A presente demanda se trata de Ação de Execução de Título Extrajudicial
ajuizada pelo Recorrido em face da Recorrente, com o propósito de recebimento da
quantia de R$ 928,20 (novecentos e vinte e oito reais e vinte centavos), referente às
taxas condominiais da unidade 108, bloco 01, do Condomínio Recorrido.
Nos Embargos apresentados pela Recorrente, esta arguiu preliminarmente a
ilegitimidade passiva ad causam, bem como, requereu a denunciação da lide; e no
mérito, alegou que a responsabilidade pelo pagamento de taxas condominiais ficaria a
cargo do adquirente a partir da disponibilização das chaves.
Contudo, tais alegações foram categoricamente rechaçadas pelo Recorrido em
sede de Impugnação aos Embargos à Execução, uma vez que, tais alegações não
correspondiam a veracidade dos fatos e do direito, motivo pelo qual os referidos
alegações da executada não mereciam prosperar. Por esta razão, ao julgar o feito, o
MM. Juiz a quo proferiu sentença rejeitando os Embargos à Execução, cujo teor da
decisão, segue:
“[...]Rejeito a preliminar de ilegitimidade passiva da executada, haja
vista não ter comprovado de forma hábil a venda e efetiva entrega das
chaves a qualquer pessoa, pois não restou comprovada. A efetiva
entrega das chaves do imóvel à terceira pessoa, nem sua recusa
injustificada em recebê-las. Registra-se que não consta dos autos
quaisquer documentos que comprovem a venda do mencionado
imóvel. No tocante ao requerimento de Denunciação à Lide
(intervenção de terceiro) de suposto comprador do imóvel, O
INDEFIRO, haja vista expressa vedação no Sistema dos Juizados
Especiais, vide art. 10 da Lei nº 9.099/1995. Com efeito, o art. 784,
inciso X, do CPC, passou a considerar como título executivo
extrajudicial o crédito referente às contribuições ordinárias ou
extraordinárias de condomínio edilício, previstas na respectiva
convenção ou aprovadas em assembleia geral, desde que
documentalmente comprovadas, o que possibilitou a satisfação de
referido crédito de forma mais célere, sem a necessidade de passar
pela fase de conhecimento. De todo modo, a execução de cotas
condominiais, como a de qualquer outro título, deve obediência aos
pressupostos específicos do processo executivo, os quais se encontram
previstos no art. 786, do CPC, isto é, o inadimplemento do devedor e a
existência de título certo, líquido e exigível. Para que o título
executivo seja considerado certo, é necessário que não paire dúvidas
acerca da obrigação que deva ser satisfeita, tampouco sobre quem é o
devedor e quem é o credor. Registra-se que a mera alegação de
existência de Contrato de Compra e Venda do Imóvel não é apta para
a comprovação da transferência da posse do bem, sendo
imprescindível a comprovação da imissão na posse pelo seu
adquirente, através do documento de entrega das chaves. Neste pensar,
STJ - Tema Repetitivo nº 886 – REsp 1345331/RS. Diante desse
contexto, constata-se que as taxas condominiais e taxas extras ora
executadas são de responsabilidade da parte embargante CANOPUS
CONSTRUÇÕES Ltda. Diante do exposto, e de tudo mais que dos
autos consta, REJEITO OS EMBARGOS À EXECUÇÃO, pelos fatos
e fundamentos acima expostos. Sem condenação em custas e
honorários, conforme os arts. 54 e 55 da Lei n.º 9.099/95. (...)”.
O Recorrente, interpôs Recurso Inominado, com o fito de postergar a decisão
prolatada pelo juízo Aquo, uma vez que não apresentou nenhum fato novo ou provas
que não fossem de conhecimento do Juízo. Não merecendo guarida as alegações do
Recorrente.

3. EM PRELIMINAR:
3.1. DA COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL
PARA CONHECER DA PRESENTE DEMANDA E DA LEGITIMIDADE
PASSIVA:
Na preliminar do Recurso Inominado apresentado pelo Recorrente, o mesmo alega
não ser o proprietário do imóvel, argumentando ter vendido o mesmo para terceiro,
entretanto, acaba por reconhecer a sua propriedade ao indicar o imóvel como garantia
do Juízo.
Ora Excelência, não se pode ofertar como garantia imóvel que não lhe pertence,
portanto, há de se reconhecer a propriedade do bem com parte da Embargante, ao passo
em que tacitamente reconhece seu vínculo com a unidade autônoma ao indicar a mesma
como garantia do procedimento em tela. Sendo, portanto, o Recorrente parte legítima
passiva, posto não ter apresentado prova hábil da entrega das chaves do imóvel ou
comprovação da recusa injustificada em recebê-las, tampouco havendo qualquer
documento que comprove a venda do mesmo, não cabendo desta forma a denunciação à
Lide.
Portanto, resta reconhecida a competência do Juizado Especial para julgamento da
demanda, uma vez que a presente execução de cotas condominiais, obedeceu aos
pressupostos específicos do processo executivo, os quais se encontram previstos no art.
786, do CPC, isto é, houve a comprovação do inadimplemento do devedor e a existência
de título certo, líquido e exigível, não havendo qualquer dúvida que paire sobre a
obrigação a qual deve ser satisfeita, bem como sobre quem é o seu devedor e credor.
RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. JUIZADO
ESPECIAL. CONTROLE DE COMPETÊNCIA. MANDADO DE
SEGURANÇA. CABIMENTO. IMPETRAÇÃO. TRIBUNAL DE
JUSTIÇA. CONEXÃO. CONTINÊNCIA. REUNIÃO. AÇÕES.
IMPOSSIBILIDADE. FEITO CONEXO. SENTENÇA. PROFERIDA.
SÚMULA Nº 235/STJ. AÇÃO DE COBRANÇA DE OBRIGAÇÃO
CONDOMINIAL. COMPETÊNCIA. MATÉRIA. JUIZADO ESPECIAL.
VALOR DA CAUSA. IRRELEVÂNCIA. PERÍCIA. NECESSIDADE.
COMPLEXIDADE DA CAUSA. INEXISTÊNCIA. 1. Recurso interposto
contra acórdão publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015
(Enunciados Administrativos nºs 2 e 3/STJ). 2. A controvérsia a ser dirimida
no recurso reside em definir se o juizado especial possui competência para
processar e julgar ação de cobrança de obrigações condominiais, tendo em
vista as alegações da parte ré (i) da existência de conexão/continência com
outras demandas anteriormente promovidas perante a Justiça Comum
estadual e (ii) da elevada complexidade da ação, com a necessidade de
realização de prova pericial. 3. Consolidou-se, no âmbito da jurisprudência
deste Tribunal Superior, a orientação no sentido de que se admite a
impetração de writ perante os Tribunais de Justiça dos Estados para o
exercício do controle de competência dos juizados especiais, ficando a cargo
das Turmas Recursais, a teor do que dispõe a Súmula nº 376/STJ, os
mandados de segurança que tenham por objetivo o controle de mérito dos
atos de juizado especial. 4. Nos termos do enunciado da Súmula nº 235/STJ,
inviável a reunião de processos reputados conexos, se um deles já foi
sentenciado. No caso em exame, a alegação da suposta causa de modificação
da competência só foi invocada pela impetrante após a interposição do
recurso inominado contra a sentença primeva, quando da apresentação de
memoriais aos membros da Turma Recursal. Entendimento positivado no art.
55, § 1º, do CPC/2015. 5. A jurisprudência desta Corte é firme no sentido de
que, nos termos do art. 3º, II, da Lei nº 9.099/1995, o juizado especial cível
possui competência para processar e julgar as ações enumeradas no art.
275, II, do CPC/1973 (aquelas submetidas ao antigo rito sumário),
hipótese da demanda ora em análise, de cobrança de taxa condominial
(alínea b do citado dispositivo legal), independentemente do proveito
econômico da pretensão, ainda que haja necessidade de produção de
prova pericial. 6. Recurso ordinário não provido. (RMS 53.927/SC, Rel.
Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA,
julgado em 24/10/2017, DJe 30/10/2017).

Não havendo o que se falar em causa de grande complexidade, ou que exija


elaboração de prova técnica e formal. Além do mais, todo o devido processo legal e o
efetivo contraditório e a ampla defesa foram respeitados na presente Lide, uma vez que
ao Recorrente fora oportunizado a produção de provas que lhe desvinculassem da
Legitimidade Passiva e responsabilidade sobre o débito.
Entretanto, este não apresentou provas contundentes, uma vez que a mera alegação
de existência de Contrato de Compra e Venda do Imóvel não é apta para a comprovação
da transferência da posse do bem, sendo imprescindível a comprovação da imissão na
posse pelo seu adquirente, através do documento de entrega das chaves. Neste sentido é
o posicionamento do STJ em Tema Repetitivo nº 886 – REsp 1345331/RS.
EMBARGOS À EXECUÇÃO – ENCARGOS CONDOMINIAIS –
Obrigação propter rem – Embargante Executada não demonstrou a
transferência da titularidade dos imóveis, tampouco a ciência inequívoca
do Embargado – Exequente Condomínio acerca da imissão dos
promitentes compradores na posse do imóvel – Responsabilidade
solidária da Embargante – Executada (promitente vendedora) pelo
pagamento dos débitos condominiais – SENTENÇA DE
IMPROCEDÊNCIA – RECURSO DA EMBARGANTE –
EXECUTADA IMPROVIDO. TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO
PAULO TJ-SP – APELAÇÃO CÍVEL AC XXXX-11.2022.8.26.0565 São
Caetano do Sul.
Diante desse contexto, conforme já prolatado na sentença do Juízo Aquo, constata-
se que as taxas condominiais e taxas extras ora executadas são de responsabilidade da
parte embargante CANOPUS CONSTRUÇÕES Ltda, respeitando – se na presente
demanda todo o devido processo legal e contraditório, não havendo o que se falar em
causa de grande complexidade fática, ou que exija a produção de prova técnica formal,
tampouco havendo o que se falar em Incompetência do Juízo.

3.2. DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE:


Importa consignar que a presente ação tramita em sede de Juizado Especial, sob a
égide da Lei 9.099/95, onde há a vedação expressa de qualquer espécie de intervenção
de terceiro, nos moldes da previsão legal disposta no artigo 10 da referida Lei.
Ex positis, não há de prosperar a o requerimento formulado pela Embargante, visto
não ser possível em sede de JEC.

4. DA IMPUGNAÇÃO A NOVAS MATERIAS PROBATÓRIAS


APRESENTADAS PELO RECORRENTE:
Conforme se verifica nos autos do processo, O Recorrente ao apresentar o Recurso
Inominado juntou novo documento ao processo (ID 95064064), ocorre que o prazo para
apresentação do mesmo resta precluso. O artigo 435 do CPC informa que é lícito a
apresentação de novos documentos junto ao Recurso Inominado, desde que estes sejam
comprovadamente e evidentemente novos, ou seja, consubstanciados após o prazo
limite, ou ainda, conhecidos, acessíveis e disponíveis tão somente após a Audiência de
Instrução, o que não fora demonstrado no presente caso, não cabendo a sua análise na
presente demanda.
5. DO MÉRITO:
A Recorrente não logrou êxito em comprovar suas alegações, especialmente a suposta
propriedade de terceiro que poderia ser realizada por meio de contrato de promessa de compra e
venda, mantendo-se, por consequência, na condição de legítimo proprietário do imóvel, fato
ratificado pela oferta do bem como garantia do presente Juízo.
Ademais, sequer há nos autos a prova de que a suposta compradora tenha sido convocada
para receber o imóvel.
A Recorrente, em verdade, busca se escusar da responsabilidade que lhe compete nos
termos do artigo 1.336, inciso I, do Código Civil Brasileiro, utilizando de argumentos frágeis e
sem a necessária comprovação.

6. DOS PEDIDOS:
Ante o exposto, REQUER, que essa Egrégia Turma Recursal negue provimento
ao recurso inominado interposto por CANOPUS CONSTRUÇÕES LTDA e que seja
mantida a respeitável sentença do juiz de primeiro grau em todos os termos, como
forma de inteira justiça, caráter inibitório de condutas lesivas e caráter também
educativo.
Requer ainda, os honorários advocatícios em 15% sobre o valor da condenação.

Nestes termos,
pede e espera deferimento.

São Luís – MA, 28/08/2023

Nathalya Silva Matias


OAB – MA: 20.704

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