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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR-RELATOR DO EGRÉGIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DA PARAIBA.

IDOSOS

MAIOR DE 80 ANOS

Autos n. 0823129-07.2023.8.15.0000

MARIA JOSÉ DA SILVA FIGUEIREDO & JURANDIR RAFAEL


DE FIGUEIREDO, agravado, devidamente qualificado na peça vestibular do agravo de
instrumento, por seus advogados in fine assinados, nos autos epigrafados em que contende
contra RITA ANGÊLA ALENCAR LUNA, agravante, também qualificada, vem,
respeitosamente, apresentar suas contrarrazões ao agravo interno, pelos fatos e fundamentos
aduzidos a seguir:

CONTRARRAZÕES AO AGRAVO INTERNO

CONTRARRAZÕES AO AGRAVO INTERNO NO AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº


0823129-07.2023.8.15.0000

Agravante: RITA ANGÊLA ALENCAR LUNA


Agravado: MARIA JOSÉ DA SILVA FIGUEIREDO & JURANDIR RAFAEL DE
FIGUEIREDO

Egrégio Tribunal,
Nobres Julgadores.
I- TEMPESTIVIDADE

1. Extrai-se do caderno processual que a intimação para apresentação de contrarrazões ao


agravo interno foi expedida no sistema eletrônico PJE dia 08/02/2024, vide expediente
(2595492), havendo a ciência automática no dia 19/02/2024, iniciou-se a contagem da
quinzena legal no dia útil subsequente. Com isso, tem-se como termo final para apresentação
das presentes contrarrazões este dia 11/03/2023.

II- BREVE ESCORÇO DOS AUTOS

2. Infere-se da petição de interposição do recurso de agravo de instrumento, que a agravada se


mostra insatisfeito com a tutela jurisdicional prestada pelo d. juízo da 14ª Vara Civel desta
comarca João pessoa-PB., vez que DEFERIU medida liminar pleiteada determinado a
expedição de mandado de despejo para desocupação voluntária do imóvel no prazo de 15 dias
sem a observância as razões postas na petição de reconvenção apresentada pelos agravantes
que foram totalmente desconsideradas, a exemplo da tese de defesa baseada na
impossibilidade de despejo em face do princípio da exceção do contrato não cumprido.

3. Analisando os fundamentos aduzidos pelo agravante, o Excelentíssimo Desembargador


Relator deste Eg. TRIBUNAL, em decisão monocrática, sabiamente reformou a decisão
proferida pelo juízo singular; de ofício, anulando o decisório de 1º grau, cassando a liminar de
despejo outrora deferida pelo juízo a quo, por falta de fundamento posto que a negativa
jurisdicional se caracteriza quando o julgador não examina toda a matéria conflituosa por
meio de fundamentos, o que ocorreu na espécie, pois a r. decisão não foi devidamente
fundamentada quanto a todos os pedidos elencados, violando o art. 93, IX, da CF/1988 e o art.
489 do CPC.

4. Novamente irresignado, o recorrente interpôs agravo interno contra a v. decisão


monocrática proferida pelo Douto Desembargador Relator, requerendo a reconsideração da
decisão agravada afim de tornar sem efeito, ou anular tal decisão.

5. Esta é a síntese da demanda.


II. DA MANUTENÇÃO DA DECISÃO MONOCRÁTICA

6. Ab initio, embora o agravante discorra longamente sobre as obrigações contratuais


supostamente não cumpridas pela agravada, tal argumento não deve prosperar visto que o
imóvel foi dado em locação, porém, tendo o contrato de locação sido sempre cumprido,
porém, posteriormente não conseguiu usufruir do mesmo, havendo interdição parcial do
edifício pela defesa civil e, por isso, em razão da negativa de troca de imóvel pela imobiliária,
deixou de pagar os aluguéis, postulando compensação. (ver trecho)

7. Ademais, o observa que o juízo primevo não observou o princípio da Exceção de contrato
não cumprido, de acordo com documentação colacionada aos autos na peça reconvenção, foi
demonstrado que a parte agravante exigia um cumprimento de obrigação, sem, no entanto,
cumprir com a sua, no sentido de disponibilizar o imóvel pronto para o uso a ser usufruído
integralmente.

8. Ato contínuo, o juízo a quo, ao invés de se pronunciar sobre os documentos colacionados


na reconvenção, simplesmente determinou o despejo dos Agravados, com efeito, Excelência,
resta comprovada a nulidade da decisão por falta de fundamentação, posto que a negativa
jurisdicional se caracteriza quando o julgador não examina toda a matéria conflituosa por
meio de fundamentos, o que ocorreu na espécie, pois a r. decisão não foi devidamente
fundamentada quanto a todos os pedidos elencados, violando o art. 93, IX, da CF/1988 e o art.
489 do CPC.

Neste sentido, a jurisprudência é vasta:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - PROCESSUAL CIVIL


- SENTENÇA - PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO DAS
DECISÕES: OFENSA -FUNDAMENTAÇÃO:
AUSÊNCIA: NULIDADE - PEDIDO INTEGRAL: NÃO
APRECIAÇÃO - SENTENÇA CITRA PETITA:
NULIDADE. 1. A Constituição Federal ( CF) estabelece
que toda decisão judicial deva ser fundamentada, sob pena
de nulidade (art. 93, IX, da CF). 2. A teor do art. 489,§ 1º,
III e IV, do Código de Processo Civil ( CPC)é nula a
sentença por falta de fundamentação que invocar motivos
que se prestariam a justificar qualquer outra decisão, bem
como a que não enfrenta todos os argumentos deduzidos
no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão
adotada pelo julgador. 3. Também é nula a sentença que
não analisa todos os pedidos trazidos pela parte,
consubstanciando-se tal decisão que assim ocorra em citra
petita. 4. A não apreciação do pedido inicial é causa de
nulidade da sentença, insanável em segundo grau de
jurisdição, sob pena de supressão de instância. V.V.
SENTENÇA - EMBARGOS DE DECLARAÇÃO –
FUNDAMENTAÇÃO DEFICIENTE - NULIDADE -
JULGAMENTO DO MÉRITO – CAUSA MADURA. - A
declaração de nulidade da sentença por ausência de
fundamentação ou por vício citra petita não inviabiliza o
julgamento do mérito do recurso pelo Tribunal, quando o
processo estiver em condições de imediato julgamento,
cabendo a aplicação da teoria da causa madura. (TJ-MG -
AC: 10000210366746001 MG, Relator: Oliveira Firmo,
Data de Julgamento: 31/05/2022, Câmaras Cíveis / 7ª
CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 02/06/2022

NO MÉRITO

DA MANUTENÇÃO DA DECISÃO MONOCRÁTICA . DA VIOLAÇÃO AO ARTIGO


476 DO CÓDIGO CIVIL

No mérito, por amor ao debate, em que pese a nulidade insanável demonstrada


acima, infere-se que o comando judicial sequer analisou a questão do princípio da exceção da
obrigação não cumprida.
Assim, prescreve o artigo 476 do CC:
Art. 476. Nos contratos bilaterais, nenhum dos contratantes, antes de cumprida a sua
obrigação, pode exigir o implemento da do outro.
Com efeito, sendo incontroverso, conforme documentação comprobatória nos autos,
no sentido de imóvel locado apresentar inúmeros defeitos, não podendo ser utilizado
integralmente, como por exemplo laudo da defesa civil de ID 61911785, deve ser aplicado o
disposto acima.
Por conseguinte, para não deixar sombra de dúvidas acerca da necessidade de
reforma da decisão, ilustra-se o presente com jurisprudências recentes sobre a impossibilidade
de despejo em face do princípio da exceção do contrato não cumprido,
senão veja-se:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - EMBARGOS À


EXECUÇÃO – PROJETO DE ENGENHARIA -
INSTRUMENTO PARTICULAR ASSINADO POR
DUAS TESTEMUNHAS - NÃO CUMPRIMENTO DA
OBRIGAÇÃO - EXCEÇÃO DE CONTRATO NÃO
CUMPRIDO - APLICAÇÃO - INEXIGIBLIDADE
DA DÍVIDA. 1-Nos contratos bilaterais uma obrigação
somente pode ser exigida após o cumprimento da
contraprestação correspondente - exceção de contrato
não cumprido - art. 476, do Código Civil.
2- Comprovado que não houve cumprimento integral
do instrumento firmado entre as partes, deve ser
aplicada a teoria da exceção de contrato não cumprido,
com acolhimento dos embargos à execução e extinção
do feito executivo, face a inexigibilidade da dívida. (TJ-
MG - AC: 10188170030012001 MG, Relator: Octávio
de Almeida Neves, Data de Julgamento: 20/02/2020,
Data de Publicação: 03/03/2020)

Portanto, nesse contexto, deve ser a decisão MONOCRÁTICA, mantida em todos


os termos, mantendo o EFEITO SUSPENSIVO, COM A SUSPENSÃO DOS EFEITOS DA
LIMINAR DE DESPEJO ATÉ O JULGAMENTO DO MÉRITO DO RECURSO. mantendo-
se irretocada a v. decisão monocrática proferida pelo Douto Desembargador Relator, José
Ricardo Porto.

P. Deferimento.
João Pessoa-PB.

Martinho Cunha Melo Filho


OAB/PB 11.086

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