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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR FEDERAL

PRESIDENTE DO TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 5ª REGIÃO

AUTOS Nº 0814320-11.2021.4.05.0000
RECORRENTE: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - UFPB
RECORRIDO: JOSEFA DE SOUSA COSTA

A PARTE ORA RECORRIDA , através de seus procuradores que esta


subscreve, vem, mui respeitosamente, perante Vossa Excelência, nos autos do
processo em epígrafe, apresentar CONTRARAZÕES AO RECURSO
ESPECIAL, em face da UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - UFPB,
conforme seguem os fundamentos jurídicos a seguir deduzidos, requerendo
seja de plano negado seguimento agravo em comento, pelas razões de fato e
de direito que a seguir expõe:

Nesses termos,

Pede Deferimento.

Nesta cidade, 12 de junho de 2023.

EVANDRO JOSÉ LAGO

OAB/PB 28.442-A

CONTRARRAZÕES AO RECURSO ESPECIAL


Nobre Julgadores!

Não procede o recurso da recorrente.

A recorrente ataca decisão a quo, na qual rejeitou-se os pedidos em


sede recursal.

Não há qualquer reparo a ser feito na r. decisão.

SÍNTESE PROCESSUAL

Em abreviado relato, interpõe a Recorrente Recurso Especial com o


intuito de rever decisão que rejeitou em grau recursal a pretensão da
agravante, no sentido de ser reconhecida a alegação de prescrição da
pretensão executória.

De antemão, infere-se que não merece prosperar os argumentos da


recorrente, pelo que será abordado na sequência.

INADIMISSIBILIDADE RECURSAL

Data venia, a r. decisão de inadmissão do recurso nobre merece


acolhimento, eis que o recurso em comento, não atendeu a todos os
pressupostos de admissibilidade.

Verifica-se que a questão central possui contornos constitucionais,


afastando a competência do Superior Tribunal de Justiça, o que inviabiliza a
admissão do presente Recurso. Veja-se o julgado prolatado pelo STJ em caso
análogo:

"PREVIDENCIÁRIO. BENEFÍCIO. TETO DO SALÁRIO DE


BENEFÍCIO. ECS 20/1998 E 41/2003. REVISÃO. VIOLAÇÃO
AO ART. 535 DO CPC NÃO CONFIGURADA. MATÉRIA
CONSTITUCIONAL. 1. Não há violação do art. 535 do CPC.
Como aventado nos Embargos de Declaração, a Corte
Regional dispôs que, "com relação ao presente feito, o
beneficio de aposentadoria por tempo de contribuição foi
concedido ao autor em 10.08.92, tendo como renda mensal
inicial o valor de R$ 1.616.400,29 (valor em cruzeiros), limitado
ao teto da época". 2. Não é o órgão julgador obrigado a
rebater, um a um, todos os argumentos trazidos pelas partes
em defesa da tese que apresentaram. Deve apenas enfrentar a
demanda, como ocorreu no presente caso, observando as
questões relevantes e imprescindíveis à sua resolução. Nesse
sentido: REsp 927.216/RS, Segunda Turma, Relatora Ministra
Eliana Calmon, DJ de 13/8/2007; e, REsp 855.073/SC, Primeira
Turma, Relator Ministro Teori Albino Zavascki, DJ de
28/6/2007. 3. No mérito, o INSS sustenta que "o julgado ora
recorrido, ao entender pelo direito à majoração do beneficio,
com base apenas no fato de que o salário de beneficio havia
sido tetado na origem findou por violar os artigos que
determinam os tetos prevideniciários, no caso, os arts. 29, § 2º
e 33 da lei 8213/9 1, já que os retirou dos cálculos do beneficio"
(fl. 169/e-STJ). 4. O Tribunal a quo considerou apenas o fato de
a renda mensal inicial ter sido limitada ao teto para
fundamentar as diferenças pleiteadas, e em nenhum momento
determinou a desconsideração dos tetos do salário de
benefício. Incide, por analogia, o óbice da Súmula 284/STF,
segundo a qual TRF2 Fls 270 Assinado eletronicamente.
Certificação digital pertencente a ROY REIS FRIEDE.
Documento No: 392719-72-0-269-5-98873 - consulta à
autenticidade do documento através do site
http://portal.trf2.jus.br/autenticidade 11-Apelação
Cível/Reexame Necessário - Turma Espec. I - Penal,
Previdenciário e Propriedade Industrial 0104742-
91.2015.4.02.5001 (2015.50.01.104742-1) sgr 3 "é inadmissível
o Recurso Extraordinário, quando a deficiência na sua
fundamentação não permitir a exata compreensão da
controvérsia". 5. Por fim, a questão relativa à aplicação dos
tetos das Emendas Constitucionais 20/1998 e 41/2003 possui
contornos constitucionais, tanto que é objeto de decisão sob o
regime da Repercussão Geral na Corte Suprema (RE 564.354,
Rel. Ministra Carmen Lúcia, DJ 15.2.2011). 6. A discussão de
matéria constitucional afasta a competência do STJ, já que o
exame da violação de dispositivos da Constituição Federal é de
competência exclusiva do Supremo Tribunal Federal, conforme
dispõe o art. 102, III, do permissivo constitucional. 7. Recurso
Especial parcialmente conhecido e, nessa parte, não provido."
(Grifos nossos) (REsp 1471480/CE, Rel. Ministro HERMAN
BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 18/11/2014, DJe
05/12/2014)

Embora a impugnação recursal tenha tido por escopo também a


suposta violação à legislação federal, a jurisprudência do STJ entende que a
Súmula 83 não se restringe aos Recursos Especiais interpostos com
fundamento na alínea c do permissivo constitucional, sendo também aplicável
nos recursos fundados na alínea a. (AgRg no Ag 1151950/DF, Rel. Ministra
MARIA ISABEL GALLOTTI, Quarta Turma, julgado em 7/4/2011, DJe
29/4/2011.).
Nesse sentido, manifesta pelo não conhecimento do recurso interposto.

MÉRITO

AUSÊNCIA DE PRESCRIÇÃO - MERO ATO ADMINISTRATIVO

Não há o que falar de prescrição, visto que se trata de mero ato


administrativo.

De acordo com a Lei nº 13.463/2017, em seu parágrafo 3º, cancelado o


precatório ou a RPV, poderá ser expedido novo ofício requisitório, a
requerimento do credor. O parágrafo único do referido artigo proclama ainda
que o novo precatório ou a nova RPV conservará a ordem cronológica do
requisitório anterior e a remuneração correspondente a todo o período.

Observa-se que o presente artigo não limita prazo para a expedição


de nova RPV. Portanto, inexiste prazo legal prescricional para o levantamento
desses valores, sendo isso mero exercício de faculdade, inclusive com
conservação da ordem cronológica do requisitório anterior e remuneração
correspondente a todo o período.

A teor do dispositivo legal acima citado, forçoso reconhecer que,


realizado o depósito pelo executado, esse valor passa para a esfera patrimonial
do beneficiário, devendo ser expedido novo requisitório, porquanto preenchidos
os requisitos legais para tal fim.

Na mesma esteira de raciocínio, temos a jurisprudência do TRF da 5a


Região, in verbis:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EXECUÇÃO CONTRA A


FAZENDA PÚBLICA. HABILITAÇÃO DE HERDEIRA.
PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE. NÃO OCORRÊNCIA.
EXPEDIÇÃO DE RPV. SATISFAÇÃO DA PRETENSÃO
EXECUTÓRIA. AGRAVO NÃO PROVIDO. Cinge-se a
controvérsia trazida aos autos sobre a ocorrência de eventual
prescrição intercorrente. RPV depositada em novembro de
2012 e cancelada em 2017 por força da Lei 13.463/2017. A
referida lei não dispõe sobre um prazo prescricional para a
reexpedição de novo requisitório, de modo que a prescrição
não deve ser simplesmente presumida pelo fato de se ter
decorrido relevante lapso temporal entre o depósito do
precatório e a sua reexpedição. O processo executivo já se
encontra extinto desde a expedição do requisitório de
pagamento. Desta forma não há mais espaço para se
questionar questões inerentes à execução, pois essa fase
processual já se exauriu com a requisição dos valores
exequendos, por meio da expedição do RPV. Agravo de
instrumento não provido. (AGTR 08000886220194050000-
Julgamento em 10/04/2019 - 4a Turma - Relator: Des. Edilson
Nobre)

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO.


CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. PRESCRIÇÃO
INTERCORRENTE. INOCORRÊNCIA. PRETENSÃO
EXERCIDA. DEPÓSITO EFETIVADO. 1. Cuida-se de agravo
de instrumento aviado pela UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL
DE PERNAMBUCO contra decisão proferida pelo Juízo da 3ª
Vara Federal da Seção Judiciária de Pernambuco, que
"indeferiu, em sede de cumprimento de sentença em face da
UFRPE, o pedido de declaração de prescrição intercorrente da
pretensão executória formulado por esta, uma vez que entre a
data de disponibilidade do dinheiro e o requerimento para
expedição de novo ofício requisitório transcorreram mais de
dois anos e meio, determinando a expedição/remessa de novo
ofício requisitório, após o original ter sido cancelado nos termos
da Lei nº 13.463/2017". 2. A prescrição diz respeito à pretensão
não exercida, é dizer, à constatação de que fora ultrapassado
determinado lapso temporal sem que o titular exercesse sua
pretensão, mas tal não acontecera no caso de que se cuida,
conforme restou consignado pelo Juízo de 1º Grau na decisão
ora vergastada. 3. A pretensão executória fora exercida
tempestivamente por meio da petição datada de 10/09/2009 e
restara, inclusive, consumada com a expedição de RPV
(04/11/2014) e depósito dos valores devidos ao exequente
(02/03/2015). 4. Uma vez deduzida a pretensão executória e
realizado o depósito dos valores, como no caso em análise, a
quantia disponibilizada pertence ao exequente, revelando-se
descabida qualquer alegação concernente à prescrição. 5.
Atente-se ao fato de que a própria Lei nº 13.463/2017, a
despeito de prever no art. 2º que "ficam cancelados os
precatórios e as RPV federais expedidos e cujos valores não
tenham sido levantados pelo credor e estejam depositados há
mais de dois anos", estabelece, por outro lado, no art. 3º, que
"cancelado o precatório ou a RPV, poderia ser expedido novo
ofício requisitório, a requerimento do credor". 6. Vê-se,
portanto, que a hipótese prevista no art. 2º da Lei 13.463/2017
justifica-se apenas em razão de o legislador criar previsão legal
apta a autorizar a movimentação de recursos depositados e
paralisados há algum tempo em contas bancárias, mas é
indiscutível que a pretensão executória já fora exercitada,
inclusive com o depósito dos valores e, justo por esse motivo,
não subsiste o argumento do agravante de prescrição ou
prescrição intercorrente. 7. Agravo de instrumento desprovido.
(AGTR 08090328720184050000 - Julgamento em 21/03/2019 -
2a Turma - Relator: Des. Paulo Roberto de Oliveira Lima).

DA SUSPENSÃO PRESCRICIONAL - FALECIMENTO DA PARTE


Sabe-se que com a morte da parte autora suspende-se o andamento
do processo e, via de consequencia, o prazo prescricional, até que ocorra a
habilitação dos herdeiros (Assim era sob a vigência do CPC/73, na redação do
art. 265, I, e continua sendo sob a égide do novo ordenamento jurídico
processual, nos termos do art. art. 313, I, do CPC). Logo, não há que se falar
em prescrição acerca do direito dos herdeiros de se habilitarem nos autos para
fins de recebimento dos valores não recebidos em vida pelo seu titular, porque
não há previsão legal sobre o prazo máximo para tal diligência .

Tal vem sendo o entendimento majoritário da jurisprudência, tendo o


STJ sedimentado a compreensão no sentido de que, na ausência de
previsão legal impondo prazo para a habilitação dos respectivos
sucessores, não há o que falar em prescrição, uma vez que a suspensão
do processo por óbito da parte exequente suspende também o curso do
prazo prescricional da pretensão executiva, não dando ensejo, destarte, à
ocorrência da prescrição, seja da prescrição da pretensão executiva, seja
da intercorrente.

Tem-se, como exemplo, a seguinte ementa:

EMEN: PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. OMISSÃO


NÃO CONFIGURADA. FALECIMENTO DA PARTE
EXEQUENTE. HABILITAÇÃO DE HERDEIRO. AÇÃO
PROPOSTA POR SINDICATO. SUBSTITUTO PROCESSUAL.
PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA.
INOCORRÊNCIA. LEGITIMIDADE DO SINDICATO. 1.
Constata-se que não se configura a ofensa aos arts. 489 e
1.022 do CPC/2015, uma vez que o Tribunal de origem julgou
integralmente a lide e solucionou a controvérsia, em
conformidade com o que lhe foi apresentado. 2. O STJ
sedimentou compreensão no sentido de que a suspensão do
processo por óbito da parte exequente suspende também o
curso do prazo prescricional da pretensão executiva,
observando-se que, por não existir previsão legal de prazo para
a habilitação dos sucessores, não se pode presumir lapso
máximo para a suspensão. Nesse sentido: AgRg no AREsp
523.598/RJ, Rel. Ministro Humberto Martins, Segunda Turma,
DJe 15.8.2014; AgRg no AREsp 282.834/CE, Rel. Ministro Og
Fernandes, Segunda Turma, DJe 22.4.2014; AgRg no AREsp
387.111/PE, Rel. Ministro Ari Pargendler, Primeira Turma, DJe
22/11/2013). 3. Ademais, o STJ possui entendimento de que é
razoável considerar que o sindicato possui legitimidade ativa
para substituir a pensionista diante da natureza do vínculo que
a pensão gera em relação à viúva do servidor, devendo esta
ser incluída, portanto, na categoria representada pelo sindicato,
sendo desnecessária sua efetiva filiação à entidade.
Precedentes: REsp 1.276.388/PR, Rel. Ministro Mauro
Campbell Marques, Segunda Turma, DJe 11/11/2011; AgRg no
REsp 1.224.482/PR, Rel. Ministro Napoleão Nunes Maia Filho,
Primeira Turma, DJe 15/10/2015. 4. Recurso Especial não
provido(STJ - Resp 1827745 - Segunda Turma - Rel. Min.
Herman Benjamin - DJE DATA:11/10/2019).

Doravante, a ausência de notícia acerca do falecimento não


impede a persecução dos atos processuais pelo procurador, sendo
hipótese de incidência do art. 689 do CC, onde se estabelece que são
válidos os atos praticados pelo mandatário, em nome do mandante,
quando aquele ignorar a morte deste, senão vejamos:

Art. 689. São válidos, a respeito dos contratantes de boa-fé, os


atos com estes ajustados em nome do mandante pelo
mandatário, enquanto este ignorar a morte daquele ou a
extinção do mandato, por qualquer outra causa.

Destarte, ressalte-se que, nos termos do precedente recente


firmado pela Primeira Turma, em sua composição ampliada, deve ser
admitido o ajuizamento de execução de sentença por parte do sindicato
substituto, mesmo após o óbito do substituído, ponderando-se que a
propositura de nova demanda executiva pelos sucessores levaria ao
mesmo resultado obtido com a execução proposta pelo sindicato (PJE
0007012.30.2014.4.05.8300, julgamento: 20.10.2021). [TRF5, AG/PB nº
0804518-86.2021.4.05.0000, Rel. Des. Fed. Roberto Machado, Primeira
Turma, Julgamento: 10/02/2022].

Dessa forma, totalmente desarrazoada a alegação do Recorrente.

PEDIDOS

EX POSITIS, e dos melhores de direito, que Vossas Excelências bem


haverão de atender, é a presente para REQUERER o não provimento do
agravo ora contra arrazoado, sendo ainda, confirmada, a decisão de não
conhecimento do Recurso Especial, por ser medida da mais inteira justiça.

Nestes termos,

Pede Deferimento.
Nesta cidade, 12 de junho de 2023.

EVANDRO JOSÉ LAGO

OAB/PB 28.442-A

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