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Retrospectiva Trabalhista 2020

Inclui os principais julgados do STF, TST e STJ de interesse trabalhista, bem como referência aos
principais atos normativos editados no ano
Prof. Raphael Miziara1 (instagram @rmiziara)

Legenda:

Decisões do STF
SbDI-1
SbDI-2
Decisões do TST
SDC
Turmas
Decisões do STJ
Novidades Legislativas
Teses Vinculantes do TST

Janeiro

§ 07/01/2020 – Readaptação para função administrativa depois da alta previdenciária não configura
alteração ilícita, ainda que com redução salarial. O Regional manteve a improcedência da pretensão ao
reconhecimento da rescisão indireta e à estabilidade com fundamento na premissa de que a recolocação da
reclamante em setor administrativo, em razão de haver sido acometida por moléstias que a impediam
definitivamente de exercer as funções de comissária de bordo, para as quais havia sido contratada, não caracteriza
falta grave do empregador, mesmo com a redução salarial e a alteração do convênio médico para categoria
inferior. Não havendo nos autos nenhum elemento que permita concluir que a recolocação da reclamante possa
porventura ter decorrido de eventual reconhecimento, por parte da reclamada, da existência de doença
ocupacional - tendo em vista que tal existência foi negada nos presentes autos -, então a recolocação da
reclamante em setor compatível com sua limitação não caracteriza falta grave do empregador,
correspondendo, na verdade, a uma alternativa juridicamente válida à extinção do contrato de trabalho. Quanto
aos danos morais, o Regional excluiu a indenização com fulcro nas premissas de que não há prova de culpa ou
dolo da reclamada no surgimento da doença psiquiátrica da reclamante; e de que a atividade econômica não
enseja a responsabilidade objetiva da reclamada. Realmente, de acordo com o artigo 256, § 2º, do Código
Brasileiro de Aeronáutica (Lei nº 7.565/86), há apenas uma modalidade de responsabilidade objetiva do
transportador aéreo: é aquela referente a morte ou lesão de tripulante ou empregado “causada por acidente ocorrido
durante a execução do contrato de transporte aéreo, a bordo de aeronave ou no curso das operações de embarque e desembarque”.
Ora, conforme regra elementar de Hermenêutica Jurídica, as exceções não comportam interpretação extensiva; e
dada a natureza excepcional da responsabilidade objetiva em relação à modalidade subjetiva, não há como
pretender-se estender a aplicabilidade do artigo 256, § 2º, do Código Brasileiro de Aeronáutica a eventos que não
decorram de acidentes aéreos, como no caso ora sub judice. (TST-AIRR-1001621-57.2016.5.02.0718, 8ª Turma,
Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 07/01/2020).

§ 07/01/2020 – Comunicar despedida por telegrama, de empregado cujo contrato perdurou por mais de
32 anos, gera danos morais. O comportamento da reclamada ultrapassou os limites do poder diretivo, pois
despedir, por meio de um simples telegrama, um empregado que lhe serviu por mais de 32 anos, com excelente
reputação na empresa, sem qualquer “falta ou advertência apta a manchar sua vida funcional”, configura tratamento que
não pode ser considerado meramente deselegante, mas sim despótico, precisamente porque extrapola os limites
de tolerância de qualquer ser humano. O exercício da atividade econômica, premissa legitimada em um sistema
capitalista de produção, está condicionado pelo art. 170 da Constituição à observância dos princípios nele
enumerados, entre os quais se incluem a valorização do trabalho humano, a existência digna, de acordo com a
justiça social (caput) e a função social da propriedade (inciso III), este último perfeitamente lido como função
social da empresa. Ademais, estabelece vínculo direto e indissociável com os princípios contidos no art. 1º da
Constituição, que fundamentam o Estado Democrático de Direito, entre os quais se incluem os valores sociais
do trabalho e da livre iniciativa (inciso IV), sem se falar na dignidade da pessoa humana (inciso III). Com base
nesses princípios, é possível a limitação do direito potestativo de dispensa, quando a ele se sobrepõe um bem
jurídico relevante, protegido pela ordem jurídica, especialmente constitucional. Demonstrado o dano decorrente
da conduta do empregador, deve ser mantido o acórdão regional que o condenou a indenizá-lo. (TST-Ag-AIRR-
578-73.2015.5.02.0060, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 08/11/2019).

1 Doutorando em Direito (USP). Mestre em Direito (UDF). Especialista em Direito (UCLM – Castilla-La Mancha). Advogado. Professor.

Autor de livros e artigos jurídicos.

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§ 07/01/2020 – São cabíveis honorários advocatícios sucumbenciais no processo do trabalho nos casos de
extinção do processo sem exame do mérito, em razão de pedidos ilíquidos, por aplicação do princípio da
causalidade (TST-RR-1001945-20.2017.5.02.0263, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues,
DEJT 07/01/2020). Também são cabíveis se a extinção do processo sem resolução de mérito se dá em virtude
da homologação do pedido de desistência da ação. (TST-RR-35-04.2018.5.06.0012, 5ª Turma, Relator
Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 07/02/2020).

§ 07/01/2020 – É válida prova emprestada, independentemente da anuência da parte contrária, desde que:
a) houver identidade entre os fatlos a serem provados; e, b) houver respeito ao contraditório na produção
original da prova (TST-Ag-AIRR-11903-29.2016.5.18.0007, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra
Belmonte, 3ª Turma, DEJT 07/01/2020).

§ 07/01/2020 – Ônus da prova quanto à natureza do bem de família é do credor. A pessoa atingida pela
execução não tem o ônus de provar que o imóvel é bem de família, pois compete ao Exequente demonstrar a
existência de outros bens a serem executados. Julgados do TST e do STJ. Não há fraude à execução quando a
alienação do imóvel de sócio ocorre anteriormente à concentração da execução no seu patrimônio. Julgados do
TST e do STJ. (TST-RR-388-80.2014.5.15.0029, 8ª Turma, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi,
DEJT 08/11/2019).

§ 08/01/2020 – O depósito recursal, por ser garantia do juízo, deve ser efetuado pela própria parte que
figura no polo passivo da relação processual, não se admitindo que seja efetuado por pessoa estranha à
lide, ainda que pertencente ao mesmo grupo econômico. (TST-AIRR-10270-92.2017.5.15.0051, Relatora
Ministra: Dora Maria da Costa, 8ª Turma, DEJT 07/01/2020).

§ 08/01/2020 – Empresas não podem pesquisar dados de crédito de candidatos ao emprego (no caso,
motorista) (TST-Ag-RR-1109-68.2012.5.10.0020, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, DEJT
08/11/2019). Há outras decisões turmárias no mesmo sentido. Contudo, advirta-se que a matéria está pendente
de julgamento e definição na SBDI-1 do TST (vide dia 17/08/2020 desta retrospectiva).

§ 08/01/2020 – Empresa não precisa observar piso normativo de categoria diferenciada se não participou
das negociações. Na hipótese, o Tribunal Regional entendeu que o empregado integrante de categoria
profissional diferenciada tem o direito de haver de seu empregador as vantagens previstas no instrumento
coletivo que regula o seu segmento específico, sendo irrelevante a participação da empresa ou de seu
representante sindical na celebração do ajuste normativo. Por isso, deferiu à reclamante as diferenças salariais
previstas nas convenções coletivas da categoria profissional dos empregados em estabelecimento de serviços de
saúde no Município de Campos, mesmo sem prova de que a empresa tenha participado dos referidos ajustes.
Mas, a decisão regional não se harmoniza com o entendimento predominante nesta Corte, de que o empregado
integrante de categoria diferenciada não pode obter vantagens previstas em instrumento coletivo de
cuja negociação a empregadora não tenha tomado parte, conforme orienta a Súmula 374 do TST. (TST-
ARR-10613-66.2014.5.01.0283, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT
25/10/2019).

§ 08/01/2020 – Não faz jus ao adicional de periculosidade motorista que apenas acompanha o
abastecimento. A NR-16, que trata sobre a periculosidade, menciona sua caracterização na hipótese de
abastecimento de veículo. O TST fixou jurisprudência no sentido de que o adicional só é devido na hipótese
em que o empregado participe efetivamente do abastecimento, operando a bomba de combustível. Com
isso, os empregados que apenas acompanham o abastecimento e durante este permanecem na área de risco, não
tem direito ao adicional. A súmula 447 do TST, inclusive, nega o adicional para os tripulantes de aeronave que
permanecem a bordo durante o abastecimento. O mesmo raciocínio é aplicado ao motorista de transporte
rodoviário. A própria SBDI-1 do TST tem entendido ser indevido o adicional de periculosidade no caso de o
motorista apenas acompanhar o abastecimento do veículo, sob o fundamento de que o Quadro 3 do Anexo 2 da
NR 16 do Ministério do Trabalho, ao classificar as atividades perigosas realizadas na operação em postos de
bombas de abastecimento de inflamáveis líquidos, refere-se apenas ao “operador de bomba e trabalhadores que operam
na área de risco”. (TST-RR-754-03.2014.5.12.0030, 1ª Turma, Relator Ministro Luiz José Dezena da Silva, DEJT
08/01/2020).

§ 08/01/2020 – É deserto o recurso quando o recorrente junta apenas o comprovante de agendamento do


depósito recursal, pois “deve ser feito e comprovado no przo alusivo ao recurso” (súmula nº 245 do TST) (TST-Ag-
AIRR-855-35.2014.5.03.0048 Data de Julgamento: 18/12/2019, Relator Ministro: Luiz José Dezena da Silva, 1ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 08/01/2020).

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§ 09/01/2020 – Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ação de cobrança de honorários
advocatícios não repassados ao empregado. Discute-se o direito de advogado aos honorários de
sucumbência, a que ele teria direito em razão da atuação como advogado empregado do Banco do Brasil. Se esses
honorários não forem pagos e, virtualmente, são devidos, é a obrigação do Banco do Brasil, como empregador,
que está sendo, em última análise, debatida, porque esses honorários, embora tivessem sido passados para a
associação, não foram repassados para os advogados. O fato de haver essa intermediação pela associação não
tem o condão de descolar a parcela de sua origem no vínculo de emprego e, portanto, afastar a competência da
Justiça do Trabalho. Assim, apesar do aspecto sutil, a compreensão é de que o que se está a tratar é
substancialmente de honorários advocatícios devidos pelo Banco do Brasil que não foram repassados para o
autor que, na condição de advogado-empregado, estava em licença-médica. E, por essa razão, a competência,
independentemente da intermediação pela associação, é da Justiça do Trabalho. (TST-E-RR-159700-
88.2010.5.16.0002, SBDI-1, Redator Ministro Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 16/08/2019).

§ 10/01/2020 – A redução do percentual da “Gratificação de Regência de Classe” dos professores


municipais trata-se de alteração lesiva, vedada pelo 468 da CLT. A gratificação havia sido estabelecida em
40% pela Lei Municipal 2.396/2000, que dispõe sobre o Plano de Carreira e Remuneração para o magistério e
demais trabalhadores da educação do município. Porém, em 2011, a Lei Complementar Municipal 46 reduziu-a
para 15%. Na hipótese, o Regional reputou válida a redução do percentual da gratificação de regência de classe
recebida pela reclamante, de 40% para 15%, sob o fundamento de que o município reclamado estaria vinculado
ao cumprimento da lei. Por conseguinte, entendeu como indevidas as diferenças salariais decorrentes da alteração
do em epígrafe. Ao assim decidir, adotou posição dissonante com a jurisprudência do TST, incorrendo em
violação do artigo 468 da CLT. (TST-RR-2223-64.2011.5.12.0006, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme
Augusto Caputo Bastos, DEJT 22/11/2019).

§ 10/01/2020 – É lícita a gravação feita por terceiro que não participa da conversa, desde que com
autorização de um dos interlocutores. A discussão dos autos não se refere à interceptação telefônica, a qual é
feita por terceiro que não participa da conversa, mas de “gravação feita por um dos interlocutores (ou com autorização
deste), no caso, a esposa do autor”, por meio da qual se comprovaria que a reclamada estava repassando informações
negativas a seu respeito [reclamante] para outras empresas onde estava prestando processo seletivo”. O diálogo
entre a esposa do reclamante e o preposto da reclamada, responsável por prestar informações sobre ex-
empregados, também não se insere em causa legal de sigilo ou de reserva de conversação para ser inadmitido
como prova. Se houvesse vedação, seria em favor do reclamante, sobre quem versava a conversa, e não da
reclamada, como entendeu equivocadamente o Regional, ao concluir pela ilicitude da prova. Registrou o Tribunal
a quo que a gravação não foi utilizada em proveito da esposa do reclamante (interlocutora que realizou a
gravação), “e sim de terceiro (autor), que não participou da conversa”, sendo diversa da hipótese decidida no RE-
402.717/PR, na qual se concluiu pela licitude da gravação. Quanto à gravação utilizada como prova, a Suprema
Corte, nos autos do RE-583.937-RJ, Tema nº 237 da Tabela de Repercussão Geral, em acórdão da relatoria do
Exmo. Ministro Cezar Peluso (DJE 18/12/2009), reafirmou a jurisprudência daquela Corte (fundamentos
expendidos na decisão proferida no RE-402.717/PR), fixando a tese: “é lícita a prova consistente em gravação ambiental
realizada por um dos interlocutores sem o conhecimento do outro”. Impõe ressaltar que, na fundamentação do acórdão do
RE-402.717/PR (DJe 13/2/2009), cujos fundamentos foram ratificados em decisão com caráter vinculante
(repercussão geral), o STF destacou que “já proclamou esta Corte, em hipótese em certo sentido até mais singular, onde se
discutia a licitude do uso do teor de conversa telefônica por quem alegava ter sido vítima de crime cometido de um dos interlocutores, o
qual desconhecia a gravação feita por terceiro com autorização do outro” (destacou-se), referindo-se à analogia entre "causa
excludente de injuridicidade da ação" e "legítima defesa", adotada no acórdão proferido no HC nº 74.678 (DJ
15/8/97), relatado pelo Exmo. Ministro Moreira Alves. Nesse habeas corpus, discutia-se a “utilização de gravação
feita por terceiro com autorização de um dos interlocutores sem o conhecimento do outro”, em que se decidiu
pela licitude da prova, com fundamento em “causa excludente da antijuridicidade da ação”, em que a vítima de
extorsão pretendia comprovar a prática do referido crime pelo interlocutor (fiscal de rendas), que não tinha
conhecimento da gravação. In casu, o reclamante defendia seu direito de personalidade, pretendendo comprovar a
prática de ato ilícito pela reclamada (prestação de informações desabonadoras contra ele). Salienta-se que, se o
reclamante solicitasse à reclamada informações (como empregador interessado na sua contratação), “sua voz seria
reconhecida pelo chefe e pelos colegas de trabalho”, que não prestariam informações. Somente por meio de
ligação telefônica feita por outra pessoa seria possível a produção da prova. Nesse contexto, a exigência de que o
reclamante fosse um dos interlocutores da conversa gravada inviabilizaria a produção da prova do fato
constitutivo do direito daquele e a pretendida proteção jurisdicional de direitos da personalidade. Por outro lado,
o direito à privacidade da reclamada não é absoluto para cercear a defesa do reclamante, que também busca
preservar sua intimidade, privacidade, honra e imagem. Ao contrário do entendimento adotado pelo Regional, a
Suprema Corte não exige que a gravação seja utilizada, em Juízo, em proveito de quem a realizou para
ser considerada lícita, mas que tenha sido realizada por um dos interlocutores da conversa, no caso, a
esposa do reclamante. A situação se assemelha à destacada pelo Exmo. Ministro Moreira Alves (HC nº 74.678),
em que “seria uma aberração considerar como violação do direito à privacidade a gravação pela própria vítima,
ou por ela autorizada, de atos criminosos, como o diálogo com sequestradores, estelionatários e todo tipo de

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achacadores” (destacou-se). Diante do exposto, a gravação de conversa por um dos interlocutores (esposa do
reclamante), a despeito do desconhecimento pelo outro interlocutor (empregado da reclamada), a fim de repelir
conduta ilícita do outro, é lícita, não se enquadrando na vedação constante do artigo 5º, incisos LVI e XII, da
Constituição Federal, uma vez que constitui exercício regular do direito e de legítima defesa (artigo 5º, inciso LV).
(TST-RR-1279-63.2012.5.09.0668, 2ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 22/11/2019).

§ 13/01/2020 – Personal Trainer não consegue vínculo de emprego com academia. Não se desconhece a
jurisprudência desta Corte no sentido de que, admitida a prestação do serviço, é ônus do reclamado comprovar
que a relação jurídica se desenvolveu sob forma diversa da empregatícia. Ocorre que, em hipóteses como a dos
autos, sabe-se que a própria natureza dos serviços prestados (personal trainer) sugere grau considerável de
autonomia, de modo que descabe o reconhecimento da subordinação por presunção. Se não bastasse, é
possível se extrair elementos do v. acórdão que indicam ser o caso de parceria comumente estabelecida no ramo
de atividades físicas, no qual profissional da área, com CNPJ ativo, se beneficia de local já equipado e adequado
para o desempenho de sua atividade de personal trainer, não consubstanciando a ausência de contrato escrito óbice
ao reconhecimento da relação de cunho civil. Destaca-se que a prova testemunhal, conforme descrito no v.
acórdão, consignou afastamento espontâneo da reclamante por uma semana, não havendo registro de qualquer
advertência ou punição pelas ausências, o que indica a presença de autonomia para a prestação do serviço. Não
verificado qualquer elemento de que o labor era desempenhado com subordinação, tem-se por indevido o
reconhecimento do vínculo empregatício. (RR-21797-94.2015.5.04.0252, 5ª Turma, Relator Ministro Breno
Medeiros, DEJT 06/12/2019).

§ 13/01/2020 – As comissões devidas ao representante comercial autônomo devem ser calculadas sobre o
valor da venda à vista, sem acréscimo dos encargos do financiamento decorrentes de venda a prazo.
Não era a reclamada quem financiava a venda a prazo para os seus clientes, mas sim a instituição financeira, que
repassava àquela apenas o valor da mercadoria à vista e recebia os juros decorrentes do financiamento. O artigo
2º, caput, da Lei nº 3.207/57, que regulamenta as atividades dos empregados vendedores, assim dispõe: “Art 2º
O empregado vendedor terá direito à comissão avençada sobre as vendas que realizar. No caso de lhe ter sido reservada
expressamente, com exclusividade, uma zona de trabalho, terá esse direito sobre as vendas ali realizadas diretamente pela empresa ou
por um preposto desta”. Ainda, o artigo 32, § 4º, da Lei nº 4.886/65, que regulamenta a atividade do representante
comercial autônomo, estabelece que as comissões deverão ser calculadas pelo valor total das mercadorias. Por
valor total das mercadorias não se pode entender tratar-se do preço da venda acrescido dos encargos decorrentes
do financiamento, como os juros, mormente em hipóteses como a dos autos, em que não era a tomadora dos
serviços deste representante comercial autônomo, empresa representada, que financiava o negócio, mas sim
distinta instituição financeira sem qualquer vínculo com a primeira e que entabulava outro negócio jurídico com
o cliente comprador. Com efeito, os encargos decorrentes do financiamento não são revertidos à empresa
representada, que recebe apenas o valor da mercadoria. Beneficiam, pois, apenas a instituição
financeira, que não possui nenhum vínculo com o representante comercial, mas sim com o cliente.
Além disso, esses acréscimos não são fruto direto do trabalho prestado pelo autor, cujo esforço foi
concentrado na venda do produto pelo preço oferecido por quem ele representa. Segundo se observa do
artigo 884 do Código Civil, considera-se enriquecimento sem causa a vantagem econômica auferida sem
substrato jurídico, aumentando o patrimônio do beneficiário sem nenhum elemento jurídico capaz de justificá-la,
em detrimento do injustificado empobrecimento de alguém. Assim, embasado no fundamento de que não é
possível se enriquecer sem uma causa lícita, todo pagamento feito sem que seja devido deverá ser restituído.
Ademais, faz-se relevante diferenciar a relação jurídica travada entre o representante comercial e a empresa
representada, de intermediação da venda com o cliente, com o negócio firmado entre este e a instituição
financeira concedente do empréstimo, da qual o autor nem sequer participou nem colaborou diretamente para
acontecer, tratando-se, pois, de relações distintas. Assim, considerando que os contratos em geral devem ser
interpretados conforme a boa-fé, nos termos do artigo 422 do Código Civil, e tendo em vista a vedação ao
enriquecimento sem causa prevista no artigo 884 do mesmo Código, as comissões devidas ao representante
comercial autônomo devem ser calculadas sobre o valor da venda à vista, salvo estipulação em contrário. (TST-
E-RR-1846-18.2011.5.03.0015, SBDI-1, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 06/12/2019).2

§ 13/01/2020 – Justiça do trabalho é competente para julgar ACP em face da Itaipu binacional. Consoante
preceitua o artigo 102, inciso I, alínea “e’, da CRFB/88, cabe ao STF processar e julgar originariamente “o litígio
entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distrito Federal ou o Território”. Com fundamento
no citado dispositivo constitucional, o Plenário do STF reconheceu a competência originária daquela Corte em
ACP cujas partes litigantes eram o MPF, órgão da União, e a Itaipu Binacional (Reclamação nº 2.937-PR). Na
oportunidade, a discussão envolveu a imposição unilateral de legislação brasileira à empresa binacional em

2 Neste caso, a SBDI-1 reformou a decisão da Turma cujo entendimento foi sentido de que o art. 2º da Lei nº 3.207/57 não faz distinção

entre o preço à vista e o preço a prazo, tampouco a norma trata do contrato de financiamento entre o consumidor e a empresa nas
vendas a prazo. Assim, para a Turma, as comissões deveriam incidir sobre o valor da mercadoria vendida. (RR-1846-18.2011.5.03.0015, 5ª
Turma, Relator Ministro Emmanoel Pereira, DEJT 28/08/2015).

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assuntos de interesse comum, mas não controvérsia decorrente da relação de trabalho, como in casu. Por haver
interesse direto da República do Paraguai, que seria afetado em caso de sentença condenatória, reconheceu-se a
competência originária do STF, nos exatos termos do artigo 102, inciso I, alínea “e”, da CRFB/88. Por sua vez, o
artigo 114, inciso I, da CRFB/88 diz respeito à competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar as
ações trabalhistas que envolvam os entes de direito público externo. Nesses termos, compete à Justiça do
Trabalho julgar “as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público externo e da administração
pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”, bem como “outras controvérsias
decorrentes da relação de trabalho, na forma da lei”. A discussão destes autos cinge-se à relação de trabalho, cujos
empregados aqui contratados seguem o regime da CLT. Não diz respeito à empresa na sua condição
binacional, o que significa que os interesses da República do Paraguai, bem como sua soberania e
territorialidade, não serão afetados por eventual decisão proferida nesta causa. Inconteste, portanto, que a
matéria discutida nestes autos, envolvendo a Itaipu Binacional e o preenchimento das cotas de pessoas com
deficiência ou reabilitadas é de natureza trabalhista, o que atrai a competência desta Justiça especializada para
processar e julgar o feito, nos termos do artigo 114 da CRFB/88. Trata-se de competência em razão da matéria.
Tal competência também está prevista no Tratado de Itaipu e documentos conexos. A Itaipu é entidade
binacional, constituída a partir de um tratado internacional firmado em 1973 entre a República Federativa do
Brasil e a República do Paraguai, cuja finalidade é realizar o aproveitamento dos recursos hídricos do Rio Paraná
pertencentes em condomínio aos dois países. Diante do que definido no referido tratado, a contratação de
pessoal e as questões trabalhistas deverão ser sanadas pelas normas internas de cada país. Nesta seara, a
responsabilidade de uma parte não repercute na esfera binacional nem interfere na legislação da outra parte que
não realizou as contratações. Logo, se a demanda é oriunda da relação de trabalho, mesmo figurando ente de
direito público externo na relação processual, compete à Justiça do Trabalho a solução do conflito. Não
havendo repercussão jurídica ou patrimonial para a República do Paraguai, a Justiça do Trabalho é
competente para processar e julgar a presente ação civil pública ajuizada pelo MPT. Desta forma, a
decisão proferida pelo STF na Reclamação nº 2.937-PR não alcança a competência da Justiça do Trabalho. (TST-
RR-485-83.2010.5.09.0095, 2ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 22/11/2019).

§ 14/01/2020 – Se a empresa demonstra inequivocamente a adoção de todas as medidas necessárias para


o cumprimento da cota de deficientes ou rebilitados não pode ser condenada caso tal cota não seja
atendida. O TST entende que a CLT aos empregados da Itaipu quando houver lacuna no tratado internacional e nos
casos em que se revelar mais benéfica ao trabalhador, em atenção ao princípio da norma mais favorável que norteia o
Direito do Trabalho. Na linha dos precedentes desta Corte, e considerando-se que o tratado internacional não
regula todos os aspectos da relação de trabalho, não há dúvidas de que normas internas, tais como a Lei nº
8.213/91, têm plena aplicabilidade ao caso dos autos, mormente por envolver questão de ordem pública mais
favorável ao trabalhador. O legislador, em nítida ação afirmativa, estabeleceu no artigo 93 da Lei nº 8.213/91 que
as empresas com 100 ou mais empregados estão obrigadas a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com
trabalhadores deficientes ou reabilitados. Depreende-se do citado dispositivo de lei que a reserva dessas vagas
não é para qualquer empregado com deficiência, e sim para aqueles trabalhadores reabilitados ou
deficientes que possuam alguma habilidade para o trabalho, ou seja, cuja deficiência permita o
exercício de uma atividade laboral. Depreende-se do acórdão regional que a empresa logrou comprovar a
adoção de todas as medidas cabíveis para preencher as cotas destinadas às pessoas com deficiência física ou
reabilitadas, nos termos do artigo 93 da Lei nº 8.213/91, entretanto não conseguiu preencher o percentual
mínimo de reserva legal. Assim, não há como puni-la pelo não preenchimento da totalidade das cotas
estabelecidas. Não se pode penalizar a empresa que buscou, embora sem êxito, preencher a cota
prevista no artigo 93 da Lei nº 8.213/91. A aplicação do citado dispositivo não pode se distanciar do princípio
da razoabilidade, notadamente quando demonstrada a dificuldade de encontrar profissionais com deficiência e
habilitados para o preenchimento do cargo. Por sua vez, o artigo 93 da Lei nº 8.213/91 não especifica as
condições de cumprimento da cota legal, assegura tão somente o percentual de contratação de empregados
com deficiência. Ocorre que a improcedência da pretensão não exonera a reclamada ad aeternum da obrigação
legal de promover a admissão de pessoas com deficiência ou reabilitadas, nos termos da lei. As ações inibitórias
visam não apenas enfrentar um descumprimento atual, mas também prevenir descumprimentos futuros do
comando legal. Seu objetivo é exatamente intervir nas relações jurídicas continuativas e prevenir a prática das
lesões, qualificando e reforçando a sanção prevista na lei, o que significa dizer que, no futuro, a Itaipu Binacional
continuará obrigada a contratar empregados com deficiência, nos exatos termos do artigo 93 da Lei nº 8.213/91.
Não se trata de um salvo-conduto. As consequências jurídicas são relevantes e, no caso, não seria necessária a
interposição de nova ação civil pública. É caso típico de aplicação do artigo 505, inciso I, do CPC de 2015,
segundo o qual “nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas relativas à mesma lide, salvo: I - se, tratando-se de
relação jurídica de trato continuado, sobreveio modificação no estado de fato ou de direito, caso em que poderá a parte pedir a revisão
do que foi estatuído na sentença”. Se, contingencialmente, a empresa não pode ser sancionada por descumprimento do
dispositivo legal porque demonstrou e comprovou fato impeditivo, para o futuro subsiste a tutela inibitória
necessária, independentemente de já ter ocorrido o dano e independente de o réu incorrer em dolo ou culpa.
(TST-RR-485-83.2010.5.09.0095, 2ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 22/11/2019).

5
§ 14/01/2020 – Ministro Alexandre de Moraes, do STF, julga incabível Mandado de Injunção impetrado
por empregada celetista alegando ausência norma que regulamente a licença em razão de familiar
portador de doença grave, no âmbito dos contratos de trabalhos regidos pela CLT. O art. 5°, inciso
LXXI, da Constituição Federal prevê que se concederá mandado de injunção sempre que a falta de norma
regulamentadora torne inviável o exercício de direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à
nacionalidade, à soberania e à cidadania. Trata-se de ação constitucional autoaplicável, de caráter civil e de
procedimento especial, que visa a suprir uma omissão do Poder Público, no intuito de viabilizar o exercício de
um direito, uma liberdade ou uma prerrogativa prevista na Constituição Federal, visando a afastar o que Aricê
Moacyr Amaral Santos aponta como a inércia da norma constitucional, decorrente da omissão normativa
(Mandado de injunção. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1989. p. 31), ou no dizer de Canotilho, buscando
destruir o rochedo de bronze da incensurabilidade do silêncio legislativo (As garantias do cidadão na justiça.
Coord. Sálvio de Figueiredo Teixeira. São Paulo: Saraiva, 1993. p. 367). Em outras palavras, como tive
oportunidade de afirmar, o mandado de injunção visa ao combate à síndrome de inefetividade das normas
constitucionais (Direito constitucional. 33. Ed. São Paulo: Atlas, 2017. p. 183). As normas constitucionais que
permitem o ajuizamento do mandado de injunção não decorrem de todas as espécies de omissões do Poder
Público, mas tão somente daquelas que têm relação com as normas constitucionais de eficácia limitada de
princípio institutivo de caráter impositivo e das normas programáticas vinculadas ao princípio da legalidade, por
dependerem de atuação normativa ulterior para garantir sua aplicabilidade. Assim, sempre é necessária a presença
dos requisitos do mandado de injunção, que são (a) a falta de norma reguladora de uma previsão constitucional
(omissão total ou parcial do Poder Público); (b) inviabilização do exercício dos direitos e liberdades
constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Ressalte-se, portanto, que
o cabimento do mandado de injunção pressupõe a existência de nexo de causalidade entre a omissão normativa
do Poder Público e a inviabilidade do exercício do direito, liberdade ou prerrogativa, conforme decidido por esta
Corte: DIREITO SUBJETIVO À LEGISLAÇÃO E DEVER CONSTITUCIONAL DE LEGISLAR. A
NECESSÁRIA EXISTÊNCIA DO PERTINENTE NEXO DE CAUSALIDADE. O direito à legislação só
pode ser invocado pelo interessado, quando também existir - simultaneamente imposta pelo próprio texto
constitucional - a previsão do dever estatal de emanar normas legais. Isso significa que o direito individual à
atividade legislativa do Estado apenas se evidenciará naquelas estritas hipóteses em que o desempenho da função
de legislar refletir, por efeito de exclusiva determinação constitucional, uma obrigação jurídica indeclinável
imposta ao Poder Público. Para que possa atuar a norma pertinente ao instituto do mandado de injunção, revela-
se essencial que se estabeleça a necessária correlação entre a imposição constitucional de legislar, de um lado, e o
consequente reconhecimento do direito público subjetivo à legislação, de outro, de tal forma que, ausente a
obrigação jurídico-constitucional de emanar provimentos legislativos, não se tornará possível imputar
comportamento moroso ao Estado, nem pretender acesso legítimo à via injuncional. Precedentes (MI 542, Rel.
Min. Celso de Mello, Plenário, DJ de 28/6/2002). Não é o que ocorre na presente hipótese, uma vez que o
impetrante, trabalhador da iniciativa privada, pretende obter – a título de equiparação com o regime jurídico dos
servidores públicos civis da União – benefício previsto no art. 81, inciso I, da Lei 8.112/90. Logo, evidencia-se
pretensão incompatível com a via do mandado de injunção, dada a ausência de previsão constitucional, cuja
eficácia dependa de norma regulamentadora (MI 6976, Rel. Min. Roberto Barroso, DJe de 8/10/2018; MI 6875,
Rel. Min. Marco Aurélio, DJe de 2/10/2019). É, portanto, incabível o presente mandado de injunção (STF-MI nº
7273).

§ 14/01/2020 – Inscrição do nome de empregado em cadastros restritivos de crédito gera danos morais.
Hipótese em que o Tribunal Regional indeferiu o pedido de indenização por danos morais, por considerar que a
indevida inclusão do nome da reclamante no cadastro de devedores do SERASA, constitui mero aborrecimento.
No caso, foi fixada a premissa fática de que a trabalhadora teve seu nome incluso indevidamente no cadastro de
devedores do SERASA, por ato de responsabilidade da empregadora, o que por si só configura o prejuízo ao
patrimônio moral da empregada, o que torna impositiva a condenação em danos morais. (TST-RR-510-
62.2010.5.06.0004, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, DEJT 22/11/2019).

§ 14/01/2020 – Publicada pelo Governo Federal a Portaria nº 950, de 13 de janeiro de 2020, que dispõe sobre
normas complementares relativas ao Contrato de Trabalho Verde e Amarelo, conforme previsto no art. 18 da
MP nº 905, de 11 de novembro de 20193.

§ 16/01/2020 – Atraso no pagamento de verbas rescisórias, por si só, não gera danos morais. O Tribunal
Regional condenou a reclamada ao pagamento por danos morais em razão do inadimplemento das verbas
rescisórias. A jurisprudência do TST entende ser incabível a condenação ao pagamento de danos morais pelo
mero atraso ou inadimplemento de verbas rescisórias, sendo necessária a efetiva comprovação do prejuízo
daí decorrente. Precedentes. (TST-RR-21-69.2014.5.15.0154, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena
Mallmann, DEJT 19/11/2019).

3 Referida MP posteriormente teve sua vigência encerrada.

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§ 20/01/2020 – Beneficiária da justiça gratuita deve pagar custas por faltar injustificadamente à
audiência. Merece reforma o acórdão regional que excluiu a condenação da reclamante, beneficiária da justiça
gratuita, ao pagamento das custas processuais, em que pese a sua ausência injustificada à audiência, por implicar
em afronta literal ao artigo 844, § 2º, da CLT. (RR-1000216-69.2018.5.02.0021, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora
Maria da Costa, DEJT 13/12/2019).

§ 22/01/2020 – O recolhimento do depósito recursal é válido desde que a guia contenha dados suficientes
para vinculá-la ao processo em referência. No presente caso, a Guia de Depósito Judicial anexada contém o
número do processo, a Vara do Trabalho de origem e o correto valor do depósito necessário à época, na forma
da Súmula nº 128, I, do TST, além de nome e CNPJ da reclamada como responsável pelo recolhimento;
portanto, à luz do quanto já decidido por esta Turma, o documento denominado “comprovante de pagamento de
boleto”, que contém autenticação bancária e o número do código de barras idêntico àquele constante da guia
retromencionada, é suficiente para demonstrar a correta satisfação do preparo do recurso ordinário da reclamada.
(RR-11268-57.2015.5.01.0039, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 22/11/2019).

§ 27/01/2020 – Unesco tem imunidade absoluta de jurisdição. Conforme jurisprudência sedimentada na OJ


nº 416 da SBDI-1, impõe-se reconhecer a imunidade absoluta de jurisdição aos organismos internacionais
quando amparados em norma internacional incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro, como no caso da
Unesco. Violação do art. 5º, § 2º, da CRFB/88 reconhecida. (TST-ReeNeceRO-3523-70.2010.5.10.0000, SBDI-1,
Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, DEJT 13/12/2019).

§ 28/01/2020 – Estabilidade acidentária não se estende ao segundo emprego. O art. 118 da Lei nº 8.213/91
é claro ao vincular a manutenção do contrato de trabalho do acidentado à empresa em que ocorrido o infortúnio,
inclusive em se tratando de acidente de trajeto (artigo 21, IV, da Lei nº 8.213/91). Nesse contexto, ao reconhecer
a estabilidade do autor em face de empresa alheia ao acidente ocorrido, com quem mantinha um contrato de
trabalho simultâneo, a decisão ofendeu literalmente o artigo 118 da Lei nº 8.213/91. (TST-RR-36-
40.2016.5.22.0003, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 13/12/2019).

§ 28/01/2020 – Mandado de segurança é incabível para atacar decisão que reconsidera arquivamento de
reclamação trabalhista de empregado faltante à audiência. Cuida-se de mandado de segurança aviado
contra decisão em que acolhido pedido de reconsideração do arquivamento da reclamação trabalhista, na forma
do art. 844 da CLT, ante a apresentação de atestado médico por parte do reclamante, ora Litisconsorte, bem
como determinada a reinclusão do feito na pauta de audiência inaugural. A ordem foi concedida no Regional, por
violação do art. 494 do CPC, em que consagrada a preclusão “pro judicato”, também objeto do art. 836 da CLT.
Na forma do art. 5º, II, da Lei 12.016/2009, o mandado de segurança não representa a via processual adequada
para a impugnação de decisões judiciais passíveis de retificação por meio de recurso, ainda que com efeito
diferido (OJ nº 92 da SBDI-2 do TST). No caso concreto, o reclamante esteve ausente à audiência inaugural, no
que resultou o arquivamento do processo, nos termos do art. 844 da CLT. No dia seguinte, o reclamante
apresentou petição, acompanhada de atestado médico, em que requereu a reconsideração daquela decisão, o que
foi acolhido pelo juízo com o desarquivamento da ação e a reinclusão do feito em pauta. Nesse contexto, o
inconformismo da reclamada, ora impetrante, deve ser externado na própria reclamação trabalhista, mediante a
arguição de nulidade em contestação e, em caso de não acolhimento na sentença de mérito, pode ser renovado
como matéria preliminar em recurso ordinário, (arts. 893, § 1º, e 895, I, da CLT). Havendo no ordenamento
jurídico medida processual idônea para corrigir a suposta ilegalidade cometida pela autoridade apontada como
coatora, resta afastada a pertinência do mandado de segurança. (TST-RO-602-71.2018.5.06.0000, SBDI-2,
Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 22/11/2019).

§ 31/01/2020 – É cabível a multa do art. 477, § 8º, da CLT quando o encerramento do vínculo contratual
se dá pela declaração da rescisão indireta em sentença. O egrégio TRT consignou expressamente ser
indevida a multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT, pois o encerramento do vínculo contratual se deu pela
declaração da rescisão indireta declarada em sentença. Por sua vez, o acórdão embargado limitou-se a analisar o
direito à multa do referido artigo quando o pagamento das verbas rescisórias se efetuou em valor inferior ao
devido. Ocorre que deveria examinar a controvérsia sob o enfoque da multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT
e da rescisão indireta, o que será feito neste momento. Inicialmente, considerando a possibilidade de a decisão
recorrida contrariar entendimento consubstanciado na jurisprudência pacificada deste TST, verifica-se a
transcendência política, nos termos do artigo 896-A, § 1º, II, da CLT. Ademais, com o cancelamento da OJ nº
351 da SBDI-1, esta Corte superior passou a adotar entendimento de que a mera discussão acerca da
existência de vínculo de emprego ou da forma de rescisão contratual, no caso, rescisão indireta, não é
suficiente para afastar a aplicação da multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT pelo atraso no
pagamento das verbas rescisórias, exceto quando a mora decorrer da culpa do empregado, o que não
ficou evidenciado no caso. (TST-ED-RR-473-07.2016.5.17.0008, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme
Augusto Caputo Bastos, DEJT 31/01/2020).

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§ 31/01/2020 – A contratação de empregados de capatazia nos portos com vínculo empregatício deve
recair sobre trabalhadores cadastrados ou registrados no OGMO. Trata-se de jurisprudência dominante e já
reiterada em decisões turmárias e da SDC, com base na nova Lei dos Portuários. Em controvérsias que tratam da
Lei nº 8.630/1993, a jurisprudência do Eg. TST orienta-se pelo regime de prioridade de contratação de
trabalhadores no serviço de capatazia cadastrados no OGMO, sendo possível a contratação de
trabalhadores não cadastrados se observada a referida preferência. Para as contratações realizadas a partir
da vigência da Lei nº 12.815/2013, seu art. 40, § 2º, confere exclusividade aos trabalhadores portuários
avulsos registrados nos casos de contratação para os serviços de capatazia, bloco, estiva, conferência e
conserto de carga e vigilância de embarcações, com vínculo empregatício por prazo indeterminado. 3.
Nesse caso, a interpretação literal é suficiente para entender que a contratação de trabalhadores portuários deve
ser realizada apenas dentre aqueles que possuem registro no OGMO. Vale destacar que na redação legal há a
palavra “exclusivamente” para delimitar a contratação apenas aos trabalhadores portuários registrados, incluindo
expressamente os serviços de capatazia, de modo que qualquer conclusão pela possibilidade de contratar
trabalhadores não registrados violaria o significado mínimo do texto objeto da interpretação, que é o ponto de
partida do intérprete. A interpretação histórica do art. 40, § 2ª, da Lei nº 12.815/2013 indica que a contratação
exclusiva de trabalhadores portuários registrados está em sintonia com um cenário de modernização e eficiência,
porquanto o OGMO tem em sua essência justamente a busca por essas duas qualidades para o setor portuário. 5.
A partir de uma intepretação sistemática, a análise do conjunto normativo da Lei no 12.815/2013 permite
concluir que em nenhum momento o legislador estabeleceu diferença entre capatazia e os demais serviços
portuários, havendo tratamento unitário para todos eles. (TST-E-ED-RR-52500-43.2007.5.02.0446, SBDI-1,
Redatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 31/01/2020).

§ 31/01/2020 – Agravo de petição, mesmo que seja interposto pela massa falida, exige delimitação de
valores, como condição de processamento do apelo. Além disso, reiterou a jurisprudência do TST no sentido de
que a Justiça do Trabalho é competente para processar a execução contra a massa falida até a definição
dos valores da condenação. O artigo 897, § 1º, da CLT dispõe que o agravo de petição somente será recebido
quando houver delimitação das matérias e dos valores impugnados. Desse modo, é ônus da parte delimitar os
valores incontroversos, sob pena de o recurso não ser conhecido. Verifica-se, portanto, que se trata de
pressuposto de admissibilidade recursal, o qual tem por finalidade evitar a interposição de recurso genérico, o que
obstaria o prosseguimento imediato daexecução em relação às parcelas incontroversas e, por consequência, a
satisfação do crédito do exequente. Além disso, o artigo 897, § 1º, da CLT, não faz menção de que a condição de
massa falida da executada retira a obrigatoriedade de cumprir as regras contidas no referido dispositivo. Nesse
contexto, se a própria lei determina que o recurso só será recebido quando o agravante delimitar,
justificadamente, as matérias e os valores impugnados, não há espaço para interpretação extensiva da norma.
Convém ressaltar que, ao contrário do que alega a executada, a competência desta Justiça Especializada se limita à
apuração dos créditos trabalhistas devidos ao exequente. Portanto, por força do que dispõe o artigo 6º, caput e §
2º, da Lei nº 11.101/2005, a competência da Justiça do Trabalho para execução contra a massa falida
(entendimento aplicável também em caso de execução contra empresa em recuperação judicial) vai até a
individualização e quantificação do crédito, mesmo quando se tratar de contribuição previdenciária decorrente de
crédito trabalhista. Desse modo, cabe à parte interessada, esgotado tal procedimento, efetuar a sua habilitação no
Juízo Falimentar. Ademais, a jurisprudência do TST firmou entendimento no sentido de que a observância do
pressuposto de admissibilidade do agravo de petição constitui ônus da parte recorrente, ainda que detenha a
condição de massa falida. Precedentes. Na hipótese, o agravo de petição interposto pela executada não foi
conhecido, quanto ao tema fato gerador - termo inicial para o cômputo de juros e correção monetária - índice
aplicável, ao fundamento de que a parte não delimitou os valores que entenderam devidos quando da
apresentação dos embargos à execução e da interposição do agravo de petição. O Tribunal Regional entendeu
que a condição de massa falida da empresa executada não retira a obrigatoriedade de cumprir as regras contidas
no artigo 897, § 1º, da CLT, porquanto os valores tidos como incontroversos podem ser objeto de habilitação
perante o juízo universal da massa falida. Nesse contexto, não se configura a alegada violação do artigo 5º, II e
LV, da CRFB/88, pois o não conhecimento do agravo de petição interposto pela parte decorreu de aplicação da
lei incidente no caso vertente. Recurso de revista de que não se conhece. (TST-RR-22200-18.2009.5.09.0096, 4ª
Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT 31/01/2020).

§ 31/01/2020 – Ação coletiva não impede tramitação de ação individual com mesmo pedido. De acordo
com o entendimento dominante no TST, o ajuizamento de ação coletiva pelo sindicato de classe, na qualidade de
substituto processual, não impede o ajuizamento de ação individual idêntica pelo titular do direito material,
restando afastada a hipótese de litispendência, ante a inexistência de identidade de partes a que alude o artigo 337,
§ 2º, do CPC/15. Precedentes. (TST-ARR-8399-35.2011.5.12.0014, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme
Augusto Caputo Bastos, DEJT 31/01/2020).

§ 31/01/2020 – A exposição do trabalhador à situação de risco por 2 (dois) minutos, desde que habitual,
não caracteriza tempo extremamente reduzido e rende ensejo ao adicional de periculosidade. O TST
tem entendido que a exposição do trabalhador à situação de risco por alguns minutos, desde que habitual,

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não caracteriza tempo extremamente reduzido de que trata a Súmula nº 364 do TST. Cabe ressaltar que o
reconhecimento de que a causa oferece transcendência política (art. 896-A, § 1º, II, da CLT) não se
limita à hipótese em que haja verbete sumular sobre a matéria; haverá igualmente transcendência política
quando demonstrado o desrespeito à jurisprudência pacífica e notória do TST sedimentada em OJ ou a partir da
fixação de tese no julgamento, entre outros, de incidentes de resolução de recursos repetitivos ou de assunção de
competência, bem como, na hipótese do STF, no julgamento de recurso extraordinário com repercussão geral ou
das ações de constitucionalidade. Trata-se de extensão normativa do conceito de transcendência política,
prevista no art. 896-A, § 1º, II, da CLT, a partir, sobretudo, da sua integração com o novo sistema de resolução
de demandas repetitivas inaugurado pelo CPC de 2015, cujas decisões possuam caráter vinculante (exegese dos
arts. 489, § 1º, 926, 928 do CPC/2015). Ademais, ainda que assim não fosse, o próprio § 1º do art. 896-A da CLT
estabelece que os indicadores de transcendência nele nominados não constituem cláusula legal exaustiva, mas
possibilita o reconhecimento de indicadores “entre outros”. No caso, o TRT registrou que o Reclamante se
expunha diariamente a situação de risco em razão da proximidade com substância inflamável durante o
abastecimento da empilhadeira, por uma vez ao dia e pelo período médio de 02 minutos em cada
abastecimento. Logo, o indeferimento do adicional de periculosidade contraria a Súmula nº 364, I, do TST.
(TST-RR-291-65.2014.5.09.0670, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 31/01/2020).

§ 31/01/2020 – Afastada garantia a de emprego da gestante em contratação temporária. A jurisprudência


prevalente no âmbito do TST é no sentido de que o reconhecimento da garantia de emprego à empregada
gestante não se coaduna com a finalidade da Lei nº 6.019/74, que é a de atender a situações excepcionalíssimas,
para as quais não há expectativa de continuidade da relação ou mesmo de prestação de serviços com
pessoalidade. Precedente do Tribunal Pleno do TST. Inaplicável, pois, à hipótese, o item III da Súmula 244 do
TST, em que analisada a matéria sob o enfoque do limite temporal a que submetidos os contratos por prazo
determinado lato sensu, sem adentrar as especificidades da relação triangular e precária estabelecida nos contratos
de trabalho temporário.

Nota: no dia 18/11/2019 o TST firmou tese vinculante para entender que não se aplica às empregadas
temporárias (Contratadas pela Lei n. 6.019/74) a garantia de emprego da gestante. A tese ficou assim redigida: “É
inaplicável ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei nº 6.019/74, a garantia de estabilidade
provisória da empregada gestante, prevista no artigo 10, inciso II, alínea “b”, do ADCT”. O julgamento, cujo
acórdão não foi publicado, se deu no bojo do Incidente de Assunção de Competência – IAC nº 5639-
31.2013.5.12.0051, de relatoria do Ministro Vieira de Mello (que foi voto vencido). O caso questionava a
aplicabilidade do item III, da súmula 244 do TST, às empregadas temporárias gestantes. Prevaleceu o voto da
ministra Maria Cristina Peduzzi para quem o artigo 10, inciso II, alínea “b”, do ADCT veda a dispensa arbitrária
ou sem justa causa, “o que não ocorre de forma visível nos contratos temporários, sempre celebrados a termo e que se extinguem pelo
decurso do prazo neles fixado. Nem há presunção de continuidade, como nos casos de experiência. O vínculo temporário finda pelo
decurso do prazo máximo previsto na Lei 6.019/74 ou pelo fim da necessidade transitória da substituição de pessoal regular e
permanente ou acréscimo de serviço”. Também, por maioria, não houve modulação dos efeitos. Desse modo, a tese,
que tem efeito vinculante, pode ser aplicada em processos que ainda não transitaram em julgado. Cumpre
observar que esse entendimento vinculante é restrito para os contratos temporários (Lei nº 6.019/74). Para as
demais empregadas contratadas por tempo determinado (experiência, por exemplo), persiste, para a maioria das
Turmas do TST, a garantia de emprego.

§ 31/01/2020 – Discussão sobre o vínculo empregatício ou sobre a modalidade rescisória não afasta a
multa do art. 477 da CLT. O egrégio Tribunal Regional do Trabalho consignou expressamente ser indevida a
multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT, pois o encerramento do vínculo contratual se deu pela declaração da
rescisão indireta declarada em sentença. Por sua vez, o acórdão embargado limitou-se a analisar o direito à multa
do referido artigo quando o pagamento das verbas rescisórias se efetuou em valor inferior ao devido. Ocorre que
deveria examinar a controvérsia sob o enfoque da multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT e da rescisão
indireta, o que será feito neste momento. Inicialmente, considerando a possibilidade de a decisão recorrida
contrariar entendimento consubstanciado na jurisprudência pacificada do TST, verifica-se a transcendência
política, nos termos do artigo 896-A, § 1º, II, da CLT. Ademais, com o cancelamento da OJ nº 351 da SBDI-1, o
TST passou a adotar entendimento de que a mera discussão acerca da existência de vínculo de emprego ou
da forma de rescisão contratual, no caso, rescisão indireta, não é suficiente para afastar a aplicação da
multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT pelo atraso no pagamento das verbas rescisórias, exceto
quando a mora decorrer da culpa do empregado, o que não ficou evidenciado no caso. Assim, devida a multa
do art. 477, § 8º, da CLT nos casos de rescisão indireta e reconhecimento do vínculo em Juízo.
Precedentes. (TST-ED-RR-473-07.2016.5.17.0008, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo
Bastos, DEJT 31/01/2020).

§ 31/01/2020 – Se a Administração Pública confessa que não fiscalizava o contrato de terceirização,


exsurge sua responsabilidade subsidiária, sem discussão quanto ao ônsu da prova. Na hipótese dos autos,
em que pese o Regional extrair a culpa da Administração do mero inadimplemento das obrigações trabalhistas
pela Empresa prestadora de serviços conjugado com a atribuição do onus probandi à Entidade Pública, a

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Reclamada argumenta, em seu recurso de revista, que não tinha obrigação de fiscalizar o cumprimento das
obrigações trabalhistas pela Contratada, confessando a ausência de fiscalização. Assim, não há como
afastar a responsabilidade subsidiária da ECT, pois ficou evidenciada, a partir da própria afirmação da
Demandada, sua culpa in vigilando, atraindo a incidência da Súmula 331, V, do TST. Nesse contexto, dado o
distinguishing do caso concreto em relação à tese fixada no precedente do STF, não há de se falar em exercício do
juízo de retratação, previsto no art. 1.030, II, do CPC. (TST-AIRR-789-80.2014.5.09.0018, 4ª Turma, Relator
Ministro Ives Gandra Martins Filho, DEJT 31/01/2020)4

Fevereiro

§ 03/02/2020 – Fixada pela 6ª Turma do TST nova diretriz jurisprudencial para entender que os débitos
trabalhistas sejam corrigidos pelo IPCA-E desde junho de 2009, ainda que anterior à modulação fixada pelo
Tribunal Pleno datada de 25 de março de 2015 (TST-AIRR-706-78.2013.5.04.0005). Mas, de todo modo, a
questão era controvertida no âmbito do próprio TST, conforme se extra da seguinte decisão da 8ª Turma:
RECURSO DE REVISTA. CORREÇÃO MONETÁRIA DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS. ÍNDICE
APLICÁVEL. Consoante entendimento adotado pela 8ª Turma, com base na decisão do Tribunal Pleno desta
Corte Superior (TST-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231 e ED-ArgInc-479-60.2011.5.04.0231), na correção dos
créditos trabalhistas, aplica-se a TR até 24/3/2015 e o IPCA-E a partir de 25/3/2015. Esta Turma considera
ainda, entendimento a que me submeto por disciplina judiciária, que o art. 879, § 7º, da CLT perdeu a sua eficácia
normativa, em face da declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 39 da Lei nº 8.177/91, na medida em
que o dispositivo da legislação esparsa conferia conteúdo à norma da CLT, tendo em vista a adoção de fórmula
remissiva pelo legislador. Dessarte, estando a decisão recorrida em consonância com tal entendimento, incide ao
caso o óbice da Súmula nº 333 do TST e do art. 896, § 7º, da CLT. (TST-RR-2030-16.2014.5.09.0010, Relatora
Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 18/02/2020, 8ª Turma, Data de Publicação: DEJT
21/02/2020).

Nota: no dia 18/12/2020, o STF definiu que o IPCA-e e Selic devem ser aplicados para correção monetária
de débitos trabalhistas e declara inconstitucional a Taxa Referencial – TR. No caso, o Tribunal conferiu
interpretação conforme à Constituição aos arts. 879, §7º e899, §4º, ambos da CLT, com redação dada pela Lei nº
13.467, de 2017 (Reforma Trabalhista). Ficou decidido que, até que o Poder Legislativo delibere sobre a questão,
devem ser aplicados o Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), na fase pré-judicial, e,
a partir da citação, a taxa Selic (art. 406 do CC), índices de correção monetária vigentes para as condenações cíveis
em geral. Ainda, o Tribunal modulou os efeitos da decisão para determinar que todos os pagamentos realizados em
tempo e modo oportunos mediante a aplicação da TR, do IPCA-E ou de qualquer outro índice deverão ser
reputados válidos e não ensejarão qualquer rediscussão. Ou seja, se já houver trânsito em julgado, a decisão deverá
o observar o comando judicial. Deverão ser mantidas e executadas as sentenças transitadas em julgado que
expressamente adotaram, na sua fundamentação ou no dispositivo, a TR (ou o IPCA-E) e os juros de mora de 1%
ao mês. Por outro lado, aos processos em curso que estejam sobrestados na fase de conhecimento,
independentemente de haver sentença, deverão ser aplicados, de forma retroativa, a taxa Selic, juros e correção
monetária, sob pena de alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em interpretação contrária ao
posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC). Caso não tenha havido manifestação
expressa no título transitado em julgado, ainda assim a tese deverá ser aplicada (ADCs nºs 58 e 59; ADIs 5867 e
6021).

§ 03/02/2020 – Publicada decisão liminar proferida pelo Ministro Gilmar Mendes, do STF, na ADPF nº
381, que determinou a suspensão de todos os processos na Justiça do Trabalho que tratem da validade
de norma coletiva que restrinja direitos trabalhistas não previstos constitucionalmente, inclusive sobre
jornada de trabalho de motoristas de transporte de cargas. O objeto da ação é questionar decisões da Justiça
do Trabalho que afastam a validade de cláusulas de normas coletivas que dispõe sobre o enquadramento de
motoristas do transporte de cargas no inciso I do art. 62 da CLT, ou seja, trabalho externo incompatível com o
controle de jornada. Na decisão, o ministro reconheceu que a matéria em debate na ADPF 381 e no Tema 1046
(RE 1.121.633) é a mesma, qual seja, a constitucionalidade de normas coletivas de trabalho que restringem ou
limitam direitos trabalhistas. Dessa forma, a decisão de suspensão nacional dos processos proferida no âmbito do
RE 1.121.633 atende, de certa forma, o pedido cautelar formulado na ADPF, uma vez que todos os processos
que discutem validade de norma coletiva, independentemente do direito trabalhista limitado e desde que não seja
constitucionalmente estabelecido, deverão ficar sobrestados até o julgamento do mérito da repercussão geral.
(STF-ADPF nº 381)

§ 03/02/2020 – Herdeiro de empregado falecido deve ser citado, não podendo o feito ser extinto. Em ação
rescisória, falecidos o Réu e sua esposa-dependente, mas noticiada a existência de herdeiro (filho), inclusive com

4 Apesar o entendimento da 4ª Turma, a SBDI-1 do TST firmou posição de que o ônus da prova quanto à fiscalização do contrato é da

Administração Pública (TST-E-ED-RR-62-40.2017.5.20.0009, SBDI-I, rel. Márcio Eurico Vitral Amaro, 10/9/2020 – Informativo TST
nº 224). De todo modo, a matéria está pendente de julgamento no STF, com repercussão geral reconhecida (RE 1.298.647 – Tema 1118).

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informação do respectivo nome, o feito não pode ser extinto, até porque, tratando-se de litisconsórcio necessário
unitário, a ausência de citação de um dos litisconsortes passivos implicaria a extinção do processo sem resolução
do mérito em relação a todos os demandados, conforme jurisprudência da SBDI-2 do TST. Nesse cenário, incabível a
extinção do processo sem resolução do mérito no que tange ao trabalhador falecido, porquanto o ordenamento
jurídico, conforme disposto nos arts. 943 e 1784 do CCB c/c art. 17 do CPC de 2015, atribui ao herdeiro do de
cujus a legitimidade para agir na defesa de seus interesses. E encontrando-se o herdeiro em lugar incerto e não
sabido, a citação deve ser levada a efeito via edital, na forma do art. 246, IV, do CPC de 2015. Impositiva,
portanto, a anulação do acórdão regional, a fim de que a Corte a quo retome a instrução processual, com citação
do herdeiro do de cujus por meio de edital, prosseguindo-se a partir daí como se entender de direito. (TST-RO-
60-92.2014.5.06.0000, SBDI-2, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 22/11/2019).

§ 03/02/2020 – Falta de deliberação de diretoria não impede promoção por antiguidade. Cinge a
controvérsia acerca da necessidade da deliberação da diretoria da empresa para concessão de progressão por
antiguidade ao empregado que preencheu o interstício temporal previsto no PCS, visto que “as disposições
normativas que versam sobre essa pretensão possuem natureza programática ou de eficácia contida, pois dependem de regulamentação
ulterior”. A questão, que envolve diversas empresas, foi objeto de uniformização pela SBDI-1 desta Corte, em
composição completa realizada no dia 16/10/2014, nos autos do E-ARR-5966-56.2010.5.12.0026, de relatoria do
Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, a qual decidiu no sentido de que as promoções por antiguidade
dependem apenas do cumprimento do critério objetivo alusivo ao tempo, de modo que a falta de
deliberação da diretoria não constitui óbice ao seu deferimento. Registre-se, por oportuno, que ato da
reclamada que se submete a conveniência e oportunidade empresarial, traduz-se em condição puramente
potestativa, a qual não pode constituir óbice ao direito do empregado de auferir progressão horizontal por
antiguidade. Logo, deve ser afastada a premissa de necessidade de regulamentação ulterior, quando
cumpridos requisitos de caráter objetivo, quais sejam: interstício temporal de um ano, maior tempo na mesma
classe e nível, maior tempo na empresa, assiduidade e pontualidade e maior tempo de experiência pregressa.
(TST-RR-1575-24.2013.5.05.0131, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 06/12/2019).

§ 03/02/2020 – Liminar do STF impõe suspensão nacional de todos os processos que discutam validade de
cláusulas de normas coletivas flexibilizando a jornada de motoristas do transporte rodoviário de cargas.
(ADPF 381 MC, Relator(a): Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/12/2019, Divulg 31/01/2020, Public
03/02/2020). O Ministro rememora que, após reconhecimento da repercussão geral da questão pertinente à
validade das normas coletivas de trabalho que limitam ou restringem direitos trabalhistas não
assegurados constitucionalmente (Tema 1.046), foi despachado no ARE 1.121.633 a determinação cautelar
de suspensão nacional de todos os processos que debatessem a matéria nos órgãos jurisdicionais das instâncias da
Justiça do Trabalho.

Nota: Logo, caso a petição inicial do trabalhador traga pretensão que, para julgamento de mérito seja
necessário que o magistrado analise a (i)licitude da cláusula negociação coletiva que envolva direito
não assegurado na Constituição, cabe ao magistrado ou tribunal de qualquer instância da Justiça do
Trabalho, cumprir a liminar do Ministro Gilmar e suspender a tramitação do feito. Com isso, os
processos envolvendo validade de cláusula de norma coletiva que flexibilize direito assegurado na
lei, mas sem previsão constitucional, devem ser suspensos. Do contrário, a parte que se sentir
prejudicada poderá apresentar reclamação constitucional diretamente no STF, para requerer a
ordem de sobrestamento do feito. E, mais: o Ministro relator não ressalvou a possibilidade de
instruir o feito, de modo que a suspensão deve ser determinada de pronto. Por óbvio, a
suspensão não impede o agendamento de tentativa de acordo e, assim, se as partes chegarem a
uma solução consensual poderá ser homologado o acordo sem qualquer ofensa à determinação de
suspensão nacional.5 No caso concreto, o relator registrou ter percebido que a discussão jurídica
promovida na ADPF 381 é idêntica ao objeto cuja repercussão geral foi declarada no Tema 1.046. Em
consequência, deferiu em parte o pedido cautelar, para determinar a suspensão de “todos os processos
pendentes, individuais e coletivos, que versem sobre a validade de norma coletiva que restrinja ou limite direitos
trabalhistas não constitucionalmente previstos, inclusive os que versam sore a aplicação do art. 62, I, da CLT aos
motoristas profissionais externos do setor de transporte de cargas”.

§ 04/02/2020 – Hipoteca judiciária pode ser determinada de ofício. A hipoteca judiciária constitui um dos
efeitos secundários ou acessórios da sentença condenatória e se manifesta de forma automática, por força da lei,
consagrando o princípio da efetividade do processo e dispensando pedido explícito da parte. Tem fundamento
no art. 495 do CPC (art. 466 do CPC de 1973), e trata-se de medida de ordem pública. Isso corrobora a
possibilidade de ser constituída de ofício, independentemente de requerimento da parte. Mesmo no juízo
trabalhista, justifica-se, em razão de ser omissa a CLT, e pelo fato de tratar-se de medida compatível com a

5 cf. lições do professor Fabiano Coelho, manifestadas em seu material de divulgação jurisprudencial.

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efetividade do processo laboral. (RR-103900-58.2009.5.03.0136, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite
de Carvalho, DEJT 06/12/2019).

§ 04/02/2020 – Execução provisória não pode se dar de ofício e SBDI-1 entende que o art. 475-O do CPC
de 1973 (atual art. 520, I, do CPC de 2015) não se aplica ao processo do trabalho. Discute-se a
possibilidade de levantamento pelo credor da quantia de até sessenta salários-mínimos relativa ao depósito
recursal. Embora entenda que do precedente TST-E-ED-RR 34500-47.2007.5.03.0064, Relatora Ministra
Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, é possível extrair ter havido clara sinalização no tocante a
compreender possível a aplicação subsidiária do CPC quando revelado o estado de necessidade do
credor de salários, certo é que nos últimos julgados da SBDI-1 não se tem feito tal destaque,
entendendo-se inaplicável o artigo 475-O do CPC de 1973 ante a incompatibilidade com as disposições
dos artigos 769 e 899, caput, § 1º, da CLT. In casu, a situação se diferencia da usual porque o Tribunal
Regional facultou, ex officio, à reclamante o levantamento do depósito de até sessenta salários-mínimos,
correspondente à execução provisória, sem que a autora tenha pedido o mencionado benefício. O inciso I
do artigo 520 do CPC (art. 475-O do CPC de 1973) dispõe fluir a execução provisória da sentença por iniciativa
e responsabilidade do exequente. Assim, o Regional, ao conceder de ofício a execução provisória, violou os
termos do referido artigo. (RR-103900-58.2009.5.03.0136, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de
Carvalho, DEJT 06/12/2019).6

§ 04/02/2020 – Contato com agente periculoso, 5 (cinco) vezes ao mês, por 15 a 20 minutos cada, rende
ensejo ao adicional de periculosidade. O TST entende que a permanência habitual em área de risco, ainda que
por período de tempo reduzido, não consubstancia contato eventual, mas sim intermitente, com risco potencial
de dano efetivo ao trabalhador. Nesse sentido, dispõe a Súmula nº 364, I, do TST: “tem direito ao adicional de
periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas,
quando o contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por tempo extremamente
reduzido”. No caso, o reclamante retirava os produtos químicos utilizados em suas atividades diretamente na área
de armazenamento de produtos químicos. O perito concluiu que o reclamante adentrava de maneira habitual em
local classificado como área de risco, em situação de risco acentuado, em condição de periculosidade conforme
enquadramento prescrito na NR-16 da Portaria 3.214/78, que trata de materiais inflamáveis. O TRT, contudo,
entendeu que a quantidade de vezes que o reclamante adentrava na área de armazenamento dos produtos
químicos, no total de 5 ao mês, no tempo de 15 a 20 minutos, não se configura como habitual e tampouco como
intermitente, mas sim eventual. De acordo com as premissas fáticas descritas, portanto, resulta que a exposição a
risco não era eventual e nem por período extremamente reduzido. (ARR-1002252-58.2014.5.02.0463, 6ª Turma,
Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 06/12/2019).

§ 05/02/2020 – Data do trânsito em julgado pode ser influenciado pelo período de férias dos Ministros do
TST. Os prazos processuais ficam suspensos durante as férias coletivas dos Ministros no âmbito do TST, as
quais ocorrem nos meses de janeiro e julho, na forma do Regimento Interno do TST. Tal fato deve ser
considerado na fixação do trânsito em julgado da decisão apontada como rescidenda se o prazo para interposição
de recurso findaria no decorrer do mês de julho. Na hipótese dos autos, o réu sustenta que o último dia do prazo
para interposição do recurso de embargos ocorreu em 02/07/03. Com a suspensão dos prazos processuais no
referido mês, o trânsito em julgado da decisão postergou-se para o mês de agosto daquele ano, revelando
tempestiva a rescisória ajuizada no dia 27/07/05. (AR-1579456-27.2005.5.00.0000, SBDI-2, Relator Ministro
Emmanoel Pereira, DEJT 05/02/2010).7

§ 05/02/2020 – 5ª Turma do TST, em decisão inédita no Tribunal, nega vínculo empregatício entre
motorista e aplicativo Uber. Ementa: VÍNCULO DE EMPREGO. MOTORISTA. UBER. AUSÊNCIA DE
SUBORDINAÇÃO. TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA RECONHECIDA. Destaque-se, de início, que o
reexame do caso não demanda o revolvimento de fatos e provas dos autos, isso porque a transcrição do
depoimento pessoal do autor no acórdão recorrido contempla elemento fático hábil ao reconhecimento da

6 No mesmo sentido: “A Corte Regional deu provimento ao agravo de petição da autora para autorizar o pleito de levantamento de depósitos
recursais efetivados nos autos da execução provisória. Ocorre que o entendimento consagrado por esta Corte é no sentido de que os arts.
520 e 521 do CPC/15 (antigo 475-O do CPC/73) são inaplicáveis ao processo do trabalho, tendo em vista existir previsão
própria acerca da matéria na CLT. Precedentes. Recurso de revista conhecido por violação do art. 5º, LIV, da CRFB/88, ante a má aplicação
das regras contidas nos arts. 520 e 521 do CPC de 15 (antigo 475-O do CPC/73), e provido”. (RR-56640-44.2014.5.13.0002, 3ª Turma,
Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 12/04/2019)
7 “Nos termos do artigo 6º da Lei 5.584/70, o recurso de revista deve ser interposto no prazo de oito dias, contados a partir da intimação da decisão recorrida.

De acordo com o artigo 66, § 1º, da Lei Orgânica da Magistratura Nacional, os membros dos Tribunais Regionais do Trabalho não gozarão de férias coletivas -
janeiro e julho -, mas terão férias individuais. Assim, em janeiro (a partir do final do recesso forense) e em julho, não haverá suspensão dos prazos recursais nas
Cortes Regionais. Considerando que o recurso de revista é apresentado perante o Tribunal Regional para exercício do juízo de admissibilidade, conforme
preconizado no artigo 896, § 1º, da CLT, a parte deve observar os prazos aplicáveis nessa Corte. Resulta correta, daí, a decisão agravada que considerou
intempestivo o recurso de revista. Agravo a que se nega provimento” (Ag-AIRR-337-85.2010.5.10.0017, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio
Mascarenhas Brandao, DEJT 25/04/2014).

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confissão quanto à autonomia na prestação de serviços. Com efeito, o reclamante admite expressamente a
possibilidade de ficar "off line", sem delimitação de tempo, circunstância que indica a ausência completa e
voluntária da prestação dos serviços em exame, que só ocorre em ambiente virtual. Tal fato traduz, na prática, a
ampla flexibilidade do autor em determinar sua rotina, seus horários de trabalho, locais que deseja atuar e
quantidade de clientes que pretende atender por dia. Tal auto-determinação é incompatível com o
reconhecimento da relação de emprego, que tem como pressuposto básico a subordinação, elemento no qual se
funda a distinção com o trabalho autônomo. Não bastasse a confissão do reclamante quanto à autonomia para o
desempenho de suas atividades, é fato incontroverso nos autos que o reclamante aderiu aos serviços de
intermediação digital prestados pela reclamada, utilizando-se de aplicativo que oferece interface entre motoristas
previamente cadastrados e usuários dos serviços. Dentre os termos e condições relacionados aos referidos
serviços, está a reserva ao motorista do equivalente a 75% a 80% do valor pago pelo usuário, conforme
consignado pelo e. TRT. O referido percentual revela-se superior ao que esta Corte vem admitindo como
bastante à caracterização da relação de parceria entre os envolvidos, uma vez que o rateio do valor do serviço em
alto percentual a uma das partes evidencia vantagem remuneratória não condizente com o liame de emprego.
Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido. (RR-1000123-89.2017.5.02.0038, Relator Ministro: Breno
Medeiros, Data de Julgamento: 05/02/2020, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 07/02/2020)

§ 06/02/2020 – Às ações coletivas se aplica o prazo prescricional de 5 (cinco) anos, por aplicação analógica do
art. 21 da Lei nº 4.717/65 (Lei de Ação Popular), como já vinha decidindo o STJ. Restou vencido o
entendimento que defendia a imprescritibilidade. O julgamento foi suspenso para que o colegiado pudesse analisar
a tese subsidiária: saber se a instauração do Inquérito Civil serve para interromper o prazo prescricional,
por aplicação analógica do artigo 26, § 2º, inc. III, do CDC (TST-E-ED-RR-2302-73.2014.5.17.0014, SBDI-1,
Rel. Min. Ministro Aloysio Correa da Veiga).

§ 06/02/2020 – SDC defere cláusula normativa que garante paridade entre casais hétero e homoafetivos.
deferiu a fixação de cláusula de acordo coletivo que reconhece a paridade de tratamento entre as uniões estáveis
homoafetivas e heteroafetivas com relação aos benefícios concedidos pelas empresas aéreas a seus empregados.
A decisão fundamentou-se em precedentes da SDC e na jurisprudência do STF (ADI 4277), que reconheceu às
uniões homoafetivas o status de entidade familiar. (RO-21596-19.2014.5.04.0000, SDC, Relator Ministro Mauricio
Godinho Delgado, DEJT 13/12/2019).

§ 07/02/2020 – Não cabe Mandado de Segurança para atacar decisão que nega provimento a agravo de
instrumento em Recurso Ordinário. Trata-se de mandado de segurança impetrado contra acórdão proferido
pelo Tribunal Regional, que, em sede de agravo de instrumento, manteve a decisão denegatória de seguimento de
recurso ordinário, por deserção. Com efeito, uma vez que a parte já manejou todos os recursos cabíveis, não há
que se falar na utilização da ação mandamental contra decisão judicial passada em julgado. Esta é a compreensão
da Súmula nº 33 do TST e OJ nº 99 da SBDI-2, do TST. Assim, a impetração do presente mandamus, de fato, é
incabível para impugnar o ato reputado ilegal. Ressalte-se, por fim, que o ajuizamento da ação mandamental não
tem o condão de obstar automaticamente o trânsito em julgado no processo matriz. Somente a interposição de
recursos, no sentido estrito da expressão, seria capaz de, por si só, impedir a preclusão máxima. Precedentes
específicos da SBDI-2 do TST. Recurso ordinário conhecido e não provido. (RO-205-64.2019.5.10.0000, SBDI-
2, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 07/02/2020).

§ 07/02/2020 – Em conflito de competência, é possível o encaminhamento dos autos para para juízo
alheio ao conflito de competência em julgamento. Discussão acerca do juízo competente para processar e
julgar reclamação trabalhista proposta em local diverso daquele em que ocorreu a prestação de serviços. A
competência para o ajuizamento de reclamação trabalhista, em regra, é a do local onde o empregado presta
serviços (art. 651, caput, da CLT). Entretanto, os parágrafos do referido art. 651 da CLT tratam das exceções a
essa regra e, dentre elas, a do § 3º possibilita a apresentação da reclamação também na localidade da celebração
do contrato. O feito foi distribuído para a 2ª Vara do Trabalho de Jaboticabal/SP, que instruiu a reclamação
trabalhista e, após acolher a exceção de incompetência em razão do lugar, determinou a remessa dos autos à Vara
do Trabalho de Vitória/ES, dado que a prestação de serviços ocorrera em Vitória/ES. A 6ª Vara do Trabalho de
Vitória/ES suscitou o conflito negativo de competência. Afasta-se, de plano, a competência da 2ª Vara de
Trabalho de Jaboticabal/SP, tendo em vista que a jurisdição deste órgão não abrange a cidade de Barrinha/SP,
local onde foi celebrado o contrato de trabalho. Em virtude da necessidade desta Corte resolver o conflito em
debate, tendo em vista os princípios da celeridade, efetividade e economia processual, e, embora à luz da do art.
651, § 3º, da CLT, aplicável ao caso, a compreensão seja de que não se trata da competência nem da 2ª Vara do
Trabalho de Jaboticabal/SP, tampouco da 6ª Vara do Trabalho de Vitória/ES, deve ser fixado como foro
competente para o processamento do feito uma das Varas do Trabalho de Sertãozinho/SP, tendo em vista que a
cidade onde foi celebrado o contrato de trabalho, Barrinha/SP, pertence à sua jurisdição. Precedentes. Conflito
de competência admitido para declarar a competência de uma das Varas do Trabalho de Sertãozinho/SP (CC-
421-12.2019.5.17.0006, SBDI-2, Relatora Ministra Delaíde Miranda Arantes, DEJT 07/02/2020).

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§ 07/02/2020 – Em sentido contrário ao sedimentado na OJ nº 158 da SBDI-2, é cabível a multa por
litigância de má-fé na ação rescisória em caso de colusão das partes. O eg. Tribunal Regional, ao julgar
procedente a ação rescisória, considerando evidente a colusão decorrente do acordo homologado no processo
matriz, impôs a condenação do réu em litigância de má-fé. Embora a Orientação Jurisprudencial nº 158 da SBDI-
2/TST, sedimentada à luz das disposições do CPC de 1973, seja no sentido de que “a declaração de nulidade de
decisão homologatória de acordo, em razão da colusão entre as partes (art. 485, III, do CPC), é sanção suficiente em relação ao
procedimento adotado, não havendo que ser aplicada a multa por litigância de má-fé”, no caso em tela, a ação rescisória se
volta contra sentença homologada sob a égide do CPC de 2015. O citado verbete de jurisprudência, por fazer
referência expressa ao revogado CPC de 1973, não é aplicável à espécie, uma vez que, após a vigência do CPC de
2015, as penalidades relativas à litigância de má-fé devem ser necessariamente aplicadas ao autor e réu que se
servirem do processo para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei (art. 142 do CPC de 2015). A
sanção processual, nesse caso, decorre de força de lei e, portanto, deve ser aplicada de ofício. (RO-18-
14.2018.5.20.0000, SBDI-2, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 07/02/2020).

§ 07/02/2020 – Transcrições dos trechos do acórdão regional no início do recurso de revista, sem a devida
separação e em tópico único não se presta ao atendimento do pressuposto recursal. No caso concreto,
observa-se que a ora agravante apresenta as transcrições dos trechos do acórdão regional no início do recurso de
revista, sem a devida separação e em tópico único, o que não se admite nos termos da citada disposição legal,
ante a impossibilidade de se proceder à impugnação analítica dos fundamentos do acórdão. Assim, as
transcrições de trechos representativos do acórdão, no início das razões, não atendem ao disposto no art. 896, §
1º-A, da CLT, uma vez que não há, nesse caso, determinação precisa das teses do Regional combatidas no apelo,
nem demonstrações analíticas das violações e divergências jurisprudenciais apontadas. (AIRR-2273-
35.2013.5.01.0521, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 07/02/2020).8

§ 07/02/2020 – Gratificação de função recebida por dez ou mais anos antes da Reforma Trabalhista é
direito adquirido. A reorganização institucional, alegada pelo recorrente, não tem sido reconhecida por esta
Corte Superior como justo motivo a autorizar a retirada pelo empregador da gratificação percebida por dez ou
mais anos pelo empregado. De outro lado, o argumento de que o empregado teria se recusado a participar de
realocação para outras agências não valida a retirada da gratificação pelo empregador, porquanto já incorporada à
remuneração, devido à proteção da estabilidade financeira, que não se confunde com a continuidade ou não do
trabalhador no cargo em comissão. Saliente-se serem inaplicáveis as disposições contidas na Lei nº 13.467/2017 à
hipótese em apreciação, na medida em que antes do advento da nova lei o impetrante já teria adquirido o direito
à manutenção do valor da gratificação. (RO-21616-68.2018.5.04.0000, SBDI-2, Relator Ministro Evandro Pereira
Valadão Lopes, DEJT 07/02/2020).

§ 07/02/2020 – Nos termos da jurisprudência do TST, o recolhimento do valor fixado como sanção por
litigância de má-fé e da multa por embargos de declaração protelatórios não configura pressuposto de
admissibilidade recursal. Logo, deve ser afastada a deserção do recurso ordinário interposto pela reclamada.
(RR-862-92.2012.5.04.0234, 1ª Turma, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 07/02/2020).

§ 07/02/2020 – Configura erro grosseiro a interposição de agravo de instrumento contra decisão


monocrática do relator no recurso de revista. Da decisão monocrática do Relator que negou seguimento ao
recurso de revista, por entender não caracterizada a transcendência da matéria nele veiculada, caberia agravo
interno para o órgão colegiado, nos termos dos artigos 896-A, § 2º, da CLT c/c art. 247, § 3º, do Regimento
Interno desta Corte. Logo, incabível a interposição de agravo de instrumento nesta hipótese, não se aplicando o
princípio da fungibilidade, por constituir erro grosseiro. Considerando ser irrecorrível a decisão colegiada quanto
à não transcendência do recurso de revista (art. 896-A, § 4º, da CLT), bem como que não cabe recurso
extraordinário ao STF em matéria de pressupostos de admissibilidade de recursos de competência de outro
Tribunal, por ausência de repercussão geral, determina-se a baixa imediata dos autos. (Ag-RR-10643-
71.2017.5.03.0047, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 07/02/2020).

§ 07/02/2020 – SDI-2 reitera jurisprudência de que não cabe MS ou recurso para atacar acórdão regional que
nega provimento ao agravo de instrumento no recurso ordinário. Trata-se de mandado de segurança
impetrado contra acórdão proferido pelo Tribunal Regional, que, em sede de agravo de instrumento, manteve a
decisão denegatória de seguimento de recurso ordinário, por deserção. Com efeito, uma vez que a parte já

8 Sobre o tema, didática a seguinte ementa: 1. Após a vigência da Lei nº 13.015/2014, para atender ao disposto no art. 896, § 1º-A, I, da

CLT, deverá a parte, no seu recurso de revista, transcrever o trecho do acórdão recorrido que demonstra a afronta a dispositivo de lei, a
contrariedade a enunciado ou a divergência interpretativa. 2. Com a ressalva de entendimento deste relator, para o cumprimento do
citado requisito não se admite a indicação de páginas, paráfrase ou sinopse e a transcrição apenas do relatório, da ementa ou da parte
dispositiva. Não serve também a transcrição integral do acórdão regional ou a transcrição completa do capítulo recorrido, devendo a
parte destacar (negritar ou sublinhar) exatamente o ponto central da tese objeto do recurso. 3. No caso, o segundo reclamado, em seu
recurso de revista, não cumpriu adequadamente esse requisito, pois transcreveu integralmente o acórdão regional e trechos da sua ementa.
(Ag-AIRR-815-49.2016.5.07.0023, 7ª Turma, Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT 07/02/2020).

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manejou todos os recursos cabíveis, não há que se falar na utilização da ação mandamental contra decisão judicial
passada em julgado. Esta é a compreensão da Súmula no 33 do TST e OJ nº 99 da SBDI-2 do TST. Assim, a
impetração do presente mandamus, de fato, é incabível para impugnar o ato reputado ilegal. Ressalte-se, por fim,
que o ajuizamento da ação mandamental não tem o condão de obstar automaticamente o trânsito em julgado no
processo matriz. Somente a interposição de recursos, no sentido estrito da expressão, seria capaz de, por si só,
impedir a preclusão máxima. Precedentes específicos da SBDI-2 do TST. (RO-205-64.2019.5.10.0000, SDI-2,
Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 07/02/2020).

§ 07/02/2020 – Publicada a Lei nº 13.979, de 6.2.2020, que dispõe sobre as medidas para enfrentamento da
emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus.

§ 07/02/2020 – Atraso no recolhimento do FGTS enseja rescisão indireta do contrato de trabalho. A


ausência de recolhimento dos depósitos do FGTS, ou seu recolhimento irregular, configura ato faltoso do
empregador suficientemente grave para ensejar arescisão indiretado contrato de trabalho, nos termos da alínea
“d” do art. 483 da CLT. Precedentes. (RR-1000776-56.2018.5.02.0491, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena
Mallmann, DEJT 07/02/2020).

§ 07/02/2020 – SDI-2 aplica penalidade por litigância de má-fé de ofício em ação rescisória calcada na
colusão das partes e entende superada a OJ nº 158 da SDI-2 do TST. O eg. Tribunal Regional, ao julgar
procedente a ação rescisória, considerando evidente a colusão decorrente do acordo homologado no processo
matriz, impôs a condenação do réu em litigância de má-fé. Embora a OJ nº 158 da SBDI-2 do TST, sedimentada
à luz das disposições do CPC de 1973, seja no sentido de que “a declaração de nulidade de decisão homologatória de
acordo, em razão da colusão entre as partes (art. 485, III, do CPC), é sanção suficiente em relação ao procedimento adotado, não
havendo que ser aplicada a multa por litigância de má-fé”, no caso em tela, a ação rescisória se volta contra sentença
homologada sob a égide do CPC de 2015. O citado verbete de jurisprudência, por fazer referência expressa ao
revogado CPC de 1973, não é aplicável à espécie, uma vez que, após a vigência do CPC de 2015, as penalidades
relativas à litigância de má-fé devem ser necessariamente aplicadas ao autor e réu que se servirem do processo
para praticar ato simulado ou conseguir fim vedado por lei (art. 142 do CPC de 2015). A sanção processual, nesse
caso, decorre de força de lei e, portanto, deve ser aplicada de ofício. (RO-18-14.2018.5.20.0000, SDI-2, Relatora
Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 07/02/2020).

§ 07/02/2020 – Correios devem adotar medidas de segurança equivalentes às agências bancárias no


Banco Postal. Os empregados da ECT que prestam serviços bancários básicos por intermédio do denominado
Banco Postal exercem, além das atividades específicas dos serviços postais, atribuições inerentes aos bancários.
Consoante o entendimento firmado pela maioria dos integrantes do Tribunal Pleno do TST, no julgamento do
E-RR-210300-34.2007.5.18.0012, o empregado da ECT que trabalha nas agências dos Correios integrantes do
Banco Postal não podem ser enquadrado como bancário, não tem direito à aplicação das normas coletivas da
categoria dos bancários, nem é beneficiário da jornada especial assegurada no art. 224 da CLT. Todavia, a
ampliação do leque de serviços prestados pela ECT e o desenvolvimento do sistema financeiro postal, com a
criação de uma join venture financeira, não pode afetar a segurança do ambiente de trabalho, sendo necessário o
correspondente incremento da teia de proteção trabalhista. A Lei nº 7.102/1983, que merece interpretação
finalística, dispõe sobre as medidas de segurança que os estabelecimentos financeiros devem adotar com a
finalidade de preservar a integridade física e o bem-estar dos seus funcionários e dos clientes. Estão incluídos na
proteção legal os postos de atendimento, subagências e seções e as cooperativas de singulares de crédito, que são
estabelecimentos que também oferecem serviços bancários de forma limitada. A inclusão de serviços bancários
nas agências dos Correios eleva sobremaneira a movimentação de numerário no estabelecimento e,
proporcionalmente, traz uma maior probabilidade de incidência de assaltos. A reclamada, ao optar por atuar na
esfera financeira, deve assumir integralmente os riscos do novo empreendimento, incluindo-se a sua
responsabilidade objetiva por eventuais infortúnios e a adoção de medidas de segurança pertinentes. Logo, o
exercício de funções tipicamente bancárias pelos empregados postais, ainda que básicas, enseja maiores riscos à
sua segurança pessoal, em decorrência das condições de trabalho similares àquelas suportadas por empregados de
estabelecimentos financeiros, o que justifica a adoção das medidas de segurança previstas no art. 1º, § 1º, da Lei
nº 7.102/1983. (RR-10088-25.2013.5.14.0003, 7ª Turma, Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho,
DEJT 07/02/2020).

§ 07/02/2020 – SDI-2 entende que à ação rescisória aplica-se as regras do CPC em detrimento da CLT
quanto ao tema despesas processuais. No caso, foi concedida a gratuidade da justiça para a parte sucumbente,
pessoa física, baseada na presunção de veracidade da declaração de pobreza, conforme o § 3º do art. 99 do CPC.
Ademais, determinou a suspensão da exigibilidade das despesas processuais pelo prazo de 5 (cinco) anos,
conforme previsto no CPC, ao passo que, a CLT, com acréscimo dado pela Reforma Trabalhista, prevê
a suspensão da exigibilidade por apenas 2 (dois) anos, após o que a execução será extinta (CLT, art. 791-A,
§ 4º) (ED-RO-6372-66.2012.5.02.0000, SDI-2, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 07/02/2020).

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§ Mero inadimplemento de verbas rescisórias e de saldo de salário não gera danos morais. Consoante a
jurisprudência do TST, o mero inadimplemento de verbas rescisórias e dos salários relativos ao último mês do
contrato de trabalho não induz afronta aos direitos fundamentais do empregado, previstos no art. 5º, X, da
CRFB/88. Para o acolhimento do pedido de pagamento de indenização por dano moral, exige-se comprovação
efetiva de algum fato objetivo a partir do qual se possa deduzir o abalo moral alegadamente sofrido. Precedentes.
(RR-755-39.2012.5.09.0095, 1ª Turma, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 07/02/2020).

§ 07/02/2020 – Hora noturna maior que a prevista em lei pode ser compensada com aumento do
adicional. A jurisprudência do TST é firme no sentido de que deve ser prestigiada a norma coletiva que, ao fixar
a duração normal de 60 minutos para a hora noturna, prevê, em contrapartida, o pagamento de adicional noturno
em percentual superior ao valor garantido no artigo 73 da CLT. Na espécie, não se configura mera supressão ou
mesmo redução do direito legalmente previsto, mas efetiva situação de mútuas concessões, mediante negociação
coletiva de que trata o art. 7º, XXVI, da CRFB/88. Com efeito, não houve, no caso, mera supressão do direito
do empregado à hora noturna reduzida, situação que, de fato, lhe causaria prejuízo. Houve, em contrapartida, a
concessão de vantagem compensatória, pois a hora noturna foi remunerada com percentual superior ao de 20%.
Ainda, a jurisprudência do TST admite a possibilidade de extinção da hora ficta noturna por norma coletiva,
desde que haja a majoração do adicional noturno em contrapartida. Por fim, a jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho é firme no sentido de que o transporte de valores por empregado não habilitado para o
desempenho de atividade de risco configura ato ilícito do empregador e, portanto, enseja à compensação do dano
moral. (RR-1020-96.2012.5.09.0012, 1ª Turma, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 07/02/2020).

§ 07/02/2020 – 5ª Turma do TST afasta preliminar de inépcia da petição inicial que não delimita o horário
de trabalho para fins de pleitear horas extras. Muito embora no processo do trabalho não se deva prestigiar a
falta de técnica e clareza na exposição dos fatos e dedução de pedidos (CLT, art. 840, § 1º), não se pode afirmar
ineptas as peças iniciais em que os fatos expostos possibilitam o regular exercício do direito de defesa e a
composição do conflito. Ainda, com base na noção central da instrumentalidade das formas e do aproveitamento
dos atos processuais (arts. 277 e 283), diretamente vinculada à ideia central do processo colaborativo que
prestigia a decisão de mérito (CPC, arts. 4º e 6º), a eventual configuração de inépcia haveria de pressupor, no
plano ideal, como condição para sua declaração, a prévia concessão de prazo para saneamento (CPC, art. 321).
Nada obstante, segundo a norma processual civil, será considerada inepta a petição inicial quando lhe faltar
pedido ou causa de pedir; quando o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite
o pedido genérico; quando da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; ou quando contiver
pedidos incompatíveis entre si (CPC, art. 330, I a IV). No caso dos autos, não há pedidos incompatíveis ou
indeterminados e os fatos narrados justificam as pretensões ao final deduzidas, ou, em outras palavras, há pedido
e causa de pedir, estando perfeitamente delimitada a extensão da pretensão deduzida (2 horas extras diárias, gozo
de 30 minutos de intervalo e prestação de labor por 12 horas diárias durante um fim de semana em cada mês),
inclusive em relação a seus reflexos. A empresa sustenta a inépcia da petição inicial pela só circunstância de que
não foram indicados os horários de início e término da jornada, além de não comprovado o labor extraordinário.
Portanto, tal como considerou o TRT da 4ª Região, não resta presente o vício processual da inépcia, pelo que,
embora divisando a divergência jurisprudencial que autoriza o processamento do recurso, este não merece
provimento. Recurso de revista conhecido e não provido. (ARR-20761-48.2016.5.04.0101, Redator Ministro:
Douglas Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: 18/12/2019, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT
07/02/2020).

§ 10/02/2020 – O mero atraso de verbas rescisória não gera danos morais in re ipsa (presumíveis). Muito
embora seja indiscutível a possibilidade de se reconhecer dano moral in re ipsa, isto é, de se presumir o abalo ao
estado psicológico, à moral ou à honra da pessoa a partir da própria natureza do fato ocorrido, tal conclusão não
emerge na situação descrita nos autos. Isso porque o atraso no pagamento ou inadimplemento das verbas
rescisórias não configura evento que, por sua própria natureza, conduz o intérprete, automaticamente, à
conclusão de ter havido dano moral. Em casos tais, o dano não é presumível, exigindo-se prova consistente da
sua ocorrência, necessária para tornar legítima a condenação da parte demandada. Tal entendimento está
sedimentado na jurisprudência iterativa do TST. (RR-1001715-42.2014.5.02.0502, 1ª Turma, Relator Ministro
Luiz Jose Dezena da Silva, DEJT 10/02/2020).

§ 10/02/2020 – 8ª Turma do TST entende que o fato de o reclamante ter remuneração muito superior a dois
salários-mínimos não é suficiente, por si só, a demonstrar que ele está em situação econômica que lhe
permite demandar sem prejuízo do próprio sustento ou da respectiva família. Com efeito, se o
demandante apresenta a declaração de pobreza, presume-se que a sua remuneração, ainda que superior a dois
salários-mínimos, não permite o pagamento das custas processuais sem prejuízo do sustento próprio e de sua
família. Não há como se rejeitar o pedido de concessão do benefício da justiça gratuita com base no valor da
remuneração que foi informada pelo reclamante na petição inicial, pois o magistrado não conhece a vida pessoal
e familiar do reclamante para concluir que a sua remuneração não estaria comprometida, por exemplo, com
tratamentos médicos, dívidas, financiamentos, pensões alimentícias ou despesas comuns. Recurso de revista

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conhecido e provido (RR-21648-08.2016.5.04.0012, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT
10/02/2020).

§ 10/02/2020 – Empregado incorpora gratificação recebida por mais de 10 anos antes da Reforma
Trabalhista. A superveniência da reforma trabalhista, perpetrada pela Lei nº 13.467/2017, que acresceu o artigo
468, § 2º, da CLT, não constitui fato novo capaz de influenciar no julgamento da presente lide, mormente porque
não há falar em retroatividade da referida norma para circunstância consolidada anteriormente à sua vigência. É
dizer que, no caso em tela, os fatos constitutivos atinentes à percepção da gratificação por período superior a 10
anos ocorreram antes mesmo da alteração legislativa em comento, já que consta dos autos o exercício de funções
de confiança de 6/12/2001 a 8/2/2018. Dessarte, nos termos da Súmula n° 372, I, do TST, merece reforma a
decisão regional para deferir a incorporação da gratificação de função postulada. (RR-1029-08.2018.5.06.0020, 8ª
Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 10/02/2020).

§ 10/02/2020 – MPT tem legitimidade principal para ajuizamento de ação anulatória de norma coletiva.
A jurisprudência da SDC do TST posiciona-se no sentido de que a legitimidade para o ajuizamento de ação
anulatória de convenção coletiva (ou acordo coletivo) está adstrita, essencialmente, ao MPT, consoante previsão
legal (art. 83, IV, da LC 75/93), e, excepcionalmente, aos sindicatos convenentes e à empresa signatária, quando
demonstrado vício de vontade. No caso em análise, em que é questionada a validade de cláusulas de interesse de
toda a categoria profissional, tem-se, segundo a jurisprudência, que o MPT é parte legítima para o ajuizamento de
ação anulatória. (RO-3307-55.2010.5.12.0000, SDC, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT
13/12/2019).

§ 10/02/2020 – É válida a jornada de 6 horoas durante cinco dias da semana e de 12 horas aos sábados ou
domingos. A cláusula coletiva impugnada estabeleceu que os trabalhadores da base sindical dos Sindicatos
convenentes cumpririam uma jornada de trabalho de 6 horas durante cinco dias da semana (de segunda a sexta-
feira) e de 12 horas aos sábados ou domingos, alternadamente, perfazendo 42 horas semanais. A SDC, analisando
cláusulas de conteúdo similar, já manifestou entendimento de que o regime de compensação por elas criado,
como ocorre com a jornada de plantão de 12x36, respeita o montante de 220 horas mensais, não extrapola o
limite de 44 horas semanais - ambos decorrentes do art. 7º, XIII, da CRFB/88 -, bem como não prejudica o gozo
do repouso semanal remunerado (7º, XV, da CRFB/88), mostrando-se, portanto, válido. Desse modo, essa
condição de trabalho pode ser fixada por norma coletiva autônoma. (RO-3307-55.2010.5.12.0000, SDC, Relator
Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 13/12/2019).

§ 10/02/2020 – É inválida norma coletiva que condiciona a assistência sindical à comprovação de


recolhimento de receitas sindicais. Nos termos do que dispõe o art. 477, § 7º, da CLT, o ato da assistência na
rescisão contratual será sem ônus para o trabalhador e empregador. Logo, a cláusula que obriga a comprovação
do pagamento das contribuições sindicais, assistenciais e confederativa, contraria o teor do art. 477, § 7º, da CLT.
Julgados da SDC. (RO-3307-55.2010.5.12.0000, SDC, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT
13/12/2019).

§ 10/02/2020 – É inválida a imposição de descontos de contribuição assistencial para toda a categoria.


Ressalvado o entendimento do Relator, a jurisprudência desta Corte, consubstanciada no Precedente Normativo
nº 119 e na OJ nº 17 da SDC, não admite norma coletiva que imponha descontos nos salários dos integrantes da
categoria profissional, em favor do sindicato, que não sejam filiados ao ente sindical. (RO-3307-
55.2010.5.12.0000, SDC, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 13/12/2019).

§ 10/02/2020 – Em ação anulatória, é incabível a imposição de obrigação de fazer ou de não fazer e o


pedido de dano moral coletivo. A ação anulatória tem natureza constitutiva negativa e, portanto, em face do
caráter dessa ação, é incabível a imposição de obrigação de fazer ou de não fazer, a cominação de multa pelo
descumprimento da determinação judicial e o provimento condenatório, como o relativo ao pagamento de
indenização por dano moral coletivo. Julgados da SDC do TST. (RO-3307-55.2010.5.12.0000, SDC, Relator
Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 13/12/2019).

§ 10/02/2020 – A adesão espontânea a Plano de Demissão Incentivada ou Voluntária é equiparada ao


pedido de demissão, sendo indevidos a multa de 40% do FGTS e o aviso prévio. Precedentes. (ARR-
12024-47.2015.5.01.0401, 8ª Turma, Relator Ministro Marcio Eurico Vitral Amaro, DEJT 10/02/2020).

§ 10/02/2020 – 8ª Turma do TST valida seguro-garantia sem cláusula de prazo indeterminado. A apólice
de seguro apresentada deve estar dentro do prazo de vigência, sendo certo que tanto a carta de fiança bancária
como o seguro-garantia judicial com prazo determinado são admitidos como garantia do Juízo, contudo devem
ser renovados ou substituídos antes do vencimento. Outrossim, inexiste imposição legal para que o
seguro-garantia judicial ou a carta de fiança bancária tenham o prazo de validade indeterminado ou
condicionado até solução final do litígio. De igual modo, não se pode inferir que a prerrogativa contratual da

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seguradora de requerer, em caso de dúvida, novos documentos ou informações para fins de reclamação do
sinistro resulte na ineficácia do seguro-garantia. Caso seja extinta ou não renovada a garantia, a parte arcará com
o ônus da sua desídia, como em qualquer hipótese ordinária de perda superveniente da garantia. Nessa senda,
merece reforma a decisão regional que concluiu pela deserção do recurso ordinário. (RR-1002021-
76.2017.5.02.0511, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 10/02/2020).

Nota: a Reforma Trabalhista acrescentou o § 11 ao art. 899 da CLT, prevendo que “o depósito
recursal poderá ser substituído por fiança bancária ou seguro-garantia judicial”. A nova regra produziu
debates acerca da admissibilidade de uma apólice do seguro-garantia com cláusula de prazo
determinado. Para pacificar a questão, foi editado o ato conjunto TST/CSJT/CGJT nº 1, de
16/10/2019 que previa, entre outras regras, que a apólice a ser apresentada deveria ter prazo
mínimo de 3 anos, com cláusula de renovação automática e responsabilidade da parte em
comprovar a renovação da apólice. No Procedimento de Controle Administrativo 0009820-
09.2019.2.00.0000, o Conselheiro Mário Guerreiro suspendeu os artigos 7º e 8º do referido
ato. O art. 7º menciona que o seguro-garantia só será aceito se for apresentado antes de
depósito ou da efetivação da constrição em dinheiro, ao passo que o art. 8º menciona que “após
realizado o depósito recursal, não será admitido o uso de seguro garantia para sua substituição”.

§ 11/02/2020 – Comissária não faz jus a diferenças salariais por cobrança de refeições dos passageiros.
Segundo o artigo 456, parágrafo único, da CLT, inexistindo cláusula expressa, entende-se que o empregado se
obriga a todo e qualquer serviço compatível com a sua condição pessoal. Com efeito, o fornecimento de
refeições e bebidas aos passageiros se insere nas atribuições inerentes dos comissários de bordo, pouco
importando se realizado a título gratuito ou mediante pagamento pelos usuários do transporte aéreo, não
havendo falar em acúmulo de funções pela venda dos referidos produtos. (ARR-10858-28.2014.5.01.0073, 8ª
Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 19/12/2019).

§ 12/02/2020 – Sociedade de economia mista em regime não concorrencial submete-se ao regime de


precatórios. O STF, ao apreciar o tema 253 de repercussão geral, firmou entendimento no sentido de que as
“sociedades de economia mista que desenvolvem atividade econômica em regime concorrencial não se beneficiam do regime de
precatórios, previsto no art. 100 da Constituição da República” (RE 599628, Rel. Min. Ayres Britto, DJe de 14/10/11).
Por outro lado, ao julgar a ADPF 387, o Pretório Excelso foi mais claro, ao reconhecer que “é aplicável o regime dos
precatórios às sociedades de economia mista prestadoras de serviço público próprio do Estado e de natureza não concorrencial” (Rel.
Min. Gilmar Mendes, julgada em 23/03/17). No caso, a Terracap é empresa estatal dependente do Governo do
Distrito Federal, organizada sob a modalidade de sociedade de economia mista. Como não atua em regime
concorrencial, ao gerenciar os terrenos da capital federal, enquadra-se no figurino traçado pelo STF para
submissão de seus débitos judiciais ao regime do precatório. (ARR-44400-03.1988.5.10.0007, 4ª Turma, Relator
Ministro Ives Gandra Martins Filho, DEJT 21/02/2020).

§ 12/02/2020 – STF fixa tese de que “é constitucional a imposição da pena de suspensão de habilitação para
dirigir veículo automotor ao motorista profissional condenado por homicídio culposo no trânsito”. O tribunal a
quo reputava que a aplicação dessa sanção ao condenado que exerce profissionalmente a atividade de motorista
seria inconstitucional, por violar o seu direito ao trabalho. O colegiado asseverou que inexiste direito absoluto
ao exercício de atividade profissionais (CRFB/88, art. 5º, XIII), sendo possível que haja restrição imposta
pelo legislador, desde que razoável, como no caso. Além disso, a medida é coerente com o princípio da
individualização da pena (CRFB/88, art. 5º, XLVI) e, também, respeita o princípio da proporcionalidade. A
suspensão do direito de dirigir não impossibilita o motorista profissional de extrair seu sustento de qualquer outra
atividade econômica (RE 607107/MG, rel. Min. Roberto Barroso, julgamento em 12.2.2020, Informativo STF nº
966, Plenário).

§ 12/02/2020 – Despedida por justa causa afasta direito às férias proporcionais e 13º proporcional. De
acordo com a jurisprudência maciça desta Corte, aplicar-se a Súmula nº 171 do TST, mesmo à luz das normas
internacionais e do caráter supralegal que Supremo Tribunal Federal lhes atribuiu. Ressalva de entendimento do
relator. Nos termos do disposto no artigo 3º da Lei nº 4.090/62, o pagamento do décimo terceiro salário
proporcional somente é devido quando a dispensa do empregado ocorrer sem justa causa. Precedentes. De todo
modo, o relator deixou expresso seu entendimento pelo qual a Constituição da República assegura de forma
plena o direito às férias, sem qualquer ressalva no que tange à despedida por justa causa. Afirmou, ainda, que a
Convenção 132 da Organização Internacional do Trabalho – OIT também autoriza o pagamento de férias
proporcionais ao empregado, independentemente do motivo de sua dispensa (RR-918-63.2014.5.04.0232, 7ª
Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 19/12/2019).

§ 12/02/2020 – Empregada de cooperativa de crédito não deve ser enquadrada como financiaria. A
jurisprudência do TST, consubstanciada na OJ nº 379 da SBDI-1, é no sentido da inviabilidade da equiparação
dos empregados de cooperativas de crédito aos bancários e financiários, para efeito de aplicação do art. 224 da

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CLT. Consoante precedentes, a inteligência do Verbete estende-se às demais vantagens ínsitas à categoria
profissional. (RR-21051-77.2014.5.04.0022, 1ª Turma, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT
08/11/2019).

§ 13/02/2020 – STF acolhe reclamação constitucional contra aplicação da isonomia entre o trabalhador
terceirizado e o empregado contratado diretamente por empresa pública (OJ 383 da SDI-1 do TST. (Rcl
39124 MC, Relator(a): Min. Luiz Fux, julgado em 12/02/2020, publicado em DJe-031, Divulg 13/02/2020,
Public 14/02/2020).

Nota: A reclamação foi formulada pela empresa CEMIG, com pedido de suspensão da
eficácia de acórdão do TRT da 3ª Região que havia deferido a um empregado terceirizado, com
fulcro na OJ 383 da SDI-1 do TST, diferenças salariais e demais vantagens em relação aos
empregados contratados diretamente pela CEMIG. Na decisão que concedeu a liminar, o
Ministro não chega a enfrentar a questão sob o prisma do princípio constitucional da isonomia, e se
fundamenta basicamente na Súmula Vinculante Nº 10 do STF, mencionando que a decisão
atacada passava pela ilicitude da terceirização na companhia elétrica e, por isso, esvaziava o
conteúdo normativo do § 1º do art. 25 da Lei nº 8.987/1995, que permite às concessionárias
do serviço público a contratar atividades inerente à consecução de seu objetivo, o que resulta
na autorização legal para terceirizar a atividade-fim.

§ 13/02/2020 – STF (decisão monocrática) nega seguimento a mandado de injunção, com pedido de liminar, em
face de omissão legislativa atribuída ao Congresso Nacional, relativamente à ausência norma que regulamente
a licença em razão de familiar portador de doença grave, no âmbito dos contratos de trabalhos regidos pela
CLT (MI 7273, Relator(a): Min. Alexandre de Moraes, julgado em 06/02/2020, publicado em DJe-029 Divulg
12/02/2020, Public 13/02/2020). O relator, Ministro Alenxandre de Moraes lançou os seguintes fundamentos:
1) o mandado de segurança será concedido quando a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício
de direitos e liberdades constitucionais; 2) o MI não cabe em qualquer omissão do poder público, mas apenas
aquelas relacionadas com as normas constitucionais de eficácia limitada, para as quais a Constituição impõe o
dever estatal de emanar normas legais. Por isso, não satisfeitos os requisitos constitucionais, em conformidade
com a jurisprudência do STF, o relator considerou que a via processual é inadequada e negou seguimento ao MI.

Nota: Na decisão, o Min. Alexandre de Moraes nada mecionou sobre a Convenção nº 156 da OIT,
sobre a Igualdade de Oportunidades e de Tratamento para Homens e Mulheres Trabalhadores:
Trabalhadores com Encargos de Família. Embora não ratificada pelo Brasil, o diploma tem natureza
jurídica de fonte material e nele há a previsão de proteção de trabalhadores de ambos os sexos com
responsabilidades para com outros membros da família direta que tenham uma manifesta necessidade
dos seus cuidados ou do seu amparo (art. 1.2). Acrescenta que este trabalhador tem o direito de
exercer livremente a escolha do emprego, tendo em conta as necessidades familiares no que respeita às
condições de emprego e segurança social. Como bem lembra o Prof. Fabiano Coelho, como o Brasil não
ratificou a Convenção, há forte argumento pela sua inaplicabilidade. Mas, há quem entenda possível
aplicar a Convenção para suprir a lacuna da legislação trabalhista, com base no art. 8º da CLT, que
prevê a possibilidade de aplicação do direito comparado para fins de integração da norma nacional.
Por isso, segundo ele, se pode usar o direito comparado, nada melhor que usar uma Convenção da
OIT que, ainda que não ratificada pelo Brasil, tem uma essência universalizante. Acrescenta, ainda,
que embora a Convenção não sirva para garantir a licença remunerada para o trabalhador com
responsabilidades familiares, pode ela ser invocada, como medida de equidade, com base em seu art.
8º, ao mencionar que “as responsabilidades familiares não podem, enquanto tais, constituir motivo
válido para por fim à relação de trabalho”. Com isso, se este trabalhador falta ao trabalho para cuidar
da filha, fato que é da ciência do empregador, não poderá sofrer punição em razão das faltas,
muito embora possa ter a remuneração descontada pelos dias de faltas. Na jurisprudência do
TST, não se viu nenhum precedente tratando de licença para cuidar de filho. Há alguns precedentes,
no entanto, prestigiando a proteção integral da criança, como o que acolheu pedido de mudança de
turno para acomodar necessidades de empregada com filho autista (AIRR-1000356-20.2013.5.02.0461,
3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 30/04/2015); o que
entendeu possível a redução de jornada sem prejuízo do salário (RR-11204-62.2017.5.15.0144, 3ª
Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 04/12/2020); e outro que
determinou a devolução de desconto por faltas em dia no qual a empregada faltou para acompanhar
consulta médica do filho (AIRR-740-04.2010.5.04.0023, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaíde Miranda
Arantes, DEJT 24/04/2015)9.

9 Ver, ainda: TRT 3 – https://portal.trt3.jus.br/internet/conheca-o-trt/comunicacao/noticias-juridicas/decisao-destaque-jt-mg-

determina-que-copasa-reduza-jornada-de-empregada-mae-de-um-filho-autista-e-outro-com-transtornos e TRT 6 –
https://www.trt6.jus.br/portal/noticias/2018/01/22/trabalhadora-com-filho-autista-tem-direito-jornada-reduzida

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§ 14/02/2020 – Correção de erro de cálculo pode ser feita a qualquer tempo por iniciativa do juiz ou a
requerimento das partes e não viola a coisa julgada. Com fundamento no art. 463, I, do CPC de 1973 (494,
I, do CPC de 2015), é possível a correção de erros de cálculo a qualquer tempo pelo juiz, de ofício ou a
requerimento, providência que não viola a coisa julgada e não está sujeita ao regime da preclusão. Julgados do Eg.
STJ. (ARR-1571600-76.2004.5.09.0006, 8ª Turma, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT
14/02/2020).

§ 14/02/2020 – Não comete falta grave o agente comunitário de saúde que deixa de residir em sua zona
de atuação. O art. 10 da Lei 11.350/2006 estabelece as hipóteses de rescisão unilateral do contrato do agente
comunitário de saúde, dentre as quais o cometimento das faltas graves do art. 482 da CLT ou quando, a teor do
art. 6º, I, altera sua residência, fixando-a fora da área de atuação. Entretanto, a Lei não determina que a rescisão
contratual se faça por justa causa, não sendo possível inferi-la, tendo em vista que se extrai do julgado que o
reclamante não praticou nenhuma falta grave, nos moldes do art. 482 da CLT. (AIRR-334-45.2016.5.09.0245, 3ª
Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 14/02/2020).

§ 14/02/2020 – Ofende o princípio da efetividade da tutela jurisdicional o indeferimento da expedição de


ofício na fase de execução. Na hipótese, o Regional manteve a sentença em que se indeferiu o pedido da
autora, em fase de execução, de expedição de ofício à Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais,
Previdência Privada e Vida, Saúde Complementar e Capitalização - CNSEG. Todavia, o princípio da efetividade
da tutela jurisdicional demanda não somente que o Poder Judiciário pronuncie o Direito, como também entregue
a tutela à parte que tiver reconhecido seu direito em Juízo. Pelo referido princípio, todos os esforços também se
concentram na efetivação e na instrumentalização da tutela jurisdicional, sob pena de ineficácia do comando
contido na sentença e, consequentemente, descrédito da sociedade no Poder Judiciário. Logo, devem ser
determinadas eventuais diligências solicitadas pela parte com objetivo de localizar bens em nome da reclamada e
de seus sócios, com vistas à satisfação do crédito exequendo. Neste caso, é incontroverso que a execução está
paralisada, porque ainda não foi possível localizar bens da executada suficientes para assegurar a satisfação dos
direitos trabalhistas objeto do título judicial condenatório. Além disso, ao contrário do que fundamentou o
Regional, como a entidade privada destinatária do ofício não estará obrigada a fornecer as informações
diretamente à exequente sem determinação do Poder Judiciário nesse sentido, conclui-se que o indeferimento
dessa providência pelas instâncias ordinárias ofende, sim, de forma direta e literal, o princípio da efetividade da
tutela jurisdicional consagrado na Norma Fundamental Brasileira (artigo 5º, inciso XXXV e §§ 1º e 2º), bem
como o inciso LXXVIII do mesmo artigo constitucional invocado no recurso de revista. (RR-76300-
15.1994.5.02.0072, 2ª Turma, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, DEJT 14/02/2020).

§ Multa por descumprimento de decisão judicial em greve pode ser revertida ao sindicato patronal.
Segundo a jurisprudência majoritária da SDC, a multa por descumprimento de obrigação de fazer ou de não fazer
- fixada em decisão liminar em contexto de greve - é devida ao exequente, em razão do critério objetivo fixado
no art. 537, § 2º, CPC. Ressalva de entendimento do Relator10. (RO-183-52.2014.5.11.0000, SDC, Redator
Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 13/12/2019).

§ 14/02/2020 – O valor relativo à condenação por honorários advocatícios sucumbenciais não precisam
ser incluídos no valor do depósito recursal, pois é parcela acessória devida ao advogado e não integram a
condenação para efeito de garantia do juízo (RR-1001418-82.2017.5.02.0711, Data de Julgamento: 12/02/2020,
Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 14/02/2020) e
(RR-20128-33.2017.5.04.0382 , Relator Ministro: Aloysio Corrêa da Veiga, Data de Julgamento: 05/02/2020, 6ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 14/02/2020).

§ Presume-se discriminatória a despedida de empregado com neoplasia maligna se há na empresa outros


postos de trabalho disponíveis. Na hipótese, o Reclamante, portador de neoplasia maligna, foi imotivadamente
despedido uma semana após o retorno do benefício previdenciário que percebia em razão de ser portador de
câncer no reto em estado avançado. A Corte de origem, reformando a sentença recorrida, não considerou
comprovada a tese de dispensa discriminatória, por entender que “a empresa desmobilizou a plataforma onde ele (o
Autor) laborava, de modo que o seu antigo posto de trabalho já havia sido extinto quando do seu retorno à ativa”. No entanto,
registra o acórdão regional que, quando do retorno do Reclamante ao labor em virtude da cessação de benefício

10 O relator do recurso ordinário do Sinetram, ministro Mauricio Godinho Delgado, assinalou que, no seu entendimento, nas ações

coletivas, a multa pode ser direcionada à reconstituição dos bens coletivos lesados, conforme ocorre nas ações civis públicas. No entanto,
o ministro explicou que o entendimento predominante na SDC é que a multa por descumprimento de ordem judicial fixada em liminar é
devida à parte contrária (exequente), conforme dispõe o CPC (artigo 537, parágrafo 2º). Em setembro do ano passado, ao julgar caso
semelhante com os mesmos sindicatos, o órgão registrou que, embora seja louvável a destinação da multa para instituições beneficentes,
essa determinação contraria o critério objetivo previsto no CPC, ao possibilitar ao juízo a discricionariedade em relação à destinação da
multa, “a seu livre arbítrio e conforme os próprios parâmetros”.

20
previdenciário, havia outros postos de trabalho ativos na empresa nos quais o Reclamante poderia ter
sido realocado. Desse modo, diante do quadro fático delineado no acórdão recorrido, considera-se que a
decisão regional, ao entender que não houve discriminação na dispensa do Reclamante - notadamente por existir
outras plataformas ativas à época do retorno ao trabalho -, foi proferida em dissonância ao entendimento
consubstanciado na Súmula 443 do TST. Não é demais ressaltar que o Reclamante, sendo acometido por
neoplasia maligna - câncer -, considerada uma doença grave e estigmatizada, tem a seu favor a presunção que a
dispensa foi discriminatória à exegese da Súmula 443 do TST. E a conduta discriminatória é gravemente
censurada pela ordem jurídica, especialmente a partir dos comandos constitucionais de 5.10.1988 (Preâmbulo do
Texto Máximo; art. 1º, III; art. 3º, I e IV; art. 5º, caput e inciso I; art. 5º, III, in fine, todos preceitos da
Constituição da República). (RR-462-45.2015.5.17.0191, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado,
DEJT 14/02/2020).

§ 14/02/2020 – Advogado concursado não tem direito à jornada especial. Segundo o artigo 20 do Estatuto
da Advocacia (Lei nº 8.906/94), a jornada do advogado empregado é de no máximo quatro horas contínuas
diárias e 20 horas semanais. Nos casos em que a norma coletiva estabeleça jornada diferenciada ou em que o
contrato de trabalho exija dedicação exclusiva, ela pode ser de oito horas. A jurisprudência do TST tem se
firmado no sentido de considerar suficiente para a caracterização do regime de exclusividade a fixação no edital
do concurso público da jornada de oito horas para advogado, sendo inaplicável a carga horária semanal de vinte
horas prevista no art. 20 da Lei 8.906/1994. Há precedentes. (RR-730-76.2015.5.10.0003, 6ª Turma, Relator
Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 14/02/2020).

§ 14/02/2020 – Aviso extemporâneo de férias não gera pagamento em dobro. Ante a ausência de previsão
legal, o mero descumprimento do prazo de 30 (trinta) dias, previsto noart. 135 da CLT, para a comunicação
prévia ao empregado da concessão das férias, não resulta na condenação ao pagamento em dobro, quando o
empregador observa os prazos para sua concessão e pagamento, previstos nos artigos 134 e 145 da CLT. Há
julgados. (RR-3087-43.2015.5.12.0045, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT
22/11/2019).

§ Na terceirização lícita, operada pela administração pública indireta ao contratar empresa prestadora de
serviços mediante procedimento licitatório regular, o princípio da isonomia resta mitigado. A
jurisprudência desta Corte Superior vem se consolidando no sentido de que os empregados terceirizados fazem
jus às mesmas verbas trabalhistas legais e normativas asseguradas aos contratados pela empresa tomadora de
serviços, caso constatado o exercício das mesmas funções e caso a contratação tenha se dado de forma irregular.
Presentes tais requisitos, aplicar-se-ia o princípio da isonomia salarial. Entendimento consubstanciado na OJ nº
383 da SBDI-1. Para que o empregado terceirizado faça jus, portanto, às verbas previstas em norma coletiva da
empresa tomadora de serviços, é necessário o reconhecimento da terceirização ilícita. Há precedentes. Na
hipótese, o pedido do autor sequer está fundamentado na ilicitude da terceirização. Tampouco a tomadora foi
incluída no polo passivo da ação. O Tribunal Regional, no entanto, ao ser instado a se manifestar sobre o ponto
em sede de embargos de declaração, adotou a tese de que não há necessidade de se reconhecer a terceirização
ilícita para o deferimento do adicional de confinamento ao autor. Dessa forma, a decisão da egrégia Corte
Regional destoa do entendimento consubstanciado na OJ nº 383 da SDBI-1. Recurso de revista de que se
conhece e a que se dá provimento. (RR-658-29.2017.5.05.0401, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto
Caputo Bastos, DEJT 21/02/2020).11

§ 14/02/2020 – Contratante de serviços pode ajuizar ação de consignação em pagamento para quitar
salários atrasados de terceirizados. A responsabilidade do tomador dos serviços resultante do contrato de
terceirização depende, em primeiro lugar, da existência do próprio labor em seu proveito, fato incontroverso nos
autos. Portanto, ainda que não tenha havido haja relação jurídica direta entre o trabalhador e a pessoa jurídica
para quem o labor foi realizado, resultam interesse e legitimidade para a propositura da ação de consignação e
pagamento. Desde a EC nº 45/2004, a competência desta Justiça é definida não apenas em função das partes
envolvidas na relação jurídica, mas também em decorrência de ter origem na relação de trabalho, como no caso
dos autos, em que se pretende solver obrigações mantidas com os trabalhadores incluídos na relação triangular
que marca os contratos de terceirização de serviços. (RR-531-61.2012.5.01.0051, 7ª Turma, Relator Ministro
Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 14/02/2020).

11 No caso concreto, um enfermeiro que prestou serviços à Petróleo Brasileiro S. A. pleiteou o pagamento de adicional de confinamento,

com fulcro na isonomia salarial com os empregados da estatal. O benefício, previsto em instrumentos normativos dos petroleiros, é pago
na proporção de 30% do salário, em razão de atividades em regiões terrestres inóspitas ou em instalações de plataformas marítimas, que
exigem que o empregado fique confinado no local de trabalho. O empregadou reconheceu que não havia cláusula específica em acordo
coletivo de sua categoria nesse sentido, mas argumentou que, assim como os colegas empregados da Petrobras, passava 14 dias confinado
no trabalho e trabalhava nas mesmas condições. O pedido foi deferido pelo TRT da 21ª Região ao fundamento de que o enfermeiro
trabalhava nas mesmas condições que os empregados da Petrobras e, em razão do princípio da isonomia, dos valores sociais do trabalho
e da dignidade da pessoa humana, tinha direito ao adicional. Mas, como visto, o entendimento foi reformado pelo TST em decisão
turmária.

21
§ 14/02/2020 – Empregado que usava motocicleta nas atividades só receberá adicional de periculosidade
após regulamentação. Conforme se verifica no § 4º do art. 193 da CLT, com a redação dada pela Lei nº
12.997/2014, “são também consideradas perigosas as atividades de trabalhador em motocicleta”. O “caput” do preceito prevê
que as atividades ou operações perigosas nele relacionadas dependem da regulamentação aprovada pelo
Ministério do Trabalho e Emprego, razão pela qual somente após sua edição passou a ser devido o adicional
respectivo. No caso, o autor é empregado de empresa que se beneficiou da suspensão dos efeitos da Portaria
1.565/2014-MTE, que regulamentou as atividades perigosas em motocicleta, pela Portaria 506/2015-MTE.
(TST-RR-1364-93.2016.5.10.0017, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT
14/02/2020).

§ 14/02/2020 – A alternância na jornada de trabalho a cada 4 meses configura turno ininterrupto de


revezamento. Na hipótese dos autos, concluiu o TRT que não estava caracterizado o trabalho do Reclamante
em turno ininterrupto de revezamento, uma vez que a mudança de escala ocorria, em média, de quatro em quatro
meses. No entanto, é entendimento desta Corte que o fato de a alternância de turno ocorrer de forma
quadrimestral não descaracteriza o trabalho no aludido regime especial. Registre-se que, havendo o
trabalho com a alternância periódica de horário, de modo que esteja o empregado submetido, no todo
ou em parte, ao horário diurno e noturno, aplica-se a jornada especial prevista no artigo 7º, XIV, da
Constituição Federal, consoante dispõe a OJ nº 360 da SBDI-1 do TST. Estabelecida a alternância de
turnos, o que acarreta um maior desgaste para a saúde e para a vida familiar e social do trabalhador, resta
caracterizado o aludido regime. (RR-1001836-70.2017.5.02.0371, Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues,
Data de Julgamento: 05/02/2020, 5ª Turma, Data de Publicação: DEJT 14/02/2020)

§ 14/02/2020 – A utilização de laudo pericial emprestado não rende ensejo ao pagamento de honorários
periciais, pois a parte sucumbente no processo original já arcou com o pagamento pela sua elaboração (ARR-
1001012-04.2017.5.02.0051, Data de Julgamento: 05/02/2020, Relator Ministro: Augusto César Leite de
Carvalho, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 14/02/2020).

§ 14/02/2020 – Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ACP ajuizada pelo MPT sobre meio
ambiente do trabalho, inclusive de servidores públicos estatutários, tratando-se de situação distinta da
examinada pelo STF na ADI nº 3.395-6, para a qual a definição da competência decorreu da natureza do regime
jurídico. Aplicação da Súmula nº 736 do STF (RR-2330-22.2012.5.10.0009 Data de Julgamento: 05/02/2020,
Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 14/02/2020).

§ 14/02/2020 –Ausência de registro de penhora na matrícula do imóvel descaracteriza fraude à execução,


ante à ausência de prova da má-fé do adquirente, mesmo que pendente ação judicial. Nos termos do art.
792, IV, do CPC, a fraude à execução ocorre quando presentes dois requisitos: a litispendência,
independentemente da natureza do processo (cognição, executivo ou cautelar) e a frustração dos meios
executórios. Quando o vendedor do bem alienado é o próprio executado, a fraude à execução não é de difícil
constatação. Não é por outra razão que, ao adquirente de bens de expressivo valor monetário, cabe perquirir se o
alienante se encontra na posição de réu, em demanda capaz de o reduzir à insolvência, sob pena de sofrer as
consequências de possível e futura evicção. O adquirente do bem alienado em fraude à execução responderá pela
sua incúria. Disto decorre a lição clássica de que, em regra, ao exequente descabe provar a existência do
"consilium fraudis" entre alienante e adquirente. Entretanto, essa conclusão vem sendo mitigada pela
jurisprudência em algumas situações. Isto se dá, principalmente, quando se impõe ao adquirente do bem (terceiro
de boa-fé) um ônus desarrazoado, com intuito de evitar a fraude à execução, ou mesmo quando a conduta
daquele é irrelevante para a consumação desta. É o que se verifica no quadro fático delineado nos autos, em que
não restou provada a má-fé dos terceiros adquirentes, tampouco o registro de penhora ou ônus, na matrícula do
imóvel, que inviabilizasse a aquisição do bem, não havendo como presumir a fraude à execução. Nesse contexto,
configura-se desarrazoada a exigência de que os terceiros adquirentes deveriam ter providenciado certidões
negativas do alienante-executado, em órgãos como a Justiça do Trabalho, a fim de demonstrar sua boa fé na
aquisição do imóvel. Efetivamente, o direito do credor trabalhista à satisfação de seu crédito - embora
superprivilegiado - não é absoluto e, sendo assim, não pode violar a esfera patrimonial de pessoa que agiu com a
diligência que ordinariamente se espera daquele que realiza negócio jurídico envolvendo a alienação de bem
imóvel. A propriedade privada (art. 5°, XXII, da CF) e a segurança jurídica (art. 5°, XXXVI, da CF) também são
valores caros ao ordenamento jurídico brasileiro e, por isso, cabe ao exequente a prova de que o terceiro
adquirente agiu de má-fé, com o intuito de fraudar a execução. Precedentes. (ARR-10956-78.2014.5.15.0087,
Data de Julgamento: 12/02/2020, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 3ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 14/02/2020).

§ 14/02/2020 – A incorreção do nome da parte recorrente na peça recursal, trata-se de defeito que não
obsta o exame do apelo, especialmente quando os demais dados alusivos ao processo estão corretos e quando
não demonstrado prejuízo à parte adversa, não havendo de se falar em ilegitimidade de parte. (RR-928-

22
21.2017.5.10.0011, Data de Julgamento: 05/02/2020, Relatora Ministra: Delaíde Miranda Arantes, 2ª Turma,
Data de Publicação: DEJT 14/02/2020.

§ 14/02/2020 – Justiça do Trabalho tem competência para ação sobre condições de trabalho de
estatutários. O entendimento jurisprudencial do STF acerca da matéria em discussão demonstra que a limitação
de competência imposta à Justiça do Trabalho pela decisão daquela Corte na ADI 3395-6 não alcança as ações
que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas relativas à segurança, higiene e saúde
dos trabalhadores. Nessa linha de raciocínio, tem aplicação à hipótese dos autos a Súmula 736 do STF, segundo a
qual “Compete à Justiça do Trabalho julgar as ações que tenham como causa de pedir o descumprimento de normas trabalhistas
relativas à segurança, higiene e saúde dos trabalhadores”. Portanto, insere-se no âmbito da competência material da
Justiça do Trabalho a apreciação e julgamento de ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público do Trabalho,
mediante a qual se formulam pedidos relativos à adequação do meio ambiente de trabalho, em face de ente
público, para todos os trabalhadores, independente do vínculo jurídico laboral, inclusive para os servidores
estatutários. (RR-2330-22.2012.5.10.0009, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT
14/02/2020).

§ 14/02/2020 – A isenção do depósito recursal às as entidades filantrópicas (art. 899, § 10, da CLT)
somente se aplica ao processo de conhecimento e não aos recursos no processo de execução. O art. 899,
§ 10, da CLT só se aplica aos processos em fase de conhecimento. Em execução, incide o disposto no
art. 884, § 6º, da CLT, também instituído pela Lei nº 13.467/2017, em que se limitou a isenção de
garantia do juízo às entidades filantrópicas. A não repetição das empresas em recuperação judicial na Seção
referente aos embargos à execução implica silêncio eloquente do legislador, não cabendo interpretação extensiva
para limitar garantia de crédito trabalhista. Assim, não garantida a execução por empresa em recuperação judicial,
é deserto o apelo. Agravo de instrumento conhecido e desprovido. (AIRR-929-37.2015.5.03.0054, Relator
Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de Julgamento: 12/02/2020, 3ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 14/02/2020)

§ 14/02/2020 – Decisão que julga exceção de suspeição é irrecorrível de imediato. O RO é cabível para a
instância superior das decisões dos TRTs em processos de sua competência originária, desde que tenham
conteúdo terminativo ou definitivo (arts. 895, II, da CLT e 245 do RITST). No caso em tela, a decisão colegiada
que, ao negar provimento ao agravo regimental, mantém o entendimento acerca da exceção de suspeição arguida
pelos agravantes, tem natureza eminentemente interlocutória, referindo-se tão somente à questão incidental na
ação principal, a demandar a insurgência da parte interessada no momento recursal oportuno, tal como disposto
no art. 799, § 2º, da CLT. Neste sentido é a Súmula nº 214 do TST (AIRO-1003059-07.2017.5.02.0000, Data de
Julgamento: 11/02/2020, Relator Ministro: Alexandre de Souza Agra Belmonte, SDI-2, Data de Publicação:
DEJT 14/02/2020).

§ 14/02/2020 – SBDI-2 do TST decide que na hipótese de ação rescisória fundamentada em colusão entre as
partes o prazo decadencial começa a fluir para o MPT, que não interveio no processo principal, a partir do
momento em que tem ciência da fraude, o que se dá pela ciência inequívoca da possível irregularidade
(no caso, se deu com a denúncia ao Parquet) e não da certeza subjetiva do Procurador ou da conclusão
do inquérito civil, que sequer é etapa obrigatória. (Ag-RO-5954-31.2015.5.09.0000 Data de Julgamento:
04/02/2020, Relator Ministro: Evandro Pereira Valadão Lopes, SBDI-2, Data de Publicação: DEJT
14/02/2020).

§ 14/02/2020 – Gratificação de função recebida por mais de 10 anos não pode ser suprimida com a
entrada em vigor da Reforma Trabalhista (direito adquirido). Observa-se que os fatos constitutivos
relativos à percepção da gratificação por período superior a dez anos ocorreram em data anterior à vigência da
Lei 13.467/2017. Dessa forma, a questão deve ser solucionada de acordo com a legislação em vigor naquela
época, ou seja, levando-se em consideração o disposto no art. 468 da CLT, sem a introdução do § 2º, e na
Súmula 372, I, do TST. A alteração legislativa não alcança situações consolidadas, sob pena de afrontar os
princípios básicos de direito intertemporal previstos nos arts. 5º, XXXVI, da Constituição Federal e 6º da
LINDB. Ademais, no tocante à alegação de que o empregado foi revertido ao cargo efetivo por justo motivo, a
jurisprudência desta Corte está pacificada no sentido de se entender que o justo motivo está relacionado com a
ideia de falta grave praticada pelo empregado que importe na quebra da fidúcia especial que gerou o convite para
o exercício de função comissionada. A confirmação das alegações do impetrante acerca do rebaixamento de
função em razão do baixo desempenho no exercício da função de gerente de relacionamento exigiria análise das
provas e o mandado de segurança não pode ultrapassar o exame acerca da legalidade e razoabilidade do ato
impugnado”. (RO-735-48.2018.5.12.0000 Data de Julgamento: 11/02/2020, Relatora Ministra: Delaíde Miranda
Arantes, SBDI-2, Data de Publicação: DEJT 14/02/2020).

§ 14/02/2020 – Na sucessão trabalhista é da sucessora a responsabilidade pelo pagamento dos créditos


derivados dos contratos de trabalho dos empregados da sucedida. Consagrou-se o entendimento, na

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doutrina e na jurisprudência, de que a sociedade empresária sucessora trabalhista responde integralmente pelos
débitos oriundos das relações de trabalho, ainda que referentes a período anterior à sucessão, e mesmo que o
contrato de trabalho tenha cessado anteriormente a ela. Esse é o entendimento consagrado no TST, tanto que
resultou na edição da OJ n° 261 da SbDI-1, a qual, em situação análoga à discutida nesta demanda, dispõe que,
no caso da ocorrência de sucessão bancária, “as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empregados
trabalhavam para o banco sucedido, são de responsabilidade do sucessor, uma vez que a este foram transferidos os ativos, as agências,
os direitos e deveres contratuais, caracterizando típica sucessão trabalhista”. (RR-473-06.2012.5.15.0007, 2ª Turma, Relator
Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 14/02/2020).

§ 14/02/2020 – Por se tratar de decisão interlocutória, não cabe recurso contra decisão que julga exceção
de suspeição. O recurso ordinário é cabível para a instância superior das decisões dos Tribunais Regionais em
processos de sua competência originária, desde que tenham conteúdo terminativo ou definitivo, tal como
preconizam os arts. 895, II, da CLT e 245 do Regimento Interno desta Casa. No caso em tela, a decisão colegiada
que, ao negar provimento ao agravo regimental, mantém o entendimento acerca da exceção de suspeição arguida
pelos agravantes, tem natureza eminentemente interlocutória, referindo-se tão somente à questão incidental na
ação principal, a demandar a insurgência da parte interessada no momento recursal oportuno, tal como disposto
no art. 799, § 2º, da CLT. Neste sentido é a Súmula nº 214 do TST. Precedentes desta Subseção. (AIRO-
1003059-07.2017.5.02.0000, SBDI-2, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 14/02/2020).

§ 15/02/2020 – Alternância de horários a cada 4 meses caracteriza turno ininterrupto de revezamento. Na


hipótese dos autos, concluiu o TRT que não estava caracterizado o trabalho do Reclamante em turno
ininterrupto de revezamento, uma vez que a mudança de escala ocorria, em média, de quatro em quatro meses.
No entanto, é entendimento desta Corte que o fato de a alternância de turno ocorrer de forma quadrimestral não
descaracteriza o trabalho no aludido regime especial. Registre-se que, havendo o trabalho com a alternância
periódica de horário, de modo que esteja o empregado submetido, no todo ou em parte, ao horário diurno e
noturno, aplica-se a jornada especial prevista no artigo 7º, XIV, da Constituição Federal, consoante dispõe a OJ
nº 360 da SBDI-1 do TST. Estabelecida a alternância de turnos, o que acarreta um maior desgaste para a saúde e
para a vida familiar e social do trabalhador, resta caracterizado o aludido regime. (RR-1001836-70.2017.5.02.0371,
Relator Ministro: Douglas Alencar Rodrigues, Data de Julgamento: 05/02/2020, 5ª Turma, Data de Publicação:
DEJT 14/02/2020)

§ 15/02/2020 – Em se tratando de parcela decorrente do contrato de trabalho, e não de verbas oriundas


de contrato de previdência complementar, é competente a Justiça do Trabalho para processar e julgar a
presente lide. Não existe identidade da questão ora debatida com a examinada pelo STF nos Recursos
Extraordinários nºs RE 586.453/SE e RE 583.050/RS, em que se definiu a incompetência material da Justiça do
Trabalho para apreciar e julgar relações previdenciárias complementares. Precedentes. (RR-1000031-
93.2015.5.02.0002, 7ª Turma, Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT 13/12/2019).12

§ 18/02/2020 – Proprietária da carga não é responsável por parcelas devidas à motorista carreteiro. Os
contratos de prestação de serviços relacionados ao transporte de cargas ou produtos, regidos pelo art. 2º da Lei
n.º 11.422/2007, têm natureza estritamente comercial. Trata-se de hipóteses em que não se aplica o entendimento
reunido em torno do item IV da Súmula nº 331 do TST. Precedentes. (CLT, art. 896, § 1º-A, inciso II), diante da
função constitucional uniformizadora do TST. RR-20653-64.2017.5.04.0204, 1ª Turma, Relator Ministro Luiz
Jose Dezena da Silva, DEJT 18/02/2020.

§ 19/02/2020 – Após a vigência da Reforma Trabalhista o tempo gasto pelo empregado, antes ou depois
do labor, à espera do transporte fornecido pelo empregador não deve ser considerado como tempo à
disposição, mesmo para os contratos de trabalho firmados antes da vigência da Lei nº 13.467/2017.
Decidiu a Turma que “não se pode negar a aplicação da Lei nº 13.467/2017 aos contratos que, embora
iniciados em período anterior à sua vigência, continuam em vigor, como no caso dos autos”. (ARR-425-

12 O caso cuidava de pedido de continuidade do pagamento do auxílio-alimentação após a aposentadoria. O fundamento da decisão é que

o regulamento interno da CEF previa a extensão do benefício aos aposentados e pensionistas da empresa. O TRT havia determinado a
remessa do caso à Justiça Comum, com o entendimento de que o auxílio-alimentação estaria vinculado à complementação de
aposentadoria, paga pela Fundação dos Economiários Federais – Funcef, e não pela ex-empregadora. O TRT se baseou no entendimento
do STF de que cabe à Justiça Comum julgar processos decorrentes de contrato de previdência complementar privada, ainda que oriundo
do contrato de trabalho, pois a relação entre o associado e a entidade de previdência não é trabalhista. No entanto, para o relator no TST
o tema é diverso do julgado pelo STF. Afirmou que nos termos da OJ nº 51 da SBDI-1 do TST, a continuidade do pagamento do auxílio-
alimentação instituído pela empregadora como parcela autônoma após a aposentadoria não decorre de aplicação de norma de plano de
benefício previdenciário instituído por entidade de previdência privada, mas de norma regulamentar, a quem compete o pagamento da
parcela. Trata-se, assim, de típica demanda trabalhista, pois a pretensão da aposentada diz respeito ao extinto contrato de trabalho e aos
efeitos pós-contratuais do vínculo de emprego regido pela CLT.

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88.2018.5.12.0017, Data de Julgamento: 19/02/2020, Relator Ministro: Breno Medeiros, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 28/02/2020).13

§ 19/02/2020 – Órgão Especial do TST reafirma entendimento de que contra decisão que denega seguimento
a recurso extraordinário cabe: a) agravo de instrumento ao STF, no prazo de 15 dias úteis, quando o
fundamento da decisão que tranca o RE não se baseia em decisão do STF constante da Tabela de Temas de
Repercussão Geral; b) agravo interno ao Órgão Especial do TST, no prazo de 8 (oito) dias úteis, quando o
trancamento ocorre mediante invocação de tema de repercussão geral do STF. Ementa: AGRAVO.
INTEMPESTIVIDADE. DECISÃO DA VICE-PRESIDÊNCIA DO TST EM QUE NÃO ADMITIDO
RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM BASE EM PRECEDENTE DE REPERCUSSÃO GERAL.
PRAZO PREVISTO NO ARTIGO 265 DO REGIMENTO INTERNO DO TST. INOBSERVÂNCIA.
Trata-se de agravo interposto em face da decisão da Vice-Presidência do TST pela qual fora denegado
seguimento ao recurso extraordinário com base em precedente de repercussão geral. Na esteira do julgamento do
Pleno do Supremo Tribunal Federal no AI 760.358/SE (Relator Gilmar Mendes), a decisão em que aplicado
precedente de repercussão geral desafia agravo interno para a Corte de origem. Tal orientação foi
consolidada no CPC vigente (artigo 1.030, § 2º). O agravo interno está previsto no artigo 265 do Regimento
Interno do TST com prazo de 8 (oito) dias. Assim, não observado o prazo de 8 (oito) dias, o não conhecimento
do agravo, por intempestivo, é medida que se impõe. Agravo não conhecido. (Ag-ED-Ag-AIRR-123700-
10.2011.5.17.0008, Relator Ministro: Renato de Lacerda Paiva, Data de Julgamento: 10/02/2020, Órgão Especial,
Data de Publicação: DEJT 19/02/2020)

§ 21/02/2020 – O contato ou a manipulação do cimento, no exercício da função desempenhada pelo


Reclamante (motorista montador de bomba), não está inserida entre as atividades e operações
classificadas como insalubres pelo Ministério do Trabalho - Anexo 13 da NR 15, não ensejando, portanto,
o pagamento do adicional de insalubridade. Logo, faz-se cabível excluir da condenação o pagamento do adicional
de insalubridade em grau médio, fundamentado no contato com “cimento”. (RR-1002277-12.2016.5.02.0072, 3ª
Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 21/02/2020).

§ 21/02/2020 – Portuário avulso tem direito a intervalo intrajornada e horas extras. A Constituição Federal,
em seu art. 7º, XXXIV, equiparou os trabalhadores com vínculo empregatício e os avulsos, não havendo,
portanto, razão para se excluir destes o direito ao intervalo intrajornada, até porque se trata de medida de higiene,
saúde e segurança do trabalho. Ademais, são devidas horas extras aos portuários avulsos que trabalham em dois
turnos de seis horas consecutivos, ainda que a prestação de trabalho seja para tomadores diversos. Precedentes.
(ARR-1000775-43.2017.5.02.0447, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT
21/02/2020).

§ 21/02/2020 – Presunção de veracidade da jornada apontada na inicial cede quando a mesma for
inverossímil. A ausência de controles de ponto gera presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho,
que pode ser elidida por prova em contrário, dentre as quais constam a razoabilidade e a experiência do
magistrado (art. 375 do CPC), de modo que não se impõe a adoção pelo julgador de toda e qualquer jornada de
trabalho informada pelo reclamante, sobretudo quando esta se mostrar inverossímil, como ocorre no presente
caso. Não há como reconhecer, por presunção, a veracidade da jornada declinada na inicial, de 18 horas diárias,
cumprida todos os dias, com apenas duas folgas por mês e durante um ano (duração do contrato). Recurso de
revista conhecido por má aplicação da Súmula n° 338 do TST e provido. (RR-975-43.2014.5.23.0106, 3ª Turma,
Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 21/02/2020).

§ 21/02/2020 – A filiação compulsória ao sistema do FGTS, instituída pela CRFB/88, não afeta o direito
adquirido pelo reclamante à estabilidade decenal prevista no art. 492 da CLT, conquistada
anteriormente ao advento da CRFB/88 (art. 14 da Lei nº 8.036/1990). Na hipótese de despedida sem justa
causa do estável decenal, após a Constituição Federal, é devida a sua reintegração ao emprego, nos termos do art.
495 da CLT. Revelando-se desaconselhável a reintegração do empregado em razão da animosidade entre as
partes, é devida a indenização dobrada, nos moldes dos arts. 496 e 497 da CLT, desde a data da demissão até a
data da primeira decisão que determina a conversão da reintegração em indenização dobrada, conforme preceitua
a Súmula nº 28 do TST. (RR-24260-88.2013.5.24.0036, 7ª Turma, Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello
Filho, DEJT 21/02/2020).

13 Também constou da ementa que: “A SBDI-1 desta Corte, no julgamento do Processo E-ED-RR-334-09.2012.5.04.0024 (DEJT

15/06/2018), pronunciou-se no sentido de ser imperiosa a renovação da argumentação jurídica contida no recurso de revista na minuta
de agravo de instrumento, inclusive com a indicação dos dispositivos legais e/ou constitucionais e verbetes invocados, além da
transcrição dos arestos com os quais se pretendeu evidenciar a existência de divergência jurisprudencial, de forma a demonstrar a
incorreção da decisão que denegou seguimento ao apelo”.

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§ 21/02/2020 – Negativa de benefício previdenciário por ausência de recolhimenots previdenciários pelo
empregador gera danos morais. A inadimplência das obrigações trabalhistas acarreta a responsabilidade civil
do empregador quando provado o dano moral sofrido pelo trabalhador. No caso dos autos, a ausência de
recolhimento das contribuições previdenciárias por longo período do contrato de trabalho resultou na negativa
do órgão previdenciário oficial em conceder a aposentadoria requerida pelo reclamante. A situação retratada nos
autos configura dano moral. A simples notícia de recusa da concessão da aposentadoria é motivo suficiente para
causar angústia e abalo emocional e, ainda que o reclamante possa reverter judicialmente a decisão do INSS,
sempre haverá um período de tempo em que não poderá contar com o benefício que lhe era de direito até que
sobrevenha a decisão judicial que determine o pagamento do benefício previdenciário; sem mencionar os custos,
a demora e os riscos processuais que sempre permeiam as ações judiciais. Passar por tudo isso na velhice, ao final
do ciclo produtivo e em meio às vicissitudes desta fase da vida, é mais tormentoso. A demonstração do abalo
emocional não é materialmente comprovável, sendo perfeitamente dedutível in re ipsa, em hipóteses como a dos
autos. Logo, em função do ato ilícito praticado, emerge o dever do empregador de indenizar o reclamante pelo
dano moral impingido a ele, nos termos do art. 186 do Código Civil. (RR-24260-88.2013.5.24.0036, 7ª Turma,
Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT 21/02/2020).

§ 21/02/2020 – Comissionista pura que também realiza outras tarefas que a impediam de receber
comissões deve receber horas extra “cheia”. No caso, restou incontroverso que a reclamante recebia salário
exclusivamente à base de comissões, enquadrando-se, assim, no conceito de comissionista puro. Nos casos em
que o comissionista puro exerce funções diversas das de vendedor no decorrer das horas extras, fica
impossibilitado de efetuar vendas e receber comissões nesse período. Por isso, é devido o pagamento da hora de
trabalho mais o adicional (hora extra “cheia”). Logo, a súmula nº 340 do TST não se aplica ao caso de horas
extras decorrentes da não concessão ou concessão irregular das horas intervalares, uma vez que, nessa situação,
as comissões recebidas não remuneram de forma simples o intervalo suprimido. Outrossim, a Súmula nº 340 do
TST não se aplica ao caso de horas extras decorrentes da não concessão ou concessão irregular das horas
intervalares, uma vez que, nessa situação, as comissões recebidas não remuneram de forma simples o intervalo
suprimido (ARR-1000881-37.2015.5.02.0362, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT
07/02/2020).

§ 21/02/2020 – 5ª Turma admite razões finais remissivas em caso protesto já consignado em audiência. No
caso, o Regional entendeu preclusa a oportunidade de arguição da nulidade do julgamento por cerceio do direito
de defesa, já que as razões finais foram remissivas, apesar de o reclamante ter consignado protestos em
audiência quanto ao indeferimento da oitiva do preposto da empresa e de testemunhas. Para o TST, ao
contrário do entendimento firmado pelo TRT, consignado o protesto em audiência, não há se falar em
preclusão quanto à nulidade por cerceamento do direito de defesa pelo oferecimento de razões finais
remissivas. Demonstrada a violação do art. 5º, LV, CRFB/88 (RR-1000069-02.2018.5.02.0067, Data de
Julgamento: 19/02/2020, Relator Desembargador Convocado: João Pedro Silvestrin, 5ª Turma, Data de
Publicação: DEJT 21/02/2020).14

§ 21/02/2020 – Utilização do sistema “homem-morto” rende indenização por danos morais a Ferroviário.
Trata-se de pedido de indenização por dano moral, em razão do exercício da atividade de maquinista de trem em
regime de monocondução, em que o autor ficava impossibilitado, durante a jornada de trabalho, de satisfazer às

14 Sobre o tema, há interessante decisão da 6ª Turma: “RECURSO DE REVISTA. LEI 13.467/2017. CERCEAMENTO DO DIREITO

DE DEFESA. INDEFERIMENTO DE PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DE CONTESTAÇÃO, DOCUMENTOS E PROVA


ORAL FORMULADA PELA ADVOGADA DE RÉU REVEL. AUSÊNCIA DE PROTESTOS NA AUDIÊNCIA.
DEFERIMENTO DE PRAZO PARA APRESENTAÇÃO DE RAZÕES FINAIS ESCRITAS. CERCEAMENTO DE
DEFESA ALEGADO EM RAZÕES FINAIS ESCRITAS. AUSÊNCIA DE PRECLUSÃO. TRANSCENDÊNCIA. [...]. No caso,
apenas a advogada da reclamada compareceu à audiência. Depois do interrogatório do reclamante a advogada presente requereu prazo
para juntada de defesa, documentos e prova oral, o que foi indeferido. Ato contínuo foi encerrada a instrução processual, concedendo-se
prazo para apresentação de razões finais escritas. Ao apresentar suas razões finais escritas a reclamada alegou cerceamento do direito de
defesa em razão do indeferimento do prazo para juntada de defesa, documentos e produção de prova oral. O Tribunal Regional aplicou a
preclusão por entender que a parte deveria ter registrado protestos na audiência, logo após o indeferimento do seu pedido. A causa
apresenta transcendência jurídica, nos termos art. 896-A, § 1º, IV, da CLT uma vez que a matéria não foi analisada pelo TST sobre o
aspecto ora trazido, razão pela qual passo a apreciação dos demais pressupostos do recurso de revista. A arguição de nulidade deve ser
realizada “na primeira vez em que tiverem de falar em audiência ou nos autos”. A conjunção coordenada alternativa nos induz à
conclusão de que a parte pode realizar o protesto de forma imediata ao indeferimento, sem necessidade de renová-lo em
razões finais ou pode apresentá-lo apenas em razões finais, orais ou escritas. No caso, o protesto não foi feito de forma
imediata em audiência, mas foi realizado em razões finais escritas, conforme facultado pelo magistrado condutor da
audiência. Dessa forma, não houve preclusão para se insurgir quanto ao indeferimento do pleito de prazo para apresentação
de defesa, documentos e produção de prova oral. Embora afastada a preclusão, não há como acolher a irresignação da reclamada.
Isso porque, no período anterior à Lei 13.467/2017, como no caso dos autos, a ausência da reclamada na audiência inicial resulta em
revelia, mesmo que o seu advogado tenha comparecido a audiência (Súmula 122 do TST). Sendo a parte revel, o indeferimento de prazo
para apresentação de contestação, documentos e prova oral não constitui cerceamento do direito de defesa, nos termos da Súmula 74, II,
do TST e art. 847 da CLT. Recurso de revista de que não se conhece”. (TST-RR-10637-44.2016.5.09.0011, 6ª Turma, rel. Des. Conv.
Cilene Ferreira Amaro Santos, julgado em 5.6.2019 – Informativo TST nº 198).

26
suas necessidades fisiológicas e de realizar refeições dignamente. As provas evidenciam que ao obreiro não era
concedido o período relativo ao intervalo intrajornada, não dispondo de tempo suficiente sequer para suas
necessidades fisiológicas. O reclamante era obrigado a acionar o dispositivo de segurança denominado “homem
morto” em intervalos extremamente curtos de tempo, de modo que o empregado, durante a jornada de trabalho,
não tinha tempo suficiente e confortável para realizar suas necessidades fisiológicas e para se alimentar
dignamente. Demonstrada a impossibilidade prática do uso do banheiro pelo reclamante e da ausência de
intervalo para sua alimentação, sobretudo pela utilização do dispositivo denominado homem-morto, por óbvio
que a situação implica em responsabilidade da reclamada. Sobre o valor da indenização impõe-se à análise do
caso em tela verificar que a empresa reclamada, embora tivesse plena consciência das condições a que o
reclamante estava submetido, nada fez para solucionar o problema. A condenação de uma empresa que
conscientemente submete seus trabalhadores a condições indignas e subumanas de trabalho em uma indenização
no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil reais) mostra-se efetivamente irrisória, não cumprindo, de forma alguma, o
caráter pedagógico que deve ser observado na fixação do montante indenizatório. Ao final, a indenização foi
fixada em R$ 100.000,00 (cem mil reais) (ARR-11700-57.2017.5.03.0037, 2ª Turma, Relator Ministro Jose
Roberto Freire Pimenta, DEJT 21/02/2020).

§ 21/02/2020 – STF entende que a adoção do tempo de serviço para fins de escalonamento dos subsídios
de servidores públicos caracteriza discrímen razoável que não ofende o disposto no artigo 7º, XXX, da
CRFB/88 (ADI 5.400, rel. min. Luiz Fux, j. 21-2-2020, P, DJE de 12/03/2020).

§ 21/02/2020 – O transporte de valores por empregado bancário não contratado para tal função enseja a
reparação por dano moral. O transporte de numerário possui regramento específico na Lei nº 7.102/1983, que
estabelece normas quanto à segurança de estabelecimentos financeiros e à constituição e funcionamento das
empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores. A teor dos arts. 1º a 5º, é
vedado o transporte de valores por funcionários bancários desacompanhados de vigilantes ou funcionários
especializados. A empresa tem o dever de reduzir os riscos inerentes à segurança do trabalhador e, no tocante ao
transporte de valores, observar os ditames da legislação específica que estabelece o transporte acompanhado por
vigilantes ou por intermédio de empresa especializada. (RR-694-25.2014.5.05.0612, 7ª Turma, Relator Ministro
Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT 21/02/2020).

§ 21/02/2020. É lícita a redução do percentual da gratificação de balanço paga em razão do lucro da


empresa. Conforme orientação da SBDI-1 do TST não se há de falar em alteração contratual ilícita na hipótese
de redução do percentual da gratificação de balanço paga em razão do lucro empresarial. Pontua que a Lei nº
10.101/2000, que regula a participação dos trabalhadores nos lucros ou resultados da empresa, ao dispor, em seu
art. 2º, § 1º, sobre a necessidade de fixação, pelas partes, do período de vigência e prazos para revisão do acordo
mediante o qual avençadas as condições para o pagamento da verba, denuncia a sua natureza mutável, a exigir
periódica aferição do contexto econômico e social em que inseridas, a fim de prevenir que o cumprimento do
pactuado torne-se excessivamente oneroso para qualquer um dos contratantes. Precedentes. (RR-17-
05.2013.5.05.0038, 7ª Turma, Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT 21/02/2020).15

§ 21/02/2020 – A desconstituição da justa causa em juízo não tem o condão de afastar a incidência da
multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT, uma vez que as verbas rescisórias efetivamente devidas não foram
pagas no prazo estabelecido no parágrafo 6º do citado dispositivo. Precedentes da SBDI-1 do TST. (RR-3839-
16.2012.5.02.0201, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, DEJT 21/02/2020).

§ 21/02/2020 – Pré-contratação de horas extras poucos dias após o início do pacto laboral é fraude. A
contratação das horas extras de empregado bancário que se realiza poucos dias após a admissão caracteriza o
desvirtuamento da orientação contida na Súmula nº 199 do TST. É que o verbete não seria aplicável,
supostamente, ante a exigência de que haja contratação ao tempo da admissão. No caso em apreço, as horas
extras foram formalmente contratadas cerca de quinze dias após a admissão, circunstância que evidencia que o
banco reclamado, ao postergar a pré-contratação - na expectativa de que essa exceção fosse um requisito para
afastar a aplicação da Súmula nº 199 do TST -, agiu de modo a disfarçar a sua deliberada violação aos preceitos
da CLT. Assim, segundo o quadro delineado no Tribunal Regional, não há como se furtar ao entendimento de
que efetivamente houve pré-contratação de horas extras, a caracterizar a consonância da decisão recorrida com a
diretriz da Súmula 199, I, do TST. (RR-2083-31.2015.5.02.0018, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite
de Carvalho, DEJT 06/12/2019).

15 A SBDI-1, em sua composição plena, decidiu que a referida alteração não contraria a Súmula 51, I, do TST, tampouco o art. 468 da

CLT (sessão extraordinária de 27/6/2011, processos E-RR 42300-59.2000.5.05.0471 e E-ED-AIRR e RR75200-44.2000.5.05.0003, DEJT
de 1º/7/2011 e 19/8/2011) ao fundamento de que a modificação, além de ter acarretado a garantia dos postos de trabalho dos
empregados do Banco sucedido, gerou a efetiva percepção da parcela – que não era recebida, ante a ausência de lucro do sucedido –, e
visou à adequação dos percentuais praticados pelo Banco sucessor.

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§ 21/02/2020 – Gera dano moral proposta ao empregado de adesão a novo plano de carreira mediante
renúncia à estabilidade já adquirida na empresa sucedida. A proposta de migração dos antigos empregados
do BESC para o quadro de funcionários do Banco do Brasil continha cláusula draconiana, ao estabelecer que os
antigos empregados do BESC teriam que renunciar à estabilidade no emprego, adquirida junto ao empregador
originário, para poderem acessar os cargos de gerência do novo empregador. Ou seja, ao abrir mão da
estabilidade funcional, o reclamante não receberia nada em troca além da possibilidade de progredir na carreira.
Trata-se de acordo excessivamente arriscado e desvantajoso, pois a perda para o trabalhador é onerosa e
imediata, ao passo que os ganhos são totalmente incertos e imprevisíveis. Por outro lado, ao recursar o acordo e
permanecer com a estabilidade funcional, o empregado se vê tolhido de progredir na carreira. O prejuízo não é
apenas financeiro, mas existencial, na medida em que o reconhecimento e a progressão na carreira são aspirações
profissionais inerentes ao trabalhador. Nesses termos, o acordo formulado pelo Banco do Brasil configura abuso
do poder diretivo, pois se tratou de coagir o reclamante a renunciar à estabilidade no emprego, sob pena de
sacrificar o progresso na carreira de bancário. (ARR-8850-88.2011.5.12.0037, 7ª Turma, Relator Ministro Luiz
Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT 21/02/2020).

§ 21/02/2020 – São cumuláveis a gratificação de função e o adicional de quebra de caixa. A parcela


“quebra de caixa” tem o objetivo de remunerar o risco da atividade, frente a eventuais diferenças no fechamento
do caixa, ou seja, é paga para cobrir o risco do empregado bancário que labora com numerários, sob tensão e
risco contínuos. Já a gratificação de função de caixa visa a remunerar a maior responsabilidade do cargo. Desse
modo, podem ser cumuladas quando demonstrado o exercício simultâneo das atribuições. Isso porque são pagas
por fatores e objetivos diversos, não acarretando bis in idem. Precedentes. (ARR-1015-36.2017.5.12.0038, 7ª
Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 19/12/2019).

§ 21/02/2020 – Empresas contratantes de transporte de valores não possuem responsabilidade por


dívidas com vigilante. Em relação à responsabilidade subsidiária, frise-se o seguinte: como se observa do
acórdão recorrido, a Corte Regional reformou a sentença, responsabilizando subsidiariamente as empresas ora
recorrentes (Súmula 331, IV, do TST), na proporção em que se beneficiaram da prestação de serviços do autor
(vigilante de carro forte - coletor de malotes), por entender que houve, no caso, terceirização dos serviços de
transporte de valores, não sendo empecilho a tal reconhecimento a simultaneidade da prestação de serviços a
vários tomadores, a ausência de exclusividade da prestação laboral e a ausência de quantificação do tempo
despendido em favor de cada tomadora. Assim, considerando as peculiaridades que envolvem o presente caso e a
tese recursal de que houve má aplicação da Súmula 331, IV, do TST, uma vez que não se trata de terceirização de
mão-de-obra, mas de celebração de contrato de prestação de serviços de transporte de valores (artigos 730 do
CCB e 3º da Lei 7.102/83) de natureza civil, reputa-se prudente o provimento do agravo de instrumento para
melhor análise do recurso de revista. Agravos de instrumento conhecidos e providos apenas quanto à
controvérsia em torno da responsabilidade subsidiária, por aparente contrariedade à Súmula 331, IV, do TST (má
aplicação), a fim de determinar o processamento dos recursos de revista. Extrai-se do acórdão recorrido que, no
caso, as empresas (Spal Indústria Brasileira de Bebidas S.A., Irmãos Boa Ltda. Grupo Fartura de Hortifrut S.A. e
Banco Santander (Brasil) S.A.) firmaram contrato de prestação de serviços de transporte de valores com a
empresa RRJ Transporte de Valores e Segurança e Vigilância Ltda. e que, no cumprimento deste, o autor exercia
a função de vigilante de carro forte - coletor de malotes, prestando serviços simultaneamente às empresas
mencionadas. A Corte Regional reformou a sentença, responsabilizando subsidiariamente as empresas ora
recorrentes (Súmula 331, IV, do TST), na proporção em que se beneficiaram da prestação de serviços do autor,
por entender que houve, no caso, terceirização dos serviços de transporte de valores. Em que pese concordar
com a Corte Regional que a prestação de serviços a vários tomadores, simultaneamente, necessariamente não é
óbice para o reconhecimento da responsabilidade subsidiária, no entanto, nota-se, aqui, peculiaridades que,
consideradas em conjunto, permitem concluir que houve má aplicação da Súmula 331 desta Corte. É que não se
pode confundir o caso destes autos, em que cada empresa envolvida tem o seu objeto social específico
(comercial, industrial ou bancário), com outros casos em que o trabalhador permanece à disposição do
tomador de serviços durante toda a jornada, a exemplo dos vigilantes de banco, que a própria Súmula
331 do TST trata em seu item III. Decerto que as atividades de coleta e transporte de valores dentro dos
estabelecimentos não demandavam tempo e força de trabalho significativos às empresas envolvidas e que não
havia ingerência direta destas, assim como coordenação quanto à jornada a ser realizada. O autor estava inserido
no quadro da empresa de transportes de valores (RRJ Transporte de Valores Segurança e Vigilância Ltda.), sua
empregadora, que atuava com autonomia para gerenciar as suas atividades e não disponibilizava a sua mão-de-
obra em favor de apenas um determinado tomador dos serviços, não havendo como configurar, no caso, culpa in
eligendo ou in vigilando. As empresas envolvidas, efetivamente, não tomavam os serviços pessoais do
autor para configuração do liame da responsabilidade subsidiária, pelo contrário, o autor sempre
trabalhou, fato incontroverso, na sede da empresa de transportes de valores (prestadora), não estando
vinculado a qualquer posto de trabalho nas tomadoras. Sua lotação era na sede da prestadora, de onde partia
para as rotas, conforme se infere da peça inaugural, quando aduz que, “ao Reclamante, como aos demais
trabalhadores da Reclamada era determinado que estivessem no interior da 1ª Reclamada por volta das 7:30h,
mas somente poderiam registrar o ponto a partir das 8h, pois este período era destinado a troca de roupa, tomar

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café da manhã e ainda colocar malotes, documentos e demais objetos necessários para o seu trabalho no interior
do veículo da 1ª Reclamada" (págs. 13-14). Não tenho dúvida de que, como entendeu o Juízo de primeiro grau,
houve contrato de natureza comercial e não terceirização de serviços nos moldes da Súmula 331, IV, do TST.
Precedentes. Recursos de revista conhecidos por contrariedade à Súmula 331, IV, do TST (má aplicação) e
providos. CONCLUSÃO: 1 - Homologar a desistência do recurso do Banco, nos termos do artigo 998 do
CPC/2015; 2 - Conhecer dos agravos de instrumento apenas quanto à controvérsia em torno da responsabilidade
subsidiária e dar-lhes provimento para determinar o processamento dos respectivos recursos de revista; 3 -
Conhecer dos recursos de revista por contrariedade à Súmula 331, IV, do TST (má aplicação) e, no mérito, dar-
lhes provimento para restabelecer a sentença que julgou improcedente a ação quanto às empresas ora recorrentes.
No caso, o relator, ministro Agra Belmonte, observou peculiaridades que, consideradas em conjunto, permitem
afastar a hipótese de terceirização e, consequentemente, a aplicação da Súmula 331 do TST. Para o ministro, não
se pode confundir o caso, em que cada empresa envolvida tem o seu objeto social específico (comercial,
industrial ou bancário), com outros em que o trabalhador permanece à disposição do tomador de serviços
durante toda a jornada, a exemplo dos vigilantes de banco. (TST-ARR-11281-81.2015.5.15.0131, 3ª Turma,
Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 21/02/2020).

§ 21/02/2020 – No processo do trabalho, a atuação do MPT em processo que envolva incapaz é supletiva.
O TST, considerando a autonomia do Processo do Trabalho, assim como a ausência de lacuna que justifique a
incidência das regras do Processo Civil, firmou a compreensão de que não gera nulidade a ausência de
intervenção do MPT, por desnecessária, em processo ajuizado por menor assistido pelo responsável legal, desde
a primeira instância. Precedentes. Dessa forma, uma vez que a presente ação teve como uma das autoras a menor
impúbere assistida por sua responsável legal, o que se comprova por meio da certidão de nascimento acostada à
pág. 22 e, estando esta assistida por advogado com procuração válida constante nos autos, não há que se falar em
legitimidade do Ministério Público para atuar em favor do incapaz e, menos ainda, para recorrer de revista em
nome deste. Assim, se a menor impúbere, através de sua representante legal, concordou com a procedência
parcial da demanda, não caberia ao Ministério Público do Trabalho substituir-lhe e interpor recurso de revista.
Nesse contexto, reconheço a ilegitimidade recursal do Ministério Público do Trabalho para interposição do
recurso de revista. (RR-10167-42.2017.5.03.0141, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte,
DEJT 21/02/2020).

§ 21/02/2020 – Prazo prescricional para ações sobre férias é contado a partir do fim do período
concessivo. No caso, o Regional considerou prescrita a pretensão de pagamento em dobro das férias do período
aquisitivo 2011/2012, ao argumento de que as férias foram usufruídas em dois períodos (de 2 a 16/1 e de 2 a
16/7/2012), e a ação fora proposta em agosto de 2017, mais de cinco anos depois. Contudo, nos termos do art.
149 da CLT, o prazo prescricional para reclamar o pagamento das férias é contado do término do período
concessivo. (RR-11746-70.2017.5.15.0115, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira,
DEJT 21/02/2020).

§ 21/02/2020 – Compete à Justiça do Trabalho julgar repercussão de parcelas deferidas em juízo sobre
contribuições a previdência privada. Não se discute no presente caso a competência desta Justiça
Especializada para apreciar a repercussão das verbas salariais reconhecidas judicialmente na complementação de
aposentadoria, mas tão somente a possibilidade de se determinar o recolhimento das contribuições sociais
devidas pelo empregador (patrocinador) a entidade fechada de previdência complementar em relação ao objeto
da condenação. Cinge-se a controvérsia, portanto, em saber se a competência desta Justiça Especializada, no que
diz respeito à determinação de recolhimento das contribuições sociais (artigo 114, VIII, da CF), limita-se ao
regime geral de previdência social ou se alcança também as contribuições devidas a entidades fechadas de
previdência complementar, em razão de condenação trabalhista a títulos de parcelas que se inserem no conceito
de salário de contribuição. A SDBI-1 do TST, analisando caso análogo, manifestou-se no sentido de reconhecer a
competência desta Justiça do Trabalho, fundamentalmente com lastro nos artigos 114, IX, da Constituição
Federal c/c o artigo 876, parágrafo único, da CLT. (E-ED-ARR-2177-42.2012.5.03.0022, Relator Ministro
Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 26/08/2016). Logo, a decisão regional que declinou a competência
desta Justiça do Trabalho para analisar a demanda violou o disposto no art. 114, I, da CRFB/88. Julgados. (ARR-
2225-81.2014.5.03.0005, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 21/02/2020).

§ 21/02/2020 – Se a decisão regional se funda na interpretação de instrumento coletivo, a admissibilidade


do recurso de revista restringe-se à comprovação de dissenso jurisprudencial, pressuposto recursal,
contudo, não atendido pela parte (art. 896, b, da CLT). (ARR-2225-81.2014.5.03.0005, 5ª Turma, Relator
Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 21/02/2020).

§ 21/02/2020 – Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar pretensão de professora vinculada a


contrato de edição, cessão de direitos autorais e de uso de imagem. Consoante dispõe o art. 114, I, da
Constituição Federal, compete à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações oriundas da relação de trabalho.
No caso dos autos, o Regional frisou que o objeto do contrato de edição, cessão de direitos autorais e de uso de

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imagem firmado entre as partes consistiu na elaboração, pela reclamante, de duas apostilas da disciplina de
Geografia destinadas ao “Curso Normal Nível Médio à Distância”; na gravação de aulas, por meio televisivo,
sobre a referida matéria; e na cessão irrevogável e restrita à contratante dos direitos autorais, de edição e de uso
de imagem dessas obras, válidas somente até 31/12/2002. Todavia, mesmo após o término do contrato, as
reclamadas continuaram utilizando o material didático sem a correspondente autorização da contratada,
reproduzindo-o e distribuindo-o, o que geraria para a autora o direito à indenização. Da análise atenta do acórdão
regional, verifica-se que o intitulado contrato de edição, cessão de direitos autorais e de uso de imagem, firmado
entre as partes, traduz-se em uma forma de pactuação de prestação de trabalho, pois a reclamante,
professora, gravou aulas e elaborou apostilas; as reclamadas ministram cursos com aulas semi-presenciais; o
pagamento da autora foi efetuado em montante correspondente às horas de aula transmitidas - circunstâncias
que, somadas às demais delineadas no acórdão regional, evidenciam que é da Justiça do Trabalho a competência
para a apreciação das controvérsias decorrentes do contrato de trabalho firmado entre as partes. (RR-1618-
33.2010.5.09.0008, 7ª Turma, Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT 21/02/2020).

§ Cota parte do empregador, acerca dos descontos previdenciários, não integra a base de cálculo dos
honorários de sucumbenência. Conforme diretriz da OJ nº 348 da SBDI-1, os honorários advocatícios devem
ser calculados sobre o valor líquido da condenação, sem a dedução dos descontos previdenciários e fiscais. Ao
interpretar referida OJ, a SBDI-1 do TST sedimentou o entendimento de que a cota parte do empregador,
relativamente aos descontos previdenciários, não integra a base de cálculo dos honorários advocatícios, uma vez
que não constitui crédito de natureza trabalhista, mas parcela destinada a terceiro. (ARR-2225-81.2014.5.03.0005,
5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 21/02/2020).

§ 21/02/2020 – É lícita a alteração de turno ininterrupto de revezamento para turno fixo, ainda que com
superior carga horária mensal. No caso, os substituídos trabalhavam em turnos de revezamento, com limite de
168 horas mensais, em escala 3x2 (três dias de trabalho por dois de descanso), conforme estabelecido por norma
coletiva, e passando a submeter-se a regime de turnos fixos, em escala 5x2 – “cinco dias de trabalho por dois dias
de folga, com a venda de um dia de folga” –, sujeitos à duração mensal do trabalho de 200 horas. Entende-se que
o trabalho realizado em turnos ininterruptos de revezamento é prejudicial à saúde do trabalhador, tanto que se
desenvolve em jornada de 6 horas, justamente com o intuito de reduzir os malefícios causados pela troca
constante de turnos. Assim, afigura-se benéfica ao empregado a alteração contratual havida e que estabeleceu a
prestação de serviços em um horário fixo. Ademais, a mudança da jornada se insere no “jus variandi” do
empregador, que detém o comando do empreendimento. Registre-se que a questão sobrepuja o mero interesse
econômico, prevalecendo o direito indisponível do trabalhador à saúde e à qualidade de vida. Acrescente-se
ainda, que nesse mesmo sentido, há a previsão contida na Súmula 391, do Colendo TST, aplicável aos petroleiros.
Precedentes. Recurso de revista conhecido por violação do artigo 7º, XXVI, da CRFB/88 e provido. (RR-11181-
94.2015.5.01.0203, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 21/02/2020).

§ 26/02/2020 – SDC reitera jurisprudência de que em ação anulatória de norma coletiva ajuizada pelo MPT e
julgada improcedente não cabem honorários advocatícios sucumbenciais, salvo se comprovada má-fé
(aplicação analógica do art. 18 da Lei nº 7.347/85) (RO-49900-20.2012.5.13.0009, Data de Julgamento:
17/02/2020, Relator Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, SDC, Data de Publicação: DEJT
26/02/2020). Nota: a ação anulatória é de competência originária do TRT.

§ 26/02/2020 – É abusiva a greve político-trabalhista. No caso, a greve teve por finalidade contestar a política
de privatização do Governo. (EI-DCG-1000418-66.2018.5.00.0000 Data de Julgamento: 17/02/2020, Relator
Ministro: Guilherme Augusto Caputo Bastos, SDC, Data de Publicação: DEJT 26/02/2020).

§ 26/02/2020 – SDC reitera jurisprudência do TST e do STF (ARE 1.018.459/PR, com repercussão geral
reconhecida: “é inconstitucional a instituição, por acordo, convenção coletiva ou sentença normativa, de
contribuições que se imponham compulsoriamente a empregados da categoria não sindicalizados”) que
considera inválida instituição de contribuição assistencial compulsória aos não filiados ao sindicato,
mesmo após a Reforma Trabalhista. (RO-20909-66.2019.5.04.0000, SDC, Relator Ministro Guilherme
Augusto Caputo Bastos, DEJT 26/02/2020).

§ 27/02/2020 – Transferência realizada há mais de 10 anos afasta direito a adicional. A OJ nº 113 da SBDI-
1 do TST determina o direito ao adicional de transferência no caso de ser provisória. Considera-se o caráter
provisório ou definitivo, aferindo-se, no caso concreto, os termos em que ocorreu o deslocamento, tais como o
tempo de contratação, o motivo que o ensejou, o número de mudanças, o ânimo de permanência e, em certas
situações, a época da rescisão contratual. Na hipótese, o autor somente foi transferido duas vezes em todo o
contrato de trabalho, sendo a última há mais de 10 anos. Dessa forma, deve ser excluído o adicional de
transferência, em razão de possuir caráter definitivo. Precedentes. (RR-296-97.2013.5.09.0096, 7ª Turma, Relator
Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 19/12/2019).

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§ 28/02/2020 – Simples declaração de pobreza é meio hábil para provar a hipossuficiência para fins de
gratuidade da justiça, mesmo para as ações ajuizadas após a Reforma Trabalhista, por aplicação supletiva do
art. 99, § 3º do CPC, que é compatível com a nova redação do art. 790, § 3º, da CLT, de modo que as duas
normas podem e devem ser aplicadas conjuntamente, por força dos arts. 15 do CPC e 769 da CLT. Ainda, nos
termos do item I da Súmula nº 463 do TST, basta a simples afirmação do declarante ou de seu advogado para se
considerar configurada a sua situação econômica. (RR-340-21.2018.5.06.0001 Data de Julgamento: 19/02/2020,
Relator Ministro: José Roberto Freire Pimenta, 2ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/02/2020). No mesmo
sentido, de 14/02/2020, decisão da 6ª Turma: “mera declaração da parte quanto ao fato de não possuir condições de arcar
com as despesas do processo, nos termos da Súmula nº 463, I, do c. TST, mesmo após as alterações promovidas pela Lei
13.467/2017, é suficiente para o fim de demonstrar sua hipossuficiência econômica, com ressalva de entendimento pessoal do
Ministro Relator” (RR-433-39.2018.5.17.0013, Data de Julgamento: 11/12/2019, Relator Ministro: Aloysio Corrêa
da Veiga, 6ª Turma, Data de Publicação: DEJT 14/02/2020).

§ 28/02/2020 – É do empregado o ônus da prova quanto à culpa da Administração Pública nos processos
quem envolvem terceirização e responsabilidade subsdiária, sob o fundamento de que o julgamento do
Tema 246 da Tabela de Repercussão Geral do STF induz tal conclusão, de forma vinculante. Afirma o
relator: “a SBDI-1 do TST, em 12/12/19, com sua composição plena, entendendo que a Suprema Corte não havia firmado tese
quanto ao ônus da prova da culpa in vigilando ou in elegendo da Administração Pública tomadora dos serviços, atribuiu-o ao ente
público, em face da teoria da aptidão da prova (TST-E-RR-925-07.2016.5.05.0281, SBDI-1, Rel. Min. Cláudio
Mascarenhas Brandão – Acórdão ainda não publicado)”. Ainda: “Sobreleva notar que tal precedente da SBDI-1 se
baseia no fato de que foi rejeitada pela maioria do STF a proposta do relator (Min. Luiz Fux) de esclarecer, em embargos
declaratórios, que o ônus da prova nesse caso era do empregado. Ora, a tese da relatora originária do RE 760931 (Min. Rosa
Weber), de que o ônus da prova era da Administração Pública, restou vencida, e a decisão do TST, calcada na culpa in vigilando do
ente público, por não ter provado que fiscalizou o cumprimento das obrigações trabalhistas, foi reformada. Assim, os embargos
declaratórios foram rejeitados ao fundamento de que a decisão não carecia de maiores esclarecimentos (Red. Min. Edson Fachin). Ou
seja, nem se adotou a tese, a contrario sensu, do ônus da prova do reclamante nos embargos declaratórios, nem se afirmou ser tal
matéria infraconstitucional, já que, repita-se, ficou vencida a tese do ônus da prova do ente público no julgamento originário do
Supremo, com cassação da decisão do TST que se firmava nessa tese específica (Rel. Min. Freire Pimenta). Nesse diapasão, tendo em
vista o caráter vinculante das decisões do STF em temas de repercussão geral, o que não se dá com decisões da SBDI-1 do TST, é de
se sobrepor aquela a esta”. (RR-16876-88.2015.5.16.0016 Data de Julgamento: 18/02/2020, Relator Ministro: Ives
Gandra Martins Filho, 4ª Turma, Data de Publicação: DEJT 28/02/2020). Também nesse sentido: ARR-71-
64.2014.5.04.0231, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 31/01/2020.

Nota: não obstante as decisões da 4ª Turma, outras Turmas estão seguindo a decisão da SDI-1 do
TST. RECURSO DE REVISTA. RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA. TERCEIRIZAÇÃO. SÚMULA No 331, ITEM V, DO TST. CULPA DA
ADMINISTRAÇÃO. ÔNUS DA PROVA 1. A C. SBDI-1, no julgamento dos TST-E-RR-925-
07.2016.5.05.0281, e em atenção ao decidido pelo E. STF (tema nº 246 da repercussão geral), firmou a
tese de que, “com base no Princípio da Aptidão da Prova, é do ente público o encargo de demonstrar que atendeu às
exigências legais de acompanhamento do cumprimento das obrigações trabalhistas pela prestadora de serviços”. 2. O E.
STF, ao julgar o Tema no 246 de Repercussão Geral, não fixou tese sobre a distribuição do ônus da
prova pertinente à fiscalização do cumprimento das obrigações trabalhistas, matéria de natureza
infraconstitucional. 3. Na hipótese, a Corte de origem reputou concretamente caracterizada a conduta
culposa do ente público, que não logrou demonstrar a efetiva fiscalização do cumprimento das
obrigações trabalhistas da prestadora de serviços, encargo que lhe competia, razão por que se mantém
a condenação subsidiária imposta ao Recorrente. Entendimento diverso encontra óbice na Súmula no
126 do TST. (RR-551-21.2010.5.10.0003, 8ª Turma, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi,
DEJT 07/01/2020).

§ 28/02/2020 – 4ª Turma do TST entende possível afastar defeito formal atinente aos pressupostos
intrínsecos do Recurso de Revista (equívoco na transcrição do trecho que comprova o
prequestionamento, ou seja, mitiga-se a exigência), para dar prevalência ao julgamento de mérito, com
intuito de prestigiar tese jurídica fixada pelo STF em julgamento de tema de repercussão geral. Ainda,
afastou o óbice do art. 896, § 1º-A, I, da CLT. “2. Ora, o Supremo Tribunal Federal, ao aplicar a sistemática da repercussão
geral aos recursos extraordinários que aprecia, tem entendido que, uma vez fixada a tese de caráter vinculante, sua aplicação aos casos
concretos se faz priorizando o tema de fundo e relevando eventual desatendimento a pressupostos intrínsecos do recurso próprio da
instância a quo. Nesse sentido, em inúmeras reclamações constitucionais, o STF tem superado diversos óbices processuais, apontados
pelo TST para denegar seguimento a agravos de instrumento em recurso de revista, quando verifica que a questão de fundo tratada na
origem se refere a tema de repercussão geral já pacificado, como é o caso do Tema 246, relativo à responsabilidade subsidiária da
administração pública (cfr. Rcl 37.809 MC-SP, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 19/11/19; Rcl 37.465 MC-MA, Rel.
Min. Cármen Lúcia, DJe de 11/11/19; Rcl 37.536-RJ, Rel. Min. Alexandre de Moraes, DJe de 24/10/19, inter
alia). Compreende-se a preocupação da Suprema Corte em fazer prevalecer sua jurisprudência vinculante frente a óbices processuais
formais erigidos pelas instâncias a quo, especialmente quando tais requisitos formais (como o art. 896, § 1º-A, da CLT), guardam

31
significativa carga de subjetivismo em sua aplicação. No entanto, tal relativização dos pressupostos intrínsecos do recurso de revista
levaria consigo a sua ordinarização, retirando-lhe a natureza extraordinária que ostenta dentro da sistemática recursal trabalhista.
Daí que só se admita tal flexibilização em relação a temas de repercussão geral já pacificados pelo STF”. (RR-
16876-88.2015.5.16.0016 Data de Julgamento: 18/02/2020, Relator Ministro: Ives Gandra Martins Filho, 4ª
Turma, Data de Publicação: DEJT 28/02/2020).

§ 28/02/2020 – Mesmo em ação ajuizada anteriormente à Reforma Trabalhista, são cabíveis honorários
na ação indenizatória proposta pelos dependentes de empregado falecido, decorrente de acidente de
trabalho. Prevalece o entendimento de que é inaplicável o item I da Súmula nº 219 do TST, pois a pretensão não
decorre de violação de direitos trabalhistas, sendo inexigível, por consequência, a filiação dos autores à entidade
sindical. Com efeito, não se pode exigir dos genitores e dos filhos que venham a juízo assistido por sindicato,
pois não há vínculo empregatício com a empresa nem filiação sindical. A exigência contida na Súmula 219 está
restrita às ações entre empregado e empregador. Na ação indenizatória proposta pelos dependentes do
empregado falecido, decorrente de acidente de trabalho, a pretensão não decorre de violação de direitos
trabalhistas. Precedentes. (ARR-159000-71.2009.5.01.0065, 5ª Turma, Relator Desembargador Convocado Joao
Pedro Silvestrin, DEJT 28/02/2020).

§ 28/02/2020 – Não geral nulidade a recusa do magistrado em proceder à oitiva das partes. Ainda que
reconhecida a transcendência jurídica da matéria, em razão da existência de decisões díspares e atuais no âmbito
das Turmas desta Corte, não há como prosseguir o agravo de instrumento. Isso porque, conforme mencionado
na decisão ora impugnada, a atual jurisprudência de 6 das 8 Turmas desta Corte vem se posicionando no sentido
de que a dispensa do depoimento das partes não configura cerceamento do direito de defesa, haja vista que no
Processo do Trabalho a oitiva pessoal dos litigantes constitui faculdade do juiz, consoante o disposto no art. 848
da CLT. Acrescente-se, por relevante, que o e. TRT ainda acrescentou que os demais elementos dos autos eram
suficientes ao convencimento do magistrado singular, não havendo falar, portanto, em ofensa aos dispositivos
invocados. Considerando a improcedência do recurso, aplica-se à parte agravante a multa prevista no art. 1.021, §
4º, do CPC. (Ag-AIRR-10067-11.2013.5.06.0023, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT
28/02/2020).

Março

§ 02/03/2020 – STF, por meio de decisão monocrática do Ministro Gilmar Mendes, manda TST rever decisão
que aplica IPCA-E para correção de débito trabalhista (ARE 1.247.402).

§ 03/03/2020 – Banco integrante da administração pública indireta que promove empregado de forma
equivocada não gera dano moral. O Regional deferiu a indenização por danos morais não apenas por conta da
expectativa frustrada da reclamante de vir a ser promovida após seleção interna eivada de irregularidade, mas sim
porque, mesmo depois de verificado o equívoco na referida seleção interna e do subsequente rebaixamento de
função e salário, a reclamante continuou exercendo as atribuições próprias da promoção que lhe havia sido
negada, mediante desvio de função. Contudo, em se tratando o Banco reclamado de uma sociedade de economia
mista, está jungido ao princípio da legalidade e a todos os demais consectários constitucionais, entre os quais,
com especial destaque, a moralidade administrativa. Logo, em sendo incontroverso que a reclamante não possuía
requisitos para participar da seleção interna, a ulterior anulação do ato não pode caracterizar ilicitude apta a
ensejar qualquer eventual dano moral e a respectiva indenização. (ARR-100191-68.2016.5.01.0057, 8ª Turma,
Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 10/02/2020).

§ 03/03/2020 – Em caso de dúvida acerca do estado de gravidez, não se aplica a distribuição regular do
ônus da prova, devendo prevalecer a presunção que mais favorece o nascituro. Quanto à dúvida acerca da
data da concepção, isto é, se teria ocorrido antes ou depois do pedido de demissão, a fim de averiguar se a
empregada era ou não estável naquele momento, cumpre salientar, primeiro, que a reclamante trata
especificamente dessa questão em suas razões recursais, aduzindo que “[...] no momento do término do contrato
de trabalho, em 13/01/2018, a obreira encontrava-se grávida”, e, segundo, que a jurisprudência desta Corte é
no sentido de priorizar a garantia constitucional de estabilidade provisória da gestante, de modo a
proteger o nascituro, em caso de dúvida acerca do estado de gravidez, não se aplicando a distribuição
regular do ônus da prova. Precedentes, inclusive da SDI-116. (RR-10991-34.2018.5.18.0016, 2ª Turma,
Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, DEJT 13/12/2019).

16 ESTABILIDADE PROVISÓRIA. GESTANTE. DÚVIDA QUANTO À DATA DA CONCEPÇÃO. Na impossibilidade de se

dirimir a controvérsia quanto à data da concepção, a jurisprudência desta Corte Superior orienta-se não pela distribuição regular do ônus
da prova, mas pela prioridade da garantia constitucional da estabilidade provisória da gestante, em proteção ao nascituro. Recurso de
revista conhecido e provido. (RR-77-38.2016.5.12.0018, Relator Ministro: Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, Data de Julgamento:
03/04/2019, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 12/04/2019); DISPENSA REALIZADA ANTES DO INÍCIO DA GESTAÇÃO -
DÚVIDA OBJETIVA SOBRE O ESTADO DE GRAVIDEZ. A estabilidade gestante é garantia constitucional que visa à tutela da

32
§ 03/03/2020 – Necessidade de assistência sindical (art. 500 da CLT) se aplica a todos os tipos de
garantias de emprego. O reconhecimento da validade da rescisão contratual da empregada gestante sem a
observância das formalidades legais implica ofensa à garantia de emprego prevista no art. 10, II, “b”, do ADCT.
O art. 500 da CLT expressamente exige a assistência sindical como condição de validade do pedido de
demissão do empregado estável. Essa determinação é aplicável a todas as hipóteses de garantia de
emprego previstas no ordenamento justrabalhista, inclusive a da empregada gestante, pois o escopo da
norma é exatamente o de resguardar a lisura da demissão, de modo a assegurar que o empregado estável não
esteja sob nenhuma forma de coação, prevenindo, também, qualquer erro ou vício na manifestação de sua
vontade. Tal entendimento é válido tanto para a estabilidade decenal, quanto para as chamadas
“estabilidades provisórias”, pois o empregado em tal condição é detentor de uma maior proteção no
momento da dispensa. Recurso de revista conhecido e provido. (RR-10991-34.2018.5.18.0016, 2ª Turma,
Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, DEJT 13/12/2019).

§ 04/03/2020 – Viúva habilitada como dependente perante INSS tem legitimidade para ajuizar, em nome
próprio, ação contra ex-empregador do marido, empregado falecido. Inicialmente, destaca-se que na
presente hipótese é incontroverso que a reclamante é dependente do falecido trabalhador, devidamente habilitada
perante a Previdência Social. A questão em tela deve ser analisada à luz da legislação pertinente, que é o artigo 1º
da Lei nº 6.858/80, a saber: “Art. 1º. Os valores devidos pelos empregadores aos empregados e os montantes das contas
individuais do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço e do Fundo de Participação PIS-PASEP, não recebidos em vida pelos
titulares, serão pagos, em quotas iguais, aos dependentes habilitados perante a Previdência Social ou na forma da legislação específica
dos servidores civis e militares, e, na sua falta, aos sucessores previstos na lei civil, indicados em alvará judicial, independentemente de
inventário ou arrolamento”. O TST, interpretando o citado dispositivo, vem reiteradamente decidindo que tanto os
dependentes habilitados perante a Previdência Social quanto os sucessores previstos na lei civil
possuem legitimidade para propor ação em que se postulam verbas não recebidas pelo empregado em
vida decorrentes da relação de emprego, independentemente de inventário ou arrolamento. Nesse
contexto, verifica-se que a Corte de origem, ao decidir pela ilegitimidade ativa ad causam da viúva do de cujus,
violou o disposto no artigo 1º da Lei nº 6.858/80. Precedentes. (RR-1001726-40.2017.5.02.0446, 2ª Turma,
Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 14/02/2020).

§ 05/03/2020 – STF entende que “compete à Justiça comum processar e julgar controvérsias relacionadas à fase pré-
contratual de seleção e de admissão de pessoal e eventual nulidade do certame em face da Administração Pública, direta e indireta,
ainda que adotado o regime celetista de contratação de pessoal” (RE 960429/RN, rel. Min. Gilmar Mendes,
julgamento em 4 e 5.3.2020, Plenário, Informativo STF nº 968, Tema 992). Fundamentou-se na ideia de que na
fase pré-contratual ainda não existe um elemento essencial inerente ao contrato de trabalho, que é seu caráter
personalíssimo, de índole privada. O que prevalece é, em verdade, o caráter público, isto é, o interesse da
sociedade na estrita observância do processo administrativo que efetiva o concurso público. Portanto, a fase
anterior à contratação de empregado público deve se guiar por normas de direito público, notadamente do direito
administrativo. Ainda não há, nesse momento, direito ou interesse emergente da relação de trabalho, a atrair a
competência da Justiça trabalhista.

§ 06/03/2020 – Cabe rescisão indireta do contrato de trabalho em decorrência da não concessão do


intervalo intrajornada. É incontroversa a concessão irregular do intervalo intrajornada, porque a empregada
cumpria jornada diária de 10 horas, sem intervalo intrajornada. Assim, resta evidenciado o descumprimento
contratual e legal pelo empregador, notadamente de medida de saúde e segurança do empregado, pois o artigo
71, caput, da CLT, determina que "em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é
obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e,
salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas". Dessa forma,
constatado que a empresa não concedia corretamente o intervalo intrajornada, resta caracterizada a falta grave
apta a ensejar a rescisão indireta prevista no artigo 483, “d”, da CLT. Precedentes. (RR-1181-55.2016.5.10.0104,
3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 06/03/2020).

§ 06/03/2020 – Ainda que beneficiário da justiça gratuita, empregado deve efetuar pagamento das custas
processuais ante sua ausência injustificada à audiência. O Regional, considerando a data de ajuizamento da
presente reclamação trabalhista, em 6/12/2018, ou seja, na vigência da Lei nº 13.467/2017, bem como o
comando insculpido no art. 844, § 2º, da CLT, não conheceu do recurso ordinário interposto pelo reclamante,
por deserto, considerando prejudicado o pedido de concessão dos benefícios da justiça gratuita, uma vez que a

família e da dignidade humana. Assim sendo, ante a existência de dúvida objetiva quanto ao estado gravídico no momento da
rescisão, deve prevalecer a interpretação que privilegia o reconhecimento do direito constitucionalmente garantido. (RR-
758976-38.2001.5.03.5555, Redatora Ministra: Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, Data de Julgamento: 09/05/2005, SBDI-1, Data de
Publicação: DJ 01/07/2005).

33
parte se ausentou injustificadamente da audiência inaugural e não efetuou o pagamento das custas no momento
da interposição daquele recurso. Nos termos do regramento contido no artigo 844, § 2º, da CLT, o reclamante,
ainda que faça jus ao benefício da justiça gratuita, teria de ter efetuado o pagamento das custas processuais
quando da interposição de seu recurso ordinário, ante sua ausência injustificada à audiência, ônus do qual não se
desincumbiu. (AIRR-375-71.2018.5.09.0041, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT
06/03/2020).

§ 06/03/2020 – Não comprovação do motivo da ausência à audiência pelo reclamante implica no


pagamento das custas, ainda que beneficiário da justiça gratuita. O Tribunal Regional condenou a Autora,
beneficiária da justiça gratuita, ao pagamento das custas processuais nos termos do art. 844, § 2º, da CLT,
ressaltando que a Reclamante, sem qualquer justificativa, não compareceu à audiência inaugural, ocasionando o
arquivamento da reclamação ajuizada na vigência da Lei 13.467/2017. De fato, as inovações legais questionadas,
precisamente os §§ 2ºe 3º do art. 844 da CLT, não implicam negativa de assistência judiciária gratuita, pois a
cobrança apenas será exigida se a parte não justificar a sua ausência à audiência, após demandar e gerar custos
para a máquina judiciária e para a própria parte adversa. No caso, não comprovada, pela Autora, a
impossibilidade de seu comparecimento à audiência, correta a aplicação do artigo 844, § 2º, da CLT (Julgados do
TST). (Ag-ED-RR-1001292-60.2018.5.02.0076, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT
06/03/2020).

§ 06/03/2020 – Data da publicação da decisão prevalece sobre a data da intimação via diário oficial. Na
hipótese, consta do acórdão regional que a sentença foi publicada no dia 29/06/2018, “data em que as partes já
estavam cientes”. A jurisprudência do TST firmou entendimento de que o prazo recursal da parte que, intimada,
não comparecer à audiência em prosseguimento para a prolação da sentença conta-se de sua publicação. Dessa
forma, não há dúvida de que o prazo recursal tem início da divulgação da sentença, independentemente da
publicação no Diário de Justiça. Desse modo, acórdão regional foi proferido em conformidade com a Súmula nº
197 TST, o que obstaculiza o recurso de revista, nos termos do artigo 896, § 7º, da CLT e da Súmula nº 333.
Agravo de instrumento conhecido e não provido. (AIRR-1331-68.2017.5.08.0003, 8ª Turma, Relatora Ministra
Dora Maria da Costa, DEJT 06/03/2020).

§ 06/03/2020 – Diferença ínfima no valor do depósito recursal não implica deserção. A diferença de R$0,94
(noventa e quatro centavos) é irrisória, sendo insuficiente para obstar o seguimento do recurso, pois implica rigor
excessivo, ainda mais se considerado o valor já recolhido e o alcance da finalidade do depósito recursal, no caso,
a garantia do juízo. Nesse contexto, convém trazer à baila a decisão monocrática da Suprema Corte da lavra da
Ministra Carmen Lúcia (AI-644323/RS, publicada no DJ de 16/3/2007) que deu provimento ao agravo do
empregador convertendo-o em recurso extraordinário, a fim de, sem a premissa da deserção do recurso de
revista, determinar o retorno dos autos ao Tribunal Superior do Trabalho (AIRR-82140-38.1999.5.04.0019), para
prosseguir o julgamento do recurso como entender de direito. Naquela decisão, o entendimento foi o de que a
diferença ínfima (R$0,22 - vinte e dois centavos) não conduzia à deserção do recurso, pois cumprida a
formalidade essencial à sua admissibilidade. A diferença constatada representava quantia irrisória, que não
justifica a adoção de rigor excessivo. Vale registrar, ainda, ser aplicável ao caso o disposto na Lei nº 13.015/2014,
que inseriu o § 11 ao artigo 896 da CLT, segundo o qual, “quando o recurso tempestivo contiver defeito formal que não se
repute grave, o Tribunal Superior do Trabalho poderá desconsiderar o vício ou mandar saná-lo, julgando o mérito”. Com efeito,
referida legislação trouxe significativo avanço como forma de valorização da instrumentalidade das formas ao
permitir a desconsideração de vício que não seja grave ou a intimação da parte para ajuste, com o fim de que
possa julgar o mérito do recurso interposto. Nesse contexto, resta comprovado o efetivo recolhimento do
depósito recursal referente ao recurso ordinário. Assim, superado o óbice imposto na decisão de admissibilidade
e estando atendidos os pressupostos extrínsecos do recurso de revista remanescentes, prossegue-se na análise dos
pressupostos intrínsecos dele, nos termos da OJ nº 282 da SDI-1 deste TST. (AIRR-557-43.2012.5.01.0024, 8ª
Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 06/03/2020).

§ 05/03/2020 – STF fixa a seguinte tese de repercussão geral: “Compete à Justiça comum processar e julgar
controvérsias relacionadas à fase pré-contratual de seleção e de admissão de pessoal e eventual nulidade do
certame em face da Administração Pública, direta e indireta, nas hipóteses em que adotado o regime celetista
de contratação de pessoal”. A decisão fundamentou-se no argumento de que inexiste relação de trabalho na
chamada fase pré-contratual a atrair a competência da Justiça do Trabalho e que há prevalência do caráter público
e o concurso público como ato de natureza administrativa. (RE 960429, Relator(a): Gilmar Mendes, Tribunal
Pleno, julgado em 05/03/2020, DJe 24/06/2020).

§ 06/03/2020 – STJ fixa, em sede de Incidente de Assunção de Competência, a seguinte tese: “Compete à Justiça
comum julgar as demandas relativas a plano de saúde de autogestão empresarial, exceto quando o benefício for
regulado por meio de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho, hipótese em que a competência será da
Justiça do Trabalho, ainda que figure como parte trabalhador aposentado ou dependente do trabalhador”.
Outra tese firmada foi a de que “Para a definição da competência do julgamento das demandas entre usuário e

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operadora de plano de saúde, é irrelevante a distinção entre trabalhador ativo, aposentado ou dependente do
trabalhador”. O fundamento é o se baseia no reconhecimento da autonomia da saúde suplementar em relação ao
Direito do Trabalho, tendo em vista que o plano de saúde coletivo disponibilizado pelo empregador ao
empregado não é considerado salário, a operadora de plano de saúde de autogestão, vinculada à instituição
empregadora, é disciplinada no âmbito do sistema de saúde suplementar, e o fundamento jurídico para avaliar a
procedência ou improcedência do pedido está estritamente vinculado à interpretação da Lei dos Planos de Saúde,
o que evidencia a natureza eminentemente civil da demanda. (Tese firmada no REsp n. 1.799.343/SP, Relatora
para acórdão Ministra Nancy Andrighi, na sessão de julgamento da Segunda Seção, realizada em 11/3/2020)

Nota: a jurisprudência do STJ seguia o entendimento de que a competência para julgamento de


demandas entre usuário e operadora de plano de saúde seria da Justiça do Trabalho tão somente
quando a própria empresa operava o plano de saúde. Recentemente, porém, o STJ, com fundamento
na autonomia do contrato de plano de saúde em relação ao contrato de trabalho, passou a manifestar
o entendimento de que a competência é da Justiça comum, mesmo na hipótese de “autogestão
empresarial”. Nesse contexto, a única hipótese em que a competência foi mantida na Justiça
do Trabalho passou a ser situação em que o plano de saúde seja da modalidade autogestão
empresarial e, cumulativamente, as regras do plano estejam previstas em contrato de trabalho,
acordo ou convenção coletiva. Já para afirmar que compete à Justiça Comum o julgamento das
demandas entre usuário e operadora plano de saúde, é irrelevante a existência de norma acerca da
assistência à saúde em contrato de trabalho, acordo ou convenção coletiva. Portanto, compete à
Justiça comum o julgamento das demandas entre usuário e operadora de plano de saúde,
exceto quando o plano é organizado na modalidade autogestão empresarial, sendo operado
pela própria empresa contratante do trabalhador, hipótese em que a competência é da Justiça
do Trabalho. (Informativo STJ nº 667)

Dada a importância do tema, importante a leitura das informações do Inteiro Teor extraídas
do Informativo STJ nº 667:

A jurisprudência desta Corte Superior, até pouco tempo, seguia o entendimento de que a competência para julgamento de
demandas entre usuário e operadora de plano de saúde era da Justiça do Trabalho tão somente quando a própria
empresa operava o plano de saúde. Recentemente, porém, o STJ, com fundamento na autonomia do contrato de plano de
saúde em relação ao contrato de trabalho, passou a manifestar o entendimento de que a competência seria da Justiça
comum, mesmo na hipótese de "autogestão empresarial". Nesse contexto, a única hipótese em que a competência foi
mantida na Justiça do Trabalho passou a ser a situação em que o plano seja da modalidade autogestão empresarial e,
cumulativamente, as regras do plano estejam previstas em contrato de trabalho, acordo ou convenção coletiva. Com base
nesse panorama jurisprudencial, a tese a ser proposta neste incidente caminharia no sentido de se afirmar a competência
da Justiça do Trabalho apenas na hipótese em que as regras de assistência à saúde estejam previstas no contrato de
trabalho, acordo ou convenção coletiva, e o que plano seja operado na modalidade autogestão empresarial, reafirmando-se
assim a atual jurisprudência. Contudo, em caso similar, o STF, no julgamento do RE 586.453/SE, que versou acerca
da competência da Justiça do Trabalho para demandas relativas à previdência complementar, adotou o critério objetivo
da autonomia da previdência complementar em relação ao contrato de trabalho, com base no art. 202, § 2º, da
Constituição, fixando-se a competência na Justiça comum, ainda que o contrato de trabalho disponha sobre previdência
complementar. 6 Porém, à falta de uma norma constitucional análoga à regra do art. 202, § 2º, da Constituição,
versando sobre saúde suplementar, não me parece viável excepcionar as regras de competência enunciadas no art. 114 da
Constituição. A solução, portanto, é buscar um outro critério objetivo. Nesse passo, deve-se retomar a jurisprudência que
prevalecia nesta Corte, no sentido de se reconhecer a competência da Justiça do Trabalho nas demandas em que o plano
de saúde é operado pela própria empresa que contratou o trabalhador. Deveras, nessa modalidade de organização da
assistência à saúde, a figura do empregador (ou do contratante da mão de obra) se confunde com a do operador do plano
de saúde, de modo que, sob a ótica do trabalhador, ou de seus dependentes, o plano de saúde é oriundo da relação de
trabalho, atraindo, portanto, a competência da Justiça do Trabalho, por força do enunciado do art. 114, inciso I, da
Constituição. De outra parte, relembre-se que a cognição da Justiça do Trabalho não é limitada à aplicação da legislação
trabalhista, podendo abranger também a aplicação da legislação comum (inclusive as normas de regulação), desde que a
demanda seja oriunda ou decorrente da relação de trabalho. Ademais, o fato de a assistência à saúde não integrar o
"salário" não implica, necessariamente, que ela não integre o “contrato de trabalho”, pois o objeto deste não se limita à
mera fixação do salário do trabalhador. Com esses fundamentos, primando-se pela segurança jurídica na definição da
competência, conclui-se pela retomada do entendimento que já prevaleceu no STJ. Definida a competência da Justiça do
Trabalho, a competência da Justiça comum se estabelece naturalmente a contrario sensu, por se tratar de competência
residual.

§ 06/03/2020 – Publicado acórdão do IRR sobre a impossibilidade de cumulação de adicionais de


insalubridade e de periculosidade. Incidente de recursos repetitivos, instaurado perante a SBDI-1, para
decidir-se, sob as perspectivas dos controles de constitucionalidade e de convencionalidade, acerca da

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possibilidade de cumulação dos adicionais de periculosidade e de insalubridade, quando amparados em fatos
geradores distintos e autônomos, diante de eventual ausência de recepção da regra do art. 193, § 2º, da CLT, pela
CRFB/88. Os incisos XXII e XXIII do art. 7º da Constituição Federal são regras de eficácia limitada, de natureza
programática. Necessitam da “interpositio legislatoris”, embora traduzam normas jurídicas tão preceptivas
quanto as outras. O princípio orientador dos direitos fundamentais sociais, neles fixado, é a proteção da saúde do
trabalhador. Pela topografia dos incisos - o XXII trata da redução dos riscos inerentes ao trabalho e o XXIII, do
adicional pelo exercício de atividades de risco -, observa-se que a prevenção deve ser priorizada em relação à
compensação, por meio de retribuição pecuniária (a monetização do risco), dos efeitos nocivos do ambiente de
trabalho à saúde do trabalhador. Gramaticalmente, a conjunção “ou”, bem como a utilização da palavra
“adicional”, no inciso XXIII do art. 7º, da Carta Magna, no singular, admite supor-se alternatividade entre os
adicionais. O legislador, no art. 193, § 2º, da CLT, ao facultar ao empregado a opção pelo recebimento de um dos
adicionais devidos, por certo, vedou o pagamento cumulado dos títulos, sem qualquer ressalva. As Convenções
148 e 155 da OIT não tratam de cumulação de adicionais de insalubridade e de periculosidade. Conforme ensina
Malcom Shaw, “quando uma lei e um tratado têm o mesmo objeto, os tribunais buscarão interpretá-los de forma
que deem efeito a ambos sem contrariar a letra de nenhum dos dois”. É o que se recomenda para o caso, uma
vez que os textos comparados (Constituição Federal, Convenções da OIT e CLT) não são incompatíveis (a regra
da impossibilidade de cumulação adequa-se à transição para o paradigma preventivo), mesmo considerado o
caráter supralegal dos tratados que versem sobre direitos humanos. É inaplicável, ainda, o princípio da norma
mais favorável, na contramão do plano maior, por ausência de contraposição ou paradoxo. Há Lei e
jurisprudência consolidada sobre a matéria. Nada, na conjuntura social, foi alterado, para a ampliação da
remuneração dos trabalhadores no caso sob exame. O art. 193, § 2º, da CLT, não se choca com o regramento
constitucional ou convencional. 8. Pelo exposto, fixa-se a tese jurídica: o art. 193, § 2º, da CLT foi recepcionado
pela Constituição Federal e veda a cumulação dos adicionais de insalubridade e de periculosidade, ainda que
decorrentes de fatos geradores distintos e autônomos. Tese fixada. (IRR-239-55.2011.5.02.0319, SBDI-1, Redator
Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 06/03/2020).17

Tese firmada: O art. 193, § 2º, da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal e veda a
cumulação dos adicionais de insalubridade e de periculosidade, ainda que decorrentes de fatos
geradores distintos e autônomos.

§ 10/03/2020 – Publicado o Informativo TST nº 215, cujas principais decisões estão da tabela abaixo:

Informativo TST nº 215


(Período 5 de fevereiro a 9 de março de 2020)
Movimento conduzido por pequeno grupo de trabalhadores e sem repercussão significativa não
caracteriza greve. Movimento que aconteceu maneira espontânea e imprevista, oriundo de reivindicações
pontuais (falta de pagamento de horas extras e supostas perseguições a obreiros), com participação de
pouquíssimos trabalhadores e curta duração (cerca de 30 minutos). Concluiu-se não estar configurada uma
efetiva greve, mas sim uma manifestação isolada, com repercussão mínima. TST-RO386-09.2017.5.11.0000,
SDC, rel. Min. Maurício Godinho Delgado, 9.3.2020 – Informativo TST nº 215.
A assinatura do advogado em acordo celebrado e homologado judicialmente entre as partes, no qual se limitou
o pagamento dos honorários advocatícios à modalidade “honorários contratuais”, comprova a sua aquiescência
quanto à exclusão dos honorários sucumbenciais fixados em sentença transitada em julgado, anterior ao
aludido acordo. Honorários sucumbenciais indevidos. TST-E-ED-RR-225340-83.1998.5.07.0010, SBDI-I, rel.
Min. Augusto César Leite de Carvalho, red. p/ acórdão Min. Breno Medeiros, 13.2.2020 – Informativo TST nº
215.
Não configura alteração contratual lesiva a mera adequação textual de anexo de norma regulamentar,
mormente quando se verifica que o anexo – parte acessória da norma –, está em descompasso com a
totalidade do conteúdo da parte principal do regulamento. A correção deu-se, sobretudo, pelo fato de que a
empresa é integrante da Administração Pública indireta e possui o poder-dever de rever e corrigir seus atos que
contenham algum vício. Assim, a hipótese apresenta peculiaridade que afasta a aplicação geral do item I da
Súmula nº 51 do TST. TST-E-ED-RR-975-54.2015.5.22.0003, SBDI-I, rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann,
red. p/ acórdão Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, 13.2.2020 – Informativo TST nº 215.
Não cabe mandado de segurança para impugnar decisões que indeferiram os pedidos de mediação e de
reconsideração formulados pelo sindicato impetrante. No bojo de uma ACP ajuizada pelo MPT, o sindicato
apresentou pedido de mediação para solucionar a questão relativa à abstenção de cobranças de honorários

17 Segundo o Professor Fabiano Coelho, da decisão se pode extrair as seguintes premissas: a) a regra que impede a cumulação dos

adicionais de insalubridade e de periculosidade, constante do § 1º do art. 193 da CLT foi recepcionada pela Constituição de 1988; b) tal
regra é compatível com as convenções 148 e 155 da OIT, normas internacionais que não tratam dos adicionais por condição de trabalho
adversas; c) a regra celetista em discussão impede a cumulação dos adicionais, sem qualquer ressalva.

36
advocatícios decorrentes da prestação de assistência judiciária, o qual foi indeferido, pois a Lei nº 5.584/70 diz
que a assistência judiciária prestada pelo sindicato é gratuita. Assim, não há falar em direito líquido e certo,
tampouco em cabimento de MS. TST-RO-572-30.2018.5.17.0000, SBDI-II, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes,
red. p/ acórdão Min. Douglas Alencar Rodrigues, 18.2.2020 – Informativo TST nº 125.
Motorista profissional que tem o direito de dirigir suspenso no curso do contrato de trabalho comete falta
grave e pode ser despedido por justa causa. TST-RR-287-93.2016.5.09.0658, 7ª Turma, rel. Cláudio
Mascarenhas Brandão, julgado em 5.2.2020 – Informativo TST nº 2015.
Motorista de Uber não tem vínculo empregatício. A possibilidade de ficar ‘off line’ sem delimitação de tempo é
circunstância que indica a ausência completa e voluntária da prestação dos serviços. Tal fato traduz, na prática,
a ampla flexibilidade do autor em determinar sua rotina, seus horários de trabalho, locais que deseja atuar e
quantidade de clientes que pretende atender por dia. Tal auto-determinação é incompatível com o
reconhecimento da relação de emprego, que tem como pressuposto básico a subordinação. Outrossim,
reservava-se ao motorista o equivalente a 75% a 80% do valor pago pelo usuário, percentual superior ao que o
TST vem admitindo como bastante à caracterização da relação de parceria entre os envolvidos, uma vez que o
rateio do valor do serviço em alto percentual a uma das partes evidencia vantagem remuneratória não
condizente com o liame de emprego. TST-RR-1000123-89.2017.5.02.0038, 5ª Turma, rel. Min. Breno
Medeiros, julgado em 5.2.2020 – Informativo TST nº 215.
É nulo o acordo extrajudicial entabulado entre o autor e os supostos responsáveis pela obra em que trabalhou,
não sendo obstáculo ao direito de propor ação de indenização em virtude da ocorrência do acidente de
trabalho, mesmo que tenha havido a participação do Ministério Público Estadual, considerando que, quando
ajuizada a presente ação, esta Justiça do Trabalho já era competente para analisar a matéria. TST-RR-52800-
46.2006.5.15.0068, 7ª Turma, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, julgado em 7.2.2020 – Informativo
TST nº 215.
Com fundamento no art. 494, I, do CPC, é possível a correção de erros de cálculo a qualquer tempo pelo juiz,
de ofício ou a requerimento, providência que não viola a coisa julgada e não está sujeita ao regime da
preclusão. TST-ARR-1571600-76.2004.5.09.0006, 8ª Turma, rel. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, julgado
em 12.2.2020 – Informativo TST nº 215.
Apenas a declaração de pobreza é suficiente para a comprovação do estado de miserabilidade do reclamante,
para fins de deferimento dos benefícios da Justiça gratuita, em ação ajuizada após a vigência da Lei n°
13.467/2017. TST-RR-340-21.2018.5.06.0001, 2ª Turma, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, julgado em
19.2.2020 – Informativo TST nº 215.

§ 11/03/2020 – Competência para processar e julgar ACP movida em face de veículo de comunicação
visando coibir a veiculação de anúncios de emprego discriminatórios. (...) Discute-se nos autos a
competência desta Justiça Especializada para processar e julgar ação com a finalidade de proibir publicação, por
jornais de grande circulação, de anúncios de emprego com cunho discriminatórios. A Constituição Federal é
categórica ao definir que compete à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações oriundas da relação de
trabalho (Art. 114, I). O quadro fático é de que a hipótese é de relação de consumo, ou seja, não oriunda de
relação de trabalho, com pretensão de coibir jornal de grande circulação de publicar anúncios de emprego, como
já ressaltado, com cunho discriminatório. Diante desse contexto, o acórdão do Regional, ao admitir a
competência da Justiça do Trabalho, violou o art. 114, I, da Constituição Federal. (...) (TST – 5ª Turma – RR-
18200-11.2007.5.02.0008 – Rel. Des. Conv. João Pedro Silvestrin – Julgado em 11/03/2020)

§ 11/03/2020 – Não cabem honorários advocatícios nas reclamações constitucionais perante o STF. 1.
Nos termos do artigo 1.022 do Código de Processo Civil de 2015, os embargos de declaração são cabíveis nos
casos de obscuridade, contradição ou omissão da decisão impugnada, bem como para fins de correção de erro
material. 2. Não é cabível a condenação em honorários em ações de natureza constitucional, que visam a tutelar
relevantes interesses sociais. Com mais razão esse entendimento se aplica à reclamação, que é ação de natureza
constitucional destinada a preservar a competência do próprio Supremo Tribunal Federal e para garantia da
autoridade de suas decisões, salvo em comprovada má-fé. 3. Embargos de declaração, opostos em 9.8.2018,
rejeitados. (Rcl 26405 AgR-ED, Relator(a): Edson Fachin, Segunda Turma, julgado em 21/02/2020, DJe 04-03-
2020)

§ 12/03/2020 – STF entende que o artigo 927, parágrafo único, do Código Civil, é compatível com o artigo
7º, XXVIII, da CRFB/88, sendo constitucional a responsabilização objetiva do empregador por danos
decorrentes de acidentes de trabalho, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente
desenvolvida, por sua natureza, apresentar exposição habitual a risco especial, com potencialidade lesiva e
implicar ao trabalhador ônus maior do que aos demais membros da coletividade (RE 828.040, rel. min. Alexandre
de Moraes, j. 12/03/2020, DJe de 26/06/2020, Tema 932).

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§ 13/03/2020 – Pensão mensal deve ser equivalente a 100% da remuneração quando há incapacidade total
para as atividades que exercia e incapacidade parcial para o trabalho. Quando há redução da capacidade de
trabalho, o valor da pensão deverá ser proporcional à depreciação auferida e o cálculo da indenização deve ser
apurado com base na incapacidade para o exercício de ofício ou profissão anteriormente exercida pelo
trabalhador, e não para o mercado de trabalho em sentido amplo, devendo ser avaliada a situação
pessoal da vítima. A jurisprudência da SbDI-1 do TST é de que, em regra, a pensão mensal deve ser equivalente
a 100% da remuneração quando há incapacidade total para as atividades exercidas e incapacidade parcial para o
trabalho. O fato de a reclamante não se encontrar completamente excluída do mercado de trabalho, podendo
exercer atividades que não lhe exijam a realização de movimentos repetitivos, não lhe retira o direito ao
pagamento da pensão mensal até convalescença. (RR-8600-20.2007.5.02.0087, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia
Magalhaes Arruda, DEJT 13/03/2020).

§ Prescrição em caso de transposição de regime jurídico é contada a partir da alteração. Cinge-se a


controvérsia à competência desta Justiça especializada para o exame da presente reclamação trabalhista, ajuizada
por empregado celetista admitido sem concurso público anteriormente à vigência da CRFB/88 e estabilizado nos
moldes do art. 19 do ADCT, bem como em face da alteração do regime jurídico de celetista para estatutário
mediante lei federal. O Tribunal Pleno desta Corte Superior trabalhista, examinando idêntica controvérsia nos
autos do processo nº TST - ArgInc-105100-93.1996.5.04.0018, envolvendo a lei estadual que foi objeto de
apreciação pelo STF na ADI 1.150/RS, firmou a compreensão de que neste precedente foi vedada tão somente a
transposição e investidura automática dos servidores celetistas admitidos sem concurso público em cargo de
provimento efetivo, sem afastar a validade da mudança do regime celetista para o estatutário. Dessa forma,
considera-se válida a mudança do regime jurídico de celetista para estatutário do servidor admitido antes da
Constituição Federal de 1988 sem concurso público e estabilizado na forma do art. 19 do ADCT, desde que não
haja a sua transposição automática e investidura em cargo de provimento efetivo. Por conseguinte, a Justiça do
Trabalho é incompetente para processar e julgar a pretensão alusiva ao período posterior à vigência da lei que
promoveu a alteração do regime jurídico de celetista para estatutário, remanescendo apenas a competência
residual desta Justiça especializada para apreciar os pedidos anteriores à instituição do regime estatutário.
Outrossim, considerando a diretriz perfilhada pela Súmula nº 382 desta Corte Superior, a mudança do regime
jurídico de celetista para estatutário resulta em extinção do contrato de trabalho, de modo que a fluência do prazo
da prescrição bienal tem início a partir da vigência da lei que alterou o regime. In casu, o prazo da prescrição
bienal começou a fluir a partir da vigência da Lei Federal nº 8.112/1990, em 12/12/1990, a qual alterou o regime
jurídico de celetista para estatutário, sendo certo que a presente reclamação trabalhista foi ajuizada apenas em
2017, após o transcurso do biênio posterior à extinção do contrato de trabalho. Logo, impõe-se pronunciar a
prescrição bienal da pretensão anterior à vigência da referida norma. (RR-798-03.2017.5.05.0421, 8ª Turma,
Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 13/03/2020).

§ 13/03/2020 – É do empregador o ônus da prova quanto à concessão do intervalo intrajornada se não há


pré-assinalação nos cartões de ponto. A controvérsia dos autos cinge-se a definir a quem cabe o ônus da
prova na hipótese em que, apesar de juntados os cartões de ponto, neles não há pré-assinalação do horário de
intervalo intrajornada. O artigo 74, § 2º, da CLT estabelece como obrigatória aos estabelecimentos de mais de
dez trabalhadores a pré-assinalação do período de repouso. A jurisprudência do TST, quanto ao intervalo
intrajornada, pacificou-se no sentido de que o ônus da prova concernente à sua concessão é do
empregador, nos casos em que não se procede à pré-assinalação dos cartões de ponto. A SBDI-1 já se
pronunciou sobre a questão, decidindo que, em hipóteses como essas, cabe ao empregador o ônus da prova
quanto à regular fruição do intervalo intrajornada. (E-ED-RR-698-68.2015.5.20.0011, SBDI-1, Relator Ministro
José Roberto Freire Pimenta, DEJT 13/03/2020). No mesmo sentido: A ausência de pré-assinalação do intervalo
intrajornada para refeição e descanso implica presunção relativa de que não era usufruído. Portanto, o ônus da
prova quanto ao fato, quando não registrado no controle de jornada, é do reclamado. Precedentes. (ARR-2701-
29.2012.5.02.0002, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 18/12/2020).

§ 13/03/2020 – A SDI-1 do TST, ao julgar o processo E - RR - 51 -16.2011.5.24.0007, decidiu que as promoções


por merecimento, pelo seu caráter subjetivo e comparativo, ligado à avaliação profissional dos empregados aptos
a concorrer à progressão, estão condicionadas aos critérios estabelecidos no regulamento empresarial, cuja análise
está exclusivamente a cargo da empregadora, o que torna a avaliação de desempenho requisito indispensável à
sua concessão. In casu, o Regional consignou o fato de não ter sido realizado o procedimento de recrutamento
interno. Nesse contexto, seguindo a linha da jurisprudência do TST e considerando o caráter meritório da
progressão vertical, a sua concessão depende do cumprimento do requisito relativo à avaliação de desempenho
no processo de recrutamento previsto na norma regulamentar, de modo que a omissão da reclamada na
realização da avaliação não induz a presunção de preenchimento do requisito e o implemento automático da
progressão, em razão do seu aspecto subjetivo, inerente ao desempenho do empregado, que somente pode ser
avaliado pela empregadora, ou seja, a análise está exclusivamente a cargo da empregadora. Ainda que a empresa
tenha sido omissa em relação à avaliação, não se poderá considerar implementada a condição,

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sobretudo diante da necessidade de a agente se submeter à concorrência com outros empregados. (RR-414-
28.2017.5.19.0008, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 13/03/2020).

§ 13/03/2020 – Erro na classificação do documento no PJe não impede admissibilidade do recurso.


Hipótese em que o Tribunal Regional não conheceu do recurso ordinário, consignando que esta não classificara
adequadamente o tipo de documento da peça apresentada. Deve-se ressaltar, no entanto, que não existe previsão
em lei para o não conhecimento do recurso ordinário apenas em razão do registro equivocado perante o sistema
PJe. Portanto, ao indicar irregularidade no peticionamento feito pelo sistema PJe, não conhecendo do recurso
ordinário interposto pela recorrente, o acórdão regional criou óbice não previsto em lei, cerceando o direito de
defesa constitucionalmente assegurado. Precedentes. (RR-1001203-43.2016.5.02.0032, 2ª Turma, Relatora
Ministra Delaide Miranda Arantes, DEJT 13/03/2020).

§ 13/03/2020 – Aprovado em concurso receberá indenização por ter sido preterido por terceirizado. A
ECT foi ao pagamento de R$ 5 mil a título de indenização a um candidato aprovado para o cargo de carteiro que
não foi nomeado, em razão da contratação de terceirizados para a função. Houve conduta culposa da empresa e
nexo causal entre a ação e o dano sofrido. (RR-1510-82.2016.5.10.0002, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio
Mascarenhas Brandao, DEJT 13/03/2020).

§ 13/03/2020 – Mandado de segurança aviado contra decisão na qual o Juízo, ao declarar nulo o acordo
entabulado entre as partes, determinou que o Impetrante (advogado dos exequentes) devolvesse o valor
auferido com a venda de dois apartamentos, recebidos em pagamento de honorários advocatícios. Na
forma do art. 5º, II, da Lei 12.016/2009, o mandado de segurança não representa a via processual adequada para
a impugnação de decisões judiciais passíveis de retificação por meio de recurso, ainda que com efeito diferido (OJ
nº 92 da SBDI-2 do TST). O acordo na reclamação trabalhista originária foi declarado nulo, em procedimento
designado pela Corregedoria Regional, nos termos do art. 142 do CPC de 2015, ante a constatação de que
celebrado em fraude à execução. Segundo a ótica da decisão censurada neste mandado de segurança, a transação
firmada traduziu ato simulado, praticado em prejuízo aos demais credores da empresa, no intuito de livrar os
imóveis penhorados em diversas reclamações trabalhistas “de ônus e gravames decorrentes de execuções fiscais, transferindo-
os diretamente ao advogado de alguns dos exequentes”. A controvérsia que envolve a determinação de devolução da
quantia relativa aos honorários em razão da declaração de nulidade do acordo (execução reversa) deve ser
solucionada nos próprios autos originários, mediante a interposição de agravo de petição (artigo 897, “a”, da
CLT). Havendo no ordenamento jurídico medida processual idônea para corrigir a suposta ilegalidade cometida
pela autoridade apontada como coatora, resta afastada a pertinência do mandado de segurança, conforme a
diretriz da OJ nº 92 da SBDI-1 do TST. (RO-5639-64.2017.5.15.0000, SBDI-2, Relator Ministro Douglas Alencar
Rodrigues, DEJT 13/03/2020).

§ 13/03/2020 – O ônus de provar a cessação da enfermidade pertence a quem interessa o fim do


pagamento da pensão. Na hipótese vertente, o autor se desincumbiu satisfatoriamente do ônus probatório que
lhe cabia de comprovar o fato constitutivo do direito à indenização por danos morais e materiais, na medida em
que o laudo pericial foi conclusivo quanto à existência de doença profissional decorrente de esforço físico
repetitivo, que implicou sua incapacidade parcial, além do nexo de causalidade com as atividades desempenhadas.
A indenização por danos materiais, na forma de pensão mensal, visa ressarcir a vítima do valor do trabalho para
o qual ficou inabilitada, enquanto durar a convalescença. Ao esclarecer os critérios objetivos para o pagamento da
pensão, o Regional havia definido que o período de convalescença seria apurado na liquidação (fase de cálculo)
da sentença e que caberia ao metalúrgico provar esse período, por intermédio de licenças concedidas pelo INSS
ou por qualquer outro meio hábil. Contudo, entendeu a Turma que o ônus de provar a cessação da enfermidade
pertence a quem interessa o fim do pagamento da pensão, não havendo que se falar em transferência de tal ônus
ao autor. (RR-160400-26.2009.5.03.0143, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT
13/03/2020).

§ 13/03/2020 – Sexta Turma do TST aceita atestado sem menção expressa de impossibilidade de
locomoção. A Súmula 122 do TST dispõe que a revelia decorrente da ausência à audiência em que deveria
apresentar defesa pode ser ilidida mediante a apresentação de atestado médico, que deverá declarar,
expressamente, a impossibilidade de locomoção no dia da audiência. No caso autos, o Tribunal Regional manteve
a sentença que aplicou a pena de confissão o reclamante, sob o fundamento de que não ficou comprovada a sua
impossibilidade de comparecer à audiência, pois o atestado continha apenas a recomendação de afastamento, sem
referência à impossibilidade de locomoção. Entretanto, consta do atestado médico apresentado, emitido um dia
antes da audiência, que o paciente estava impossibilitado de trabalhar por cinco dias. A decisão do eg. TRT
contraria o entendimento do TST no sentido de que se considera atendida a exigência da Súmula 122 do TST
para elisão da revelia a apresentação de atestado médico que, embora não declare expressamente a
impossibilidade de locomoção, noticie o comparecimento da parte ao consultório médico, com
recomendação de afastamento das atividades de trabalho, incluindo a data da sessão, o que permite
concluir que também não estaria apto a comparecer à audiência marcada. Assim, deve ser decretada a

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nulidade processual por cerceio de defesa a partir da decisão que indeferiu a suspensão da audiência e aplicou ao
reclamante a pena de confissão. (RR-122-13.2016.5.05.0511, 6ª Turma, Relator Ministro Aloysio Correa da Veiga,
DEJT 13/03/2020).

§ 13/03/2020 – A multa pelo descumprimento de acordo judicial e nele prevista (multa moratória) não se
equipara, no plano jurídico-jurisprudencial, ao conceito de “todas as verbas” (item IV da súmula 331 do
TST) decorrentes da condenação levada a efeito no processo de conhecimento e relativa ao período da
prestação de serviços. (RR-1001245-16.2014.5.02.0468, 5ª Turma, Relator Desembargador Convocado Joao
Pedro Silvestrin, DEJT 13/03/2020).

§ 13/03/2020 – Configura alteração prejudicial ao empregado e, portanto, inválida, a redução do número


de horas-aula do professor, no curso do contrato de trabalho, ainda que mantidos, o valor do salário-
hora e a quantidade fixada no momento da admissão. A decisão regional consagrou entendimento no
sentido de ser válida a alteração, porque preservado o patamar inicial, ajustado no momento da contratação.
Apontou que a oscilação da quantidade de aulas, no decorrer do contrato, seria inerente à atividade e estaria na
esfera do jus variandi do empregador. Ressaltou que a irredutibilidade salarial estaria garantida pela manutenção
do valor do salário pago por hora. O julgado merece reparo. A tese pacificada na jurisprudência é a de que: “A
redução da carga horária do professor, em virtude da diminuição do número de alunos, não constitui alteração
contratual, uma vez que não implica redução do valor da hora-aula”. A contrariu sensu, se a diminuição não está
atrelada a esse fato justificador, considera-se inválida, por prejudicar o empregado, contra a dicção do artigo 468
da CLT. Não se há de tomar como piso a carga ajustada no momento da contratação, mas, sim, o patamar mais
vantajoso, conquistado pelo empregado no decorrer do contrato. Essa é precisamente a situação dos autos, pois a
decisão regional expressa ter havido o aumento progressivo da carga-horária da autora, de 2 para 16 aulas
semanais e, depois, sua diminuição. (RR-10750-12.2013.5.01.0080, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio
Mascarenhas Brandao, DEJT 13/03/2020).

§ 13/03/2020 – Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar caso de empregada pública não estável
na forma do art. 19 do ADCT admitida antes da CRFB/88. O Tribunal Pleno do TST, no julgamento do
Processo nº 105100-93.1996.5.04.0018 (publicado em 18/9/2017, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann),
envolvendo discussão referente à constitucionalidade do art. 276, caput , da Lei Complementar Estadual nº
10.098/1994 do Estado do Rio Grande do Sul, objeto de apreciação pelo STF na ADI nº 1.150/RS, firmou o
entendimento de ser válida a transmudação automática do regime celetista para o estatutário de servidor
público estável (art. 19 do ADCT), vedando, apenas, a possibilidade de transposição e investidura em
cargo de provimento efetivo. No caso, a Reclamante foi admitida em 1984, sem concurso público, sob o
regime celetista. O caso não se adequa à situação examinada pelo Tribunal Pleno desta Corte, tendo em vista que
não se trata de servidora estável na forma do art. 19 do ADCT, porque contratada há menos de 5 (cinco) anos da
data da promulgação da Constituição da República. Não há falar em transmudação automática do regime
celetista para o estatutário, ainda que haja lei municipal prevendo a alteração do regime jurídico,
porquanto a ausência de concurso público ofende o art. 37, II, da CRFB/88. Deve ser mantida a
competência da Justiça do Trabalho para julgar e processar o feito durante todo o período contratual. (RR-318-
02.2018.5.13.0022, 8ª Turma, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 13/03/2020).

§ 13/03/2020 – Tesoureiro executivo da Caixa não possui fidúcia especial. O eg. Tribunal Regional, ao
concluir que a reclamante, no exercício de cargo de tesoureiro executivo da CEF, executava atividade de
confiança, a atrair a jornada de trabalho excepcional do art. 224, § 2º, da CLT, contrariou o entendimento do
TST, no sentido de que as atribuições do cargo de tesoureiro executivo (tesoureiro de retaguarda) evidenciam, na
realidade, o exercício de função meramente técnica, desprovida da fidúcia especial a que alude o referido
dispositivo celetista. Devido o enquadramento da reclamante no art. 224, caput, da CLT, com submissão à jornada
de seis horas diárias, e o deferimento das 7ª e 8ª horas como extras e reflexos. (RR-1001510-56.2017.5.02.0001, 6ª
Turma, Relator Ministro Aloysio Correa da Veiga, DEJT 13/03/2020).

§ 20/03/2020 – MPT tem legitimidade para discutir fraude na contratação de trabalhadores sem carteira
assinada, quando presentes os requisitos da relação de emprego. O Regional manteve a sentença que
reconheceu a ilegitimidade ativa do Ministério Público, no tocante a pretensão relativa ao registro da CTPS dos
trabalhadores, ao fundamento de que constitui direito individual heterogêneo, bem como quanto aos pedidos
constantes nos itens III.4, III.5, III.6, III.7, III.8, III.12 e III.13 da ação civil pública, ao concluir que, por serem
decorrentes do reconhecimento do vínculo empregatício, não pertencem a um grupo, mas a cada trabalhador
individualmente. O MPT detém legitimidade ad causam para ajuizar a ação civil pública na defesa dos interesses
individuais homogêneos, difusos e coletivos. No caso, o parquet intenta o reconhecimento de direito decorrente
de origem comum, ante a narrativa de fraude imputada à reclamada na contratação de trabalhadores sem carteira
assinada, quando presentes os requisitos da relação de emprego. O entendimento jurisprudencial do TST já se
pacificou no sentido de que o MPT tem legitimidade para o ajuizamento de ação civil pública inclusive para a
defesa de interesses individuais homogêneos. Precedentes. Registre-se, ainda, que o fato de ser necessária

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dilação probatória para aferição dos substituídos enquadrados na situação descrita na inicial não
constitui óbice à atuação do Ministério Público, uma vez que tal fato não descaracteriza a natureza
homogênea da pretensão. (ARR-1327-20.2013.5.24.0005, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT
20/03/2020).

§ 20/03/2020 – Sindicato possui legitimidade para pretensão condenatória de horas extras. Nos termos do
nosso ordenamento jurídico e na esteira da jurisprudência iterativa desta Corte e do Supremo Tribunal Federal, a
substituição processual pelo sindicato tem lugar em razão de defesa de direitos ou interesses individuais
homogêneos da categoria profissional representada, de forma ampla (artigo 8º, inciso III, da CRFB/88). Dessa
forma, o que legitima a substituição processual pelo sindicato é a defesa coletiva de direitos individuais
homogêneos, assim entendidos aqueles que decorrem de uma origem comum relativamente a um grupo
determinado de empregados. Esse requisito foi devida e integralmente cumprido na hipótese em julgamento.
Ressalta-se que a homogeneidade que caracteriza o direito não está nas consequências individuais no
patrimônio de cada trabalhador advindas do reconhecimento desse direito, mas sim no ato praticado
pelo empregador de descumprimento de normas regulamentares e de leis e no prejuízo ocasionado à
categoria dos empregados como um todo, independentemente de quem venha a ser beneficiado em
virtude do reconhecimento da ilicitude da conduta do empregador. Fica caracterizada a origem comum do
direito, de modo que legitime a atuação do sindicato, não a descaracterizando o fato de ser necessária a
individualização para apuração do valor devido a cada empregado, uma vez que a homogeneidade diz respeito
ao direito, e não à sua quantificação, até porque os direitos individuais homogêneos não são direitos
individuais idênticos, necessitando-se apenas que decorram de um fato lesivo comum. A liquidação do
direito eventualmente declarado nesta ação para cada trabalhador substituído dependerá do exame das
particularidades afetas a cada um deles, de forma a verificar, em relação a cada um deles, se e em que medida se
encontra abrangido pela decisão judicial a ser proferida; contudo, a necessidade de quantificação dos valores
devidos, reforça-se, não desnatura a homogeneidade dos direitos e, portanto, não afasta a legitimidade ativa do
substituto processual. (RR-1049-66.2018.5.09.0003, 2ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta,
DEJT 20/03/2020).

§ Empregada beneficiária da justiça gratuita pagará honorários advocatícios sucumbenciais. In casu, o


debate jurídico que emerge do presente processo diz respeito à compatibilidade do § 4º do art. 791-A da CLT,
introduzido pela Lei 13.467/17, que determina o pagamento de honorários advocatícios pelo beneficiário da
justiça gratuita, quando sucumbente e tenha obtido em Juízo, neste ou em outro processo, créditos capazes de
suportar a despesa, frente aos princípios da isonomia, do livre acesso ao Judiciário e da assistência jurídica
integral e gratuita aos que comprovarem a insuficiência de recursos, esculpidos no caput e nos incisos XXXV e
LXXIV do art. 5º da Constituição Federal, questão que, inclusive, encontra-se pendente de análise pela Suprema
Corte em sede de controle concentrado de constitucionalidade (ADI 5.766-DF, Rel. Min. Roberto Barroso).
Conforme se extrai do acórdão recorrido, a Autora, que litiga sob o pálio da justiça gratuita, foi condenada ao
pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais em benefício da Reclamada, no percentual de 10% dos
pedidos julgados improcedentes na presente reclamação trabalhista, no importe de R$ 3.977,08 (três mil,
novecentos e setenta e sete reais e oito centavos). Como é cediço, a Reforma Trabalhista, promovida pela Lei
13.467/17, ensejou diversas alterações no campo do Direito Processual do Trabalho, a fim de tornar o processo
laboral mais racional, simplificado, célere e, principalmente, responsável, sendo essa última característica
marcante, visando coibir as denominadas "aventuras judiciais", calcadas na facilidade de se acionar a Justiça, sem
nenhum ônus ou responsabilização por postulações carentes de embasamento fático. Não se pode perder de
vista o crescente volume de processos ajuizados nesta Justiça Especializada, muitos com extenso rol de pedidos,
apesar dos esforços empreendidos pelo TST para redução de estoque e do tempo de tramitação dos processos.
Nesse contexto foram inseridos os §§ 3º e 4º no art. 791-A da CLT pela Lei 13.467/17, responsabilizando-se a
parte sucumbente, seja a autora ou a demandada, pelo pagamento dos honorários advocatícios, ainda que
beneficiária da justiça gratuita, o que reflete a intenção do legislador de desestimular lides temerárias, conferindo
tratamento isonômico aos litigantes. Tanto é que o § 5º do art. 791-A da CLT expressamente dispôs acerca do
pagamento da verba honorária na reconvenção. Isso porque, apenas se tiver créditos judiciais a receber é que terá
de arcar com os honorários se fizer jus à gratuidade da justiça, pois nesse caso já não poderá escudar-se em
pretensa insuficiência econômica. Percebe-se, portanto, que o art. 791-A, § 4º, da CLT não colide com o art. 5º,
caput, XXXV e LXXIV, da CF, ao revés, busca preservar a jurisdição em sua essência, como instrumento
responsável e consciente de tutela de direitos elementares do ser humano trabalhador, indispensáveis à sua
sobrevivência e à da família. Ainda, convém ressaltar não ser verdadeira a assertiva de que a imposição de
pagamento de honorários de advogado àquele que se declara pobre na forma da lei implica desvio de finalidade
da norma, onerando os que necessitam de proteção legal, máxime porque no próprio § 4º do art. 791-A da CLT
se visualiza a preocupação do legislador com o estado de hipossuficiência financeira da parte vencida , ao exigir o
pagamento da verba honorária apenas no caso de existência de crédito em Juízo, em favor do beneficiário da
justiça gratuita, neste ou em outro processo, capaz de suportar a despesa que lhe está sendo imputada, situação,
prima facie , apta a modificar a sua capacidade financeira, até então de miserabilidade, que justificava a concessão
de gratuidade, prestigiando, de um lado, o processo responsável, e desestimulando, de outro, a litigância

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descompromissada. Por todo o exposto, não merece reforma o acórdão regional que manteve a imposição de
pagamento de honorários advocatícios à Autora sucumbente, restando incólumes os dispositivos apontados
como violados na revista. (ARR-1315-57.2018.5.12.0007, 4ª Turma, Relator Ministro Ives Gandra Martins Filho,
DEJT 20/03/2020).

§ 20/03/2020 – A falta de assinatura do empregado nos registros de frequência configura tão somente
irregularidade administrativa, e não é suficiente, por si mesma, para tornar inválida a prova documental
apresentada. Os registros, ainda que apócrifos (não assinados), têm presunção de veracidade, a qual pode ser
eliminada por prova em contrário, o que não ocorreu no caso. Há precedentes. (RR-1306-13.2012.5.01.0072, 6ª
Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 20/03/2020).

§ 20/03/2020 – A retenção da CTPS por prazo superior ao previsto em lei enseja o pagamento de indenização por
dano moral, sendo o dano presumível (in re ipsa). Ou seja, a condenação prescinde de prova do efetivo dano
experimentado pelo empregado, bastando a demonstração da conduta ilícita praticada pelo empregador, o que
efetivamente ocorreu no caso concreto. (RR-13052-10.2015.5.15.0062, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar
Leite de Carvalho, DEJT 20/03/2020).

§ 20/03/2020 – Empregado que aderiu ao PDV pode manter plano de saúde, atendidos certos requisitos.
Nos termos dos artigos 30 e 31 da Lei nº 9.656/98, o empregado tem o direito de manter o plano de saúde nas
mesmas condições à época da vigência do contrato de trabalho, no caso de rescisão ou exoneração do contrato
de trabalho sem justa causa, desde que: I - tenha contribuído para o plano de assistência à saúde pelo prazo
mínimo de dez anos; e II - assuma o pagamento integral. Verifica-se, dessa forma, que a extinção do contrato de
trabalho não afasta o direito de manutenção do plano de saúde, nem mesmo aos empregados dispensados sem
justa causa. No mesmo sentido, a jurisprudência desta Corte é firme no sentido de ser irrelevante que o
empregado tenha aderido ao PDI para a permanência na condição de beneficiário do plano de saúde.
Precedentes. (RR-2508-51.2015.5.22.0002, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT
20/03/2020).

§ 20/03/2020 – A restrição ao uso de banheiros pela empresa não pode ser considerada conduta razoável, pois
configura afronta à dignidade da pessoa humana e à privacidade, aliada ao abuso do poder diretivo do
empregador. A conduta patronal, caracterizada pela restrição e fiscalização do uso das toaletes, expõe o
trabalhador a constrangimento desnecessário, ensejando a condenação ao pagamento da indenização por dano
moral. (RR-245500-97.2013.5.13.0023, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT
20/03/2020).

§ 22/03/2020 – Publicada a Medida Provisória nº 927 de 22 de março de 2020, que “dispõe sobre as medidas
trabalhistas para enfrentamento do estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020,
e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus (covid-19)”. Referida MP teve seu prazo
de vigência encerrado no dia 19 de julho de 2020.

§ 27/03/2020 – A jurisprudência do TST tem entendido que o juiz pode atuar com relativa discricionariedade
para escolher o critério da condenação pelos danos materiais (pagamento de uma vez só ou não) (ARR-
1815-57.2013.5.09.0242, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, DEJT 27/03/2020).

§ 27/03/2020 – Caracteriza sobreaviso o uso de celular para além do horário normal quando impede o
empregado de se desconectar das responsabilidades do trabalho e de dispor de seu tempo
exclusivamente em benefício próprio. Se a Corte regional, valorando fatos e provas, concluiu que o
reclamante estava submetido ao regime desobreaviso, pois aguardava ordens por meio de telefone celular
fornecido pela empresa, de modo que “foi impedido de se desconectar das responsabilidades do trabalho e de dispor de seu
tempo exclusivamente em benefício próprio”. Entendimento diverso, notadamente no sentido da ausência de restrição à
locomoção do empregado, demandaria o reexame fático-probatório dos autos, atraindo a incidência da Súmula nº
126 do TST. Recurso de revistaadesivode que não se conhece. (RR-1028-10.2011.5.09.0303, 1ª Turma, Relator
Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 27/03/2020).

§ O exercício de atividades em função readaptada não afasta a indenização por dano material. Hipótese
em que o Tribunal Regional, embora tenha reconhecido a culpa da reclamada pela doença ocupacional sofrida
pelo autor, entendeu que, diante da reintegração determinada pelo juiz de primeiro grau, não haveria dano
material a ser reparado enquanto existente o vínculo de emprego entre as partes. No entanto, a determinação de
reintegração e a consequente percepção de remuneração são circunstâncias que não afastam o direito à
indenização por danos materiais na forma de pensão mensal, porquanto possuem fatos geradores distintos. Com
efeito, a reintegração foi deferida com fulcro na norma coletiva da categoria, ao passo que a indenização por
dano material, deferida na forma de pensão, tem alicerce na legislação civil (art. 950 do Código Civil), cujo
escopo é obrigar o empregador a ressarcir os danos materiais causados ao reclamante em decorrência da doença

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ocupacional. Assim, o exercício de atividades em função readaptada na empresa, com a natural percepção de
salários não constitui óbice para o deferimento da indenização. Precedentes. (ARR-1001362-92.2014.5.02.0472,
2ª Turma, Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, DEJT 27/03/2020).

§ 27/03/2020 – O afastamento do trabalho, pelo empregado, por motivo de auxílio-doença comum é, por
si só, causa suspensiva do contrato de trabalho, na forma do que dispõe o artigo 476 da CLT. Assim, no
período de suspensão do contrato de trabalho, a jurisprudência do TST firmou entendimento de que não é
devido o auxílio alimentação e a cesta básica. (ARR-1815-57.2013.5.09.0242, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaide
Miranda Arantes, DEJT 27/03/2020).

§ 27/03/2020 – É deserto o recurso de embargos de declaração em razão do não recolhimento da multa


por agravo manifestamente infundado. Conforme o artigo 1.021, § 5º, do CPC, a interposição de qualquer
recurso está condicionada ao recolhimento da multa prevista no § 4º do mesmo artigo. Registre-se que esse
dispositivo se aplica ao Processo do Trabalho, por força do disposto no artigo 3º, XXIX, da Instrução
Normativa nº 39/TST, a qual excepciona apenas a disposição acerca do prazo do agravo interno. Ressalte-se,
ademais, que, nos termos do artigo 994, IV, do CPC de 2015, não há dúvida de que os embargos de declaração
possuem natureza jurídica de recurso, razão pela qual a sua oposição condiciona-se ao depósito prévio da multa
aplicada. Precedentes do Órgão Especial. Desse modo, porquanto não atendido o pressuposto de admissibilidade
recursal, uma vez que a ora embargante não recolheu a multa que lhe foi aplicada por ocasião do julgamento do
agravo por ela interposto, não merece conhecimento o apelo. Embargos de declaração de que não se conhece"
(ED-Ag-AIRR-905-16.2017.5.11.0151, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT
27/03/2020).

§ 27/03/2020 – Não se conhece do recurso de revista calcado em violação se não indicado


especificamente o inciso do texto legal. A alegação de ofensa ao artigo 114 da Constituição Federal, sem a
especificação de qual inciso teria sido violado, não atende à exigência da alínea "c" do artigo 896 da CLT bem
como da Súmula nº 221, item I, desta Corte. Sem a indicação expressa dos incisos e parágrafos do artigo 114 da
CRFB/88, presume-se que a violação seria ao caput, o que não autoriza o conhecimento do recurso de revista,
uma vez que nele, isoladamente, não há nenhum conteúdo normativo ao qual o acórdão regional se
contrapusesse. Conforme entendimento reiterado deste Tribunal, não se conhece o recurso de revista por
violação de lei federal ou de preceito constitucional quando o recorrente não indica expressamente o dispositivo
de lei ou da Constituição Federal tido como violado. Precedente da SbDI-1 do TST. Agravo de instrumento
desprovido" (AIRR-46200-79.2005.5.04.0252, 2ª Turma, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, DEJT
27/03/2020).

§ 27/03/2020 – Não se aplica a prescrição de ofício ao processo do trabalho. O artigo 219, § 5º, do CPC,
mudou o sentido de prescrição, que é um conceito contemplado no ordenamento constitucional, ao retirar sua
característica de exceção substancial e a ele emprestar a conotação de matéria de ordem pública. No caso sob
exame, o problema identificado por Canotilho desvanece-se ante a expressa proibição, no texto da Constituição
Brasileira, de o legislador ordinário reduzir a proteção de direitos sociais por ela soberanamente consagrados,
sendo-lhe vedado, por óbvio, fazê-lo por via direta ou oblíqua, vale dizer: inválida é a regra infraconstitucional
que inova um nível menor de proteção ou mesmo dá à norma constitucional um significado o qual frustre ou
mitigue seu caráter tuitivo. Centrando o foco, portanto, na matriz constitucional, é dizer que a defesa da
incompatibilidade entre o mencionado preceito e o direito do trabalho - o que estaria a exigir uma interpretação
conforme para ele - exaure-se na percepção de o conceito de prescrição considerado pelo constituinte, em
restrição que fez ao direito de ação trabalhista ser insusceptível de mutação pelo legislador ordinário sempre que
assim não suceder para melhorar as condições sociais do trabalhador. Não há demasia em lembrar que a alteração
de sentido do conceito constitucional foi, no caso sob exame, promovida por legislador que, debruçado sobre as
relações paritárias do direito civil, está muitas vezes à margem das vicissitudes enfrentadas pelos sujeitos de uma
relação de emprego marcada pela subordinação e debilidade econômica do credor de salários, alimentos,
dignidade enfim. Decerto que a conversão do direito de defesa em norma de ordem pública, a ser pronunciado
mesmo em caso de revelia, fere letalmente o valor mais estimado pela ordem constitucional, o qual mal disfarça o
liame axiológico entre a dignidade humana e os direitos sociais, ou entre aquela e a garantia de que a esses
corresponde o direito de ação judicial. É nessa medida que a compatibilidade exigida pelo art. 8º da CLT deve ser
afastada, proscrevendo-se, em consequência, a subsidiariedade do art. 219, § 5º, do CPC de 1973. (RR-1072-
41.2014.5. 09. 0071, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 27/03/2020).

§ 27/03/2020 – Assegura-se estabilidade à gestante, ainda que não requeira a reintegração. Tem
reiteradamente entendido esta Corte que o legislador constituinte não condicionou o gozo dessa garantia
constitucional a que a empregada gestante postule primeiro sua reintegração ou aceite voltar ao emprego caso o
retorno lhe seja oferecido por seu empregador, ao defender-se em Juízo, sob pena de considerar essa recusa
como renúncia ao próprio direito, pois não se pode extrair dessa norma constitucional que seu descumprimento
implique necessariamente a reintegração da trabalhadora. Neste feito, conforme delineado na decisão regional,

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foram preenchidas as únicas condições previstas pela jurisprudência predominante do Tribunal Superior do
Trabalho para que a reclamante fizesse jus à indenização decorrente da estabilidade, que são seu estado gravídico
no curso do contrato de trabalho e sua despedida imotivada. Ademais, a nova redação dada ao artigo 461 do
Código de Processo Civil pela Lei nº 8.952/94, subsidiariamente aplicável à esfera trabalhista por força do artigo
769 da Consolidação das Leis do Trabalho, ao mesmo tempo em que explicitou a clara prioridade dada pelo
ordenamento jurídico nacional à tutela específica das obrigações de fazer e não fazer em detrimento de sua tutela
meramente ressarcitória - a ser prestada, neste caso, por meio do pagamento da indenização dos valores
correspondentes ao período desde a dispensa até a data do término do período estabilitário -, também previu, em
seu § 1º, em caráter de exceção e expressamente, que o titular do direito terá a faculdade de requerer conversão
da tutela específica em perdas e danos, sem que se possa considerar que o exercício dessa opção pela empregada
implicou abuso de direito ou renúncia a esse. Foi essa, aliás, a mesma razão que levou à recente edição da OJ nº
399 da SBDI-1. (AIRR-100445-71.2016.5.01.0047, 2ª Turma, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta,
DEJT 27/03/2020).

§ 27/03/2020 – É inepta a petição inicial que narra o trabalho em condições insalubres, mas deixa de
formular o pedido correspondente. Na hipótese dos autos, verifica-se que o Reclamante não formulou, em sua
petição inicial, pedido de condenação das Reclamadas ao pagamento de diferenças do adicional de insalubridade.
O Processo do Trabalho está regido pelo princípio da simplicidade, que viabiliza o acesso do trabalhador à
Justiça do Trabalho, na medida em que se exige a observância de regras menos rígidas para o ajuizamento da ação
trabalhista. Contudo, não se pode deixar de observar as regras previstas na CLT acerca dos requisitos da
reclamação trabalhista, descritos no art. 840, § 1º, em que se exige a necessidade de a petição inicial conter o
pedido. Logo, ao considerar inepta a petição inicial, por ausência de pedido, o Tribunal Regional não violou, mas
julgou a controvérsia em conformidade com o art. 840, § 1º, da CLT. (RR-4158-66.2013.5.12.0040, 4ª Turma,
Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 27/03/2020).

Abril

1º/04/2020 – Publicado o Informativo TST nº 216, cujas principais decisões estão da tabela abaixo:

Informativo TST nº 216


(Período 9 a 31 de março de 2020)
A celebração de acordo sem ressalvas, com o fim de encerrar movimento paredista, afasta o interesse processual,
em dissídio coletivo, de ver declarada a abusividade da greve (art. 485, VI, do CPC). TST-RO-240-
16.2017.5.20.0000, SDC, rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, red. p/ acórdão Min. Aloysio Corrêa da Veiga,
9.3.2020 – Informativo TST nº 216.
O descumprimento pela empresa do percentual mínimo de contratação de aprendizes, prevista no art. 429 da CLT,
mostra-se suficiente à configuração do dano moral coletivo, sendo despiciendo comprovar a repercussão do ato
ilícito na consciência coletiva do grupo social. A regularização desse percentual de contratação, após o ajuizamento
da ação ou do inquérito pelo MPT, não extingue o feito sem julgamento de mérito, tampouco descaracteriza o dano
imaterial coletivo decorrente do descumprimento da cota de aprendizes, pois já caracterizada a lesão à coletividade.
TST-E-RR-822-68.2011.5.23.0056, SBDI-I, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 12.3.2020 – Informativo
TST nº 216.
A concessão do intervalo de 20 minutos (art. 253 da CLT) prescinde do labor contínuo, por 1 hora e 40 minutos,
no interior de câmara frigorífica, sendo suficiente a exposição do trabalhador à variação de temperatura decorrente
da movimentação de um ambiente (quente/normal) para o outro (frio) durante esse período. A continuidade de que
tratam o art. 253 da CLT e a Súmula 438 do TST se refere apenas ao tempo a ser considerado para a concessão do
intervalo para recuperação térmica, não sendo necessário, para esse fim, que o empregado trabalhe 1 hora e 40
minutos em exposição contínua ao agente frio. Dessa forma, assegura-se aos empregados que trabalham em
ambiente artificialmente frio, ainda que de forma intermitente, o direito ao referido intervalo. TST-Ag-E-RR-10257-
87.2015.5.01.0040, SBDI-I, rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann, 12.3.2020 – Informativo TST nº 216.
Não ofende os direitos constitucionais de liberdade de associação e de presunção de inocência a proibição de
constituir, fundar, criar, gerenciar, administrar ou participar de qualquer outra sociedade cooperativa que tenha por
objeto o fornecimento e a intermediação de mão de obra e cujas atividades não estejam previstas nos artigos 4º da
Lei nº 5.764/71 (fraudulenta). TST-Ag-E-RR-163400-88.2009.5.02.0037, SBDI-I, rel. Maria Cristina Irigoyen
Peduzzi, red. p/ acórdão Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, 12.3.2020 – Informativo TST nº 216.
A cláusula de impenhorabilidade inserida por doador do imóvel não tem aplicabilidade na execução de débitos
trabalhistas. A decisão fundamentou-se na Lei de Execuções Fiscais (art. 30 da Lei nº 6.830/1980), que prevê que a
totalidade dos bens e das rendas do devedor responde pelo pagamento dos créditos trabalhistas, seja qual for sua
origem ou natureza, excluindo apenas os bens cuja impenhorabilidade absoluta é reconhecida em lei. Assim, não
ofende o art. 5º, XXII, da CRFB/88 decisão que entende que cláusula restritiva do bem doado (cláusula de
impenhorabilidade) não pode servir de óbice ao direito de crédito trabalhista. TST-Ag-AIRR188800-

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06.1996.5.02.0023, 5ª Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 11.3.2020 – Informativo TST nº 216.
Não compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ação com a finalidade de proibir publicação, por jornais de
grande circulação, de anúncios de emprego com cunho discriminatórios, pois a relação é de consumo. TST-RR-
18200-11.2007.5.02.0008, 5ª Turma, rel. Des. Conv. João Pedro Silvestrin, julgado em 11.3.2020 – Informativo TST
nº 216.
É possível o ajuizamento de ação trabalhista para reconhecimento de diferenças de complementação de
aposentadoria pela integração na sua base de cálculo de verba salarial (horas extras e reflexos) pleiteada em outra
reclamação trabalhista, mesmo diante da ausência de trânsito em julgado da demanda de que depende a ação
ajuizada. Apenas com o provimento jurisdicional daquela ação seria possível ao reclamante buscar a integração de
eventual parcela deferida à complementação de sua aposentadoria. TST-RR192-92.2012.5.15.0090, 1ª Turma, rel.
Min. Walmir Oliveira da Costa, julgado em 18.3.2020 – Informativo TST nº 216.
É ofensiva à liberdade sindical cláusula constante de norma coletiva ou sentença normativa estabelecendo
contribuição em favor de entidade sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial,
revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores não sindicalizados.
Sendo nulas as estipulações que inobservem tal restrição, tornam-se passíveis de devolução os valores
irregularmente descontados. (PN nº 119 da SDC da TST). TST-RR-1002380-35.2017.5.02.0605, 3ª Turma, rel. Min.
Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, julgado em 24.3.20 – Informativo TST nº 216.
O afastamento do trabalho, pelo empregado, por motivo de auxílio-doença comum é, por si só, causa suspensiva do
contrato de trabalho (art. 476 da CLT). Assim, no período de suspensão do contrato de trabalho, a jurisprudência
do TST firmou entendimento de que não é devido o auxílio alimentação e a cesta básica. ARR-1815-
57.2013.5.09.0242, 2ª Turma, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes, julgado em 24.3.2020 – Informativo TST nº 216.
Entidade filantrópica não goza da isenção de custas processuais, salvo se beneficiária da justiça gratuita, que
dependerá de comprovação robusta. Dispõe o art. 899, § 10, da CLT, incluído pela Lei nº 13.467/2017, serem
“isentos do depósito recursal os beneficiários da justiça gratuita, as entidades filantrópicas e as empresas em recuperação judicial”.
Cuida, portanto, exclusivamente da questão atinente à isenção de depósito recursal. No que diz respeito
particularmente às custas processuais, o art. 790, § 4º, da CLT, também incluído pela Lei nº 13.467/2017, passou a
admitir a concessão dos benefícios da Justiça Gratuita “à parte que comprovar insuficiência de recursos para o pagamento das
custas do processo”. Tal benefício inequivocamente estende-se à pessoa jurídica, tenha ela ou não fins lucrativos. Não
obstante, pressupõe comprovação cabal da insuficiência econômica (Súmula nº 463, II, do TST). O TST entende
que a juntada de pesquisa feita junto ao SERASA apenas revela a existência de pendências financeiras, não se
prestando a demonstrar, de forma inequívoca, a alegada fragilidade econômica da Reclamada. TST-RR-1000558-
91.2017.5.02.0255, 3ª Turma, rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, julgado em 24.3.20 – Informativo TST
nº 216.
A indicação de uma parte como responsável solidária pelo adimplemento das obrigações trabalhistas, por si só, é
suficiente para legitimá-la a figurar como parte no feito. Incide na espécie a denominada Teoria da Asserção, mediante
a qual a verificação das condições da ação se dá pelas afirmações feitas na petição inicial, não havendo de se falar em
exclusão do polo passivo mediante argumentações relativas ao mérito da demanda. TST-ARR-949-
91.2013.5.04.0661, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 25.3.2020 – Informativo TST nº 216.

§ 02/04/2020 – Corregedor-Geral da Justiça do Trabalho suspende liminar por possível prejuízo a


atividade considerada essencial por Decreto e risco de aglomeração. Foi suspensa, em tutela de urgência,
os efeitos de decisão proferida no Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região que determinava o afastamento
imediato de trabalhadores do banco Santander de Rondônia que coabitam com pessoas idosas ou portadores de
doenças crônicas ou imunodeprimidas, e de pais de filhos menores de 12 anos. A tutela vale até que ocorra o
exame da matéria pelo órgão jurisdicional competente e tem o objetivo de impedir lesão de difícil reparação e
assegurar eventual resultado útil do processo. No caso, o Banco Santander S.A. sustentou que a decisão teria
elastecido o conceito de pessoas integrantes do grupo de risco ao incluir pais de menores de 12 anos, e pessoas
que convivem em suas residências com pessoas maiores de 60 anos e portadoras de doenças crônicas ou
imunodeprimidas, pois a extensão está em desacordo com o conceito de grupo de risco definido pela
Organização Mundial de Saúde – OMS, pelo Conselho Nacional de Justiça – CNJ, por meio da Resolução no
313, de 19/03/2020, pelo Tribunal Superior do Trabalho – TST, por meio do Ato no 122/GDGSET.GP, de 13
de março de 2020, e pelo Decreto no 24.887, de 20 de março de 2020, do Governo do Estado de Rondônia. Para
o Ministro Corregedor a decisão contestada é controversa ao ampliar o conceito legal de grupo de risco, “uma vez
que incluiu, além das próprias pessoas definidas como integrantes dos grupos de risco, aqueles que com eles coabitam. Incluiu, ainda,
de maneira ampla e irrestrita, os pais de filhos menores de 12 anos”. Vale lembrar que de acordo com o parágrafo único do
artigo 13 do Regimento Interno da Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, “em situação extrema ou excepcional,
poderá o Corregedor-Geral adotar as medidas necessárias a impedir lesão de difícil reparação, assegurando, dessa forma, eventual
resultado útil do processo, até que ocorra o exame da matéria pelo órgão jurisdicional competente”. Processo: Correição Parcial
ou Reclamação Correicional (88) nº 1000289-90.2020.5.00.0000

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§ 03/04/2020 – Diferenças salariais reconhecidas em Juízo não geram aplicação da multa do art. 477 da
CLT. A multa prevista no artigo 477, § 8º, da CLT incide quando o pagamento das verbas rescisórias, constantes
do TRCT, ocorre fora do prazo legal. O mero reconhecimento em juízo de diferenças de rubricas rescisórias, seja
pelo pagamento incompleto ou a menor das referidas não gera, por si só, o aludido direito. Precedentes. (ARR-
101029-95.2016.5.01.0029, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 03/04/2020).
Ainda: é firme o entendimento da SBDI-1 do TST no sentido de que o fato de o pagamento das verbas
rescisórias, no prazo legal, ter sido apenas parcial, ou a menor, em razão do reconhecimento de diferenças em
juízo, não enseja o pagamento da multa prevista no art. 477, § 8º, da CLT - vinculada, exclusivamente, à hipótese
de atraso na quitação. (RR-249-60.2013.5.06.0144, 1ª Turma, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT
07/08/2020).

§ 03/04/2020 – Uso de camiseta com logomarca de empresas parceiras não gera direito a dano moral. O
Direito de imagem é um direito autônomo, que abrange a imagem-retrato, como a representação das características
físicas da pessoa natural, e a imagem-atributo, considerado o reconhecimento social das características da pessoa.
De um lado, qualquer pessoa tem direito de preservar sua imagem do uso comercial indevido ou da associação
com conceitos vexatórios ou humilhantes. Trata-se, neste caso, da tutela constitucional do direito estático de
imagem. Por outro lado, para as pessoas com notoriedade, surge o direito dinâmico de imagem, pelo qual a
pessoa famosa pode explorar ativamente sua imagem, por contrato de cessão. As normas constitucionais de
direitos fundamentais têm por objetivo a vida digna, sendo o Direito do Trabalho importante instrumento em
relação aos trabalhadores subordinados. A Constituição igualmente garante a liberdade em todas suas expressões
e de maneira mais ampla, inclusive a liberdade de iniciativa econômica (CF, art. 1º, inc. IV; art. 170, caput). Em
razão disso, é preciso fazer balanceamento de direitos, a fim de compatibilizar a proteção do direito de imagem
do empregado e do direito de livre iniciativa da empresa. Para tanto, o empregado com fama e notoriedade deve
ter proteção jurídica de seu direito dinâmico de imagem, pois agrega valor aos produtos da empresa, como ocorre
com os modelos, manequins, artistas, atletas etc., pois em relação a eles existe uma esfera de iluminabilidade na
qual se colocam espontaneamente por interesses profissionais. Já para os empregados comuns (sem notoriedade),
a proteção recai sobre o direito estático de imagem, não podendo haver uso comercial indevido da imagem-
retrato, nem associação com marcas de conteúdo vexatório, o que afetaria a imagem-atributo. Há, contudo, uma
zona de neutralidade na relação de emprego, na qual o empregado deve submeter-se ao poder diretivo e
regulamentar do empregador, responsável pelo sucesso e pelos riscos da atividade econômica, sendo lícita a
exigência do uso de uniformes, seja com a marca do empregador, seja com marcas de empresas parcerias que,
direta ou indiretamente, viabilizam a atividade econômica na qual o trabalho se insere. Ressalte-se que não há
necessidade de autorização expressa para o uso do uniforme contendo logomarca dos produtos comercializados,
pois, ao ser contratado, o empregado adere a todas as condições estabelecidas pela empresa (inclusive, ao uso do
uniforme). Ademais, os trabalhadores no comércio têm o salário garantido e proporcional às vendas dos
produtos vinculados no uniforme, seja pelo recebimento de comissões, quando for o caso, seja pelos benefícios
indiretos pelo sucesso da atividade econômica. Logo, ao promover os produtos comercializados pelo
empregador, com a finalidade de vendê-los, o empregado já está sendo remunerado pelo salário recebido. A esse
respeito, esta Quarta Turma já se manifestou no sentido de que a obrigatoriedade de o empregado vestir
uniformes contendo propagandas ou logomarcas dos produtos comercializados com os quais o empregador
trabalha não constitui, por si só, violação do direito de imagem e não gera indenização por danos morais. O
entendimento acerca da caracterização do dano moral, nesses casos, depende da comprovação de que a pessoa
foi submetida à situação vexatória ou constrangedora por conta de ter sua imagem vinculada a tais marcas ou,
ainda, de que a pessoa em questão tenha notoriedade suficiente para que o uso das logomarcas presentes no
uniforme atrelada à sua imagem gere um ganho financeiro expressivo para o empregador. No presente caso, não
consta do acórdão regional que o uso de vestimentas com logomarcas tenha trazido qualquer prejuízo ao autor,
tampouco há registro de que as marcas estampadas nos uniformes possam ter feito o Reclamante passar por
situação vexatória ou constrangedora. Além disso, também não há na decisão regional nenhuma afirmação no
sentido de ser o Reclamante uma pessoa famosa ou notoriamente conhecida, a ponto de que o uso dessas
logomarcas atrelado à imagem do autor especificamente possa ter gerado um ganho financeiro significativo para
a Reclamada. Nesse contexto, não houve violação do direito estático de imagem do Reclamante, pois o uso de
uniforme veiculando marcas de produtos vendidos no mercado pelo empregador se insere na zona de
neutralidade do direito de imagem decorrente das condições corriqueiras do contrato de trabalho, durante a
jornada de trabalho e restrito ao local de trabalho, na qual o efeito ao público em geral nem agrega valor
aos produtos, nem deprecia a imagem- atributo do empregado. (RR-145-96.2014.5.05.0003, 4ª Turma,
Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 03/04/2020).

§ 03/04/2020 – Corregedoria-Geral da JT edita recomendação sobre impossibilidade de levantamento em


abstrato de depósitos recursais. Foi editada a Recomendação 7/2020, que trata da impossibilidade de
liberação imediata e em abstrato de depósitos judiciais aos reclamantes em processos pendentes de julgamento.
De acordo com o documento, os corregedores regionais devem dar ciência aos juízes de primeiro grau sobre a
decisão da Presidência do Tribunal Superior do Trabalho, que ressaltou que a CLT só prevê a medida após
decisão definitiva, quando pendente controvérsia em relação aos valores devidos. Segundo a decisão da

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ministra Cristina Peduzzi, em resposta à pretensão formulada pela Associação dos Juízes pela Democracia (AJD),
“não há previsão legal para que a Presidência do TST, de modo geral e abstrato, determine o levantamento imediato do depósito
recursal em todos os processos que ainda estão em tramitação na Justiça do Trabalho”. Além disso, de acordo com o artigo
899, parágrafo 1°, da CLT, o levantamento do depósito “depende de despacho do juiz em processo concreto”. A presidente
ressaltou ainda que, conforme a jurisprudência do TST, “a liberação dos valores depositados em juízo, prevista no artigo
475-0 do CPC de 1973 (art. 520 do CPC de 2015), não é aplicável ao processo do trabalho, haja vista a
incompatibilidade com as disposições dos artigos 769 e 899, caput, parágrafo 1º, da CLT, em que se autoriza a execução provisória
até a penhora” (E-RR-527-26.2010.5.03.0152, SBDI-1, Rel. Min. Walmir Oliveira da Costa, DEJT 7/12/2018)

§ 03/04/2020 – Vistoria no local do trabalho não é indispensável para reconhecimento de doença


ocupacional e o seu indeferimento não caracteriza cerceamento de defesa. A perícia médica objetiva aferir
a condição de saúde do empregado Reclamante, o que torna a avaliação do local de trabalho dispensável
conforme as conclusões médicas identificadas. No caso, após a análise da condição pessoal do Reclamante, dos
exames clínicos e dos documentos médicos apresentados, o perito médico conclui que o “o autor apresenta escoliose,
coxartrose e espondilose que não tem relação com suas atividades de trabalho na requerida”. Desnecessidade de avaliação do
local de trabalho, uma vez que conclusivo o exame médico quanto à ausência do nexo de causalidade.
Cerceamento de defesa não caracterizado. (RR-1306-33.2013.5.09.0661, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre
Luiz Ramos, DEJT 03/04/2020).

§ 03/04/2020 – O STF, no julgamento do RE nº 590415, DJe de 29/5/2015, com repercussão geral reconhecida,
firmou entendimento de que “a transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho, em razão de adesão
voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada, enseja quitação ampla e irrestrita de todas as parcelas objeto do contrato de
emprego, caso essa condição tenha constado expressamente do acordo coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos
celebrados com o empregado”. Não obstante, a OJ 270 da SbDI-1 do TST, impõe-se seguir a jurisprudência do STF,
responsável pela uniformização da interpretação constitucional, desde que envolvam as mesmas circunstâncias
fáticas do citado precedente. No caso, extrai-se do acórdão regional que houve adesão ao Plano de Demissão
Incentivada, pactuado mediante acordo coletivo, amplamente discutido entre empregados, empregador e
sindicato profissional, na qual se outorgou quitação expressa de todos os direitos decorrentes do extinto contrato
de trabalho. Ao manter a sentença que reconheceu a eficácia ampla da quitação do contrato de emprego, passada
pelo empregado no ato de adesão voluntária, tal qual prevista na negociação coletiva que instituiu o Plano de
Demissão Voluntária – PDV, o acórdão regional proferiu decisão em harmonia com a jurisprudência desta Corte
Superior e do STF sobre a questão. (RR-1486-55.2015.5.09.0022, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz
Ramos, DEJT 03/04/2020).

§ 04/04/2020 – Publicada a Medida Provisória nº 945, de 4 de abril de 2020, que “dispõe sobre medidas temporárias
em resposta à pandemia decorrente da covid-19 no âmbito do setor portuário”, dentre outras medidas, tais como a alteração
da Lei de Greve (Lei nº 7.783/89). Referida MP foi convertida na Lei nº 14.047, de 24 de agosto de 2020.

§ 07/04/2020 – Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar pedido de pagamento de auxílio-funeral


diretamente pela ex-empregadora em decorrência do contrato de trabalho. À luz do que dispõe o artigo
114 da CRFB/88, compete à Justiça do Trabalho processar e julgar as ações oriundas da relação de trabalho, bem
como aquelas delineadas nos seus diversos incisos, além de, mediante lei, outras controvérsias que tenham por
origem a relação de trabalho, consoante expressamente dispõe o inciso IX do mencionado preceito. O plenário
do STF, no julgamento dos Recursos Extraordinários nos 586453 e 583050, em sessão realizada em 20/02/2013,
fixou entendimento, com repercussão geral, no sentido de pertencer à Justiça comum a competência julgar
processos decorrentes de contrato de previdência complementar privada. Todavia, a hipótese em análise
comporta a aplicação da técnica da distinção (distinguishing) para não incidência do entendimento do STF, no caso
concreto, visto que não está em debate o pagamento de complementação de aposentadoria por entidade de
previdência privada, mas o pagamento de pensão, pecúlio e auxílio-funeral diretamente pela ex-empregadora, em
razão do contrato de trabalho. A lide tem, portanto, sua gênese no vínculo empregatício. (RR-597-
52.2014.5.05.0021, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 07/04/2020).

§ 07/04/2020 – STF julga procedente Reclamação Constitucional contra decisão que reconheceu a isonomia entre
o trabalhador terceirizado e o empregado contratado diretamente por empresa pública (OJ 383 da SDI-1 do
TST) (Reclamação nº 39124, Min. Luiz Fux, j. 07/04/2020)

§ 07/04/2020 – Desconhecimento pelo empregador afasta discriminação na dispensa de portadora de


HIV. A Súmula nº 443 do TST estabelece presunção de discriminação na ruptura contratual quando o
empregado apresenta doença grave, que suscite estigma ou preconceito. À luz de tal verbete, nesses casos, há
inversão do ônus da prova e incumbe ao empregador comprovar ter havido outro motivo para a dispensa. Trata-
se, logicamente, de presunção de natureza relativa. No caso, é incontroverso que a autora é portadora do vírus
HIV. Sucede, contudo, que o Tribunal Regional, soberano na análise do conjunto fático-probatório, reconheceu
que a reclamada não tinha conhecimento do estado de saúde da obreira. O exame da tese recursal, em sentido

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contrário, esbarra no óbice da Súmula nº 126 do TST, pois demanda o revolvimento de fatos e provas. Diante
desse contexto, não é possível concluir pela existência de discriminação no ato que extinguiu o vínculo de
emprego. (RR-21748-40.2015.5.04.0030, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT
07/04/2020).

§ 07/04/2020 – Justiça do Trabalho tem competência para processar e julgar ação sobre auxílio-funeral a
viúva de aposentado. À luz do que dispõe o artigo 114 da CRFB/88, compete à Justiça do Trabalho processar e
julgar as ações oriundas da relação de trabalho, bem como aquelas delineadas nos seus diversos incisos, além de,
mediante lei, outras controvérsias que tenham por origem a relação de trabalho, consoante expressamente dispõe o
inciso IX do mencionado preceito. O plenário do STF, no julgamento dos Recursos Extraordinários nos 586453
e 583050, em sessão realizada em 20/02/2013, fixou entendimento, com repercussão geral, no sentido de
pertencer à Justiça comum a competência julgar processos decorrentes de contrato de previdência complementar
privada. Todavia, a hipótese em análise comporta a aplicação da técnica da distinção (distinguishing) para não
incidência do entendimento do STF, no caso concreto, visto que não está em debate o pagamento de
complementação de aposentadoria por entidade de previdência privada, mas o pagamento de pensão, pecúlio e
auxílio-funeral diretamente pela ex-empregadora, em razão do contrato de trabalho. A lide tem, portanto, sua
gênese no vínculo empregatício. (RR-597-52.2014.5.05.0021, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas
Brandao, DEJT 07/04/2020).

§ 13/04/2020 – O STF, no julgamento da ADI 4.167-DF, declarou a constitucionalidade do art. 2º, § 4º, da Lei nº
11.738/2008. Tratando-se de norma especial para os professores do ensino público da educação básica,
prevalece sobre a norma geral inscrita no art. 320 da CLT. Atento ao decidido pelo STF, o Pleno do TST, no
julgamento do E-RR-10314-74.2015.5.15.0086, em 10.10.2019, fixou tese no sentido de que “a consequência jurídica
do descumprimento de regra que disciplina a composição interna da jornada de trabalho, quando não extrapolado o limite semanal de
duração da jornada, é o pagamento do adicional de 50% para as horas trabalhadas em sala de aula além do limite de 2/3 da
jornada”. Tendo em vista a modulação dos efeitos da decisão do STF, este entendimento é aplicável ao trabalho
prestado após 27.4.2011. Logo, deve ser acolhido o pedido de condenação ao pagamento de horas extras ou do
adicional correspondente pela extrapolação do limite de 2/3 da jornada em sala de aula do professor. De fato, na
composição da jornada do professor, as atividades de classe não devem extrapolar o limite de 2/3 da carga
horária (art. 2º, § 4º, da Lei 11.738/2008). O Tribunal Pleno, sobre esse artigo, firmou a interpretação de que,
mesmo quando a jornada semanal não é extrapolada, é devido ao professor o adicional de 50% em relação às
horas que ultrapassem a proporcionalidade. (E-RR-10267-03.2015.5.15.0086, SBDI-1, Relator Ministro Alberto
Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 13/04/2020).

§ 13/04/2020 – Código de autenticidade é válido como fonte oficial de publicação de decisão para fins de
recurso. Contraria a Súmula 337, V, do TST, acórdão turmário que não conhece de recurso de revista, com
fundamento no item I, “a” da aludida Súmula, por ausência de indicação da fonte de publicação, mesmo em
hipótese de existência do código de autenticidade na cópia, em formato pdf , do inteiro teor do aresto paradigma,
juntada aos autos, porque tal providência, nos precisos termos do verbete, “torna-a equivalente ao documento original e
também supre a ausência de indicação da fonte oficial de publicação”. (E-ED-RR-1258-27.2016.5.08.0005, SBDI-1, Relator
Ministro Marcio Eurico Vitral Amaro, DEJT 13/04/2020).

§ 15/04/2020 – Covid-19: Presidente do TST mantém medidas para proteger empregados dos Correios18.
Em liminar, o juízo de primeiro grau deferiu pedido de sindicato para determinar que os Correios fornecessem
máscaras, luvas, talheres, copos e pratos descartáveis a todos os empregados que atuam no atendimento ao
público externo e na distribuição externa de objetos postais. Pela decisão da 30ª Vara do Trabalho, o
funcionamento das agências de Correios e das unidades de distribuição nos municípios do Estado do Rio de
Janeiro somente poderia ocorrer se as medidas já tivessem sido adotadas. O objetivo foi proteger os empregados
do contágio pelo novo coronavírus. No pedido para suspender a decisão da desembargadora, que manteve a
decisão de 1º grau, a ECT alegou que a manutenção da decisão na ação civil coletiva implicaria risco de lesão à
ordem e à saúde públicas. A empresa sustentou também que as medidas impostas afetariam, diretamente, o
funcionamento do serviço postal, causando grave dano à ordem econômica dada a essencialidade dos serviços.
Por último, alegou que haveria ônus financeiro severo à entidade. Ao analisar o recurso dos Correios, a ministra
presidente do TST afirmou que, embora a essencialidade dos serviços postais revele-se notória, “essa premissa
não justifica minimizar a adoção de medidas de segurança e saúde em relação aos empregados”. Como empresa
pública, a ECT também se sujeita à obrigação de cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho – dever

18 Nos termos da legislação de regência (Lei nº 8.437/1992 e 12.016/2009) e da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça e do

colendo Pretório Excelso, será cabível o pedido de suspensão quando a decisão proferida em ação movida contra o poder público puder
provocar grave lesão à ordem, à saúde, à segurança ou à economia públicas. II - As pessoas jurídicas de direito privado possuem,
excepcionalmente, legitimidade para formular pedido de suspensão de decisão ou de sentença nesta Corte Superior apenas quando
buscam tutelar bens relacionados, diretamente, ao interesse público. Precedentes da Corte Especial. (...) (STJ
-AgRg na SLS 1.956/ES, Rel. Ministro Francisco Falcão, Corte Especial, julgado em 04/03/2015, DJe 23/03/2015)

48
de toda empresa, nos termos do artigo 157, inciso I, da CLT, do artigo 16 da Convenção 155 da Organização
Internacional do Trabalho e do artigo 7º, inciso XXII, da Constituição da República. Sob a perspectiva da
pandemia do coronavírus, a ministra explicou que o artigo 3º, parágrafo 7º, do Decreto 10.282/2020, que
regulamenta a Lei 13.979/2020, dispõe que devem ser adotadas as cautelas necessárias à redução de
transmissibilidade do vírus, inclusive para resguardar o exercício e o funcionamento dos serviços públicos e
atividades essenciais, como os serviços postais. “Assim, as medidas impostas pela decisão judicial não conflitam com as
orientações de autoridades”, ao contrário do que argumentou a ECT. Nesse sentido, a presidente do TST ressaltou
que é de conhecimento público a eficácia da utilização de máscaras, luvas e álcool em gel para impedir a
propagação da pandemia. “O fornecimento de talheres, pratos e copos descartáveis também contribui para
combater a evolução da grave enfermidade”, concluiu. Por fim, a ministra afirmou que a suspensão das cautelas
poderia resultar em risco à saúde pública, contribuindo para ampliar o risco de contágio e a exposição dos
trabalhadores, seus familiares e demais membros da sociedade. De acordo com a presidente Maria Cristina
Peduzzi, não há fundamento para deferir o pedido dos Correios. “A manutenção da decisão não paralisa as
atividades da empresa estatal, já que não foram impostas restrições efetivas, mas simples adoção de medidas de
extremo relevo no combate à pandemia em benefício não somente dos trabalhadores envolvidos, mas de toda a
sociedade”, finalizou. Com esses fundamentos, a presidente do TST indeferiu o pedido de suspensão da liminar.
(TST-SLS-1000335-79.2020.5.00.0000, Publicação: 16/04/2020)

§ 15/04/2020 – STF declara a constitucionalidade da Lei nº 11.442 de 2007 que (i) regulamentou a
contratação de transportadores autônomos de carga por proprietários de carga e por empresas transportadoras de
carga; (ii) autorizou a terceirização da atividade-fim pelas empresas transportadoras; e (iii) afastou a
configuração de vínculo de emprego nessa hipótese. Ainda, que não há inconstitucionalidade no prazo
prescricional de 1 (um) ano, a contar da ciência do dano, para a propositura de ação de reparação de danos,
prevista no art. 18 da Lei 11.442/2007, à luz do art. 7º, XXIX, CRFB/88, uma vez que não se trata de relação
de trabalho, mas de relação comercial. Foram fixadas as seguintes teses em repercussão geral: “1 – A Lei
11.442 de 2007 é constitucional, uma vez que a Constituição não veda a terceirização, de atividade-meio ou fim. 2 – O prazo
prescricional estabelecido no art. 18 da Lei 11.442/2007 é válido porque não se trata de créditos resultantes de relação de trabalho,
mas de relação comercial, não incidindo na hipótese o art. 7º, XXIX, CRFB/88. 3 – Uma vez preenchidos os requisitos dispostos
na Lei nº 11.442 de 2007, estará configurada a relação comercial de natureza civil e afastada a configuração de
vínculo trabalhista” (ADC 48, rel. min. Roberto Barroso, j. 15-4-2020, DJe de 19/5/2020).

§ 16/04/2020 – o Plenário do STF, por maioria, não referendou a medida cautelar concedida na ADI Nº 6363 e
manteve a eficácia da Medida Provisória 936 de 202019, que autoriza a redução da jornada de trabalho e do
salário ou a suspensão temporária do contrato de trabalho por meio de acordos individuais em razão da
pandemia do novo coronavírus, independentemente de anuência sindical. Dentre outros fundamentos,
observou-se que a Medida Provisória não teve o objetivo simples de legalizar a redução salarial, mas sim de
estabelecer mecanismos emergenciais de preservação de emprego e de renda. Não se trata de conflito entre
empregado e empregador e da definição salarial como resultado desse embate, que é a situação normal
na qual se exige a participação sindical para equilibrar as forças. Isso não significa, entretanto, que os
sindicatos ficarão totalmente alheios a esses acordos, pois nos termos da MP, eles serão comunicados, para
verificar a necessidade de estender os termos de determinado acordo a outros trabalhadores da categoria, ou para
indicar a anulação dos acordos, se houver algum vício. O que o texto legal não fez foi exigir a anuência
sindical para que o acordo se torne ato jurídico perfeito, o que diminuiria sensivelmente a eficácia da
medida emergencial. (ADI 6363 MC-Ref/DF, rel. orig. Min. Ricardo Lewandowski, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
Moraes, julgamento em 16 e 17.4.2020, Informativo STF nº 973).

§ 17/04/2020 – O TST, sopesando a situação como a registrada nos autos – em que efetuado o pagamento das
férias dentro do prazo legal, embora não usufruídas pelo empregado –, entende que o respectivo pagamento deve
ser efetuado de forma simples, acrescido do terço constitucional, a fim de observar a dobra prevista no
artigo 137 da CLT20 e evitar o enriquecimento ilícito pelo triplo pagamento do período. Precedentes. (RR-
936-61.2012.5.09.0670, 5ª Turma, Relator Desembargador Convocado Joao Pedro Silvestrin, DEJT
17/04/2020).

§ 17/04/2020 – Empregado temporário (Lei n 6.019/74) goza de estabilidade provisória em caso de


acidente de trabalho. O Tribunal Regional aplicou ao caso a tese prevalecente nº 9 do TRT da 2ª Região,
segundo a qual “Não se reconhece a estabilidade provisória prevista no art. 118, da Lei n° 8.213/91, no caso de acidente do

19 Posteriormente Convertida na Lei nº 14.020, de 6 de julho de 2020, que institui o Programa Emergencial de Manutenção do

Emprego e da Renda; dispõe sobre medidas complementares para enfrentamento do estado de calamidade pública reconhecido pelo
Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do
coronavírus, dentre outras providências.
20 Art. 137 da CLT. Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata o art. 134, o empregador pagará em dobro a

respectiva remuneração.

49
trabalho ocorrido no transcurso do contrato a termo”. Tendo em conta os princípios da razoabilidade, da boa fé objetiva,
além da teoria do risco da atividade econômica, a jurisprudência do TST evoluiu no sentido de que deve ser
reconhecido o direito do trabalhador temporário acidentado à estabilidade do artigo 118 da Lei 8.213/91.
Incidência da diretriz inserta na Súmula 378, III, do TST, segundo a qual “o empregado submetido a contrato de trabalho
por tempo determinado goza da garantia provisória de emprego decorrente de acidente de trabalho prevista no art. 118 da Lei nº
8.213/91”. (RR-1002170-73.2015.5.02.0501, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT
17/04/2020).

§ 17/04/2020 – Em situações excepcionais, admite-se a renúncia tácita à impenhorabilidade do bem de


família. Vigora entendimento pacífico nesta c. Corte no sentido de que a interpretação conferida ao rol descrito
no art. 3º da Lei nº 8.009/90 deve ser restritiva, porque se trata de exceção legal ao direito social à moradia.
Todavia, não se pode ignorar que o Direito jamais compactua com a torpeza na utilização dos institutos, de
maneira que a regra legal não acabe por escudar situações de abuso de direito, fraude e má-fé do proprietário.
Nessas situações, a norma protetiva deve ser ultrapassada, para que não se tenha como intocável o bem gravado
com a impenhorabilidade de que trata o art. 1º da Lei nº 8.009/90. Compete ao Poder Judiciário combater a
conduta que não se coadune com os princípios da boa fé objetiva, da cooperação no processo e comportamento
ético. Assim, c onquanto se admita ser norma de ordem pública, questões tais como o princípio da boa fé
objetiva, o venire contra factum proprium, a má-fé, a busca por beneficiar-se de sua própria torpeza não podem ser
acobertados pelo julgador. Tais situações, quando cabalmente demonstradas no caso concreto, tornam admissível
ultrapassar os limites do art. 3º da Lei nº 8.009/90. É o caso. No caso em apreço, a própria executada (autora na
presente ação rescisória) indicou sponte sua o bem de família à penhora, em substituição a outros dois que haviam
sido já levados a hasta pública, peticionando para que fosse retirada a penhora sobre estes bens, que foram logo
vendidos. Assim, às escâncaras se configura hipótese de venire contra factum proprium capaz de afastar a
impenhorabilidade sobre o bem de família, de modo que não cabe o corte rescisório - diante de tal
excepcionalidade - por violação do art. 3º da Lei 8.009/90. (RO-10517-27.2014.5.01.0000, SBDI-2, Redator
Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 17/04/2020).

§ 17/04/2020 – STF entende que compete à Justiça comum processar e julgar causa de servidor público municipal
admitido mediante aprovação em concurso público sob o regime da Consolidação das Leis de Trabalho e que,
posteriormente, passou a ser regido pelo estatuto dos servidores públicos municipais, ainda que o pedido
envolva pretensões celetistas. Prevaleceu no julgamento o voto do ministro Alexandre de Moraes, para quem
como o vínculo do servidor com a administração pública é estatutário, a competência para julgar a causa é da
Justiça comum, ainda que as verbas requeridas sejam de natureza trabalhista e relativas ao período
anterior à alteração do regime de trabalho (CC 8018, Relator(a): Marco Aurélio, Relator(a) p/ Acórdão:
Alexandre de Moraes, Tribunal Pleno, julgado em 19/12/2019, DJe 17/04/2020).

§ 17/04/2020 – A multa prevista em norma coletiva possui natureza de cláusula penal e, portanto, seu montante
deve limitar-se ao valor da obrigação principal (OJ nº 54 da SBDI-I). Por ocasião do julgamento do E-ARR-
12481.66.2014.5.14.0041 (Relator Exmo. Ministro Augusto César Leite de Carvalho, data do julgamento:
12/11/2018, data da publicação no DEJT: 30/11/2018), a colenda SBDI-I do TST dirimiu a controvérsia acerca
da natureza jurídica da multa normativa, entendendo que a multa prevista em norma coletiva possui natureza
jurídica de cláusula penal, devendo obedecer, portanto, o que determina o artigo 412 do Código Civil, no sentido
de que “O valor da cominação imposta na cláusula penal não pode exceder o da obrigação principal”. Nesse sentido dispõe o
entendimento sedimentado na OJ nº 54 da SBDI-I do TST. (RR-10617-32.2018.5.03.0114, 6ª Turma, Relator
Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT 17/04/2020).

§ 17/04/2020 – Empregadora é condenada ao pagamento de indenização a vendedor que não pôde


manter plano de saúde após demissão. Conforme o artigo 10 da Resolução Normativa 279/11 da Agência
Nacional de Saúde Suplementar – ANS, o empregado despedido sem justa causa tem 30 dias para optar pela
manutenção da condição de beneficiário do plano de saúde, cabendo ao empregador formalizar essa opção no
ato da comunicação do aviso prévio. A Corte regional manteve a condenação da reclamada no pagamento da
indenização pretendida, sob o fundamento de que “o dano moral se confirmou por ato negligente empresarial que alijou o
trabalhador da possibilidade de manutenção da sua segurança à saúde”. Constatado, portanto, que o cancelamento do
plano de saúde se deu por culpa da reclamada, resta evidente a violação dos direitos da personalidade do
reclamante, que se viu abalado psicologicamente porque teve dificultado seu acesso e de sua família à assistência à
saúde. Assim, a conduta da reclamada configurou ato ilícito e causou dano moral, apto a ensejar a sua
responsabilização civil. Ressalta-se que o dano moral, em si, não é passível de prova, pois acontece no íntimo do
ser humano, em sua esfera psicológica, de modo que não é possível demonstrá-lo materialmente, sendo,
portanto, considerado in re ipsa. Com efeito, diante do quadro fático narrado na decisão regional, é impossível
negar a ocorrência de sofrimento interior e angústia experimentada pelo reclamante, diante da alteração das
condições do seu plano de saúde, tornando extremamente dificultoso o pagamento da sua assistência à saúde.
Presente também o nexo de causalidade entre a conduta da reclamada e o dano sofrido pelo reclamante, já que

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essa foi a causa adequada e suficiente para a ocorrência desse. (AIRR-10454-86.2014.5.01.0263, 2ª Turma, Rel.
Min. Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 17/04/2020).

§ 20/04/2020 – Presidente do TST cassa liminares que determinavam a liberação, das atividades
presenciais, dos empregados metroviários e terceirizados incluídos em grupos de risco de contágio da
Covid-19, além do fornecimento de material de proteção individual para os demais empregados. A
decisão pautou-se em questão exclusivamente processual, por entender que não cabia ao TRT da 2ª Região
deferir liminar com provimento condenatório em dissídio de natureza jurídica. A jurisprudência do TST estabelece que
esse tipo de dissídio abrange pretensão declaratória destinada a interpretar norma geral e não pode ser cumulado
com pretensões condenatórias. A decisão é técnica, sem entrar no mérito da questão. A decisão regional
beneficiava ainda os trabalhadores terceirizados, ultrapassando os limites da representação do Sindicato dos
Trabalhadores em Empresas de Transportes Metroviários e em Empresas Operadoras de Veículos Leves Sobre
Trilhos no Estado de São Paulo (Metroviários-SP), aspecto que, segundo a decisão, reforça a ausência de
fundamento jurídico para manter as liminares questionadas pelo Estado de São Paulo e pelo Metro. Os
efeitos da liminar são válidos até o trânsito em julgado da decisão de mérito que será proferida no julgamento do
Dissídio Coletivo, nos termos do artigo 4º, parágrafo 9º, da Lei 8.437/1992. (Processo: SLS-1000317-
58.2020.5.00.0000).

§ 20/04/2020 – STF declara constitucional a Lei nº 9.601 de 1998, que instituiu modalidade de contrato de
trabalho por tempo determinado (ADI 1.764, voto do rel. min. Gilmar Mendes, j. 20-4-2020, DJe de 29/5/2020).

§ 20/04/2020 – Anistiada tem direito a recomposição financeira relativa ao período de afastamento. A


interpretação sistemática da Lei nº 8.878/1994 autoriza a conclusão de que a concessão de anistia aos
empregados que atendem aos seus requisitos decorre de suspensão do contrato de trabalho, a ensejar direito ao
cômputo do período pretérito do tempo de serviço para efeito de reconhecimento do direito aos aumentos gerais
e às progressões lineares, quando da recomposição da remuneração, bem como para concessão de promoção por
antiguidade e reenquadramento na carreira, a partir do retorno ao trabalho. Nesse sentido, a jurisprudência deste
Tribunal, revendo posicionamento anterior, firmou-se no sentido de que a vedação de efeitos financeiros
retroativos, estabelecida na OJ Transitória nº 56 da SBDI-1, não alcança tais direitos, a prevalecer apenas a
restrição contida na OJ Transitória nº 44 da SBDI-1. Precedentes. (RR-1033-60.2017.5.12.0037, 7ª Turma,
Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 24/04/2020).

§ 20/04/2020 – STF. RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 999.


CONSTITUCIONAL. DANO AMBIENTAL. REPARAÇÃO. IMPRESCRITIBILIDADE. 1. Debate-se
nestes autos se deve prevalecer o princípio da segurança jurídica, que beneficia o autor do dano ambiental diante
da inércia do Poder Público; ou se devem prevalecer os princípios constitucionais de proteção, preservação e
reparação do meio ambiente, que beneficiam toda a coletividade. 2. Em nosso ordenamento jurídico, a regra é a
prescrição da pretensão reparatória. A imprescritibilidade, por sua vez, é exceção. Depende, portanto, de fatores
externos, que o ordenamento jurídico reputa inderrogáveis pelo tempo. 3. Embora a Constituição e as leis
ordinárias não disponham acerca do prazo prescricional para a reparação de danos civis ambientais, sendo regra a
estipulação de prazo para pretensão ressarcitória, a tutela constitucional a determinados valores impõe o
reconhecimento de pretensões imprescritíveis. 4. O meio ambiente deve ser considerado patrimônio comum de
toda humanidade, para a garantia de sua integral proteção, especialmente em relação às gerações futuras. Todas as
condutas do Poder Público estatal devem ser direcionadas no sentido de integral proteção legislativa interna e de
adesão aos pactos e tratados internacionais protetivos desse direito humano fundamental de 3ª geração, para
evitar prejuízo da coletividade em face de uma afetação de certo bem (recurso natural) a uma finalidade
individual. 5. A reparação do dano ao meio ambiente é direito fundamental indisponível, sendo imperativo o
reconhecimento da imprescritibilidade no que toca à recomposição dos danos ambientais. 6. Extinção do
processo, com julgamento de mérito, em relação ao Espólio de Orleir Messias Cameli e a Marmud Cameli Ltda,
com base no art. 487, III, b do Código de Processo Civil de 2015, ficando prejudicado o Recurso Extraordinário.
Afirmação de tese segundo a qual “É imprescritível a pretensão de reparação civil de dano ambiental” (RE
654833, Relator(a): Alexandre de Moraes, Tribunal Pleno, julgado em 20/04/2020, DJe 24/06/2020)

§ 24/04/2020 – O STF firmou entendimento de que se insere na competência da Justiça Comum o exame da
existência, validade e eficácia das relações entre servidores e o poder público fundadas em vínculo jurídico-
administrativo (ADI nº 3.395/DF). Não se pode olvidar, contudo, que no referido julgamento o STF se
restringiu à análise de típica relação de ordem estatutária, ou seja, de caráter jurídico-administrativo, que se
estabelece entre os entes da Administração Pública Direta, suas autarquias e fundações públicas e seus
respectivos servidores. Tal pronunciamento, portanto, não abrange a situação em que a parte autora foi nomeada
para o exercício do cargo em comissão de diretor do departamento de cultura do município (cargo em comissão

51
de livre nomeação e exoneração), sob o regime da CLT (Lei Municipal nº 731/90) (RR-201-78.2018.5.12.0041, 7ª
Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 24/04/2020).21

§ 24/04/2020 – Em julgamento ao recurso de revista, a Sexta Turma concluiu pela ausência dos indicadores da
transcendência do recurso interposto sob a égide da Lei Nº 13.467/17. O art. 896-A, §§ 2º, 3º e 4º, da CLT
estabelece a irrecorribilidade da decisão colegiada que mantém o voto do relator que, em recurso de revista, não
reconhece a transcendência. A Sexta Turma tem decidido que, com maior razão, é irrecorrível a decisão colegiada
que não reconhece a transcendência da matéria. Assim, incabíveis os embargos de declaração opostos. Embargos
de declaração de que não se conhece. (ED-RR-279-09.2018.5.07.0010, 6ª Turma, Redator Ministro Augusto
César Leite de Carvalho, DEJT 24/04/2020).

§ 24/04/2020 – Não é suspeita a testemunha que possui ação contra o mesmo empregador, ainda que
com objeto idêntico. A súmula nº 357 do TST não faz referência à limitação de conteúdo das ações ajuizadas,
de maneira que nada impede que tenham o mesmo objeto, sob pena de violação ao direito de ação,
constitucionalmente assegurado no artigo 5º, XXXV, da Carta Maior, e que deve ser compreendido de forma
ampla, sem interpretações limitativas, portanto. Precedentes. (RR-11974-60.2017.5.18.0083, 7ª Turma, Relator
Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 24/04/2020).

§ 24/04/2020 – Descumprimento da cota de aprendizes (art. 429 da CLT) configura lesão à coletividade e danos
morais coletivos in re ipsa. O desrespeito à norma que reserva cotas aos aprendizes alcança potencialmente
todos aqueles trabalhadores sem experiência profissional situados na mesma localidade do estabelecimento
comercial, que poderiam ser contratados pela ré, o que, por si só, demonstra o caráter lesivo e reprovável da
conduta empresarial. Logo, não é necessário comprovar a repercussão de eventual violação na consciência
coletiva do grupo social, já ofendido moralmente a partir do fato objetivo da violação da ordem jurídica. (E-RR-
822-68.2011.5.23.0056, SBDI-1, Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, DEJT 24/04/2020).

§ Venda de unidade isolada em recuperação judicial não caracteriza sucessão trabalhista. O STF, no
exame do mérito da ADIn nº 3.934-2, decidiu que a Lei nº 11.101/2005, ao estabelecer que o arrematante não
tem responsabilidade pelas obrigações do devedor, no caso da alienação de filiais ou de unidades produtivas
isoladas, ocorrida no curso da recuperação judicial (art. 60, parágrafo único) ou após a convolação da recuperação
judicial em falência (art. 141, II), salvo nas hipóteses previstas na própria lei (art. 141, II e § 1º), não afrontou os
dispositivos constitucionais que tratam da proteção jurídica dos trabalhadores (arts. 1º, III e IV, 6º, 7º, I, e 170 da
CRFB/88). O TST, em observância à decisão do STF, a qual teve efeito vinculante (art. 102, § 2º, da CRFB/88),
vem adotando o entendimento de que o art. 60, parágrafo único, da Lei nº 11.101/2005 estabelece que no caso
de recuperação judicial de empresas, a alienação de unidade produtiva isolada não enseja a caracterização de
sucessão de empresa quanto às obrigações trabalhistas. Julgados. (RR-20218-39.2016.5.04.0782, 6ª Turma,
Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 24/04/2020).

§ 27/04/2020 – STF decide que não é dado a conselho de fiscalização profissional perpetrar sanção de
interdito profissional, por tempo indeterminado até a satisfação da obrigação pecuniária, com a
finalidade de fazer valer seus interesses de arrecadação frente a infração disciplinar consistente na
inadimplência fiscal. Trata-se de medida desproporcional e caracterizada como sanção política em matéria
tributária. Isso porque há diversos outros meios alternativos judiciais e extrajudiciais para cobrança de dívida civil
que não obstaculizam a percepção de verbas alimentares ou atentam contra a inviolabilidade do mínimo
existencial do devedor. Fixação de Tese de julgamento para efeitos de repercussão geral: “É inconstitucional a
suspensão realizada por conselho de fiscalização profissional do exercício laboral de seus inscritos por
inadimplência de anuidades, pois a medida consiste em sanção política em matéria tributária” Declaração de
inconstitucionalidade dos arts. 34, XXIII, e 37, § 2º, da Lei 8.906 de 1994 (RE 647885, Relator(a): Edson Fachin,
Tribunal Pleno, julgado em 27/04/2020, DJe 19/05/2020).

§ 29/04/2020 – STF decide que o art. 29 da MP 927/202022, ao excluir, como regra, a contaminação pelo
coronavírus da lista de doenças ocupacionais, transferindo o ônus da comprovação ao empregado,
prevê hipótese que vai de encontro ao entendimento do STF em relação à responsabilidade objetiva do

21 Vale lembrar que a mera arguição de configuração de regime jurídico-administrativo não afasta a competência da Justiça do Trabalho,

sendo necessário perquirir a natureza da relação jurídica estabelecida entre as partes, o que demanda prova. Se houver prova da existência
de lei municipal instituindo o regime jurídico estatutário ou a contratação temporária, a competência será da Justiça Comum. Ao revés, se
não houver registro de contratação temporária (art. 37, IX, da CRFB/88) ou de lei que instituí o regime estatutário, permanece
a competência da Justiça do Trabalho. Nesse sentido: “No caso, extrai-se do acórdão recorrido que a admissão da reclamante ocorreu
sem prévia submissão a concurso público, já na vigência da Constituição de 1988. Entretanto, não há registro de contratação temporária
(art. 37, IX, da CRFB/88) ou da lei que instituí o regime estatutário pelo ente público, permanecendo, portanto, a competência desta
Justiça Especializada para o julgamento da lide. Julgados. (RR-406-61.2017.5.22.0107, 2ª Turma, Rel. Min. Delaíde Miranda Arantes,
DEJT 26/06/2020).
22 A MP nº 927 de 22 de março de 2020, teve seu prazo de vigência encerrado no dia 19 de julho de 2020.

52
empregador em alguns casos. Ainda, que não se mostra razoável a diminuição da atividade fiscalizatória
exercida pelos auditores fiscais do trabalho, na forma prevista pelo art. 31 da MP 927/2020, em razão da
necessidade de manutenção da função exercida no contexto de pandemia, em que direitos trabalhistas estão
sendo relativizados. Por esses fundamentos, concedeu parcialmente medida liminar para suspender a eficácia dos
arts. 29 e 31 da Medida Provisória 927 de 2020 (ADI 6354 MC-Ref, Relator(a): Marco Aurélio, Relator(a) p/
Acórdão: Alexandre de Moraes, Tribunal Pleno, julgado em 29/04/2020, DJe 11/11/2020)

§ 30/04/2020 – Não se exige que a contratação de deficiente se dê para as mesmas funções exercidas pelo
empregado dispensado. Encontra-se consolidado no TST o entendimento de que a dispensa de empregado
com deficiência ou reabilitado sem a subsequente contratação de outro empregado em condições semelhantes
somente rende ensejo à reintegração no emprego caso a empresa não tenha observado o percentual exigido no
art. 93, § 1º da Lei nº 8.213/91. Isso porque a garantia de emprego prevista no art. 93, § 1º, da Lei nº 8.213/91 é
apenas indireta e tem como objetivo a preservação da cota mínima de postos de trabalho reservados aos
portadores de necessidades especiais, não sendo exigência da lei que a contratação se dê para as mesmas funções
exercidas pelo empregado dispensado. Precedentes. (E-RR-779-16.2012.5.03.0069, SBDI-1, Relator Ministro
Breno Medeiros, DEJT 30/04/2020).

§ 30/04/2020 – Erro grosseiro na interposição de recurso rende ensejo à aplicação de multa. Conforme o
entendimento firmado na OJ nº 412 da SBDI-1 do TST, é incabível agravo inominado ou agravo regimental
contra decisão proferida por órgão colegiado. Inaplicável o princípio da fungibilidade ante a configuração de erro
grosseiro. Diante da consideração de ser manifestamente inadmissível do recurso, aplica-se à parte agravante a
multa prevista no art. 1.021, § 4º, do CPC. Agravo não conhecido, com aplicação de multa. (Ag-E-ARR-1674-
41.2014.5.02.0034, SBDI-1, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 30/04/2020).

§ 30/04/2020 – STF referendou, por maioria, a medida cautelar deferida pelo ministro Edson Fachin na
ADI 6327, “a fim de conferir interpretação conforme à Constituição ao artigo 392, § 1º, da CLT, assim
como ao artigo 71 da Lei nº 8.213/91 e, por arrastamento, ao artigo 93 do seu Regulamento (Decreto nº
3.048/99), e assim assentar (com fundamento no bloco constitucional e convencional de normas protetivas
constante das razões sistemáticas antes explicitadas) a necessidade de prorrogar o benefício, bem como
considerar como termo inicial da licença-maternidade e do respectivo salário-maternidade a alta
hospitalar do recém-nascido e/ou de sua mãe, o que ocorrer por último, quando o período de
internação exceder as duas semanas previstas no art. 392, § 2º, da CLT, e no art. 93, § 3º, do Decreto nº
3.048/99 (ADI 6327, Ref-MC, rel. min. Edson Fachin, j. 3-4-2020, DJe de 19/6/2020).

Maio

§ 1º/05/2020 – Publicado o Informativo TST nº 217, cujas principais decisões estão da tabela abaixo:

Informativo TST nº 217


(Período 1º a 30 de abril de 2020)
É inexigível a juntada da certidão de nascimento da criança para fins de concessão da estabilidade da empregada
doméstica. TST-RR-100896-70.2016.5.01.0282, 5ª Turma, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, julgado em
1º/4/2020 – Informativo TST nº 217.
Segundo o STF, compete à Justiça Comum o exame da existência, validade e eficácia das relações entre servidores e
o poder público fundadas em vínculo jurídico-administrativo (ADI 3.395/DF). Tal precedente não abrange a
situação em que a parte autora foi nomeada para o exercício do cargo em comissão de diretor do departamento de
cultura do município, sob o regime da CLT, como disposto em Lei Municipal. TST-RR-201-78.2018.5.12.0041, 7ª
Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em 15/4/2020 – Informativo TST nº 217.
Opor à parte litigante óbice à análise do pedido reconvencional por mera ausência de repetição de forma expressa
ao fim da peça processual (contestação) se apresenta como conduta não mais admitida no âmbito das regras
processuais hoje em vigor (art. 322 do CPC c/c art. 840, § 1º, da CLT). TST-RR-716-17.2017.5.14.0131, 6ª Turma,
rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, julgado em 22/4/2020 – Informativo TST nº 217.
Há legitimidade ativa do sindicato da categoria profissional para pleitear direitos individuais homogêneos, ainda que
existente eventual distinção entre as atribuições previstas para as funções ocupadas pelos substituídos, em relação às
quais se questiona o enquadramento no artigo 224, § 2º, da CLT. Tal fato não é suficiente para afastar a legitimidade
do sindicato, considerando a possibilidade de procedência parcial, caso se constate a fidúcia especial apenas em 1 ou
2 delas, e não nas demais. Não há, portanto, a necessidade de que haja homogeneidade entre todos os substituídos,
tampouco se exige que a decisão seja uniforme para todas as funções. TST-RR-1878-59.2014.5.10.0003, 7ª Turma,
rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em 22/4/2020 – Informativo TST nº 217.
Não se permite o julgamento do recurso adesivo anteriormente ao recurso principal. TST-RR-2381-

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20.2012.5.18.0006, 2ª Turma, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes, julgado em 28/4/2020 – Informativo TST nº 217.
A correta interpretação do disposto no art. 22 da Lei 8.213/91 é no sentido de que, ocorrendo o acidente de
trabalho, independentemente de afastamento ou não, é obrigatória a emissão da CAT por parte do empregador, sob
pena de aplicação de multa. TST-RR-10645-07.2015.5.03.0081, 6ª Turma, rel. Min. Augusto César Leite de
Carvalho, julgado em 29/4/2020 – Informativo TST nº 217.

§ 04/05/2020 – A jurisprudência do TST é pacífica quanto à responsabilidade do empregador pelo


pagamento dos salários do empregado, a partir da alta previdenciária, ainda que considerado inapto
pela junta médica da empresa (art. 896, § 7º, da CLT), sob pena de se deixar o empregado em um
“limbo jurídico-trabalhista-previdenciário”. (RR-502-88.2015.5.17.0009, 1ª Turma, Relator Ministro Walmir
Oliveira da Costa, DEJT 04/05/2020).

§ 04/05/2020 – É válida cláusula de seguro de vida que exclui indenizações decorrentes de doenças
profissionais. O reclamante aderiu ao contrato de seguro de vida em grupo, o qual engloba morte acidental,
morte e invalidez permanente decorrente de acidente, excluindo, expressamente, doenças/acidentes profissionais.
Como se observa, trata-se de contrato que possui garantia de pagamento de indenização, mas com exclusão de
doenças profissionais. Dentro desse contexto, tem-se por válida a cláusula controvertida, pois não configura
preceito abusivo nem delimitador da cobertura do seguro. Com efeito, não pode a parte, após a vigência do
seguro, decidir modificar o núcleo de uma de suas cláusulas para benefício próprio, sob pena de afronta ao
ajustado, mormente porque a interpretação ampla pretendida pelo recorrente não tem acolhida, uma vez que a
cláusula limitativa, por ser uma cláusula de benefício, deve ser interpretada restritivamente, sobretudo diante dos
termos do art. 757 do CC, segundo o qual, “pelo contrato de seguro, o segurador se obriga, mediante o pagamento do prêmio, a
garantir interesse legítimo do segurado, relativo a pessoa ou a coisa, contra riscos predeterminado”. Por conseguinte, tendo em
vista a exclusão de cobertura de doença profissional, e tendo o reclamante problemas de coluna decorrentes do
trabalho como concausa, por certo que não preenche os requisitos para a percepção do prêmio postulado.
(AIRR-1001039-53.2015.5.02.0472, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 04/05/2020).

§ 06/05/2020 – Tem direito ao adicional de periculosidade o empregado que trabalha próximo a


tubulações ou dutos nos quais há passagem de combustíveis inflamáveis, ainda que tais tubulações não
armazenem o combustível, porque tal situação se equipara à hipótese de risco prevista na NR 16 da
Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho. (RR-133400-45.2013.5.17.0006, 6ª Turma, Relatora
Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 08/05/2020).

§ 08/05/2020 – O pagamento a menor não enseja aplicação da multa do art. 477 da CLT, que somente
deve ser aplicada quando ultrapassado o prazo para pagamento previsto no § 6º do dispositivo legal em
análise. (RR-133400-45.2013.5.17.0006, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT
08/05/2020).

§ 08/05/2020 – Analista de crédito de administradora de cartão equipara-se aos financiários, pois empresa
administradora de cartão de crédito tem equiparação com instituição financeira (súmula nº 55 do TST). A SBDI-
1 do TST possui o entendimento consolidado de que as administradoras de cartão de crédito são consideradas
empresas de crédito e financiamento, razão pela qual seus empregados devem ser enquadrados na categoria
profissional dos financiários para fins de aplicação da Súmula 55 do TST. Ademais, estabelecido que a reclamada
é uma empresa financeira e que a autora exerce atividades correlatas à atividade-fim da instituição financeira, a
empregada tem direito aos benefícios e vantagens inscritos nas normas coletivas aplicáveis ao financiários.
Precedentes da SBDI-1 e de todas as Turmas do TST. (RR-1000464-42.2016.5.02.0203, 6ª Turma, Relator
Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 08/05/2020).

§ 08/05/2020 – Empresa em recuperação judicial deve efetuar depósito recursal para garantia do juízo
para recorrer na fase de execução (garantia do juízo vs. depósito judicial). O depósito judicial é exigível na
fase de conhecimento, enquanto na fase de execução incide o disposto no artigo 884, § 6º, da CLT como garantia
do juízo por intermédio do depósito do valor ou penhora de bens, bem como o seguro garantia judicial com
acréscimo de 30% do valor da execução. Essa diferenciação decorre de uma exegese restritiva do alcance dos
institutos assecuratórios do trânsito de ações e recursos, sem que incorra em violação dos princípios do
contraditório e da ampla defesa, por se tratar de questão de índole meramente infraconstitucional. (Ag-AIRR-
10874-36.2017.5.03.0003, 5ª Turma, Relator Desembargador Convocado Joao Pedro Silvestrin, DEJT
08/05/2020).

§ 08/05/2020 – Prevalece no âmbito do TST o entendimento de que o cargo de Técnico Bancário de empresa
pública, conquanto exija apenas a conclusão de ensino médio para efeito de qualificação do candidato para a
participação no correspondente concurso público, traduz, após a aprovação no certame, exercício de função para
a qual se faz necessário conhecimento específico capaz de justificar seu enquadramento no permissivo de

54
acumulação de cargos, em face da atividade de professor da rede pública de ensino, na forma do artigo 37, XVI,
“b”, da CRFB/88. (RR-1190-17.2012.5.09.0029, 5ª Turma, Relator Desembargador Convocado Joao Pedro
Silvestrin, DEJT 08/05/2020).

§ 08/05/2020 – O acordo judicial, conferindo quitação ampla e irrestrita aos créditos oriundos do contrato de
trabalho, sem ressalvas, homologado na vigência da Emenda Constitucional nº 45/2004, época em que já não
mais subsistia discussão acerca da competência desta Justiça Especializada para apreciar eventuais pedidos de
indenizações por danos morais e materiais, em virtude de acidente de trabalho ou doença ocupacional a ele
equiparada, inviabiliza a posterior discussão de tais verbas, em face da caracterização de coisa julgada. Tratando-
se de direitos oriundos da prestação de trabalho, inserem-se as respectivas indenizações também na esfera do
objeto do acordo firmado entre as partes e homologado em juízo. OJ nº 132 da SBDI-II do TST23. (RR-20812-
49.2014.5.04.0030, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 08/05/2020).

§ 08/05/2020 – O reconhecimento da legitimidade ativa do sindicato da categoria profissional para


pleitear direitos individuais homogêneos, guarda sintonia com a jurisprudência do TST e do STF. O
artigo 8º, inciso III, da CRFB/88 assegura aos sindicatos a possibilidade de substituição processual ampla e
irrestrita para agir no interesse de toda a categoria. No caso, a petição inicial relata a existência de procedimento
contumaz da empresa quanto à inobservância da concessão regular do repouso semanal remunerado, em
desapreço ao estabelecido no artigo 7º, XV, da CRFB/88 e entendimento contido na OJ nº 410 da SbDI-1 do
TST. Trata-se, portanto, de fato de origem comum, que atinge determinado número de empregados (os que
laboram em tais condições), o que torna o direito homogêneo - conforme art. 81, parágrafo único, III, do CDC
(Lei nº 8.078/90) - e legitima a atuação do sindicato como substituto processual. É de salientar que a necessidade
de verificar, na liquidação da sentença, em relação a cada substituído, a quantificação da indenização e em que
medida se encontra abrangido pela decisão exequenda, não retira a homogeneidade do direito e, portanto, não
afasta a legitimidade ativa do sindicato. (RR-17047-27.2015.5.16.0022, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio
Mascarenhas Brandao, DEJT 08/05/2020).

§ 08/05/2020 – Juntada da contestação no PJe antes da audiência não impede desistência da ação.
Constou da decisão agravada que, nos termos da interpretação sistemática das normas inseridas nos arts. 267, §4º,
do CPC/73, 485, § 4º, do atual CPC, 847, caput, da CLT, o momento de apresentação da defesa é aquele que
sucede à tentativa de acordo, sendo certo que a inserção da contestação no sistema eletrônico, de forma
antecipada, não se presta à finalidade pretendida pela reclamada, até porque a aludida desistência foi apresentada
antes do referido momento processual. Acrescente-se que ficara registrado no acórdão regional que a tese da
reclamada, no sentido de que o reclamante teria prévio conhecimento do conteúdo da contestação, não fora
provado nos autos, motivo pelo qual não se poderia presumir tal alegação e impor ao reclamante o prejuízo do
não exercício do seu direito de desistência da ação, sob o jugo da concordância da reclamada. Além disso,
ressaltou que o desentranhamento da defesa foi determinado de plano pelo magistrado em audiência que
homologou o pedido de desistência independentemente da anuência da parte reclamada. Nesse contexto, para se
chegar à conclusão contrária necessário seria o reexame do contexto fático probatório dos autos, procedimento
este vedado em sede de recurso de revista (Súmula 126 do TST). (Ag-RR-1120-71.2013.5.07.0012, 5ª Turma,
Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 08/05/2020).

§ 08/05/2020 – Empregado (promotor de vendas) que usava motocicleta tem direito a adicional de
periculosidade, pois o tempo de deslocamento entre supermercados foi considerado exposição habitual
ao risco. Nos termos do item I da Súmula 364 do TST, tem direito ao adicional de periculosidade o empregado
exposto permanentemente ou que, de forma intermitente, se sujeita a condições de risco. É indevido, apenas,
quando o contato se dá de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que, sendo habitual, dá-se por
tempo extremamente reduzido. No caso em tela, o autor, na função de promotor de vendas, utilizava a
motocicleta nos deslocamentos realizados entre os supermercados, “o que perfazia cerca de 10% da jornada”. Logo,
está caracterizada a exposição habitual ao risco, visto que 10% da jornada de trabalho é tempo suficiente a afastar
o conceito de eventualidade e de tempo extremamente reduzido. (RR-11098-69.2017.5.03.0036, 3ª Turma,
Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 08/05/2020).

§ 08/05/2020 – Motorista de carro-forte não ganha adicional de periculosidade por atender loja de
conveniência. Ele sustentava estar exposto ao risco em razão da proximidade com combustível. O TST firmou
entendimento no sentido de que é indevido o pagamento de adicional de periculosidade para motorista que
apenas acompanha o abastecimento de veículos, uma vez que a NR 16 do MTE define como perigosa a atividade
de contato direto do trabalhador com o inflamável no momento de abastecimento do veículo. Por outro lado, na

23 OJ nº 132 da SBDI-2 do TST. AÇÃO RESCISÓRIA. ACORDO HOMOLOGADO. ALCANCE. OFENSA À COISA JULGADA.

Acordo celebrado - homologado judicialmente - em que o empregado dá plena e ampla quitação, sem qualquer ressalva, alcança não só o
objeto da inicial, como também todas as demais parcelas referentes ao extinto contrato de trabalho, violando a coisa julgada, a
propositura de nova reclamação trabalhista.

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linha desse mesmo entendimento, o ingresso na área de risco com o carro-forte para entrega e coleta de malotes
na loja de conveniência do posto de combustível também não enseja o percebimento do adicional de
periculosidade, pois a atividade em comento não envolve operações com bombas de abastecimento, não se
enquadrando no Anexo 2 da NR 16. (RR-20692-29.2015.5.04.0011, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros,
DEJT 08/05/2020).

§ 08/05/2020 – Isolamento e esvaziamento das funções geram danos morais. A conquista e afirmação da
dignidade da pessoa humana não mais podem se restringir à sua liberdade e intangibilidade física e psíquica,
envolvendo, naturalmente, também a conquista e afirmação de sua individualidade no meio econômico e social,
com repercussões positivas conexas no plano cultural - o que se faz, de maneira geral, considerado o conjunto
mais amplo e diversificado das pessoas, mediante o trabalho e, particularmente, o emprego. O direito à
indenização por dano moral encontra amparo no art. 5º, V e X, da Constituição da República; e no art. 186 do
CCB/2002, bem como nos princípios basilares da nova ordem constitucional, mormente naqueles que dizem
respeito à proteção da dignidade humana, da inviolabilidade (física e psíquica) do direito à vida, do bem-estar
individual (e social), da segurança física e psíquica do indivíduo, além da valorização do trabalho humano. O
patrimônio moral da pessoa humana envolve todos esses bens imateriais, consubstanciados, pela Constituição,
em princípios fundamentais. Afrontado esse patrimônio moral, em seu conjunto ou em parte relevante, cabe a
indenização por dano moral, deflagrada pela Constituição de 1988. No caso vertente, o Tribunal Regional
reformou a sentença que considerara caracterizado o dano moral ensejador da reparação pretendida, decorrente
do isolamento vivenciado pelo Reclamante, no ambiente de trabalho e do esvaziamento de suas funções. Para
tanto, registrou o TRT que “inexiste prova cabal de que o reclamante não foi convidado para participar de
reuniões importantes, na medida em que se mostra insuficiente ao convencimento do julgador a mera assertiva
de uma testemunha no sentido de que avistava de seu posto de trabalho a sala de reunião e ali não via o autor.
Registre-se, ainda, que tarefas no depósito não se mostram estranhas à rotina de um assistente de gerente de
supermercado (...)”. A alteração funcional aponta para evidente retaliação empresarial, já que o Autor era
assistente de gerente e, abruptamente, foi transferido para exercer funções no depósito e, além disso, foi
impedido de participar das reuniões das quais os assistentes de gerente sempre participaram, causando ao
Obreiro abalo emocional. Diante da submissão do Obreiro a situações que atentaram contra a sua dignidade, a
sua integridade psíquica e o seu bem-estar individual - bens imateriais que compõem seu patrimônio moral
protegido pela Constituição -, tem ele, de fato, direito à reparação moral, conforme autorizam o inciso X do art.
5º da Constituição Federal e os arts. 186 e 927, caput, do CCB/2002. Recurso de revista conhecido e provido no
tema" (RR-986-15.2014.5.06.0181, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 08/05/2020).

§ 08/05/2020 – O TST tem entendido que o adicional de insalubridade somente é devido quando o contato com
álcalis cáustico ocorre em sua composição original, sem nenhuma diluição ou mistura, o que não é o caso dos
produtos comuns de limpeza, ainda que no laudo pericial haja manifestação em sentido diverso, nos termos da
OJ n° 4 da SBDI-1 do TST (Súmula n° 448 do TST). (RR-20209-66.2016.5.04.0333, 6ª Turma, Relatora Ministra
Katia Magalhaes Arruda, DEJT 08/05/2020).

§ 08/05/2020 – A jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que é permitida a cumulação do pagamento
de indenização por dano material decorrente de acidente de trabalho ou de doença ocupacional com o
recebimento pelo empregado de benefício previdenciário. Isso em razão de referidas parcelas derivarem de fatos
geradores distintos. Precedentes. (ARR-179-96.2014.5.02.0442, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros,
DEJT 08/05/2020).

§ 08/05/2020 – A jurisprudência do TST está posta no sentido de que a manipulação e o contato com cimento em
obras de construção civil, no desempenho da função de pedreiro ou de servente, não se encontram relacionadas
como insalubres no Anexo 13 da NR 15 da Portaria nº 3.214/1978 do Ministério do Trabalho. Incidência da
Súmula 448, I, do TST. (RR-35-73.2018.5.12.0032, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan
Pereira, DEJT 08/05/2020).

§ 08/05/2020 – O tempo despendido pelo empregado na espera de transporte fornecido pelo empregador é
considerado à disposição deste, equiparado, por força do disposto no artigo 4º da CLT, a tempo de serviço
efetivo, para fins de duração da jornada, desde que esse seja o único meio de transporte disponível ao
empregado, já que tal hipótese deriva da incompatibilidade entre os horários de início/término da jornada e os do
transporte público. (ARR-394-72.2017.5.12.0027, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT
08/05/2020).

§ 08/05/2020 – Discute-se, no caso em análise, a nulidade da sentença proferida pelo Juízo de origem, tendo em
vista o indeferimento da juntada de documentos na audiência inaugural, ao fundamento de que ocorrera a
preclusão pela apresentação de defesa antes do referido ato processual. Nos termos do art. 845 da CLT, o
reclamante e o reclamado comparecerão à audiência acompanhados das suas testemunhas, apresentando, nessa
ocasião, as demais provas. A jurisprudência do TST orienta-se no sentido de ser possível a juntada de

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documentos destinados à produção de provas até o encerramento da instrução processual, diante da inteligência
do referido art. 845 da CLT. (TST-ARR-1000388-50.2018.5.02.0008; 5ª Turma; Rel. Min. João Pedro Silvestrin,
DEJT 08/05/2020)

§ 08/05/2020 – A jurisprudência consolidada no TST é a de que a reversão de justa causa fundada em ato de
improbidade não comprovado em juízo traduz-se em abuso do direito potestativo do empregador, nos termos do
artigo 187 do Código Civil, caracterizando ato ilícito que atenta contra a honra e a imagem do empregado e
enseja dever de reparação por dano moral in re ipsa. (RR-257-64.2016.5.17.0002, 8ª Turma, Relatora Ministra
Dora Maria da Costa, DEJT 08/05/2020).

§ 08/05/2020 – A reversão da justa causa em juízo não impede a incidência da multa do art. 477, § 8º, da CLT,
uma vez que o empregador suprimiu unilateralmente o pagamento de significativas verbas rescisórias, devendo
arcar com as consequências da aplicação equivocada da dispensa por justa causa. Precedente da SbDI-1 do TST.
(RR-257-64.2016.5.17.0002, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 08/05/2020).

§ 08/05/2020 – Retenção da CTPS por prazo superior ao que dispõe a legislação trabalhista (cerca de nove meses)
gera danos morais. Consoante se depreende do disposto nos artigos 29 e 53 da CLT, a anotação da CTPS e, por
conseguinte, sua devolução ao empregado no prazo legal compreende obrigação do empregador, razão pela qual
sua retenção por tempo superior ao estabelecido em lei configura ato ilícito. Ainda que inexista a comprovação
de que a retenção da CTPS tenha ocasionado prejuízos de cunho material à autora, é evidente a natureza ilícita da
conduta, bem como o prejuízo dela decorrente. (RR-800-36.2016.5.21.0041, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio
Mascarenhas Brandao, DEJT 08/05/2020).

§ 15/05/2020 – STF entende que não encontra amparo no Texto Constitucional revisão de benefício
previdenciário pelo valor nominal do salário-mínimo (RE 968.414, rel. min. Marco Aurélio, j. 15-5-2020,
DJE de 3/6/2020, Tema 996).

§ 21/05/2020 – TST confirma direito de sustentação oral a advogados em casos de juízo de retratação.
SBDI-2 decide que advogados terão direito à sustentação oral em casos em que se discute o juízo de retratação,
emboral tal possibilidade não esteja prevista no Regimento Interno da Corte, e a concessão ficava a critério do
presidente da Turma. Contudo, a questão gerava controvérsias, pois alguns advogados cogitavam se não haveria
cerceio de defesa. O caso foi discutido durante o julgamento de um recurso da ECT, que retornou ao TST para
eventual exercício de juízo de retratação, como prevê a Lei 11.418/2006, que trata do instituto da Repercussão
Geral. O dispositivo confere à autoridade julgadora a possibilidade de rever uma decisão, parcial ou totalmente,
caso ela divirja de entendimento do STF em sede de repercussão geral.

§ 22/05/2020 – Extensão de direitos dos servidores públicos efetivos aos servidores e empregados
públicos contratados para atender necessidade temporária e excepcional do setor público. A contratação
de servidores públicos por tempo determinado, para atender a necessidade temporária de excepcional interesse
público, prevista no art. 37, IX, da Constituição, submete-se ao regime jurídico-administrativo, e não à
Consolidação das Leis do Trabalho. 2. O direito a décimo terceiro salário e a férias remuneradas, acrescidas do
terço constitucional, não decorre automaticamente da contratação temporária, demandando previsão legal ou
contratual expressa a respeito. 3. No caso concreto, o vínculo do servidor temporário perdurou de 10 de
dezembro de 2003 a 23 de março de 2009. 4. Trata-se de notório desvirtuamento da finalidade da contratação
temporária, que tem por consequência o reconhecimento do direito ao 13º salário e às férias remuneradas,
acrescidas do terço. 5. Recurso extraordinário a que se nega provimento. Tese de repercussão geral: "Servidores
temporários não fazem jus a décimo terceiro salário e férias remuneradas acrescidas do terço
constitucional, salvo (I) expressa previsão legal e/ou contratual em sentido contrário, ou (II)
comprovado desvirtuamento da contratação temporária pela Administração Pública, em razão de
sucessivas e reiteradas renovações e/ou prorrogações”, ainda que celetistas. (RE 1066677, Relator(a): Marco
Aurélio, Relator(a) p/ Acórdão: Alexandre de Moraes, Tribunal Pleno, julgado em 22/05/2020, DJe 01-07-2020)

§ 22/05/2020 – A revista visual de pertences do empregado, sem contato físico e realizada de forma
indiscriminada em relação a todos os empregados, não acarreta dano moral, pois se trata de situação
em que o empregador age dentro dos limites do seu poder diretivo, no regular exercício da proteção e
defesa do seu patrimônio. (RR-1391-58.2014.5.05.0026, 8ª Turma, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen
Peduzzi, DEJT 22/05/2020).

§ 22/05/2020 – Validade da exigência do depósito recursal como pressuposto de admissibilidade do


recurso extraordinário na Justiça do Trabalho. Surge incompatível com a Constituição Federal exigência de
depósito prévio como condição de admissibilidade do recurso extraordinário, no que não recepcionada a
previsão constante do § 1º do artigo 899 da CLT, sendo inconstitucional a contida na cabeça do artigo 40 da Lei

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nº 8.177 e, por arrastamento, no inciso II da Instrução Normativa nº 3/1993 do Tribunal Superior do Trabalho.
(RE 607447, Relator(a): Marco Aurélio, Tribunal Pleno, julgado em 22/05/2020, DJe 03/06/2020)

§ 22/05/2020 – Não há preclusão quando a parte, apesar de formular protesto em audiência pelo
deferimento da oitiva de testemunhas, apresenta razões finais sem renová-lo. O comando do art. 795 da
CLT é o de que a parte deve arguir a nulidade na primeira vez em que tiver de falar, em audiência ou nos autos.
Não há determinação para que, após insurgir-se em momento oportuno, a parte ratifique seu ato posteriormente.
(RR-1000222-04.2016.5.02.0003, 5ª Turma, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 22/05/2020).

§ Justiça do Trabalho não pode estabelecer prazo para comprovação de descumprimento de tutela
inibitória. A ação civil pública, disciplinada pela Lei nº 7.347/1985, prevê a responsabilidade patrimonial pelos
danos morais e materiais causados aos interesses difusos ou coletivos da sociedade. Uma das principais inovações
trazidas pelo referido diploma foi a possibilidade de que a parte, legitimada pelo artigo 5º, propusesse ao Poder
Judiciário que o decreto jurisdicional por ela perseguido assumisse uma natureza dúplice, abraçando, além da
condenação em pecúnia, a obrigação de fazer ou de não fazer, conforme a disciplina de seu artigo 3º. Observa-se,
pois, que, mesmo antes da reforma que culminou na mais recente redação do artigo 461 do CPC de 1973 (atual
497 do CPC) e da vigência do artigo 84 do CDC, a LACP já prestigiava a tutela específica como a espécie de
satisfação estatal mais importante tanto para a efetividade do provimento obrigacional quanto para a
compensação do ilícito já efetivado ou para cessação daquele ato ofensivo ainda em curso. Nessa linha, o artigo
11 da lei conferiu ao magistrado a prerrogativa de lançar mão, até mesmo ex officio, de execução específica ou de
cominação de multa diária, como forma de ampliar a força coercitiva do mandamento reparatório ou inibitório
por ele proferido, o que restou ratificado pelo comando inserto no artigo 536, §1º, do atual CPC. De fato, a par
da espécie de tutela específica que se busca atingir (obrigação de dar, pagar, fazer ou não fazer), a efetividade e
autoridade da decisão que a concede depende da utilização de instrumentos coativos efetivos e eficazes que
obriguem o réu ao seu cumprimento. No caso dos autos, o Ministério Público do Trabalho requereu, além da
condenação da ré ao pagamento de indenização por dano moral coletivo, a imposição de diversas obrigações de
fazer e de não fazer, relativas à estrita observância das normas legais que regulam a jornada de trabalho, assim
como a fixação de astreintes pelo seu eventual descumprimento. A constatação de que realmente havia
irregularidades relacionadas ao registro da jornada de trabalho, ao limite de exigência de prestação de horas extras
e à concessão de períodos de descanso, forneceu subsídios para que o magistrado de primeira instância acolhesse
as pretensões relacionadas à tutela inibitória. Todavia, inovou o juízo primevo, ao determinar prazo de cinco anos
para que o Parquet comprove eventual descumprimento do decreto inibitório, sob pena de que se presuma a
conformação da política da empresa ao resultado da demanda e de que se arquive o processo. O Tribunal
Regional chancelou a decisão, ao fundamento de que: “a estabilização da demanda é de fundamental importância para a
concretização da prestação jurisdicional e que a perpetuação ilimitada do processo de execução se opõe à própria segurança jurídica,
porquanto obstaria a formação da coisa julgada material de que trata o art. 502 do NCPC”. Ora, o acórdão não se encontra
coadunado com a finalidade essencial do instituto da tutela inibitória, que é justamente garantir a efetividade da
decisão judicial, nomeadamente em obrigações de caráter sucessivo. Aliás, não há qualquer dispositivo, seja Lei nº
7.347/1985, seja no CPC, que determine a limitação temporal das penalidades incidentes em caso de
descumprimento do decreto sentencial ou mesmo o superveniente arquivamento do feito. Muito pelo contrário,
existe previsão expressa no artigo 537, §4º, da moderna codificação instrumental, de que a multa permanecerá em
vigor enquanto não for cumprida a decisão, o que, no caso de obrigações que se renovam no tempo, deve ser
entendida como instrumento dissuasório para a reiteração de condutas antijurídicas. Note-se que a SBDI-1, ao
examinar o E-ED-RR-747-09.2013.5.24. 0031, da relatoria do ministro Augusto César Leite de Carvalho, decidiu,
de forma unânime, que não cabe a limitação temporal das astreintes pelos mesmos motivos registrados
no presente julgamento. A 8ª Turma também já decidiu no mesmo sentido. Por fim, cabe acrescentar, obter
dictum, que o dever de bem proceder, de agir de acordo com a legislação e com a boa-fé objetiva não tem prazo
de validade, devendo ser uma prática reiterada e ad aeternum de qualquer pessoa, física ou jurídica,
independentemente de meios de coerção conferidos pela lei ao Poder Judiciário. Por todo o exposto, o recurso
de revista é provido para afastar a limitação temporal atribuída à tutela inibitória quanto a necessidade de
comprovação de descumprimento das obrigações de fazer e de não fazer e a determinação de arquivamento
superveniente do processo. Recurso de revista conhecido por violação dos artigos 536, §1º, do CPC e 11 da Lei
nº 7.347/1985 e provido. (ARR-10156-53.2015.5.03.0021, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra
Belmonte, DEJT 15/05/2020).

§ 15/05/2020 – A jurisprudência do TST firmou-se no sentido de que a Associação das Pioneiras Sociais (Rede
Sarah) é pessoa jurídica de direito privado, nos termos da legislação de regência (Lei nº 8.246/91), que presta
serviço social autônomo, contratando empregados com base na legislação trabalhista, razão pela qual não lhe é
aplicável a estabilidade prevista no artigo 41 da CRFB/88. (RR-104400-70.2012.5.16.0003, 4ª Turma, Relator
Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 15/05/2020).

§ 16/05/2020 – Publicado o Informativo TST nº 218, cujas principais decisões estão da tabela abaixo:

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Informativo TST nº 218
(Período 4 a 15 de maio de 2020)
Não se conhece de recurso interposto com assinatura digital de advogado sem procuração nos autos, revelando-se
inexistente o ato praticado por irregularidade de representação. A concessão do prazo de 5 (cinco) dias para a parte
recorrente sanar o vício (item II da Súmula nº 383 do TST), só é cabível quando verificada irregularidade no
instrumento de procuração ou substabelecimento que já consta nos autos. No caso, o RO interposto pelo
impetrante foi subscrito eletronicamente por advogado que não estava habilitado por procuração ou
substabelecimento no momento da interposição do apelo. TST-AIRO-154-58.2019.5.17.0000, SBDI-II, rel. Min.
Maria Helena Mallmann, julgado em 5/5/2020 – Informativo TST nº 218.
A Justiça do Trabalho é incompetente para apreciar controvérsia sobre a natureza da relação jurídica existente entre
Município e servidores públicos, ainda que se vislumbrem elementos capazes de inferir que os servidores não
estariam submetidos ao regime estatutário. Conforme entendimento pacificado pelo STF, compete à Justiça
Comum analisar, preliminarmente, eventual desvirtuamento da relação jurídica invocada pelo ente público. TST-
RO-457-47.2015.5.05.0000, SBDIII, rel. Min. Luiz José Dezena da Silva, julgado em 12/5/2020 – Informativo TST
nº 218.
É cabível indenização por danos morais em caso de isolamento e esvaziamento das funções do empregado. No caso
concreto, a alteração funcional aponta para evidente retaliação empresarial, já que o Autor era assistente de gerente
e, abruptamente, foi transferido para exercer funções no depósito e, além disso, foiimpedido de participar das
reuniões das quais os assistentes de gerente sempre participaram, causando ao Obreiro abalo emocional. Diante da
submissão a situações que atentaram contra a sua dignidade, a sua integridade psíquica e o seu bem-estar individual -
bens imateriais que compõem seu patrimônio moral protegido pela Constituição -, tem ele, de fato, direito à
reparação moral. TST-RR-986-15.2014.5.06.0181, 3ª Turma, rel. Min. Maurício Godinho Delgado, julgado em
6/5/2020 – Informativo TST nº 218.
O Auditor Fiscal do Trabalho possui atribuição para declarar a existência de vínculo de emprego, sem que isso
configure invasão de competência da Justiça do Trabalho. Contudo, em caso de existência de contrato de prestação
de serviços (terceirização) não tem o AFT competência para vislumbrar a ilicitude da terceirização e lavrar auto de
infração por ausência de registro da CTPS pela empresa contratante, haja vista se tratar de situação na qual os
trabalhadores terceirizados, que prestavam serviços nas dependências da empresa autora, são empregados de outra
empresa, já dispondo de registro na CTPS. TST-RR-247-06.2011.5.02.0263, 4ª Turma, rel. Min. Guilherme Augusto
Caputo Bastos, julgado em 5/5/2020 – Informativo TST nº 218.
É constitucional a compensação da verba honorária sucumbencial imputada ao trabalhador beneficiário da justiça
gratuita com os créditos obtidos em Juízo, ainda que em outro processo (art. 791-A, § 4º, da CLT). Os honorários
advocatícios sucumbenciais imputados ao beneficiário da justiça gratuita devem primeiramente sejam compensados
com créditos obtidos em juízo, ainda que em outro processo, e, tão somente na hipótese de os ganhos serem
insuficientes ou inexistentes, é que incidirá a condição suspensiva de exigibilidade prevista no art. 791-A, § 4º, da
CLT. TST-RR-20556-23.2018.5.04.0271, 4ª Turma, rel. Min. Ives Gandra Martins Filho, julgado em 6/5/2020 –
Informativo TST nº 218.
É lícita a gravação de conversa por um dos interlocutores, ainda que sem a ciência do outro participante. É
igualmente lícita a gravação de conversa telefônica feita por terceiro com a autorização de um dos interlocutores
sem o conhecimento do outro, quando ausente causa legal de sigilo ou de reserva da conversação. IV. Recurso de
revista de que não se conhece. TST-RR-281-72.2016.5.10.0104, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado
em 6/5/2020 – Informativo TST nº 218.
Cabe agravo de petição para atacar decisão que acolhe a exceção de pré-executividade, pois a decisão é terminativa.
A controvérsia surge quanto ao recurso viável para impugnar decisão que rejeita ou não conhece da exceção de pré-
executividade. Na Justiça Comum é pacífico o entendimento de que ocorre a preclusão da análise da matéria em
embargos à execução, quando previamente examinada em sede de exceção de pré-executividade (Precedentes do
STJ). Nos termos do artigo 897, “a”, da CLT, caberá agravo de petição contra as decisões do Juiz ou Presidente na
fase de execução. Porém, tal preceito não faz nenhuma distinção quanto à sua natureza, seja interlocutória ou
terminativa do feito. Afastado o óbice da irrecorribilidade imediata, caberia saber se para a interposição do
agravo de petição contra a decisão que não conheceu ou rejeitou a exceção de pré-executividade seria exigível a
garantia do juízo. Sobre o tema, não se pode impor para o conhecimento do agravo de petição a garantia do juízo,
na circunstância em que não acolhida a exceção de pré-executividade. TST-ARR19700-68.1986.5.02.0002, 4ª Turma,
rel. Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos, julgado em 13/5/2020 – Informativo TST nº 218.
Na relação de emprego doméstico, o filho da contratante que não residia com a mãe e era apenas o administrator do
patrimônio da genitora, não deve ser responsabilizado solidariamente pelas verbas trabalhistas, na medida em que
não se extrai da exegese do artigo 1° da Lei Complementar nº 150/2015 a configuração de empregador doméstico
pelo interesse e dever de assistência dos filhos aos pais. TST-RR-11036-97.2018.5.03.0099, 5ª Turma, rel. Des.
Conv. João Pedro Silvestrin, julgado em 6/5/2020 – Informativo TST nº 218.

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§ 22/05/2020 – Fundo imobiliário/Empresa incorporadora dona da obra é responsável pelas obrigações
trabalhistas inadimplidas no contrato de empreitada pela construtora, nos termos da exceção prevista na
parte final da OJ nº 191 da SBDI-I do TST24 e com a tese vinculante II fixada no julgamento do IRR-190-
53.2015.5.03.009025 (Tema 006). (AIRR-100761-66.2017.5.01.0074, 6ª Turma, Relator Ministro Lelio Bentes
Correa, DEJT 22/05/2020).

§ 22/05/2020 – É nula a citação por edital se não há utilização de outros meios na tentativa de localização
da reclamada, tal como citação por edital. Trata-se de ação rescisória ajuizada pela empregadora que articula a
nulidade da citação por edital no processo matriz. Depreende-se do disposto no art. 841, § 1º, da CLT que a
comunicação por edital deve ser realizada nos casos em que o reclamado criar embaraços ao seu recebimento ou
não for encontrado no endereço apontado pelo reclamante. No caso concreto, extrai-se dos autos que, na
reclamatória, não houve a intimação do reclamante para indicar/atualizar o endereço da 2ª reclamada, tampouco
se tentou a citação por Oficial de Justiça ou consulta à ficha cadastral atualizada da pessoa jurídica reclamada na
JUCESP. Ademais, ao tempo do ajuizamento da reclamação, embora tenha ocorrido alteração do endereço do
estabelecimento comercial da reclamada, essa circunstância encontrava-se devidamente averbada perante a Junta
Comercial. Foi destacado, ainda, que havia dúvida razoável na nomenclatura do logradouro empresarial e que o
endereço de citação utilizado foi obtido em pesquisa em sítio da internet, o qual não corresponde ao atual
utilizado pela executada. Por isso, não restou comprovado que a contratante se encontrava em local incerto e não
sabido, tampouco que a reclamada criou embaraço para o recebimento da notificação postal. Assim, a decisão
que encerra a instrução processual sem que tenham sido adotados quaisquer outros meios hábeis à obtenção do
correto endereço do polo passivo da demanda por certo que indica o cerceamento de defesa e a consequente
nulidade da sentença do processo subjacente. Logo, deve ser mantida a nulidade do processo, tal como concluiu
a Corte Regional. Precedente específico desta eg. Subseção-2. (RO-9143-46.2014.5.02.0000, SBDI-2, Relatora
Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 22/05/2020).

§ 22/05/2020 – Aluguel a terceiros não afasta impenhorabilidade de único imóvel da família. Nos termos
dos arts. 1º, 3º, e 5º, caput, da Lei nº 8.009/90, para caracterização do bem de família, e consequente
impenhorabilidade, exige-se apenas que o bem indicado à penhora seja o único imóvel utilizado pelo casal ou
pela entidade familiar para moradia permanente. Assim, a penhora efetivada sobre o único imóvel residencial
afronta o próprio direito à moradia protegido constitucionalmente (art. 6º da CR/88). (RR-4500-
13.2000.5.03.0031, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 22/05/2020).

§ 25/05/2020 – Não há sucessão trabalhista em cartório se houver solução de continuidade. Sendo certo
que a relação de emprego nos serviços notariais se dá com o titular da serventia, em caso de sucessão na
titularidade do cartório somente se reconhece a sucessão trabalhista na hipótese da continuidade da prestação de
serviços em favor do novo titular. Com efeito, não caracteriza sucessão trabalhista quando o empregado do
titular anterior não prestou serviços ao novo titular do cartório. Com efeito, A jurisprudência do Tribunal
sedimentou-se no sentido de que, em se tratando de cartório, a sucessão de empregadores pressupõe não só a
transferência da unidade econômica de um titular para outro, mas que a prestação de serviço pelo empregado do
primeiro prossiga com o segundo (RR-1302-50.2015.5.02.0069, 8ª Turma, Relator Ministro Joao Batista Brito
Pereira, DEJT 25/05/2020).

§ 29/05/2020 – Ente público não responde pelos créditos trabalhistas devidos no período em que atua
como interventor em hospital. Estando nesta qualidade, o ente não age em nome próprio e nem na
condição de tomador de serviços. Isso porque a medida extrema da intervenção objetiva apenas a garantia da
continuidade da prestação dos serviços públicos de saúde, não tendo o condão de retirar a qualidade de
empregadora principal da reclamada, que continua com a propriedade dos seus bens, sem sofrer nenhuma
alteração em sua estrutura jurídica. (RR-127-14.2018.5.23.0107, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaide Miranda
Arantes, DEJT 29/05/2020).26

24 OJ nº 191 da SBDI-1 do TST – CONTRATO DE EMPREITADA. DONO DA OBRA DE CONSTRUÇÃO CIVIL.

RESPONSABILIDADE. Diante da inexistência de previsão legal específica, o contrato de empreitada de construção civil entre o dono
da obra e o empreiteiro não enseja responsabilidade solidária ou subsidiária nas obrigações trabalhistas contraídas pelo empreiteiro,
salvo sendo o dono da obra uma empresa construtora ou incorporadora.
25 “II) A excepcional responsabilidade por obrigações trabalhistas prevista na parte final da OJ nº 191, por aplicação analógica do artigo

455 da CLT, alcança os casos em que o dono da obra de construção civil é construtor ou incorporador e, portanto, desenvolve a mesma
atividade econômica do empreiteiro (decidido por unanimidade)”.
26 Em sentido contrário: RECURSO DE REVISTA. MUNICÍPIO. INTERVENÇÃO MUNICIPAL EM HOSPITAL.

RESPONSABILIDADE DO INTERVENTOR. TRANSCENDÊNCIA POLÍTICA CONSTATADA. A intervenção com assunção


plena da administração e gestão do hospital implica responsabilização do Município pelos danos resultantes do inadimplemento das
obrigações trabalhistas, em relação ao período em que perdurou. E tal se deve pelo fato de, visando à manutenção da prestação do serviço
público essencial de saúde, utilizar-se da força de trabalho da parte autora, assumindo, assim, as obrigações da empregadora principal. Se
o interventor deixa de regularizá-las, desrespeitando o contrato de trabalho havido com o hospital sob intervenção, a sua responsabilidade
encontra fundamento no art. 37, § 6º, da CRFB/88, que não isenta de responsabilidade o ente público perante terceiros. [...] A
jurisprudência do TST tem se manifestado no sentido de que reconhecido o inadimplemento da empregadora pelas obrigações

60
§ 29/05/2020 – Não se conhece de recurso para o TST se as razões do recorrente não impugnam os
fundamentos da decisão recorrida, nos termos em que proferida. Em suas razões recursais, o recorrente se
limitou a renovar os argumentos da inicial, [...] logo, não impugnou os fundamentos da decisão recorrida.
Destarte, o recurso ordinário não merece conhecimento, por ausência de dialética recursal, nos termos da
Súmula 422, I, do TST. (RO-1003475-72.2017.5.02.0000, SBDI-2, Relator Ministro Evandro Pereira Valadao
Lopes, DEJT 29/05/2020).

§ 29/05/2020 – Enseja danos morais in re ipsa a reversão em juízo da dispensa por justa causa fundada
em suposto ato de improbidade não comprovado. A jurisprudência do TST é no sentido de que a reversão
da rescisão por justa causa em juízo, por si só, não enseja o dever de reparação por danos morais. No entanto, a
reversão de justa causa fundada em ato de improbidade não comprovado, constitui exercício manifestamente
excessivo do direito potestativo do empregador, conforme previsão do art. 187 do Código Civil, configurando
ato ilícito atentatório à honra e à imagem do empregado, enseja dever de reparação por dano moral in re ipsa.
(ARR-1577-26.2014.5.17.0001, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 29/05/2020).

§ 29/05/2020 – 7ª turma reafirma jurisprudência do Tribunal Pleno pela qual “o tempo gasto no percurso entre a boca da
mina e a frente da lavra não pode ser computado na jornada de trabalho dos mineiros para efeito de concessão de intervalo
intrajornada, como previsto no art. 71, caput, da CLT, pois os arts. 293 e 294 da CLT são absolutamente claros ao dispor que a
jornada não ultrapassa as 6 (seis) horas diárias e que o tempo de percurso será computado apenas para efeito de pagamento de
salário, com regra própria e específica quanto ao intervalo intrajornada (CLT, art. 298)”. (RR-10198-85.2014.5.05.0311, 7ª
Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 29/05/2020).

§ 29/05/2020 – Colusão das partes com intuito de fraudar a lei e prejudicar terceiros conduz à desconstituição de
decisão homologatória de acordo. Colusão é sinônimo de simulação e significa ato falso promovido por duas ou
mais pessoas com o intuito de enganar terceiro ou de transgredir a lei. Assim, nos termos do artigo 485, III, do
CPC de 1973, havendo colusão entre as partes, com o intuito de prejudicar terceiro, ou fraudar a lei, deve ser
desconstruída a decisão transitada em julgado, eis que formada com base em uma atuação simulada das partes,
em uma falsa lide. No caso, vislumbram-se fortes indícios da existência de colusão entre as partes do feito matriz,
que simularam uma transação judicial, com a finalidade de fraudar a lei. Desse modo, os fortes indícios de
colusão, no feito matriz, são: reclamação trabalhista, com múltiplos pedidos, e frágil prova documental,
requerendo valores de alta monta (R$ 631.140,41); ausência de defesa por parte da reclamada e acordo firmado
em audiência, em vultuoso valor (R$ 500.000,00); descumprimento do acordo já na segunda parcela (de um total
de 40), com incidência de multa de 50%; petição da reclamante informando o descumprimento do acordo, e, de
imediato, já indicando bem imóvel da reclamada à penhora, o qual foi, posteriormente, adjudicado pela
exequente; patrono da reclamante indicado por contador da reclamada; dívida tributária da reclamada, de
elevadíssimo valor (R$ 27.666.338,59), anterior ao ajuizamento do feito matriz. Assim, vislumbram-se fortes
indícios de prática de ato ardiloso na propositura da reclamação trabalhista com a finalidade de fraudar a lei e
prejudicar terceiro, pelo que deve ser mantida a v. decisão recorrida que acolheu o pedido rescisório pautado no
inciso III do artigo 485 do CPC de 1973. (RO-14278-18.2010.5.15.0000, SBDI-2, Relator Ministro Renato de
Lacerda Paiva, DEJT 29/05/2020).

§ 29/05/2020 – O art. 37, XIII, da CRFB/88 veda a vinculação ou equiparação de quaisquer espécies
remuneratórias para o efeito de remuneração de pessoal do serviço público. A isonomia pretendida acaba por
burlar a norma constitucional, permitindo que empregado regido pela CLT tenha garantida a mesma
remuneração dos servidores estatutários. Nessa esteira, a jurisprudência do TST, nos termos do referido
dispositivo constitucional, veda a isonomia salarial entre trabalhadores vinculados a regimes jurídicos diversos
(celetista e estatutário). Dessa forma, não há falar em aplicabilidade da OJ nº 383 da SBDI-1 ao caso concreto, a
qual se refere à hipótese de equiparação entre empregados de prestador e de tomador de serviços, ambos regidos

trabalhistas deve responder subsidiariamente pelos créditos pendentes dos trabalhadores que lhe serviram. (RR-1001944-
98.2015.5.02.0491, 7ª Turma, Rel. Min. Claudio Mascarenhas Brandão, DEJT 18/11/2019). Ainda: “A intervenção do Poder Público em
ente privado, com a assunção plena da administração e gestão, mesmo que temporariamente, implica a responsabilização subsidiária do ente
público em relação ao período em que perdurar a intervenção. Verifica-se que, na hipótese dos autos, o regime de intervenção ocorreu por
determinação legal, imputando ao Município o encargo de interventor na instituição. Assim, o ente público passou a administrar o
hospital, do qual o Reclamante era empregado, e, na condição de gestor, passou a ser corresponsável pelos atos praticados no período de
intervenção. De fato, essa espécie de intervenção encontra-se prevista na Constituição Federal (art. 5º, XXV), segundo a qual, no caso de
iminente perigo público, a autoridade competente poderá usar de propriedade particular, como se verifica na hipótese sob exame, em que
ocorreu a intervenção do Município no hospital. Todavia, não há dúvidas de que, no caso concreto, se o Município assumiu a gestão do
Hospital, mesmo que temporariamente, evidentemente deverá ser responsabilizado pelas obrigações trabalhistas em relação ao período
em que perdurou a intervenção. Com efeito, nessas circunstâncias, inadimplindo a real empregadora as obrigações trabalhistas, deve
responder subsidiariamente o ente público Reclamado pelos créditos pendentes dos trabalhadores que lhe serviram. Julgados desta
Corte. (AIRR-12135-23.2016.5.15.0040, 3ª Turma, Rel. Min. Mauricio Godinho Delgado, DEJT 21/06/2019). Há julgados pela presença
de responsabilidade subsidiária nas 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª e 7ª Turmas do TST, sendo este o posicionamento majoritário.

61
pelo mesmo regime jurídico. Precedentes. (RR-531-96.2016.5.11.0001, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de
Souza Agra Belmonte, DEJT 29/05/2020).

§ 29/05/2020 – Omissão de lesão anterior não configura dolo da parte vencedora se tal omissão não tem relação
de causa e efeito entre o dolo processual e a condenação. Cuida-se de pretensão rescisória calcada em dolo da
parte vencedora em detrimento da parte vencida ao argumento de que o reclamante, ora réu, teria distorcido os
fatos relacionados ao acidente de trabalho, quando da anamnese realizada pela perita do juízo, induzindo o
julgador a erro. 2. Na forma do art. 485, III, do CPC de 1973, o dolo processual hábil à desconstituição da coisa
julgada é o ardil que influencia o juízo de modo determinante, constatando-se, em juízo rescindente, que o
pronunciamento jurisdicional teria sido diferente se não houvesse a conduta reprovável do vencedor. 3. No caso
concreto, consta do acórdão rescindendo que o Autor, na anamnese realizada na prova pericial, informou queda
nos dias 1/3/2010 e 27/4/2010, quando teria fraturado o 4º metacarpo da mão e do punho direitos, sendo
submetido a cirurgia. Todavia, em inspeção junto ao Hospital Brasília, a perita constatou que o reclamante foi
atendido em data anterior (26/2/2010), em razão de lesão também na mão direita. Entendeu o Colegiado que o
reclamante incidiu em litigância de má fé, ao omitir na entrevista com a perita a ocorrência de uma queda anterior
(fevereiro), sem qualquer nexo com a prestação de serviços e que ocasionou lesão na mesma mão que teria sido
fraturada quando dos acidentes de trabalho relatados na petição inicial, o que dificultou a apuração dos fatos na
prova pericial. 4. A despeito da litigância de má fé e da lesão anterior, constatou o Colegiado que a prova
documental, pericial e oral efetivamente demonstrou a ocorrência de contusão diagnosticada no dia 27/4/2010,
em consequência de queda da própria altura, quando o reclamante desempenhava suas atividades em prol da
reclamada, com recomendação de afastamento do trabalho por 20 dias. Concluiu-se, então, que o reclamante
fazia jus à garantia de emprego provisória prevista no art. 118 da Lei nº 8.213/91. 5. Neste contexto, não resta
configurado o dolo da parte vencedora em detrimento da parte vencida, hábil à desconstituição da coisa julgada,
na forma do art. 485, III, do CPC de 1973, pois a prática foi constatada na própria reclamação trabalhista, tanto
que condenado o reclamante ao pagamento de multa por litigância de má fé. A conduta processual reprovável
não afastou, na ótica do Colegiado prolator do acórdão rescindendo, a configuração do direito material
amplamente demonstrado no acervo probatório da reclamação trabalhista. Pretensão rescisória improcedente.
ART. 485, V, DO CPC DE 1973. JULGAMENTO EXTRA PETITA NO ACÓRDÃO RESCINDENDO.
AMPLA DEVOLUTIVIDADE DO RECURSO ADESIVO INTERPOSTO PELO RÉU. VIOLAÇÃO DOS
ARTIGOS 128, 460, 514, II, E 515 DO CPC DE 1973. NÃO CONFIGURAÇÃO. 1. Pretensão rescisória
calcada em violação dos arts. 128, 460, 514, II, e 515 do CPC de 1973, ao argumento de que no recurso adesivo
do reclamante, ora réu, teria sido renovada unicamente a causa de pedir relacionada com o primeiro acidente -
que teria ocorrido em 1/3/2010 - e não quanto ao segundo - ocorrido em 27/4/2011. Assim, o Tribunal, ao
reconhecer o acidente de trabalho como ocorrido no dia 27/4/2010, teria extrapolado os limites do pedido
recursal. 2. Reexaminando as razões apresentadas no recurso adesivo interposto pelo reclamante, ora Réu,
verifica-se a renovação expressa da alegação de ocorrência dos dois acidentes de trabalho mencionados na
petição inicial, tanto aquele que teria ocorrido em março, quanto o segundo, ocorrido em abril de 2010, o que
afasta a arguição de julgamento extra petita no acórdão rescindendo. 3. Ausentes as violações dos artigos 128,
460, 514, II, e 515 do CPC de 1973. Pretensão rescisória improcedente. ARTIGO 485, IX, DO CPC DE 1973.
ERRO DE FATO NÃO CARACTERIZADO. EXISTÊNCIA DE PRONUNCIAMENTO
JURISDICIONAL. 1. Segundo a definição legal, há erro de fato quando o juiz considerar existente fato
inexistente ou inexistente fato efetivamente ocorrido, sendo relevante, em qualquer caso, que não tenha havido
controvérsia ou pronunciamento judicial a respeito (CPC de 1973, artigo 485, IX, §§ 1º e 2º). Nesses termos, o
erro de fato apto a autorizar o corte rescisório não corresponde a simples equívoco no julgamento, mas a uma
autêntica falha de percepção do juiz sobre ponto decisivo da controvérsia. 2. No entanto, constatado que o fato
em torno do qual supostamente houve erro foi objeto de pronunciamento judicial no processo originário, é
inviável o corte rescisório postulado. Vale lembrar, ademais, que não se pode admitir que, sob o pretexto de que
há erro de fato no julgado, se reexamine a prova produzida no feito matriz, a fim de obter conclusão favorável à
Autora, com amparo na parte da prova que ela entende ser-lhe favorável. Afinal, não cabe ação rescisória
fundada em erro de fato para melhor exame da prova produzida nos autos da ação originária. (RO-445-
29.2014.5.10.0000, SBDI-2, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 29/05/2020).

§ 29/05/2020 – Empregado bancário não faz jus a comissões pela venda de cartão de crédito, seguros,
capitalização e planos de previdência, ante a ausência de previsão contratual. É entendimento pacífico no
TST que o exercício de atividades diversas, compatíveis com a condição pessoal do trabalhador, não enseja o
pagamento de acréscimo salarial por acúmulo de função, pois o salário já remunera todas as tarefas
desempenhadas dentro da jornada de trabalho. Ausente acordo entre as partes, as atividades desempenhadas pelo
empregado bancário na venda de produtos são compatíveis com o cargo e, portanto, é descabido o pagamento
de acréscimo salarial pelo acúmulo de funções. A teor do art. 456, parágrafo único, da CLT, “à falta de prova ou
inexistindo cláusula expressa a tal respeito, entender-se-á que o empregado se obrigou a todo e qualquer serviço compatível com a sua
condição pessoal”. Não se pondo sob foco alteração ilícita do contrato de trabalho (CLT, art. 468), descabe cogitar-
se de acréscimo remuneratório ao trabalhador que realiza outras incumbências que não extrapolam a órbita da

62
sua condição pessoal. (RR-1497-84.2015.5.11.0004, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan
Pereira, DEJT 29/05/2020).27

§ 29/05/2020 – Novo ato altera regras sobre seguro garantia judicial. A alteração ocorreu devido ao
entendimento do CNJ sobre a matéria. A presidente do TST e do CSJT e o corregedor-geral da Justiça do
Trabalho assinaram o Ato Conjunto TST.CSJT.CGJT 1/2020, que trata do uso do seguro garantia judicial em
substituição ao depósito recursal e para garantia de execução trabalhista. O novo ato altera as regras anteriores
(Ato Conjunto TST.CSJT.CGJT 1/2019) do TST sobre a matéria, em razão de entendimento firmado pelo
Conselho Nacional de Justiça – CNJ. A partir da Reforma Trabalhista (Lei nº 13.467/2017), apólices de seguro e
de cartas de fiança bancária passaram a ser aceitas em substituição ao depósito recursal e para garantia de
execução trabalhista.

§ 29/05/2020 – Correios não precisam instaurar processo administrativo ou abertura de prévio


contraditório antes da despedida. O STF, ao julgar os embargos de declaração opostos contra a decisão
proferida no RE 589.998/PI, fixou a seguinte tese jurídica: “a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT tem o
dever jurídico de motivar, em ato formal, a demissão de seus empregados”. Todavia, o Pretório Excelso ressalvou que a
obrigação da referida empresa pública não ultrapassa a mera descrição, por escrito e em procedimento
simplificado, dos critérios de conveniência e de oportunidade que fundamentam o desligamento. De
fato, restou expressamente declinado no acórdão dos declaratórios que “a fim de conciliar a natureza privada dos
vínculos trabalhistas com o regime essencialmente público reconhecido à ECT, não é possível impor-lhe nada além da exposição, por
escrito, dos motivos ensejadores da dispensa por justa causa. Não se pode exigir, em especial, instauração de processo administrativo
ou abertura de prévio contraditório”. Na hipótese específica dos autos, o que se depreende da decisão recorrida é que o
reclamante foi dispensado ao final do contrato de experiência, em razão de inaptidão constatada e justificada
segundo os critérios constantes de relatório produzido pela gestora de recursos humanos. Entende-se, portanto,
que a ECT motivou o ato de dispensa, preenchendo o requisito constante tanto na tese fixada pelo STF em
repercussão geral quanto no item II da OJ da SBDI-1 nº 247 do TST. Precedentes desta Corte, inclusive desta 3ª
Turma, envolvendo situações análogas. Recurso de revista conhecido por contrariedade (má aplicação) ao item II
da OJ da SBDI-1 nº 247 do TST e provido. (RR-199500-46.2009.5.20.0003, 3ª Turma, Relator Ministro
Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 29/05/2020).

§ 29/05/2020 – Cobrança de metas por quadro de avisos com foto e nome do empregado gera
indenização. Apesar de o Tribunal Regional consignar que a existência de cobrança de metas com a utilização
de quadro de avisos não configura lesão ao patrimônio imaterial do trabalhador, bem como que o autor não foi
surpreendido no exercício de suas funções com situações criadas pela ré ou que não fossem previsíveis no seu
tipo de trabalho, a prova produzida nos autos e elencada no acórdão a quo deixa claro que havia quadro com
exposição das metas, que o reclamante já foi exposto no quadro de metas e que no quadro de avisos constava a
foto e depois o nome. Entendo que o dano moral ficou cabalmente demonstrado em face do tratamento
ofensivo dirigido deliberadamente ao reclamante em razão da existência de cobrança de metas, com a utilização
de quadro de avisos, com exposição de foto e nome do trabalhador. Assim, comprovado o evento danoso, surge
o dever de reparação. Dessa forma, fixa-se a condenação em danos morais no valor de R$ 15.000,00 (quinze mil
reais). (RR-1000972-34.2016.5.02.0026, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, DEJT
29/05/2020).

§ 29/05/2020 – Empregado que optou por pagamento parcelado não receberá férias em dobro. A Lei
13.467/2017 acrescentou o art. 896-A à CLT, que disciplina o pressuposto intrínseco da transcendência a partir
de quatro vetores taxativos, quais sejam: o econômico, o político, o social e o jurídico. Conforme posição
majoritária desta Sétima Turma, no caso de recurso de revista interposto pelo empregador, a causa oferecerá
transcendência econômica se o valor total dos temas devolvidos no recurso de revista ultrapassar 1000 (mil)
salários-mínimos, 500 (quinhentos) salários-mínimos e 100 (cem) salários-mínimos, para empresas de âmbito
nacional, estadual ou municipal, respectivamente. No caso dos empregadores doméstico, individual ou
microempreendedor, ter-se-á como parâmetro o valor de 40 salários-mínimos, previsto no art. 852-A da CLT
(procedimento sumaríssimo), salvo exceções pontuais. No que se refere ao recurso de revista interposto pelo
empregado objetivando afastar condenação ou penalidade imposta ao próprio trabalhador, tem-se como presente
a transcendência econômica se ele estiver desempregado ou for beneficiário da justiça gratuita. Por fim, em
relação ao recurso de revista interposto pela parte obreira objetivando a revisão do julgado quanto aos pedidos
indeferidos, o critério objetivo para a aferição da transcendência consistirá igualmente no valor de 40 salários
mínimos previsto no art. 852-A. No caso concreto, discute-se a repercussão jurídica do pagamento da
remuneração de férias de forma parcelada por opção do próprio empregado, em hipótese na qual as férias eram

27 No mesmo sentido: O TST firmou o entendimento de que as atividades desempenhadas pelo empregado bancário na venda de

produtos de outras empresas do grupo econômico do reclamado, tais como seguro, capitalização, previdência etc. é compatível com o rol
de atribuições do bancário e não caracteriza acúmulo de funções. (RR-1147-59.2016.5.11.0005, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria
da Costa, DEJT 06/03/2020).

63
concedidas na época devida e o terço constitucional de férias, o abono legal e parte da remuneração de férias
eram pagos de forma adiantada (no mês anterior ao gozo das férias). Nesse contexto, considerando-se que se
trata de recurso interposto pelo reclamante objetivando a revisão do julgado quanto a pedido indeferido (julgado
improcedente), e que o valor dado à causa pelo autor, conforme consta da petição inicial, foi de R$ 82.795,05,
conclui-se que o valor total do único tema devolvido no recurso ultrapassa 40 salários-mínimos (40 x R$ 1.045,00
- valor do salário-mínimo em 2020 = R$ 41.800,00). Emerge, daí, a transcendência econômica da matéria. De
acordo com o entendimento sedimentado na Súmula 450 desta Corte Superior, “é devido o pagamento em dobro da
remuneração de férias, incluído o terço constitucional, com base no art. 137 da CLT, quando, ainda que gozadas na época própria, o
empregador tenha descumprido o prazo previsto no art. 145 do mesmo diploma legal”. No caso vertente, todavia, existe uma
peculiaridade fática, uma distinção, que não autoriza a aplicação da orientação da consagrada na referida súmula,
qual seja, a opção do empregado pelo pagamento parcelado da remuneração de férias, não se tratando,
pois, de opção do empregador. No particular, o Tribunal Regional constatou que a reclamada paga o terço
constitucional e o abono legal no mês anterior ao gozo de férias, além de antecipar parte da remuneração do
período a ser usufruído. Consignou, ainda, que o parcelamento da quitação do título decorre da opção feita
pelos próprios empregados, a quem é dada a referida opção, a ser feita de forma livre por cada um deles.
No caso, ainda, o reclamante gozou de suas férias nas épocas próprias. Em suma, constou expressamente da
decisão do TRT a tese de que foi "exercida pelo empregado a opção pelo parcelamento do pagamento de férias".
Em casos como o presente, esta c. Corte Superior entende que o pagamento parcelado da remuneração
das férias, quando ocorria por opção do próprio empregado, e não por imposição da empresa, não
autoriza a aplicação da Súmula nº 450 do TST, que trata de hipótese diversa, referente ao pagamento
das férias fora do prazo previsto na norma celetista por iniciativa do empregador. (RR-49-
46.2019.5.21.0008, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadao Lopes, DEJT 29/05/2020).

§ 29/05/2020 – Decisões do STF não servem de parâmetro para interposição de embargos à SDI. No caso,
por mais relevantes e persuasivas que sejam as decisões oriundas do STF, para manejo dos embargos na SDI do
TST, as decisões do órgão máximo do Judiciário brasileiro não se prestam a demonstrar a divergência. Não se
conhece do recurso de embargos quando os arestos trazidos à colação ora apresentam não atendem aos
requisitos da Súmula 337, II, do TST, ora são oriundos de órgão não arrolado do artigo 894, II, da CLT. (E-ED-
RR-211000-59.2007.5.02.0463, SBDI-1, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 29/05/2020).

§ 29/05/2020 – Não havendo substituição da sentença, o pedido de desconstituição do acórdão do TRT


revela-se juridicamente impossível. Pretensão de corte rescisório dirigida contra acórdão do TRT que
apreciou apenas a responsabilidade subsidiária da ora autora. Ação rescisória em que se invoca dolo processual,
prova falsa e erro de fato em relação à declaração de vínculo empregatício e às parcelas dele decorrentes. Nos
termos da Súmula 192, III, do TST, “sob a égide do art. 512 do CPC de 1973, é juridicamente impossível o pedido explícito
de desconstituição de sentença quando substituída por acórdão do Tribunal Regional”. A contrario sensu, não havendo
substituição da sentença, o pedido de desconstituição do acórdão do TRT revela-se juridicamente impossível, a
teor do art. 485, caput, do CPC de 1973, por não consistir na última decisão de mérito proferida na causa. Essa é
a hipótese destes autos, impondo-se a extinção do processo nos termos do art. 267, VI e §3º, do CPC de 1973.
Precedentes. Recurso ordinário conhecido e processo extinto sem resolução de mérito. (RO-42600-
84.2008.5.09.0000, SBDI-2, Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, DEJT 29/05/2020).

§ 29/05/2020 – No recurso de revista o recorrente deve demonstrar a semelhança entre a decisão


recorrida e as decisões paradigmas trazidas a confronto de teses. Não merece provimento o agravo que
não desconstitui os fundamentos da decisão monocrática, pela qual foi denegado seguimento ao agravo de
instrumento em face da ausência de preenchimento dos requisitos previstos no artigo 896, § 8º, da CLT. Verifica-
se, da análise das razões do recurso de revista, que a parte, de fato, não cuidou em demonstrar a semelhança entre
a decisão recorrida e as decisões paradigmas trazidas a confronto de teses, como ordena o art. 896, § 8º, da CLT,
de forma que a exigência processual contida no referido dispositivo, na hipótese, assim como consignado na
decisão agravada, não foi satisfeita. (Ag-AIRR-1001948-73.2016.5.02.0371, 2ª Turma, Relator Ministro José
Roberto Freire Pimenta, DEJT 29/05/2020).

Junho

§ 1º/06/2020 – O entendimento prevalente nesta Corte é o de que, em relação aos dissídios individuais
típicos, prevalecem os critérios objetivos na fixação da competência territorial, conforme o artigo 651,
caput e § 3º, da CLT, sendo admitido o ajuizamento da reclamação trabalhista no domicílio do reclamante
apenas se esse coincidir com o local da prestação de serviços, da contratação ou da arregimentação, ou se a
reclamada possuir atuação em âmbito nacional, condições essas que não constam das premissas fáticas
consignadas no acórdão regional. Diante desse contexto, o ajuizamento da reclamatória trabalhista em juízo
diverso do local da contratação ou da prestação de serviços colide com as regras de fixação de competência
trazidas pelo art. 651, caput e § 3º, da CLT. (RR-554-81.2018.5.19.0055, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria
da Costa, DEJT 01/06/2020).

64
§ 1º/06/2020 – Dispensa em massa sem prévia negociação coletiva não gera danos morais. Além de a
necessidade de prévia negociação coletiva para a dispensa em massa ser controvertida, especialmente
considerando a reconhecida ausência de norma específica vigente na época dos fatos, sua falta não implicaria, por
si só, dano moral ao empregado. Haveria necessidade da comprovação dos requisitos da reparação civil, por
força dos artigos 186 e 927 do Código Civil, o que não ocorreu efetivamente. (ARR-10028-94.2017.5.03.0075, 8ª
Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 01/06/2020).

§ 1º/06/2020 – Interpretação conforme ao disposto no art. 114, I, IV e IX, da Constituição da República, de


modo a afastar a competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar ações penais. (ADI 3.684, rel. min.
Gilmar Mendes, j. 11-5-2020, P, DJe de 1º-6-2020).

§ 1º/06/2020 – Publicado o Informativo TST nº 219, cujas principais decisões estão da tabela abaixo:

Informativo TST nº 219


(Período 18 a 29 de maio de 2020)
Em questão de ordem, a SBDI-I assegurou amplamente o direito à sustentação oral nos casos de juízo de
retratação, seja ele positivo ou negativo. Tratava-se de julgamento de um recurso de embargos que retornou ao TST
para eventual exercício de juízo de retratação. TST-E-RR-ED-1813-26.2010.5.06.0000, SBDI-I, rel. Min. Alberto
Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 21/5/2020 – Informativo TST nº 219.
Ao formular pedidos com valores líquidos na petição inicial, sem registrar qualquer ressalva, o autor limita a
condenação a esses parâmetros (art. 492 do CPC de 2015). No caso concreto, extrai-se da petição inicial que o
reclamante requereu o pagamento de horas in itinere no exato valor de R$ 3.803,00, não havendo qualquer menção
de se tratar de mera estimativa ou requerimento de apuração em liquidação, como havia sido feito em outros
pedidos, devendo a condenação se limitar aos valores indicados na petição inicial. TST-E-ARR10472-
61.2015.5.18.0211, SBDI-I, rel. Min. Walmir Oliveira da Costa, 21/5/2020 – Informativo TST nº 219.
Na hipótese de viagens para participação em cursos de treinamento e capacitação exigidos pelo empregador e
realizados em cidades estranhas ao local da prestação de serviços, considera-se tempo à sua disposição o período
de trânsito aéreo, bem como aquele expendido no aeroporto aguardando o embarque, limitado este último a
1 (uma) hora (art. 4º da CLT). Não devem ser computados como tempo à disposição nenhum dos períodos de
deslocamento até o aeroporto, seja ao de origem, na ida, seja ao de destino, na volta, e nem aquele gasto em trânsito
do aeroporto ao hotel em que ficaria hospedado na cidade de realização dos cursos. TST-E-RR-770-
74.2011.5.03.0106, SBDI-I, rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho, red. p/ acórdão Min. Alexandre Luiz Ramos,
21/5/2020 – Informativo TST nº 219.
Em ação rescisória foi suscitado conflito negativo de competência, com remessa dos autos ao STF, pois havia sido
prolatada sentença de mérito pelo Juízo estadual em 9/4/2004, antes, portanto, da promulgação da EC 45/2004
(Súmula Vinculante nº 22 do STF e CC 7.204-1/MG). TST-RO-96700-68.2009.5.12.0000, SBDI-II, rel. Min.
Douglas Alencar Rodrigues, 19/5/2020 – Informativo TST nº 219.
A decisão que, antes de analisar o pedido de benefício de gratuidade de justiça pleiteado por pessoa jurídica,
indefere a petição inicial e extingue a ação rescisória, sem resolução de mérito, por falta de regularização do
depósito prévio, está em desacordo com o que preceitua o art. 99, § 2º, do CPC. No caso, diante do
descumprimento de determinação que concedia prazo para a regularização do depósito prévio, o julgador extinguiu
a ação sem que houvesse manifestação da parte a respeito da ausência dos requisitos para a concessão da justiça
gratuita e sem a oportunidade para o exercício do direito de defesa quanto a esse aspecto. TST-RO-315-
82.2017.5.19.0000, SBDI-II, rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, 26/5/2020 – Informativo TST nº 219.
A observância da decisão proferida no ARE 791.932-DF, na qual houve menção à tese firmada nos julgamentos da
ADPF 324 e do RE958.252-MG (Tema 725 da Tabela de Repercussão Geral) - licitude da terceirização de qualquer
atividade da tomadora de serviços -, não impede o reconhecimento de vínculo de emprego entre o trabalhador
terceirizado e essa empresa, quando comprovada a incidência dos artigos 2º, 3º e 9º da CLT ao caso em apreço. O
STF não determinou a aplicação do artigo 94, inciso II, da Lei nº 9.472/97 independentemente das particularidades
do caso concreto, para desconsiderar a terceirização desvirtuada e a relação de emprego estabelecida com a
tomadora de serviços, se comprovados esses aspectos. Assim, mesmo considerando, em princípio, lícita a
terceirização das atividades da concessionária de serviços de telecomunicações, conforme decidiu a STF, no caso sub
judice, há fundamento autônomo e independente que constitui elemento de distinção (distinguishing) para manter o
vínculo de emprego. Desse modo, constata-se que a questão não enseja a aplicação da ratio decidendi da
controvérsia constitucional decidida pelo STF, em caráter vinculante. TST-ARR-126700-53.2009.5.06.0021, 2ª
Turma, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, julgado em 20/5/2020 – Informativo TST nº 219.
Reconhecida a supressão indevida do plano de saúde a empregado aposentado por invalidez, presume-se o abalo
moral a ensejar direito à indenização por danos morais. TST-RR-100154-62.2016.5.01.0341, 2ª Turma, rel. Min.
Delaíde Miranda Arantes, julgado em 27/5/2020 – Informativo TST nº 229.

65
No processo de jurisdição voluntária de homologação judicial de acordo extrajudicial (art. 855-B a 855-E da CLT)
estando presentes os requisitos de validade do acordo extrajudicial firmado, mostra-se inviável ao Poder Judiciário a
aposição de ressalvas ou condições que não foram estabelecidas pelos interessados, cabendo-lhe, tão somente,
decidir pela homologação ou não do termo de transação, mediante decisão fundamentada (CR/88, art. 93, IX).
TST-RR-596-19.2018.5.06.0015, 5ª Turma, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, julgado em 20/5/2020 –
Informativo TST nº 219.
Incide prescrição de 5 (cinco) anos na ação de habilitação plúrima em coisa julgada coletiva. À pretensão executiva
de condenação imposta à Fazenda Pública aplica-se o prazo prescricional de 5 anos previsto no art. 1º do Decreto
20.910/32. Desse modo, encontra-se prescrita a ação de habilitação individual (plúrima) em coisa julgada coletiva
proposta em 08/02/2017, porque o trânsito em julgado da ação coletiva ocorreu 29/05/2007. TST-Ag-RR-9-
71.2017.5.02.0070, 5ª Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 27/5/2020 – Informativo TST nº 219.
Se o objeto social da cooperativa não conflita com a atividade principal do empregador, ou seja, se a cooperativa
não possui interação ou conflito com os empregadores ou seus diretores, não há embasamento para o usufruto de
benesse da estabilidade aos dirigentes de cooperativa de consumo. Não se tratando, portanto, de uma cooperativa
de empregados, não pode gerar a estabilidade para seus diretores. TST-RR-1721-39.2015.5.17.0009, 7ª Turma, rel.
Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em 20/5/2020 – Informativo TST nº 219.
Sobre a cota social de empregados reabilitados ou com deficiência, entende o TST que é indevida a reintegração,
ainda que não tenha havido a contratação de substituto, se, ao tempo da dispensa, resultou mantido o percentual
fixado no dispositivo em comento. Há, ainda, precedente específico da SBDI-1 quanto à desnecessidade de
contratação para o mesmo cargo/função. Assim, merece reforma a decisão Regional que determinou a reintegração
do autor, mesmo tendo constatado que, à época de sua dispensa, “o réu observava os percentuais previstos na
legislação em relação à contratação de pessoas portadoras de deficiência ou reabilitadas a nível nacional”. TST-
RR11017-06.2015.5.01.0244, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em 20/5/2020 –
Informativo TST nº 219.
O pagamento parcelado da remuneração das férias, quando ocorre por opção do próprio empregado, e não por
imposição da empresa, não autoriza a aplicação da Súmula nº 450 do TST, que trata de hipótese diversa, referente
ao pagamento das férias fora do prazo previsto na norma celetista por iniciativa do empregador. TST-RR49-
46.2019.5.21.0008, 7ª Turma, rel. Min. Evandro Pereira Valadão Lopes, julgado em 20/5/2020 – Informativo TST
nº 219.
Na tutela inibitória, o encerramento superveniente das atividades da empresa não afasta o interesse de agir da parte,
ante a natureza do provimento solicitado. TST-RR-10115-03.2015.5.03.0178, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio
Mascarenhas Brandão, julgado em 27/5/2020 – Informativo TST nº 219.

§ 05/06/2020 – Permanece o direito às horas de trajeto para contratos firmados anteriormente à Reforma
Trabalhista. Debate-se acerca dos contratos de trabalho firmados antes de 11/11/2017 e que se encontram em
vigor para efeito de aplicação da Lei 13.467/2017. O Tribunal Regional rejeitou a pretensão da reclamada que
visava limitar o direito à entrada em vigor da Lei nº 13.467/2017 por entender que a supressão de horas in itinere
não alcança os contratos de trabalho em curso. Decidiu, portanto, que, enquanto houver fornecimento de
transporte pelo empregador, o empregado admitido antes da vigência da referida lei tem direito às horas in itinere,
não havendo que se limitar a condenação até 11/11/2017. São duas as razões pelas quais deve prevalecer a
compreensão - adotada pelo Regional - de ser inadmissível restringir o direito a horas in itinere ao período
anterior à Lei n. 13.467/2017: a) a lei não pode incidir sobre relações contratuais em curso, sob pena de violar ato
jurídico perfeito, e salvo quando sobrevém norma mais favorável (ao titular de direito fundamental) que
comporte, por isso, aplicação imediata (art. 5º, §1º, da Constituição); b) a parcela salarial, porque integra o núcleo
de irredutibilidade na contraprestação pecuniária devida em razão do trabalho, não pode ter a sua natureza
retributiva modificada por lei, sob pena de violar-se direito adquirido. É de se manter a decisão do Tribunal
Regional que consignou a tese de que a supressão de horas in itinere não alcança os contratos de trabalho em
curso. (AIRR-1102-52.2016.5.22.0101, 6ª Turma, Redator Ministro Augusto César Leite de Carvalho, DEJT
05/06/2020).

§ 05/06/2020 – Constitui erro grosseiro a impugnação de despacho denegatório de recurso de embargos


por meio de agravo de instrumento. Nos termos do art. 2º, §2º, da Instrução Normativa nº 35/2012 do TST e
do art. 235, X, RITST, em face de despacho de Presidente de Turma que não admite recurso de embargos, cabe
recurso de agravo. Na hipótese dos autos, o Agravante interpõe "agravo de instrumento" para impugnar a
decisão proferida pelo Presidente da 6ª Turma que não admitiu o recurso de embargos. Observe-se que, dessa
forma, o Recorrente incorreu em erro grosseiro, não passível de aplicação do princípio da fungibilidade recursal,
uma vez que inexiste dúvida razoável acerca do apelo cabível à hipótese. Ressalte-se que o agravo de instrumento
aplica-se às decisões que negam seguimento a recurso ordinário ou de revista, consoante art. 897, alínea “b”, da
CLT. Por outro lado, inviável a concessão de prazo para saneamento do vício porquanto o manejo do recurso
cabível é pressuposto recursal que a parte deve ter ciência, de maneira que se afasta a incidência do art. 932,

66
parágrafo único, do CPC/2015, consoante dispõe o art. 4º, § 2º, da IN nº 39/2016. Precedentes. (Ag-E-ED-RR-
1080-72.2011.5.04.0811, SBDI-1, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 05/06/2020).

§ 05/06/2020 – Bem de família é impenhorável, ainda que de alto valor (R$ 13.500.000,00). Trata-se de
pretensão rescisória dirigida contra o v. acórdão regional que, adotando a técnica da ponderação dos princípios
constitucionais, manteve a penhora sobre bem de família suntuoso, fazendo prevalecer o crédito alimentar do
exequente em detrimento da proteção do bem de família, mas com resguardo de valor remanescente em hasta
pública para a obtenção de outro imóvel. 2. O direito social à moradia é assegurado pelo art. 6º da CR, e o art. 1º
da Lei 8.009/90 garante a impenhorabilidade do bem de família, protegendo o núcleo familiar e a sua residência.
Muito embora parte da doutrina entenda que a garantia ao imóvel residencial de luxo transcende o conceito
constitucional de moradia, não há como fazer prevalecer a satisfação do credor em detrimento da
impenhorabilidade do bem de família. Isso porque a técnica da ponderação dos bens se operacionaliza por meio
do princípio da proporcionalidade e, no caso, retirar a proteção constitucional dada à moradia e a
impenhorabilidade do bem de família pelo fato de ser suntuoso ou ter alto valor não se afigura razoável. 3. Nem
mesmo as exceções ao direito social à moradia previstas no art. 3º da Lei 8.009/93 fazem referência a "alto
padrão do imóvel residencial". A jurisprudência desta Corte Superior e, também, o Superior Tribunal de Justiça
asseguram a condição de bem de família ainda que o imóvel residencial tenha alto valor. 4. Conclusivo que a
manutenção de constrição judicial sobre bem de família afeta o direito social à moradia garantido
constitucionalmente, motivo pelo qual se reforma a decisão recorrida para reconhecer a viabilidade do corte
rescisório pela alegada ofensa ao art. 6º da CRFB/88. (RO-58-65.2019.5.09.0000, SBDI-2, Relator Ministro
Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 05/06/2020)

§ 05/06/2020 – O artigo 53, § 1º, V, da Lei nº 9.394/199628, não estabeleceu hipótese objetiva de garantia
de emprego aos professores universitários. De acordo com a jurisprudência do TST, o art. 53, parágrafo
único, V, da Lei 9.394/1996 não confere estabilidade ao professor universitário celetista, não havendo falar em
necessidade de deliberação do colegiado da instituição para a sua dispensa. (ARR-4485-69.2013.5.12.0053, 2ª
Turma, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 05/06/2020).

§ 05/06/2020 – O mero atraso na entrega do Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP ou o


fornecimento incorreto não enseja indenização por danos morais. A jurisprudência do TST entende que o
fornecimento incorreto ou o atraso na entrega do Perfil Profissiográfico Previdenciário – PPP enseja indenização
por danos morais desde que haja prejuízo ao trabalhador, acarretando a negativa, atraso ou pagamento a menos
da aposentadoria especial. No caso, extrai-se do acórdão regional que não ficou evidenciado efetivo prejuízo ou
frustação na esfera íntima do empregado. (AIRR-2408-64.2013.5.02.0086, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria
Helena Mallmann, DEJT 05/06/2020).

§ 05/06/2020 – Conversão dos embargos de declaração em agravo não impede a aplicação de multa de
2% sobre o valor atualizado da causa (art. 1.021, § 4º, do CPC de 2015). (ED-Ag-RR-161-83.2014.5.12.0026,
6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 05/06/2020).

§ STJ entende que não incide imposto de renda sobre o valor recebido a título de ajuda compensatória
mensal prevista no art. 476- A da CLT (lay-off). A suspensão do contrato de trabalho regulada pelo art. 476-A
da CLT preconiza que o contrato de trabalho do empregado, após celebração de acordo ou de convenção
coletiva com o sindicato da categoria, e anuência formal do empregado, fica suspenso pelo período de duração
do curso de requalificação de no mínimo 2 (dois) e no máximo, 5 (cinco) meses.Nessa modalidade, o empregado
recebe bolsa de qualificação profissional, custeada pelo FAT - Fundo de Amparo ao Trabalhador, nos termos do
art. 2º-A da Lei n. 7.998/1990, durante o curso de aprimoramento profissional, desde que a suspensão tenha
duração máxima de cinco meses, após o que o encargo passa a ser de responsabilidade do empregador, conforme
o art. 476-A, § 7º, da CLT. Como o contrato de trabalho é suspenso, ficam sobrestadas as obrigações principais
do empregado e do empregador: respectivamente, a prestação de serviços e o pagamento de salários. Além disso,
ficam paralisados os efeitos do contrato como contagem de tempo de serviço para férias e 13º salário
proporcionais, depósito na conta vinculada do FGTS, recolhimento da previdência social e, por conseguinte, o
cômputo do período como tempo de serviço para a aposentadoria.A empresa empregadora, a seu turno, deve
oferecer cursos de qualificação profissional, arcando com todas as despesas decorrentes, além de benefícios
como vale-refeição, e a denominada "ajuda compensatória mensal", com valor definido na convenção ou acordo
coletivo.No caso, a 189 ajuda compensatória corresponde à diferença devida entre a bolsa recebida para
qualificação e o salário líquido percebido, com evidente redução salarial, até porque a bolsa de qualificação não
tem natureza de salário, assim como a ajuda compensatória, que indeniza o trabalhador por dispensar a garantia
da irredutibilidade.O art. 43 do CTN descreve o fato gerador do imposto de renda nos seguintes termos: O
imposto, de competência da União, sobre a renda e proventos de qualquer natureza tem como fato gerador a

28 Art. 53, § 1º, V – “para garantir a autonomia didático-científica das universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e pesquisa

decidir, dentro dos recursos orçamentários disponíveis, sobre: (...) V – contratação e dispensa de professores (...)”

67
aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica: I - de renda, assim entendido o produto do capital, do
trabalho ou da combinação de ambos; II - de proventos de qualquer natureza, assim entendidos os acréscimos
patrimoniais não compreendidos no inciso anterior.Como há suspensão do contrato de trabalho, tal ajuda
compensatória não se enquadra no inciso I do art. 43 do CTN. Além disso, ela não configura proventos,
entendidos como acréscimos patrimoniais descritos no inciso II do mesmo dispositivo.Ademais, se a ajuda
compensatória é calculada com base no salário líquido evidente que cada substituído receberá menos que
efetivamente receberia se estivesse trabalhando, recebendo o salário bruto.O montante pago a título de ajuda
compensatória, portanto, tem natureza jurídica de indenização, destinando-se a reconstituir a perda patrimonial
do trabalhador e os próprios prejuízos advindos da suspensão do contrato de trabalho, e não um acréscimo
patrimonial tido como fato gerador do imposto, motivo pelo qual não se sujeita à tributação pelo imposto de
renda. (REsp 1.854.404-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma, por unanimidade, julgado em
02/06/2020, DJe 21/08/2020 – Informativo STJ nº 678)

§ É constitucional o artigo 522 da CLT. A previsão legal de número máximo de dirigentes sindicais dotados de
estabilidade de emprego (art. 522 da CLT) não esvazia o princípio da liberdade sindical (art. 8º, caput, CRFB/88).
O art. 522 da CLT não exclui ou restringe a liberdade das entidades sindicais de definir o número de integrantes
de sua diretoria, considerando suas necessidades. Esse dispositivo legal cumpre a finalidade de limitar o número
de dirigentes sindicais detentores da garantia provisória no emprego estabelecida no art. 8º, VIII, da CF. A
definição do número de diretores de uma entidade sindical é matéria abrangida pela liberdade sindical e regulada
em estatuto. Entretanto, a definição do número de dirigentes sindicais com garantia provisória no emprego não é
matéria sujeita ao arbítrio de cada entidade sindical nem importa na autonomia maior ou menor do sindicato
(Precedentes: RE 446.970 AgR, rel. min. Dias Toffoli, 2ª T; e AI 593.129 AgR, rel. min. Roberto Barroso, 1ª T.)
O entendimento de que essa garantia é conferida a todos os dirigentes sindicais, sem limitação numérica,
subverteria a finalidade do instituto, convertendo-o em instrumento impeditivo do exercício do direito do
empregador de romper o contrato de trabalho sem justa causa com os consectários e deveres constitucionais e
legais que lhe são impostos pela adoção desta providência. ADPF 276, rel. min. Cármen Lúcia, DJE de 3-6-2020.
(Informativo STF nº 980, Plenário Virtual)

§ É constitucional a contribuição social prevista no art. 1º da LC nº 110, de 29/06/2001, tendo em vista a


persistência do objeto para a qual foi instituída”. Processo relacionado: RE 878313 – Tema 846. A
contribuição foi criada para que a União obtivesse recursos para o pagamento de correção monetária das contas
vinculadas do FGTS, diante da condenação à observância dos expurgos inflacionários decorrentes dos Planos
Verão e Collor, sem que houvesse perda de liquidez do fundo. De acordo com a empresa recorrente, o
reequilíbrio das contas foi atestado em 2012 pela Caixa Econômica Federal (CEF), e os valores arrecadados
estariam sendo remetidos ao Tesouro Nacional. Assim, o quadro atual representaria desvirtuamento do produto
da arrecadação. No seu entendimento, há outras destinações a serem conferidas à contribuição social, igualmente
válidas, “desde que estejam diretamente relacionadas aos direitos decorrentes do FGTS”. O ministro citou como
exemplo o Programa Minha Casa Minha Vida, cujos destinatários são, em sua grande maioria, os mesmos
beneficiários do fundo.

§ O nexo técnico epidemiológico previdenciário é constitucional. O STF decidiu, por maioria, vencido o
ministro Marco Aurélio, declarar a constitucionalidade do artigo 21-A da Lei nº 8.213/1991 (acrescentado pela
Lei nº 11.430/2006), e do artigo 337, § 3º e § 5º ao § 13, do Regulamento da Previdência Social (aprovado pelo
Decreto nº 3.048/1999, nos termos do Decreto nº 6.042/2007). Os dispositivos - que estabelecem regras a serem
adotadas pela perícia em caso de acidente do trabalho, instituindo o Nexo Técnico Epidemiológico
Previdenciário (NTEP) – foram impugnados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio de ação
direta de inconstitucionalidade. A Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), admitida no
processo na qualidade de amicus curiae, defendeu a constitucionalidade dos dispositivos impugnados. A relatora do
processo, ministra Cármen Lúcia explicou que o NTEP “faz-se presente quando constatada significância
estatística na associação entre determinado código da Classificação Internacional de Doenças – CID e
determinado código da Classificação Nacional de Atividade Econômica – CNAE, como disposto no inc. III do
art. 3º da Instrução Normativa INSS/PRES n. 31/2008”. No entanto, a magistrada relembrou que, mesmo
verificado o nexo epidemiológico, a presunção da natureza acidentária da incapacidade é relativa, podendo ser
afastada pela perícia médica do INSS se demonstrada sua inexistência, ou por meio de procedimento
administrativo iniciado pela empresa - ou pelo empregador doméstico - com a finalidade de comprovar o caráter
não ocupacional da incapacidade. Carmem Lúcia ressaltou que “não há sentido” em se utilizar o § 1º do artigo
201 como parâmetro de controle de constitucionalidade dos dispositivos impugnados na ação, pois o texto
constitucional se refere aos casos de aposentadoria especial, sem relação com os benefícios previdenciários por
acidente de trabalho. “Ao estabelecer o Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP como forma de
caracterização da incapacidade do segurado como acidentária, na Lei n. 11.430/2006 não se estabeleceu espécie
de aposentadoria especial não prevista na Constituição, mas sim parâmetro para a concessão dos benefícios
previdenciários por acidentes de trabalho, no exercício de competência expressa atribuída ao legislador ordinário
pelo § 10 do art. 201 da Constituição da República.” A relatora destacou ainda que não há violação ao inciso

68
XXVIII do artigo 7º nem ao inciso I do artigo 201 da Constituição da República. “As normas impugnadas, longe
de ofendê-los, harmonizam-se com esses dispositivos, tornando mais efetiva a proteção do trabalhador contra
acidentes de trabalho prevista na Constituição.” Segundo dados publicados na Revista de previdência social, após
a instituição NTEP houve um aumento médio de 225% no total de benefícios previdenciários acidentários
concedidos, entre os anos de 2006 e 2008. “Antes da vigência da Lei n. 11.430/2006, na ausência da expedição da
Comunicação de Acidente de Trabalho – CAT pelo empregador, era comum atribuir-se ao segurado, a parte
hipossuficiente da relação trabalhista, a responsabilidade por demonstrar que a doença que o acometia tinha nexo
causal com a atividade desempenhada. Com o advento da nova legislação, esse nexo passou a ser presumido
quando constatada relevância estatística no confronto entre a doença e a atividade econômica da empresa”,
concluiu a magistrada. ADI 3932/DF

§ 03/06/2020 – STF entende que sempre que for pago ao trabalhador com vínculo permanente, o adicional
de riscos é devido, nos mesmos termos, ao trabalhador portuário avulso (RE 597.124, rel. min. Edson
Fachin, j. 3-6-2020, P, DJE de 23-10-2020, Tema 222).

§ 04/06/2020 – STF julgou prejudicada a ADI 2.288, na qual se analisava a constitucionalidade de


preceitos da Lei 8.542/1992 que dispunham sobre a ultratividade das normas coletivas trabalhistas, com
fundamento na superveniência da Lei nº 13.467 de 2017 (Reforma Trabalhista), que expressamente veda
ultratividade no direito do trabalho brasileiro. Segundo consta da ementa do julgamento, a Constituição da
República não disciplina a vigência e a eficácia das convenções e acordos coletivos de trabalho. A conformação
desses institutos é de competência do legislador ordinário, que deverá, à luz das demais normas constitucionais,
eleger políticas legislativas capazes de viabilizar a concretização dos direitos dos trabalhadores. O Tribunal
afirmou ainda que a Lei 13.497/2017 alterou o § 3º do art. 614 da CLT e vedou expressamente a ultra-atividade
das normas coletivas no ordenamento jurídico brasileiro. A nova lei, portanto, determinou um regime jurídico
completamente diferente do previsto no § 1º do art. 1º da Lei 8.542/1992, que estabelecia a ultra-atividade e era o
objeto das ações diretas. Assim, ainda que se declarasse a inconstitucionalidade da lei revogadora, a lei revogada
não poderia voltar a ter vigência, em razão de norma expressa que é taxativa quanto à impossibilidade da ultra-
atividade. (ADI 2.288, rel. min. Cármen Lúcia, j. 4/6/2020, DJe de 9/9/2020).

§ 05/06/2020 – Conselho de fiscalização profissional deve motivar dispensa. Autarquia profissional, submetida aos
princípios norteadores da administração pública, não pode despedir imotivadamente sem sindicância e inquérito
prévio em que assegurados o contraditório e a ampla defesa. (RO-8903-28.2012.5.02.0000, SBDI-2, Relator
Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 05/06/2020).

§ 10/06/2020 – Despedida sete anos depois de ser reabilitada em nova função, empregada que teve
doença ocupacional não obtém reintegração. Há 7 anos a reclamante foi reabilitada e readaptada para a
função de assistente operacional, sendo que, no momento de sua dispensa, encontrava-se apta a executar as
atividades laborais para as quais fora readaptada, conforme laudo pericial, não existindo, portanto, nenhuma
limitação laboral. Assim, não há falar em aplicação do artigo 118 da Lei nº 8.213/1991 e, consequentemente, não
se cogita da estabilidade provisória de que trata a Súmula nº 378, II, do TST. (RR-1803-56.2012.5.01.0224, 8ª
Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 16/06/2020). Embasando-se no laudo pericial a Turma
considerou eficaz a readaptação da reclamante para o exercício das novas funções por 7 anos no Banco
reclamado, sem sequelas, o que resultou na quebra do nexo causal, não havendo, assim, falar em doença
ocupacional apta a ensejar a reintegração pretendida pela ora embargante. (ED-RR-1803-56.2012.5.01.0224, 8ª
Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 13/11/2020).

§ 12/06/2000 – Faxineira de farmácia não faz jus ao adicional de insalubridade em grau máximo. A
jurisprudência do TST é no sentido de que a coleta de lixo urbano não se confunde com a de lixo em residências
ou escritórios, em razão da quantidade do primeiro e da ausência de previsão do segundo na NR 14 da Portaria
nº 3.214/78 do Ministério do Trabalho (Inteligência da Súmula nº 448, II, do TST29). Equipara-se à limpeza de

29 Súmula nº 448. Atividade Insalubre. Caracterização. PREVISÃO NA NR Nº 15 DA PORTARIA DO MINISTÉRIO DO

TRABALHO Nº 3.214/78. INSTALAÇÕES SANITÁRIAS. I – Não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo pericial
para que o empregado tenha direito ao respectivo adicional, sendo necessária a classificação da atividade insalubre na relação oficial
elaborada pelo Ministério do Trabalho. II – A higienização de instalações sanitárias de uso público ou coletivo de grande circulação,
e a respectiva coleta de lixo, por não se equiparar à limpeza em residências e escritórios, enseja o pagamento de adicional de
insalubridade em grau máximo, incidindo o disposto no Anexo 14 da NR-15 da Portaria do MTE nº 3.214/78 quanto à coleta e
industrialização de lixo urbano. Sobre o tema, a SBDI-1 do TST já entendeu coleta de lixo em 50 apartamentos não garante adicional
de insalubridade: “norma ministerial, a questão não é de índole quantitativa, mas qualitativa, pois o que se deve considerar, para fins de
deferimento do adicional de insalubridade, não é o volume do lixo recolhido, mas a sua natureza e/ou origem. Logo, o lixo produzido em
apartamentos ou casas de condomínio residencial, independentemente do volume recolhido, é considerado lixo doméstico e, portanto, não se equipara ao lixo
urbano, oriundo de banheiros utilizados por inúmeras e indeterminadas pessoas, pois não tem o condão de potencializar a exposição do trabalhador a agentes
infecciosos, sendo inaplicável o disposto na Súmula nº 448, item II, do TST. Precedentes.” (E-RR-635-17.2012.5.15.0131, SBDI-1, Rel. Min. Jose
Roberto Freire Pimenta, DEJT 07/06/2019).

69
escritório e, portanto, não enseja o pagamento de adicional de insalubridade a atividade de higienização de
sanitários com a coleta de lixo em banheiros de estabelecimento comercial (farmácia), mormente se não há
elementos a evidenciar que se cuida de limpeza em banheiros situados em locais públicos de grande circulação
(RR-20674-36.2014.5.04.0013, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 12/06/2020).

§ 12/06/2020 – O TST tem posição majoritária de que o inadimplemento de horas extras consubstancia ato
faltoso, bem como justificativa grave suficiente para configurar a justa causa, por culpa do empregador,
a ensejar arescisão indiretado pacto laboral, conforme preleciona o art. 483, “d”, da CLT. (RR-24615-
29.2015.5.24.0004, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 12/06/2020).

§ Recurso extraordinário. Direito Previdenciário. Benefício previdenciário. Fator Previdenciário.


Constitucionalidade. Existência de repercussão geral. Reafirmação da jurisprudência do Supremo Tribunal
Federal sobre o tema. Recurso extraordinário provido para cassar o acórdão recorrido e determinar de que a
Corte de origem profira novo julgamento observando a orientação jurisprudencial emanada do Plenário do STF.
Tese de repercussão geral: É constitucional o fator previdenciário previsto no art. 29, caput, incisos e
parágrafos, da Lei nº 8.213/91, com a redação dada pelo art. 2º da Lei nº 9.876/99. (RE 1221630 RG,
Relator(a): Ministro Presidente, Tribunal Pleno, julgado em 04/06/2020, DJe 19-06-2020)

§ Na recuperação judicial, os créditos decorrentes de condenação por danos morais imposta à recuperanda
na Justiça do Trabalho são classificados como trabalhistas (REsp 1.869.964-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 16/06/2020, DJe 19/06/2020). O propósito recursal é definir se
os créditos decorrentes de condenação por danos morais, em razão de intoxicação alimentar, imposta às
recuperandas na Justiça do Trabalho devem ser classificados como trabalhistas ou quirografários.Verifica-se que a
obrigação da recuperanda em reparar o dano causado ao empregado foi a consequência jurídica aplicada pela
Justiça especializada em razão do reconhecimento da ilicitude do ato por ela praticado, na condição de
empregadora, durante a vigência do contrato de trabalho.Convém lembrar que há disposições específicas na
legislação trabalhista que obrigam a empresa empregadora a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores,
bem como a fornecer condições adequadas de higiene e conforto para o desempenho das atividades
laborais.Assim, para a inclusão do empregado no rol dos credores trabalhistas, não importa que a solução da lide
que deu origem ao montante a que tem direito dependa do enfrentamento de questões de direito civil, mas sim
que o dano tenha ocorrido no desempenho das atividades laborais, no curso da relação de emprego.Importa
consignar que a própria CLT é expressa - em seu art. 449, § 1º - ao dispor que "a totalidade dos salários devidos
aos empregados e a totalidade das indenizações a que tiver direito" constituem créditos com o mesmo
privilégio.No particular, destarte, por se tratar de crédito constituído como decorrência direta da inobservância de
um dever sanitário a que estava obrigada a recuperanda na condição de empregadora, afigura-se correta - diante
da indissociabilidade entre o fato gerador da indenização e a relação trabalhista existente entre as partes - a
classificação conforme o disposto no art. 41, I, da LFRE. (Informativo STJ nº 676)

§ Recurso extraordinário. Processual. Competência. Justiça comum estadual e Federal. Complementação de


aposentadoria. Instituição por lei. Vínculo decorrente de regime de direito público. Existência de repercussão
geral. Reafirmação da jurisprudência da Corte sobre o tema. Recurso extraordinário provido a fim de reconhecer
a competência da Justiça comum estadual para processar e julgar a ação proposta pela parte ora recorrida. Tese
de repercussão geral: Compete à Justiça comum processar e julgar causas sobre complementação de
aposentadoria instituída por lei cujo pagamento seja, originariamente ou por sucessão, da responsabilidade da
Administração Pública direta ou indireta, por derivar essa responsabilidade de relação jurídico-administrativa.
(RE 1265549 RG, Relator(a): Ministro Presidente, Tribunal Pleno, julgado em 04/06/2020, DJe 19/06/2020)

§ Embargos de declaração. Recurso extraordinário. Repercussão geral reconhecida e reafirmação de jurisprudência


pacífica no STF. Competência. Justiça comum estadual e federal. Complementação de aposentadoria. Instituição
por lei. Vínculo decorrente de regime de direito público. Modulação dos efeitos do julgamento para manter, na
Justiça do Trabalho, até o trânsito em julgado e o final execução, todos os processos dessa espécie em
que já houver sido proferida sentença de mérito até a data da publicação do acórdão do julgamento do
recurso no Plenário Virtual da Repercussão Geral do Supremo Tribunal Federal (19/6/20). Embargos
acolhidos, com modulação dos efeitos do acórdão embargado. 1. A competência para o processamento de ações
em que se busca a complementação de aposentadoria instituída por lei é da Justiça comum, porque ela é
decorrente de relação de direito público. 2. Modulação dos efeitos da decisão em que se reconheceu a
competência da Justiça do Trabalho para processar e julgar, até o trânsito em julgado e a correspondente
execução, todas as causas da espécie nas quais houver sido proferida sentença de mérito até a data da publicação
do acórdão do julgamento do recurso no Plenário Virtual da Repercussão Geral do Supremo Tribunal Federal
(19/6/20). Embargos de declaração acolhidos, com modulação dos efeitos do acórdão embargado. (RE 1265549,
Relator(a): Dias Toffoli (Presidente), Tribunal Pleno, julgado em 16/09/2020, DJe 26/11/2020)

70
§ Compete ao juízo da recuperação judicial a execução de créditos líquidos apurados em outros órgãos
judiciais, inclusive a destinação dos depósitos recursais no âmbito do processo do trabalho (CC 162.769-
SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, Segunda Seção, por unanimidade, julgado em 24/06/2020, DJe 30/06/2020).
Cinge-se a controvérsia em se determinar a competência para decidir acerca da destinação dos depósitos recursais
efetuados por empresas demandadas na Justiça do Trabalho anteriormente ao pedido de recuperação
judicial.Como cediço, o parágrafo 1º do artigo 899 da Consolidação das Leis do Trabalho condiciona a admissão
dos recursos interpostos nas demandas trabalhistas a depósito prévio da quantia da condenação, até um valor
máximo.No âmbito da Justiça do Trabalho, o depósito é pressuposto de admissibilidade dos recursos interpostos
contra as sentenças em que houver condenação em pecúnia, tendo duas finalidades: garantir a execução e evitar
recursos protelatórios.Ressalta-se que, a partir da edição da Lei n. 13.467/2017 (Reforma Trabalhista), o § 4º do
artigo 899 da CLT passou a determinar que “o depósito recursal será feito em conta vinculada ao juízo e
corrigido com os mesmos índices da poupança”, deixando de ser feito em conta vinculada ao FGTS, em nome
do trabalhadorAssim, uma vez realizado o depósito, os valores aportados ficam à disposição do Juízo Laboral,
sujeitos a levantamento imediato, por mero despacho, logo após o trânsito em julgado, em favor da parte
vencedora, segundo a previsão do § 1º do art. 899 da CLT.Ocorre que, nos casos em que é concedida a
recuperação judicial à empresa reclamada no curso da demanda, ocorre a novação dos créditos anteriores ao
pedido, obrigando o devedor e todos os credores a ele sujeitos, por expressa disposição do art. 59 da Lei n.
11.101/2005.O art. 49 da Lei n. 11.101/2005 complementa que “estão sujeitos à recuperação judicial todos os
créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos”. O crédito buscado na demanda trabalhista em
trâmite na data do pedido se submete, portanto, aos efeitos da recuperação, devendo ser pago nos termos do
plano aprovado, em isonomia de condições com os demais credores da mesma classe.Tendo em vista sua
natureza de garantia e não de pagamento antecipado, fica claro que não é possível a autorização, pelo Juízo do
Trabalho, de levantamento dos valores depositados por empresa em recuperação judicial, na forma do § 1º do
art. 899.Isso porque a competência da Justiça do Trabalho se limita à apuração do respectivo crédito, devendo,
após sua liquidação, ser habilitado no Quadro-Geral de Credores, nos termos do art. 6º, § 2º, da Lei n.
11.101/2005, sendo vedada a prática de atos que comprometam o patrimônio da empresa em recuperação.
Portanto, é da competência do juízo universal a decisão sobre a satisfação de créditos líquidos apurados em
outros órgãos judiciais, sob pena de prejuízo aos demais credores e à viabilidade do plano de recuperação.Anota-
se, de outro lado, que a Lei n. 13.467/2017 recentemente incluiu os §§ 10 e 11 no art. 899 da CLT, que preveem
a isenção do depósito prévio às empresas em recuperação judicial e a possibilidade de sua substituição por fiança
bancária ou seguro garantia judicial. A exigência do depósito recursal pelas empresas em recuperação judicial foi
afastada, justamente, para se harmonizar à atual legislação, que prioriza a preservação da fonte produtiva,
direcionando seus ativos à manutenção da própria atividade empresarial. (Informativo STJ nº 675)

§ 14/06/2020 – Publicado o Informativo TST nº 220, cujas principais decisões estão da tabela abaixo:

Informativo TST nº 220


(Período 1º a 12 de junho de 2020)
A greve motivada pelo descumprimento patronal de obrigações contratuais e legais permite a mitigação da
necessidade de cumprimento das formalidades legais para a sua deflagração, com base na excludente de abusividade
prevista no art. 14, parágrafo único, da Lei nº 7.783/89. Entende a SDC que um descumprimento residual não
enseja a aplicação da “exceção do contrato não cumprido”, sendo necessário para a configuração dessa excludente
um descumprimento grave, seja por sua natureza, seja pelo acúmulo de inadimplementos. No caso, embora a greve
tenha sido realizada durante a vigência do instrumento normativo heterônomo, os fatos que ensejaram a paralisação
foram bastante relevantes (inadimplemento de direitos fundamentais para viabilizar o curso normal da prestação de
trabalho – atraso no adimplemento dos salários, não pagamento da terceira parcela do 13º salário de 2018 e ausência
no cumprimento de outras obrigações contratuais e legais referentes a férias, depósitos de FGTS, fornecimento de
EPI, vale-transporte), o que torna legítima a paralisação da categoria profissional, com apoio na excludente de
abusividade de greve prevista no parágrafo único do art. 14 da Lei nº 7.783/89. Greve não abusiva. TST-RO-
1000506-16.2019.5.02.0000, SDC, rel. Min. Maurício Godinho Delgado, 8/6/2020 – Informativo TST nº 220.
Na terceirização configura-se a responsabilidade subsidiária do ente público quando evidenciada a culpa in vigilando
na fiscalização do contrato. TST-E-RR-992-25.2014.5.04.0101, SBDI-1, rel. Min. Augusto César Leite de Carvalho,
4/6/2020 – Informativo TST nº 220.
Não é cabível o manejo de mandado de segurança para impugnar decisão que determina a suspensão da execução
em cumprimento a provimento cautelar do STF em matéria com repercussão geral (RMNR). Existência de recurso
idôneo para ataque da decisão (agravo de petição) (OJ nº 92 da SBDI-2 do TST). TST-RO-21653-
61.2019.5.04.0000, SBDI-II, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, 9/6/2020 – Informativo TST nº 220.
É incabível habeas corpus para discutir interpretação do conteúdo de cláusula contratual para se extrair a garantia de
exercício profissional. No caso, concedeu-se liminar no âmbito do Regional para que o trabalhador se abstenha de
prestar serviços a empresas concorrentes e, portanto, cumpra o disposto em cláusula de não concorrência prevista
em aditivo ao contrato de trabalho. Assim, o trabalhador não está cerceado na sua liberdade de locomoção. TST-

71
HCCiv-1000288-08.2020.5.00.0000, SBDI-II, rel. Min. Maria Helena Mallmann, red. p/ acórdão Min. Douglas
Alencar Rodrigues, 9/6/2020 – Informativo TST nº 220.
Mesmo no sistema de dupla pegada, para fins do intervalo intrajornada, há uma única jornada a ser considerada, de
modo que atenta contra o art. 71 da CLT o entendimento que considera devido mais um período de descanso
porque a segunda pegada teria ultrapassado o limite de seis horas contínuas de trabalho. TST-RR-144000-
10.2008.5.01.0245, 1ª Turma, rel. Min. Luiz José Dezena da Silva, julgado em 10/6/2020 – Informativo TST nº 220.
Cabe ao empregador definir o padrão de vestimenta no meio ambiente laboral, sendo lícita a inclusão no uniforme
de logomarcas da própria empresa ou de empresas parceiras e de outros itens de identificação relacionados à
atividade desempenhada (CLT, art. 456-A). A existência de logomarca de apoiador ou patrocinador da empresa no
uniforme de seus empregados, se não for ofensiva ou constrangedora pela natureza do produto divulgado, não
pode ser tida como causadora de dano moral ao trabalhador, já que não viola sua imagem, honra ou
respeitabilidade. TST-RR-305-75.2015.5.05.0492, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, red. p/ acórdão Min.
Ives Gandra Martins Filho, julgado em 9/6/2020 – Informativo TST nº 220.
Na esteira da jurisprudência do STF, as empresas prestadoras de serviço público essencial em regime de monopólio
sem fins lucrativos gozam das prerrogativas da fazenda pública. TST-Ag-RR-1572-32.2017.5.13.0026, 5ª Turma, rel.
Min. Breno Medeiros, julgado em 3/6/2020 – Informativo TST nº 220.
Se a reclamada já estava presa fora do país anteriormente ao envio e recebimento da citação postal no seu endereço
residencial, demonstrado está que de fato não poderia tê-la recebido, tanto que fora declarada revel. Assim, porque
cerceado o legítimo direito de defesa da reclamada, está configurada a violação do artigo 5°, LIV, da CR/88. TST-
RR-1001366-47.2016.5.02.0024, 8ª Turma, rel. Dora Maria da Costa, julgado em 10/6/2020 – Informativo TST nº
220.

§ 15/06/2020 – Mãe de empregado acidentado pode pedir indenização relacionada às lesões dele. A Corte
de origem consignou que “a dor que a mãe da vítima possa experimentar vendo o filho mutilado no auge da vida merece
respeito”, mas não lhe confere legitimidade ativa para postular qualquer indenização na Justiça do Trabalho”, pois
“não há óbito”. No caso, a mãe do empregado que sofreu acidente do trabalho, tendo as duas pernas amputadas,
não está postulando direito alheio em nome próprio. Os pedidos formulados por essa reclamante não dizem
respeito aos danos causados ao empregado em decorrência do acidente do trabalho por ele sofrido, mas, sim, ao
suposto dano moral por ela experimentado em decorrência das lesões impostas ao seu filho. Trata-se, pois, de
pretensão relacionada a dano reflexo ou em ricochete. Nesse contexto, em que a mãe do empregado postula
direito personalíssimo e autônomo, forçoso concluir pela sua legitimidade ativa, sendo irrelevante a circunstância
de não se tratar de acidente do trabalho com óbito. (ARR-1000544-58.2016.5.02.0606, 1ª Turma, Relator
Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT 15/06/2020).

§ 19/06/2020 – Não cabe mandado de segurança contra o acórdão em agravo de instrumento que nega a
gratuidade da justiça para o reclamante, declarando a deserção do RO. A presente ação mandamental visa
ao reconhecimento da ilegalidade perpetrada no acórdão regional por meio do qual o eg. Tribunal Regional
negou provimento ao agravo de instrumento, confirmando a inadmissibilidade do recurso ordinário considerado
deserto. Diante da deserção do recurso ordinário, a parte interpôs agravo de instrumento e embargos de
declaração, exaurindo os meios disponíveis para a discussão da matéria, à luz da Súmula nº 218 desta Corte
Superior: “É incabível recurso de revista interposto de acórdão regional prolatado em agravo de instrumento”. Por outro lado, o
mandado de segurança não é sucedâneo recursal e não pode ser admitido quando a parte esgota todos os
recursos disponibilizados pelo ordenamento jurídico, o que leva à incidência do entendimento consolidado na
Orientação Jurisprudencial nº 99 da SBDI-2/TST, tal como decidiu o eg. Tribunal Regional. Precedentes. (RO-
100540-77.2018.5.01.0000, SBDI-2, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 19/06/2020).

§ 19/06/2020 – A jurisprudência do TST é no sentido de que, mesmo após a edição da Convenção nº 132 da OIT,
o empregado dispensado por justa causa não tem direito às férias proporcionais. (RR-21434-69.2015.5.04.0006, 4ª
Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 19/06/2020).

§ 19/06/2020 – A jurisprudência deste Tribunal Superior é no sentido de que o cumprimento de jornada


extenuante pela prestação de horas extras habituais, por si só, não resulta em dano existencial, sendo
imprescindível a demonstração efetiva de prejuízo ao convívio familiar e social (RR-131171-46.2015.5.13.0009, 4ª
Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 19/06/2020).

§ 19/06/2020 – O § 2º do artigo 134 da CLT30 dispõe que as férias do empregado maior de 50 anos serão sempre
concedidas de uma só vez. O artigo 137, por sua vez, fixa a penalidade ao empregador do pagamento em dobro
das férias concedidas fora do prazo do artigo 134. Assim, observo que deve ser aplicada a penalidade prevista em
tal artigo no caso em análise, já que o empregado não usufruiu as férias da forma como prescritas em lei.

30 Dispositivo revogado pela Reforma Trabalhista de 2017.

72
Precedentes. (RR-1000019-84.2017.5.02.0010, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos,
DEJT 19/06/2020).

§ 19/06/2020 – Segundo a jurisprudência assente na OJ 191 da SBDI-1 do TST, reafirmada pela decisão do IRRR
suscitado no RR-190-53.2015.5.03.009031, não há responsabilidade subsidiária ou solidária do dono da obra,
independente do porte da empresa ou de ser o contratante ente público, em relação às obrigações trabalhistas
contraídas pelo empreiteiro, desde que o contrato celebrado seja de construção civil; o contratante não seja
empresa construtora ou incorporadora e, exceto a Administração Pública, não firme contrato com empresa
sem idoneidade econômico-financeira. Se o caso não se enquadra nessas exceções, aplica-se a regra. No caso,
tratava-se de contrato celebrado entre ente público e empresa de construção para realização de obra certa de
construção civil. Logo, a controvérsia não trata de contrato de terceirização para prestação de serviços, a ensejar a
responsabilidade subsidiária do ente público, nos termos da Súmula 331 do TST. No caso dos autos, o reclamado
atuou como verdadeiro dono da obra, tendo em vista que os serviços realizados pelo reclamante estão inseridos
no conceito de construção civil, configurando controvérsia acerca da responsabilidade entre o dono da obra e o
empreiteiro. (RR-1172-66.2014.5.17.0008, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT
19/06/2020).

§ 19/06/2020 – A Justiça do Trabalho é competente para processar e juglar pretensão indenizatória do empregado
por retenção e recolhimento indevido de imposto de renda. Versando a demanda sobre matéria relativa ao
contrato de trabalho, no caso, o incorreto recolhimento do imposto de renda procedido pelo órgão gestor de
mão de obra, em nítido prejuízo ao trabalhador, não há como se afastar a competência desta Justiça
Especializada. No caso, o portuário alegou que nunca havia usufruído de férias durante o contrato de trabalho e
o Ogmo efetuava o pagamento das férias não gozadas de forma indenizada, mas retinha o Imposto de Renda
sobre esses valores, em contrariedade ao Código Tributário Nacional. No TST, o relator observou que a
pretensão não é de devolução dos valores, mas de indenização compensatória pelo desconto indevido em sua
remuneração. Não havia sequer pretensão deduzida contra a União, sujeito ativo tributário do Imposto de Renda.
Logo, tratando-se de demanda sobre matéria relativa ao contrato de trabalho, em flagrante prejuízo ao
trabalhador, não há como afastar a competência da Justiça do Trabalho. Se a Justiça do Trabalho é competente
para determinar o recolhimento das contribuições fiscais, também o é para julgar a irregularidade dos descontos
efetuados. (RR-1826-51.2017.5.17.0007, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira,
DEJT 19/06/2020).

§ 19/06/2020 – É possível a utilização de seguro-garantia judicial com prazo de vigência determinado


para garantia da execução. Descabe restringir a aplicação do novel comando trazido pelo art. 899, § 11, da
CLT, apondo-lhe limites que o legislador não matizou, seja no processo civil, seja no trabalhista, como o
requisito de duração indeterminada da apólice de seguro requerido pelo TRT, exigência, ademais, contrária ao
que dispõe o art. 760 do CC, que prevê a necessidade, para o contrato de seguro, de cláusula com “o início e o
fim de sua validade”. (RR-10537-56.2016.5.03.0173, 4ª Turma, Relator Ministro Ives Gandra Martins Filho,
DEJT 19/06/2020).

§ 19/06/2020 – O entendimento predominante nesta Corte Superior quanto à caracterização da provisoriedade


deve-se à constatação de transferências sucessivas e de curta duração, levando-se simultaneamente em
consideração o tempo de contratação. No caso dos autos, consta do acórdão recorrido que houve uma única
transferência do reclamante para a Bahia em 01/05/2005, permanecendo lá por mais de 5 anos, até a resilição
contratual em 15/07/2010, o que configura a transferência definitiva. Precedentes. (AIRR-16-50.2011.5.04.0383,
2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT 19/06/2020).

31 RR-190-53.2015.5.03.0090, cujo julgamento ocorreu em 11 de maio de 2017, tendo a SBDI-1 adotado as seguintes teses (Tema

Repetitivo nº 006): “RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA. DONA DA OBRA. APLICAÇÃO DA OJ 191 DA SbDI-1


LIMITADA À PESSOA FÍSICA OU MICRO E PEQUENAS EMPRESAS: I) A exclusão de responsabilidade solidária ou
subsidiária por obrigação trabalhista a que se refere a OJ nº 191 da SDI-1 do TST não se restringe à pessoa física ou micro e pequenas
empresas, compreende igualmente empresas de médio e grande porte, e entes públicos (decidido por unanimidade); II) A excepcional
responsabilidade por obrigações trabalhistas prevista na parte final da OJ nº 191, por aplicação analógica do art. 455 da CLT, alcança os
casos em que o dono da obra de construção civil é construtor ou incorporador e, portanto, desenvolve a mesma atividade econômica do
empreiteiro (decidido por unanimidade); III) não é compatível com a diretriz sufragada na OJ nº 191 da SDI-1 do TST jurisprudência de
Tribunal Regional do Trabalho que amplia a responsabilidade trabalhista do dono da obra, excepcionando apenas ‘a pessoa física ou
micro e pequenas empresas, na forma da lei, que não exerçam atividade econômica vinculada ao objeto contratado’ (decidido por
unanimidade); IV) Exceto ente pública da Administração Direta e Indireta, se houver inadimplemento das obrigações trabalhistas
contraídas por empreiteiro que contratar, sem idoneidade econômico-financeira, o dono da obra responderá subsidiariamente por tais
obrigações, em face de aplicação analógica do art. 455 da CLT e culpa in eligendo (decidido por maioria).” Há entendimento sobre a matéria
que conduz à responsabilidade do contratante, também e subsidiariamente, sempre que evidenciada a sua conduta ilícita não somente na
escolha do empreiteiro inidôneo (culpa in elegendo), conforme entendimento da SBDI-1 no julgamento do tema repetitivo nº 6, mas,
também, quando negligenciasse a fiscalização do cumprimento, por este, das obrigações trabalhistas (culpa in vigilando). A jurisprudência
trilhou outra senda, porém, como se revela pela leitura da OJ 191 da SBDI-1 do TST e do julgamento do tema repetitivo nº 6.

73
§ 19/06/2020 – A indenização por danos materiais e o benefício previdenciário não se confundem e possuem
naturezas distintas, estando a cargo de titulares diversos. Não há óbice à sua cumulação. (ARR-20454-
79.2017.5.04.0030, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 19/06/2020).

§ 19/06/2020 – Na prestação de serviços simultânea a vários tomadores não há óbice à aplicação da


responsabilidade subsidiária. Nesse caso, a responsabilidade de cada tomador de serviços fica limitada ao período
de vigência do contrato firmado com a empresa prestadora. (RR-1002399-89.2017.5.02.0201, 3ª Turma, Relator
Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 19/06/2020).

§ 22/06/2020 – Conforme jurisprudência sedimentada do STF (AI 634719, Rel. Min. Dias Toffoli, 1ª Turma, DJe
09/03/2012) e do TST, é nula a despedida imotivada do servidor público celetista da Administração Pública
Direta, autárquica ou fundacional, que deve ser motivada e precedida de procedimento que observe as garantias
de ampla defesa e contraditório, inclusive no período em que o empregado se encontra em estágio probatório.
(RR-467530-13.1998.5.04.5555, 1ª Turma, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 22/06/2020).

§ 24/06/2020 – É válida norma coletiva que se aplica apenas a unidade específica da empresa. A norma coletiva
regulamentou o funcionamento do banco de horas e previu o pagamento de indenização especial para os
trabalhadores de uma unidade específica. A disposição coletiva em análise não ofendee preceito de norma pública
de proteção à saúde, à segurança e à higiene do trabalhador. Logo, não há como estender a benesse da
indenização ao reclamante, haja vista que não laborava na unidade beneficiada. (RR-757-69.2015.5.09.0041, 8ª
Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 26/06/2020).

§ 24/06/2020 – O debate acerca da penhora de valores existentes em conta conjunta ostenta nítido caráter
infraconstitucional, o que inviabiliza a aferição de ofensa direta. A alegação de violação ao art. 7º, inc. X, da
Constituição Federal não prospera para preservar o direito de impenhorabilidade, uma vez que o próprio
dispositivo constitucional remete a proteção do salário, na forma da lei, impondo desenganadamente a incursão
no direito infraconstitucional para averiguar eventual violação que, no caso, não será direta. (RR-27-
48.2015.5.04.0251, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 26/06/2020).

§ 24/06/2020 – Auxiliar de farmárcia sem contato direto com pacientes ou com material infecto-contagiante não
faz jus a adicional de insalubridade. Logo, não merece reparos acórdão regional que, com amparo na prova
pericial, nega o direito ao adicional de insalubridade aos empregados que, na função de auxiliares de farmácia,
desempenhavam atividades administrativas e burocráticas em farmácia hospitalar, sem contato permanente com
pacientes ou com material infecto-contagiante, não se enquadrando, assim, ao disposto no Anexo 14 da NR 15
da Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho. (RR-186200-32.2013.5.17.0012, 4ª Turma, Relator Ministro
Alexandre Luiz Ramos, DEJT 26/06/2020).

§ 25/06/2020 – A 8ª Turma do TST determinou que seja feita nova instrução processual e citação de parte que, ao
tempo da citação por edital, já estava presa em outro país (Israel), tanto é que, não localizada para citação, foi
condenada à revelia. O pedido de nulidade foi feito pela mãe da parte, que recebeu a citação, mas foi considerada
sem legitimidade para agir em defesa da filha. Segundo a Turma do TST, a parte teve cerceado o seu direito de
defesa por não ter sido notificada. A notificação postal foi encaminhada ao endereço da dona da empresa, mas
recebida pela mãe, que vive no Brasil. Como a empresária já se encontrava detida em Israel, a mãe, mesmo
declarada sem legitimidade para agir em defesa da filha, alegou a nulidade da sentença que condenou a filha. A
mãe sustentou que não teve como entrar em contato com a filha, a fim de avisá-la do conteúdo da ação
trabalhista, para que ela pudesse se defender. O TRT da 2ª Região não acolheu o pedido de nulidade ao
entendimento de que a mãe não teria legitimidade para atuar no processo. Segundo a decisão, que confirma a
validade da notificação postal, “por não ter sido recusada nem devolvida”, o interesse jurídico não se confunde com o
mero interesse decorrente de simples solidariedade familiar, “sendo-lhe defeso, ainda que para arguir a nulidade de citação,
pleitear direito alheio em nome próprio”. Ao analisar o recurso da mãe da parte contra a decisão do TRT, a relatora,
ministra Dora Maria da Costa, disse que é dever do julgador zelar pela regularidade da citação, de modo a
preservar a condução íntegra do processo e a prevenir eventual alegação de nulidade. A ministra observou que,
conforme os autos, a empresária já estava presa fora do Brasil na data da citação postal, pelo que não poderia tê-
la recebido. Na avaliação da ministra, a empresária teve seu direito de defesa cerceado, configurando a violação
legal. Pela decisão da 8ª Turma, o processo retornará à Vara de origem para reabertura da instrução processual.
(RR-1001366-47.2016.5.02.0024, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 16/06/2020).

§ 26/06/2020 – A atividade desenvolvida por motorista que ingressa na área de risco apenas para acompanhar o
abastecimento do veículo não se encontra definida no artigo 193 da CLT e na NR 16 do Ministério do Trabalho
e Emprego como perigosa, sendo indevido, portanto, o adicional de periculosidade nessa hipótese. Precedentes
da SDI-1 do TST. (RR-1001240-89.2016.5.02.0252, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT
26/06/2020).

74
§ 26/06/2020 – Art. 1º, da EC nº 45/2004, na parte em que deu nova redação ao art. 114, §§ 2º e 3º, da CRFB/88.
(...) Legitimidade do MPT para ajuizar Dissídio Coletivo em caso de greve em atividade essencial. Ofensa aos
artigos 5º, XXXV, LV e LXXVIII, e 60, § 4º, IV, da CRFB/88. Inocorrência. Condição da ação estabelecida pela
Constituição. Estímulo às formas alternativas de resolução de conflito. (ADI 3.432, rel. min. Gilmar Mendes, j.
29-5-2020, P, DJE de 26-6-2020).

§ 26/06/2020 – A presunção da validade da notificação não depende da pessoalidade do ato (art. 841, §1º,
da CLT) bastando a entrega da comunicação processual pelo carteiro no correto endereço da parte
reclamada ou de um de seus sócios. (RO-21113-52.2015.5.04.0000, SBDI-2, Relatora Ministra Maria Helena
Mallmann, DEJT 26/06/2020).

§ 26/06/2020 – Do contexto delineado no acórdão não é possível depreender que o Reclamado tenha feito
uso ou reproduzido de forma fraudulenta a obra intelectual do empregado, hábil a lhe ensejar a
indenização mantida pela Corte de origem, amparada no art. 102, da Lei nº 9.610/98, já que não consta da
decisão qualquer assertiva nesse sentido. Além disso, exsurge do conjunto probatório que o Autor desenvolveu
os programas de computador durante a vigência do contrato de trabalho, o que leva à conclusão de que ele assim
o fez durante a jornada, no exercício das suas atribuições e mediante a utilização de equipamentos e recursos
do empregador, de modo que essa atividade foi incorporada ao contrato. Assim, em que pesem os elementos
extraídos da decisão de origem, no sentido de que a criação de software pelo Reclamante era atividade dissociada
do objeto do seu contrato de trabalho, pelas razões ora expostas, ao manter a sentença em que se deferiu
indenização, o Tribunal Regional incorreu em violação do art. 102 da Lei nº 9.610/98. IV. Recurso de revista de
que se conhece e a que se dá provimento. (RR-1634-18.2012.5.04.0020, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre
Luiz Ramos, DEJT 26/06/2020).32

§ 26/06/2020 – Nos termos dos artigos 7º, inciso XV, CRFB/88 e 1º da Lei nº 605/1949, o repouso
semanal remunerado, preferencialmente aos domingos, é direito assegurado a todos os trabalhadores
urbanos e rurais. O artigo 6º, parágrafo único, da Lei 10.101/2000, que regulamenta a situação dos
trabalhadores do comércio (com as alterações da Lei nº 11.603/2007) estabelece que o repouso semanal
remunerado deve coincidir ao menos uma vez, no período máximo de três semanas, com o domingo, fixando,
portanto, critério de revezamento compatível com o texto constitucional. No caso dos autos, foi respeitada a
legislação em vigor, uma vez que é incontroverso que as trabalhadoras substituídas pelo sindicato trabalham em
regime de escala 2X1, ou seja, a cada dois domingos consecutivos trabalhados, há concessão do descanso
semanal no domingo subsequente. Desse modo, a recepção constitucional do artigo 386 da CLT33, que prevê
escala quinzenal para a fruição do repouso semanal remunerado aos domingos para as empregadas mulheres, não
impede a aplicação das normas legais específicas (Lei nº 10.101/2000 com as alterações da Lei nº 11.603/2007)
para as trabalhadoras do setor do comércio. Precedentes. (RR-554-39.2017.5.12.0014, 2ª Turma, Relator Ministro
Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 26/06/2020).

§ 26/06/2020 – A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho é firme no sentido de que, independentemente


do título sob o qual o profissional foi contratado (professor, instrutor ou técnico), é a realidade do contrato de
trabalho que define a função de magistério e, por consequência, a inserção na categoria diferenciada de professor,
ou seja, a não observância de exigência formal para o exercício da profissão de professor, prevista no artigo 317
da CLT, não afasta o enquadramento. Dessa forma, a não observância de exigência formal para o exercício da
profissão de professor, prevista no art. 317 da CLT, não afasta o enquadramento como professor. (RR-2728-
97.2014.5.02.0048, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 26/06/2020).

§ 30/06/2020 – Preconceito racial é motivo para rescisão indireta do contrato de trabalho. A rescisão
indireta caracteriza-se pela faculdade de o empregado considerar extinto o contrato de trabalho, em face da
ocorrência de conduta ilícita e reprovável do empregador, caracterizada pelo desrespeito a direito individual

32 Nos termos do art. 4º da Lei nº 9.609/98, que “dispõe sobre a proteção da propriedade intelectual de programa de computador”: “Art. 4º Salvo

estipulação em contrário, pertencerão exclusivamente ao empregador, contratante de serviços ou órgão público, os direitos relativos ao
programa de computador, desenvolvido e elaborado durante a vigência de contrato ou de vínculo estatutário, expressamente destinado à
pesquisa e desenvolvimento, ou em que a atividade do empregado, contratado de serviço ou servidor seja prevista, ou ainda, que decorra
da própria natureza dos encargos concernentes a esses vínculos. § 1º Ressalvado ajuste em contrário, a compensação do trabalho ou
serviço prestado limitar-se-á à remuneração ou ao salário convencionado. § 2º Pertencerão, com exclusividade, ao empregado, contratado
de serviço ou servidor os direitos concernentes a programa de computador gerado sem relação com o contrato de trabalho, prestação de
serviços ou vínculo estatutário, e sem a utilização de recursos, informações tecnológicas, segredos industriais e de negócios, materiais,
instalações ou equipamentos do empregador, da empresa ou entidade com a qual o empregador mantenha contrato de prestação de
serviços ou assemelhados, do contratante de serviços ou órgão público. § 3º O tratamento previsto neste artigo será aplicado nos casos
em que o programa de computador for desenvolvido por bolsistas, estagiários e assemelhados”. Já os arts. 88 a 93 da Lei nº 9.279/96,
que “regula direitos e obrigações relativos à propriedade industrial”, trata “da invenção e do modelo de utilidade realizado por empregado ou prestador de
serviço”.
33 Art. 386. Havendo trabalho aos domingos, será organizada uma escala de revezamento quinzenal, que favoreça o repouso dominical.

75
subjetivo ou injustificado descumprimento de obrigações legal ou contratual. O Tribunal Regional, soberano na
análise das provas, registrou que o superior hierárquico do autor o chamava por apelidos pejorativos, de cunho
racial. A utilização de expressões racistas, no meio ambiente de trabalho, é uma prática que deve ser veemente
combatida. Ela humilha, constrange e segrega o trabalhador, atingindo diretamente sua honra subjetiva. Nesse
contexto, diante da gravidade e reiteração da conduta delineada, é inequívoca a ocorrência de falta grave,
ensejando, pois, a rescisão indireta do contrato de trabalho, nos moldes do artigo 483, “e”, da CLT. (RR-458-
21.2013.5.12.0028, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 30/06/2020).

§ 30/06/2020 – No recurso de revista, a transcrição integral do capítulo do acórdão, sem a delimitação


dos pontos de insurgência objetos das razões do recurso de revista não atende ao previsto no artigo 896,
§ 1º-A, I, da CLT. Em sede de recurso de revista, a parte deve, obrigatoriamente, transcrever, ou destacar
(sublinhar/negritar), o fragmento da decisão recorrida que revele a resposta do tribunal de origem sobre a
matéria objeto do apelo; ou seja, o ponto específico da discussão, contendo as principais premissas fáticas e
jurídicas do acórdão regional acerca do tema invocado no apelo. Na presente situação, a transcrição do capítulo
do acórdão, integralmente, sem a delimitação dos pontos de insurgência objetos das razões do recurso de revista
- mediante o destaque dos trechos em que foram adotados os argumentos do acórdão regional para o deslinde da
controvérsia -, não atende ao previsto no artigo 896, § 1º-A, I, da CLT. Tal procedimento impede, por
consequência, a observância dos demais requisitos contidos nos incisos II e III do artigo 896, § 1º-A, da CLT: a
demonstração analítica (que se faz por meio da argumentação) entre os dispositivos e verbetes apontados e o
trecho da decisão destacada no apelo. Precedentes da SBDI-1 do TST. (Ag-AIRR-1002159-62.2016.5.02.0322, 7ª
Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 30/06/2020).

§ 30/06/2020 – Bombeiro comunitário de município receberá por horas de trabalho além do previsto. Em matéria
de Direito do Trabalho, a competência legislativa é atribuída à União, motivo pelo qual não é possível a edição de
lei municipal, salvo se mais benéfica e com os efeitos equivalentes a regulamento empresarial. Na espécie, sendo
incontroversa a sujeição do autor ao regime comum de compensação de horários de 12x36, sem observância do
limite semanal de 36 horas de trabalho, mesmo após a edição da Lei nº 11.901/2009, impõe-se reconhecer o
direito às horas extraordinárias laboradas além da 36ª semanal, independentemente de se tratar de bombeiro
comunitário. (RR-154-57.2016.5.09.0656, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT
30/06/2020).

§ 30/06/2020 – No recurso de revista, inobservância de pressuposto de admissibilidade formal torna


impossível o exame da transcendência. Consoante entendimento assentado pela Sétima Turma desta Corte
Superior, se o recurso de revista, em relação a determinado tema, não atende pressuposto intrínseco formal de
admissibilidade, como, por exemplo, as exigências previstas no art. 896, § 1º-A, da CLT, o exame da
transcendência da respectiva matéria resultaria na prática de ato processual inútil, em afronta aos princípios da
celeridade e da economia processual e ao direito fundamental à duração razoável do processo. No caso vertente,
irretocável a decisão unipessoal agravada quanto ao não atendimento do pressuposto intrínseco de
admissibilidade previsto no inciso I do § 1º-A do art. 896 da CLT, pois a parte recorrente limitou-se a transcrever
um excerto do acórdão regional que não abrange a completude da fundamentação adotada. Desse modo, a
indicação do trecho em que repousa o prequestionamento da “matéria controvertida nos autos não foi adequadamente
providenciado, na medida em que, para análise e enfrentamento das teses recursais, este Órgão julgador necessariamente teria que
passar ao exame dos fundamentos da decisão regional não transcritos pela recorrente” (Ag-AIRR- 909-75.2013.5.20.0011,
Relator Ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 7ª Turma, DEJT DE 14/8/2017). (Ag-AIRR-11137-
14.2016.5.03.0097, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadao Lopes, DEJT 30/06/2020).

30/06/2020 – Discussão em torno do reconhecimento do vínculo de emprego apresenta transcendência


social. (RR-11175-74.2016.5.15.0070, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT
30/06/2020).

Julho

§ 1º/07/2020 – É inconstitucional lei estadual que estabeleça medidas sobre meio ambiente do trabalho.
É inconstitucional a lei estadual que estabeleça medidas para evitar a intoxicação dos trabalhadores por
substâncias químicas presentes em tintas e anticorrosivos e condicione o uso de revestimento e pinturas
anticorrosivas à comprovação de atoxidade à saúde do trabalhador e ao meio ambiente. O interesse local na
preservação da saúde pública não legitima os entes subnacionais a expedir normas de segurança do trabalho e
proteção da saúde do trabalhador, que pertencem à competência privativa da União, nos termos do art. 22, I, da
Constituição Federal. Diante disso, foi declarada a inconstitucionalidade da Lei 4.735/2006 do Estado do Rio de
Janeiro. ADI 3.811, rel. min. Gilmar Mendes, DJE de 1º-7-2020. (Informativo 984, Plenário Virtual)

76
§ 01º/07/2020 – Sendo lícita a terceirização, ainda que em atividade fim, é inviável a aplicação de direito
da categoria da contratante dos serviços (RR-666-96.2013.5.03.0014, 5ª Turma, Relator Desembargador
Convocado Joao Pedro Silvestrin, DEJT 01/07/2020).

§ 1º/07/2020 – Publicado o Informativo TST nº 221, cujas principais decisões estão da tabela abaixo:

Informativo TST nº 221


(Período 15 a 30 de junho de 2020)
Compete ao Tribunal Pleno julgar reclamação que tiver como causa de pedir alegada inobservância de súmula por
ele estabelecida, visto ser o órgão colegiado cuja autoridade se pretende garantir (art. 210, § 2º, do RITST). Rcl-
1000623-61.2019.5.00.0000, Tribunal Pleno, rel. Min. Márcio Eurico Vitral Amaro, 29/6/2020 – Informativo TST
nº 221.
Configura-se a deserção quando o recorrente, apesar de ter feito o recolhimento das custas e do depósito recursal
tempestivamente, deixa de comprová-lo dentro do prazo alusivo ao recurso. Não havendo comprovação do
pagamento do depósito recursal no prazo para sua interposição, o recurso mostra-se deserto (art. 7º da Lei nº
5.584/70 e Súmula nº 245 do TST). TST-E-ED-ED-RR-11105-22.2015.5.03.004, SBDI-I, rel. Min. José Roberto
Freire Pimenta, 18/6/2020 – Informativo TST nº 221.
A Justiça do Trabalho é competente para julgar matéria que envolva os efeitos da readmissão de empregados
anistiados, com fundamento nos artigos 471 da CLT e na Lei nº 8.878/94. TST-E-ED-RR-11421-
44.2015.5.01.0022, SBDI-1, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 18/6/2020 – Informativo TST nº 221.
A ECT goza dos mesmos privilégios conferidos à Fazenda Pública (art. 12 do Decreto-lei nº 509/69), regra
recepcionada pela Constituição (RE 220.906). Logo, aplica-se à ECT o parágrafo 5º do art. 37 da CRFB/88
(imprescritibilidade). No caso, a pretensão da ECT em obter o ressarcimento de quantia relativa à diferença de caixa
não se trata de demanda que tenha por objeto a aplicação da Lei de Improbidade Administrativa, razão por que não
há como se entender imprescritível a referida pretensão. TST-RO-1384-62.2011.5.19.0000, SBDI-2, rel. Min. Luiz
José Dezena da Silva, 16/6/2020 – Informativo TST nº 221.
A decisão que, antes de conceder prazo para regularização do depósito prévio, indefere a petição inicial e extingue a
ação rescisória, sem resolução de mérito, está em desacordo com o princípio da primazia da resolução do mérito e
com o que preceitua o art. 321 do CPC, o qual é aplicável à ação rescisória em virtude do parágrafo único do art.
318 do CPC. Na espécie, a despeito de a autora ter regularizado, espontaneamente, o depósito prévio um dia após o
ajuizamento da ação rescisória, o julgador extinguiu a ação, sem qualquer concessão de prazo para que o vício fosse
sanado. TST-RO-107-24.2016.5.23.0000, SBDI-II, rel. Min. Luiz José Dezena da Silva, 23/6/2020 – Informativo
TST nº 221.
O reclamante não possui legitimidade ativa “ad causam” para, em reclamatória trabalhista individual, requerer
indenização por dano social (dumping social), uma vez que esta é direcionada à tutela de interesses difusos e coletivos,
ultrapassando a esfera pessoal do trabalhador. TST-RR-1883-42.2014.5.03.0176, 1ª Turma, rel. Min. Walmir Oliveira
Costa, julgado em 24/6/2020. Informativo TST nº 221.
O rompimento imotivado do contrato do professor após início das atividades letivas dificulta a sua recolocação no
mercado de trabalho. Despedida que ultrapassa os limites do poder diretivo, sendo o pagamento de indenização por
danos morais e materiais medida que se impõe, porquanto configurada a perda de uma chance, consoante o
disposto no artigo 927 do Código Civil. TST-RR-1789-71.2016.5.10.0001, 2ª Turma, rel. Min. José Roberto Freire
Pimenta, julgado em 17/6/2020 – Informativo TST nº 221.
É possível a apresentação de seguro-garantia judicial, em substituição ao depósito recursal, conforme previsão do
art. 899, § 11, da CLT, introduzido pela Lei 13.467/17, com cláusula de vigência determinada da apólice. Ademais, o
art. 760 do CC prevê a necessidade, para o contrato de seguro, de cláusula com “o início e o fim de sua validade”.
TST-RR10537-56.2016.5.03.0173, 4ª Turma, rel. Min. Ives Gandra Martins Filho, julgado em 16/6/2020 –
Informativo TST nº 221.
O e-mail corporativo ostenta a natureza jurídica de ferramenta de trabalho, daí porque é permitido ao empregador
monitorar e rastrear a atividade do empregado em e-mail corporativo, isto é, checar as mensagens, tanto do ponto
de vista formal (quantidade, horários de expedição, destinatários etc.) quanto sob o ângulo material ou de conteúdo,
não se constituindo em prova ilícita a prova assim obtida. Não viola os arts. 5º, X e XII, da CRFB/88, o acesso e a
utilização, pelo empregador, do conteúdo do “e-mail” corporativo. TST-RR-1347-42.2014.5.12.0059, 4ª Turma, rel.
Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 23/6/2020 – Informativo TST nº 221.
Em caso de equipamento desenvolvido pelos empregados (ato inventivo), que resulta em melhoria funcional
traduzida em maior produtividade para empresa, que já utiliza o referido equipamento os empregados fazem jus à
justa remuneração. Se a inovação não resultou da natureza do serviço para o qual os reclamantes foram
contratados, mas de contribuição pessoal destes com o concurso de recursos,
dados, meios, matérias, instalações e equipamentos da reclamada, estamos a tratar da modalidade invenção de
empresa, tendo os empregados, portanto, direito ao recebimento de uma “justa remuneração”, com fundamento no

77
art. 91, § 2º, da Lei 9.279/96, porquanto o invento não foi objeto de prévia contratação, sendo ele extracontratual, e
que a empresa obteve vantagem financeira em face da utilização do invento. TST-Ag-AIRR-495-51.2014.5.17.0003,
5ª Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 17/6/2020. Informativo TST nº 221.
É possível reformar decisão anteriormente proferida por Órgão Colegiado com apoio na Súmula nº 331, I, do TST,
pela via dos embargos de declaração opostos, a serem julgados depois das decisões do STF, nos autos da ADPF nº
324 e do RE nº 958.252, com repercussão geral e efeitos “erga omnes” e vinculante. Entendeu-se pelo acolhimento
dos embargos de declaração para, por aplicação analógica do art. 1.030, II, do CPC, não conhecer do recurso de
revista da parte reclamante, porquanto a terceirização, em atividade meio ou fim, é sempre lícita, não comportando
o reconhecimento do vínculo empregatício, subsistindo-se apenas a responsabilidade subsidiária, nos termos das já
citadas decisões do STF. TST-ED-ED-RR-544-68.2014.5.06.0013, 5ª Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em
17/6/2020 – Informativo TST nº 221.
Não se verifica ofensa ao art. 5º, II, da CR/88, a imputação de obrigação de fazer, consistente na instalação de
sanitários em todas as suas composições ferroviárias, pois esta decorre dos postulados básicos de proteção a direitos
mínimos dos trabalhadores, à saúde, à dignidade e valorização do trabalho humano, ínsitos nas normas dos arts. 1º,
e 7º, XXII, da CRFB/88, e 157, I, da CLT, uma vez que a ausência de sanitários impossibilita o digno exercício da
profissão e de um meio ambiente de trabalho saudável, com condições mínimas de higiene e saúde. De outro lado,
não há dispositivo legal ou convencional que obrigue o empregador à contratação de auxiliar de maquinista pela
adoção do sistema de dupla condução, pois a definição do sistema de condução a ser adotado está inserido no
âmbito do seu poder diretivo de organizar as atividades econômicas da empresa, conforme estabelece o art. 2º da
CLT, pelo que se verifica a excepcionalíssima hipótese de afronta à norma do art. 5º, II, da CR/88. TST-RRAg-
1776-46.2012.5.03.0021, 5ª Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 17/6/2020 – Informativo TST nº 221.
Incide prescrição de 5 (cinco) anos na ação de habilitação plúrima em coisa julgada coletiva. À pretensão executiva
de condenação imposta à Fazenda Pública aplica-se o prazo prescricional de 5 anos previsto no art. 1º do Decreto
20.910/32. Desse modo, encontra-se prescrita a ação de habilitação individual (plúrima) em coisa julgada coletiva
proposta em 08/02/2017, porque o trânsito em julgado da ação coletiva ocorreu 29/05/2007. TST-Ag-RR-26-
10.2017.5.02.0070, 5ª Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 24/6/2020 – Informativo TST nº 221.
Não é possível a compensação da indenização por danos materiais (art. 950 do CC) com a pensão paga pelo INSS a
título de aposentadoria por invalidez, mesmo que complementada pela previdência privada,
ante a distinção entre a natureza e o objetivo de tais institutos. TST-ARR-8000-27.2008.5.05.0492, 7ª Turma, rel.
Min. Renato de Lacerda Paiva, julgado em 23/6/2020 – Informativo TST nº 221.

§ 02/07/2020 – Lançamento da obra Direito do Trabalho de emergência, pela editora Revista dos
Tribunais.

§ 02/07/2020 – Não é cabível habeas corpus para questionar cláusula de não concorrência. No direito
brasileiro, com exceção do período situado entre 1891 e 1926, quando da consagração da denominada "doutrina
brasileira do habeas corpus", a defesa das liberdades públicas fundamentais não ligadas à liberdade física de
locomoção (o direito de ir e vir ou permanecer) -- entre as quais a de exercício de qualquer trabalho, ofício ou
profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (art. 5º, XIII, da CF) -- não se legitima pela
via do habeas corpus, instrumento que compõe a "jurisdição constitucional das liberdades" e que tem por objeto
único e exclusivo a supressão da ameaça de violência ou coação na liberdade de locomoção de qualquer pessoa,
por ilegalidade ou abuso de poder (CF, art. 5º, LXVIII). Nesse contexto, a questão da juridicidade ou mesmo da
constitucionalidade das denominadas cláusulas contratuais trabalhistas de não-concorrência -- com as quais se
introduzem deveres de abstenção aos trabalhadores, com compensações econômicas equivalentes, durante
determinados períodos ou circunstâncias, após extintos os contratos de trabalho -- não pode ser objeto de exame
na ação constitucional de habeas corpus. A defesa da liberdade de exercício profissional nessas hipóteses, à luz
dos parâmetros constitucionais e legais, está assegurada amplamente pelas vias ordinárias de acesso à Justiça (CF,
art. 5º, XXXV, da CF), inclusive com a possibilidade de dedução de tutelas provisórias de urgência de natureza
cautelar e/ou antecipatória (CPC, art. 300 e ss)e, eventualmente, com a possibilidade de impugnação autônoma
às decisões produzidas nesse âmbito específico de cognição de urgência (Súmula 414 do TST c/c a OJ 92 da
SBDI-II/TST). No caso dos autos, o debate jurídico acerca da cláusula de não concorrência está sendo travado
nos autos da reclamação trabalhista proposta pelo Paciente em face de sua ex-empregadora, sobrevindo a
impetração de segurança perante o TRT da 2ª Região, no qual praticado o ato supostamente coator, que foi
inclusive alvejado via agravo interno (CPC, art. 1.021). Logo, a questão jurídica que anima a presente impetração
é objeto de discussão regular perante os juízos naturais competentes (CF, art. 5º, LIII) e sem qualquer afronta ao
devido processo legal (CF, art. 5º, LIV). A inadequação do habeas corpus para a defesa do bem jurídico
"liberdade ao trabalho" é manifesta, na linha da jurisprudência pacífica de todos os tribunais superiores e do STF.
Habeas corpus não admitido. Processo extinto sem resolução do mérito" (HCCiv-1000288-08.2020.5.00.0000,
SBDI-2, Relator Ministro Douglas Alencar Rodrigues, DEJT 05/07/2020).

78
§ 09/07/2020 – Corregedor-geral da Justiça do Trabalho afasta liminar que proibia demissões na rede de
churrascarias Fogo de Chão. A decisão é válida até o julgamento de ações civis públicas que discutem a
dispensa de cerca de 420 empregados em todo o país. Sem emitir juízo de valor a respeito da matéria discutida
nas ações principais, o corregedor-geral concluiu que o quadro caracteriza situação extrema e excepcional que
justifica a atuação da Corregedoria-Geral, “a fim de impedir lesão de difícil reparação e assegurar o resultado útil do processo,
até que ocorra o exame da matéria pelo órgão jurisdicional competente”. Considerando as orientações constantes da
Recomendação CSJT.GP 001/2020, que trata da busca de composição relativa às situações decorrentes da
contingência de pandemia, e tendo em vista os amplos espectros gerados pelos efeitos das medidas a serem
implementadas a nível nacional, o ministro determinou que a questão seja levada à Vice-Presidência do TST,
órgão responsável pela condução dos procedimentos de mediação e conciliação pré-processual de âmbito
coletivo nacional. Por se tratar de situação decorrente da contingência da pandemia da Covid-19, o ministro
encaminhou a questão à Vice-Presidência do Tribunal Superior do Trabalho, para que se examine a possibilidade
de mediação com a empresa e o Ministério Público do Trabalho (MPT). Fonte: TST.

§ 19/07/2020 – Encerrado o prazo de vigência da Medida Provisória nº 927 de 22 de março de 2020, que
dispunha sobre as medidas trabalhistas para enfrentamento do estado de calamidade pública reconhecido pelo
Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência de saúde pública de importância internacional
decorrente do coronavírus (covid-19). Em consequência, foi extinta a ADI nº 6377, por perda de objeto (rel.
Min. Marco Aurélio).

§ 29/07/2020 – É inaplicável ao regime de trabalho temporário, disciplinado pela Lei n.º 6.019/74, a
garantia de estabilidade provisória à empregada gestante, prevista no art. 10, II, b, do ADCT. Tese fixada
em Incidente de Assunção de Competência. (IAC-5639-31.2013.5.12.0051, Tribunal Pleno, Redatora Ministra
Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT 29/07/2020).

§ 30/07/2020 – Greve e hipóteses de não descontos dos dias parados. A regra geralno Direito brasileiro,
segundo a jurisprudência dominante, é tratar a duração do movimento paredista como suspensão do contrato de
trabalho (art. 7º, Lei 7.783/89). Isso significa que os dias parados, em princípio, não são pagos, não se
computando para fins contratuais o mesmo período. Entretanto, caso se trate de greve em função do não
cumprimento de cláusulas contratuais relevantes e regras legais pela empresa (não pagamento ou atrasos
reiterados de salários, más condições ambientais, com risco à higidezdos obreiros, etc.), em que se pode falar na
aplicação da regra contida na exceção do contrato não cumprido, a greve deixa de produzir o efeito da mera
suspensão. Do mesmomodo, quando o direito constitucional de greve é exercido para tentar regulamentar a
dispensa massiva. Nesses dois grandes casos, seria cabível enquadrar-se como mera interrupção o período de
duração do movimento paredista, descabendo o desconto salarial. Destaque-se que eventual conduta antissindical
por parte do empregador, que tenha contribuído de maneira decisiva para a paralisação, poderia afastar o
enquadramento dos dias parados como mera suspensão contratual, passando o lapso temporal paredista a ser
enquadrado como interrupção contratual, com o pagamento dos dias parados. Verifica-se que o caso dos autos
não se amolda à hipótese de interrupção do contrato de trabalho, mas de suspensão contratual, não sendo
devido, a princípio, o pagamento dos dias parados. Contudo, esta Seção Especializada em Dissídios Coletivos
construiu, nos últimos anos, uma jurisprudência sólida no sentido de que é possível se adotar uma solução
intermediária quando a greve perdurou por elevado número de dias -como é o caso dos autos, em que a greve
perdurou por praticamente um mês -, a fim de evitar o comprometimento de um ou dois meses inteiros de
salário dos trabalhadores, acarretando um prejuízo considerável ao mantimento de sua sobrevivência e o de sua
família. Observe-seque, na maioria desses julgados, o critério utilizado por esta SDC foi o de autorizar o
desconto de 50% dos dias não trabalhados e a compensação dos outros 50%. Não se olvida que, em relação à
greve realizada no âmbito da Administração Pública, o STF prolatou interpretação bastante severa sobre o
assunto, assentando a viabilidade jurídica de o Administrador Público realizar o corte do ponto dos servidores
grevistas, para fins da subsequente não efetivação do pagamento salarial mensal (tese jurídica fixada a partir da
apreciação do tema 531 da repercussão geral) . Embora este Relator entenda que a decisão do STF mereça ser
interpretada em suas distintas facetas, não podendo prevalecer uma interpretação que impeça de forma absoluta a
resolução da controvérsiaa partir da ponderação e equilíbrio entre os interesses envolvidos -o da Administração,
o dos grevistas e o interesse da população envolvida -, fato é que, no caso concreto, não se trata de greve
realizada no âmbito da Administração Pública, podendo ser aplicável o critério mediador adotado por esta Seção
Especializada, em que se autoriza a compensação de parte dos dias parados. Assim, embora o caso dos autos não
se amolde à hipótese de interrupção do contrato de trabalho, tendo em vista a longa duraçãoda greve, entende-se
razoável a autorização do desconto de 50% dos dias não trabalhados e a compensação dos outros 50%. Recurso
ordinário provido parcialmente, no ponto. (RO-7628- 42.2016.5.15.0000, SDC, Relator Ministro Mauricio
Godinho Delgado, DEJT 30/07/2020).

§ 31/07/2000 – O TST consolidou entendimento de que a validade do “pedido” de demissão da emprega


gestante condicionada à assistência sindical, nos termos do artigo 500 da CLT. No caso, a Corte Regional
afastou a pretensão de reconhecimento da estabilidade prevista no artigo 10, II, b, do ADCT, com base no fato

79
de que não houve dispensa arbitrária ou sem justa causa, mas sim pedido de demissão pela reclamante, sem
demonstração de vício de consentimento, e, ainda, de que o período contratual foi inferior a um ano, firmando
entendimento de que não há necessidade de assistência sindical, divergindo do entendimento jurisprudencial do
TST (RR-1000987-93.2018.5.02.0038, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT
31/07/2020).

§ 31/07/2020 – Não há direito a promoção automática por merecimento quando as promoções exigem
prévia avaliação de desempenho e deliberação do empregador. No que se refere à progressão funcional por
merecimento, o TST tem entendido que a concessão do referido benefício está condicionada ao cumprimento
dos critérios do regulamento empresarial, sendo essencial para sua aferição a realização de avaliação de
desempenho e a deliberação do empregador. Dessa forma, no caso de omissão do empregador em proceder à
avaliação de desempenho funcional do empregado, não se impõe considerar implementadas as condições
inerentes à progressão por merecimento. (RR-530-86.2016.5.05.0031, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz
Ramos, DEJT 31/07/2020). Nesse sentido já se manifestou a SBDI-1: “[...] DIFERENÇAS SALARIAIS.
PROMOÇÕES POR MERECIMENTO. PLANO DE CARGOS E SALÁRIOS – PCS.
DESCUMPRIMENTO. NECESSIDADE DA REALIZAÇÃO DAS AVALIAÇÕES DE DESEMPENHO. A
controvérsia cinge-se a saber se é possível considerar implementada a condição contratual inerente à promoção
por merecimento, justamente quando o empregador não cumpre o critério previsto no Plano de Cargos e Salários
e deixa de realizar as avaliações necessárias à progressão em comento. Relativamente à promoção por
merecimento, as avaliações de desempenho constituem requisito essencial, por se revestirem de critérios
subjetivos e comparativos inerentes à excelência profissional do empregado, que somente pode ser avaliado pela
empregadora, não cabendo ao julgador substituí-lo nessa análise. A propósito, esta Subseção, em sua composição
completa, por maioria de votos, na qual este Relator ficou vencido, entendeu que, no que concerne às promoções
por merecimento, em face do seu caráter subjetivo, estão condicionadas aos critérios do regulamento empresarial,
sendo essencial para sua aferição a deliberação da diretoria da empresa (E-RR-51-16.2011.5.24.0007, Redator
Ministro: Renato de Lacerda Paiva, Data de Julgamento: 8/11/2012, SBDI-1), Data de Publicação: 9/8/2013).
Dessa forma, no caso de omissão do empregador em proceder à avaliação de desempenho funcional do
empregado, não há considerar implementadas as condições necessárias à promoção por merecimento”. (Ag-E-
RR-1432-79.2014.5.05.0008, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, SBDI-1, DEJT 29/11/2019).

§ 31/07/2020 – Para se caracterizar a estabilidade provisória do dirigente sindical é desnecessária a


comprovação do registro do sindicato representativo da categoria profissional no ministério
competente. Aludido registro tem por finalidade obedecer ao princípio da unicidade sindical (artigo 8º, II, da
CRFB/88). A ausência de comprovação desse registro, contudo, não pode impedir a eficácia (produção dos
efeitos) dos atos praticados pelo sindicato, sob pena de ser criada uma presunção negativa de existência do
próprio sindicato. Assim, restou pacificado o entendimento de que o registro do sindicato no ministério
competente traduz mera formalidade não essencial. A inobservância do princípio da unicidade sindical não
pode ser presumida. Ao revés, deve ser demonstrada por quem a alega. Ressalta-se que o STF34 garantiu aos
sindicatos a aquisição da personalidade jurídica mesmo antes do efetivo registro no ministério competente e, por
conseguinte, o direito à estabilidade sindical. Na hipótese, o Regional concluiu negou ao reclamante o direito à
estabilidade de dirigente sindical, pois não comprovou a existência do pedido de registro do sindicato no
ministério competente, o que caracterizaria a irregularidade do sindicato. Dessa forma, a decisão regional está
contrária ao quanto decidido no TST, razão pela qual faz jus o reclamante à estabilidade provisória destinada ao
dirigente sindical. (ARR-1393-06.2016.5.20.0005, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos,
DEJT 31/07/2020). Ainda: “[...] o reconhecimento da garantia de emprego ao empregado eleito para cargo de direção ou
representação sindical independe da efetivação do registro do respectivo sindicato no Ministério do Trabalho e Emprego ou no Cartório
de Registro de Títulos e Documentos. [...] Na linha da jurisprudência sedimentada nesta Corte, a ratio essendi que anima as
liberdades constitucionais das associações sindicais não é o seu registro, mas o momento de sua efetiva fundação”. (E-ED-RR-
261600-83.2007.5.12.0050, Rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, SBDI-1, DEJT de 13/10/2017).

§ 31/07/2020 – A jurisprudência do TST firmou-se no sentido de que a conduta do empregador, ao exigir


do empregado o desempenho da atividade de transporte de valores, para a qual não fora habilitado,
configura ato ilícito e, portanto, enseja o pagamento de indenização por danos morais em razão da
exposição potencial do trabalhador à situação de risco. (RR-1013-78.2015.5.06.0143, 4ª Turma, Relator
Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 31/07/2020).

34 “1. A constituição de um sindicato posto culmine no registro no Ministério do Trabalho (STF, MI 144, 3.8.92, Pertence, RTJ 147/868)

a ele não se resume: não é um ato, mas um processo. 2. Da exigência do registro para o aperfeiçoamento da constituição do sindicato, não
cabe inferir que só a partir dele estejam os seus dirigentes ao abrigo da estabilidade sindical: é interpretação pedestre, que esvazia de
eficácia aquela garantia constitucional, no momento talvez em que ela se apresenta mais necessária, a da fundação da entidade de classe.”
(SRF-RR-205.107-1, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJU de 25/9/1998).

80
§ 31/07/2020 – A causa oferece transcendência política (art. 896-A, § 1º, II, da CLT) não se limita à hipótese em
que haja verbete sumular sobre a matéria; haverá igualmente transcendência política quando demonstrado o
desrespeito à jurisprudência pacífica e notória do Tribunal Superior do Trabalho sedimentada em Orientação
Jurisprudencial ou a partir da fixação de tese no julgamento, entre outros, de incidentes de resolução de recursos
repetitivos ou de assunção de competência, bem como, na hipótese do Supremo Tribunal Federal, no julgamento
de recurso extraordinário com repercussão geral ou das ações de constitucionalidade. Trata-se de extensão
normativa do conceito de transcendência política, prevista no art. 896-A, § 1º, II, da CLT, a partir, sobretudo, da
sua integração com o novo sistema de resolução de demandas repetitivas inaugurado pelo Código de Processo
Civil de 2015, cujas decisões possuam caráter vinculante (exegese dos arts. 489, § 1º, 926, 928 do CPC/2015).
Ademais, ainda que assim não fosse, o próprio § 1º do art. 896-A da CLT estabelece que os indicadores de
transcendência nele nominados não constituem cláusula legal exaustiva, mas possibilita o reconhecimento de
indicadores “entre outros” (RR-1013-78.2015.5.06.0143, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos,
DEJT 31/07/2020).

§ 31/07/2020 – Mantida autorização de trabalho nos feriados durante a pandemia em rede de


supermercados. A decisão leva em conta a essencialidade da atividade. Tratam os autos de agravo
interposto pelo Sindicato dos Empregados no Comércio de Maringá contra a d. decisão monocrática por meio da
qual foi deferida a tutela de urgência requerida pela Companhia Sulamericana de Distribuição e concedido, em
consequência, efeito suspensivo ao seu recurso de revista. Em consequência, foram suspensos os efeitos do v.
acórdão por meio do qual as rés foram condenadas a se absterem de convocar os respectivos empregados que
laboram na área de atuação do sindicato-autor (supermercados e hipermercados) em dias de feriados nos quais
não haja autorização em norma coletiva, até a decisão final do referido apelo. No tocante aos requisitos para a
concessão da tutela vindicada constata-se que, no caso vertente, o fumus boni iuris decorre da virtual possibilidade
de conhecimento do apelo quanto ao pleito de reforma do v. acórdão regional. Como consignado na d. decisão
ora agravada, o Decreto nº 9.127 de 16 de agosto de 2017 alterou o Decreto 27.048/1949, que regulamentou a
Lei nº 605, de 5 de janeiro de 1949, para incluir o comércio varejista de supermercados e de hipermercados no rol
de atividades autorizadas a funcionar permanentemente aos domingos e aos feriados civis e religiosos. Em uma
primeira análise, é possível concluir que, embora exista uma lei que limita de funcionamento do comércio em
geral em dias de feriados à prévia autorização em convenção coletiva de trabalho (Lei nº 10.101/2001), os
supermercados e hipermercados não se encontram abrangidos pela referida norma, porquanto não se inserem na
classificação de estabelecimentos de "comércio em geral", nos moldes previstos no artigo 6º-A, da Lei nº
10.101/2001. Isto porque, para eles, há legislação específica que autoriza funcionamento em domingos e feriados,
independentemente de disposição prévia em convenção coletiva do trabalho. Deve-se primar, nesse caso, pelo
princípio da especialidade da norma. Constata-se, nesse mister, que a lei traz uma previsão genérica e não veda
que o decreto regule as hipóteses excepcionais. Ademais, sobreleva notar que o Decreto nº 9.127/2017 criou
uma justa expectativa para as partes, que definem a sua conduta de acordo com a sua previsão. Assim, tem-se que
a pretensão recursal tem plausibilidade apta a demonstrar o preenchimento primeiro requisito necessário para a
concessão da tutela vindicada. Já o periculum in mora, como afirmado, decorre da possibilidade de a demora na
decisão conclusiva do recurso vir a trazer danos irreparáveis à parte, tendo em vista o atual cenário e a situação
excepcional pela qual passa o país, diante da pandemia provocada pelo novo Coronavírus. Robustece o perigo da
demora o fato de a atividade exercida pela ora agravada, de comercialização de higiene, alimentos e bebidas estar
inserida no rol de atividades essenciais, previstas no Decreto nº 10.282, de 20 de março de 2020, que regulamenta
a Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020. De tal modo, tendo em vista a iminência de feriados nacionais, a
vultosa multa aplicada pelo egrégio Tribunal Regional do Trabalho (no importe de no valor de R$ 1.000,00 (um
mil reais)) pela utilização de mão de obra de cada empregado nesses dias, a dificuldade em se estipular uma
norma coletiva no atual contexto, bem como o evidente prejuízo a ser suportado pelos consumidores ao não
terem acesso aos bens essenciais de consumo nesses dias e ainda terem que se expor ao risco de enfrentar
aglomerações nos dias que antecedem e sucedem os aludidos feriados, resta demonstrado o perigo da demora.
(Ag-TutCautAnt-746-90.2020.5.09.0000, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT
31/07/2020).

Agosto

§ 05/08/2020 – STF fixa a tese segundo a qual “é inconstitucional a incidência de contribuição previdenciária a
cargo do empregador sobre o salário-maternidade”. O STF já definiu que as disposições constitucionais são
legitimadoras de um tratamento diferenciado às mulheres desde que a norma instituidora amplie direitos
fundamentais e atenda ao princípio da proporcionalidade na compensação das diferenças. No entanto, no
presente caso, as normas impugnadas, ao imporem tributação que incide somente quando a trabalhadora é
mulher e mãe cria obstáculo geral à contratação de mulheres, por questões exclusivamente biológicas, uma
vez que torna a maternidade um ônus. Tal discriminação não encontra amparo na Constituição, que, ao
contrário, estabelece isonomia entre homens e mulheres, bem como a proteção à maternidade, à família e à
inclusão da mulher no mercado de trabalho. Inconstitucionalidade material dos referidos dispositivos. (RE
576967, rel. Roberto Barroso, Tribunal Pleno, j. 05/08/2020, DJe 21/10/2020, Tema 72).

81
§ 05/08/2020 – Fechamento da empresa (encerramento da atividade empresarial) não afasta direito de
empregado à estabilidade por acidente de trabalho. A garantia provisória do emprego, nesse caso, tem
caráter social. (RR-1001733-76.2016.5.02.0087, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, DEJT
29/05/2020).

§ 07/08/2020 – A SDI- 1 do TST adotou a tese de que se caracteriza como transitória a transferência inferior a um
período mínimo de 2 (dois) anos em cada posto, fundando-se em tal critério temporal para as transferências, não
sendo o número de transferências que dita o direito ao adicional, mas a sua duração. Outrossim, há
posição firme nesta Corte no sentido de que se considera definitiva a transferência que se conservar até a
extinção do contrato de trabalho, caso dos autos. (RRAg-1533-11.2012.5.01.0037, 8ª Turma, Relatora Ministra
Dora Maria da Costa, DEJT 07/08/2020).35

§ 07/08/2020 – Ação sobre contratação de estagiários do legislativo deve ser julgada pela Justiça Comum.
Não compete à Justiça do Trabalho processar e julgar Ação Civil Pública na qual o Ministério Público do
Trabalho postula que a Assembleia Legislativa do Estado abstenha-se de renovar os contratos de estágio
atualmente em curso e de contratar novos estagiários sem que haja prévia aprovação em processo seletivo; que
seja observada a exigência legal de compatibilidade entre as atividades desenvolvidas no ambiente laboral pelos
estagiários e o curso ou proposta pedagógica; e que seja paga quantia a título de reparação por dano moral
coletivo, havendo, ainda, postulação referente à antecipação de tutela. Como as postulações deduzidas estão
diretamente relacionadas ao controle de legalidade e moralidade do ato administrativo praticado pelo ente
público, relação que se reveste de caráter jurídico-administrativo, fogem, portanto, do âmbito de competência
desta Justiça Especializada. (RR-21294-84.2014.5.04.0001, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa,
DEJT 07/08/2020).

§ 07/08/2020 – Trata-se de ação rescisória ajuizada com o intuito de rescindir a sentença homologatória de
acordo, proferida nos autos de ação coletiva, em que o sindicato, na condição de substituto processual,
transacionou o pagamento do adicional de periculosidade, no valor de 1/3 do valor devido, com acréscimo de
honorários advocatícios, sem anuência expressa do ora Autor. O caso reúne elemento suficiente para invalidar o
acordo, nos termos do art. 485, VIII, do CPC de 73, na medida em que não foi comprovado que o sindicato
estivesse autorizado pelo Autor a transacionar o pagamento de suas verbas rescisórias. 3. Sobre o alcance dos
poderes do sindicato, como substituto processual, oportuno ressaltar o voto vista do Exmo. Ministro Gilmar
Mendes, na ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário 193.503/SP, no sentido de que “o sindicato, na
qualidade de substituto processual, não poderá praticar atos de disposição dos direitos estritamente individuais dos trabalhadores por
ele representados”. (Tribunal Pleno, julgado em 12/06/2006, DJe 24/08/2007). Também o art. 38 do CPC de 73 já
dispunha sobre a necessidade de outorga de poderes especiais para atos de disposição de direitos, o que também
denota a legitimidade ampla do sindicato no plano processual, mas não no material. Não é por outro motivo que
a jurisprudência desta Corte Superior tem se firmado no sentido de que, não obstante os sindicatos detenham
legitimidade ampla para atuar na defesa coletiva e/ou individual das categorias, por força do art. 8º, III, da
CR/88, a substituição processual encontra limites, na medida em que não é dado a essas entidades, de forma livre
e sem prévia autorização, renunciar ou transigir sobre direito material do qual não é titular. Evidenciada a
hipótese de rescindibilidade descrita pelo art. 485, VIII, impõe-se a reforma da decisão recorrida para julgar
procedente a ação rescisória. (RO-9027-54.2012.5.04.0000, SBDI-2, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra
Belmonte, DEJT 07/08/2020).

§ 14/08/2020 – Não é devida a aplicação de multa convencional à empresa que não cumprir a previsão normativa
quanto à apresentação de cópia da RAIS à entidade sindical. Prevalece o entendimento de que a RAIS não é
documento exclusivo do empregador, podendo a entidade sindical requerer o seu acesso no Ministério do
Trabalho. No caso, considerando que a empresa efetivamente apresentou os recibos de entrega da RAIS ao
Ministério do Trabalho, cujas cópias estavam à disposição da entidade sindical caso quisesse acessá-las para
conferência, não subsiste a multa convencional imposta. (RR-638-91.2017.5.09.0024, 2ª Turma, Relator Ministro
Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 14/08/2020).

§ 14/08/2020 – Diante dos princípios da instrumentalidade das formas e do aproveitamento dos atos processuais,
havendo elementos que comprovem o efetivo recolhimento das custas processuais, não há como se considerar

35 “O TST tem decidido que, para a avaliação da natureza da transferência, é necessário cotejar a frequência das mudanças de

localidade de trabalho, bem como a duração de cada uma delas. O que se extrai do acórdão embargado é que o Reclamante,
durante o período contratual de 30 anos, foi submetido a quatro alterações no local da prestação de serviço, tendo a última mudança de
localidade perdurado por doze anos e se estendido até a rescisão contratual. Logo, tem-se que foi definitiva a transferência a que foi
sujeito a Reclamante, pois, para o fim de aplicação da OJ 113 da SbDI-1 do TST, esta Subseção tem decidido que transferências com
duração superior a 2 (dois) anos no período não prescrito não devem ser qualificadas como provisórias, mas sim definitivas.
[...]” (E-ED-RR-2448700-42.2007.5.09.0015, Data de Julgamento: 05/09/2019, Relator Ministro: Alexandre Luiz Ramos, SBDI-1, Data
de Publicação: DEJT 13/09/2019).

82
deserto o recurso. Assim, a despeito da suscitada ausência de elementos capazes de vincular o recolhimento
bancário ao processo, o comprovante de pagamento possui os elementos, previstos na CLT, capazes de
identificar o correto recolhimento das custas processuais, a saber, - pagamento pelo vencido, do valor arbitrado
na sentença e dentro do prazo recursal, nos termos do art. 789, § 1º, da CLT, e da Instrução Normativa nº
20/2002, do TST, razão pela qual não há como se considerar deserto o apelo. Julgados desta Corte Superior.
(RR-605-25.2018.5.23.0009, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 14/08/2020).

§ Controle alternativo de jornada sem negociação coletiva. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DESCUMPRIMENTO
DE OBRIGAÇÃO TRABALHISTA. ADOÇÃO DE CONTROLE DE JORNADA ALTERNATIVO, SEM
RESPALDO EM NEGOCIAÇÃO COLETIVA. REGULARIZAÇÃO POSTERIOR DA SITUAÇÃO.
TUTELA INIBITÓRIA. POSSIBILIDADE. O Tribunal Regional concluiu que o reclamado, de fato, praticou
ato ilícito ao adotar sistema de controle de jornada alternativo, sem prévia negociação coletiva que assim
autorizasse. Contudo, indeferiu o pleito do Ministério Público do Trabalho - consistente em obrigação de não
fazer (abster de utilizar controles alternativos de jornada, sem a formalização em acordo coletivo) - por entender
que tal situação já havia sido corrigida pela empresa. Sucede que o provimento aqui buscado visa, justamente, a
impedir a reiteração da conduta irregular, sendo necessário para tanto, apenas, a configuração do ilícito e a
probabilidade de sua repetição no futuro, de modo que o posterior ajuste da conduta lesiva pela empresa não é
suficiente para afastar tal pretensão. É o que se extrai do artigo 497, parágrafo único, do CPC/2015. É de se
ressaltar, por fim, que, em julgado recente, a SbDI-I desta Corte Superior se manifestou no sentido de ser
desnecessária a atualidade do ato ilícito praticado para fins de formação do juízo de probabilidade necessário ao
deferimento do pretenso direito. Logo, comprovada a conduta ilícita da empresa e considerando a possibilidade
de sua reiteração, torna-se devida a tutela pleiteada. Recurso de revista conhecido e provido. DANOS MORAIS
COLETIVOS. CARACTERIZAÇÃO. ADOÇÃO DE SISTEMA ALTERNATIVO DE CONTROLE DE
PONTO, SEM PRÉVIA NEGOCIAÇÃO COLETIVA. INEXISTÊNCIA DE PREJUÍZO AOS
EMPREGADOS. É certo que o descumprimento reiterado da legislação trabalhista - sobretudo as normas de
saúde, higiene e segurança - enseja indenização por danos morais coletivos, nos termos da jurisprudência pacífica
desta Corte. Não se discute também que a caracterização do referido dano moral dispensa a prova do dano
psíquico dele decorrente. Todavia, o presente caso contém peculiaridade que impede o deferimento da
indenização postulada. Isso porque, embora o banco reclamado tenha, de fato, desrespeitado as normas
administrativas referentes à adoção de sistema alternativo de controle de ponto - fato incontroverso, conforme
registrado pelo Tribunal Regional -, constou que tal circunstância não acarretou nenhum prejuízo aos
empregados. Com efeito, ficou registrado que: “em momento algum ficou provado ou mesmo caracterizado, no
período em que o registro de ponto eletrônico foi adotado no âmbito do trabalho, que o controle ou anotação
dos horários de entrada e saída dos empregados ocorreu de forma errada, em prejuízo dos empregados e a favor
dos interesses comerciais e financeiros do Banco.”. Ora, o descumprimento à legislação trabalhista que
enseja a reparação por danos morais coletivos é aquele que acarreta efetiva lesão ou, ao menos, ameaça
de lesão, a direitos. Não é a hipótese dos autos, na qual a irregularidade perpetrada pelo réu - embora
reprovável e passível de motivar a tutela inibitória, conforme deferido anteriormente -, se aproxima mais
de mera infração administrativa. Ademais, não há que se falar nem mesmo na ocorrência de dano, uma vez
que a ação do reclamado não causou nenhum prejuízo a outrem. Recurso de revista não conhecido”. (RR-1732-
43.2013.5.09.0015, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 14/08/2020).

§ É Ilícito o uso de informações de crédito por empresas de gestão de risco. Discussão sobre a licitude de
uma empresa de gerenciamento de risco do setor de transporte rodoviário de carga possuir e alimentar banco de
dados sobre restrições de crédito de motoristas candidatos a emprego e repassá-las às empresas contratantes. O
juízo de primeiro grau e a Sétima Turma do TST julgaram improcedente a pretensão do MPT de que a empresa
se abstivesse dessa prática. Para a Turma, a atividade desenvolvida pela GPS era lícita e permitia às empresas
examinar a conveniência de contratação de trabalhadores “segundo o perfil individual de cada qual, avaliando,
inclusive, os potenciais impactos nas relações de seguro de cargas”. Um dos requisitos para a interposição de
embargos à SDI-1 é a existência de interpretações divergentes das Turmas do TST sobre a matéria tratada. No
caso, o MPT apontou decisão da Segunda Turma, em ação envolvendo empresa de gestão de riscos, em que a
prática de repassar informações constantes de bancos de dados públicos foi considerada ilícita. O relator dos
embargos do MPT à SDI-1, ministro Alberto Bresciani, destacou que a jurisprudência do TST já pacificou o
entendimento de que as informações constantes nos serviços de proteção ao crédito não podem ser exigidas de
empregados e candidatos a emprego. Segundo ele, a redação atual do artigo 13-A da Lei 11.442/2007, que regula
o transporte de cargas, proíbe a utilização de banco de dados de proteção ao crédito como mecanismo de
vedação de contratos entre os transportadores autônomos e as empresas de transporte rodoviário de cargas. Para
Bresciani, o cadastro organizado pela GPS, ainda que público, destina-se à proteção do crédito a ser concedido
por bancos, particulares e associações comerciais e não deve ser usado para verificar a aptidão de motoristas ao
emprego ou “a probabilidade de que venha a subtrair as mercadorias transportadas”, elevando os custos do
seguro dos fretes. Com esses fundamentos, votou pela condenação da GPS à obrigação de deixar de utilizar o
banco de dados e de buscar informações sobre os candidatos a emprego, com imposição de multa de R$ 10 mil
por candidato em caso de descumprimento, e ao pagamento de indenização de R$ 200 mil por dano moral

83
coletivo. Livre iniciativa: presidente do TST, ministra Maria Cristina Peduzzi, abriu divergência, por entender que
a GPS apenas sistematiza um conjunto de dados, a partir de informações públicas, e não há informações de que
esse procedimento tenha impedido a contratação de trabalhadores. A ministra entende que a condenação da
empresa a impediria de desenvolver atividade lícita, geradora de impostos, “o que vai de encontro ao princípio da
livre iniciativa”. O julgamento foi interrompido pelo pedido de vista do ministro Cláudio Brandão. Processo: E-
RR-933-49.2012.5.10.0001 - Art. 13-A. É vedada a utilização de informações de bancos de dados de proteção ao
crédito como mecanismo de vedação de contrato com o TAC e a ETC devidamente regulares para o exercício da
atividade do Transporte Rodoviário de Cargas. (Incluído pela Lei nº 13.103, de 2015)

§ 14/08/2020 – Nos casos de jornada mista de trabalho preponderantemente no horário noturno, devido é o
adicional noturno, quanto às horas trabalhadas, que seguem no período diurno, aplicando-se, portanto, a Súmula
60, II, do TST. Precedentes da SBDI-1 do TST. (ARR-1000071-37.2015.5.02.0241, 6ª Turma, Relator Ministro
Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 14/08/2020).

§ 14/08/2020 – Confissão ficta só pode ser aplicada caso a parte tenha sido intimada pessoalmente para
depor. O Tribunal Regional manteve a sentença em que foi aplicada a confissão ao reclamante em face da sua
ausência à audiência de instrução. Extrai-se do acórdão recorrido que houve marcação da audiência de instrução
e que o reclamante foi intimado por intermédio de seu patrono. A Súmula nº 74, I, do TST prevê que “aplica-se a
confissão à parte que, expressamente intimada com aquela cominação, não comparecer à audiência em prosseguimento, na qual
deveria depor”. O TST firmou posicionamento no sentido de que deve a parte ser intimada pessoalmente para
prestar depoimento, ainda que tenha advogado constituído nos autos, com poderes específicos para receber
intimação. Julgados. (RR-12708-48.2016.5.15.0012, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT
14/08/2020).

§ 14/08/2020 – Empregado que apresentou diploma falso de conclusão de curso será reintegrado, pois ele
foi demitido por justa causa após o empregador descobrir, 12 anos depois, a falsidade do documento.
No caso, o ato coator concedeu-se a tutela de urgência que visava a reintegração de empregado integrante da
CIPA, declarando nula a despedida, porque equivale a perdão tácito a falta de imediatidade na aplicação da
penalidade, aventada em virtude do fornecimento de atestado escolar supostamente falso quando da admissão,
ocorrida há mais de doze anos. O acórdão regional ora recorrido denegou a segurança. O exame da prova pré-
constituída conduz à conclusão de que o empregado era detentor de garantia provisória de emprego no ato da
demissão, assegurada por norma coletiva em vigor, por ser membro suplente da CIPA. Não se controverte que a
análise em torno da validade da justa causa imputada ao litisconsorte passivo necessário é questão que demanda
dilação probatória exauriente no processo principal, não podendo ser apreciada pela via estreita e
excepcionalíssima do mandado de segurança. De qualquer sorte, não se pode ignorar que não há aparente
justificativa empresarial para buscar - apenas 12 anos depois - a veracidade dos documentos juntados no ato
admissional. Além disso, há que se ter em mente que o certificado de conclusão do segundo grau não parece ser
requisito indispensável para o exercício da função de auxiliar de produção de pneus. A apreciação em torno da
dispensa na vigência do acordo coletivo instituidor de tal garantia faz-se possível diante da documentação
carreada aos autos no feito de origem e replicada nesta demanda, que atesta ser o empregado portador de
estabilidade provisória, porque comprovada a sua posse como membro suplente da CIPA, nos termos do art. 10,
II, "a", do ADCT e da Súmula 339 do TST. Dessa forma, evidenciada a presença dos elementos que justificam o
deferimento da tutela de urgência requerida na ação originária, conforme disposto no artigo 300 do CPC/2015,
conclui-se que não há ofensa a direito líquido e certo das impetrantes. (RO-20496-53.2019.5.04.0000, SBDI-2,
Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 14/08/2020).

§ 16/08/2020 – Publicado o Informativo TST nº 222, cujas principais decisões estão da tabela abaixo:

Informativo TST nº 222


(Período 3 a 14 de agosto de 2020)
A Justiça do Trabalho é competente para apreciar e julgar ação civil pública objetivando que o município
implemente políticas públicas constitucionalmente previstas para prevenir e erradicar o trabalho infantil. A
competência inscrita no art. 114 da Constituição da República não se limita aos casos de relação de emprego
existente, abrangendo, também, o exame de questões relativas ao direito subjetivo das crianças ao não trabalho,
tutela ora pretendida pelo MPT. Manteve-se a declaração de incompetência quanto aos pedidos relativos à
elaboração e implementação de políticas públicas para educação e profissionalização de crianças e adolescentes.
TST-E-RR-44-64.2013.5.09.0009, SBDI-I, red. p/ acórdão Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira,
6/8/2020 – Informativo TST nº 222.
É permitida a fixação de jornada de trabalho aos feriados no comércio varejista de supermercados e hipermercados,
desde que haja prévia autorização em convenção coletiva e seja observada a legislação municipal, conforme
preconiza o artigo 6º-A da Lei nº 10.101/2000. Ainda que o Decreto nº 9.127/2017 tenha inserido o comércio
varejista de supermercados e hipermercados no rol de atividades autorizadas a funcionar continuadamente,

84
permanece a exigência de negociação coletiva por se tratar de regra prevista em lei, cuja regulamentação,
materializada no decreto, não pode inovar no ordenamento jurídico, sob pena de ofensa ao princípio da separação
de Poderes e quebra da coerência do sistema normativo brasileiro. TST-E-ED-ED-RR-266-67.2012.5.04.0571,
SBDI-I, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, 6/8/2020 – Informativo TST nº 222.
Em caso de majoração do lucro líquido do empregador, em face da reapresentação de balanços financeiros, o
deferimento aos empregados de diferenças decorrentes de reflexos sobre a parcela de participação nos lucros e
resultados é medida que se impõe. ARR 1973-54.2014.5.03.0013, 2ª Turma, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta,
julgado em 5/8/2020 – Informativo TST nº 222.
Está superado o entendimento contido no item III da Súmula 244 do TST pelo advento da tese do Tema 497 da
repercussão geral do STF, em julgamento realizado no RE 629.053, na Sessão Plenária de 10/10/2018. Isso porque
o conceito de estabilidade diz respeito à impossibilidade de terminação do contrato de trabalho por ato imotivado
do empregador, não afastando que o contrato termine por outras causas, nas quais há manifestação de vontade do
empregado, como no caso do “pedido” de demissão (a manifestação de vontade se dá no fim do contrato) ou nos
contratos por tempo determinado e no contrato de trabalho temporário (a manifestação de vontade do empregado
já ocorreu no início do contrato). Assim, na hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado, não
há direito à garantia provisória de emprego prevista no art. 10, inciso II, alínea “b”, do ADCT. TST-RR-1001175-
75.2016.5.02.0032, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 4/8/2020 – Informativo TST nº 222.
Em regra, não cabem honorários advocatícios sucumbenciais nas ações ajuizadas anteriormente à entrada em vigor
da Lei nº 13.467 de 2017 (Reforma Trabalhista). TST-RR-1072-36.2017.5.06.0001, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre
Luiz Ramos, julgado em 4/8/2020 – Informativo TST nº 222.
Inexiste direito adquirido à incorporação da gratificação de função, ainda que exercida por mais de 10 anos, frente à
norma expressa do art. 468, § 2º, da CLT. TST-RR-377-71.2017.5.09.0010, 4ª Turma, rel. Min. Ives Gandra da Silva
Martins Filho, julgado em 12/8/2020 – Informativo TST nº 222.
O art. 477, caput, da CLT, na redação anterior à Lei nº 13.467/2017, refere-se apenas à base de cálculo da
indenização nele prevista e não das verbas rescisórias. O acórdão regional, ao manter decisão “que determinou que
se deve tomar como base de cálculo para fins rescisórios a maior remuneração auferida pela reclamante na
reclamada”, aplicou mal o art. 477, caput, da CLT, na redação anterior à Lei nº 13.467/2017. TST-RR-11229-
63.2016.5.03.0138, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 12/8/2020 – Informativo TST nº 222.
A apuração do FGTS deve observar todas as parcelas que integram sua base de cálculo, sejam elas principais ou
seus reflexos. O reconhecimento da natureza salarial dos anuênios acaba por repercutir no cálculo de outras parcelas
que, por determinação legal, também fazem parte da base de cálculo do FGTS, nos termos do art. 15 da Lei
8.036/90. Reconhecida a existência de diferenças salariais, sobre elas deve incidir o FGTS. TST-RR-20348-
08.2016.5.04.0013, 5ª Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 12/8/2020 – Informativo TST nº 222.

§ 18/08/2020 – Encerramento do prazo de vigência da Medida Provisória nº 905, de 11 de novembro de 2019,


que “Institui o Contrato de Trabalho Verde e Amarelo e alterou a legislação trabalhista”.

§ 18/08/2020 – RECURSO EXTRAORDINÁRIO. REPERCUSSÃO GERAL. TEMA 846.


CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. CONTRIBUIÇÃO SOCIAL PREVISTA NO ART. 1º DA LEI
COMPLEMENTAR 110, DE 29 DE JUNHO DE 2001. PERSISTÊNCIA DO OBJETO PARA A QUAL FOI
INSTITUÍDA. 1. O tributo previsto no art. 1º da Lei Complementar 110/2001 é uma contribuição social geral,
conforme já devidamente pacificado no julgamento das ADIs 2556 e 2558. A causa de sua instituição foi a
necessidade de complementação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço FGTS, diante da determinação
desta SUPREMA CORTE de recomposição das perdas sofridas pelos expurgos inflacionários em razão dos
planos econômicos denominados "Verão" (1988) e "Collor" (1989) no julgamento do RE 226.855. 2. O
propósito da contribuição, à qual a sua cobrança encontra-se devidamente vinculada, não se confunde com os
motivos determinantes de sua instituição. 3. O objetivo da contribuição estampada na Lei Complementar
110/2001 não é exclusivamente a recomposição financeira das perdas das contas do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço - FGTS em face dos expurgos inflacionários decorrentes dos planos econômicos Verão e
Collor. 4. A LC 110/2001 determinou que as receitas arrecadadas deverão ser incorporadas ao Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço – FGTS (art. 3º, § 1º), bem como autorizou que tais receitas fossem utilizadas
para fins de complementar a atualização monetária resultante da aplicação, cumulativa, dos percentuais de
dezesseis inteiros e sessenta e quatro centésimos por cento e de quarenta e quatro inteiros e oito décimos por
cento, sobre os saldos das contas mantidas, respectivamente, no período de 1º de dezembro de 1988 a 28 de
fevereiro de 1989 e durante o mês de abril de 1990 (art. 4º, caput ). 5. Já o artigo 13 da Lei Complementar
110/2001 determina que as leis orçamentárias anuais referentes aos exercícios de 2001, 2002 e 2003 assegurarão
destinação integral ao FGTS de valor equivalente à arrecadação das contribuições de que tratam os arts. 1º e 2º
desta Lei Complementar). 6. Ao estabelecer que, até o ano de 2003, as receitas oriundas das contribuições ali
estabelecidas terão destinação integral ao FGTS, pode-se concluir que, a partir de 2004, tais receitas poderão ser
parcialmente destinadas a fins diversos, desde que igualmente voltados à preservação dos direitos inerentes ao

85
FGTS, ainda que indiretamente. 7. Portanto, subsistem outras destinações a serem conferidas à contribuição
social ora impugnada, igualmente válidas, desde que estejam diretamente relacionadas aos direitos decorrentes do
FGTS. 8. Recurso extraordinário a que se nega provimento. Tese de repercussão geral: "É constitucional a
contribuição social prevista no artigo 1º da Lei Complementar nº 110, de 29 de junho de 2001, tendo em vista a
persistência do objeto para a qual foi instituída. (RE 878313, Relator(a): Marco Aurélio, Relator(a) p/ Acórdão:
Alexandre de Moraes, Tribunal Pleno, julgado em 18/08/2020, DJe 04-09-2020)

§ 14/08/2020 – Não se presume discriminatória a despedida somente pelo fato de o empregado ter
ajuzado ações trabalhistas pretéritas em face do empregador. No caso julgado, era incontroverso que o
reclamante tenha ajuizado reclamatórias trabalhistas anteriores em desfavor da empresa, contudo isso não
permite concluir pela caracterização de dispensa discriminatória, arbitrária ou preconceituosa por parte da
reclamada, não podendo a condenação se pautar na mera presunção. A discriminação deve ser provada. Caso
contrário não há falar em nulidade da dispensa, mormente diante da ausência de prova efetiva da prática pela
reclamada de qualquer conduta discriminatória vedada pelo art. 1º da Lei nº 9.029/95. RR-10240-
10.2018.5.03.0034, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 14/08/2020.36

§ 14/08/2020 – 5ª Turma do TST decide que sindicato que recebeu contribuições sindicais dos seus empregados
deve ser incluído na ação em que outro sindicato questiona o enquadramento sindical, pois pedia que fosse
declarado representante dos empregados da empresa, para fins de negociação e de recolhimento das taxas
assistenciais ou da contribuição sindical. A medida é admissível para resguardar o ente sindical do prejuízo
decorrente do alegado recolhimento da contribuição a outro sindicato. O instituto da denunciação da lide é
admissível para resguardar o denunciante do prejuízo advindo do alegado recolhimento da contribuição sindical a
outro sindicato que não o autor, inserindo-se tal debate na competência da Justiça do Trabalho a justificar a
excepcionalidade do seu cabimento. (RRAg-289-06.2016.5.07.0016, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros,
DEJT 14/08/2020). No caso julgado, o juízo de primeiro grau e o TRT da 7ª Região indeferiram o pedido, ao
argumento de que o fato de a empregadora ter recolhido indevidamente a contribuição sindical a sindicato que
não a representava não obriga o magistrado a acolher o pedido de inclusão dessa entidade no processo
(denunciação da lide), pois o sindicato autor não teria responsabilidade pelo eventual recolhimento indevido feito
pela empresa.

§ 21/08/2020 – O STF fixou a tese de que a transação extrajudicial que importa rescisão do contrato de trabalho
em razão de adesão voluntária do empregado a plano de dispensa incentivada enseja quitação ampla e irrestrita de
todas as parcelas objeto do contrato de emprego, caso essa condição tenha constado expressamente do acordo
coletivo que aprovou o plano, bem como dos demais instrumentos celebrados com o empregado (RE
590.415/SC). Se não há registro de existência de cláusula expressa em acordo coletivo de trabalho dando
quitação geral do contrato de trabalho para os empregados que aderissem ao PDV, ou até mesmo de ter sido o
PDV instituído mediante negociação coletiva, aplica-se a jurisprudência até então pacificada no âmbito desta
Corte Superior, no sentido de que a adesão do empregado a programa de desligamento voluntário (PAE) não
enseja quitação total dos direitos decorrentes do contrato de trabalho, abrangendo tão somente as parcelas e os
valores constantes do recibo de quitação (OJ nº 270 da SBDI-1 do TST) (RR-11973-76.2017.5.18.0018, 2ª
Turma, Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, DEJT 21/08/2020).

§ 21/08/2020 – A jurisprudência do STF firmou-se no sentido de reconhecer que a Lei nº 4.950-A/66 não viola o
art. 7º, IV, da CRFB/88, ao prever a fixação do piso salarial em múltiplos do salário-mínimo, sendo certa a
vedação de vinculação de futuros aumentos ao reajuste automático do salário-mínimo. Logo, a estipulação do
salário profissional dos médicos veterinários, adotando-se múltiplos do salário-mínimo não vulnera o disposto no
art. 7°, IV, da Constituição, norma que proíbe a automática correção do salário profissional baseada no reajuste
do salário-mínimo. Assim, o piso salarial de contratação pode ser o previsto na Lei nº 4.950-A, de 1966, somente
não sendo reconhecida como juridicamente viável a correção automática (indexação) do salário profissional do
arquiteto toda vez que for reajustado o salário-mínimo (Súmula Vinculante 4 do STF). Nesse sentido, inclusive,
tem-se a diretriz que emana da OJ nº 71 da SBDI-2 do TST. Desse modo, quando da contratação do médico
veterinário, a sua remuneração deve observar os parâmetros previstos na Lei n° 4.950-A/66, que estão
estabelecidos com base no mínimo legal. O piso de contratação, assim, é prefixado, não podendo ser inferior ao
estabelecido pela Lei nº 4.950-A/66. (RR-24522-23.2016.5.24.0007, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio
Godinho Delgado, DEJT 21/08/2020).

§ 21/08/2020 – Trabalhador rural tem direito ao pagamento de horas extras decorrentes da supressão do
intervalo para recuperação térmica estabelecido no Anexo 3 da NR-15 para o caso de exposição ao calor
acima dos limites de tolerância. A concessão do intervalo para recuperação térmica estabelecido na referida

36 Há julgado da SBDI-1 entendendo discriminatória a dispensa de empregado que ajuíza reclamação trabalhista. Mas, o acórdão não

enfrenta a questão da presunção. (E-ARR-10256-19.2014.5.03.0061, SBDI-1, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, DEJT
22/11/2019).

86
norma regulamentadora constitui medida que visa assegurar a higiene, a saúde e a segurança do trabalhador, a
qual não se confunde com o direito ao adicional de insalubridade. Por conseguinte, a supressão do referido
intervalo enseja o respectivo pagamento como horas extras, conforme exegese aplicada em relação aos intervalos
dos arts. 71, § 4º, e 253 da CLT. A percepção do adicional de insalubridade não afasta o direito ao intervalo em
comento, o qual deve ser assegurado e considerado tempo de serviço para todos os efeitos legais. RR-240-
63.2019.5.06.0411, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 21/08/2020.

§ 21/08/2020 – Segundo a jurisprudência que vem se firmando no TST, no exercício das funções de operador de
empilhadeira, a exposição a gases inflamáveis configura condição de risco acentuado, a ensejar o direito ao
adicional de periculosidade. A exposição diária e habitual a agente inflamável em condições de risco acentuado,
ainda que por apenas 5 (cinco) minutos, dá direito ao pagamento do adicional de periculosidade, uma vez que
não se configura o “tempo extremamente reduzido”, mas contato intermitente (Súmula 364 do TST) (RR-
1002302-81.2014.5.02.0464, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 21/08/2020).37

§ 21/08/2020 – A ECT é empresa pública federal, equiparada à Fazenda Pública, e deve obediência aos princípios
que regem a administração pública em geral (art. 37, caput, da CR/88), especificamente o da legalidade. Logo, tem
o dever jurídico de conformar suas práticas administrativas ao disciplinado em lei, podendo anular seus atos,
como expressamente determinado pelas Súmulas nº 346 e 473 do STF. Por isso, não constitui ofensa ao art. 468
da CLT, nem vulneração à Súmula nº 51, item I, do TST, a adequação da metodologia de cálculo da gratificação
de férias, promovida pela ECT, após 01/07/2016 (Memorando-Circular nº 2316/2016 - GPAR/CEGEP). Sob
esse enfoque, fixa-se o seguinte entendimento: “ainda que praticado de forma reiterada, o pagamento indevido de parcela
trabalhista (v.g. gratificação de férias), por erro de cálculo, não gera ao empregado direito à adoção continuada do critério errado no
cálculo e pagamento de parcelas futuras, sem, contudo, haver obrigação de devolução dos valores já recebidos conforme metodologia
anterior”. (RR-11619-49.2016.5.03.0068, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 21/08/2020).

§ 21/08/2020 – Aeronauta tem direito ao adicional de periculosidade em relação às horas variáveis. No


caso, a reclamada já pagava o adicional de periculosidade à reclamante. Portanto, revelou-se inócua a discussão a
respeito da incidência da Súmula nº 447 do TST, que consagra o entendimento segundo o qual “tripulantes e demais
empregados em serviços auxiliares de transporte aéreo que, no momento do abastecimento da aeronave, permanecem a bordo não têm
direito ao adicional de periculosidade [...]”. Cinge-se a controvérsia à incidência do adicional de periculosidade também
em relação à parte variável do salário do aeronauta, cujo salário básico é composto de uma parte fixa e de outra
variável, decorrente da prestação de trabalho após a 54ª hora semanal. Se a atividade do aeronauta é considerada
de risco durante as horas fixas de voo, não há justificativa para excluí-lo em relação às horas variáveis, ou seja,
aquelas prestadas além das 54 horas semanais. A condição perigosa não se altera em relação às horas variáveis
resultando dessa circunstância o pagamento do adicional de periculosidade, tanto pelo seu caráter retributivo
como salarial, os quais não podem ser suprimidos por cláusula meramente contratual em razão de norma cogente
(arts. 7º, XXIII, da CRFB/88, 193 e 457, § 1º, da CLT). Há julgados. (ED-ARR-1001386-20.2016.5.02.0709, 6ª
Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 21/08/2020) e (ARR-1001386-20.2016.5.02.0709, 6ª
Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 06/03/2020).

§ 21/08/2020 – Cinge-se a controvérsia em definir se a Justiça do Trabalho possui competência para apreciar
demanda, que versa sobre empregada brasileira contratada no exterior para prestar serviços em solo
estrangeiro. A competência da Justiça do Trabalho para apreciar demandas relacionadas às relações de trabalho
está definida no artigo 114, I, da CR/88. O artigo 651, caput, da CLT, por sua vez, a define, em razão do lugar.
No § 2º do mencionado preceito está prevista uma das exceções à regra da territorialidade, que define que a
competência se estende aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro, desde que o empregado seja
brasileiro e não haja convenção internacional dispondo em contrário. Ainda, o artigo 21, inc. I e parágrafo único,
do CPC de 2015 estabelece ser competente a autoridade judiciária brasileira sempre que o réu estiver domiciliado
no Brasil, considerando-se assim a pessoa jurídica que aqui tiver agência, filial ou sucursal. Portanto, deve ser
mantido o entendimento adotado no acórdão regional, no sentido de ser a Justiça do Trabalho brasileira a
competente para julgar o caso. Já sobre o direito material aplicável, a Lei nº 11.962/2009, ao alterar o texto do
artigo 1º da Lei nº 7.064/82, estendeu a todos os trabalhadores contratados no Brasil ou transferidos por seus
empregadores para prestar serviços no exterior tal aplicação. A garantia abrange não somente os dispositivos
concernentes à transferência e retorno para o Brasil, mas também o próprio universo normativo que regula o
contrato durante o período de permanência do empregado no exterior. Assim, assegura-se ao trabalhador
brasileiro contratado para prestar serviços no exterior a possibilidade de aplicação da legislação pátria “quando
mais favorável do que a legislação territorial, no conjunto de normas e em relação a cada matéria” (inciso II do
artigo 3º da Lei nº 7.064/82). Esse panorama jurídico motivou, inclusive, o cancelamento da Súmula nº 207 do
TST. Afinal, a possibilidade de aplicação da norma mais favorável ao trabalhador se contrapõe à rigidez do

37 No mesmo sentido, entendendo que 4 (quatro) minutos de exposição diária ao risco são suficientes para configurar o potencial lesivo,

especialmente considerando que o próprio trabalhador realizava o abastecimento: RR-1002055-42.2015.5.02.0472, 2ª Turma, Relatora
Ministra Delaide Miranda Arantes, DEJT 13/03/2020.

87
princípio da territorialidade, antes consagrado na jurisprudência deste Tribunal. Na hipótese dos autos, o
Tribunal Regional, soberano no exame do conjunto fático-probatório, registrou que a legislação brasileira é mais
benéfica à reclamante. Assim, sendo aplicável a legislação brasileira e, tendo a recorrente alegado óbice presente
somente na legislação estrangeira, não há equívoco a ser sanado no acórdão regional. (Ag-AIRR-459-
64.2015.5.10.0004, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 21/08/2020).38

§ Cabe limitação do valor de astreintes ao valor da obrigação principal? RECURSO DE REVISTA


INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO ANTES DA VIGÊNCIA DA LEI Nº
13.015/2014. MULTA DIÁRIA OU ASTREINTE. LIMITAÇÃO AO VALOR DA OBRIGAÇÃO
PRINCIPAL. ART. 412 DO CÓDIGO CIVIL E ORIENTAÇÃO JURISPRUDENCIAL Nº 54 DA SBDI-1
DO TST. INAPLICABILIDADE. A multa cominatória (astreinte) trata-se de instituto de natureza jurídica
processual, previsto no art. 461 do CPC/1973 (art. 537 do CPC/2015), conferindo ao julgador a faculdade de
compelir a parte ao cumprimento de determinada obrigação de fazer ou não fazer, ao passo que a cláusula penal,
disciplinada nos arts. 408 a 416 do Código Civil, possui natureza jurídica material e está relacionada ao
cumprimento da indenização por perdas e danos. Considerando que a hipótese dos autos diz respeito à multa
pelo descumprimento de obrigação de fazer, não há que se falar na limitação prevista no art. 412 do Código
Civil ou na aplicação da OJ 54 da SBDI-1 do TST. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá
provimento (ARR-1183-72.2012.5.23.0146, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena Mallmann, DEJT
21/08/2020).

§ 24/08/2020 – Conversão da Medida Provisória nº 945, de 2020 na Lei nº 10.047, de 24 de agosto de 2020, que
“Dispõe sobre medidas temporárias para enfrentamento da pandemia da Covid-19 no âmbito do setor portuário, [...] e altera as Leis
nºs 9.719, de 27 de novembro de 1998, 7.783, de 28 de junho de 1989, 12.815, de 5 de junho de 2013, 7.565, de 19 de
dezembro de 1986, e 10.233, de 5 de junho de 2001.” Incluiu-se no rol de serviços ou atividades essenciais do
artigo 10 da Lei de Greve as “atividades portuárias”.

§ 24/08/2020 – STF fixa tese pela qual servidores que tiveram relação jurídica regida pela CLT, modificada
considerado regime jurídico único, têm direito à diferença remuneratória decorrente do Plano de Cargos,
Carreiras e Salários – PCCS, em razão da irredutibilidade. (RE 1023750, Relator(a): Marco Aurélio, Tribunal
Pleno, julgado em 24/08/2020, DJe 17/09/2020)

§ 24/08/2020 – COMPETÊNCIA – CONTRIBUIÇÃO SOCIAL – SENTENÇA TRABALHISTA. A Justiça do


Trabalho é competente para executar, de ofício, as contribuições previstas no artigo 195, incisos I, alínea “a”, e
II, da Carta da República, relativamente a títulos executivos judiciais por si formalizados em data anterior à
promulgação da Emenda Constitucional nº 20 de 1998 (RE 595326, Relator(a): Marco Auréio, Tribunal Pleno,
julgado em 24/08/2020, DJe 17/09/2020, Tema 505)

§ Salário não pode ser penhorado para pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais. RECURSO
ESPECIAL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. AÇÃO DE
INDENIZAÇÃO. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DE
SUCUMBÊNCIA. NATUREZA ALIMENTAR. EXCEÇÃO DO § 2º DO ART. 833. PENHORA DA
REMUNERAÇÃO DO DEVEDOR. IMPOSSIBILIDADE. DIFERENÇA ENTRE PRESTAÇÃO
ALIMENTÍCIA E VERBA DE NATUREZA ALIMENTAR. JULGAMENTO: CPC/15. 1. Ação de
indenização, na fase de cumprimento de sentença para o pagamento dos honorários advocatícios, da qual foi
extraído o presente recurso especial, interposto em 12/02/2019 e atribuído ao gabinete em 18/06/2019. 2. O
propósito recursal é decidir se o salário do devedor pode ser penhorado, com base na exceção prevista no § 2º do
art. 833 do CPC/15, para o pagamento de honorários advocatícios, por serem estes dotados de natureza
alimentar, nos termos do art. 85, § 14, do CPC/15. 3. Devidamente analisadas e discutidas as questões de mérito,
e suficientemente fundamentado o acórdão recorrido, de modo a esgotar a prestação jurisdicional, não há que se
falar em violação do art. 1.022, II, do CPC/15. 4. Os termos "prestação alimentícia", "prestação de alimentos" e
"pensão alimentícia" são utilizados como sinônimos pelo legislador em momentos históricos e diplomas diversos
do ordenamento jurídico pátrio, sendo que, inicialmente, estavam estritamente relacionados aos alimentos
familiares, e, a partir do CC/16, passaram a ser utilizados para fazer referência aos alimentos indenizatórios e aos
voluntários. 5. O termo "natureza alimentar", por sua vez, é derivado de "natureza alimentícia", o qual foi

38 A própria Lei nº 7.064/1982 cuidou de elastecer o seu alcance também ao empregado contratado por empresa sediada no

Brasil, independentemente do local onde firmado o ajuste. Nesse sentido, disciplina o seu art. 2º, inciso III: “Para os efeitos desta Lei,
considera-se transferido: I - o empregado removido para o exterior, cujo contrato estava sendo executado no território brasileiro; II - o empregado cedido à empresa
sediada no estrangeiro, para trabalhar no exterior, desde que mantido o vínculo trabalhista com o empregador brasileiro; III - o empregado contratado por
empresa sediada no Brasil para trabalhar a seu serviço no exterior”. (gn) Assim, pouco importa que a reclamante já residisse em
Luanda, no momento da celebração do contrato, e mesmo considerando que o instrumento fora lá assinado pelos litigantes, a
reclamada é uma entidade genuinamente brasileira.

88
introduzido no ordenamento jurídico pela Constituição de 1988, posteriormente conceituado pela EC nº
30/2000, constando o salário como um dos exemplos. 6. Atento à importância das verbas remuneratórias, o
constituinte equiparou tal crédito ao alimentício, atribuindo-lhe natureza alimentar, com o fim de conceder um
benefício específico em sua execução, qual seja, a preferência no pagamento de precatórios, nos termos do art.
100, § 1º, da CRFB. 7. As verbas remuneratórias, ainda que sejam destinadas à subsistência do credor, não são
equivalentes aos alimentos de que trata o CC/02, isto é, àqueles oriundos de relações familiares ou de
responsabilidade civil, fixados por sentença ou título executivo extrajudicial. 8. Uma verba tem natureza alimentar
quando destinada à subsistência do credor e de sua família, mas apenas se constitui em prestação alimentícia
aquela devida por quem tem a obrigação de prestar alimentos familiares, indenizatórios ou voluntários em favor
de uma pessoa que, necessariamente, deles depende para sobreviver. 9. As verbas remuneratórias, destinadas, em
regra, à subsistência do credor e de sua família, mereceram a atenção do legislador, quando a elas atribuiu
natureza alimentar. No que se refere aos alimentos, porque revestidos de grave urgência - porquanto o
alimentando depende exclusivamente da pessoa obrigada a lhe prestar alimentos, não tendo outros meios para se
socorrer -, exigem um tratamento mais sensível ainda do que aquele conferido às verbas remuneratórias dotadas
de natureza alimentar. 10. Em face da nítida distinção entre os termos jurídicos, evidenciada pela análise histórica
e pelo estudo do tratamento legislativo e jurisprudencial conferido ao tema, forçoso concluir que não se deve
igualar verbas de natureza alimentar às prestações alimentícias, tampouco atribuir àquelas os mesmos benefícios
conferidos pelo legislador a estas, sob pena de enfraquecer a proteção ao direito, à dignidade e à sobrevivência do
credor de alimentos (familiares, indenizatórios ou voluntários), por causa da vulnerabilidade inerente do credor
de alimentos quando comparado ao credor de débitos de natureza alimentar. 11. As exceções destinadas à
execução de prestação alimentícia, como a penhora dos bens descritos no art. 833, IV e X, do CPC/15, e do bem
de família (art. 3º, III, da Lei 8.009/90), assim como a prisão civil, não se estendem aos honorários
advocatícios, como não se estendem às demais verbas apenas com natureza alimentar, sob pena de
eventualmente termos que cogitar sua aplicação a todos os honorários devidos a quaisquer profissionais liberais,
como médicos, engenheiros, farmacêuticos, e a tantas outras categorias. 12. Recurso especial conhecido e não
provido. (REsp 1815055/SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi, Corte Especial, julgado em 03/08/2020, DJe
26/08/2020)

§ 28/08/2020 – Nos termos da jurisprudência dominante do TST, o empregador está isento de pagar o aviso-
prévio apenas na hipótese em que o empregado tenha requerido a dispensa de seu cumprimento, por ter obtido
um novo emprego, caso em que a comprovação de novo emprego torna-se necessária para que se confirme que
o empregado solicitou a dispensa sem qualquer vício na sua manifestação de vontade. Portanto, não havendo
pedido de dispensa do cumprimento do aviso- prévio por parte do empregado, é irrelevante o fato de ele ter
conseguido novo emprego, razão pela qual o empregador continua obrigado por seu pagamento, nos termos da
súmula nº 276 do TST. (E-ARR-1754-16.2013.5.10.0002, SBDI-1, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta,
DEJT 28/08/2020).

§ 28/08/2020 – Para apresentação do agravo de petição, cabe a parte mencionar os valores


incontroversos, sendo ilegal exigir que estes estejam atualizados. A parte executada delimitou a matéria e
os valores objeto de sua irresignação no agravo de petição. O Tribunal de origem, todavia, entendeu que
mencionados valores deveriam estar atualizados e, deste modo, não conheceu do agravo de petição. Ocorre que a
exigência de atualização dos valores constitui, na espécie, pressuposto recursal não previsto expressamente pela
lei, o que ofende as garantias do contraditório e da ampla defesa. Precedentes. Recurso de revista de que se
conhece e a que se dá provimento. (ARR-286-90.2012.5.05.0034, 2ª Turma, Relatora Ministra Maria Helena
Mallmann, DEJT 28/08/2020).

§ 28/08/2020 – Improcede o pedido de indenização substitutiva da estabilidade provisória da gestante


que recusou injustificadamente a reintegração. Cinge-se a controvérsia à possibilidade de se deferir
indenização substitutiva nos casos em que há recusa injustificada da empregada gestante à proposta do
empregador de retorno ao trabalho. Na hipótese dos autos, ficou devidamente comprovado que o empregador,
tão logo teve conhecimento do estado gestacional da reclamante, espontaneamente lhe ofereceu o retorno ao
posto de trabalho, sendo que esta injustificadamente se recusou a retornar. Logo, não há como dar guarida à
pretensão indenizatória, diante do implícito abuso de direito por parte da gestante. Recurso de revista conhecido
e provido. (RR-11395-81.2018.5.18.0082, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT
28/08/2020).39

39 A decisão foi por maioria e possui os seguintes detalhes fáticos que merecem ser registrados: (1) a gravidez foi descoberta após o

encerramento do contrato, (2) após a homologação da rescisão contratual a reclamante comunicou a assistente do departamento pessoal
da empresa acerca da gravidez, (3) diante da notícia da gravidez, a empresa imediatamente informou à reclamante que ela era detentora de
estabilidade e que seria reintegrada, (4) a reclamante compareceu na empresa, informou que não tinha interesse na reintegração e
formalizou declaração de próprio punho no sentido de que renunciava a reintegração. De todo modo, importante alertar que este não é o
entendimento da SBDI-1 do TST, que considera o direito irrenunciável pela gestante, por também pertencer ao nascituro.

89
§ O crédito decorrente das astreintes aplicadas no bojo de processo trabalhista deve ser habilitado na
recuperação judicial na classe dos quirografários, e não na dos créditos trabalhistas (REsp 1.804.563-SP,
Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, Terceira Turma, por unanimidade, julgado em 25/08/2020, DJe 31/08/2020).
A controvérsia cinge-se a saber se o crédito decorrente das astreintes, aplicadas no bojo de processo trabalhista,
em razão de descumprimento de ordem emanada pelo Juízo trabalhista, deve ser habilitado na recuperação
judicial na classe dos créditos trabalhistas, ou na dos quirografários.Inicialmente, destaca-se que as astreintes
possuem o propósito especifico de coagir a parte a cumprir determinada obrigação imposta pelo juízo - em
tutelas provisórias e específicas ou mesmo na sentença -, incutindo, em seu psicológico, o temor de sofrer sanção
pecuniária decorrente de eventual inadimplemento, do que ressai, indiscutivelmente, seu caráter coercitivo e
intimidatório. Trata-se, pois, de técnica executiva, de viés puramente instrumental, destinada a instar a parte a
cumprir, voluntariamente (ainda que sem espontaneidade), a obrigação judicial, tal como lhe foi imposta. Na
hipótese de a técnica executiva em comento mostrar-se inócua, incapaz de superar a renitência do devedor em
cumprir com a obrigação judicial, a multa assume claro viés sancionatório. Trata-se, nesse caso, de penalidade
processual imposta à parte, sem nenhuma finalidade ressarcitória pelos prejuízos eventualmente percebidos pela
parte adversa em razão do descumprimento da determinação judicial ou correlação com a prestação, em si, não
realizada.O fato de a multa processual ter sido imposta no bojo de uma reclamação trabalhista não faz com que
esta adira ao direito material ali pretendido, confundindo-se com as retribuições trabalhistas de origem
remuneratória e indenizatória. Primeiro, porque a obrigação judicial inadimplida, ensejadora da imposição de
sanção pecuniária, não se confunde, necessariamente, com o direito ao final reconhecido na reclamação
trabalhista. Segundo e principalmente, porquanto a sanção pecuniária imposta em razão do descumprimento da
obrigação judicial - estabelecida em tutelas provisórias e específicas ou mesmo na sentença -, de natureza
processual, não possui nenhum conteúdo alimentar, que é, justamente, o critério justificador do privilégio legal
dado às retribuições trabalhistas de origens remuneratória e indenizatória. Não se pode conferir tratamento
assemelhado a realidades tão díspares. O crédito trabalhista tem como substrato e fato gerador o desempenho da
atividade laboral pelo trabalhador, no bojo da relação empregatícia, destinado a propiciar a sua subsistência, do
que emerge seu caráter alimentar. As astreintes, fixadas no âmbito de uma reclamação trabalhista 190 (concebidas
como sanção pecuniária de natureza processual), não possuem origem, nem sequer indireta, no desempenho da
atividade laboral do trabalhador.A interpretação demasiadamente alargada à noção de "crédito trabalhista", a
pretexto de beneficiar determinado trabalhador, promove, em última análise, indesejado desequilíbrio no
processo concursal de credores, sobretudo na classe dos trabalhistas, em manifesta violação ao princípio da par
conditio creditorum. (Informativo STJ nº 679)

§ 17/08/2020 – A SBDI-1 do TST começou a analisar a licitude do uso de informações de crédito por empresas
de gestão de risco em relação aos candidatos ao emprego. A discussão pauta-se na licitude de uma empresa de
gerenciamento de risco do setor de transporte rodoviário de carga possuir e alimentar banco de dados sobre
restrições de crédito de motoristas candidatos a emprego e repassá-las às empresas contratantes. Inicialmente, o
juízo de primeiro grau e a 7ª Turma do TST julgaram improcedente a pretensão do MPT de que a empresa se
abstivesse dessa prática. Para a Turma, a atividade desenvolvida era lícita e permitia às empresas examinar a
conveniência de contratação de trabalhadores “segundo o perfil individual de cada qual, avaliando, inclusive, os potenciais
impactos nas relações de seguro de cargas”. Para chegar à SDI, o MPT apontou decisão da 2ª Turma, em ação
envolvendo empresa de gestão de riscos, em que a prática de repassar informações constantes de bancos de
dados públicos foi considerada ilícita. O relator dos embargos do MPT à SDI-1, ministro Alberto Bresciani,
destacou que a jurisprudência do TST já pacificou o entendimento de que as informações constantes nos serviços
de proteção ao crédito não podem ser exigidas de empregados e candidatos a emprego. Segundo ele, a redação
atual do artigo 13-A da Lei 11.442/2007, que regula o transporte de cargas, proíbe a utilização de banco de dados
de proteção ao crédito como mecanismo de vedação de contratos entre os transportadores autônomos e as
empresas de transporte rodoviário de cargas. Para Bresciani, o cadastro organizado pela GPS, ainda que público,
destina-se à proteção do crédito a ser concedido por bancos, particulares e associações comerciais e não deve ser
usado para verificar a aptidão de motoristas ao emprego ou “a probabilidade de que venha a subtrair as
mercadorias transportadas”, elevando os custos do seguro dos fretes. Com esses fundamentos, votou pela
condenação da GPS à obrigação de deixar de utilizar o banco de dados e de buscar informações sobre os
candidatos a emprego, com imposição de multa de R$ 10 mil por candidato em caso de descumprimento, e ao
pagamento de indenização de R$ 200 mil por dano moral coletivo. A presidente do TST, ministra Maria Cristina
Peduzzi, abriu divergência, por entender que a GPS apenas sistematiza um conjunto de dados, a partir de
informações públicas, e não há informações de que esse procedimento tenha impedido a contratação de
trabalhadores. A ministra entende que a condenação da empresa a impediria de desenvolver atividade lícita,
geradora de impostos, “o que vai de encontro ao princípio da livre iniciativa”. O julgamento foi interrompido
pelo pedido de vista do ministro Cláudio Brandão. Processo: E-RR-933-49.2012.5.10.0001

§ 28/08/2020 – Professor dispensado no início do semestre letivo receberá indenização pela perda de uma
chance. Uma vez iniciado o semestre letivo, a probabilidade de recolocação do professor em outra instituição de
ensino é bastante prejudicada, na medida em que se presume estarem preenchidos os demais postos de trabalho
de professor. Assim, tendo em vista que o rompimento imotivado do professor após início das atividades letivas

90
dificulta a sua recolocação no mercado de trabalho, constata-se que o procedimento adotado pela instituição de
ensino reclamada ultrapassou os limites do poder diretivo, sendo o pagamento de indenização por danos morais
e materiais medida que se impõe, porquanto configurada a perda de uma chance, consoante o disposto no artigo
927 do Código Civil. (RR-1789-71.2016.5.10.0001, 2ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta,
DEJT 28/08/2020). A teoria da perda de uma chance foi construída a partir da responsabilidade civil prevista
nos arts. 186 e 927 do CCB, segundo a qual a vítima é privada da oportunidade de obter certa vantagem, em face
de ato ilícito praticado pelo ofensor, configurando-se um prejuízo material indenizável, consubstanciado na real
probabilidade de um resultado favorável esperado. O que se indeniza é a possibilidade de obtenção do resultado
esperado. A indenização buscada não deve corresponder efetivamente à vantagem esperada, mas sim à perda da
oportunidade de obter a vantagem ou de evitar o prejuízo. Mas, no caso julgado, a remuneração mensal do
reclamante era de R$ 8.009,67. Sua dispensa logo após o início do semestre resultou em frustração quanto à
continuidade do vínculo empregatício e em dificuldade de recolocação no mercado de trabalho pelos seis meses
seguintes, razão pela qual Turma entendeu que a indenização por dano material deve corresponder ao prejuízo
suportado neste interregno. Assim, a reparação pecuniária, decorrente do dano material consistiu em 6 x R$
8.009,67 (acrescidos de 6/12 avos – a título de 13º salário proporcional – R$ 4.004,83, somados a 6/12 avos de
férias proporcionais – com o respectivo terço constitucional – R$ 5.339,76), o que totaliza R$ 57.402,61
(cinquenta e sete mil, quatrocentos e dois reais, e sessenta e um centavos). Mas, fora este caso do professor, o
valor da indenização deve ter como parâmetro o valor total do resultado esperado e sobre este deverá incidir um
coeficiente de redução proporcional às probabilidades de obtenção desse resultado. Ou seja, com base nas provas
produzidas e na sua convicção, o juiz deverá levar em conta as probabilidades reais de o autor da ação alcançar o
resultado esperado. Quanto maiores essas possibilidades, maior deve ser o valor da indenização.

§ 31/08/2020 – STF entende que é legítima a incidência de contribuição social sobre o valor satisfeito a
título de terço constitucional de férias (RE 1.072.485, rel. min. Marco Aurélio, j. 31/08/2020, DJe 2/10/2020,
Tema 985).

§ Direito Previdenciário e Constitucional. Constitucionalidade do art. 57, § 8º, da Lei nº 8.213/91.


Percepção do benefício de aposentadoria especial independentemente do afastamento do beneficiário
das atividades laborais nocivas a sua saúde. Impossibilidade. Recurso extraordinário parcialmente
provido. 1. O art. 57, § 8º, da Lei nº 8.213/91 é constitucional, inexistindo qualquer tipo de conflito entre ele e
os arts. 5º, inciso XIII; 7º, inciso XXXIII; e 201, § 1º, da Lei Fundamental. A norma se presta, de forma razoável
e proporcional, para homenagear o princípio da dignidade da pessoa humana, bem como os direitos à saúde, à
vida, ao ambiente de trabalho equilibrado e à redução dos riscos inerentes ao trabalho. 2. É vedada a
simultaneidade entre a percepção da aposentadoria especial e o exercício de atividade especial, seja essa última
aquela que deu causa à aposentação precoce ou não. A concomitância entre a aposentadoria e o labor especial
acarreta a suspensão do pagamento do benefício previdenciário. 3. O tema da data de início da aposentadoria
especial é regulado pelo art. 57, § 2º, da Lei nº 8.213/91, que, por sua vez, remete ao art. 49 do mesmo diploma
normativo. O art. 57, § 8º, da Lei de Planos e Benefícios da Previdência Social cuida de assunto distinto e,
inexistindo incompatibilidade absoluta entre esse dispositivo e aqueles anteriormente citados, os quais também
não são inconstitucionais, não há que se falar em fixação da DIB na data de afastamento da atividade, sob pena
de violência à vontade e à prerrogativa do legislador, bem como de afronta à separação de Poderes. 4. Foi fixada
a seguinte tese de repercussão geral: “(i) [é] constitucional a vedação de continuidade da percepção de
aposentadoria especial se o beneficiário permanece laborando em atividade especial ou a ela retorna, seja essa
atividade especial aquela que ensejou a aposentação precoce ou não; (ii) nas hipóteses em que o segurado solicitar
a aposentadoria e continuar a exercer o labor especial, a data de início do benefício será a data de entrada do
requerimento, remontando a esse marco, inclusive, os efeitos financeiros; efetivada, contudo, seja na via
administrativa, seja na judicial, a implantação do benefício, uma vez verificada a continuidade ou o retorno ao
labor nocivo, cessará o benefício previdenciário em questão. (RE 791961, Relator(a): Dias Toffoli, Tribunal
Pleno, julgado em 08/06/2020, DJe 19-08-2020)

§ 31/08/2020 – A competência para decidir sobre a possibilidade da substituição de depósito recursal por seguro
garantia é exclusiva do juízo de execução. O pedido demanda análise fática incompatível com a sede
extraordinária do TST. (RR-1254-05.2017.5.09.0012, 2ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta,
DEJT 28/08/2020).

Setembro

§ 1º/09/2020 – Publicado o Informativo TST nº 223, cujas principais decisões estão da tabela abaixo:

Informativo TST nº 223


(Período 17 a 31 de agosto de 2020)
A SDC não possui competência funcional para processar e julgar recurso ordinário em habeas corpus, por não se

91
tratar de hipótese de dissídio coletivo. O fato de a suposta violação à liberdade de locomoção ter ocorrido no
contexto de greve não resulta na competência da SDC para julgar o RO em habeas corpus, tratando-se de processo de
competência da SBDI-2. A arguição de ofício da preliminar de incompetência funcional não constitui decisão
surpresa (art. 4º, § 1º, da IN nº 39 de 2016 do TST), visto que a competência do juízo constitui pressuposto
processual de validade. TST-RO-1031-70.2015.5.05.0000, SDC, rel. Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos,
17/8/2020 – Informativo TST nº 223.
É devido pagamento do Adicional de Atividade de Distribuição e/ou Coleta Externa ao empregado dos Correios
que foi readaptado em decorrência de acidente de trabalho e que passou a exercer atividade interna na empresa, mas
que já recebia o adicional por exercício de atividade externa antes do afastamento, com base no princípio
constitucional da irredutibilidade salarial (art. 7º, VI, da CR/88), que tem como consectário a proteção à estabilidade
financeira, e no art. 461, § 4º, da CLT, que inviabiliza a equiparação salarial quando o paradigma for trabalhador
readaptado em face de acidente de trabalho ou doença ocupacional. TST-E-ARR 10927-50.2016.5.09.0014, SBDI-I,
rel. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, 20/8/2020 – Informativo TST nº 223.
Caracateriza dano moral in re ipsa quando a empresa contrata trabalhadores temporários, no prazo de validade do
concurso público, em detrimento de candidato aprovado dentro do número de vagas previsto no edital,
dispensando-se a prova do abalo moral sofrido, assim como a conduta culposa da empregadora e o nexo causal
entre ambos, sendo o ato em si suficiente para ensejar a reparação civil. TST-E-RR-1781-23.2014.5.10.0015, SBDI-
I, rel. Cláudio Mascarenhas Brandão, 20/8/2020 – Informativo TST nº 223.
É cabível a impetração de habeas corpus contra decisão que determinou retenção de passaporte, por se tratar de ato
que viola diretamente o direito de locomoção. TST-RO-8790-04.2018.5.15.0000, SBDIII, rel. Min. Evandro Pereira
Valadão Lopes, red. p/ acórdão Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 18/8/2020 – Informativo TST nº 223.
É competente a Justiça do Trabalho para julgar mandado de segurança contra ato de juiz do trabalho que exorbita
de sua competência e decide matéria alheia à sua jurisdição. Na espécie, a decisão do juiz do trabalho sobre a
incidência do imposto de transmissão de bens imóveis (ITBI) em arrematação judicial exorbitou de sua
competência. TST-RO-1001657-22.2016.5.02.0000, SBDI-II, rel. Min. Maria Helena Mallmann, 18/8/2020 –
Informativo TST nº 223.
O monitoramento dos empregados no ambiente de trabalho por meio de câmera, sem qualquer notícia a respeito de
excessos pelo empregador, tais como a utilização de câmeras espiãs ou a instalação de câmeras em recintos que
fossem destinados ao repouso dos funcionários ou que pudessem expor partes íntimas dos empregados, como
banheiros ou vestiários, não configura ato ilícito, inserindo-se dentro do poder fiscalizatório do empregador. Ainda,
o procedimento não ocasiona significativo constrangimento aos funcionários, nem revela tratamento abusivo do
empregador quanto aos seus funcionários, já que o monitoramento por câmera, a rigor, é feito indistintamente. RR-
21162-51.2015.5.04.0014, 1ª Turma, rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann, julgado em 26/8/2020 – Informativo
TST nº 223.
Torna-se ilícita a terceirização em caso de subordinação direta dos empregados da empresa prestadora de serviços
em relação aos prepostos da empresa contratante. No caso, a prova demonstrou que o trabalho era supervisionado
pelos prepostos da contratante, que poderiam impor sanções disciplinares aos empregados das empresas
terceirizadas. Esse aspecto, conforme o relator, evidencia a ocorrência de subordinação direta. TST-RR-1012-
35.2013.5.04.0203, 3ª Turma, rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, julgado em 26/8/2020 – Informativo
TST nº 223.
O contrato de transporte de pessoas não se confunde com o de prestação de serviços, sendo inaplicável o item IV
da Súmula nº 331 do TST, porquanto não se trata de intermediação de mão de obra, não havendo falar em
responsabilidade subsidiária. TST-RR-10984-48.2017.5.15.0117, 8ª Turma, rel. Min. Dora Maria da Costa, julgado
em 19/8/2020 – Informativo TST nº 223.

§ CONSTITUCIONAL, TRABALHISTA E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NA


RECLAMAÇÃO. VIOLAÇÃO AO QUE DECIDIDO NA ADC 16 E NO RE 760.931 TEMA 246-RG.
DECISÃO IMPUGNADA QUE ATRIBUIU RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA À RECLAMANTE
SEM A DEMONSTRAÇÃO DE COMPORTAMENTO SISTEMATICAMENTE NEGLIGENTE OU DE
NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A CONDUTA DO PODER PÚBLICO E O DANO SOFRIDO
PELO TRABALHADOR. SUPERADA A AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA DO RECURSO DE
REVISTA (ART. 896-A DA CLT) POR ABSOLUTA INCOMPATIBILIDADE COM AS DECISÕES
DESTA CORTE SOBRE A TEMÁTICA. RECURSO PROVIDO PARA AFASTAR A
RESPONSABILIDADE DA RECORRENTE. 1. O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL reconheceu a
Repercussão Geral sobre a questão de responsabilidade subsidiária da administração pública por encargos
trabalhistas gerados pelo inadimplemento de empresa prestadora de serviço na ADC 16 e no RE 760.931 Tema
246-RG. Mostra-se incompatível com tais precedentes, portanto, o reconhecimento, pelo TST, da ausência de
transcendência da matéria, motivo pelo qual supero a questão para analisar a questão de fundo. 2. Por ocasião do
julgamento do RE 760.931, sob a sistemática da Repercussão Geral, o Plenário desta SUPREMA CORTE
afirmou que inexiste responsabilidade do Estado por débitos trabalhistas de terceiros, alavancada pela premissa

92
da inversão do ônus da prova em favor do trabalhador. 3. No caso sob exame, não houve a comprovação real de
um comportamento sistematicamente negligente da agravante, tampouco há prova do nexo de causalidade entre
a conduta comissiva ou omissiva do Poder Público e o dano sofrido pelo trabalhador, a revelar presunção de
responsabilidade da reclamante, conclusão não admitida por esta CORTE quando do julgamento da ADC 16.
4.Recurso de agravo ao qual se dá provimento, afastando, desde já, a responsabilidade da parte recorrente.
§ Rcl 36958 AgR, Órgão julgador: Primeira Turma, Relator(a): Min. Rosa Weber, Redator(a) do acórdão: Min.
Alexandre de Moraes, Julgamento: 08/09/2020, Publicação: 09/11/2020)

§ CONSTITUCIONAL, TRABALHISTA E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO INTERNO NA


RECLAMAÇÃO. VIOLAÇÃO AO QUE DECIDIDO NA ADC 16 E NO RE 760.931 TEMA 246-RG.
DECISÃO IMPUGNADA QUE ATRIBUIU RESPONSABILIDADE SUBSIDIÁRIA À RECLAMANTE
SEM A DEMONSTRAÇÃO DE COMPORTAMENTO SISTEMATICAMENTE NEGLIGENTE OU DE
NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE A CONDUTA DO PODER PÚBLICO E O DANO SOFRIDO
PELO TRABALHADOR. SUPERADA A AUSÊNCIA DE TRANSCENDÊNCIA DO RECURSO DE
REVISTA (ART. 896-A DA CLT) POR ABSOLUTA INCOMPATIBILIDADE COM AS DECISÕES
DESTA CORTE SOBRE A TEMÁTICA. RECURSO PROVIDO PARA AFASTAR A
RESPONSABILIDADE DA RECORRENTE. 1. O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL reconheceu a
Repercussão Geral sobre a questão de responsabilidade subsidiária da administração pública por encargos
trabalhistas gerados pelo inadimplemento de empresa prestadora de serviço na ADC 16 e no RE 760.931 Tema
246-RG. Mostra-se incompatível com tais precedentes, portanto, o reconhecimento, pelo TST, da ausência de
transcendência da matéria, motivo pelo qual supero a questão para analisar a questão de fundo. 2. Por ocasião do
julgamento do RE 760.931, sob a sistemática da Repercussão Geral, o Plenário desta SUPREMA CORTE
afirmou que inexiste responsabilidade do Estado por débitos trabalhistas de terceiros, alavancada pela premissa
da inversão do ônus da prova em favor do trabalhador. 3. No caso sob exame, não houve a comprovação real de
um comportamento sistematicamente negligente da agravante, tampouco há prova do nexo de causalidade entre
a conduta comissiva ou omissiva do Poder Público e o dano sofrido pelo trabalhador, a revelar presunção de
responsabilidade da reclamante, conclusão não admitida por esta CORTE quando do julgamento da ADC 16.
4.Recurso de agravo ao qual se dá provimento, afastando, desde já, a responsabilidade da parte recorrente. (Rcl
36958 AgR, Relator(a): Rosa Weber, Relator(a) p/ Acórdão: Alexandre de Moraes, Primeira Turma, julgado em
08/09/2020, DJe 09-11-2020)

§ 04/09/2020 – Aplica-se a súmula 443 do TST para as situações de câncer de mama. Inicialmente, a 8ª Turma do
TST concluiu que o câncer, por si só, não possui natureza contagiosa nem estigmatizante, cabendo à empregada
o ônus de provar que, no caso concreto, havia estigma ou motivação discriminatória em sua dispensa. No
entanto, constata-se a dissonância do julgamento com o entendimento recentemente firmado pela SbDI-1 que,
ao interpretar a Súmula 443 do TST, fixou tese no sentido de que se presume discriminatória a dispensa do
empregado portador de neoplasia maligna, presunção esta que só pode ser elidida mediante prova robusta em
sentido contrário, a cargo da empresa. (E-ED-RR-2493-66.2014.5.02.0037, SBDI-1, Relator Ministro Alexandre
Luiz Ramos, DEJT 04/09/2020).

§ 04/09/2020 – Não se aplica a garantia provisória de emprego à empregada gestante (artigo 10, II, “b” , do
ADCT) submetida ao regime de trabalho temporário Lei n.º 6.019/74). Tese firmada no Incidente de Assunção
de Competência IAC-5639-31.2013.5.12.0051 (Tema nº 02). (RR-1002078-94.2017.5.02.0511, 6ª Turma, Relator
Ministro Lelio Bentes Correa, DEJT 04/09/2020).

§ 04/09/2020 – Na responsabilidade subsidiária não se aplica o benefício de ordem. Para que o cumprimento da
condenação recaia sobre o devedor subsidiário, mister, apenas, que ele tenha participado da relação processual e
que seu nome conste do título executivo judicial, somado ao fato de não se mostrarem frutíferas as tentativas de
cobrança do devedor principal. Não há, portanto, que se falar, na hipótese, em benefício de ordem ou instituto a
ele assemelhado, como a prévia desconsideração da personalidade jurídica. A efetivação prática da condenação
subsidiária independe do prévio esgotamento da via executória em face da empresa devedora, bem como dos
sócios ou administradores da devedora principal. Além disso, o prévio esgotamento da via executória em face da
empresa devedora, bem como dos sócios da empregadora direta implicaria transferir para o Juízo mais um
encargo, consistente na tarefa de localizar os bens particulares de pessoas físicas, o que, não raro, revela-se em
demorada diligência de resultados inócuos. (ARR-1614-63.2014.5.03.0059, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio
Godinho Delgado, DEJT 04/09/2020).

§ 04/09/2020 – Em regra, a culpa exclusiva da vítima, que o fato da vítima (denominado como culpa da vítima no
Código Civil - art. 936) é fator excludente da reparação civil, por inexistência de nexo de causalidade do evento
danoso com o exercício da atividade laboral. Nesse norte, a caracterização da culpa exclusiva da vítima seria fator
de exclusão do elemento "nexo causal" para efeito de inexistência de reparação civil no âmbito laboral somente
quando o infortúnio ocorre por causa única decorrente da conduta do trabalhador, sem qualquer ligação com o
descumprimento das normas legais, contratuais, convencionais, regulamentares, técnicas ou do dever geral de

93
cautela por parte do empregador, ou também sem qualquer ligação com os fatores objetivos do risco da
atividade. A responsabilidade objetiva pode advir tanto da atividade empresarial ou da dinâmica laborativa
(independentemente da atividade da empresa) (ARR-1614-63.2014.5.03.0059, 3ª Turma, Relator Ministro
Mauricio Godinho Delgado, DEJT 04/09/2020).

§ 08/09/2020 – Em caso de adesão válida ao PDV opera-se a renúncia expressa à eventual estabilidade provisória,
o que afasta a aplicação do art. 73, V, da Lei n.º 9.504/97 (RR-311-03.2011.5.02.0041, 1ª Turma, Relator Ministro
Luiz Jose Dezena da Silva, DEJT 08/09/2020).

§ 09/09/2020 – 6ª Turma do TST: empresa que exclui função de motorista da base de cálculo para cota de
aprendizes é condenada a pagar indenização por dano moral coletivo. O fato de a empresa ter funções que
não podem ser exercidas por menores (insalubres ou perigosas), não retira essas funções da base de cálculo da
quantidade de aprendizes, como prevê expressamente a Lei 10.097/2000 e o Decreto 5.598/2005. Ressalte-se
que a aprendizagem pode ser exercida até os 24 anos e não apenas por menores de 18 anosProcesso TST-RR -
1432-91.2015.5.12.0059.

§ 09/09/2020 – Sucessivos rebaixamentos, depois de longos anos de exercício do cargo de diretor regional, não
rendem ensejo a danos morais. Designações para ocupar cargos de confiança, ainda que possam representam um
decréscimo de confiança (e de remuneração) em relação ao primeiro cargo ocupado (diretor regional), não
configuram ato ilícito. O exercício de função de confiança, qualquer que seja ela, admite a reversão ao cargo
original, sendo assegurada, quando muito, a incorporação da gratificação recebida por mais de dez anos, em
homenagem ao princípio da estabilidade financeira, salvo se provada alguma discriminação. (Ag-RR-10811-
39.2013.5.18.0001, 1ª Turma, Relator Ministro Walmir Oliveira da Costa, DEJT 05/06/2020).

§ 11/09/2020 – Empresa não consegue invalidar laudo com base em denúncia contra perito. A reclamada
arguiu por petição, a existência de fato novo e superveniente nos termos do art. 493 do NCPC, por entender que
deve ser declarada a nulidade da perícia médica realizada, determinando o retorno dos autos à instrução para a
realização de novo exame, tendo em vista que o perito que apresentou o laudo constante dos autos está sendo
investigado pelo MPF em razão de envolvimento no esquema de corrupção em perícias trabalhistas, denominado
como “Operação Hipócritas”, conforme autos 9467-06.2017.4.03.6105. Junta como prova o acórdão proferido
pelo TRT da 15ª Região nos autos do processo nº 0011293-64.2015.5.15.0109 RORSum, em que fora
reconhecida a nulidade da perícia realizada pelo mesmo expert e determinada a realização de outra, em
decorrência de ser investigado na “Operação Hipócritas”. O art. 493 do CPC dispõe que “Se, depois da propositura
da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em
consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no momento de proferir a decisão”. No caso dos autos, em que pese à
gravidade do noticiado pela reclamada, entende-se que não há razão para decretação da nulidade da perícia
como fato superveniente, pois a única prova apresentada é um acórdão do TRT da 15ª Região que
analisou questão idêntica. Não há nenhum documento que comprove que o perito indicado tenha
participado do referido esquema de corrupção e fraude em processos trabalhistas, sendo que a mera
indicação de que estava sendo investigado na Operação Hipócritas do MPF, por si só, não é capaz de
retirar a credibilidade do laudo apresentado nos presentes autos. Isso porque, conforme informações
extraídas do site do MPF, a referida operação, deflagrada a partir de maio de 2016, “descortinou o
funcionamento de uma ampla rede criminosa, com abrangência em municípios diversos, em que alguns
assistentes técnicos – “autorizados” e aparentemente financiados pela parte (geralmente empresas) que assistiam
nos processos trabalhistas e, por vezes, contando com a intermediação de advogados - ajustavam o pagamento de
vantagens indevidas (em regra, de R$ 1,5 a R$ 4 mil por perícia) a peritos judiciais para emissão de laudo pericial
favorável à parte interessada. Em diversos casos analisados na investigação, há evidências de que alguns dos
peritos judiciais solicitaram, aceitaram e/ou receberam os valores oferecidos e, por conta disto, beneficiaram a
parte que lhes pagou. As perícias falsas e/ou tendenciosas em favor das empresas buscavam descaracterizar o
nexo de causalidade (de causa e efeito) entre a doença e o trabalho exercido na empresa, a negação da própria
doença do trabalhador e/ou a afirmação de ausência de perda de capacidade laborativa. O perito traía a confiança
do juízo para tentar induzi-lo em erro e obter uma sentença mais favorável à empresa reclamada". A partir de tais
informações, conclui-se que a operação buscou investigar esquema de corrupção praticado, via de regra, por
empresas e peritos, não havendo informações do envolvimento de trabalhadores, pois conforme as referidas
notícias constantes do site no MPF, os laudos eram confeccionados no intuito de beneficiar as empresas em
processos de responsabilidade por acidente e doença do trabalho. Por todo o exposto, por qualquer ângulo que
se examine, não há como reconhecer a nulidade da perícia neste momento processual, quer porque a empresa
não logrou demonstrar por documentos o efetivo envolvimento do perito subscritor do laudo proferido nos
autos; quer porque no caso dos autos a perícia demonstrou o nexo concausal entre a moléstia e as atividades
desenvolvidas na empresa, fato que, a priori , denota a isenção do perito, pois não favorece diretamente nenhuma
das partes (o interesse da reclamada era pelo reconhecimento da ausência de nexo causal, enquanto que o da
reclamante era de nexo causal direto, e não concausal). (Ag-AIRR-11254-31.2014.5.15.0003, 3ª Turma, Relator
Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 11/09/2020).

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§ 11/09/2020 – 3ª Turma reafirma jurisprudência do TST segundo a qual a não observância dos intervalos para
recuperação térmica, previstos no quadro 1 do Anexo III da NR-15 da Portaria 3.215/78 do MTE, resulta no
pagamento de horas extras correspondentes ao referido período, conforme exegese aplicada em relação aos
intervalos previstos nos arts. 71, § 4º, e 253 da CLT. (RR-1387-59.2017.5.23.0076, 3ª Turma, Relator Ministro
Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 11/09/2020).

§ 11/09/2020 – Não se aplica às controladoras de tráfego aéreo as normas especiais que regem a categoria dos
radiotelefonistas (art. 227 e seguintes da CLT). A atividade principal da autora é o monitoramento de aeronaves,
sendo o trabalho com rádio e telefone acessório à sua função principal. Considerando que as funções exercidas
pela empregada são variadas e não se concentram apenas nas atividades de radiotelefonia, não há como
enquadrá-la na respectiva categoria. RR-1387-21.2016.5.09.0129, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza
Agra Belmonte, DEJT 11/09/2020.

§ 11/09/2020 – Partido político não pode ser responsabilizado por débitos contraídos de forma independente pelo
candidato eleitoral. De acordo com o artigo 265 do Código Civil, a solidariedade decorre da lei ou da vontade das
partes, sendo certo que quanto a este último aspecto o contrato de prestação de serviços não a contemplou. Da
análise dos dispositivos legais que supostamente poderiam ensejar eventual condenação solidária do partido
político, verifica-se que o artigo 17 da Lei 9.504/97 não prevê a responsabilidade solidária ao dispor que “As
despesas da campanha eleitoral serão realizadas sob a responsabilidade dos partidos, ou de seus candidatos, e financiadas na forma
desta Lei”. Por outro lado, o artigo 29, § 3º, da citada Lei eleitoral, ao prever a possibilidade de responsabilizar
solidariamente o órgão partidário com o candidato pelas dívidas contraídas, condiciona tal responsabilidade à
decisão do órgão nacional de direção: “Eventuais débitos de campanha não quitados até a data de apresentação da prestação
de contas poderão ser assumidos pelo partido político, por decisão do seu órgão nacional de direção partidária”, o que não ocorreu
no caso dos autos. RRAg-10827-39.2019.5.18.0241, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT
11/09/2020.

§ 12/09/2020 – Publicado o Informativo TST nº 224, cujas principais decisões estão da tabela abaixo:

Informativo TST nº 224


(Período 1º a 11 de setembro de 2020)
A SBDI-1, em sua composição plena, firmou entendimento de que o STF não emitiu tese vinculante quanto à
distribuição do ônus da prova relativa à fiscalização e, nessa esteira, concluiu que incumbe à Administração Pública
o ônus da prova da fiscalização dos contratos de prestação de serviços, por se tratar de fato impeditivo da
responsabilização subsidiária. TST-E-ED-RR-62-40.2017.5.20.0009, SBDI-I, rel. Márcio Eurico Vitral Amaro,
10/9/2020 – Informativo TST nº 224.
Não cabe ação rescisória com pedido de desconstituição de acórdão prolatado em Agravo de Instrumento
conhecido e não provido, pois a decisão não é de mérito. Não é o caso de configuração da hipótese prevista no art.
966, § 2.º, II, do CPC, uma vez que não houve decisão que impedisse a admissibilidade do recurso correspondente
ou impeça nova propositura da demanda. AR-1000914-95.2018.5.00.0000, SBDI-II, rel. Min. Luiz José Dezena da
Silva, 2/9/2020 – Informativo TST nº 224.
Sobre os efeitos da decisão criminal no direito e no processo do trabalho, vigora em nosso ordenamento, em regra,
o princípio da incomunicabilidade das instâncias. A decisão do juízo criminal repercute sobre outras esferas
somente em caso de reconhecimento da inexistência material do fato ou da negativa de autoria em sentença de
mérito no processo penal. Se a decisão de absolvição do reclamante no juízo criminal se dá por ausência de provas e
não por estar provada a inexistência do fato ou da autoria não há como se afastar a justa causa. TST-RR215500-
31.2008.5.02.0465, 2ª Turma, rel. Min. Maria Helena Mallmann, julgado em 2/9/2020 – Informativo TST nº 224.
Decisão transitado em julgado, que determinou o pagamento de valor correspondente à pensão mensal vitalícia ao
trabalhador, de uma só vez, não trata de relação jurídica de trato continuativo, submetida à cláusula rebus sic stantibus,
sendo incabível ação revisional (artigo 505, I, do CPC). TST-RR-1001013-24.2017.5.02.0007, 3ª Turma, rel. Min.
Alexandre de Souza Agra Belmonte, julgado em 2/9/2020 – Informativo TST nº 224.
A Lei nº 12.997/2014 é autoaplicável, produzindo efeitos desde 20.06.2014, data da sua publicação, uma vez que
todos os elementos para a sua tipicidade e validade são autoevidentes. A regulação pelo Ministério do Trabalho,
inserindo a atividade na NR-16, ostenta efeitos meramente administrativos, não prejudicando o direito trabalhista
(adicional de periculosidade) criado pela lei especificada. TST-RR- 24195-53.2017.5.24.0004, 3ª Turma, rel. Min.
Mauricio Godinho Delgado, julgado em 2/9/2020 – Informativo TST nº 224.
A contradição a que alude o artigo 1022 do CPC diz respeito à ausência de lógica ou coerência entre as proposições
contidas na decisão, não permitindo ao intérprete deduzir, com exatidão, qual dos dois ou mais sentidos que se
extraem do texto deve prevalecer. TST-ED-ARR-707-96.2016.5.21.0001, 3ª Turma, rel. Min. Alexandre de Souza
Agra Belmonte, julgado em 9/9/2020 – Informativo TST nº 224.

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A pretensão indenizatória que tem como causa de pedir o temor do qual é acometido o reclamante de, futuramente,
vir a desenvolver doença profissional em função da sua exposição ao amianto durante o contrato de trabalho,
prescreve em 2 (dois) anos a contar da ruptura contratual. TST-RR-12879-21.2016.5.15.0039, 4ª Turma, rel. Min.
Guilherme Augusto Caputo Bastos, julgado em 1º/9/2020 –Informativo TST nº 224.
Homologação do TRCT com assistência sindical e sem ressalvas quanto ao “pedido” de demissão não alcança ou
não tem por efeito impedir posterior ajuizamento de reclamação trabalhista pleiteado a rescisão indireta do contrato
de trabalho, em face de vício de consentimento (abalo psicológico em face de assédio moral). Para o TST, os efeitos
da quitação do TRCT, com assistência sindical, não abarcam a ocorrência ou não de vício de consentimento quando
do pedido de demissão e sua respectiva conversão em rescisão indireta do contrato de trabalho. Nos termos da
Súmula nº 330 do TST, a quitação passada pelo empregado, com assistência de entidade sindical de sua categoria,
tem eficácia liberatória apenas em relação às parcelas expressamente consignadas no recibo, dentro do limite dos
valores efetivamente pagos, salvo se oposta ressalva expressa e especificada ao valor dado às parcelas impugnadas.
Significa dizer que eventual eficácia liberatória do termo de quitação assinado pelo empregado, a teor da Súmula nº
330 do TST e do art. 447, § 2.º, da CLT, não impede eventual pleito de conversão do pedido de demissão em reta
do contrato de trabalho com apoio em vício de consentimento decorrente de assédio moral (abalo psicológico). Isso
porque o artigo 477 da CLT e a Súmula nº 330 do TST explicitam que eventual quitação é relativa a uma dada
parcela paga ao empregado e não quitação acerca da discussão de eventual modalidade de rescisão do contrato de
trabalho, não havendo, portanto, sequer a necessidade de opor ressalva nesse sentido no TRCT quanto essa
discussão de conversão da modalidade de rescisão do contrato de trabalho. TST-RR-1846-64.2012.5.08.0008, 5ª
Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 9/9/2020 – Informativo TST nº 224.

§ 17/09/2020 – STF julga improcedente ADPF 509 e entende constitucional Cadastro de Empregadores que
tenha submetido trabalhadores a condições análogas à de escravo (Lista Suja).

§ 18/09/2020 – Esta Corte Superior tem entendido que a existência de sucessivas alterações no local da prestação
de serviço, ao longo do contrato de trabalho, enseja o pagamento do adicional de transferência. No que se refere
ao tempo de duração, a jurisprudência desta Corte, atenta ao princípio da razoabilidade, a fim de mensurar o que
representa a provisoriedade nos casos de transferência, entende caracterizada quando ela se dá por um período
inferior a 3 (três) anos. No caso dos autos, verifica-se que houve uma única transferência do Reclamante de
Parobé/RS para a Itapetinga/BA, onde lá trabalhou por quase cinco anos, até a resilição contratual em 2013, a
afastar a provisoriedade da transferência e, por consequência, a obrigação do empregador de pagamento do
adicional. Recurso de revista conhecido por contrariedade à OJ nº 113 da SDI-I do TST e provido. (RRAg-840-
38.2013.5.04.0383, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 18/09/2020).

§ 18/09/2020 - O pagamento da parcela PLR não é condicionado à vigência do contrato de trabalho, mas sim, ao
fato de o empregado ter contribuído para os resultados da empresa (Súmula nº 451 do TST). Por isso, o TST
entende que não é possível, ainda que por norma coletiva, excluir o direito ao pagamento da PLR com relação
ao empregado que “pediu” demissão, uma vez que tal distinção redunda em ofensa ao princípio da isonomia,
tendo em vista que, mesmo o empregado que teve a iniciativa na ruptura contratual contribuiu para os resultados
positivos da empresa. (RR-10338-55.2015.5.01.0066, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT
18/09/2020).

§ 18/09/2020 – A arrematação judicial, conquanto seja um modo derivado de aquisição da propriedade, não tem o
condão de transferir todo e qualquer débito para o adquirente do bem imóvel arrematado. Tal conclusão decorre,
inclusive, da regra inserta no § 1º do art. 908 do CPC, que dispõe que “no caso de adjudicação ou alienação, os
créditos que recaem sobre o bem, inclusive os de natureza propter rem, sub-rogam-se sobre o respectivo preço,
observada a ordem de preferência”. Assim, as dívidas do bem alienado judicialmente recaem sobre o valor do
preço pago pelo adquirente, observando-se, sempre, a ordem de preferência. Essa disposição se aplica, inclusive,
aos débitos relativos à tarifa devida à empresa concessionária de energia elétrica e, caso não haja crédito suficiente
para a sua quitação, por tratar-se de obrigação pessoal e não propter rem, não se transfere ao adquirente do bem
arrematado, visto que os débitos estão vinculados apenas àquele que efetivamente usufruiu do serviço prestado.
Precedentes do STJ e do TST. (RO-80251-12.2016.5.22.0000, SBDI-2, Relator Ministro Luiz Jose Dezena da
Silva, DEJT 18/09/2020).

§ 18/09/2020 – 8ª Turma do TST afasta aplicação da legislação brasileira para reger o trabalho em navio de
cruzeiro de bandeira estrangeira que navega em águas nacionais e internacionais. Ininicialmente, sobre a
competência, a Turma afirmou que a jurisprudência do TST, atenta às novas dinâmicas das relações laborais, tem
reconhecido a competência territorial do foro do domicílio do trabalhador, mesmo que não coincida com o local
da prestação de serviço ou com o da contratação, desde que também não reste inviabilizado o direito de defesa
da parte reclamada. No caso enfrentado, o trabalhador foi arregimentado, treinado e contratado no Brasil para
prestar serviços em navio de cruzeiro de bandeira estrangeira, com empresa subsidiária do grupo sediada no
Brasil, para labor em águas nacionais e internacionais. Nesse cenário, exigir do trabalhador o ajuizamento de sua

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reclamação no país da bandeira do navio, em razão da Lei do Pavilhão, mostra-se em flagrante descompasso com
a necessidade de assegurar ao empregado acesso à Justiça, direito fundamental de todo cidadão (art. 5º, XXXV,
da CRFB/88), solução que, em última análise, acarretaria em denegação de justiça, em razão dos elevados custos
financeiros gerados pela necessidade de transporte, alimentação e hospedagem, por exemplo, a quem busca por
prestações de natureza alimentar. Ademais, verifica-se que as reclamadas participaram, efetivamente, de todos os
atos processuais, sem qualquer prejuízo no exercício do seu direito de defesa. Assim, em razão do disposto nos
art. 5º, XXXV, da CRFB/88, art. 651 da CLT, art. 75, § 2º, do Código Civil, art. 12 da LINDB e art. 22, I, e
parágrafo único, e 22, I e II, do CPC, não há como afastar a jurisdição nacional e a competência da Justiça do
Trabalho para apreciação do feito. Já sobre a lei material aplicável (conflito de leis no espaço) a controvérsia
reside em definir qual a legislação aplicável ao caso em exame: legislação do país no qual está matriculado o navio
(Lei do pavilhão ou da bandeira) ou aplicação da legislação brasileira, nos termos da Lei nº 7.064/82. As regras
fundamentais para a solução das antinomias são três: a) o critério cronológico, b) o critério hierárquico e c) o
critério da especialidade. No que concerne ao critério hierárquico, é importante destacar o que o art. 178, caput, da
CRFB/88 dispõe: “A lei disporá sobre a ordenação dos transportes aéreo, aquático e terrestre, devendo, quanto à ordenação do
transporte internacional, observar os acordos firmados pela União, atendido o princípio da reciprocidade”. Examinando o referido
dispositivo, há substanciosa doutrina que sustenta que as normas internacionais relativas à ordenação do
transporte internacional têm hierarquia de norma supralegal, constituindo uma exceção ao critério de equiparação
dos tratados internacionais (que não tratam de direitos humanos) à lei ordinária. Ademais, em 5.5.2017, o STF
examinou controvérsia envolvendo o disposto no art. 178 da Constituição Federal, assentando a seguinte tese de
repercussão geral - tema 210: “Nos termos do art. 178 da CRFB/88, as normas e os tratados internacionais limitadores da
responsabilidade das transportadoras aéreas de passageiros, especialmente as Convenções de Varsóvia e Montreal, têm prevalência em
relação ao Código de Defesa do Consumidor”. Verifica-se, portanto, que a decisão do STF conduz à conclusão de que as
normas internacionais que ordenam o transporte internacional devem prevalecer sobre a legislação interna, em
razão do disposto no art. 178 da CRFB/88. Além disso, pelo critério da especialidade, as normas internacionais,
ora em exame, também devem prevalecer sobre a Lei nº 7.064/83, pois tratam, especificamente, sobre a
legislação aplicável, dentre outras coisas, às condições de trabalho, tripulação e questões sociais em navios que
navegam em águas nacionais, internacionais e em alto mar. A Convenção 186 da OIT - Convenção sobre
Trabalho Marítimo -, buscou incorporar em um único documento especialmente as normas existentes sobre
trabalho marítimo. A matéria é de extrema importância, pois, no que importa ao caso em apreciação, a
convenção elegeu a lei do pavilhão. Ou seja, os deveres e obrigações são regidos pela legislação do país cuja
bandeira haja o navio arvorado. Apesar de a Convenção 186 da OIT não poder ser exigida, ainda, no âmbito
interno, pois não finalizado o trâmite de incorporação ao ordenamento jurídico nacional, a referida norma
internacional é plenamente aplicável aos navios que ostentem bandeira dos países signatários da referida norma
da OIT, como no caso do Panamá, bandeira do navio ora em apreciação. Não obstante isso, há outras duas
convenções internacionais, ratificadas pelo Brasil e pelo país da bandeira do navio ora em discussão, que
elegeram a legislação do país no qual está matriculado o navio (Lei do pavilhão ou da bandeira): a) Convenção
das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, celebrada em Montego Bay, na Jamaica, em 10/12/1982,
promulgada pelo Decreto nº 1.530, de 22 de junho de 1995 - arts. 91, item 1, 94, itens 1 e 2, “b”; b) Convenção
de Direito Internacional Privado (Código de Bustamante), celebrada em Havana, em 13 de fevereiro de 1928,
promulgada pelo Decreto nº 18.871 de 13 de agosto de 1929 - arts. 198, 279 e 281. Assim, seja pelo critério
hierárquico e/ou da especialidade, deve ser afastada a aplicação da legislação brasileira no caso de
trabalhador contratado para laborar em navio de cruzeiro que navega em águas nacionais,
internacionais e em alto mar, tendo em vista a incidência da lei do pavilhão ou da bandeira prevista nas
convenções internacionais firmadas pelo Brasil, evitando-se, assim, a disparidade de tratamento entre
trabalhadores que exercem a mesma função, e, ao mesmo tempo, privilegiando a segurança jurídica
dessas relações. (ARR-1268-93.2017.5.13.0006, 8ª Turma, Redator Ministro Márcio Eurico Vitral Amaro, DEJT
18/09/2020).40

§ 21/09/2020 – STF decidiu que é constitucional a exigência do comum acordo entre as partes para ajuizamento
de dissídio coletivo de natureza econômica. A decisão foi tomada na sessão virtual concluída em 21/9, no
julgamento do Recurso Extraordinário (RE 1002295), com repercussão geral reconhecida (Tema 841).

§ 21/09/2020 – A jurisprudência da SDC, ao tempo em que considera “desnecessária a homologação, por Tribunal
Trabalhista, do acordo extrajudicialmente celebrado, sendo suficiente, para que surta efeitos, sua formalização perante o Ministério do
Trabalho” (OJ nº 34 da SDC), ressalva que, se postulado pelas Partes, compete ao Tribunal homologar o acordo
celebrado no curso do dissídio coletivo, excluídas, todavia, as cláusulas que atentem contra o ordenamento
jurídico trabalhista. ROT-237-09.2019.5.23.0000, SDC, Relator Ministro Ives Gandra Martins Filho, DEJT
29/09/2020.

40 Em sentido diametralmente oposto (a lei material deve ser a brasileira) e representando a posição atualmente dominante no TST,

confira-se: ARR-1370-79.2015.5.09.0012, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 14/02/2020.

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§ 21/09/2020 – A jurisprudência da SBDI-2 do TST perfilha o entendimento de que, além de ser possível a
concessão dos benefícios da justiça gratuita às pessoas jurídicas que comprovarem de forma cabal sua
insuficiência de recursos, a gratuidade da justiça abrange o depósito prévio a ser recolhido na propositura da ação
rescisória. Enquanto o depósito recursal tem natureza jurídica de pressuposto recursal extrínseco, com finalidade
de garantir o juízo, visando assegurar que, em fase de execução, o crédito trabalhista seja adimplido, o depósito
prévio consiste em pressuposto processual de existência e validade regular do procedimento especial
desconstitutivo, com a finalidade de, à guisa de multa, desestimular o ajuizamento de ações rescisórias de forma
temerária. (RO-10540-11.2017.5.03.0000, SBDI-2, Relator Ministro Evandro Pereira Valadao Lopes, DEJT
14/08/2020).

§ 21/09/2020 – Multa normativa é limitada ao valor da obrigação principal. A SBDI-1 do TST, em sua
composição plena, na sessão realizada em 12/11/2018 (TST-E-ARR-12481-66.2014.5.14.0041, Relator Ministro
Augusto César Leite de Carvalho, DEJT 30/11/2018), firmou tese no sentido de que a condenação ao
pagamento de multa estipulada em norma coletiva, em razão do descumprimento de cláusula pactuada, não pode
superar o valor da obrigação principal corrigida, ante a natureza jurídica de cláusula penal, o que atrai a diretriz
firmada na OJ nº 54 da SbDI-1 do TST (RR-2686-83.2011.5.15.0018, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz
Ramos, DEJT 26/06/2020).

§ 22/09/2020 – É constitucional a exigência de comum acordo entre as partes para ajuizamento de dissídio
coletivo de natureza econômica, conforme o artigo 114, § 2º, da CRFB/88, na redação dada pela EC nº 45/2004.
(RE 1.002.295, rel. p/ o ac. min. Alexandre de Moraes, j. 22-9-2020, P, DJE de 13-10-2020, Tema 841.)

§ 23/09/2020 – 2ª Turma do TST decidiu que a substituição de depósito recursal por seguro garantia só é possível
se o depósito for realizado após a vigência da Lei 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) (data da entrada em vigor
da Reforma Trabalhista). TST-RR-176200-26.2009.5.03.0004, 2ª Turma, rel. Min. Maria Helena Mallmann,
julgado em 23/9/2020.

§ 23/09/2020 – Ação de viúva e filho não impede o ajuizamento de novo pedido pelos pais de trabalhador
falecido, em decorrência do mesmo fato gerador. É possível aos genitores do empregado falecido ajuizar ação
pleiteando indenização por danos morais, mesmo nos casos em que há ação anterior proposta pelo cônjuge e
filho do de cujus. Nestes casos, para aferição da legitimidade, não é imprescindível que os genitores demonstem a
proximidade com o empregado falecido. É entendimento do TST o de que possível ausência de proximidade
entre os genitores e o de cujus, e, por conseguinte, a inexistência do alegado abalo moral, deve ser examinado
quando do julgamento do mérito da controvérsia, e não como óbice para o reconhecimento da legitimidade ativa
ad causam. Portanto, não há óbice processual para que parentes postulem, em ações distintas, indenização por
danos morais, ainda que com base no mesmo fato gerador. Isso porque, o alegado abalo moral é direito
personalíssimo, devendo ser pleiteado em nome próprio e examinado à luz das peculiaridades ínsitas ao
ofendido. (RR-10277-31.2015.5.18.0129, 1ª Turma, Relator Ministro Luiz Jose Dezena da Silva, DEJT
14/08/2020). No mesmo sentido: “Frise-se que não implica violação da coisa julgada (CRFB/88, art. 5.º,
XXXVI) o reconhecimento, em relação à companheira, do direito ao pagamento de indenização por danos morais em outra lide
contra a mesma reclamada, fundamentada, igualmente, na dor sofrida pelo falecimento deste trabalhador. Isso porque os danos
experimentados em situação tal transcendem a esfera individual ou de parcela do núcleo familiar - a dor moral projeta reflexos sobre
todos aqueles que de alguma forma estavam vinculados afetivamente ao trabalhador vitimado pelo acidente de trabalho. É que a dor
pelo óbito independe de relação de dependência econômica, mas, como dito, do sentimento de ausência, de pesar, de saudade, etc.
Portanto, cabível o pleito de indenização por danos morais formulado pelo genitor do empregado falecido.” (TST-AIRR-1512-
98.2016.5.11.0010, Relator: Ministro Mauricio Godinho Delgado, 3.ª Turma, DEJT 7/1/2019.)

§ 24/09/2020 – 4ª Turma: não há direito adquirido à incorporação da gratificação de função recebida por
dez anos ou mais, mesmo se completado o período antes da Reforma. INCORPORAÇÃO DE
GRATIFICAÇÃO DE FUNÇÃO EXERCIDA POR MAIS DE 10 ANOS - SÚMULA 372, I, DO TST
FRENTE AO ART. 468, § 2º, DA CLT - TRANSCENDÊNCIA JURÍDICA DA CAUSA - INEXISTÊNCIA
DE DIREITO ADQUIRIDO - RECURSO DESPROVIDO. Constituem critérios de transcendência da causa,
para efeito de admissão de recurso de revista para o TST, a novidade da questão (transcendência jurídica), o
desrespeito à jurisprudência sumulada do TST (transcendência política) ou a direito social constitucionalmente
assegurado (transcendência social), bem como o elevado valor da causa (transcendência econômica), nos termos
do art. 896-A, § 1º, da CLT. A discussão sobre o direito adquirido à incorporação da gratificação de função
percebida por mais de 10 anos, quando revertido o empregado ao cargo efetivo, contemplada pela Súmula 372, I,
do TST e disciplinada especificamente de modo diverso pelo art. 468, § 2º, da CLT, acrescido pela Lei 13.467/17,
da reforma trabalhista, é nova nesta Turma e de relevância jurídica para ser por ela deslindada. O inciso I da
Súmula 372 do TST tem como "leading case" o precedente do processo E-RR-01944/1989 (Red. Min. Orlando
Teixeira da Costa, DJ 12/02/1993), em que se elencaram expressamente 4 princípios que embasariam o
deferimento da pretensão incorporativa: a) princípio da habitualidade; b) princípio da irredutibilidade salarial; c)
princípio da analogia com direito reconhecido aos servidores públicos; d) princípio da continuidade da

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jurisprudência. Nele se chegou a afirmar que "o legislador, dispondo sobre a espécie (art. 468, parágrafo único da
CLT), esqueceu-se de explicitar se a reversão ao cargo efetivo, quando o trabalhador deixar o exercício de função
de confiança, importa na perda da gratificação respectiva, mesmo tendo prestado relevantes serviços ao
empregador, naquela situação, por longo tempo". Verifica-se, pela "ratio decidendi" do precedente que embasou
o inciso I da Súmula 372, que o TST, ao invés de reconhecer na lacuna da lei o silêncio eloquente do legislador,
que não abriu exceções à regra, inovou no ordenamento jurídico, criando vantagem trabalhista não prevista em
lei, incorrendo em manifesto ativismo judiciário e voluntarismo jurídico, mormente por estabelecer parâmetros
discricionários quanto ao tempo de percepção (10 anos) e condições de manutenção (não reversão por justa
causa) da gratificação. Louvou-se, para tanto, na regra do art. 62, § 2º, da Lei 8.112/90, da incorporação de
quintos pelos servidores públicos da União, revogado desde 1997, o que retiraria inclusive a base analógica da
jurisprudência do TST. A Lei 13.467/17, levando em conta os excessos protecionistas da jurisprudência
trabalhista, veio a disciplinar matérias tratadas em verbetes sumulados do TST, mas fazendo-o em termos mais
modestos, a par de estabelecer regras hermenêuticas na aplicação do direito, vedando explicitamente a redução
ou criação de direitos por súmula (Art. 8º, § 2º, da CLT). 6. No caso do art. 468, § 2º, da CLT, a reforma
trabalhista explicitou que a reversão ao cargo efetivo não dá ao trabalhador comissionado o direito à manutenção
da gratificação de função, independentemente do tempo em que a tenha recebido. Como a base da
incorporação da gratificação de função, antes da reforma trabalhista de 2017, era apenas
jurisprudencial, com súmula criando direito sem base legal, não há que se falar em direito adquirido
frente à Lei 13.467/17, uma vez que, já na definição de Gabba sobre direito adquirido, este se
caracteriza como um conflito de direito intertemporal, entre lei antiga e lei nova ("fato idôneo a
produzi-lo, em virtude de a lei do temp no qual o fato se consumou") e não entre a lei nova e fonte
inidônea para criar direito novo. 8. Nesses termos, inexistindo direito adquirido à incorporação da
gratificação de função, ainda que exercida por mais de 10 anos, frente à norma expressa do art. 468, §
2º, da CLT, é de se dar provimento ao recurso de revista patronal, para restabelecer a sentença que
julgou improcedente a reclamação trabalhista em que a vantagem era postulada. (RR-377-
71.2017.5.09.0010, 4ª Turma, Relator Ministro Ives Gandra Martins Filho, DEJT 21/08/2020).

§ 25/09/2020 – STF decidiu que a competência para processar e julgar ações que envolvam contratos de
representação comercial autônoma é da Justiça Comum, e não da Justiça do Trabalho. A tese de repercussão
geral fixada foi a seguinte: “Preenchidos os requisitos dispostos na Lei 4.886/65, compete à Justiça Comum o
julgamento de processos envolvendo relação jurídica entre representante e representada comerciais, uma vez
que não há relação de trabalho entre as partes”. (Recurso Extraordinário 606003, com repercussão geral – Tema
550).41

§ 25/09/2020 – STF decidiu que terceirizados e empregados de empresa pública com mesmas tarefas
podem ter salários diferentes. Assim, não é possível a equiparação de direitos trabalhistas entre terceirizados e
empregados de empresa pública. O entendimento foi firmado no julgamento do Recurso Extraordinário 635.546,
com repercussão geral reconhecida (Tema 383). Os ministros propuseram diferentes teses de repercussão para a
matéria, por isso o julgamento foi suspenso apenas para deliberação da tese de repercussão geral em assentada
posterior.

§ 25/09/2020 – Se ao tempo da aquisição do imóvel não pendia nenhuma ação contra o sócio responsável
subsidiário a aquisição foi de boa-fé. No caso, a execução se processava contra a empresa, cujo sócio e sua esposa
venderam o imóvel penhorado em 19.11.2013. A reclamação trabalhista contra a empresa foi proposta em ação
em 10.02.2012. Somente em 24.03.2014 houve a inclusão dos sócios. Apenas nesse instante passou ele a figurar
como parte na ação principal. Como não havia, ao tempo da propositura da ação, demanda contra a pessoa
natural responsável pela venda do bem imóvel, disso resultando a inadequada declaração de fraude à execução.
(RR-525-30.2017.5.02.0252, 5ª Turma, Relator Desembargador Convocado Joao Pedro Silvestrin, DEJT
25/09/2020). Conforme jurisprudência da SDI-I do TST, “para a configuração da fraude à execução é necessária a
existência de má-fé do terceiro adquirente, de modo que não se trata de critério puramente objetivo, pelo que é necessário
perquirir se o terceiro adquirente detinha conhecimento da pendência do processo sobre o bem alienado ou se a demanda era capaz de
levar o alienante à insolvência” (E-ED-RR-154900-19.2004.5.15.0046, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta,
DEJT de 26.05.2017).

§ 25/09/2020 – Recusa a procedimento cirúrgico não afasta direito a pensão mensal. O fato de a lesão poder ser
revertida por intervenção cirúrgica e pelo tratamento fisioterápico que a trabalhadora se recusou a se submeter,
não afata o direito à indenização. No caso, em primeiro lugar, não havia base científica peremptória nos autos de
que a cirurgia e fisioterapia seriam suficientes para evitar o comprometimento de sua capacidade laborativa e para

41 Antes da tese, bom lembrar que o TST entendia pela impossibilidade de condenação subsidiária da representada quando evidenciada a

existência de contrato mercantil entre as partes, em que as empresas, em nítido intercâmbio comercial, pactuam a venda de produtos e
serviços, pois não se trata de terceirização de serviços. (Ag-RR-1000575-74.2017.5.02.0402, 5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros,
DEJT 14/02/2020).

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afastar a responsabilidade da ré. Em segundo lugar, nos termos do artigo 15 do CCB, ninguém poderá ser
constrangido a realizar tratamento médico ou intervenção cirúrgica, sobretudo para fazer valer o seu direito
indenizatório. RR-1740-85.2015.5.20.0001, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte,
DEJT 25/09/2020.

§ 25/09/2020 – 4ª Turma do TST confirma jurisprudência do TST no sentido de que a existência de EPI não faz
presumir que o local de trabalho é insalubre. Também não faz presumir que o ambiente é insalubre a não
apresentação de documentos ambientais para demonstração da salubridade. Logo, é indispensável prova técnica
pericial, não podendo o julgador formar seu convencimento por mera presunção e por ausência de prova. Se
ausente o referido documento, se torna ainda mais imprescindível a produção da mencionada prova técnica.
(RRAg-1734-14.2016.5.08.0119, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos, DEJT
25/09/2020).

§ 25/09/2020 – No trabalho portuário, há compatibilidade entre o regime de remuneração por produção do


trabalhador portuário e o pagamento de horas extras, quando houver extrapolação da jornada diária ou semanal.
Logo, a remuneração por produção não exclui o direito do trabalhador ao pagamento de horas extras (art. 7º,
XVI, CRFB/88) (RR-220-81.2016.5.11.0009, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT
14/08/2020).

§ 27/09/2020 – Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho defere liminar apresentada pela Confederação


Brasileira de Futebol – CBF para cassar tutela de urgência que suspendeu a realização de partida de futebol
profissional entre Palmeiras e Flamengo, ao considerar que participarão do jogo apenas os atletas negativados
para Covid-19. Mas, o principal fundamento foi o de que o TRT da 1ª Região, sediado no Rio de Janeiro,
excedeu os limites da competência territorial, pois não poderia determinar a suspensão de partida de futebol a ser
realizada em outro Estado da Federação (São Paulo).

§ 29/09/2020 – Publicado o Informativo TST nº 225, cujas principais decisões estão da tabela abaixo:

Informativo TST nº 225


(Período 14 a 28 de setembro de 2020)
Ofende o direito líquido e certo de processamento e julgamento imediato do recurso de revista a determinação de
retorno dos autos ao TRT para uniformização da sua jurisprudência conflitante, nos termos do art. 896, § 4º, da
CLT, quando o tema objeto do recurso de revista já se encontra pacificado no âmbito do TST, ainda que a aludida
determinação tenha sido expedida antes da revogação do mencionado dispositivo legal pela Lei nº 13.467/2017.
TST-MS1000026-29.2018.5.00.0000, Órgão Especial, rel. Min. Breno Medeiros, 14/9/2020 – Informativo TST nº
225.
A SDC, por maioria, considerou não abusiva a greve deflagrada pelos empregados dos Corrios, a despeito dos
descumprimentos dos ditames legais e da liminar da ilustre Relatora originária do feito, quanto à manutenção de
percentual mínimo de 70% de pessoal em atividade e não bloqueio de acesso às dependências da empresa, diante da
recusa patronal à negociação coletiva e do oferecimento de proposta redutiva de vantagens, na qual anuía com a
manutenção de apenas 9 das 79 cláusulas constantes da sentença normativa anterior, justificando, assim, o
movimento paredista e seus excessos, em razão das perdas de vantagens consideradas históricas pela categoria.
TST-DCG-1001203-57.2020.5.00.0000, SDC, red. p/ acórdão Min. Ives Gandra Martins Filho, 21/9/2020 –
Informativo TST nº 225.42
Configura-se objetiva a responsabilidade da empresa por acidente automobilístico que vitimou empregado motorista
profissional, inexistindo culpa exclusiva da vítima quando o risco do labor exercido pelo obreiro é inerente à
atividade realizada pela empresa. Ao realizar atividades de transporte rodoviário, a empresa assume o risco de expor
a vida e a integridade física dos seus trabalhadores, de modo que eventual culpa do empregado no acidente não
afasta a responsabilidade objetiva do empregador, por se tratar de um risco de acidente intrínseco à atividade
desenvolvida. TST-E-RR-270-73.2012.5.15.0062, SBDI-I, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 17/9/2020.
Informativo TST nº 225.
O prazo do art. 800 da CLT tem natureza preclusiva, de modo que, não tendo a parte exercido seu direito de opor
exceção de incompetência territorial na forma e no interregno ali previstos, prorroga-se a competência territorial do
juízo em que proposta a ação. TST-CC-10467-93.2019.5.15.0013, SBDI-II, rel. Min. Luiz José Dezena da Silva,

42 Em seu voto, a ministra propôs a manutenção de todas as cláusulas sociais históricas, ou seja, com mais de 10 anos, de acordo com as

convenções coletivas. Prevaleceu, no entanto, a divergência parcial aberta pelo ministro Ives Gandra. O ministro lembrou que,
diferentemente do dissídio econômico puro, trata-se de dissídio coletivo de greve, em que o poder normativo da Justiça do
Trabalho fica reduzido e não pode impor normas e condições de trabalho que representem ônus econômicos maiores do que
os previstos em lei. Nesse caso, segundo ele, não havendo cláusulas preexistentes decorrentes de norma convencional anterior, deve-se
conceder apenas o reajuste salarial pela correção monetária dos salários, com a inclusão na relação da sentença normativa de 20 cláusulas
de natureza social.

100
22/9/2020 – Informativo TST nº 225.
A substituição do depósito recursal por fiança bancária ou seguro garantia judicial só tem aplicação aos recursos
interpostos contra as decisões proferidas a partir de 11/11/2017. TST-RR-176200-26.2009.5.03.0004, 2ª Turma, rel.
Min. Maria Helena Mallmann, julgado em 23/9/2020 – Informativo TST nº 225.
Gera dano moral coletivo a conduta empresarial que determinar aos propagandistas de produtos farmacêuticos a
degustação de medicamentos de empresas concorrentes. Lesão significativa e que, efetivamente, ofendeu a ordem
jurídica, ultrapassando a esfera individual. TST-RRAg-1559-84.2016.5.22.0004, 3ª Turma, rel. Min. Alberto Luiz
Bresciani de Fontan Pereira, julgado em 16/9/2020 – Informativo TST nº 225.
Se a entidade religiosa atua no ramo de radiodifusão é possível o reconhecimento do exercício da função de
radialista pelo Reclamante para fins de enquadramento obreiro na Lei 6.615/1978. No caso, o TRT afastou o
enquadramento do Autor na categoria de radialista, por concluir que “a reclamada é uma igreja cuja finalidade
precípua não é a radiofusão, mas tão somente a propagação de sua doutrina religiosa”. Contudo, muito embora seja
uma instituição religiosa, cuja finalidade principal é a pregação do Evangelho, também resulta incontroversa sua
atuação como entidade de radiodifusão, mediante a produção profissional e habitual de programa da igreja para
transmissão em rádio, pela qual atinge uma de suas atividades precípuas de propagar sua doutrina religiosa. A
propósito, é cada vez mais comum, na complexa e multifacetada sociedade contemporânea, a reunião de múltiplas
atividades organizacionais na estrutura de uma entidade ou organização originalmente singela e unidimensional. É o
que se percebe, por exemplo, em entidades universitárias mais sofisticadas, bem como em entidades religiosas mais
bem arquitetadas. Diante do exposto, tem-se que o TRT, ao concluir que a Reclamada não atua no segmento de
radiodifusão, violou o art. 3º da Lei 6.615/1978. Contudo, considerando que a matéria não foi examinada sob o
prisma das atividades exercidas pelo Obreiro, e que não há no acórdão regional elementos fáticos que permitam ao
TST aferí-las para fins de enquadramento nos arts. 2º e 4º da Lei 6.615/1978, impõe-se o retorno dos autos ao Juízo
da Vara do Trabalho de origem para definição da questão, como entender de direito. TST-RR-2172-
37.2015.5.02.0056, 3ª Turma, rel.Min. Mauricio Godinho Delgado, julgado em 23/9/2019 – Informativo TST nº
225.
O não fornecimento de equipamentos de proteção individual não implica em automática violação aos direitos da
personalidade do empregado. Exigível, portanto, prova do prejuízo ou abalo sofrido. TST-AIRR-11425-
96.2017.5.18.0003, 4ª Turma, rel. Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos, julgado em 22/9/2020 – Informativo
TST nº 225.
É discriminatória a dispensa da empregada mulher por ausência de acomodação exclusiva em embarcação (navio
mercante). A previsão do art. 4º da Lei nº 9.029/95 aplica-se aos contratos por tempo determinado, inclusive o de
experiência. Devido o pagamento das remunerações compreendidas no período de afastamento, em dobro, na
forma do art. 4º, II, da Lei nº 9.029/95, compreendido entre a data da dispensa discriminatória e a data de
publicação da sentença (conforme os julgados do TST), considerando as circunstâncias do caso concreto, em que
não se revela cabível a reintegração da reclamante, que havia sido contratada por te po determinado (ação ajuizada
em 2015). RRAg-10553-78.2015.5.01.0018, 6ª Turma, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, julgado em 15/9/2020 –
Informativo TST nº 225.
Para as situações constituídas anteriormente à vigência da Lei nº 13.467/2017 (preenchimento do requisito
necessário ao reconhecimento da pretensão em período anterior à novel legislação), será mantido o direito do
empregado à incorporação das funções exercidas. Entendimento contrário implicaria violação da garantia
constitucional da irretroatividade da lei (artigo 5º, XXXVI) que assegura proteção ao direito adquirido (artigo 6º da
LINDB). Ou seja, tendo recebido as referidas gratificações por dez ou mais anos, considerando a data limite de
11/11/2017 (vigência da lei), deverá ser observado o entendimento contido na Súmula nº 372 do TST, vigente à
época dos fatos. Nada impede que se assegure esse direito ao empregado público, pois os entes integrantes da
Administração Pública devem seguir integralmente a legislação trabalhista. Ocorre que a Corte de origem
determinou que fosse restabelecida a função comissionada recebida pela empregada, “devendo o respectivo
pagamento considerar a média das gratificações no decênio que antecedeu a supressão da função em 01/04/2018”.
Não observou, desse modo, o prazo limite determinado pela modificação trazida no artigo 468, § 2º, da CLT
(11/11/2017). Assim, merece modificação o julgado, a fim de que, na apuração do valor a ser incorporado a título
de gratificação de função, seja observada a média atualizada das funções exercidas nos 10 (dez) anos anteriores a
11/11/2017. TST-RR-2090-90.2017.5.09.0007, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas Brandão, julgado em
16/9/2020 – Informativo TST nº 225.
Não cabe Reclamação Constitucional que está amparada na alegação de inobservância de verbete sumulado de
Tribunal Regional. TST-RO-587-82.2017.5.08.0000, 8ª Turma, rel. Min. Dora Maria da Costa, julgado em
16/9/2020 – Informativo TST nº 225.

Outubro

§ 02/10/2020 – Não se inserem na competência da Justiça do Trabalho as ações ajuizadas por Sindicatos, tendo
por objeto representatividade sindical ou contribuição sindical, que digam respeito a trabalhadores

101
submetidos ao regime estatutário ou àqueles cujo regime jurídico aplicável esteja em discussão, pois as demandas
relativas a sindicato de servidores públicos estatutários detém natureza jurídica administrativa, visto que os
filiados são servidores públicos, não inseridos, portanto, no regime celetista. Precedentes do STF (ADI nº 3.395-
MC/DF e Agravo Regimental nos autos da Reclamação nº 9.625/RN) (E-RR-24300-63.2013.5.24.0006, SBDI-1,
Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 02/10/2020). Portanto, nas ações que abrangem eleições
sindicais desses servidores não se reconhece a competência da Justiça do Trabalho, mas da Justiça Comum.

§ 07/10/2020 – O ministro Douglas Alencar, do TST, suspendeu liminar concedida pelo juízo da 9ª Vara do
Trabalho de Brasília em que se determinava a observância, pela União, de diversos procedimentos para a revisão
e a atualização das Normas Regulamentadoras (NRs) do extinto Ministério do Trabalho (atual Secretaria Especial
de Previdência e Trabalho). Para ele, a Justiça do Trabalho é incompetente para examinar pedido de declaração
de nulidade da portaria que alterou a NR-15, por suposta afronta a normas procedimentais e materiais. A
controvérsia existente nos autos da ACP ajuizada pelo MPT não visa à preservação do meio ambiente laboral
numa situação específica, concreta e determinada, mas envolve, muito além disso, a própria retirada da Portaria
1.359/2019 do mundo jurídico, com a revalidação da normatividade anterior, o que implicara, nessa parte,
usurpação da competência do STF (Processo:TutCautAnt-1001321-33.2020.5.00.0000, Relator: Douglas Alencar
Rodrigues). Com a decisão, a liminar concedida pelo juízo de primeiro grau fica suspensa até o julgamento do
mandado de segurança pela SBDI-2 do TST.

§ 08/10/2020 – Ação ajuizada por herdeiros de trabalhador autônomo vítima de acidente deve ser julgada pela
Justiça do Trabalho. Nos termos da súmula nº 392 do TST, a Justiça do Trabalho é competente para processar e
julgar ações de indenização por dano moral e material, decorrentes da relação de trabalho, ainda que propostas
pelos dependentes ou sucessores do trabalhador falecido. O fato de o trabalhador ser autônomo não afasta a
competência da Justiça do Trabalho para julgar a lide. (RR-11025-64.2015.5.01.0411, 6ª Turma, Relatora Ministra
Katia Magalhaes Arruda, DEJT 04/09/2020).

§ 08/10/2020 – TST entende que o repasse de serviços por meio de aparelho celular aos empregados da
terceirizada configura subordinaçõa direta. Apesar de o STF ter reconhecido a licitude da terceirização de toda e
qualquer atividade, meio ou fim (ADPF 324 e RE 958.252). Remanesce a possibilidade de reconhecimento de
vínculo com a empresa contratante, apenas nos em que se verifique a existência de pessoalidade e subordinação
jurídica com a tomadora de serviços (art. 4º-A da Lei 6.019/74). No caso concreto, o Regional registrou que “os
autos dão conta da existência dos requisitos de pessoalidade e subordinação, na relação jurídica entre as partes, mormente pelo fato de
os serviços a serem executados serem repassados aos eletricistas da mesma forma, por meio do aparelho eletrônico” (AIRR-196-
95.2017.5.10.0801, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT 25/09/2020).

§ 09/10/2020 – Celetistas de fundação pública não conseguem equiparação salarial. Nos termos da OJ nº 297 da
SBDI-1 do TST, “o art. 37, inciso XIII, da CRFB/88, veda a equiparação de qualquer natureza para o efeito de
remuneração do pessoal do serviço público, sendo juridicamente impossível a aplicação da norma
infraconstitucional prevista no art. 461 da CLT quando se pleiteia equiparação salarial entre servidores públicos,
independentemente de terem sido contratados pela CLT”. (RR-20066-18.2017.5.04.0018, 3ª Turma, Relator
Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 28/08/2020).

§ 09/10/2020 – É imprescindível a prova da má-fé para caracterização de fraude à execução. No caso concreto,
quando o automóvel foi adquirido (25/08/2017) não havia ainda direcionamento da execução para a pessoa do
sócio ou registro da constrição ao bem adquirido, o que só veio a ocorrer em 23/11/2017, por isso o negócio
jurídico pactuado foi realizado de boa-fé (RR-1000648-58.2018.5.02.0322, 5ª Turma, Relator Desembargador
Convocado Joao Pedro Silvestrin, DEJT 09/10/2020).

§ 10/10/2020 – Publicado o Informativo TST nº 226, cujas principais decisões estão da tabela abaixo:

Informativo TST nº 226


(Período 29 de setembro a 9 de outubro de 2020)
Apesar de a legitimação do sindicato para a defesa de interesses da categoria ser ampla, a retenção de honorários
contratuais incidentes sobre o montante da condenação só é permitida se o contrato de honorários for celebrado
com cada um dos substituídos (art. 22, § 4º, da Lei nº 8.906/94). Nesse contexto, não se pode deduzir honorários
advocatícios do valor do precatório, quando o contrato de prestação de serviços advocatícios foi firmado apenas
entre o sindicato e o advogado, haja vista a inexistência de vínculo contratual entre o advogado e os substituídos.
TST-RO-176200-65.1997.5.17.0001, Órgão Especial, rel. Min. João Batista Brito Pereira, 5/10/2020 – Informativo
TST nº 226.
O TST passou a considerar possível a determinação de penhora de vencimentos, realizada na vigência do CPC de
2015, para satisfação de débitos de natureza trabalhista, desde que limitada a 50% do montante recebível. Ocorre
que o caso concreto apresenta particularidades que, de fato, impedem a manutenção do referido ato de constrição

102
judicial, visto que o impetrante recebe um salário-mínimo de aposentadoria e possui 75 (setenta e cinco) anos de
idade. Assim, em uma ponderação entre o direito da satisfação do crédito do exequente e a subsistência do
executado, há de prevalecer este em detrimento daquele, com base no princípio da dignidade da pessoa humana,
fundamento constitucional. TST-RO1002653-49.2018.5.02.0000, SBDI-II, rel. Min. Evandro Pereira Valadão
Lopes, 29/9/2020 – Informativo TST nº 226.
Deve ser desconstituído capítulo da sentença referente aos honorários advocatícios deferidos em ações ajuizadas
anteriormente à Lei nº 13.467/2017 e, em juízo rescisório, afastada a condenação ao pagamento de honorários
advocatícios sucumbenciais. TST-RO-11432- 80.2018.5.03.0000, SBDI-II, rel. Min. Alexandre de Souza Agra
Belmonte, 6/10/2020 – Informativo TST nº 226.
Ajuizada ação anulatória de auto de infração pelo autuado, a posterior propositura de correspondente ação de
execução fiscal pela União, em outro foro, não tem o condão de deslocar a competência, visto que esta é fixada no
momento do registro ou da distribuição da petição inicial, como preconiza o art. nº 43 do CPC. Ademais, a
competência territorial para a execução fiscal (art. 46, §5º, do CPC) é de natureza relativa, o que implica reconhecer
a possibilidade de sua alteração ou prorrogação. Dessa forma, no presente caso, cabia à União o ajuizamento da
execução fiscal no mesmo foro em que já tramitava a ação anulatória, devendo, pois, em razão da patente conexão,
ser reunidas as referidas ações para julgamento em conjunto, a fim de se evitar a prolação de decisões conflitantes.
TST-CC-9953-02-2019.5.00.0000, SBDI-II, rel. Min. Maria Helena Mallmann, 6/10/2020 – Informativo TST nº
226.
Conforme o art. 8º, III, da CRFB/88, os sindicatos têm ampla e irrestrita legitimidade ao tutelar direitos coletivos
ou individuais dos empregados da categoria, sendo incabível a limitação imposta pela Corte Regional no sentido de
que a execução ser realizada por ações individuais. TST-RR-1377-21.2017.5.08.0015, 2ª Turma, rel. Min. Delaíde
Miranda Arantes, julgado em 30/9/2020 – Informativo TST nº 226.
Ambas as Turmas do STF, apreciando reclamações contra decisões do TST, vencidos os Min. Marco Aurélio e
Rosa Webrer, deixaram claro que, de acordo com o figurino dos precedentes vinculantes do STF quanto ao Tema
246, é do reclamante o ônus da prova da culpa in vigilando da administração pública (cfr. AgRg-ED-Rcl 36.836-
MA, 1ª Turma, Red. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 14/2/2020; AgRg-Rcl 37.035-MA, 2ª Turma, Rel. Min.
Cármen Lúcia, julgado em 19/12/2019). TST-RR-83-97.2018.5.20.0003, 4ª Turma, rel. Min. Ives Gandra Martins
Filho, julgado em 29/9/2020 – Informativo TST nº 226.
Aplica-se à SPTRANS o regime de execução por precatório, tendo em vista que a referida sociedade de economia
mista não desenvolve a sua atividade econômica em regime concorrencial. TST-RR-261000-58.2000.5.02.0059, 4ª
Turma, rel. Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos, julgado em 29/9/2020 – Informativo TST nº 226.
Havendo intimação em paralelo pelo Diário Oficial e pelo sistema do PJe, deve prevalecer, para efeito de contagem
de prazo processual, a notificação feita por este último sistema (PJe), uma vez que é dispensável a intimação feita
pela publicação no meio oficial comum. Pelo princípio da boa-fé objetiva processual e pelo princípio da primazia da
decisão de mérito, considera-se a intimação realizada pelo sistema do PJe para contagem do prazo processual. Cabe
ao órgão jurisdicional intimar as partes dos atos processuais, cabendo-lhe eleger a via legal própria. Se emite duas
vias de intimação e causa legítima dúvida quanto a qual delas deve atender, deve-se optar pela intimação que menos
prejuízo cause à parte. TST-RR-175-33.2017.5.19.0005, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em
29/9/2020 – Informativo TST nº 226.
Nos termos da jurisprudência do STF (ADC 48 e ADI 3.961) a Lei nº 11.442/2007 é constitucional, uma vez que a
Constituição não veda a terceirização, de atividade-meio ou fim. Ainda, o prazo prescricional estabelecido no art. 18
da Lei nº 11.442/2007 é válido porque não se trata de créditos resultantes de relação de trabalho, mas de relação
comercial, não incidindo na hipótese o art. 7º, XXIX, CRFB/88. Assim, uma vez preenchidos os requisitos
dispostos na Lei nº 11.442/2007, estará configurada a relação comercial de natureza civil e afastada a configuração
de vínculo trabalhista. TST-RR-81-56.2014.5.17.0002, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em
29/9/2020 – Informativo TST nº 226.
O não conhecimento do recurso ordinário por deserção nos casos de pedido de substituição do depósito recursal
por seguro garantia judicial com prazo de validade determinado, em época anterior ao Ato Conjunto nº
1/TST.CSJT.CGJT, de 1/10/2019, implica ofensa ao princípio do devido processo legal. Isso porque, à época ainda
não havia diretrizes claras para a utilização do novo instrumento de garantia no âmbito da Justiça do Trabalho,
pairando dúvida razoável quanto aos procedimentos a serem observados, os quais somente foram padronizados
com a edição do Ato Conjunto. RR-1000677-10.2017.5.02.0463, 6ª Turma, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda,
julgado em 29/9/2020 – Informativo TST nº 226.
Se o autor foi contratado para exercer a função de operador de corte/montagem/acabamento, e portanto, lidar
rotineiramente com ferramentas de trabalhado perfurocortantes, assim como, substâncias tóxicas e/ou
entorpecentes, é legítima a exigência de apresentação de certidão negativa, em razão da natureza do ofício, de modo
a não caracterizar lesão moral ao candidato ao emprego. TST-RR-AIRR-976-88.2016.5.13.0024, 7ª Turma, rel. Min.
Renato de Lacerda Paiva, julgado em 30/9/2020 – Informativo TST nº 226.
Não cabe recurso de revista adesivo se já foi interposto recurso de revista não admitido por intempestividade.

103
Quando da interposição do primeiro recurso, a parte exerceu o seu direito de se insurgir contra o acórdão regional,
operando-se, assim, a preclusão consumativa. Não poderia interpor novo apelo revisional para atacar a mesma
decisão, ainda que o primeiro tenha sido inadmitido por intempestividade, sob pena de violação do princípio da
unirrecorribilidade das decisões. TST-Ag-ARR-1734-91.2013.5.15.0032, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio Mascarenhas
Brandão, julgado em 30/9/2020 – Informativo TST nº 226.
Não cabem honorários advocatícios sucumbenciais em caso de arquivamento do feito por ausência do Reclamante à
audiência, pois a condenação ao pagamento de honorários advocatícios sucumbenciais não está prevista no art. 844
da CLT, que traz rol taxativo das consequências advindas do não comparecimento injustificado do reclamante à
audiência. Ainda, havendo previsão expressa na CLT do ônus que recai sobre o reclamante que não comparece à
audiência, não deve haver aplicação subsidiária do art. 85, § 6º, do CPC, consoante dispõe o art. 769 da CLT, que
prevê a aplicação subsidiária do CPC ao Processo do Trabalho apenas quando houver omissão neste e desde que
haja compatibilidade. TST-RR-10349-92.2018.5.03.0173, 8ª Turma, rel. Min. João Batista Brito Pereira, julgado em
30/9/2020 – Informativo TST nº 226.

§ 13/10/2020 – De acordo com a Súmula nº 357 do TST o simples fato de estar litigando ou de ter litigado contra
o mesmo empregador não torna a testemunha suspeita. Esse entendimento incide mesmo nos casos em que há
oitivas recíprocas entre autor e testemunha (RR-1000029-39.2015.5.02.0321, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto
Cesar Leite de Carvalho, DEJT 14/08/2020).

§ 15/10/2020 – O contido na Súmula nº 338, item I, também é aplicável quando há juntada parcial dos controles
de frequência, hipótese em que se presume verdadeira a jornada apontada na inicial em relação ao período não
coberto pelo registro de jornada apresentado, presunção essa que é relativa (iuris tantum), podendo ser elidida por
prova em contrário. Não se pode acolher a pretensão de fixação pela média da jornada de trabalho, com base nos
cartões apresentados, para o período em que faltaram os cartões. Prevalece o mesmo entendimento para o caso
de apresentação de registros de ponto ilegíveis. Precedentes. O Tribunal Regional, ao considerar válidos os
cartões de ponto ilegíveis e concluir que para o período em que não foram juntados os controles de ponto,
deveria prevalecer a média das jornadas dos meses anteriores, decidiu em dissonância com o disposto na Súmula
nº 338, item I, do TST. (RR-1000373-26.2015.5.02.0319, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo
Bastos, DEJT 04/09/2020).

§ 16/10/2020 – 6ª Turma do TST entende que a liquidação do pedido na petição inicial, exigida a partir
da Reforma Trabalhista é uma mera estimativa e, por isso, não impede que o juiz defira valores
superiores aos indicados na petição inicial. Ementa: RECURSO DE REVISTA DO RECLAMANTE.
APELO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.467/2017. PEDIDOS LÍQUIDOS. LIMITAÇÃO DA CONDENAÇÃO
AOS VALORES DE CADA PEDIDO. APLICAÇÃO DO ART. 840, § 1º, DA CLT, ALTERADO PELA LEI
13.467/2017. TRANSCENDÊNCIA RECONHECIDA. A controvérsia gira acerca da aplicação do artigo 840, §
1º, da CLT, que foi alterado pela Lei 13.467/2017. No caso em tela, o debate acerca do art. 840, § 1º, da CLT,
detém transcendência jurídica, nos termos do art. 896-A, § 1º, IV, da CLT. A controvérsia acerca da limitação da
condenação, aos valores liquidados apresentados em cada pedido da inicial, tem sido analisado, pela
jurisprudência dominante, apenas sob a égide dos artigos 141 e 492 do Código de Processo Civil. Por certo que
aludidos dispositivos do CPC são aplicados subsidiariamente no processo trabalhista. Entretanto, no que se
refere à discussão acerca dos efeitos dos pedidos liquidados, apresentados na inicial trabalhista, os dispositivos
mencionados do CPC devem ceder espaço à aplicação dos parágrafos 1º e 2º do artigo 840 da CLT, que foram
alterados pela Lei 13.467/2017. Cumpre esclarecer que o TST, por meio da Resolução nº 221, de 21/06/2018,
considerando a vigência da Lei 13.467/2017 e a imperativa necessidade de o TST posicionar-se, ainda que de
forma não exaustiva, sobre a aplicação das normas processuais contidas na CLT alteradas ou acrescentadas pela
Lei 13.467/2017, e considerando a necessidade de dar ao jurisdicionado a segurança jurídica indispensável a
possibilitar estabilidade das relações processuais, aprovou a Instrução Normativa nº 41/2018, que no seu art. 12,
§ 2º, normatizou que "para fim do que dispõe o art. 840, §§ 1º e 2º, da CLT, o valor da causa será estimado (...)".
A Instrução Normativa nº 41/2018 do TST, aprovada mediante Resolução nº 221, em 02/06/2018, registra que
a aplicação das normas processuais previstas na CLT, alteradas pela Lei 13.467/2017, com eficácia a partir de
11/11/2017, é imediata, sem atingir, no entanto, situações pretéritas iniciadas ou consolidas sob a égide da lei
revogada. Portanto, no caso em tela, em que a inicial foi ajuizada no ano 2018, hão de incidir as normas
processuais previstas na CLT alteradas pela Lei 13.467/2017. Assim, a discussão quanto à limitação da
condenação aos valores constantes nos pedidos apresentados de forma líquida na exordial deve ser considerada
apenas como fim estimado, conforme normatiza o parágrafo 2º do artigo 12 da IN 41/2018 desta Corte. A
decisão regional que limitou a condenação aos valores atribuídos aos pedidos na inicial configura ofensa ao art.
840, § 1º, da CLT. Reconhecida a transcendência jurídica do recurso de revista. Recurso de revista conhecido e
provido. (ARR-1000987-73.2018.5.02.0271, 6ª Turma, Relator Ministro Augusto Cesar Leite de Carvalho, DEJT
16/10/2020).

104
§ 19/10/2020 – É cabível reintegração do empregado com doença ocupacional reconhecida pelo INSS após a
dispensa e ainda que fora da projeção do aviso prévio (súmula nº 378, item II, do TST), pois uma vez constatada,
após a despedida, doença profissional que guarde relação de causalidade com a execução do contrato de
emprego, é assegurado o direito à estabilidade provisória pelo período de 12 meses após a cessação do auxílio-
doença ao empregado acidentado, nos termos do artigo 118 da Lei n0 8.213/1991. (RO-1151-74.2019.5.05.0000,
SBDI-2, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 28/08/2020).

§ 26/10/2020 – Proximidade de aparelho móvel de raio-x não garante direito ao adicional de


periculosidade, pois a parcela não é devida ao trabalhador que não opera o equipamento, ainda que
permaneça, habitual ou eventualmente, nas áreas de risco. A SDI Plena do TST, em IRR julgado no dia
01/08/2019, com efeito vinculante (IRR-1325-18.2012.5.04.0013), firmou as seguintes teses jurídicas: “I – a
Portaria MTE nº 595/2015 e sua nota explicativa não padecem de inconstitucionalidade ou ilegalidade. II – não é devido o
adicional de periculosidade a trabalhador que, sem operar o equipamento móvel de Raios X, permaneça, habitual, intermitente ou
eventualmente, nas áreas de seu uso. III – os efeitos da Portaria nº 595/2015 do Ministério do Trabalho alcançam as situações
anteriores à data de sua publicação”. Se o acórdão recorrido reconhece que a reclamante se enquadrava na
hipótese prevista na Portaria nº 595/2015, não pode considerar que os efeitos dessa se aplicavam apenas ao
período laboral após sua publicação. (RR-10655-17.2017.5.03.0005, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes
Arruda, DEJT 02/10/2020).

§ 23/10/2020 – Em caso de confissões recíprocas, a questão deve ser discutida com base no critério da
distribuição do ônus da prova, como no caso de controle de ponto inválido e empregado que faltou à audiência.
Na hipótese, a Eg. 8ª Turma do TST deu provimento ao recurso de revista interposto pela Reclamada para
excluir da condenação o pagamento de horas extras, nos termos da Súmula 74, I, do TST. Ressaltou que embora
a Reclamada tenha carreado nos autos cartões de ponto inválidos, óbice previsto na Súmula 338, III, desta Corte,
o não comparecimento do Reclamante à audiência implica confissão quanto à matéria e acarreta a presunção de
veracidade das alegações da ora embargada. Com efeito, o item I da Súmula 338, dispõe que é ônus do
Empregador enquadrado no art. 74, § 2º, da CLT colacionar aos autos os controles de jornada dos empregados,
sob pena de presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho alegada na petição inicial. Nesse cenário, o
entendimento dominante nesta Corte no caso de confissão recíproca, como a situação vertente, é no sentido de
que a pena de confissão ficta aplicada ao Reclamante não afasta a presunção de veracidade da jornada de
trabalho, visto que a apresentação de controles válidos de frequência pela Reclamada antecede o momento de
comparecimento à audiência e tal ônus decorre de imposição legal (art. 74, §2º, da CLT). Precedentes. (E-RR-
3793-17.2010.5.02.0421, SBDI-1, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 23/10/2020).

§ 23/10/2020 – Empregado tem legitimidade ativa para, individualmente, executar sentença prolatada em
ação coletiva ajuizada por sindicato na condição de substituto processualI. O CDC, relativamente às
ações coletivas para a defesa de interesses individuais homogêneos, no seu art. 97, dispõe, que “a liquidação e a
execução de sentença poderão ser promovidas pela vítima e seus sucessores, assim como pelos legitimados de que trata o art. 82”.
Com supedâneo no referido dispositivo legal, a SBDI-1 do TST, no julgamento dos Embargos E-RR-1843-
88.2012.5.15.0049, firmou o entendimento de que o empregado substituído possui legitimidade para, de forma
individual, promover procedimento de execução de sentença prolatada em ação coletiva movida pelo sindicato
autor, por trata-se de legitimidade concorrente, e não legitimidade subsidiária. No vertente caso, o Tribunal
Regional entendeu não ser procedente a pretensão da parte reclamante de promover individualmente a execução
nos autos de ação coletiva. O Tribunal Regional, portanto, ao manter a extinção da ação de execução em questão,
sob o fundamento de que a parte reclamante não possui legitimidade para ajuizar ação de execução individual
autônoma de sentença coletiva, proferiu decisão em ofensa ao art. 5º XXXV, da Constituição da República, que
preconiza a garantia de acesso ao Poder Judiciário. RR-1847-28.2012.5.15.0049, 7ª Turma, Relator Ministro
Evandro Pereira Valadao Lopes, DEJT 23/10/2020).

§ 27/10/2020 – Publicado o Informativo TST nº 227, cujas principais decisões estão da tabela abaixo:

Informativo TST nº 227


(Período 13 a 26 de outubro de 2020)
É nula a cláusula normativa que, objetivando subsidiar o custeio da clínica médica, estabelece contribuição a ser
paga diretamente pelas empresas ao sindicato da categoria profissional. Assim, é inválida a cláusula que estabelece, a
qualquer título, contribuições a serem pagas pelo empregador diretamente ao sindicato profissional. TST-RO-699-
17.2018.5.08.0000, SDC, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, 19/10/2020 – Informativo TST nº 227.
Em dissídio coletivo de natureza econômica, não se defere cláusula que impute ao empregado 100% do encargo
financeiro da aquisição de instrumento de trabalho, sob pena de inverção da lógica da assunção dos riscos do
empreendimento (art. 2º da CLT) e desrespeito ao princípio da intangibilidade salarial. TSTRO-7430-
05.2016.5.15.0000, SDC, red. p/ acórdão Min. Mauricio Godinho Delgado, 19/10/2020 – Informativo TST nº 227.
Gera dano moral a prática de registrar atestados médicos na CTPS (art. 29, § 4º, da CLT e art. 8º da Portaria nº 41

105
de 2007 do Ministério doTrabalho e Emprego. Tal conduta ultrapasa o poder diretivo do empregador, pois esse
tipo de registro gera um impacto negativo à imagem do empregado nas contratações futuras, diante da possibilidade
de o trabalhador ser considerado menos saudável ou assíduo do que os demais candidatos à vaga no emprego,
violando seu direito de personalidade. TST-E-RR-8-22.2013.5.20.0007, SBDI-I, rel. Min. Augusto César Leite de
Carvalho, 15/10/2020 – Informativo TST nº 227.
O valor da causa atribuído à ação rescisória em que se pretende rescindir fração específica da coisa julgada deve ser
fixado de maneira a corresponder ao exato alcance dos pedidos submetidos ao corte rescisório e não ao valor total
da condenação, sob pena de se atribuir à parte ônus pecuniário excessivo e desproporcional, decorrente da
ampliação indevida da base de cálculo para a realização do depósito prévio. TST-RO-10102-78.2013.5.01.0000,
SBDI-II, red. p/ acórdão Min. Douglas Alencar Rodrigues, 13/10/2020 – Informativo TST nº 227.
A adoção de medidas coercitivas atípicas (art. 139, IV, do CPC de 2015) é admissível no processo do trabalho (art.
3º, III, da IN nº 39 do TST), desde que observados os seguintes pressupotos: i) ausência de patrimônio do devedor
para quitar débitos trabalhistas; ii) que tal insuficiência patrimonial seja aferida após a utilização de todas as medidas
típicas sem sucesso; iii) decisão fundamentada, considerando as particularidades de cada caso, especialmente a
conduta das partes; iv) contraditório, proporcionalidade, razoabilidade, legalidade e eficiência. O caso tratava de
apreensão de CNH, que não era utilizada como instrumento de trabalho do devedor. TST-RO-1237-
68.2018.5.09.0000, SBDI-II, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes, 20/10/2020 – Informativo TST nº 227.
A ausência de juntada das razões de voto vencido no acórdão recorrido que julgou o pleito rescisório gera a
nulidade absoluta do ato de publicação da referida decisão, independentemente da comprovação de prejuízo (artigo
941, § 3º, do CPC) TST-RO-80168-25.2018.5.22.0000, SBDI-II, rel. Min. Evandro Pereira Valadão Lopes,
20/10/2020 – Informativo TST nº 227.
Na ação de cobrança da contribuição sindical rural, para a regular constituição do crédito é imprescindível a
notificação pessoal do devedor em razão de sua natureza tributária, bem como das dificuldades de acesso aos meios
de comunicação do contribuinte que vive no campo. Já para urbana, em que pese a existência de acórdão da 5ª
Turma do TST em sentido contrário, o Relator do caso tem posição no sentido de que para a cobrança da
contribuição sindical urbana não é necessária a notificação pessoal do devedor ou individualização do sujeito
passivo da contribuição, sendo suficiente a publicação de editais nos jornais de maior circulação local (art. 605 da
CLT), pois ao contrário do que ocorre com os contribuintes que residem na zona rural, os da zona urbana não têm
dificuldade de acesso aos meios de comunicação, não estando, assim, presente o requisito que motivou o
entendimento no sentido de se exigir a notificação direta do devedor nas ações de cobrança de contribuição sindical
rural. TST-RR-1243-
83.2017.5.13.0005, 5ª Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em 21/10/2020 – Informativo TST nº 227.
A questão envolvendo a expectativa de vida para fins de pensionamento é matéria eminentemente de direito,
porquanto se cuida apenas de critério para sua fixação, bastando que a parte adversa tão somente impugne o pleito
principal, visando afastar sua a responsabilidade civil e respectiva indenização (no caso, responsabilidade civil
decorrente de acidente do trabalho). As estimativas da expectativa de vida são fatos notórios que sequer dependem
da produção de provas. TST-RR-1308-07.2012.5.18.0008, 5ª Turma, rel. Min. Breno Medeiros, julgado em
21/10/2020 – Informativo TST nº 227.
Na conversão de processo físico em eletrônico o ônus com a digitalização das peças processuais não pode ser
imputado às partes, sendo inadmissível a criação de dever processual não previsto em lei por normativo interno do
Tribunal Regional, a caracterizar inovação do ordenamento jurídico por meio de resolução. Violação do princípio
constitucional da legalidade (art. 5º, II, da CRFB/88). TST-RR-64600-95.2006.5.03.0071, 7ª Turma, rel. Min. Renato
de Lacerda Paiva, julgado em 21/10/2020 – Informativo TST nº 227.
Para fins de concessão do benefício da gratuidade da justiça a pessoa natural, a comprovação a que alude o § 4º, do
art. 790, da CLT pode ser feita mediante simples declaração da parte (item I, da Súmula nº 463, do TST), não se
exigindo formalização por outro meio. TST-ARR-1001016-92.2018.5.02.0055, 7ª Turma, rel. Min. Cláudio
Mascarenhas Brandão, julgado em 14/10/2020 – Informativo TST nº 227.
É plenamente possível a cumulação de pedidos de tutelas inibitórias com o pedido de indenização por danos morais
coletivos, pois a conjunção “ou” estabelecida no art. 3º da Lei nº 7.347/1985 tem sentido aditivo. TST-RRAg-1160-
23.2015.5.14.0001, 8ª Turma, rel. Min. Dora Maria da Costa, julgado em 14/10/2020 – Informativo TST nº 227.
A multa pelo descumprimento de obrigação de fazer constitui uma multa processual (astreintes) e não se confunde
com cláusula penal fixada pelas partes, pelo que resulta inaplicável a disposição do art. 412 do Código Civil. TST-
RRAg-1160-23.2015.5.14.0001, 8ª Turma, rel. Min. Dora Maria da Costa, julgado em 14/10/2020 – Informativo
TST nº 227.

§ EMENTA: DIREITO CONSTITUCIONAL. LIVRE EXERCÍCIO PROFISSIONAL, ATENDIDAS AS


QUALIFICAÇÕES QUE A LEI ESTABELECER. LEILOEIRO. PAGAMENTO DE CAUÇÃO PARA
DESEMPENHO DA ATIVIDADE. CONSTITUCIONALIDADE. RECURSO EXTRAORDINÁRIO
DESPROVIDO. 1. A cláusula da liberdade de profissão (art. 5º, XIII, da CF) assegura a brasileiros e a

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estrangeiros residentes no país o direito constitucional a exercer qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas
as qualificações profissionais que a lei estabelecer. A jurisprudência do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL tem
afirmado que essa norma socorre tanto a liberdade de escolha, como a liberdade de exercício de uma atividade a
título de trabalho, ofício ou profissão. 2. Quanto ao exercício de trabalho, ofício ou profissão, a garantia de
liberdade comporta alguma limitação pelo legislador infraconstitucional, conforme dispõe o art. 5º, XIII, da CF.
Embora admissível, essa intervenção está materialmente submetida aos demais preceitos constitucionais, como o
valor social do trabalho (arts. 1º, IV; 6º, caput, XXXII; 170, caput, e VIII; 186, III, 191 e 193, entre outros). 3. A
legitimidade da atuação legislativa no campo do exercício do trabalho deve ser restrita apenas ao indispensável
para viabilizar a proteção de outros bens jurídicos de interesse público igualmente resguardados pela própria
Constituição, como a segurança, a saúde, a ordem pública, a incolumidade das pessoas e do patrimônio, a
proteção especial da infância e outros. Somente quando a execução individual de determinada atividade puder
implicar risco a algum desses valores, imprescindíveis para o bem-estar da coletividade, é que o legislador estará
autorizado a restringir a liberdade de trabalho. 4. São diretrizes para a atividade legislativa tendente a condicionar
o exercício de alguma profissão: (a) a lei não pode estabelecer limitações injustificadas, arbitrárias ou excessivas;
(b) as limitações instituídas pela lei devem fundamentar-se em critérios técnicos capazes de atenuar os riscos
sociais inerentes ao exercício de determinados ofícios; e (c) as limitações instituídas pela lei não podem dificultar
o acesso a determinada categoria profissional apenas sob o pretexto de favorecer os seus atuais integrantes,
mediante restrição exclusivamente corporativista do mercado de trabalho. 5. Enfim, exige-se, como requisito de
validade das limitações normativas ao exercício profissional, que sejam elas obedientes a critérios de adequação e
de razoabilidade que possam ser aferidos lógica e objetivamente. 6. O Decreto 21.981/1932 dispõe, em seus
artigos 6º, 7º e 8º, que “o leiloeiro, depois de habilitado devidamente perante as Juntas Comerciais fica obrigado,
mediante despacho das mesmas Juntas, a prestar fiança, em dinheiro ou em apólices da Dívida Pública federal
(…)”; “a fiança responde pelas dívidas ou responsabilidades do leiloeiro”; e que “o leiloeiro só poderá entrar no
exercício da profissão, depois de aprovada a fiança oferecida (...)”. 7. O leiloeiro lida diariamente com o
patrimônio de terceiros, de forma que a prestação de fiança como condição para o exercício de sua profissão
busca reduzir o risco de dano ao proprietário - o que reforça o interesse social da norma protetiva, bem como
justifica a limitação para o exercício da profissão. 8. Recurso Extraordinário a que se nega provimento. Tema
455, fixada a seguinte tese de repercussão geral: “A exigência de garantia para o exercício da profissão de
leiloeiro, prevista nos artigos 6º a 8º do Decreto 21.981/1932, é compatível com o artigo 5º, XIII, da CF/1988”.
(RE 1263641, Relator(a): Marco Aurélio, Relator(a) p/ Acórdão: Alexandre de Moraes, Tribunal Pleno, julgado
em 13/10/2020, DJe 28/10/2020)

§ A exigência de garantia para o exercício da profissão de leiloeiro, prevista nos artigos 6º a 8º do Decreto
21.981/1932, é compatível com o art. 5º, XIII, da Constituição Federal de 1988 (CF) (1). O art. 5º, XIII, da CF é
norma constitucional de eficácia contida. Por isso, o legislador ordinário pode restringir o alcance da liberdade de
exercício de qualquer trabalho nela prevista, a fim de disciplinar certas atividades cuja prestação possa, por falta
de técnica, atingir negativamente a esfera de outros indivíduos ou de valores ou interesses da própria sociedade.
Entretanto, a legitimidade da atuação legislativa no campo do exercício do trabalho deve ser limitada ao
indispensável para viabilizar a proteção de outros bens jurídicos de interesse público igualmente resguardados
pela própria Constituição, como a segurança, a saúde, a ordem pública, a incolumidade das pessoas e do
patrimônio, a proteção especial da infância e outros. No caso, o leiloeiro lida diariamente com o patrimônio de
terceiros, de forma que a prestação de fiança como condição para o exercício de sua profissão busca reduzir o
risco de dano ao proprietário, o que reforça o interesse social da norma protetiva, bem como justifica a limitação
para o exercício da profissão. Com esse entendimento, ao apreciar o Tema 455 da repercussão geral, o Plenário,
por maioria, negou provimento a recurso extraordinário. (1) CF: “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...)
XIII – é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a
lei estabelecer;” RE 1263641/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgamento virtual em 9.10.2020. (RE-1263641)

§ DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. PROFISSIONALIZAÇÃO E TRABALHO. CF, art. 7º,


XXXIII: EC 20/1998 e idade mínima para o trabalho. A norma fundada no art. 7º, XXXIII, da Constituição
Federal (CF) (1), na alteração que lhe deu a Emenda Constitucional (EC) 20/1998, tem plena validade
constitucional. Logo, é vedado “qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a
partir de quatorze anos”. O texto constitucional atribui à família, à sociedade e ao Estado o dever de assegurar, às
crianças e aos adolescentes, em atenção e respeito à sua peculiar condição de pessoa em desenvolvimento, as
condições materiais, afetivas, sociais e psicológicas necessárias ao acesso e à proteção ao direito à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária. Também lhes incumbe o dever de colocar a criança e o adolescente a salvo de
toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (CF, art. 227) Atendendo às
diretrizes de caráter protetivo fundadas no art. 227, a EC 20/1998 modificou os critérios etários que definem a
idade mínima para o regular início de atividades laborais. No desempenho de seu poder reformador, o Congresso

107
Nacional proibiu a exploração de natureza estritamente econômica do trabalho infantil. As sequelas físicas,
emocionais e sociais infligidas à criança e ao adolescente em decorrência da exploração do trabalho infantil,
justificam a proteção especial e prioritária destinada a esse grupo vulnerável. A temática referente ao trabalho
infantil é objeto de diversos instrumentos convencionais no plano internacional, notadamente a Convenção 138
da Organização Internacional do Trabalho (OIT) (Convenção sobre Idade Mínima de Admissão ao Emprego,
1973) e a Convenção 182 da OIT (Convenção sobre a Proibição das Piores Formas de Trabalho Infantil, 1999),
ambas formalmente incorporadas ao direito positivo interno. Perante a Organização das Nações Unidas (ONU),
o Brasil assumiu o compromisso de erradicar todas as formas de trabalho infantil até 2025 [Meta 8.7 da Agenda
2030 para o Desenvolvimento Sustentável]. A elevação da idade mínima para o trabalho do adolescente
promovida pela EC 20/1998, além estar em plena conformidade com os princípios e diretrizes que orientam a
doutrina da proteção integral — diretriz estruturante da CF de 1988 (art. 227) — acha-se, ainda, em harmonia
com os objetivos e os postulados fundamentais da República [CF, art. 3º, IV] e com os princípios básicos
extraídos da ordem jurídica internacional. Ademais, a cláusula que proíbe o retrocesso em matéria social traduz,
no processo de sua concretização, verdadeira dimensão negativa pertinente aos direitos sociais, impedindo, em
consequência, que os níveis de concretização dessas prerrogativas, uma vez atingidos, venham a ser reduzidos,
degradados ou suprimidos. Trata-se, na espécie, de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada contra a parte
final do inciso XXXIII do art. 7º da CF, na redação dada pela EC 20/1998. A confederação requerente buscava o
restabelecimento do texto anterior do dispositivo constitucional, que determinava a “proibição de trabalho
noturno, perigoso ou insalubre aos menores de dezoito e de qualquer trabalho a menores de quatorze anos, salvo
na condição de aprendiz”. O Plenário julgou o pedido improcedente e confirmou a validade da norma
questionada. (ADI 2096/DF, rel. Min. Celso de Mello, julgamento virtual em 9.10.2020. ADI-2096)

Novembro

§ 05/11/2020 – 7ª Turma do TST entende que a retenção da CTPS, por tempo superior ao estabelecido em lei
(art. 29 da CLT), é considerada ato ilícito e gera danos morais, ainda que não haja comprovação de que a
retenção tenha gerado prejuízos materiais, pois é evidente a natureza ilícita da conduta e o prejuízo dela
decorrente. Processo: RR-1002449-21.2016.5.02.0373

§ 02/07/2020 – Lançamento da obra Honorários advocatícios sucumbenciais no processo do trabalho,


pela editora JusPodivm.

§ 05/11/2020 – SBDI-1 do TST reafirma sua jurisprudência pela qual o ajuizamento da ação no domicílio do
trabalhador, quando for em local diverso daquele em que foi contratado ou prestou serviço, somente é possível
se as empresas demandadas forem de âmbito nacional. E-RR-776-51.2013.5.07.0025

§ 05/11/2020 – Nos contratos de empreitada (OJ nº 191 da SBDI-1 do TST), afasta-se a responsabilidade
subsidiária pelo pagamento das parcelas trabalhistas (E-RR-330-93.2013.5.09.0671, SBDI-1, Relator Ministro
Márcio Amaro, j. 05/11/2020). No caso em apreço, o ministro Cláudio Brandão abriu divergência para
reconhecer a responsabilidade subsidiária da empresa Klabin, ao argumento de que os fatos registrados pelo TRT
revelaram um contrato de prestação de serviços. “Das quatro atividades que figuram como resultantes do contrato, três delas
revelam a execução de serviços (conservação, revestimento e manutenção de estradas e aceiros de uso florestal) e apenas uma (construção
de estradas e aceiros de uso florestal) poderia ser enquadrada no conceito de obra certa”, afirmou. “Trata-se, portanto, de trabalho
de necessidade contínua e permanente, relacionado à atividade-fim da tomadora”. Seis Ministros seguiram a divergência, mas
diante do empate na votação (7 X 7), aplicou-se ao caso o parágrafo 1º do artigo 140 do Regimento Interno do
TST, que prevê, nessa hipótese, a manutenção da decisão recorrida.

§ 05/11/2020 – STF admite ADPF que questiona a Súmula nº 450 do TST43, pois se trata de enunciado de
caráter normativo. Para o STF há viabilidade de ajuizamento de Arguição de Descumprimento de Preceito
Fundamental em face de enunciado de Súmula de Jurisprudência predominante editada pelo TST. Outrossim,
atendido o princípio da subsidiariedade, uma vez que não há instrumento processual capaz de impugnar ações e
recursos que serão obstados com base em preceito impositivo no âmbito da Justiça trabalhista. (ADPF 501 AgR,
Relator(a): Alexandre de Moraes, Relator(a) p/ Acórdão: Ricardo Lewandwsk, Tribunal Pleno, julgado em
16/09/2020, DJe- 05/11/2020)

§ 06/11/2020 – 4ª Turma do TST, por unanimidade, manteve a condenação de reclamante beneficiária da justiça
gratuita ao pagamento de custas processuais por não ter comparecido em audiência, tampuco justificado sua
ausência. O relator, ministro Ives Gandra Martins Filho, avaliou que a imposição do pagamento de custas

43 Súmula nº 450 do TST – FÉRIAS. GOZO NA ÉPOCA PRÓPRIA.PAGAMENTO FORA DO PRAZO. DOBRA DEVIDA.

ARTS. 137 E 145 DA CLT. É devido o pagamento em dobro da remuneração de férias, incluído o terço constitucional, com base no art.
137 da CLT, quando, ainda que gozadas na época própria, o empregador tenha descumprido o prazo previsto no art. 145 do mesmo
diploma legal.

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processuais, nessa situação, não tira o direito do trabalhador de ter acesso ao Poder Judiciário. Segundo ele “a
própria lei excepciona da obrigação de recolher as referidas custas aquele que comprovar que a sua ausência se
deu por motivo legalmente justificável, prestigiando, de um lado, o processo responsável, e desestimulando, de
outro, a litigância descompromissada”. Processo: RR-1000400-32.2018.5.02.0051

§ 09/11/2020 – 4ª Turma do TST reafirma a jurisprudência da Corte no estendido de que a exigência de certidão
expedida por órgão estatal, constante do artigo 606 da CLT, reporta-se apenas aos casos em que o ente sindical
opte pelo ajuizamento da respectiva ação executiva, não se aplicando para as ações de cobrança da contribuição
sindical rural. (RR-11908-10.2018.5.15.0025, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme Augusto Caputo Bastos,
DEJT 04/09/2020).

§ 07/11/2020 – Publicado o Informativo TST nº 228, cujas principais decisões estão da tabela abaixo:

Informativo TST nº 228


(Período 27 de outubro a 6 de novembro de 2020)
É inconstitucional o § 5º do art. 896-A da CLT, que dispõe ser “irrecorrível a decisão monocrática do relator que, em agravo
de instrumento em recurso de revista, considerar ausente a transcendência da matéria”. Tal prática viola os princípios da
colegialidade, do juiz natural, do devido processo legal, da segurança jurídica, da proteção da confiança e da
isonomia; impede o exame futuro da controvérsia pelo STF; revela a incongruência de procedimentos adotados no
julgamento de recursos de revista e de agravos de instrumento, o que viola o princípio da razoabilidade; obstaculiza
o exercício da competência reservada, por lei, às Turmas deste Tribunal; dificulta a fixação de precedentes por este
Tribunal, considerando a ausência de parâmetros objetivos fixados para o reconhecimento da transcendência e a
atribuição de elevado grau de subjetividade por cada relator - que não constitui órgão julgador, mas, sim, instância
de julgamento, cuja atuação decorre de delegação do Colegiado. Cabível o agravo interno para atacar decisão
monocrática do relator que denegou seguimento ao agravo de instrumento em recurso de revista, por ausência de
transcendência da causa. (TST-ArgInc-1000845-52.2016.5.02.0461, Tribunal Pleno, rel. Min. Cláudio Mascarenhas
Brandão, 6/11/2020 – Informativo TST nº 228)
Remetidos os autos ao Tribunal Pleno para que julgue o recurso de embargos em que se discute a necessidade ou
não de renovação no agravo de instrumento das alegações concernentes aos pressupostos intrínsecos de cabimento
do recurso de revista, elencados no art. 896 da CLT – violação legal/constitucional e divergência jurisprudencial –, quando a
decisão denegatória do recurso de revista invoca um óbice processual para inadmiti-lo (TST-E-ED-ED-RR291-
13.2016.5.08.0124, SBDI-I, rel. Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 29/10/2020 – Informativo TST nº 228)
A realização habitual de jornada excessiva não enseja, por si só, o pagamento de indenização por dano existencial,
que não é presumível, sendo imprescindível a demonstração inequívoca do prejuízo sofrido, ou seja, prova de que
suas relações sociais foram rompidas ou de que seu projeto de vida foi suprimido de seu horizonte. TST-E-RR-402-
61.2014.5.15.0030, SBDI-I, rel. Luiz Phillipe Vieira de Melo Filho, 29/10/2020 – Informativo TST nº 228)
São válidas e idôneas como meio probante de pagamento do salário, a apresentação de fichas financeiras da
empresa. A despeito do que prevê o art. 464 da CLT (o pagamento do salário deve ser feito mediante recibo), pode
o empregador comprovar o pagamento de salários por outros meios de prova, tais como as fichas financeiras da
empresa (TST-EARR-568-74.2015.5.17.0007, SBDI-I, rel. Min. Lelio Bentes Corrêa, 29/10/2020 – Informativo
TST nº 228)
O recolhimento da multa do art. 1.021, § 4º, do CPC é requisito objetivo de admissibilidade do recurso de embargos
e a inobservância do prazo para sua comprovação implica deserção, ainda que o recolhimento tenha se dado dentro do
prazo alusivo ao recurso (TST-Ag-E-Ag-AIRR-249-43.2015.5.05.0621, SBDI-I, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de
Fontan Pereira, 29/10/2020 – Informativo TST nº 228).
Havendo compatibilidade de horários entre os cargos/empregos públicos, resta atendido o requisito previsto no art.
37, XVI, da CF para a acumulação pretendida, sendo irrelevante para efeito de aplicação da norma constitucional a
circunstância de as jornadas desempenhadas serem exaustivas (TST-E-ED-RR-261-78.2016.5.21.0006, SBDI-I, rel.
Min. Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, 5/11/2020 – Informativo TST nº 228).
Instaurado IRR e afetado o julgamento ao Tribunal Pleno para a definição das seguintes questões jurídicas: 1º)
natureza jurídica do litisconsórcio formado nos contratos de terceirização de serviços; 2º) os efeitos produzidos nos
autos que resultam da renúncia do autor ao direito em que se funda a ação em relação a apenas uma das empresas,
especialmente a prestadora de serviços; 3º) legitimidade recursal da empresa que não integrou a lide; 4º) os efeitos
produzidos nos processos examinados em juízo de retratação, quando apenas uma das rés interpôs o recurso
extraordinário.TST-RR-1000-71.2012.5.06.0018 e TST-RR-664-82.2012.5.03.0137, SBDI-1, rel. Min. Cláudio
Mascarenhas Brandão, 5/11/2020 – Informativo TST nº 228.
Os honorários de sucumbência serão calculados sobre o valor dado à causa apenas quando não for possível
mensurar o proveito econômico obtido com a condenação. É possível mensurar proveito econômico nas
condenções em obrigação de fazer, como por exemplo na condenação da empresa em efetuar o recolhimento e o
repasse da contribuição sindical de seus empregados ao sindicato-autor, caso em que o proveito econômico que será

109
a soma dos valores correspondentes a um dia de trabalho de cada um dos empregados da empresa ré que integram a
categoria econômica, sendo essa a base de cálculo dos honorários de sucumbência. (TST-RR-432-
67.2018.5.07.0034, 1ª Turma, rel. Min. Hugo Carlos Scheuermann, julgado em 28/10/2020 – Informativo TST nº
228).
Não compete à Justiça do Trabalho processar e julgar ação de indenização por danos morais ajuizada contra sites de
busta na internet por disponibilização de informações acerca de reclamações trabalhistas ajuizadas pelos autores
(TST-AIRR-10209-05.2017.5.03.0105, 2ª Turma, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta em 28/10/2020 –
Informativo TST nº 228).
Aplicam-se aos Shoppings Centers o art. 389, §§ 1º e 2º, da CLT, consistente na obrigação de destinar local
reservado para guarda de filhos de todos os funcionários, sejam seus próprios e os dos lojistas, em período de
amamentação, sob guarda e vigilância. (TST-RRAg-21078-62.2015.5.04.0010, 3ª Turma, rel. Min. Alexandre de
Souza Agra Belmonte, julgado em 4/11//2020 – Informativo TST nº 228)
Reescalonamento de níveis salariais entre empregados vinculados a diferentes regulamentos de empresa (Súmula 51
do TST), embora implique vantagens pecuniárias a parte dos empregados, não viola o princípio da isonomia, pois
trata-se de diferenciado a empregados em condições distintas de admissão e regidos por regulamento distinto, com
diferentes obrigações e direitos. (TST-RR-503-27.2015.5.12.0037, 4ª Turma, rel. Min. Guilherme Augusto Caputo
Bastos, julgado em 27/10/2020 – Informativo TST nº 228)
Não incide Imposto de Renda sobre as férias indenizadas, pois o art. 6º, V, da Lei nº 7.713/88, exclui da base de
incidência do imposto de renda as parcelas de natureza indenizatória recebidas por ocasião da rescisão do contrato
de trabalho. TST-RR-849-28.2013.5.09.0652, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 27/10/2020 –
Informativo TST nº 228.
O valor da gratificação de férias fixado em lei ou por convenção entre as partes não se altera na hipótese de
conversão (“venda”) de 1/3 do período de descanso anual em abono pecuniário. Vale dizer: ou a gratificação de
férias incide sobre os 30 dias de férias; ou incide sobre 20 dias de férias e sobre os 10 dias do abono pecuniário, sem
que, com isso, haja qualquer prejuízo ao empregado, à luz das normas constitucionais e legais de regência. TST-RR-
11497-38.2016.5.03.0035, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 27/10/2020 – Informativo TST
nº 228.
Ainda que praticado de forma reiterada, o pagamento indevido de parcela trabalhista (v.g. gratificação de férias), por
erro de cálculo, não gera ao empregado direito à adoção continuada do critério errado no cálculo e pagamento de
parcelas futuras, sem, contudo, haver obrigação de devolução dos valores já recebidos conforme metodologia
anterior, pois a ECT é empresa pública federal, equiparada à Fazenda Pública, e deve obediência aos princípios que
regem a administração pública em geral (art. 37, caput, da CRFB/88), especificamente o da legalidade, tendo o
dever jurídico de conformar suas práticas administrativas ao disciplinado em lei, podendo anular seus atos, como
expressamente determinado pelas Súmulas nº 346 e 473 do STF. TST-RR-11497-38.2016.5.03.0035, 4ª Turma, rel.
Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 27/10/2020 – Informativo TST nº 228.
O termo a quo para a contagem do prazo prescricional na hipótese de pretensão à indenização por danos morais
pelo risco de se desenvolver doença grave decorrente de exposição, durante o pacto laboral, ao amianto, substância
nociva à saúde, é a data da rescisão do contrato de trabalho. TST-RR-13001-34.2016.5.15.0039, 8ª Turma, rel. Min.
João Batista Brito Pereira, julgado em 28/10/2020 – informativo TST nº 228.
O TST vem entendendo que a ressalva do art. 505, I, do CPC/15, segundo a qual o juiz pode examinar novamente
questão relativa à mesma lide caso sobrevenha alteração do estado de fato ou de direito, se refere a questões de
execução continuada, e não à fase de conhecimento, já alcançada pela preclusão pro judicato. TST-RR-591-
05.2015.5.06.0014, 6ª Turma, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, julgado em 4/11/2020 – Informativo TST nº 228.

§ É constitucional a legislação estadual que determina que o regime jurídico celetista incide sobre as
relações de trabalho estabelecidas no âmbito de fundações públicas, com personalidade jurídica de
direito privado, destinadas à prestação de serviços de saúde. A fundação pública, com personalidade
jurídica de direito privado, é dotada de patrimônio e receitas próprias, autonomia gerencial, orçamentária e
financeira para o desempenho da atividade prevista em lei [art. 1º da Lei Complementar (LC) 118/2007 do estado
do Rio de Janeiro (2)]. Nessa configuração, o Estado não toca serviço público na área da saúde. Ele se utiliza de
pessoa interposta — de natureza privada — que, então, adentra o mercado de trabalho e contrata. Assim,
havendo uma opção do legislador pelo regime jurídico de direito privado, é decorrência lógica dessa opção que
seja adotado para o pessoal das fundações autorizadas o regime celetista. No caso, trata-se de ação direta de
inconstitucionalidade ajuizada em face da LC 118/2007, e do art. 22 da Lei 5.164/2007 (3), ambas do estado do
Rio de Janeiro, que dispõem sobre a criação de fundações públicas, com personalidade jurídica de direito privado,
destinadas à prestação de serviços de saúde, observado o regime jurídico da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT). Com esse entendimento, o Plenário julgou improcedente o pedido formalizado. Os ministros Dias
Toffoli, Cármen Lúcia, Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Rosa Weber, Luiz Fux e Ricardo Lewandowski
acompanharam o relator com ressalvas apenas para agregar fundamento específico acerca da distinção entre

110
fundação pública de direito público e fun dação pública de direito privado, nos termos do que decidido no RE
716.378, submetido à sistemática da repercussão geral (informativo STF nº 997)

§ Ao Chefe do Executivo estadual compete a iniciativa de projetos de lei versando estrutura administrativa, a teor
dos artigos 61, § 1º, inciso II, alínea “e”, e 84, inciso VI, alínea “a”, da Constituição Federal, aplicáveis, por
simetria, às unidades federativas. É constitucional referência ao salário-mínimo contida em norma de
regência de benefício assistencial como a fixar valor unitário na data da edição da lei, vedada
vinculação futura como mecanismo de indexação. (ADI 4726, Relator(a): Marco Aurélio, Tribunal Pleno,
julgado em 11/11/2020, DJe 30-11-2020)

§ 12/11/2020 – 8ª Turma do TST entende que agente de disciplina de presídio de segurança máxima,
lotado na lavanderia, não tem direito a adicional de periculosidade. O TRT da 19ª Região havia deferido o
adicional por entender que o agente trabalhava no interior do estabelecimento prisional de forma permanente e
essa circunstância “já o colocava em situação de risco acentuado à sua integridade física ou mesmo de sua vida”. Contudo, para
a 8ª Turma do TST o reconhecimento do direito ao adicional de periculosidade exige o exercício de atividade
profissional de segurança pessoal ou patrimonial. Nessa categoria estão incluídos apenas os empregados que
exercem atividade de segurança privada e os que atuam na segurança patrimonial ou pessoal de locais ou bens
públicos, contratados pela administração pública direta ou indireta, o que não era o caso do processo, no qual
não ficou demonstrado o exercício de atividade de segurança pessoal ou patrimonial pelo empregado, que ficava
na lavanderia do presídio e “assim como outros empregados da administração, não mantinha contato físico com
os detentos, já que ficam em ambientes estanques”. Ofensa ao artigo 193, II, da CLT, sendo indevido, na
hipótese, o adicional de periculosidade. (RR-1514-19.2018.5.19.0061, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da
Costa, DEJT 04/09/2020).

§ 12/11/2020 – 4ª Turma do TST segue o entendimento da Corte e entende as atividades de cobrador e motorista
são complementares entre si e podem ser acumuladas, pois não demandam esforço superior ao aceitável ou
conhecimento específico mais complexo para a sua execução, sendo indevidas diferenças salariais por acúmulo de
função. Citou o artigo 456, parágrafo único, da CLT, pelo qual na falta de prova ou de cláusula expressa a
respeito, entende-se que o empregado se obriga a todo e qualquer serviço compatível com sua condição pessoal.
Processos: RR-101631-92.2016.5.01.0221 e RR-11516-62.2014.5.01.0005.

§ 13/11/2020 – 3ª Turma do TST afirma que se presume discriminatória a ruptura arbitrária do contrato de
trabalho, quando não comprovado um motivo justificável, em face de circunstancial debilidade física causada por
doença grave (cardiopatia grave), ainda que está não seja suscetível de causar estigma ou preconceito (Súmula 443
do TST), quando a prática discriminatória ilícita emergir do acervo probatório produzido nos autos. No caso
concreto, o Reclamante foi dispensado doente e a empresa detinha conhecimento sobre o seu quadro de saúde,
bem como sobre a probabilidade de novos afastamentos em razão da doença - de incontestável natureza grave.
Desse modo, entender que não houve discriminação na dispensa do Reclamante viola a Súmula nº 443 do TST
(RR-1365-50.2017.5.11.0006, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 11/09/2020).

§ 16/11/2020 – O acordo firmando perante a Comissão de Conciliação Prévia somente gera a eficácia
liberatória prevista no art. 625-E se esta for integrada pelo sindicato representativo da categoria
profissional do empregado que firmar o acordo. Dessa forma, tendo a conciliação realizada sido firmada
perante Comissão não integrada pelo sindicato representativo da categoria do reclamante, não há como conferir a
ele a eficácia liberatória geral prevista no referido art. 625-E da CLT (RR-28700-69.2007.5.01.0201, 8ª Turma,
Relator Ministro Joao Batista Brito Pereira, DEJT 16/11/2020).

§ 18/11/2020 – SBDI-1 do TST já decidiu que a circulação em trajes íntimos, em razão do cumprimento de
normas sanitárias, não configura lesão à intimidade, salvo se constatada a inexistência de portas nos boxes dos
chuveiros, o que expõe a nudez dos empregados, exatamente como no caso enfrentado (RR-100936-
51.2016.5.01.0541, 7ª Turma, Relator Ministro Claudio Mascarenhas Brandao, DEJT 25/09/2020). Logo, o dano
moral pode restar configurado, não propriamente em decorrência da ‘barreira sanitária’, mas em face da ausência
de portas nos boxes dos chuveiros, ao submeter o empregado à exposição excessiva e injustificada de sua
intimidade (TST-E-ARR-10037-91.2013.5.18.0103, Rel. Min. João Oreste Dalazen, SBDI-1, DEJT de
11/4/2017).

§ 19/11/2020 – Não é rescindível acordo firmado mediante coação praticada por advogado contratado pelo
próprio reclamante, pois só se admite a anulação do negócio se o beneficiário soube ou devesse saber da coação,
respondendo com o terceiro pelas perdas e danos (arts. 154 e 155 do CC). Como no caso em apreço não houve
comprovação de que o empregador, parte que seria eventualmente beneficiada pelo vício de consentimento,
tivesse ou devesse ter conhecimento da coação praticada pelo advogado do reclamante, não pode vir a sofrer as
consequências do vício alegado, devendo o terceiro, ou seja, o causídico contratado pelo reclamante, vir a

111
responder por eventuais danos que lhe foram causados. (RO-24-42.2015.5.23.0000, SBDI-2, Relator Ministro
Luiz Jose Dezena da Silva, DEJT 11/09/2020).

§ 21/11/2020 – Publicado o Informativo TST nº 229, cujas principais decisões estão da tabela abaixo:

Informativo TST nº 229


(Período 9 a 20 de novembro de 2020)
Não se admite a majoração ou diminuição do valor da indenização por danos morais na instância extraordinária,
exceto nos casos em que a indenização for fixada em valores estratosféricos ou excessivamente módicos (TST-RR-
1-30.2016.5.06.0002, 2ª Turma, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta, julgado em 11/11/2020 – Informativo TST
nº 229)
Tem direito líquido e certo à reserva de vaga para pessoas com deficiência aquele que tem deficiência auditiva
unilateral total (art. 4º, II, do Decreto nº 3.298/1999 c/c Lei nº 7.853/89 c/c Decreto nº 6.949/2009) (TST-RO-
1002366-52.2019.5.02.0000, Órgão Especial, rel. Min. Luiz José Dezena da Silva, 9/11/2020 – Informativo TST nº
229).
A Justiça do Trabalho é competente para apreciar pretensão de pagamento de multa estipulada em cláusula penal
decorrente de descumprimento de cláusula de permanência no emprego. No caso, tanto a cláusula de permanência
como a cláusula penal resultante do descuprimento da primeira estavam atreladas à relação de trabalho que se
estabeleceu de forma independente ao contrato de cessão de direitos (relação comercial), o que denota a
competência da Justiça do Trabalho para exame a respeito/ Ademais, constou na decisão rescindenda que “a
garantia de emprego ajustada tem aspecto trabalhista, mesmo que conste no contrato de cessão de direitos”. (TST-
AR-1000480-72.2019.5.00.0000, SBDI-II, rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, 10/11/2020 – Informativo
TST nº 229)
A legitimação para atuar na Justiça do Trabalho, como substituto processual, é da Defensoria Pública da União (art.
14 da LC nº 80). Em regra, as Defensorias Públicas Estaduais não possuem legitimidade para atuar na Justiça do
Trabalho, exceto em caso de convênio específico para esta finalidade com DPU (art. 14, § 1º, da LC nº 80/1994)
(TST-RO-371-84.2010.5.11.0000, SBDI-II, rel. Min. Luiz José Dezena da Silva, 10/11/2020 – Informativo TST nº
229)
Regimento Interno de TRT não pode prever o recolhimento de custas como pressuposto de admissibilidade
recursal para interposição de Agravo Interno (TST-RO-10204-19.2019.5.18.0000, SBDI-II, rel. Luiz José Dezena da
Silva, 10/11/2020 – Informativo TST nº 229)
O conceito de “mesma localidade” para fins de equiparação salarial, previsto na súmula nº 6, item X, do TST, deve
ser ampliado para abarcar as regiões geográficas imediatas e intermediárias, de acordo com a nova divisão regional
brasileira feita pelo IBGE (TST-E-ED-RR-10792-65.2016.5.15.0145, SBDI-I, rel. Min. Augusto César Leite de
Carvalho, 12/11/2020 – Informativo TST nº 229 – Informativo TST nº 229).
São cabíveis honorários advocatícios sucumbenciais no dissídio coletivo de natureza econômica, bem como nos
casos de extinção do processo sem resolução do mérito, caso em que a parte que deu causa ao processo deve arcar
com o pagamento da verba honorária (§§ 6º e 10 do art. 85 do CPC) (TST-RO-314-31.2018.5.13.0000, SDC, rel.
Min. Dora Maria da Costa, 16/11/2020 – Informativo TST nº 229)
É discriminatória e nula a despedida por justa causa decorrente/motivada por prisão em flagrante/indiciamento no
âmbito criminal, sem a prova do trânsito em julgado da decisão condenatória (TST-RR-1498-44.2016.5.10.0010, 2ª
Turma, rel. Min. Delaíde Miranda Arantes, julgado em 18/11/2020 – Informativo TST nº 229)
Nas causas em que o valor de alçada é inferior a 2 (dois) salários-mínimos, a jurisprudência do TST entende cabível
recurso ordinário contra a sentença, caso a discussão envolva matéria constitucional (TST-RR1343-
83.2017.5.10.0017, 4ª Turma, rel. Min. Guilherme Augusto Caputo Bastos, julgado em 10/11/2020 – Informativo
TST nº 229)
Os serviços auxiliares às atividades de transportes aéreos encontram-se enquadrados na categoria profissional dos
aeroviários (Decreto 1.232/1962) (TST-RR-55-15.2017.5.10.0013, 8ª Turma, rel. Min. João Batista Brito Pereira,
julgado em 11/11/2020 – Informativo TST nº 229)
É discriminatória a conduta da empresa que não contempla diversidade racial no seu guia de padronização visual
(dress code). No caso, a reclamada possuía um guia de padronização visual para seus empregados, no qual não
constavam fotos de nenhum que represente a raça negra. No caso, a falta de diversidade racial no guia de
padronização visual é uma forma de discriminação, ainda que indireta, que tem o condão de ferir a dignidade
humana e a integridade psíquica dos empregados da raça negra, como no caso da reclamante, que não se sentem
representados em seu ambiente laboral. Cumpre destacar que no atual estágio de desenvolvimento de nossa
sociedade, toda a forma de discriminação deve ser combatida, notadamente aquela mais sutil de ser detectada em
sua natureza, como a discriminação institucional ou estrutural, que ao invés de ser perpetrada por indivíduos, é
praticada por instituições, sejam elas privadas ou públicas, de forma intencional ou não, com o poder de afetar
negativamente determinado grupo racial. É o que se extrai do caso concreto em exame, quando o guia de

112
padronização visual adotado pela reclamada, ainda que de forma não intencional, deixa de contemplar pessoas da
raça negra, tendo efeito negativo sobre os empregados de cor negra, razão pela qual a parte autora faz jus ao
pagamento de indenização por danos morais, no importe de R$ 10.000,00 (dez mil reais). RR-1000390-
03.2018.5.02.0046, 2ª Turma, Relatora Ministra Delaide Miranda Arantes, DEJT 04/12/2020 – Informativo TST nº
229.

§ 17/11/2020 – Publicada Nota Técnica SEI nº 51520/2020/ME, que analisa os efeitos dos acordos de
suspensão do contrato de trabalho e de redução proporcional de jornada e de salário, de que trata a Lei nº 14.020
de 2020, sobre o cálculo do 13º salário e das férias dos trabalhadores.

§ 19/11/2020 – STF entende que é possível a fixação de obrigações alternativas a candidatos em concursos
públicos e a servidores em estágio probatório, que se escusem de cumprir as obrigações legais originalmente
fixadas por motivos de crença religiosa, desde que presentes a razoabilidade da alteração, a preservação da
igualdade entre todos os candidatos e que não acarrete ônus desproporcional à Administração Pública, que
deverá decidir de maneira fundamentada (RE 611874/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Edson
Fachin, julgamento em 19.11, 25.11 e 26.11.2020; e, ARE 1099099/SP, rel. Min. Edson Fachin, julgamento em
19.11, 25.11 e 26.11.2020).

§ 20/11/2020 – Tratando-se de doença ocupacional, profissional ou de acidente do trabalho a culpa do


empregador é presumida. Embora não se possa presumir a culpa em diversos casos de dano moral - em que a
culpa tem de ser provada pelo autor da ação, tratando-se de doença ocupacional, profissional ou de acidente do
trabalho, essa culpa é presumida, em virtude de o empregador ter o controle e a direção sobre a estrutura, a
dinâmica, a gestão e a operação do estabelecimento em que ocorreu o malefício. No caso dos autos, extrai-se do
acórdão recorrido que a prova pericial produzida apontou que o Autor foi portador de transtorno de
ajustamento ao trabalho com reação depressiva prolongada em face da alteração do sistema operacional e que
“as linguagens de computação podem ser muito complicadas, necessitando de longos cursos em alguns casos
para que sejam aprendidas”. Constou na decisão recorrida, ainda, a “dificuldade do Reclamante em adaptar-se a
um novo sistema de trabalho”, tanto o é que, posteriormente, voltou a laborar no sistema anterior. Foi
registrado, ainda, o afastamento das atividades laborais para tratamento de saúde por seis meses. O Tribunal
Regional, contudo, entendeu ser indevida a responsabilidade civil da Reclamada. Todavia, considerando-se as
premissas fáticas transcritas no acórdão recorrido, tem-se que a matéria comporta enquadramento jurídico
diverso, pois, o labor em um novo sistema operacional, após um curso de apenas duas semanas, foi o fator
reconhecidamente estressor que desencadeou o adoecimento do Autor (transtorno de ajustamento ao trabalho
com reação depressiva prolongada), cujos sintomas se projetaram ao longo do tempo. No que diz respeito ao
elemento culpa, tem-se que, uma vez constatados a doença ocupacional, o dano, o nexo causal e considerando-se
que o empregador tem o controle e a direção sobre a estrutura, a dinâmica, a gestão e a operação do
estabelecimento em que ocorreu o malefício, desponta a premissa da culpa presumida do Reclamado e,
consequentemente, a configuração dos elementos que ensejam a responsabilidade civil (dano, nexo causal e culpa
empresarial) e o dever de indenizar. Assim, resta presente a configuração dos elementos que ensejam a
responsabilidade civil (dano, nexo causal e culpa empresarial) e o dever de indenizar. (ARR-1186-
70.2014.5.09.0041, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 20/11/2020).

§ 23/11/2020 – SDC do TST julga procedente ação anulatória ajuizada pelo MPT e declara a nulidade de cláusula
normativa que exclui os aeronautas da base de cálculo da cota de contratação de pessoas com deficiência (art. 93
da Lei nº 8.213/91 e art. 141 do Decreto nº 3.048/99) e de aprendizes (art. 429 da CLT). Observou-se que o art.
93 da Lei nº 8.213/91, ao estabelecer cota mínima para contratação de pessoas com deficiência ou reabilitados
pela Previdência Social sobre o número total de empregados da empresa, não estabeleceu nenhuma ressalva ou
exceção de cargos ou atividades para o cômputo do cálculo, e, quanto à segurança nas operações aeroviárias, cabe
frisar que a exigência pode ser facilmente cumprida nos quadros administrativos ou em uma série de funções na
cadeia de atividades econômicas desenvolvidas pelas empresas aéreas. A ministra Kátia Arruda, afastou a
aplicação ao caso do entendimento do STF (Tema 1046 de repercussão geral) sobre a validade de norma coletiva
de trabalho que limita ou restringe direito trabalhista não assegurado constitucionalmente, ao fundamento de que
o próprio STF já decidiu que a controvérsia jurídica em torno do cumprimento das cotas de aprendizes e pessoas
com deficiência tem natureza constitucional. (AACC-1000639-49.2018.5.00.0000, SDC, rel. Min. Katia Magalhães
Arruda, 23/11/2020 – Informativo TST nº 229).

§ 23/11/2020 – A consulta prévia aos cadastros do SPC e SERASA dos candidatos a emprego acarreta
dano moral coletivo in re ipsa, sendo desnecessária prova de prejuízo sofrido pela coletividade de
trabalhadores (inocorrência da contratação de candidatos submetidos à consulta). A prática dos citados
atos antijurídicos e discriminatórios configura ofensa ao patrimônio moral coletivo, sendo, portanto, passível de
reparação. Tais serviços tem por finalidade a proteção dos comerciantes, instituições financeiras e creditícias,
entre outros, para o fornecimento de crédito para pessoas com histórico de não honrar com suas obrigações,
independentemente do motivo que as levou a tanto, não se destinando à consulta prévia de candidato ao

113
emprego – conduta claramente discriminatória e reprovável. (RR-1170-75.2010.5.02.0066, 2ª Turma,
Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 13/11/2020).

§ 24/11/2020 – 3ª Turma do TST reafirma jurisprudência no sentido de que agente comunitária de saúde não
faz jus ao adicional de insalubridade, pois não basta a constatação da insalubridade por meio de laudo
pericial para que o empregado tenha direito ao adicional, sendo necessário, também, que a atividade
seja classificada como insalubre na relação oficial elaborada pelo Ministério do Trabalho. No caso dos
agentes comunitários, o trabalho realizado em visitas domiciliares não se equipara ao desempenhado em contato
permanente com pacientes ou com material infectocontagioso em estabelecimentos destinados aos cuidados da
saúde humana. (RR-10545-23.2018.5.15.0078, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan
Pereira, DEJT 04/09/2020).

§ 26/11/2020 – SBDI-2 do TST entende que o recolhimento do depósito prévio feito em guia inapropriada é
válido, desde que atingida a finalidade do ato, em razão do princípio da instrumentalidade das formas RO-6016-
69.2016.5.15.0000, SBDI-2, Relator Ministro Luiz Jose Dezena da Silva, DEJT 18/09/2020.

§ 26/11/2020 – 5ª Turma do TST, na esteira do que entende todas as demais turmas do TST, entende que a
garantia constitucional de estabilidade provisória no emprego da gestante, prevista artigo 10, II, “b”, do ADCT, é
para a dispensa arbitrária ou sem justa causa decorrente de iniciativa do empregador, o que não abrange o
“pedido” de demissão, sendo irrelevante para o deslinde da questão o fato de a empregada desconhecer o seu
estado gravídico no momento do pedido de demissão, já que a garantia constitucional de estabilidade gestante
provisória se aplica apenas aos casos de dispensa arbitrária ou sem justa causa (Ag-RR-11778-73.2016.5.03.0041,
5ª Turma, Relator Ministro Breno Medeiros, DEJT 02/10/2020).

§ 27/11/2020 – Publicada a Nota Técnica SEI nº 53797/2020/ME, sobre a orientação à Auditoria Fiscal do
Trabalho sobre os efeitos dos acordos de suspensão do contrato de trabalho e de redução proporcional de
jornada e de salário, de que trata a Lei 14.020 de 2020, sobre o cálculo do 13ºsalário, das férias e outras
repercussões.

§ 27/11/2020 – Decisão judicial em Portugal não afasta a competência da Justiça do Trabalho. Os efeitos da coisa
julgada estrangeira se dão apenas após a homologação pelo Superior Tribunal de Justiça. Antes disso, não há
qualquer óbice ao exercício da jurisdição brasileira. Portanto, não havendo qualquer menção, no processo, a
eventual homologação pelo STJ do resultado da ação ajuizada em Portugal, não existe qualquer impedimento ou
ilegalidade para que a empregada se utilize da jurisdição nacional da Justiça do Trabalho, a fim de discutir direito
relativo à prestação de trabalho para a representação diplomática. Nesse sentido, inclusive, o art. 24 do CPC/15
afastou a ocorrência da litispendência estrangeira, nos seguintes termos: “A ação proposta perante tribunal estrangeiro
não induz litispendência e não obsta a que a autoridade judiciária brasileira conheça da mesma causa e das que lhe são conexas,
ressalvadas as disposições em contrário de tratados internacionais e acordos bilaterais em vigor no Brasil”. RRAg-11285-
89.2015.5.01.0008, 6ª Turma, Relatora Ministra Katia Magalhaes Arruda, DEJT 27/11/2020.

§ 27/11/2020 – A interpretação dada ao art. 625-E, parágrafo único, da CLT, pelo Plenário do STF, no julgamento
das ADIs 2139/DF, 2160/DF e 2237/DF, é no sentido de que “a eficácia liberatória geral do termo neles
contido está relacionada ao que foi objeto da conciliação. Diz respeito aos valores discutidos e não se
transmuta em quitação geral e indiscriminada de verbas trabalhistas” (DJE 20/02/2019 – Ata nº 14/2019. DJe
nº 34, divulgado em 19/02/2019). Essa nova e adequada interpretação do Plenário do STF sobre o tema,
portanto, afasta a leitura restritiva e de quitação geral do termo de conciliação lavrado pela CCP, adotada até
então pela SBDI-1 do TST - decisão que era seguida por esta 3ª Turma por estrito respeito ao Órgão Colegiado
de uniformização de jurisprudência das oito Turmas do TST. Com efeito, o acordo firmado perante a
Comissão de Conciliação Prévia (CCP) não possui eficácia para produzir quitação plena e irrestrita em
relação a todos os créditos decorrentes do contrato de trabalho, abrangendo parcelas nem sequer
mencionadas no termo de quitação firmado perante a CCP. Não se trata de negar validade ao termo de
conciliação. Mas a transação capaz de autorizar a extinção do processo pressupõe acordo homologado em Juízo
(art. 831, parágrafo único, da CLT), entendimento já pacificado nesta Corte Superior Trabalhista pela Súmula
100, V, e pela OJ 132 da SBDI-2, ambas do TST. [...] Reitere-se que a decisão vinculante do Supremo Tribunal
Federal é nesse sentido: “a eficácia liberatória geral do termo neles contido está relacionada ao que foi objeto da conciliação. Diz
respeito aos valores discutidos e não se transmuta em quitação geral e indiscriminada de verbas trabalhistas”. Nesse panorama, a
quitação dada pelo empregado perante a Comissão de Conciliação Prévia não tem o alcance de quitação plena e
irrestrita, tendo em vista os princípios da irrenunciabilidade e indisponibilidade dos direitos trabalhistas. Efeitos
absolutos e irrestritos ao documento rescisório extrajudicial atentam não só contra a regra e princípio da
indisponibilidade de direitos como também do amplo acesso à jurisdição. Na hipótese, a Corte de origem
reformou a sentença para extinguir o processo sem resolução de mérito, reconhecendo a eficácia liberatória geral
do termo de conciliação firmado perante a Comissão de Conciliação Prévia. Assim, por estar a decisão regional
em dissonância com o entendimento acima exposto, deve o recurso ser conhecido e provido para, afastada a

114
eficácia liberatória do acordo firmado perante a Comissão de Conciliação Prévia, determinar o retorno dos autos
ao Tribunal Regional de origem a fim de que prossiga no julgamento do feito, como entender de direito. (RR-
13241-69.2017.5.15.0077, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 27/11/2020)

Dezembro

§ 1ª Turma do TST entende que empregado não faz jus ao adicional de transferência por ter passado dez meses no
exterior, pois é pressuposto indispensável para o recebimento da parcela a prova de que houve mudança de
domicílio do reclamante. No caso, o TST entendeu que não houve transferência definitiva ou provisória, pois a
família do trabalhador permaneceu no Brasil, não tendo se deslocado para o exterior e de que ele morava
juntamente com outros empregados. Logo, não concretizada a mudança de domicílio. Em nenhum momento
ficou demonstrada a intenção do empregador em mudar o domicílio do empregado. (RR-879-11.2010.5.03.0143,
1ª Turma, Relator Ministro Luiz Jose Dezena da Silva, DEJT 06/11/2020).

§ 02/12/2020 – Em caso de desvio de função do empregado público, são devidas diferenças salariais, mas não
reenquadramento, em razão da necessidade de concurso público para tanto. Nos termos da OJ nº 125 da SBDI-1
do TST, derivada de interpretação do artigo 37 da Constituição, o simples desvio funcional do empregado não
gera direito a novo enquadramento, mas às diferenças salariais respectivas. (RO-1002880-10.2016.5.02.0000,
SBDI-2, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 18/09/2020).

§ 04/12/2020 – STF fixa a tese de repercussão geral pela qual “compete à Justiça comum processar e julgar
demandas em que se discute o recolhimento e o repasse de contribuição sindical de servidores públicos regidos
pelo regime estatutário” (RE 1089282, rel. Gilmar Mendes, Plenário, Sessão Virtual de 27.11.2020 a 4.12.2020,
Informativo STF nº 1000, Tema 994). No processo julgado, o Estado do Amazonas questionava decisão do
Tribunal de Justiça (TJ-AM), que declinou de sua competência para julgar causa sobre recolhimento de
contribuição sindical de servidores da Defensoria Pública local para a Justiça do Trabalho. No STF, o Estado
alegava que a contribuição sindical, no caso, diz respeito a servidores públicos estatutários e, portanto, atrairia a
competência da Justiça comum. Em resumo, o art. 114, III, da CRFB/88 deve ser interpretado em conjunto com
o art. 114, I, da CRFB/88, de modo a excluir da competência da Justiça do Trabalho as causas instauradas entre
o Poder Público e os servidores a ele vinculados por típica relação estatutária ou de caráter jurídico-
administrativo. A SBDI-1 do TST já se alinhava ao entendimento do STF mesmo antes do julgamento: E-RR-
1309-35.2010.5.18.0081, SBDI-1, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 13/12/2019, no qual ficou
assentado que “a discussão nos autos diz respeito à competência da Justiça do Trabalho para julgar ação ajuizada por entidade
sindical postulando sua legitimidade para cobrança de contribuição sindical, devida pelos servidores públicos vinculados ao Município
embargante. Nesse cenário, a jurisprudência desta do TST é no sentido de que, para manter alinhamento com o STF nos
julgamentos da ADI nº 3.395-MC/DF e do Agravo Regimental interposto nos autos da Reclamação nº 9.625/RN, deve-se
entender que não se inserem na competência da Justiça do Trabalho as ações ajuizadas por Sindicatos, tendo por objeto
representatividade ou contribuição sindical, que digam respeito a trabalhadores submetidos ao regime estatutário ou àqueles
cujo regime jurídico aplicável esteja em discussão. Dessa forma, o acórdão embargado ao concluir pela competência da Justiça do
Trabalho para julgar a presente demanda decidiu em desarmonia com a atual, iterativa e notória jurisprudência desta Corte Superior
sobre a matéria. Precedentes.” (E-RR-1309-35.2010.5.18.0081, SBDI-1, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT
13/12/2019)”. De igual modo: E-RR-24300-63.2013.5.24.0006, SBDI-1, Relator Ministro Alexandre Luiz
Ramos, DEJT 02/10/2020.

§ 04/12/2020 – Oficiais de justiça podem ser representados por sindicato próprio. Discute-se, no caso, o
legítimo representante dos oficiais de justiça e avaliadores do Estado do Mato Grosso: se o sindicato específico -
Sindicato dos Oficiais de Justiça e Avaliadores do Estado de Mato Grosso - ou o sindicato geral - Sindicato dos
Servidores do Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso, ambos de base estadual. O artigo 570 da CLT
estabelece que os sindicatos serão constituídos, em geral, por categorias econômicas e profissionais específicas. O
parágrafo único desse mesmo artigo, por outro lado, excepciona a aplicação da regra da especificidade,
permitindo a formação de sindicato com a junção de categorias similares ou conexas, na hipótese em que
determinada classe econômica ou profissional não consiga sindicalizar-se eficientemente pelo critério específico.
O artigo 571 da CLT ainda prevê a possibilidade de as categorias formarem sindicatos específicos com a
dissociação do sindicato principal. Isso significa que é possível a formação de um sindicato, por dissociação de
categoria mais específica, numa mesma base territorial, observado o princípio da unicidade sindical previsto no
artigo 8º, II, da Constituição Federal. Ressalta-se que o Supremo Tribunal Federal tem entendimento de que a
criação de um novo sindicato de categoria mais específica por dissociação ou por desdobramento não ofende o
princípio da unicidade sindical. Nesse contexto e considerando ainda as informações trazidas pelo SINDOJUS-
MT e pela FESOJUS-BR ao longo do processo, não impugnadas pelo SINJUSMAT, de que já existem 14
sindicatos de oficiais de justiça e avaliadores distribuídos nos Estados da Federação, com um percentual
elevadíssimo de filiados, percebe-se a possibilidade de vida associativa regular e de ação sindical eficiente, na
esteira do que preconiza o art. 571 da CLT, sobretudo considerando certas particularidades das atividades dos
oficiais de justiça e avaliadores, a demandarem pautas de reivindicações bem específicas. Com efeito, as

115
dificuldades e adversidades enfrentadas pelos oficiais de justiça e avaliadores no desempenho de suas funções
eminentemente externas exigem reivindicações específicas, que geralmente se revelam mais imprescindíveis para
esses servidores do que pautas e reajustes gerais pleiteados pelos demais servidores do Judiciário. Pode-se citar, a
título exemplificativo, os reajustes de verbas indenizatórias, como transporte e reembolso combustível; formas de
remuneração e compensação monetária por cumprimento de mandados em plantões e recessos; diárias de
deslocamento para cumprimento de mandados; segurança e medidas de prevenção, redução ou eliminação dos
riscos cotidianos inerentes à sua atividade externa; aposentadoria especial; impactos do processo judicial
eletrônico na carreira; entre outros. Esses interesses, por vezes, não encontram ressonância ou são deixados em
segundo plano nas pautas dos sindicatos representativos do Judiciário em geral. Chega-se, até mesmo, a entrarem,
algumas vezes, em conflito com interesses dos demais servidores, que exercem atividade interna, consoante se
percebe, por exemplo, dos impactos gerados pelo processo judicial eletrônico na divisão e incumbência de tarefas
necessárias para a execução de ordens judiciais, como pesquisas de penhora e elaboração de minutas e protocolos
relativos a pedidos de bloqueio e desbloqueio de valores pelo BACENJUD, atribuições exequíveis internamente.
(RR-34-60.2018.5.23.0007, 2ª Turma, Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 04/12/2020).

§ 04/12/2020 – O pagamento de vantagem pecuniária expressiva a trabalhadores que não participaram do


movimento paredista evidencia a prática de sofisticada conduta antissindical, com a intenção de frustrar greve.
Perpetrada a quebra da isonomia entre empregados (sendo a isonomia protoprincípio da CRFB/88 - art. 5º), tem
o trabalhador reclamante direito à mesma bonificação ofertada, em caráter geral, aos empregados não grevistas.
Da mesma forma, a discriminação e a ofensa a direito fundamental provocam, “in re ipsa”, violação dos direitos
de personalidade do reclamante. Assim, também é devida indenização por dano moral. (RR-212-
68.2017.5.05.0193, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 04/12/2020).

§ 04/12/2020 – A mera adequação da reclamada aos termos impostos pelo decreto condenatório -
comportamento que não se revelou espontâneo, mas consequência do ajuizamento da ação coletiva - não possui
o condão de afastar a penalidade abstratamente imposta, simplesmente por não se coadunar com a finalidade
essencial do instrumento assecuratório da tutela específica. É de fácil constatação que o ajustamento da empresa,
mediante o cumprimento das obrigações de fazer, converteu a tutela específica reparatória em inibitória, ou seja,
em constrangimento imposto pelo poder jurisdicional para que a situação irregular não volte a ocorrer. Nesse
sentido, não deixam de ser curiosos os argumentos contra a cominação da penalidade, tendo em conta que basta
à empregadora não reiterar os atos antijurídicos para que o comando dissuasório permaneça em sua feição
abstrata e não se concretize. Portanto, andou mal o TRT ao entender que a mera regularização da situação dos
funcionários no curso do presente processo seria suficiente para afastar a penalidade por eventual
descumprimento da obrigação de fazer imposta pela sentença. Precedentes unânimes da SBDI-1. (RR-632-
48.2014.5.05.0009, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 04/12/2020).

§ 04/12/2020 – STF conheceu de ADPF e julgou procedente o pedido, para declarar a inconstitucionalidade da
interpretação judicial que admite o bloqueio, a penhora e/ou o sequestro de verbas estaduais, ao fundamento de
que tais valores constituiriam créditos devidos pelo Estado a empresas rés em ações trabalhistas, e fixou a
seguinte tese de julgamento: “Verbas estaduais não podem ser objeto de bloqueio, penhora e/ou sequestro para
pagamento de valores devidos em ações trabalhistas, ainda que as empresas reclamadas detenham créditos a
receber da administração pública estadual, em virtude do disposto no art. 167, VI e X, da CR/88, e do
princípio da separação de poderes (art. 2º da CR/88)” (ADPF 485/AP, rel. Min. Roberto Barroso, Informativo
STF nº 1000).

§ 04/12/2020 – A exigência de integralização do capital social por empresas individuais de responsabilidade


limitada – EIRELI, no montante previsto no art. 980-A do Código Civil, com redação dada pelo art. 2º da Lei
12.441/2011, não viola a regra constitucional que veda a vinculação do salário-mínimo para qualquer fim,
bem como não configura impedimento ao livre exercício da atividade empresarial. O art. 980-A do Código Civil
não prevê forma de indexação nem qualquer vinculação que possa interferir ou prejudicar os reajustes periódicos
do salário-mínimo. O sentido da proibição do art. 7º, IV, da CRFB/88 é proteger a integridade do salário-
mínimo como direito fundamental do trabalhador. Por isso, evitar a vinculação é uma tentativa de evitar o
prejuízo dos reajustes ou de reduzir-lhe o poder de compra real. No caso, a utilização do salário-mínimo é
meramente referencial. O valor do salário-mínimo serve tão somente como parâmetro para determinação do
capital social a ser integralizado na constituição da EIRELI. Ademais, a exigência de integralização de capital
social não inferior a cem vezes o maior salário-mínimo vigente no País não representa obstáculo à livre iniciativa.
Isso porque a exigência de integralização do capital social representa requisito para constituição de uma das
formas de pessoas jurídicas, a EIRELI. Não representa uma condição de acesso ao mercado ou à atividade
empresarial. Trata-se de requisito para limitação da responsabilidade patrimonial do empresário pessoa física. O
empresário poderá empreender, mesmo sem o capital mínimo exigido pela lei, mas não será beneficiado pela
limitação de responsabilidade que, de outra forma, a EIRELI proporciona. A restrição/condição não é ao
exercício da empresa, mas vincula-se a um certo regime jurídico ou estrutura jurídica mais benéfica ao empresário
individual. Tampouco o requisito se apresenta como discriminatório ou desproporcional. Justifica-se, aliás, no

116
quadro de experimentação institucional que marca a introdução dessa forma de pessoa jurídica. No caso, trata-se
de ação direta de inconstitucionalidade ajuizada com o objetivo de ver declarada a inconstitucionalidade da parte
final do caput do art. 980–A do Código Civil, com redação dada pelo art. 2º da Lei 12.441/2011. Com esse
entendimento, o Plenário, em sessão virtual, julgou improcedente a ação direta de inconstitucionalidade. ADI
4637/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento virtual finalizado em 4.12.2020 – Informativo STF nº 1001.

§ 04/12/2020 – É constitucional a determinação de que a participação de trabalhadores nos lucros ou


resultados de empresas estatais deve observar diretrizes específicas fixadas pelo Poder Executivo ao
qual as entidades estejam sujeitas (caput e no parágrafo único do art. 5º da Lei nº 10.101, de 19.12.2000). A
jurisprudência do STF admite a análise de omissão inconstitucional parcial quando se demonstre insuficiência da
normatividade adotada. Entretanto, não se constata essa omissão no art. 5º da Lei 10.101/2000, porque nele se
tem disciplina suficiente e consistente sobre o direito à participação nos lucros e resultados das empresas estatais,
de acordo com o disposto no inciso XI do art. 7º da CRFB/88. Além disso, não há ofensa ao princípio da
isonomia. A submissão das empresas estatais às diretrizes específicas estabelecidas pelo Poder Executivo,
mesmo no que se refere ao cumprimento dos direitos trabalhistas, é fator de realce constitucional em razão
do regime jurídico híbrido a que as entidades estão sujeitas. Trata-se de ação direta de inconstitucionalidade em
face do art. 5º, caput e parágrafo único, da Lei 10.101/2000; do art. 1º, V, do Decreto 3.735/2001; dos arts. 3º, §§
3º e 4º, e 12, IV, VI e VII, da Portaria 27/2012 do Departamento de Coordenação e Governança das Empresas
Estatais da Secretaria Executiva do Ministério do Planejamento – DEST/SE/MP; bem assim dos arts. 2º, IV e
parágrafo único, 3º, I a V, e 5º, § 1º, da Resolução 10/1995 do Conselho de Coordenação e Controle das
Empresas Estatais – CCE. Essas normas federais estabeleceram condições para a participação de
trabalhadores nos lucros e resultados de empresas estatais. O Plenário julgou improcedente o pedido
formulado, na parte em que conhecido, para declarar constitucional o disposto no caput e parágrafo único do art.
5º da Lei 10.101/2000. Não foi conhecida a pretensão quanto aos demais preceitos impugnados, porquanto
apenas regulamentam a aludida lei e não cabe o exame de normas secundárias ou regulamentares, nesta via,
por configurar-se ofensa indireta à Constituição. ADI 5417/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, julgamento virtual finalizado
em 4.12.2020 – Informativo STF nº 1001.

§ 04/12/2020 – STF inicia análise de repercussão geral de Recurso Extraordinário em que se discute à luz dos
artigos 1º, III, e 7º, I e III, da Constituição de 1988, o direito à execução da indenização de 40% sobre o
Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS, prevista no artigo 18, § 1º, da Lei 8.036/1990, quando
não expressamente constante do título executivo judicial (ARE 1.298.177, Rel. Ministro Luiz Fux, Tema
1123).

§ 08/12/2020 – STF reconhece repercussão geral quanto ao tema “Ônus da prova acerca de eventual conduta culposa na
fiscalização das obrigações trabalhistas de prestadora de serviços, para fins de responsabilização subsidiária da Administração
Pública, em virtude da tese firmada no RE 760.931 (Tema 246)” (RE 1.298.647, Relator: Ministro Luiz Fux, Tema
1118).

§ 08/12/2020 – A Confederação Nacional do Transporte – CNT ajuizou, no STF, Ação Declaratória de


Constitucionalidade (ADC nº 75) da Lei 13.103/2015 (nova Lei do Motorista), que regulamenta o exercício da
profissão de motorista profissional nas atividades de transporte rodoviário de cargas e de passageiros. A
ADC foi distribuída, por prevenção, ao ministro Alexandre de Moraes, relator de outra ação sobre a mesma
matéria (ADI 5322).

§ 09/12/2020 - Publicada no Diário Oficial da União (edição nº 235, seção 1, página 237) a Portaria SEPEC/ME
nº 24.471, de 1º de dezembro de 2020, para manter aprendizes à distância. Em síntese, a norma autoriza a
execução das atividades teóricas e práticas dos programas de aprendizagem profissional na modalidade à distância
até 30 de junho de 2021.

§ 10/12/2020 – 3ª Turma do TST entende que empresa é responsável, objetivamente, por agressão cometida por
empregado terceirizado em relação ao seu empregado efetivo, pois, nos termos dos arts. 933 e 932, III, do
Código Civil, o empregador ou comitente é civilmente responsável por atos de seus empregados, serviçais e
prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; bem como que responderá por tais atos
praticados, ainda que não haja culpa de sua parte (responsabilidade civil objetiva do empregador pelos atos
praticados por seus empregados). Assim, a partir de uma interpretação sistemática do ordenamento jurídico, com
fundamento nas normas referidas, e com fulcro nas premissas constantes no acórdão regional - no sentido de que
houve agressão perpetrada, mediante golpes com uma barra de ferro, desferidos por um motorista terceirizado
da Reclamada (que aguardava o carregamento de seu caminhão com açúcar) contra o Reclamante durante o
expediente e nas dependências da própria empresa, - conduz à conclusão de que o empregador deve ser
objetivamente responsabilizado, sendo dispensável, portanto, qualquer perquirição em torno de sua culpa. Para o
relator, embora não se possa presumir a culpa em diversos casos de dano moral – em que a culpa tem de ser
provada pelo autor da ação –, tratando-se de doença ocupacional, profissional ou de acidente do trabalho, essa

117
culpa é presumida, em virtude de o empregador ter o controle e a direção sobre a estrutura, a dinâmica, a gestão e
a operação do estabelecimento em que ocorreu o malefício. Ainda, de que “não se tratava o agressor de um terceiro,
estranho às atividades da Empregadora, mas de um prestador de serviços por ela terceirizado, para realizar o transporte dos seus
produtos. Ou seja, o agressor fazia parte da dinâmica do Estabelecimento, inclusive, da área direta de atuação do Reclamante, já que
‘uma de suas obrigações funcionais era verificar se os motoristas estavam cumprindo com os procedimentos operacionais e de
segurança”. (RR-814-65.2015.5.18.0129, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT
18/09/2020).

§ 10/12/2020 – STF veda bloqueio de verbas públicas para pagamento de valores em ações trabalhistas.
Isso porque os atos de constrição praticados pela Justiça do Trabalho sobre verbas públicas, sob alegação de que
as empresas reclamadas deteriam créditos a receber da administração estadual, configuram violação dos
princípios do contraditório, da ampla defesa, do juiz natural, do sistema de precatórios e da segurança
orçamentária. A medida fere ainda o princípio da separação dos Poderes e os dispositivos constitucionais que
regem o orçamento público. Assim, verbas estaduais não podem ser objeto de bloqueio, penhora ou sequestro
para pagamento de valores devidos em ações trabalhistas, ainda que as empresas envolvidas tenham créditos
a receber da administração pública estadual. Portanto, é inconstitucional a interpretação que permite o
bloqueio, a penhora e/ou o sequestro de verbas estaduais, ao fundamento de que os valores em questão
constituem créditos devidos pelo estado a empresas que sejam rés em ações trabalhistas. Em seu voto, o ministro
Barroso afirmou que atos de constrição praticados pela Justiça do Trabalho sobre verbas públicas, com a
alegação de que as empresas deteriam créditos a receber da administração estadual, violam os princípios do
contraditório, da ampla defesa, do juiz natural, do sistema de precatórios e da segurança orçamentária. O relator
lembrou que a jurisprudência do STF tem reconhecido a inconstitucionalidade do bloqueio e do sequestro de
verba pública nessas hipóteses e citou, nesse sentido, a ADPF 387. Com relação ao manejo da ADPF em
hipóteses com a dos autos, o STF faz duas ressalvas para o seu cabimento. A primeira é que seja utilizada em
situações extraordinárias, em que o tempo de resposta normal, nas instâncias ordinárias, possa
acarretar grave desequilíbrio social e econômico. A segunda ressalva é a de que o conjunto de decisões
judiciais não tenha transitado em julgado. No caso concreto, considerando-se a pulverização dos atos
questionados por vários juízos e órgãos colegiados, a interposição dos recursos cabíveis em cada processo não
seria capaz de solucionar a controvérsia de modo imediato, definitivo e, sobretudo, com eficácia geral e
vinculante. Único a divergir do relator, o ministro Marco Aurélio, votou por acolher parcialmente o pedido, para
declarar a inconstitucionalidade de atos constritivos que recaiam sobre verba referente a entidade de direito
público. A tese fixada no julgamento foi a seguinte: “Verbas estaduais não podem ser objeto de bloqueio,
penhora e/ou sequestro para pagamento de valores devidos em ações trabalhistas, ainda que as empresas
reclamadas detenham créditos a receber da administração pública estadual, em virtude do disposto no art. 167,
VI e X, da CF, e do princípio da separação de poderes (art. 2º da CF)”. ADPF 485/AP, rel. Min. Roberto
Barroso, julgamento virtual finalizado em 4.12.2020 – Informativo STF nº 1001.

§ 11/12/2020 – Empregada terá jornada adaptada para acompanhar filho com síndrome de Down em
atividades terapêuticas. ACÓRDÃO NO RECURSO ORDINÁRIO PUBLICADO APÓS A VIGÊNCIA
DA LEI Nº 13.467/2017. I - AGRAVO DE INSTRUMENTO EM RECURSO DE REVISTA DA AUTORA.
TUTELA INIBITÓRIA - OBRIGAÇÃO DE FAZER - PRETENSÃO DE REDUÇÃO DA JORNADA DE
TRABALHO, SEM DIMINUIÇÃO PROPORCIONAL DA REMUNERAÇÃO E SEM A COMPENSAÇÃO
DE HORÁRIOS, A FIM DE QUE A TRABALHADORA ACOMPANHE SEU FILHO DE SEIS ANOS DE
IDADE, PORTADOR DA SÍNDROME DE DOWN, EM ATIVIDADES TERAPÊUTICAS
INDISPENSÁVEIS AO DESENVOLVIMENTO SADIO E À INTEGRAÇÃO SOCIAL DA CRIANÇA.
EFICÁCIA HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA IGUALDADE SUBSTANCIAL E
DA ADAPTAÇÃO RAZOÁVEL. PRESENÇA DE TRANSCENDÊNCIA SOCIAL. Discute-se desde 2017 o
direito de uma mãe e professora de ver reduzida em algumas horas a jornada de trabalho perante o Município de
Bariri, sem a obrigatoriedade de compensação de horários e sem prejuízo da remuneração que provê o sustento
da família, a fim de que ela acompanhe o filho, que completou seis anos de idade no dia 20/10/2020, nas
atividades terapêuticas indispensáveis ao seu pleno desenvolvimento enquanto portador da Síndrome de Down.
Considerando que a proteção à infância e a assistência à pessoa portadora de necessidades especiais, bem como o
direito ao trabalho são direitos sociais assegurados pela Constituição, reconhece-se a transcendência da matéria
trazida no recurso de revista, nos termos do art. 896-A, § 1º, III, da CLT. A razoabilidade da tese de violação do
art. 5º, caput, da CF justifica o provimento do agravo de instrumento. Agravo de instrumento conhecido e
provido. II - RECURSO DE REVISTA DA AUTORA. TUTELA INIBITÓRIA - OBRIGAÇÃO DE FAZER
- PRETENSÃO DE REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO, SEM DIMINUIÇÃO
PROPORCIONAL DA REMUNERAÇÃO E SEM A COMPENSAÇÃO DE HORÁRIOS, A FIM DE QUE
A TRABALHADORA ACOMPANHE SEU FILHO DE SEIS ANOS DE IDADE, PORTADOR DA
SÍNDROME DE DOWN, EM ATIVIDADES TERAPÊUTICAS INDISPENSÁVEIS AO
DESENVOLVIMENTO SADIO E À INTEGRAÇÃO SOCIAL DA CRIANÇA - EFICÁCIA
HORIZONTAL DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA IGUALDADE SUBSTANCIAL E DA
ADAPTAÇÃO RAZOÁVEL - CONCESSÃO DE HORÁRIO ESPECIAL POR MEIO DO AUMENTO

118
DAS HORAS DE TRABALHO PEDAGÓGICO LIVRE (HTPL) E DIMINUIÇÃO EQUIVALENTE DA
JORNADA PRESENCIAL - APLICAÇÃO DOS ARTS. 98, §3º, DA LEI Nº 8.112/1990 E 11 DA LEI
MUNICIPAL Nº 4.111/2011 - PONDERAÇÃO DOS INTERESSES EM CONFLITO, SEGUNDO O ART.
2 DA CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA -
PROVIMENTO PARCIAL DO PEDIDO. Discute-se desde 2017 o direito de uma mãe e professora de ver
reduzida em algumas poucas horas a jornada de trabalho perante o Município de Bariri, sem a obrigatoriedade de
compensação de horários e sem prejuízo da remuneração que provê o sustento da família, a fim de que ela
acompanhe o filho, que completou seis anos de idade no dia 20/10/2020, nas atividades terapêuticas
indispensáveis ao seu pleno desenvolvimento enquanto portador da Síndrome de Down. O juízo de primeiro
grau, em caráter liminar inaudita altera pars autorizado pelo art. 300, caput e § 2º, do CPC, deferiu a antecipação
dos efeitos da tutela. Já em sede de cognição exauriente, cassou a medida de urgência e julgou improcedente a
pretensão. O Tribunal Regional negou provimento ao recurso ordinário da autora. Utilizando como fundamento
nuclear a ausência de previsão legal que respaldasse o pedido, o Colegiado acrescentou que os princípios
constitucionais não autorizam o Poder Judiciário a impor obrigações não previstas em lei, notadamente as que
representam impacto financeiro. Destacou que a efetivação do que pretende a trabalhadora em juízo deve ocorrer
por meio de políticas públicas abrangentes. No entanto, a Constituição Federal de 1988 consagrou a dignidade da
pessoa humana e os valores sociais do trabalho como fundamentos nucleares da República Federativa do Brasil
(art. 1º, III e IV). O poder constituinte originário erigiu a construção de uma sociedade justa e solidária e a
promoção do bem de todos, sem preconceito ou discriminação, ao status de objetivos fundamentais do Estado
brasileiro (art. 3º, I e IV). Os direitos humanos foram alçados ao patamar de princípio norteador das relações
externas, com repercussão ou absorção formal no plano interno (arts. 4º, II, e 5º, §§ 2º e 3º). Já o catálogo de
garantias e direitos fundamentais deixou de assumir a conformação vertical do constitucionalismo clássico para
constituir o principal fundamento sobre o qual repousa todo o ordenamento jurídico nacional. A denominada
Carta Política, de feição marcadamente liberal e que se propunha, essencialmente, à imposição de limites ao
poder do Estado na vida privada, deu lugar a uma Carta Fundamental, de caráter dirigente, programático e de
alcance muito mais abrangente e concretizador. O processo histórico de horizontalização dos direitos
fundamentais adquiriu assento constitucional expresso (art. 5º, §1º), de modo que, diferentemente do que sugere
o acórdão recorrido, os valores mais caros à sociedade possuem aptidão para alcançar todos os indivíduos de
forma direta e eficácia plena, sem a necessidade de que sejam veiculados por meio de pontes infraconstitucionais.
Nesse sentido, a matriz axiológica da Constituição não somente pode, mas, sobretudo, deve servir de fonte
imediata para a resolução de demandas levadas à tutela do Poder Judiciário, notadamente aquelas de alta
complexidade. De todo modo, a ausência de norma infraconstitucional específica não seria capaz de isentar o
magistrado de, com base nos princípios gerais de direito, na analogia e nos tratados internacionais ratificados pelo
Brasil, dentre eles o Pacto de San Jose da Costa Rica, reconhecer a incidência direta dos direitos sociais em
determinados casos concretos, mesmo porque aqueles nomeados exemplificativamente no texto constitucional,
inclusive no que diz respeito aos trabalhadores, encerram cláusulas gerais ou de conteúdo indeterminado, mas de
aplicação imediata (arts. 6º e 7º, caput, in fine). O Tribunal Regional não deixa de ter razão quando afirma que o
dever da sociedade, de assegurar o exercício de direitos aos grupos em situação de vulnerabilidade, deve ser
aperfeiçoado por meio de políticas públicas de alcance abrangente. Essa responsabilidade, no caso específico dos
deficientes e dos portadores de necessidades especiais, é de competência concorrente dos entes federativos, nos
termos dos arts. 23, II, e 24, XIV, da CF e se encontra prevista em diversos pontos da própria Constituição,
notadamente nos seus arts. 203, IV, 208, III, e 227, §1º, II, bem como na legislação específica, a exemplo do art.
8º da Lei nº 13.146/2015 - Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com
Deficiência). Neste sentir, é mesmo dever do Estado promocional, por meio de seus Poderes, dar conteúdo
prestacional aos direitos sociais, agindo de forma ativa a concretizá-los. Ocorre que a ainda claudicante atuação
do Poder Público na adoção de medidas efetivas ao bem-estar da população vulnerável e, sobretudo, o alcance
mais restrito da pretensão declinada na exordial, permitem que este Colegiado examine a controvérsia sob ótica
diversa. Felizmente, está ficando para trás o tempo em que a pessoa portadora de deficiência física, mental,
intelectual ou sensorial, inata ou adquirida, era considerada apenas um peso a ser suportado por terceiros, fosse
no âmbito familiar ou social ou ainda sob as expensas do Estado. Impulsionada pela medicina, pela psicologia,
pela sociologia e por outras áreas do saber, a sociedade tem evoluído, passando a enxergar os integrantes dessa
parcela da população como indivíduos sujeitos de prerrogativas e obrigações, no exercício, às vezes pleno, às
vezes mitigado, de sua capacidade e de sua cidadania. O direito brasileiro não ficou alheio a essa evolução, de
modo de que documentos construídos no plano internacional com o intuito de proteger e salvaguardar o
exercício dos direitos dos deficientes e portadores de necessidades especiais vêm sendo absorvidos pela ordem
jurídica pátria com força de emenda constitucional , a exemplo da Convenção Internacional sobre os Direitos das
Pessoas com Deficiência e do Tratado de Marraqueche; da revogação dos incisos I a III do art.3º do Código Civil
brasileiro quanto à caracterização dos incapazes; e, o art.1783-A, do Código Civil, sobre a tomada de decisão
apoiada. A nossa ordem jurídica, mesmo que de forma incipiente, tem procurado promover e garantir os direitos
e liberdades fundamentais desses indivíduos, visando à sua inclusão social, em igualdade de condições e
oportunidades com as demais pessoas. Expressões de conotação depreciativa, como a outrora paradigmática
"loucos de todo gênero", deixaram de ser utilizadas nos textos legais, ao passo que a não-discriminação negativa
passou a ser a palavra de ordem em documentos oficiais. No âmbito da Administração Pública, a Lei nº

119
13.370/2016 alterou o art. 98, §3º, da Lei nº 8.112/1990 para estender o direito ao horário especial ao servidor
público federal que possui cônjuge, filho ou dependente com deficiência e para revogar a exigência de
compensação. Especificamente no que toca ao Direito do Trabalho, tramita no Congresso Nacional o Projeto de
Lei nº 110/2016, da relatoria do senador Flavio Arns, que pretende reduzir em 10% a jornada dos trabalhadores
que tenham sob sua guarda filhos com deficiência, sem prejuízo da remuneração. A par de tudo o que já foi
considerado, há de se ter em mente que os anseios por uma sociedade justa não podem passar ao largo da
percepção de que os seus integrantes são plurais e de que a igualdade substancial é valor que coloca em alto
relevo as diferenças de ordem pessoal. Tratar pessoas diferentes com isonomia não significa tratá-las segundo a
mesma régua ou de acordo com os mesmos parâmetros. A aplicação do primado da igualdade sem qualquer
temperamento costuma apenas aprofundar as desigualdades ainda tão presentes em nossa realidade social. É
certo que os funcionários da municipalidade recorrida não têm seus horários de trabalho adequados a fim de que
possam acompanhar seus filhos em atividades educacionais ou recreativas, mormente sem a redução de salários.
Ocorre que o filho da autora possui características particulares que não apenas o diferenciam da maioria das
outras crianças, mas, também, representam um desafio superior tanto ao seu desenvolvimento como pessoa
quanto à sua afirmação enquanto agente socialmente relevante. Destaque-se, por oportuno, que a ciência não
estabelece gradação à Síndrome de Down, não havendo que se cogitar de sua incidência severa ou moderada. Daí
a importância do seguinte questionamento: ao negar um horário diferenciado à sua mãe, o reclamado não estaria
adotando um tratamento uniforme para crianças em situações flagrantemente desiguais? Pensamos que a resposta
seja positiva. A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência , aprovada pela
Assembleia Geral das Nações Unidas em 13 de dezembro de 2006 e chancelada pelo Congresso Nacional por
meio do Decreto Legislativo nº 186/2008, conforme o procedimento do art. 5º, §3º, da CF, reconhece que a
deficiência "é um conceito em evolução" e que "resulta da interação entre pessoas com deficiência e as barreiras
devidas às atitudes e ao ambiente que impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade em
igualdade de oportunidades com as demais pessoas". Estabelece, no art. 3º, os seus "princípios gerais", dentre os
quais se destacam o "respeito pela diferença" e a "igualdade de oportunidades". Prevê, no art. 5.1, que "todas as
pessoas são iguais perante e sob a lei a que fazem jus, sem qualquer discriminação, a igual proteção e benefício da
lei". Especificamente quanto à criança, determina, no art. 7.1 que "os Estados Partes tomarão todas as medidas
necessárias para assegurar às crianças com deficiência o pleno exercício de todos os direitos humanos e
liberdades fundamentais, em igualdade de oportunidades com as demais crianças". Referidos dispositivos não
apenas ratificaram o já consagrado princípio da igualdade material insculpido no art. 5º, caput, da CF, mas,
também, lhe conferiram refinamento temático expresso. Assim, o direito das crianças com deficiência, de serem
tratadas pelo Estado e pela sociedade em igualdade de condições e segundo as características peculiares que as
diferenciam dos demais indivíduos, passou a ser literal na Constituição brasileira a partir de 25 de agosto de 2009,
data da publicação do Decreto presidencial nº 6.949. Existem julgados do Tribunal Superior do Trabalho,
inclusive da 3ª Turma, nos quais o cuidado diferenciado que deve ser dirigido às crianças portadoras de
necessidades especiais justificou a alteração de turno de trabalho de seus pais. É evidente que a transposição de
um ideal de justiça de uma decisão judicial para a realidade concreta nem sempre é tranquila, ou mesmo factível.
O alto grau de abstração de um princípio constitucional deve sempre ser levado em consideração pelo juiz no
exame da exequibilidade e das repercussões econômicas e sociais de sua decisão. Assim, é de toda pertinência a
preocupação do Tribunal Regional com impacto financeiro e/ou administrativo de uma sentença desfavorável ao
réu. Nesse sentido, o art. 5.3 da Convenção diz que, “a fim de promover a igualdade e eliminar a discriminação,
os Estados Partes adotarão todas as medidas apropriadas para garantir que a adaptação razoável seja oferecida”.
Já o art. 2 conceitua a “adaptação razoável “como as "modificações e os ajustes necessários e adequados que não
acarretem ônus desproporcional ou indevido, quando requeridos em cada caso, a fim de assegurar que as pessoas
com deficiência possam gozar ou exercer, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, todos os
direitos humanos e liberdades fundamentais”. Prover “adaptação” significa adotar os esforços necessários para
que os portadores de deficiência possam usufruir dos direitos humanos e fundamentais, em igualdade de
condições com os demais indivíduos. A razoabilidade dessa acomodação encontra limite apenas na eventual
desproporcionalidade entre os benefícios que podem ser alcançados com a sua adoção e os possíveis custos dela
decorrentes. Diante dessa perspectiva e tornando ao caso concreto, cabe à Justiça do Trabalho conciliar os
interesses divergentes entre as partes para que a criança possa ser acompanhada por sua mãe nas atividades
multidisciplinares, sem que isso proporcione um ônus para o qual o réu não esteja preparado ou não consiga
suportar. Conforme o quadro fático expresso no acórdão recorrido, "a reclamante acumula dois contratos na
função de Professor de Educação Básica II, ambos com a municipalidade reclamada, cada um com carga horária
semanal de 31 horas”. O pedido formulado na inicial consiste na obrigação de que a municipalidade autorize a
sua ausência do serviço às terças-feiras, de 13h00 às 17h00 (quatro horas) e de 18h20 às 21h10 (duas horas e
cinquenta minutos), e às quintas-feiras, de 12h30 às 17h00 (quatro horas e trinta minutos). Ou seja, a autora pede
para que lhe sejam reduzidas, sem prejuízo de sua remuneração, 11 horas e 20 minutos dentre as 62 horas
semanais por ela despendidas no ofício de professora de Geografia da municipalidade ré. Já o município requer a
total improcedência da reclamação trabalhista ou "que seja encontrada outra solução para o próximo ano letivo,
para a professora poder acompanhar o seu filho no tratamento e também não haja prejuízos tanto para os alunos
da rede municipal, tanto quanto para o erário municipal" (sic). De um lado, sabe-se que o acompanhamento da
criança por sua mãe tende a desempenhar papel muito importante na sedimentação das competências adquiridas

120
e/ou estimuladas nas atividades terapêuticas, mesmo porque o contato direto e reiterado da genitora com os
membros da equipe multidisciplinar deve repercutir positivamente na estimulação adicional promovida no
âmbito familiar. Ademais, a ciência diz que a estimulação precoce é de extrema relevância para a maior eficácia
das técnicas adotadas pelos profissionais. Diante desse contexto, uma eventual improcedência da pretensão
poderia ensejar até mesmo um pedido de desligamento da trabalhadora, o que prejudicaria sobremaneira os
rendimentos da família e colocaria em risco a própria subsistência do filho deficiente. De outro lado, entende-se
que a procedência integral do pedido demandaria uma série de expedientes do réu, a fim de que seus alunos não
ficassem prejudicados e de que o impacto orçamentário fosse minimizado. Afinal, a readequação da grade horária
dos docentes de Geografia, com o consequente pagamento de horas extras, ou mesmo a contratação de outro
profissional, seja em cargo efetivo ou pela via do contrato emergencial, certamente resultaria em ônus
administrativos para a municipalidade e financeiros para o erário, embora suportáveis em confronto com a
manutenção do contrato de trabalho e o direito de acompanhamento do deficiente, em prol de uma melhor
integração na sociedade. Conforme ressaltado alhures, a Lei nº 8.112/1990 assegura a concessão de horário
especial ao servidor ou à servidora que possui cônjuge, filho ou dependente com deficiência, sem prejuízo do
salário e sem a necessidade de compensação de horário. Ora, se o dependente do funcionário federal possui tal
prerrogativa, entendemos que o filho de uma professora municipal deve desfrutar de direito semelhante. Pessoas
em situações análogas não podem ser tratadas de forma absolutamente desigual, sob pena de violação do
multicitado princípio da igualdade substancial, previsto tanto na Constituição Federal quanto na Convenção
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. No caso específico dos professores do município
de Bariri, a Lei Municipal nº 4.111/2011 determina que parte da jornada de trabalho seja realizada por meio de
atividades pedagógicas extraclasse, coletivas ou individuais, as chamadas Horas de Trabalho Pedagógico Coletivo
(HTPC), Horas de Trabalho Pedagógico Individual (HTPI) e Horas de Trabalho Pedagógico Livre (HTPL),
sendo as últimas cumpridas em local e horário de livre escolha do docente, nos termos do art. 11, §6º. Cabe
destacar que o §3º do mesmo artigo diz que o professor de Educação Básica II poderá ampliar ou reduzir a
jornada de trabalho definida no início do ano letivo, a critério da Administração, ao passo que o §4º estabelece
que o número de horas de trabalho pedagógico sofrerá alteração conforme o número de horas/aulas que o
docente assumir. A petição inicial alerta para o fato de que as 62 horas semanais de trabalho seriam compostas
por 42 horas presenciais com os educandos, 4 horas de HTPC, 8 horas de HTPI e 8 horas de HTPL.
Imaginando-se, em adaptação ou acomodação razoável, um cenário em que as HTPL pudessem ser aumentadas e
as horas presenciais diminuídas na mesma proporção, a autora certamente teria a possibilidade de administrar os
seus horários para que pudesse ter a liberdade de acompanhar o seu filho nas sessões multidisciplinares.
Adotando-se esse horário especial, ainda que haja, em adoção do princípio da solidariedade, a necessidade de
remanejamento da jornada dos demais professores de Geografia, ou mesmo o pagamento de horas extras para a
substituição da autora nos períodos de impossibilidade de sua docência presencial, o custo adicional para a
municipalidade, seja financeiro ou administrativo, certamente não seria substancial a ponto de superar os
benefícios individuais e as repercussões sociais decorrentes da procedência do pedido. A "adaptação", neste caso,
atenderia plenamente o requisito da razoabilidade previsto no art. 2 da Convenção Internacional sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência , ainda mais quando se considera que esse ônus deve ser mitigado por um
aumento de produtividade da professora, que, livre da preocupação de não poder acompanhar o seu filho nas
atividades de que ele necessita, tende a preparar as aulas com maior qualidade e a ministrá-las com maior
empenho e profundidade, em evidente benefício de seus alunos. Por fim, colaciona-se julgado do STJ em que
uma demanda de portador de deficiência foi examinada sob a ótica do Princípio da Adaptação Razoável. Recurso
de revista conhecido, por violação do art. 5º, caput, da CRFB/88 e parcialmente provido (RR-11204-
62.2017.5.15.0144, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 04/12/2020).

§ 16/12/2020 – Publicado o Informativo TST nº 230, cujas principais decisões estão da tabela abaixo:

Informativo TST nº 230


(Período 23 de novembro a 4 de dezembro de 2020)
A sistemática e reiterada ausência de recolhimento de FGTS e o atraso reiterado no pagamento de salários implicam
em lesão significativa que ofende (in re ipsa) a ordem jurídica, ultrapassando a esfera individual e, por isso, gera dano
moral coletivo. O descumprimento reiterado da legislação trabalhista prejudica empregados e tenciona, para pior, as
condições de vida de todos os trabalhadores que atuam naquele ramo da economia, além de compelir o bom
empregador a sonegar direitos trabalhistas como condição para a sobrevivência no mercado, cada vez mais marcado
pela competição. TST-E-ARR-597-30.2013.5.04.0663, SBDI-I, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira,
26/11/2020 – Informativo TST nº 230.
A categoria dos empregados vendedores é regida por estatuto profissional especial, qual seja, a Lei nº 3.207/57.
Logo, trata-se de categoria profissional diferenciada, não podendo incidir as normas coletivas firmadas pelo
Sindicato dos Empregados nas Indústrias de Cerveja e Bebidas em Geral, do Vinho e Águas Minerais do Estado de
Pernambuco – SINDBEB/PE. TST-E-RR-686-70.2012.5.06.0101, SBDI-I, red. p/ acórdão Min. Breno Medeiros,
03/12/2020 – Informativo TST nº 230.
Havendo pluralidade de credores, os arts. 908, §§ 1º e 2º, e 909 do CPC dispõem que o produto da alienação do

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bem expropriado do patrimônio do devedor será distribuído entre eles, observando-se a ordem de preferência e a
anterioridade das penhoras. Ressalte-se que o critério da anterioridade das penhoras ganha destaque ainda maior
quando da existência de créditos de mesma hierarquia. Nesse contexto, registrar penhora em autos de execução
coletiva, mas indeferir pretensão de credor de “penhora no rosto dos autos” de reclamação trabalhista em fase de
conhecimento, com intuito de indicar eventual crédito do devedor decorrente de depósito recursal efetivado,
configura violação a direito líquido e certo, ainda que o objeto da penhora seja relativo a direito presente ou futuro
do devedor. Não se pode negar a formalização da penhora ao credor diligente que, oportunamente, postula a
respectiva apreensão no rosto dos autos, nos termos do art. 860 do CPC. Determina-se à autoridade coatora que
efetive a penhora no rosto dos autos de eventual crédito resultante do depósito recursal realizado, respeitando-se o
direito do autor daquela ação, na forma do art. 899, § 1º, da CLT. TST-ROT-7842-62.2018.5.15.0000, SBDI-II, rel.
Min. Douglas Alencar Rodrigues, 24/11/2020 – Informativo TST nº 230.
A regularidade de representação processual é pressuposto recursal indispensável, cuja inobservância inviabiliza o
conhecimento do recurso. Apesar de o advogado subscritor do recurso estar regularmente habilitado para a
utilização do sistema eletrônico, esta autorização não substitui o instrumento de procuração para ingresso do
advogado nos autos, assim como também não pode ser admitida como mandato tácito. Ademais, a concessão de
prazo para a parte sanar o vício, conforme previsão contida no art. 76 do CPC de 2015 e na Súmula 383 do TST,
somente é possível quando constatada irregularidade no instrumento de procuração ou substabelecimento já
constante nos autos. TST-AIRO-101463-74.2016.5.01.0000, SBDI-II, rel. Min. Douglas Alencar Rodrigues, 24/11/2020
– Informativo TST nº 230.
Decisão que julga procedente a pretensão de diferenças salariais decorrentes da aplicação do piso salarial imposto
pela lei do magistério do município de São Joaquim da Barra-SP (Lei Municipal nº144/2009), que incluiu o cargo de
educadora infantil no Plano de Carreira do Magistério Público Municipal, não viola o disposto no art. 37, II, X, XIII
e § 2º, da CF/88 nem contraria o disposto nas súmulas vinculantes nos 37 e 43 do STF. Consignou-se não ser o
caso de transposição de regime jurídico nem de provimento derivado de cargo sem prévia aprovação em concurso
público, pois houve somente a alteração do nome do cargo de “babá” para “educadora infantil”, pela Lei Municipal
nº 56/2008, registrando-se que a reclamante foi aprovada em concurso público para o cargo de “babá”, sob o
regime celetista, e que já era exigido como requisito para a ocupação do aludido cargo a formação em pedagogia.
Além disso, salientou-se que não houve ofensa à regra do concurso público, visto que não ocorreu a transformação
do cargo de educadora infantil (“babá”) em cargo diverso (professora). Destacou-se também não se tratar de
hipótese de concessão de aumento ou equiparação salarial com base no princípio da isonomia, mas de pagamento
de diferenças salariais decorrentes da inobservância do piso salarial. Além disso, consignou-se que o STF, em
diversas Reclamações Constitucionais propostas pelo município de São Joaquim da Barra, tem afastado a alegação
de contrariedade às súmulas vinculantes nos 37 e 43. TST-ROT-8487-87.2018.5.15.0000, SBDI-II, rel. Min. Maria
Helena Mallmann, 01/12/2020 – Informativo TST nº 230.
O empregado que comete falta grave pode ser demitido no curso da fruição do benefício previdenciário,
concretizando-se imediatamente os efeitos da dispensa por justa causa, ainda que o contrato de trabalho esteja
suspenso. Cassou-se a tutela provisória de urgência, de forma a desobrigar a impetrante de manter o plano de saúde
e o pagamento da complementação do auxílio-doença acidentário, até ulterior decisão a ser proferida pelo Juiz
natural da causa. TST-RO-104-53.2016.5.20.0000, SBDI-II, red. p/ acórdão Min. Luiz José Dezena da Silva, 01/12/2020
– Informativo TST nº 230.
Discute-se, no caso, o legítimo representante dos oficiais de justiça e avaliadores do Estado do Mato Grosso: se o
sindicato específico – Sindicato dos Oficiais de Justiça e Avaliadores do Estado de Mato Grosso - ou o sindicato
geral – Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de Mato Grosso, ambos de base estadual. O artigo
570 da CLT estabelece que os sindicatos serão constituídos, em geral, por categorias econômicas e profissionais
específicas. O parágrafo único desse mesmo artigo, por outro lado, excepciona a aplicação da regra da
especificidade, permitindo a formação de sindicato com a junção de categorias similares ou conexas, na hipótese em
que determinada classe econômica ou profissional não consiga sindicalizar-se eficientemente pelo critério específico.
O artigo 571 da CLT ainda prevê a possibilidade de as categorias formarem sindicatos específicos com a dissociação
do sindicato principal. Isso significa que é possível a formação de um sindicato, por dissociação de categoria mais
específica, numa mesma base territorial, observado o princípio da unicidade sindical previsto no artigo 8º, II, da
Constituição Federal. Ressalta-se que o Supremo Tribunal Federal tem entendimento de que a criação de um novo
sindicato de categoria mais específica por dissociação ou por desdobramento não ofende o princípio da unicidade
sindical. Nesse contexto e considerando ainda as informações trazidas pelo SINDOJUS-MT e pela FESOJUS-BR
ao longo do processo, não impugnadas pelo SINJUSMAT, de que já existem 14 sindicatos de oficiais de justiça e
avaliadores distribuídos nos Estados da Federação, com um percentual elevadíssimo de filiados, percebe-se a
possibilidade de vida associativa regular e de ação sindical eficiente, na esteira do que preconiza o art. 571 da CLT,
sobretudo considerando certas particularidades das atividades dos oficiais de justiça e avaliadores, a demandarem
pautas de reivindicações bem específicas. Com efeito, as dificuldades e adversidades enfrentadas pelos oficiais de
justiça e avaliadores no desempenho de suas funções eminentemente externas exigem reivindicações específicas, que
geralmente se revelam mais imprescindíveis para esses servidores do que pautas e reajustes gerais pleiteados pelos
demais servidores do Judiciário. Pode-se citar, a título exemplificativo, os reajustes de verbas indenizatórias, como

122
transporte e reembolso combustível; formas de remuneração e compensação monetária por cumprimento de
mandados em plantões e recessos; diárias de deslocamento para cumprimento de mandados; segurança e medidas
de prevenção, redução ou eliminação dos riscos cotidianos inerentes à sua atividade externa; aposentadoria especial;
impactos do processo judicial eletrônico na carreira; entre outros. Esses interesses, por vezes, não encontram
ressonância ou são deixados em segundo plano nas pautas dos sindicatos representativos do Judiciário em geral.
Chega-se, até mesmo, a entrarem, algumas vezes, em conflito com interesses dos demais servidores, que exercem
atividade interna, consoante se percebe, por exemplo, dos impactos gerados pelo processo judicial eletrônico na
divisão e incumbência de tarefas necessárias para a execução de ordens judiciais, como pesquisas de penhora e
elaboração de minutas e protocolos relativos a pedidos de bloqueio e desbloqueio de valores pelo BACENJUD,
atribuições exequíveis internamente. TST-RR-34-60.2018.5.23.0007, 2ª Turma, rel. Min. José Roberto Freire Pimenta,
julgado em 02/12/2020 – Informativo TST nº 230.
Caracteriza conduta antissindical a bonificação a trabalhadores que não aderiram ao movimento grevista.
O direito de greve, ínsito ao Estado Democrático de Direito e consagrado na Constituição Federal como direito
fundamental (art. 9º), representa expressão da autonomia privada coletiva, sendo corolário da liberdade e autonomia
sindicais (art. 8º da CLT). 2. Por essa razão, o direito comparado e o direito pátrio identificam comportamentos que
visem a enfraquecer esse direito e essa liberdade, as chamadas práticas desleais (“unfair labour practices”) ou
antissindicais. Quanto ao tema, o art. 1º da Convenção 98 da OIT, da qual o Brasil é signatário, dispõe: “Os
trabalhadores deverão gozar de proteção adequada contra quaisquer atos atentatórios à liberdade sindical em
matéria de emprego”. Rememore-se a lição de Oscar Ermida Uriarte, para quem as condutas ou atos antissindicais
são “aqueles que prejudiquem indevidamente um titular de direitos sindicais no exercício da atividade sindical ou
por causa desta ou aqueles atos mediante os quais lhe são negadas, injustificadamente, as facilidades ou
prerrogativas necessárias ao normal desempenho da ação coletiva”. Veda-se, portanto, a discriminação decorrente
da expressão da liberdade sindical, da qual é exemplo a greve. Qualquer conduta tendente a mitigar ou obstaculizar
o direito (tanto individual quanto coletivo) configura ilícito. 6. Segundo o autor uruguaio referido, são três os grupos
de medidas de proteção, que abrangem não só dirigentes sindicais e empregados sindicalizados, mas todos os
trabalhadores: preventivas, reparatórias e complementares. Especificamente quanto à greve, a proteção positivou-se,
no direito objetivo brasileiro, no art. 6º, § 2º, da Lei nº 7.783/89. Praticado o ilícito, deve o empregador arcar com a
reparação, por meio de indenização por danos moral e material (arts. 186, 187 e 927 do Código Civil). No caso
concreto, o pagamento de vantagem pecuniária expressiva a trabalhadores que não participaram do movimento
paredista evidencia a prática de sofisticada conduta antissindical, com a intenção de frustrar greve. 9. Perpetrada a
quebra da isonomia entre empregados (sendo a isonomia protoprincípio da Constituição Federal – art. 5º), tem o
trabalhador reclamante direito à mesma bonificação ofertada, em caráter geral, aos empregados não grevistas. Da
mesma forma, a discriminação e a ofensa a direito fundamental provocam, “in re ipsa”, violação dos direitos de
personalidade do reclamante. Assim, também é devida indenização por dano moral. TST-RR-212-68.2017.5.05.0193,
3ª Turma, rel. Min. Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, julgado em 25/11/2020 – Informativo TST nº 230.
Da análise dos autos, infere-se que, em recurso ordinário distribuído nos autos do Processo nº
0001960.2014.020.10.0020, perante a 2ª Turma do e. TRT da 10ª Região, o reclamado, Banco Brasil S.A., suscitou
uniformização de jurisprudência quanto à legitimidade ativa do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos
Bancários de Brasília nas ações em que se pleiteia hora extra superior à sexta diária, de acordo com art. 224, §2º, da
CLT. 2. Por ocasião do julgamento do referido recurso, a Turma, por unanimidade, reconheceu a divergência
apresentada pelo suscitante, suspendendo a tramitação processual e, com fundamento no art. 896, §3º, da CLT,
encaminhou à presidência daquele Tribunal o pedido para instauração do Incidente de Uniformização de
Jurisprudência, nos termos da lei nº 13.015/2014 e dos arts. 165/176 do Regimento Interno do e. TRT. 3. O
Incidente de Uniformização foi admitido pelo Presidente do e. TRT e a Secretaria da Turma formou autos
apartados, com a identificação IUJ nº 0000484-55.2016.5.10.0000, que foram encaminhados à Secretaria do
Tribunal Pleno. 3. Feitos esses registros, cumpre observar que o Tribunal Pleno se limitou, no acórdão proferido às
págs. 301/319, a interpretar a lei e a fixar a tese jurídica vencedora sobre o tema. 4. Resta claro, portanto, que não
compete ao Tribunal Pleno o julgamento do caso concreto, limitando-se, tão somente, à fixação da tese prevalente.
Desse modo, não cabe recurso de revista em face do acórdão em que se julgou o IUJ, o qual somente comporta
embargos de declaração. 5. Nesse cenário, incabível o recurso de revista, à luz do artigo 896, caput, da CLT c/c
Súmula 513 do STF. TST-RR-484-55.2016.5.10.0000, 3ª Turma, rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, julgado em
25/11/2020 – Informativo TST nº 230.
Caracteriza dano moral coletivo o descumprimento da obrigação de integrar gorjetas à remuneração dos
empregados. O TRT reconheceu que o descumprimento contratual dos haveres trabalhistas gera transtornos na
vida financeira de qualquer indivíduo. Nada obstante, afastou a obrigação da reclamada ao pagamento de
indenização por dano moral coletivo, ao fundamento de que o mero fato de as gorjetas não terem sido integradas
aos salários seria incapaz de caracterizar ofensa extrapatrimonial à classe dos trabalhadores, nomeadamente porque
os empregados foram posteriormente ressarcidos pela quitação das parcelas devidas. De início, é importante
ressaltar que não remanesce qualquer discussão nos autos de que a não integração das gorjetas à remuneração dos
empregados era prática corriqueira da reclamada antes do ajuizamento da ação civil pública. Assentada essa
circunstância, há de se recordar que o dever de indenizar a coletividade pressupõe a existência de ato antijurídico, de
lesão injusta e intolerável aos valores fundamentais da sociedade e de relação de causa e efeito entre a conduta do

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ofensor e o prejuízo suportado de forma transindividual pelos ofendidos. Tais pressupostos são plenamente
identificáveis na espécie. O artigo 457 da CLT dispõe que as gorjetas compõem a remuneração dos empregados
para todos os efeitos legais. Desta feita, tal modalidade de pagamento caracteriza-se como salário em sentido estrito,
devendo ser integrado na base de cálculo do 13º, das férias, do FGTS e das contribuições previdenciárias. O
descumprimento do referido comando legal repercute de forma negativa nos valores finais auferidos pelo
trabalhador ou recolhidos ao INSS, configurando apropriação indébita e sonegação fiscal sobre parte do montante
que deveria ser adimplido pelo empregador. Examinando a questão pelo viés da prova efetiva do prejuízo psíquico
suportado por cada um dos trabalhadores de maneira individual, cabe sublinhar e repisar amiúde a natureza
alimentar das verbas salariais. Há de se pontuar que normalmente é a remuneração auferida em razão do dispêndio
da força de trabalho que propicia às famílias o acesso aos insumos básicos para a sua subsistência. Imagine-se, pois,
o que pode significar para qualquer trabalhador, costumeiramente provedor de sua prole, ter uma parcela nada
desprezível de seus rendimentos comprometidos de forma unilateral pelo seu empregador. É notória a percepção de
que o alijamento do fruto do trabalho – mesmo que seja de parte dele – possui carga suficiente para afrontar a
honra e a dignidade de qualquer indivíduo, que dirá quando isso ocorre de forma arbitrária e ilegal, como no caso
dos autos. Aliás, o Tribunal Superior do Trabalho possui entendimento pacífico de que o inadimplemento do salário
– ou seu atraso contumaz – acarreta prejuízo extrapatrimonial manifesto e que fala por si próprio (damnum in re ipsa),
sendo, portanto, desnecessária sua comprovação em juízo. Nessa linha, precedentes da SBDI-1 e de todas as
Turmas desta Corte. Evidentemente, a caracterização do dano coletivo depende de que o incômodo infligido ao
patrimônio moral particular desborde para um sentimento universal de repulsa contra a violação dos interesses ou
direitos pertencentes a toda a coletividade. Ora, a ideia de que empregados possam ser cerceados no seu direito de
receber integralmente pela energia espargida no labor depõe contra o que ordinariamente se espera de uma conduta
empresarial atenta e respeitosa às garantias mínimas previstas no artigo 7º, X, da CF, na legislação protetiva e nos
princípios basilares do Direito do Trabalho. Não parece razoável, na espécie, subestimar a percepção geral de que a
conduta da reclamada, voltada ao descumprimento de normas de indisponibilidade absoluta, atingiu frontalmente
valores muito caros à unidade dos trabalhadores. Por tais razões, conclui-se que a conduta ilícita da empresa
demandada, que por anos a fio deixou de integrar as gorjetas à remuneração de seus empregados, extrapolou os
interesses individualmente considerados na situação para atingir o patrimônio imaterial de toda a sociedade. E nem
se requeira juízo diverso em virtude de que a ré corrigiu sua conduta no curso do presente processo. Isso porque
referido expediente não é capaz de, por si só, compensar o sentimento comum de violação da ordem jurídica, que
perdurou por lapso temporal significativo. De mais a mais, devem remanescer os objetivos punitivo e pedagógico
da medida, os quais funcionam de maneira dissuasória à futura replicação dos ilícitos. Assim, a conduta da ré em
regularizar a situação das gorjetas apenas após o ajuizamento da ação, não legitima a conduta antijurídica que deve
receber o devido caráter sancionatório e pedagógico. Tal medida deve ser levada em consideração apenas para
fixação do valor da indenização por dano moral coletivo, que ora se arbitra em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
[...] TST-RR-632-48.2014.5.05.0009, 3ª Turma, rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, julgado em 02/12/2020 –
Informativo TST nº 230.
Discute-se desde 2017 o direito de uma mãe e professora de ver reduzida em algumas poucas horas a jornada de
trabalho perante o Município de Bariri, sem a obrigatoriedade de compensação de horários e sem prejuízo da
remuneração que provê o sustento da família, a fim de que ela acompanhe o filho, que completou seis anos de idade
no dia 20/10/2020, nas atividades terapêuticas indispensáveis ao seu pleno desenvolvimento enquanto portador da
Síndrome de Down. O juízo de primeiro grau, em caráter liminar inaudita altera pars autorizado pelo art. 300, caput e
§ 2º, do CPC, deferiu a antecipação dos efeitos da tutela. Já em sede de cognição exauriente, cassou a medida de
urgência e julgou improcedente a pretensão. O Tribunal Regional negou provimento ao recurso ordinário da autora.
Utilizando como fundamento nuclear a ausência de previsão legal que respaldasse o pedido, o Colegiado
acrescentou que os princípios constitucionais não autorizam o Poder Judiciário a impor obrigações não previstas em
lei, notadamente as que representam impacto financeiro. Destacou que a efetivação do que pretende a trabalhadora
em juízo deve ocorrer por meio de políticas públicas abrangentes. No entanto, a Constituição Federal de 1988
consagrou a dignidade da pessoa humana e os valores sociais do trabalho como fundamentos nucleares da
República Federativa do Brasil (art. 1º, III e IV). O poder constituinte originário erigiu a construção de uma
sociedade justa e solidária e a promoção do bem de todos, sem preconceito ou discriminação, ao status de objetivos
fundamentais do Estado brasileiro (art. 3º, I e IV). Os direitos humanos foram alçados ao patamar de princípio
norteador das relações externas, com repercussão ou absorção formal no plano interno (arts. 4º, II, e 5º, §§ 2º e 3º).
Já o catálogo de garantias e direitos fundamentais deixou de assumir a conformação vertical do constitucionalismo
clássico para constituir o principal fundamento sobre o qual repousa todo o ordenamento jurídico nacional. A
denominada Carta Política, de feição marcadamente liberal e que se propunha, essencialmente, à imposição de limites
ao poder do Estado na vida privada, deu lugar a uma Carta Fundamental, de caráter dirigente, programático e de
alcance muito mais abrangente e concretizador. O processo histórico de horizontalização dos direitos fundamentais
adquiriu assento constitucional expresso (art. 5º, §1º), de modo que, diferentemente do que sugere o acórdão
recorrido, os valores mais caros à sociedade possuem aptidão para alcançar todos os indivíduos de forma direta e
eficácia plena, sem a necessidade de que sejam veiculados por meio de pontes infraconstitucionais. Nesse sentido, a
matriz axiológica da Constituição não somente pode, mas, sobretudo, deve servir de fonte imediata para a resolução
de demandas levadas à tutela do Poder Judiciário, notadamente aquelas de alta complexidade. De todo modo, a
ausência de norma infraconstitucional específica não seria capaz de isentar o magistrado de, com base nos

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princípios gerais de direito, na analogia e nos tratados internacionais ratificados pelo Brasil, dentre eles o Pacto de
San Jose da Costa Rica, reconhecer a incidência direta dos direitos sociais em determinados casos concretos, mesmo
porque aqueles nomeados exemplificativamente no texto constitucional, inclusive no que diz respeito aos
trabalhadores, encerram cláusulas gerais ou de conteúdo indeterminado, mas de aplicação imediata (arts. 6º e 7º,
caput, in fine). O Tribunal Regional não deixa de ter razão quando afirma que o dever da sociedade, de assegurar o
exercício de direitos aos grupos em situação de vulnerabilidade, deve ser aperfeiçoado por meio de políticas públicas
de alcance abrangente. Essa responsabilidade, no caso específico dos deficientes e dos portadores de necessidades
especiais, é de competência concorrente dos entes federativos, nos termos dos arts. 23, II, e 24, XIV, da CF e se
encontra prevista em diversos pontos da própria Constituição, notadamente nos seus arts. 203, IV, 208, III, e 227,
§1º, II, bem como na legislação específica, a exemplo do art. 8º da Lei nº 13.146/2015 – Lei Brasileira de Inclusão
da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Neste sentir, é mesmo dever do Estado
promocional, por meio de seus Poderes, dar conteúdo prestacional aos direitos sociais, agindo de forma ativa a
concretizá-los. Ocorre que a ainda claudicante atuação do Poder Público na adoção de medidas efetivas ao bem-
estar da população vulnerável e, sobretudo, o alcance mais restrito da pretensão declinada na exordial, permitem que
este Colegiado examine a controvérsia sob ótica diversa. Felizmente, está ficando para trás o tempo em que a pessoa
portadora de deficiência física, mental, intelectual ou sensorial, inata ou adquirida, era considerada apenas um peso a
ser suportado por terceiros, fosse no âmbito familiar ou social ou ainda sob as expensas do Estado. Impulsionada
pela medicina, pela psicologia, pela sociologia e por outras áreas do saber, a sociedade tem evoluído, passando a
enxergar os integrantes dessa parcela da população como indivíduos sujeitos de prerrogativas e obrigações, no
exercício, às vezes pleno, às vezes mitigado, de sua capacidade e de sua cidadania. O direito brasileiro não ficou
alheio a essa evolução, de modo de que documentos construídos no plano internacional com o intuito de proteger e
salvaguardar o exercício dos direitos dos deficientes e portadores de necessidades especiais vêm sendo absorvidos
pela ordem jurídica pátria com força de emenda constitucional, a exemplo da Convenção Internacional sobre os
Direitos das Pessoas com Deficiência e do Tratado de Marraqueche; da revogação dos incisos I a III do art.3º do
Código Civil brasileiro quanto à caracterização dos incapazes; e, o art.1783-A, do Código Civil, sobre a tomada de
decisão apoiada. A nossa ordem jurídica, mesmo que de forma incipiente, tem procurado promover e garantir os
direitos e liberdades fundamentais desses indivíduos, visando à sua inclusão social, em igualdade de condições e
oportunidades com as demais pessoas. Expressões de conotação depreciativa, como a outrora paradigmática “loucos
de todo gênero”, deixaram de ser utilizadas nos textos legais, ao passo que a não-discriminação negativa passou a ser a
palavra de ordem em documentos oficiais. No âmbito da Administração Pública, a Lei nº 13.370/2016 alterou o art.
98, §3º, da Lei nº 8.112/1990 para estender o direito ao horário especial ao servidor público federal que possui
cônjuge, filho ou dependente com deficiência e para revogar a exigência de compensação. Especificamente no que
toca ao Direito do Trabalho, tramita no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 110/2016, da relatoria do senador
Flavio Arns, que pretende reduzir em 10% a jornada dos trabalhadores que tenham sob sua guarda filhos com
deficiência, sem prejuízo da remuneração. A par de tudo o que já foi considerado, há de se ter em mente que os
anseios por uma sociedade justa não podem passar ao largo da percepção de que os seus integrantes são plurais e de
que a igualdade substancial é valor que coloca em alto relevo as diferenças de ordem pessoal. Tratar pessoas
diferentes com isonomia não significa tratá-las segundo a mesma régua ou de acordo com os mesmos parâmetros.
A aplicação do primado da igualdade sem qualquer temperamento costuma apenas aprofundar as desigualdades
ainda tão presentes em nossa realidade social. É certo que os funcionários da municipalidade recorrida não têm seus
horários de trabalho adequados a fim de que possam acompanhar seus filhos em atividades educacionais ou
recreativas, mormente sem a redução de salários. Ocorre que o filho da autora possui características particulares que
não apenas o diferenciam da maioria das outras crianças, mas, também, representam um desafio superior tanto ao
seu desenvolvimento como pessoa quanto à sua afirmação enquanto agente socialmente relevante. Destaque-se,
por oportuno, que a ciência não estabelece gradação à Síndrome de Down, não havendo que se cogitar de sua
incidência severa ou moderada. Daí a importância do seguinte questionamento: ao negar um horário diferenciado à
sua mãe, o reclamado não estaria adotando um tratamento uniforme para crianças em situações flagrantemente
desiguais? Pensamos que a resposta seja positiva. A Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com
Deficiência, aprovada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 13 de dezembro de 2006 e chancelada pelo
Congresso Nacional por meio do Decreto Legislativo nº 186/2008, conforme o procedimento do art. 5º, §3º, da
CF, reconhece que a deficiência “é um conceito em evolução” e que “resulta da interação entre pessoas com deficiência e as
barreiras devidas às atitudes e ao ambiente que impedem a plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas”. Estabelece, no art. 3º, os seus “princípios gerais”, dentre os quais se destacam o
“respeito pela diferença” e a “igualdade de oportunidades”. Prevê, no art. 5.1, que “todas as pessoas são iguais perante e sob a lei a
que fazem jus, sem qualquer discriminação, a igual proteção e benefício da lei”. Especificamente quanto à criança, determina, no
art. 7.1 que “os Estados Partes tomarão todas as medidas necessárias para assegurar às crianças com deficiência o pleno exercício de
todos os direitos humanos e liberdades fundamentais, em igualdade de oportunidades com as demais crianças”. Referidos dispositivos
não apenas ratificaram o já consagrado princípio da igualdade material insculpido no art. 5º, caput, da CF, mas,
também, lhe conferiram refinamento temático expresso. Assim, o direito das crianças com deficiência, de serem
tratadas pelo Estado e pela sociedade em igualdade de condições e segundo as características peculiares que as
diferenciam dos demais indivíduos, passou a ser literal na Constituição brasileira a partir de 25 de agosto de 2009,
data da publicação do Decreto presidencial nº 6.949. Existem julgados do Tribunal Superior do Trabalho, inclusive
da 3ª Turma, nos quais o cuidado diferenciado que deve ser dirigido às crianças portadoras de necessidades especiais

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justificou a alteração de turno de trabalho de seus pais. É evidente que a transposição de um ideal de justiça de uma
decisão judicial para a realidade concreta nem sempre é tranquila, ou mesmo factível. O alto grau de abstração de
um princípio constitucional deve sempre ser levado em consideração pelo juiz no exame da exequibilidade e das
repercussões econômicas e sociais de sua decisão. Assim, é de toda pertinência a preocupação do Tribunal Regional
com impacto financeiro e/ou administrativo de uma sentença desfavorável ao réu. Nesse sentido, o art. 5.3 da
Convenção diz que, “a fim de promover a igualdade e eliminar a discriminação, os Estados Partes adotarão todas as
medidas apropriadas para garantir que a adaptação razoável seja oferecida”. Já o art. 2 conceitua a “adaptação
razoável” como as “modificações e os ajustes necessários e adequados que não acarretem ônus desproporcional ou indevido, quando
requeridos em cada caso, a fim de assegurar que as pessoas com deficiência possam gozar ou exercer, em igualdade de oportunidades com
as demais pessoas, todos os direitos humanos e liberdades fundamentais”. Prover “adaptação” significa adotar os esforços
necessários para que os portadores de deficiência possam usufruir dos direitos humanos e fundamentais, em
igualdade de condições com os demais indivíduos. A razoabilidade dessa acomodação encontra limite apenas na
eventual desproporcionalidade entre os benefícios que podem ser alcançados com a sua adoção e os possíveis
custos dela decorrentes. Diante dessa perspectiva e tornando ao caso concreto, cabe à Justiça do Trabalho conciliar
os interesses divergentes entre as partes para que a criança possa ser acompanhada por sua mãe nas atividades
multidisciplinares, sem que isso proporcione um ônus para o qual o réu não esteja preparado ou não consiga
suportar. Conforme o quadro fático expresso no acórdão recorrido, “a reclamante acumula dois contratos na função de
Professor de Educação Básica II, ambos com a municipalidade reclamada, cada um com carga horária semanal de 31 horas”. O
pedido formulado na inicial consiste na obrigação de que a municipalidade autorize a sua ausência do serviço às
terças-feiras, de 13h00 às 17h00 (quatro horas) e de 18h20 às 21h10 (duas horas e cinquenta minutos), e às quintas-
feiras, de 12h30 às 17h00 (quatro horas e trinta minutos). Ou seja, a autora pede para que lhe sejam reduzidas, sem
prejuízo de sua remuneração, 11 horas e 20 minutos dentre as 62 horas semanais por ela despendidas no ofício de
professora de Geografia da municipalidade ré. Já o município requer a total improcedência da reclamação trabalhista
ou “que seja encontrada outra solução para o próximo ano letivo, para a professora poder acompanhar o seu filho no tratamento e
também não haja prejuízos tanto para os alunos da rede municipal, tanto quanto para o erário municipal” (sic). De um lado, sabe-
se que o acompanhamento da criança por sua mãe tende a desempenhar papel muito importante na sedimentação
das competências adquiridas e/ou estimuladas nas atividades terapêuticas, mesmo porque o contato direto e
reiterado da genitora com os membros da equipe multidisciplinar deve repercutir positivamente na estimulação
adicional promovida no âmbito familiar. Ademais, a ciência diz que a estimulação precoce é de extrema relevância
para a maior eficácia das técnicas adotadas pelos profissionais. Diante desse contexto, uma eventual improcedência
da pretensão poderia ensejar até mesmo um pedido de desligamento da trabalhadora, o que prejudicaria
sobremaneira os rendimentos da família e colocaria em risco a própria subsistência do filho deficiente. De outro
lado, entende-se que a procedência integral do pedido demandaria uma série de expedientes do réu, a fim de que
seus alunos não ficassem prejudicados e de que o impacto orçamentário fosse minimizado. Afinal, a readequação da
grade horária dos docentes de Geografia, com o consequente pagamento de horas extras, ou mesmo a contratação
de outro profissional, seja em cargo efetivo ou pela via do contrato emergencial, certamente resultaria em ônus
administrativos para a municipalidade e financeiros para o erário, embora suportáveis em confronto com a
manutenção do contrato de trabalho e o direito de acompanhamento do deficiente, em prol de uma melhor
integração na sociedade. Conforme ressaltado alhures, a Lei nº 8.112/1990 assegura a concessão de horário especial
ao servidor ou à servidora que possui cônjuge, filho ou dependente com deficiência, sem prejuízo do salário e sem a
necessidade de compensação de horário. Ora, se o dependente do funcionário federal possui tal prerrogativa,
entendemos que o filho de uma professora municipal deve desfrutar de direito semelhante. Pessoas em situações
análogas não podem ser tratadas de forma absolutamente desigual, sob pena de violação do multicitado princípio da
igualdade substancial, previsto tanto na Constituição Federal quanto na Convenção Internacional sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência. No caso específico dos professores do município de Bariri, a Lei Municipal nº
4.111/2011 determina que parte da jornada de trabalho seja realizada por meio de atividades pedagógicas
extraclasse, coletivas ou individuais, as chamadas Horas de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC), Horas de
Trabalho Pedagógico Individual (HTPI) e Horas de Trabalho Pedagógico Livre (HTPL), sendo as últimas
cumpridas em local e horário de livre escolha do docente, nos termos do art. 11, §6º. Cabe destacar que o §3º do
mesmo artigo diz que o professor de Educação Básica II poderá ampliar ou reduzir a jornada de trabalho definida
no início do ano letivo, a critério da Administração, ao passo que o §4º estabelece que o número de horas de
trabalho pedagógico sofrerá alteração conforme o número de horas/aulas que o docente assumir. A petição inicial
alerta para o fato de que as 62 horas semanais de trabalho seriam compostas por 42 horas presenciais com os
educandos, 4 horas de HTPC, 8 horas de HTPI e 8 horas de HTPL. Imaginando-se, em adaptação ou acomodação
razoável, um cenário em que as HTPL pudessem ser aumentadas e as horas presenciais diminuídas na mesma
proporção, a autora certamente teria a possibilidade de administrar os seus horários para que pudesse ter a liberdade
de acompanhar o seu filho nas sessões multidisciplinares. Adotando-se esse horário especial, ainda que haja, em
adoção do princípio da solidariedade, a necessidade de remanejamento da jornada dos demais professores de
Geografia, ou mesmo o pagamento de horas extras para a substituição da autora nos períodos de impossibilidade de
sua docência presencial, o custo adicional para a municipalidade, seja financeiro ou administrativo, certamente não
seria substancial a ponto de superar os benefícios individuais e as repercussões sociais decorrentes da procedência
do pedido. A “adaptação”, neste caso, atenderia plenamente o requisito da razoabilidade previsto no art. 2 da
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ainda mais quando se considera que esse

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ônus deve ser mitigado por um aumento de produtividade da professora, que, livre da preocupação de não poder
acompanhar o seu filho nas atividades de que ele necessita, tende a preparar as aulas com maior qualidade e a
ministrá-las com maior empenho e profundidade, em evidente benefício de seus alunos. Por fim, colaciona-se
julgado do Superior Tribunal de Justiça em que uma demanda de portador de deficiência foi examinada sob a ótica
do Princípio da Adaptação Razoável. Recurso de revista conhecido, por violação do art. 5º, caput, da CF e
parcialmente provido. TST-RR-11204-62.2017.5.15.0144, 3ª Turma, rel. Min. Alexandre de Souza Agra Belmonte, julgado
em 02/12/2020 – Informativo TST nº 230.
A jurisprudência do TST é no sentido de que as indenizações a título de seguro de vida/acidentes pessoais e aquelas
deferidas em Juízo decorrentes de dolo ou culpa do empregador, em razão de acidente de trabalho, na hipótese de
o empregador arcar exclusivamente com o pagamento das parcelas do seguro, são deduzíveis no que se
refere aos danos materiais. Precedentes da SbDI-1. O seguro de que trata o art. 7º, XXVIII, da Constituição, é
o Seguro de Acidente do Trabalho (SAT), contribuição obrigatória a cargo da empresa, destinada à Seguridade
Social, conforme a graduação do risco de acidentes (art. 22, II, da Lei 8.212/1990). Tal seguro obrigatório não se
confunde com o seguro privado facultativo pago exclusivamente pelo empregador. TST-RR-1545-
72.2013.5.11.0017, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 24/11/2020 – Informativo TST nº 230.
Segundo o entendimento consagrado no item III da Súmula n° 244 do TST, “a empregada gestante tem direito à
estabilidade provisória prevista no art. 10, inciso II, alínea "b", do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, mesmo na
hipótese de admissão mediante contrato por tempo determinado”. Sobre o tema, a jurisprudência desta Corte Superior é no
sentido de que a circunstância de ter sido a empregada admitida mediante contrato de aprendizagem, por prazo
determinado, não constitui impedimento para que se reconheça a estabilidade provisória de que trata o art. 10, II,
“b”, do ADCT. II. A discussão quanto ao direito à estabilidade provisória à gestante contratada por prazo
determinado, na modalidade de contrato de aprendizagem, encontra-se superada em virtude da tese firmada pelo
Supremo Tribunal Federal quando do julgamento do RE 629.053/SP, em 10/10/2018, com a seguinte redação: A
incidência da estabilidade prevista no art. 10, inc. II, do ADCT, somente exige a anterioridade da gravidez à
dispensa sem justa causa. III. A decisão do Supremo Tribunal Federal no Tema 497 é de clareza ofuscante quanto
elege como pressupostos da estabilidade da gestante (1) a anterioridade do fator biológico da gravidez à terminação
do contrato e (2) dispensa sem justa causa, ou seja, afastando a estabilidade das outras formas de terminação do
contrato de trabalho. Resta evidente que o STF optou por proteger a empregada grávida contra a dispensa sem justa
causa – como ato de vontade do empregador de rescindir o contrato sem imputação de justa causa à empregada -,
excluindo outras formas de terminação do contrato, como pedido de demissão, a dispensa por justa causa, a
terminação do contrato por prazo determinado, entre outras. IV. O conceito de estabilidade, tão festejado nos
fundamentos do julgamento do Tema 497 da repercussão geral, diz respeito à impossibilidade de terminação do
contrato de trabalho por ato imotivado do empregador, não afastando que o contrato termine por outras causas,
nas quais há manifestação de vontade do empregado, como no caso do pedido de demissão (a manifestação de
vontade se dá no fim do contrato) ou nos contratos por prazo determinado e no contrato de trabalho temporário (a
manifestação de vontade do empregado já ocorreu no início do contrato). Assim, na hipótese de admissão mediante
contrato por prazo determinado, não há direito à garantia provisória de emprego prevista no art. 10, inciso II, alínea
“b”, do ADCT. Superação do item III da Súmula 244 do TST pelo advento da tese do Tema 497 da repercussão
geral do STF, em julgamento realizado no RE 629.053, na Sessão Plenária de 10/10/2018. V. A tese fixada pelo
Plenário do STF, em sistemática de repercussão geral, deve ser aplicada pelos demais órgãos do Poder Judiciário até
a estabilização da coisa julgada, sob pena de formação de coisa julgada inconstitucional (vício qualificado de
inconstitucionalidade), passível de ter sua exigibilidade contestada na fase de execução (CPC, art. 525, § 1º, III),
conforme Tema 360 da repercussão geral. VI. Estando a decisão proferida pela Corte Regional em conformidade
com a tese fixada pelo STF no Tema 497 da tabela de repercussão geral, afasta-se transcendência da causa. TST-RR-
1001345-83.2017.5.02.0041, 4ª Turma, rel. Min. Alexandre Luiz Ramos, julgado em 24/11/2020 – Informativo TST nº 230.
O TST tem entendido que, reconhecida a responsabilidade do órgão de gestão de mão de obra pelo trabalho em
jornada extraordinária, e considerado que o repouso intrajornada é norma afeta à saúde do trabalhador, não há
limitação do pagamento de horas extras decorrentes de sua inobservância apenas quando prestadas ao mesmo
operador portuário. No caso, o TRT entendeu que “são devidas horas extras decorrentes do desrespeito ao intervalo mínimo
intrajornada de 1 hora”, mas apenas quando “ocorrerem turnos sucessivos de 6 horas em benefício do mesmo operador portuário”.
TST-ARR-1212-28.2014.5.09.0022, 6ª Turma, rel. Min. Kátia Magalhães Arruda, julgado em 02/12/2020 – Informativo
TST nº 230.

§ 18/12/2020 – STF define que IPCA-e e Selic devem ser aplicados para correção monetária de débitos
trabalhistas e declara inconstitucional a Taxa Referencial – TR. No caso, o Tribunal conferiu interpretação
conforme à Constituição aos arts. 879, §7º e899, §4º, ambos da CLT, com redação dada pela Lei nº 13.467, de
2017 (Reforma Trabalhista). Ficou decidido que, até que o Poder Legislativo delibere sobre a questão, devem ser
aplicados o Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo Especial (IPCA-E), na fase pré-judicial, e, a partir
da citação, a taxa Selic (art. 406 do CC), índices de correção monetária vigentes para as condenações cíveis em
geral. Ainda, o Tribunal modulou os efeitos da decisão para determinar que todos os pagamentos realizados em
tempo e modo oportunos mediante a aplicação da TR, do IPCA-E ou de qualquer outro índice deverão ser
reputados válidos e não ensejarão qualquer rediscussão. Ou seja, se já houver trânsito em julgado, a decisão

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deverá o observar o comando judicial. Deverão ser mantidas e executadas as sentenças transitadas em julgado
que expressamente adotaram, na sua fundamentação ou no dispositivo, a TR (ou o IPCA-E) e os juros de mora
de 1% ao mês. Por outro lado, aos processos em curso que estejam sobrestados na fase de conhecimento,
independentemente de haver sentença, deverão ser aplicados, de forma retroativa, a taxa Selic, juros e
correção monetária, sob pena de alegação futura de inexigibilidade de título judicial fundado em interpretação
contrária ao posicionamento do STF (art. 525, §§ 12 e 14, ou art. 535, §§ 5º e 7º, do CPC). Caso não tenha
havido manifestação expressa no título transitado em julgado, ainda assim a tese deverá ser aplicada (ADCs nºs
58 e 59; ADIs 5867 e 6021).

§ 18/12/2020 – SBDI-2 relativiza regra celetista da competência territorial (art. 651 da CLT) nos casos de
contratação por meios digitais. [...] Ora, se no campo do direito do trabalho o co nceito de espaço e de tempo
à disposição do empregador demanda novos significados, também haveria de se exigir no campo do direito
processual uma nova compreensão do que seria local de trabalho, local da contratação ou mesmo local da
prestação de serviços. Por esta razão, nos casos em que o postulado do acesso à justiça se mostra ameaçado em
decorrência do custo econômico que recai sobre odemandante para ter a devida prestação jurisdicional por órgão
cuja localidade distância se em muito de seu próprio domicílio, há registros doutrinários e jurisprudenciais no
sentido de se excepcionar as regras objetivamente previstas no art. 651 caput e §3º da CLT, permitindo ao
trabalhador demandar no juízo de seu domicílio. Nesses casos, há necessidade de adequaçã o e de ponderação
entre os princípios do acesso à justiça e da ampla defesa, normas fundantes da Constituição para permitir-lhes a
compatibilidade sistêmica. A melhor solução é aquela que otimizará o princípio do efetivo acesso à justiça, sem a
neces sidade de afastar o princípio do contraditório e da ampla defesa, pois ao se garantir o acesso efetivo à
justiça, não se estará, necessariamente, no caso em exame, conferindo peso menor ao princípio do contraditório,
mas apenas reafirmando que a decisão, c omo posta, realizará a norma principiológica na maior medida possível
(mandamento de otimização). No caso concreto, extrai se dos autos as seguintes informações incontroversas: (a)
o reclamante, mesmo antes da contratação e após o fim do vínculo trabal hista, residia em Goiás; (b) o
reclamante foi contratado por meios telemáticos, através de sítio eletrônico de intermediação de pré contratação;
(c) o reclamante fez os exames admissionais em Taguatinga DF; (d) o contrato de trabalho foi efetivamente firma
do em Recife/PE; (e) o reclamante prestou serviços de Técnico de Manutenção Hospitalar; e (f) a prestação de
serviços ocorreu no município de Santa Cruz/RN, cuja jurisdição está abrangida pela comarca de Currais
Novos/RN. Demonstra-se, pois, insuficien te o exame da competência territorial pela interpretação literal do art.
651 da CLT, ainda a seleção de empregados por meios telemáticos reduz custos e amplia a área de atuação na
captação de mão de obra específica para todo o território nacional ou mesmo para além de nossas fronteiras.
Nesse quadrante, impende ao intérprete da norma ressignificá la face à amplitude fenomênica responsável pela
mutação do resultado do processo hermenêutico que deságua na norma. Evidencia-se, portanto, que, se a boa
interpretação da norma perpassa pela inserção do intérprete no mundo e na percepção, o tanto quanto possível,
da realidade que o permeia, à luz do princípio da razoabilidade na ponderação entre os postulados do acesso à
justiça e da ampla defesa, a declaração da co mpetência territorial da 7ª Vara do Trabalho de Brasília/DF é
medida que se impõe. Isso porque, ao assim decidir, otimiza se o acesso à Jurisdição para o trabalhador, diante do
custo elevado que, de certo, viria pelo seu necessário deslocamento e eventual permanência à localidade
sobremaneira distante de seu domicílio, sem que tal represente para o demandado barreira significativa à ampla
defesa e ao contraditório. Afinal, não é razoável condicionar o exercício do direito de ação do empregado
contratado por meios telemáticos, que realizou exames admissionais em Taguatinga/DF, firmou contrato em
Recife/PE e prestou serviços em Santa Cruz/RN, ao deslocamento de centenas de quilômetros até a comarca de
Currais Novos/RN. Conflito de competência admitido para declarar competente o Juízo da 7ª Vara do Trabalho
de Brasília/DF, suscitada, para proceder no processamento e julgamento do feito. (CCCiv 232 81.2019.5.21.0019,
SBDI-2, Relator Ministro Evandro Pereira Valadão Lopes, DEJT 18/12/2020).

§ 18/12/2020 – É válida norma coletiva que incorpora o valor do RSR no salário-hora. Em observância ao
disposto no art. 7º, XXVI, da CF, o qual elevou os instrumentos coletivos ao patamar constitucional,
prestigiando e valorizando a negociação coletiva, este Tribunal Superior do Trabalho tem concluído pela validade
da norma coletiva que prevê a integração do valor do repouso semanal remunerado ao valor do salário-hora,
porquanto não configura afronta a direito trabalhista previsto em norma cogente. Ademais, ressalte-se o
posicionamento desta Corte, de que a vedação prevista na Súmula nº 91 do TST, relativa ao salário complessivo,
refere-se expressamente à cláusula contratual, e não ao caso em que a incorporação do pagamento dos DSRs no
salário decorre de pactuação por instrumento coletivo, hipótese dos autos. Assim, se os DSRs já foram
incorporados ao valor do salário-hora, hipótese dos autos, não há dúvida de que em tal parcela já se encontra
computado o repouso semanal remunerado, não havendo falar em reflexos das horas extras sobre os DSRs, sob
pena de bis in idem e de afronta ao art. 7°, XXVI, da CF. Precedentes. Incidência da Súmula nº 333 do TST e do
art. 896, § 7º, da CLT. (AIRR-10206-31.2019.5.15.0013, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT
18/12/2020).

§ 18/12/2020 – Justiça do Trabalho não tem competência para determinar ao INSS averbação de tempo
de serviço. A jurisprudência desta Corte é a de que esta Justiça Especializada não tem competência para

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determinar a averbação do tempo de serviço, a alteração do salário de contribuição e a atualização/retificação dos
dados do empregado-segurado, no Cadastro Nacional de Informações Sociais -CNIS, para quaisquer fins. Com
efeito, a Constituição Federal atribuiu à Justiça Federal ou à Justiça Estadual, na forma do art. 109, I, § 3º, da CF,
a competência para o exame de matéria envolvendo os interesses do segurado e da autarquia previdenciária.
Recurso de revista conhecido e provido" (RR-423-60.2018.5.22.0108, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da
Costa, DEJT 18/12/2020).

§ 18/12/2020 – Descaracterizada a jornada de 12 por 36 não se aplica a súmula nº 85 do TST. A


jurisprudência do TST firmou entendimento de que descaracterizada a jornada de 12x36, é inaplicável o
entendimento sufragado pelo item III e pela segunda parte do item IV da Súmula nº 85 desta Corte, uma vez que
não se está diante de um regime de compensação propriamente dito, disciplinado pelo artigo 59 da CLT, mas,
sim, de uma escala de trabalho cuja validade é admitida em caráter excepcional, sendo devidas as horas extras
correspondentes a todo o tempo excedente da jornada diária e semanal.Precedentes da SDI-1. (AIRR-20181-
39.2017.5.04.0018, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 18/12/2020).

§ 18/12/2020 – Atraso ínfimo no prazo para pagamento das férias – 2 (dois) dias – não gera pagamento
em dobro. Dadas as particularidades do caso concreto, o atraso ínfimo, de apenas dois dias, no pagamento da
remuneração das férias não deve implicar a condenação da reclamada ao pagamento da dobra. (RR-11008-
82.2019.5.03.0168, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 18/12/2020).

§ 18/12/2020 – Desistência da ação pode se dar, sem anuência da outra parte, até antes do momento
próprio de apresentação da contestação, ainda que juntada em momento anterior. Esta e. Turma tem
firme entendimento de que o momento de apresentação da defesa é aquele que sucede à tentativa de acordo. E,
ainda, que a inserção da contestação no sistema eletrônico, de forma antecipada, não se presta a impedir o pedido
de desistência da ação. Precedente. (AIRR-10128-82.2019.5.03.0009, 5ª Turma, Relator Desembargador
Convocado Joao Pedro Silvestrin, DEJT 18/12/2020).

§ 18/12/2020 – Aviso prévio não trabalhado no pedido de demissão não interfere no tempo inicial da
prescrição bienal. A jurisprudência desta Corte Superior é no sentido de que, em caso depedido de demissãono
qual há a dispensa do cumprimento doaviso -prévio, o termo inicial da contagem da prescrição bienal é a data do
afastamento do trabalhador. No presente caso, o Reclamante pediu demissão, devendo, portanto, a prescrição ser
contada a partir do último dia de trabalho efetivo, não se podendo falar em projeção de aviso-prévio não
cumprido. III. Dessa forma, ao concluir que "o aviso prévio deve ser considerado como tempo de serviço,
projetando seus efeitos no contrato de trabalho, inclusive no caso de pedido de demissão", o Tribunal Regional
violou o art.7º, XXIX, da Constituição Federal. (RR-100380-88.2016.5.01.0431, 4ª Turma, Relator Ministro
Alexandre Luiz Ramos, DEJT 18/12/2020).

§ 18/12/2020 – A exigência ou não do registro de ponto considera o total de empregados na empresa, e


não em cada estabelecimento. Prevalece nesta Corte Superior o entendimento de que a apuração do número
de empregados para efeito da obrigatoriedade da apresentação dos cartões-ponto pelo empregador, nos termos
do artigo 74, § 2º, da CLT, corresponde à totalidade de empregados na empresa e não em cada estabelecimento
ou filial isoladamente. Precedentes. (Ag-AIRR-1352-41.2015.5.23.0021, 4ª Turma, Relator Ministro Guilherme
Augusto Caputo Bastos, DEJT 18/12/2020).

§ 18/12/2020 – Recaindo o termo final do prazo prescricional bienal em dia não útil, o prazo de
propositura da ação prorroga-se para o primeiro dia útil seguinte, na forma do art. 184, § 1º, do
CPC/1973 (atual art. 224 do CPC/2015). Na hipótese dos autos, o Tribunal Regional consignou que o termo
final do prazo recaiu no domingo (24.09.2017), tendo sido distribuída a ação no primeiro dia útil subsequente
(25.09.2017). Logo, não há falar em ocorrência da prescrição. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-1107-
70.2017.5.05.0341, 3ª Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 18/12/2020).

§ 18/12/2020 – Não é possível afastar a condenação em honorários sucumbenciais, fundada em renúncia


ao direito de ação, se houve trabalho desenvolvido pelo causídico da parte adversa, confeccionando
contestação e acompanhando a ação. Retirar o direito aos honorários sucumbenciais, quando a norma não
excepciona a hipótese de renúncia, é ferir de morte o preceito consolidado, negando-lhe aplicação.4. Assim, é de
se dar provimento ao recurso de revista estadual, para condenar o Reclamante ao pagamento de honorários
desucumbência ao Estado, nos termos dos arts. 791-A, §§ 1º, 3º e 4º, da CLT, no percentual de 5% (cinco por
cento) do valor atualizado da causa, sujeito à condição suspensiva, em face do deferimento da gratuidade de
justiça pelo juízo de piso. (RR-35-77.2018.5.06.0020, 4ª Turma, Relator Ministro Ives Gandra Martins Filho,
DEJT 18/12/2020).

§ 24/12/2020 – Publicada a Lei nº 14.112, de 24/12/2020 – Reforma Falimentar –, que altera as Leis nos
11.101, de 9 de fevereiro de 2005, 10.522, de 19 de julho de 2002, e 8.929, de 22 de agosto de 1994, para atualizar

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a legislação referente à recuperação judicial, à recuperação extrajudicial e à falência do empresário e da sociedade
empresária, com fortes impactos na área trabalhista. Sobre o tema, confira o artigo doutrinário a respeito,
escrito no momento que o Projeto de Lei foi enviado para sanção: clique aqui.

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