Você está na página 1de 3

PODER JUDICIÁRIO

JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
4ª Câmara

PROCESSO TRT 15ª REGIÃO Nº 0010999-17.2020.5.15.0083


RECURSOS ORDINÁRIOS EM PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO
RECORRENTES: COMPANHIA DE PROCESSAMENTO DE DADOS DO ESTADO DE SÃO
PAULO - PRODESP, ALTERNATIVA SERVIÇOS E TERCEIRIZAÇÃO EM GERAL LTDA,
ALTERNATIVA SEGURANÇA PATRIMONIAL LTDA., STRATEGIC SECURITY -
CONSULTORIA E SERVIÇOS LTDA, STRATEGIC SECURITY PROTEÇÃO PATRIMONIAL
LTDA., HORSE LOCADORA DE VEÍCULOS E EQUIPAMENTOS LTDA.
RECORRIDO: KAREN CRISTINA PEDRO
ORIGEM:3ª VARA DO TRABALHO DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
JUÍZA SENTENCIANTE: ANTONIA SANT'ANA
RELATOR DESIGNADO: CARLOS EDUARDO OLIVEIRA DIAS

CERTIDÃO DE JULGAMENTO

Recursos ordinários interpostos em face da Sentença Id. 3e33d16 - rito


sumaríssimo, dispensado o relatório pelo disposto no Artigo 895, inciso IV, da CLT:

1)Preenchidos os pressupostos, conheço dos recursos nos presentes autos de


processo sujeito ao rito sumaríssimo:

1.a) não provejo o interposto por COMPANHIA DE PROCESSAMENTO DE


DADOS DO ESTADO DE SÃO PAULO - PRODESP com relação ao pedido de exclusão de sua
responsabilidade subsidiária.

A jurisprudência já é pacífica quanto à responsabilidade subsidiária do tomador de serviços em


caso de eventual inadimplemento das obrigações trabalhistas por parte do empregador, conforme Súmula 331, do C.
Tribunal Superior do Trabalho, por aplicação analógica do artigo 455 da CLT - Consolidação das Leis do Trabalho, bem
como dos artigos 186 e 927, do Código Civil Brasileiro, com previsão de culpa "in eligendo" e "in vigilando" da tomadora, na
contratação da prestadora, como permite o artigo 4º, da LICC e artigo 8º, da CLT - Consolidação das Leis do Trabalho. Em
tal contexto, na condição de contratante, a reclamada tinha a obrigação de fiscalizar a execução do contrato e o
cumprimento das obrigações legais pela prestadora.
Assim, cabia reclamada o ônus de provar o acompanhamento e a efetiva fiscalização da
execução do contrato de prestadora de serviços, do qual não se desincumbiu a contento, atraindo a sua responsabilidade
subsidiária na forma da Súmula n. 331, do C.TST, e, consequentemente, seus deveres de responder, igualmente, pelo
inadimplemento do contrato de trabalho.

Destaque-se que os pedidos abrangem parcelas rescisórias básicas, não demonstrando a ré


adoção de qualquer postura ativa sobre a situação do trabalhador. Veja-se que o FGTS, por exemplo, está há meses sem o
devido recolhimento. O mesmo acontecendo com o vale alimentação. Não há prova de postura ativa da reclamada para
assegurar os direitos dos trabalhadores.

Assim, a omissão claramente evidenciada nos autos repercute na culpa in vigilando da


reclamada, suficiente à manutenção da responsabilização reconhecida na origem.

1.b) não prover o de ALTERNATIVA SERVIÇOS E TERCEIRIZAÇÃO EM GERAL


LTDA, ALTERNATIVA SEGURANÇA PATRIMONIAL LTDA., STRATEGIC SECURITY - CONSULTORIA E
SERVIÇOS LTDA, STRATEGIC SECURITY PROTEÇÃO PATRIMONIAL LTDA., HORSE LOCADORA DE
VEÍCULOS E EQUIPAMENTOS LTDA., porquanto inarredável a condenação da recorrente ao pagamento
das multas previstas nos Artigos 467 e 477, §8º, da CLT, as verbas rescisórias não foram quitadas até
interposição do presente recurso e a Súmula n° 388 do TST refere-se única e expressamente à massa falida,
inservível para empresas em recuperação judicial, como dita mansa, caudalosa e recentíssima jurisprudência
da Corte, in verbis:

AGRAVO DA RECLAMADA UTC ENGENHARIA S.A. AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA.


RITO SUMARÍSSIMO. PROCESSO SOB A ÉGIDE DAS LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. EMPRESA EM
RECUPERAÇÃO JUDICIAL. MULTA DO ART. 467 DA CLT. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 388/TST. A
Recorrente não apontou, nas razões do recurso de revista, violação a qualquer dispositivo
constitucional, contrariedade a teor de Súmula do TST ou de Súmula Vinculante do STF, restando,
assim, desfundamentado o apelo, pois não observadas as exigências do art. 896, § 9º, da CLT.
Ademais, a jurisprudência desta Corte firmou-se no sentido de que apenas a massa falida não se
sujeita ao pagamento das multas dos arts. 467 e 477 da CLT, à luz da Súmula 388 da CLT, inaplicável,
por analogia, às empresas que se encontrem em recuperação judicial, caso dos autos. Assim sendo, a
decisão agravada foi proferida em estrita observância às normas processuais (art. 557, caput, do
CPC/1973; arts. 14 e 932, III e IV, "a", do CPC/2015), razão pela qual é insuscetível de reforma ou
reconsideração. Agravo desprovido. (Ag-AIRR - 100784-81.2019.5.01.0481 , Relator Ministro: Mauricio
Godinho Delgado, Data de Julgamento: 18/11/2021, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/11/2021)

RECURSO DE REVISTA. INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 40/TST. ADMISSIBILIDADE PARCIAL. PROCESSO


SOB A ÉGIDE DAS LEIS 13.015/2014 E 13.467/2017. EMPRESA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL. MULTA
DO ART. 467 DA CLT. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA 388/TST. A jurisprudência desta Corte firmou-se
no sentido de que apenas a massa falida não se sujeita ao pagamento das multas dos arts. 467 e 477
da CLT, à luz da Súmula 388 da CLT, inaplicável, por analogia, às empresas que se encontrem em
recuperação judicial - caso dos autos. Não há como se alterar o acórdão recorrido, tendo em vista que,
de seu detido cotejo com as razões de recurso de revista, conclui-se não haver a demonstração de
jurisprudência dissonante específica sobre o tema; de interpretação divergente de normas
regulamentares ou de violação direta de dispositivo de lei federal ou da Constituição da República, nos
moldes das alíneas "a", "b" e "c" do art. 896 da CLT. Recurso de revista não conhecido. (RRAg -
100546-62.2019.5.01.0481 , Relator Ministro: Mauricio Godinho Delgado, Data de Julgamento:
18/11/2021, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT 19/11/2021)

2) A presente certidão de julgamento vale como acórdão e não há qualquer


ofensa direta à Constituição Federal, violação literal de preceito de Lei ou a entendimento de Súmulas do
Supremo Tribunal Federal e Tribunal Superior do Trabalho, mantenho a Sentença recorrida por seus próprios
e jurídicos fundamentos remanescentes, na forma do Artigo 895, §1º, Inciso IV, da CLT.

Em 01/02/2022, a 4ª Câmara (Segunda Turma) do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região julgou o presente processo em
sessão virtual, conforme disposto na Portaria Conjunta GP-VPA-VPJ-CR nº 03/2020 deste E. TRT, e no art. 6º, da Resolução
13/2020, do CNJ.
Presidiu o julgamento a Exma. Sra. Desembargadora do Trabalho LARISSA CAROTTA MARTINS DA SILVA SCARABELIM
Tomaram parte no julgamento os Exmos. Srs. Magistrados
Relator: Desembargador do Trabalho DAGOBERTO NISHINA DE AZEVEDO
Juiz do Trabalho CARLOS EDUARDO OLIVEIRA DIAS
Desembargadora do Trabalho LARISSA CAROTTA MARTINS DA SILVA SCARABELIM

RELATOR DESIGNADO Juiz do Trabalho CARLOS EDUARDO OLIVEIRA DIAS

Em férias, o Exmo. Sr. Desembargador Manoel Carlos Toledo Filho, substituído pelo Exmo. Sr. Juiz Carlos Eduardo Oliveira Dias.

Ministério Público do Trabalho (Ciente)


ACORDAM os Exmos. Srs. Magistrados em julgar o processo nos termos do voto proposto pelo Exmo. Sr. Relator Designado.

Votação por maioria, vencido o Exmo. Sr. Desembargador Dagoberto Nishina de Azevedo que provia o recurso interposto por
COMPANHIA DE PROCESSAMENTO DE DADOS DO ESTADO DE SÃO PAULO - PRODESP para absolvê-la da
responsabilidade subsidiária que lhes foi atribuída e, contra si, julgar improcedente a ação, pelos seguintes fundamentos:

"O entendimento dominante tendente a reconhecer a responsabilidade subsidiária do órgão da administração pública terceirizante, em
conformidade com o enunciado da Súmula 331/TST, baliza-se na ausência de fiscalização das obrigações da contratada, conforme Tese
de Repercussão Geral nº 246:
'O inadimplemento dos encargos trabalhistas dos empregados do contratado não transfere automaticamente ao Poder Público contratante
a responsabilidade pelo seu pagamento, seja em caráter solidário ou subsidiário, nos termos do art. 71, § 1º, da Lei nº 8.666/93'.

O caso sub examine não permite a conclusão de omissão do tomador de serviços em relação à empresa terceirizada, inexistindo prova
inequívoca da culpa in vigilando, verifica-se que a condenação primígena circunscreveu-se basicamente a direitos rescisórios, ou seja,
afetas ao momento da rescisão contratual ou reconhecidas em momento posterior ao término do contrato de trabalho, não podendo ser
configurada ausência sistemática de fiscalização, condição precípua para o decreto da responsabilidade, como assenta a Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais (SDI-1), o órgão revisor das decisões das Turmas e unificador da jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho."

CARLOS EDUARDO OLIVEIRA DIAS


Relator Designado

Assinado eletronicamente por: [CARLOS EDUARDO OLIVEIRA DIAS] -


b9d0c73
https://pje.trt15.jus.br/segundograu/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam Documento assinado pelo Shodo

Você também pode gostar