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SENTENÇA

Dispensado o relatório, na forma do artigo 38 da Lei nº


9.099/95, em face da sua aplicação subsidiária aos processos sob a égide da Lei
12.153/2009, conforme seu art. 27 (Juizado da Fazenda Pública).

I - SÍNTESE

Aduz o requerente, em síntese, que: a) é servidor público do Estado


do Tocantins, ocupante do cargo de Agente de Segurança Socioeducativo; b) não
vem recebendo seus vencimentos de acordo com o que lhe é assegurado por lei,
ou seja, Adicional Noturno, Indenização Pecuniária de Periculosidade e Horas
Extras, mesmo tendo efetivamente trabalhado.

Ao final, pugnou pela procedência dos pedidos formulados


e condenação do requerido:

1. A implementação na folha de pagamento do pagamento do


adicional noturno, adicional periculosidade e horas extras decorrentes dos
plantões realizados e não pagos;

2. Ao pagamento das diferenças retroativas nos vencimentos,


referentes ao adicional de periculosidade, adicional noturno e horas extras e não
pagos.

Com a inicial, vieram os documentos anexados ao evento1.

Citado, o requerido contestou (ev. 10) arguindo, inicialmente, a


necessidade de suspensão do processo até o julgamento da ação coletiva que
versa acerca da mesma demanda. e ocorrência de prescrição.

No mérito, defendeu que para a concessão do adicional noturno e


adicional periculosidade é necessária a edição de norma regulamentadora com
vistas a fixar os termos, condições e limites, evidenciado, assim, o caráter de
norma de eficácia limitada dos artigos 72 e 76 da Lei nº 1.818/07.

Arguiu que inexistem horas extraordinárias a serem indenizadas,


pois a parte autora trabalha dentro da jornada legal de trabalho.

Ressaltou que o TJTO tem o entendimento firmado de que, nos


casos de servidores que trabalham em escala de plantão 24h x 72h, somente faz
jus à hora extra aquele que trabalhar mais que 200 (duzentas) horas por mês.
Além disso, sustentou que não é possível a concessão sem que haja essa norma
secundária estabelecendo em quais termos será concedido o adicional aos
servidores que prestam serviços extraordinários.
Por fim, sustentou que os adicionais pleiteados possuem natureza
indenizatória, motivo pelo qual não geram direito a reflexos.

Parecer do MP pela desnecessidade de sua intervenção.

II - CUSTAS

Em primeiro grau de jurisdição não existe incidência de custas


processuais ou honorários advocatícios na forma do art. 54 e ss da lei 9099/95
c/c o art. 27 da Lei 12.153/2009. Eventual pedido de gratuidade processual será
analisado pelo relator do eventual recurso inominado uma vez que compete a ele
exercer com exclusividade o juízo de admissibilidade conforme entendimento da
Turma de Uniformização do Estado do Tocantins em reunião realizada na data
de 10/10/2016, no processo SEI nº 16.0.000007750-3.

III - FUNDAMENTAÇÃO

Tendo em vista o contentamento das partes com o conjunto


probatório carreado aos autos, passo ao julgamento antecipado da lide, nos
termos do art. 355, I, do CPC.

III.1 - DAS QUESTÕES PRELIMINARES

1. DA JUNTADA DE DOCUMENTOS EM SEDE DO


EVENTO 23

Inicialmente, no que pese a juntada aos autos de decisões


judiciais em sede do evento 23 embora não tenha havido a intimação da parte
requerida para manifestar-se acerca de tais documentos, tal fato não gera a
nulidade da presente sentença.

Tendo em vista que trata-se de documentos irrelevantes para o


julgamento da lide, pelos motivos a serem tratados no mérito da presente
sentença, configura-se desnecessário o ato de intimação da parte contrária.
Ressalta-se que o juízo deve dispensar diligências meramente protelatórias, e
prezar pelo solucionamento da lide em prazo razoável, conforme prevê o inciso
LXXVII, do art. 5° da CF/88, e o art. 4° do CPC, veja-se:

Art. 5°, inciso LXXVIII, CF/88: a todos, no âmbito judicial e administrativo,


são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação.

Art. 4º, CPC: As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução
integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.

Neste sentido já decidiram os Tribunais Pátrios:


EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA
DE DÉBITO C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - IMPUGNAÇÃO À
CONTESTAÇÃO - AUSÊNCIA DE INTIMAÇÃO - JUNTADA DE
DOCUMENTOS - VIOLAÇÃO AO ART. 437, § 1º DO CPC/2015 -
CERCEAMENTO DE DEFESA CONFIGURADO. O art. 437, § 1º do
CPC/2015 é expresso ao dispor que a parte contrária deve ser intimada da
juntada de documento novo para que se manifeste a respeito. A inobservância
de tal ditame legal implica na nulidade do processo, salvo se inexistir prejuízo
para a parte ou caso seja o documento irrelevante para o deslinde da
demanda. (TJ-MG - AC: 10472180006224001 MG, Relator: Arnaldo Maciel,
Data de Julgamento: 04/02/2020, Data de Publicação: 07/02/2020) (grifo
nosso)

RECURSO DE APELAÇÃO. AÇÃO DE COBRANÇA. SENTENÇA DE


PROCEDÊNCIA. RECURSO DA RÉ. JUNTADA DE DOCUMENTOS APENAS
EM GRAU RECURSAL. NÃO CARACTERIZAÇÃO COMO DOCUMENTOS
NOVOS. IMPOSSIBILIDADE DE CONHECIMENTO ÚNICA E
DIRETAMENTE NESTE GRAU DE JURISDIÇÃO. DESCUMPRIMENTO DOS
ARTS. 434 E 435 DO CPC/2015. INADMISSIBILIDADE DA PROVA.
PRECLUSÃO OPERADA. NÃO CONHECIMENTO. ALEGAÇÃO DE
CERCEAMENTO DE DEFESA SOB O FUNDAMENTO DE QUE AUSENTE
INTIMAÇÃO DO RÉU PARA SE MANIFESTAR SOBRE FATOS NOVOS E
DOCUMENTOS NOVOS CONTIDOS NA RÉPLICA. INSUBSISTÊNCIA.
AUTORA QUE NÃO DEDUZIU NENHUM FATO NOVO. ALÉM DISSO,
DOCUMENTAÇÃO ACOSTADA COM A RÉPLICA IRRELEVANTE PARA O
JULGAMENTO. SITUAÇÃO QUE TAMPOUCO ACARRETOU PREJUÍZO AO
APELANTE. NULIDADE RECHAÇADA. "Não há nulidade ou cerceamento
de defesa se o documento juntado com a réplica foi considerado irrelevante
para o deslinde da causa e se, ademais, a parte contrária limitou-se a alegar
ofensa ao art. 398 do CPC, sem demonstrar a ocorrência de prejuízo
concreto" (STJ, Terceira Turma, AgRg no AREsp 144.733/SC, rel. Min. João
Otávio De Noronha, j. 15-08-2013 - grifou-se). PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
RÉ CONTRATADA PARA EFETUAR COBRANÇA DE TÍTULOS DE
CRÉDITOS. REPASSE A MENOR DOS VALORES RECUPERADOS À
CREDORA. DEMANDADA QUE ALEGA TER DIREITO À COMPENSAÇÃO.
TESE ARREDADA. REQUISITOS DOS ARTS. 368 E 369 DO CÓDIGO CIVIL
NÃO DEMONSTRADOS. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO
PARCIALMENTE CONHECIDO E, NESTA EXTENSÃO, DESPROVIDO. (TJ-
SC - AC: 00093691320138240036 Joinville 0009369-13.2013.8.24.0036,
Relator: André Carvalho, Data de Julgamento: 06/08/2019, Sexta Câmara de
Direito Civil) (grifo nosso)

2 - DA ALEGADA NECESSIDADE DE SUSPENSÃO DO


PROCESSO

Sustentou o requerido a necessidade de suspensão da ação até o


julgamento das Ações Coletivas ajuizadas pelo SISEPE.
Ocorre que o ajuizamento de ação coletiva, em andamento e ou
julgada, não impede que a pessoa prejudicada ajuíze pessoalmente ações
individuais buscando a proteção de seu direito. Mesmo que haja identidade de
objeto entre a ação coletiva e a individual, a parte que busca garantir seu direito
não pode ser impedida de buscar, individualmente, a concessão de seu direito,
mormente no caso em que sequer restou comprovado que o autor da ação
encontra-se representado nas ações coletivas citadas pelo Estado.

Nesse sentido:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. SERVIDOR


PÚBLICO ESTADUAL. RECEBIMENTO DE ADICIONAL NOTURNO E
HORAS EXTRAS. SUSPENSÃO AUTOMÁTICA DO PROCESSO EM RAZÃO
DE EXISTÊNCIA DE AÇÕES CIVIS PÚBLICAS. DIREITO INDIVIDUAL QUE
PODE SER DEFENDIDO DE FORMA INDEPENDENTE. TESE NÃO
ACOLHIDA. ADICIONAL NOTURNO. NORMA DE EFICÁCIA IMEDIATA.
HORAS EXTRAS. REGIME DIFERENCIADO DE REVEZAMENTO. DIVISOR
DE 200 HORAS MENSAIS. AUSÊNCIA DE LABOR EXTRAORDINÁRIO.
APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. 1 – No que se refere à
suspensão em decorrência do ajuizamento de Ações Civis Públicas, tem se
entendido que as ações individuais devem seguir seu trâmite processual,
considerando que não há qualquer determinação de suspensão automática do
feito, nos termos do art. 104 do CDC. [...] (TJ-TO, APELAÇÃO CÍVEL Nº
0014827-58.2019.8.27.2706/TO, Relatora: Desembargadora Jacqueline
Adorno de La Cruz Barbosa, 1° Câmara Cível, Data de Julgamento:
24/06/2020) (grifo nosso)

Assim, REJEITA-SE a preliminar aventada.

III.2 – DO MÉRITO

Cinge-se a controvérsia em verificar se a parte autora faz jus ao


recebimento de verbas descritas na petição inicial desde sua admissão até os dias
atuais.

1. ADICIONAL NOTURNO

Antes de passar a análise do direito autoral propriamente dito, não


se pode olvidar que o direito ao adicional noturno dos servidores públicos está
assegurado no art. 7º, inciso IX, c/c art. 39, §3º, da Constituição Federal.

Em que pese tal previsão constitucional, o Plenário Virtual do


Supremo Tribunal Federal, ao julgar o ARE 837.041-RG, sob a relatoria do
Ministro Teori Zavascki, assentou que não possui repercussão geral a discussão
acerca da regulamentação do pagamento de adicional noturno para servidor
público estadual:
ADMINISTRATIVO. RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO.
MANDADO DE INJUNÇÃO. ESTADO DE PERNAMBUCO. SERVIDORES
PÚBLICOS. ART. 7º, IX, DA CONSTITUIÇÃO. REGULAMENTAÇÃO DO
PAGAMENTO DE ADICIONAL NOTURNO. MATÉRIA
INFRACONSTITUCIONAL. AUSÊNCIA DE REPERCUSSÃO GERAL. 1. A
controvérsia relativa à regulamentação do pagamento de adicional noturno
para servidores públicos do Estado de Pernambuco, fundada na interpretação
da Lei Estadual 10.784/92, é de natureza infraconstitucional. 2. É cabível a
atribuição dos efeitos da declaração de ausência de repercussão geral quando
não há matéria constitucional a ser apreciada ou quando eventual ofensa à
Carta Magna se dê de forma indireta ou reflexa (RE 584.608 RG, Min. ELLEN
GRACIE). 3. Ausência de repercussão geral da questão suscitada, nos termos
do art. 543-A do CPC.

Em face da ausência de pronunciamento da Suprema Corte sobre o


tema, a verificação do direito ao adicional noturno deve ser feita a partir da
interpretação da norma do Ente Público que prevê o pagamento do benefício, em
que no caso é a Lei Estadual nº 1.818/2007 que assim regula:

Art. 70. São deferidas aos servidores indenizações pecuniárias, em razão de:

I - serviço extraordinário;

II - serviço noturno;

III - insalubridade e periculosidade;

Art. 72. O serviço noturno, prestado em horário compreendido entre as 22h de


um dia e 5h do dia seguinte, tem o valor-hora acrescido de 25%, computando-
se cada hora como 52min30s.

Depreende-se dos dispositivos acima que a própria norma traz de


forma expressa o período que incide o adicional noturno, o percentual a ser
acrescido e a forma como se computa cada hora quando o serviço é prestado em
horário noturno, portanto, trata-se de uma norma de eficácia plena e
aplicabilidade imediata, que não necessita de qualquer regulamentação.

Em casos semelhantes, o Tribunal de Justiça do Estado do


Tocantins já se pronunciou nesse sentido:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE COBRANÇA. SERVIDOR


PÚBLICO ESTADUAL. RECEBIMENTO DE ADICIONAL NOTURNO E
HORAS EXTRAS. SUSPENSÃO AUTOMÁTICA DO PROCESSO EM RAZÃO
DE EXISTÊNCIA DE AÇÕES CIVIS PÚBLICAS. DIREITO INDIVIDUAL QUE
PODE SER DEFENDIDO DE FORMA INDEPENDENTE. TESE NÃO
ACOLHIDA. ADICIONAL NOTURNO. NORMA DE EFICÁCIA IMEDIATA.
HORAS EXTRAS. REGIME DIFERENCIADO DE REVEZAMENTO. DIVISOR
DE 200 HORAS MENSAIS. AUSÊNCIA DE LABOR EXTRAORDINÁRIO.
APELO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO. [...] .2 – Em relação
ao adicional noturno a sentença vergastada não merece modificação, eis que
tal benefício é direito subjetivo do servidor, encontrando previsão na
Constituição Federal e nas normas estaduais que regem a temática,
especialmente a Lei nº 1818/2007. 3 - Nesse contexto, em que pese o Decreto
nº 3.616/2010 condicione o pagamento da verba indenizatória em apreço com
a edição de uma Instrução Normativa, se nota que se trata de norma com
eficácia plena e, portanto, descabe a alegação da necessidade de norma
regulamentadora. (TJ-TO, APELAÇÃO CÍVEL Nº 0014827-
58.2019.8.27.2706/TO, Relatora: Desembargadora Jacqueline Adorno de La
Cruz Barbosa, 1° Câmara Cível, Data de Julgamento: 24/06/2020) (grifo
nosso)

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL. REEXAME NECESSÁRIO. AÇÃO DE


COBRANÇA. SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL. AUXILIAR DE SERVIÇOS
GERAIS. TRABALHO HABITUAL COMO VIGIA NOTURNO. ADICIONAL
NOTURNO. AUSÊNCIA DE REGULAMENTAÇÃO. DIREITO GARANTIDO
CONSTITUCIONALMENTE. ART. 7º, IX, DA CF/88. PREVISÃO NA LEI
ESTADUAL Nº 1.818/2007. NORMA DE EFICÁCIA PLENA. AUTO
APLICABILIDADE. SENTENÇA MANTIDA. 1. O art. 7º, inciso IX, da
Constituição Federal prevê que a remuneração do trabalho noturno superior à
do diurno é direito do trabalhador urbano e rural, e essa disposição aproveita
ao servidor ocupante de cargo público, por força do art. 39, § 3º, do mesmo
Diploma, o qual tem aplicação imediata, sem depender de qualquer
regulamentação. 2. É devido o adicional noturno, ainda que o sujeito labore em
regime de revezamento de horário. (Súmula 213/STF). 3. O art. 72 da Lei
Estadual nº 1.818/2007 - Estatuto dos Servidores Públicos Civis do Estado do
Tocantins -, que rege o adicional noturno do servidor estadual, é norma de
eficácia plena e, portanto, autoaplicável, não dependendo, pois, de
regulamentação para produzir efeitos, tampouco estabelece qualquer
restrição. 4. Havendo prova de labor em horário noturno, sem a devida
contraprestação, como no caso em exame, é devido ao trabalhador o direito
ao recebimento do adicional noturno, respeitada a prescrição quinquenal. 5.
Nas hipóteses de sentença condenatória ilíquida proferida contra a União, o
Estado, o Distrito Federal, o Município e as respectivas autarquias e fundações
de direito público interno, se fazia obrigatório o reexame necessário
contemplado pelo artigo 475, § 2º, do Código de Processo Civil de 1973. Tal
entendimento foi abalizado em sede de julgamento de recurso repetitivo pelo
Superior Tribunal de Justiça. RECURSO CONHECIDO E IMPROVIDO.
SENTENÇA MANTIDA EM REEXAME NECESSÁRIO. (TJTO, APL n.
0013439-95.2016.827.0000, Rel. Des. JOÃO RIGO GUIMARÃES, Julgado em
02/08/2018). (grifo nosso)

EMENTA: APELAÇÃO - REEXAME NECESSÁRIO - AÇÃO COBRANÇA -


SERVIDOR PÚBLICO ESTADUAL - ADICIONAL NOTURNO - PREVISÃO
LEGAL EXPRESSA - NORMA DE EFICÁCIA PLENA - PAGAMENTO
DEVIDO -SENTENÇA CONFIRMADA. 1. A Lei Estadual n.º 1.818/2007
prevê em seu Art. 72 que o serviço noturno, prestado em horários
empreendidos entre as 22h de um dia e 5h do dia seguinte, tem o valor-hora
acrescido de 25%, sendo que esta garantia também está expressa no Art. 7º e
Art. 39, §3º da Constituição Federal e Art. 11, §3º da Constituição Estadual.
2. A referida norma estadual é de eficácia plena, autoaplicável e independe de
regulamentação, visto que é necessário tão somente o mero cálculo aritmético
do valor devido ao servidor público. 3. Recurso a que se nega provimento.
(TJTO, APL n. 0002848-40.2017.827.0000, Rel. Des. RONALDO EURÍPEDES
DE SOUZA, Julgado em: 20/06/2018). (grifo nosso)

Na hipótese dos autos, infere-se dos documentos acostados no


evento 1 ANEXOS PET INI6 e ANEXOS PET INI7 que a parte autora
trabalhou durante um período em regime de escala especial de plantão de 24h
com folga de 72h, realizando em média de 07 (sete) a 08 (oito) plantões por
mês.

Por sua vez, o Estado não trouxe aos autos qualquer comprovante
de que efetuou o pagamento dessas horas trabalhadas em período noturno, ou
outro fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito autoral, ônus que lhe
incumbia (art. 373, II, do CPC).

Nesse contexto, verifica-se que a parte autora faz jus ao


recebimento do percentual de 25% do adicional noturno, pois exerceu suas
atribuições no período compreendido entre 22h de um dia e 05 horas do dia
seguinte, devendo a hora ser computada em 52min32s.

2. ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

O adicional de periculosidade consiste em uma vantagem


pecuniária vinculada diretamente às condições de execução do serviço. Não se
trata de uma retribuição genérica pela função desempenhada pelo servidor, mas
de uma compensação financeira específica que tem como fato gerador o risco
inerente à atividade. O que se compensa com essa gratificação é o risco, ou seja,
a possibilidade de dano à vida do trabalhador.

De fato, a Constituição Federal reconheceu aos trabalhadores


urbanos e rurais o direito a adicional de remuneração para as atividades penosas,
insalubres ou perigosas, na forma da lei (art. 7º, XXIII), desde que estes sejam
reconhecidos aos servidores públicos por meio de lei própria, em cada esfera
federativa.

A Lei Estadual nº 1.818/2007, ao tratar acerca do adicional de


periculosidade, assim dispõe:

Art. 73. Os servidores que trabalhem com habitualidade em locais insalubres


ou em contato permanente com substâncias tóxicas, radioativas, ou com risco
de morte, fazem jus a indenização pecuniária incidente sobre o menor subsídio
do Plano de Cargos, Carreiras e Subsídios respectivo, salvo disposição em
contrário em lei específica.

Parágrafo único. São definidos em regulamento os graus mínimo, médio e


máximo de risco atribuídos às atividades sobre as quais incide a indenização
pecuniária de que trata este artigo.

[...]

Art. 76. Na concessão das indenizações pecuniárias por insalubridade ou


periculosidade são observadas as situações estabelecidas na legislação
específica. (Grifei)

No caso em comento, em que pese a previsão quanto ao pagamento


do adicional de periculosidade constante do Estatuto dos Servidores Públicos da
Administração Direta e Indireta Estadual, a referida norma previu,
expressamente, que a concessão da mencionada parcela se daria na forma da lei,
restando evidenciado que apenas com a regulamentação por lei específica (o que,
ressalte-se, até o presente momento não ocorreu) seria possível o pagamento do
adicional aos servidores integrantes do Executivo Estadual, como é o caso da
parte requerente.

Nesse sentido, veja-se a jurisprudência do Tribunal de Justiça do


Estado do Tocantins:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL E REMESSA NECESSÁRIA - SERVIDOR


PÚBLICO ESTADUAL - TÉCNICO EM DEFESA SOCIAL - REQUERIMENTO
DE PAGAMENTO DE ADICIONAL NOTURNO, HORAS EXTRAS E
ADICIONAL DE PERICULOSIDADE (...) ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE - NÃO DEVIDO - CF, ART. 7º, XXIII E ART. 39, §3º -
NECESSIDADE DE LEI ESPECÍFICA REGULAMENTANDO - AUSÊNCIA
DE LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA OBSTA O RECEBIMENTO - HORAS
EXTRAS - NÃO DEVIDAS - AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DE
TRABALHO EM HORAS EXTRAORDINÁRIAS – (...) SENTENÇA MANTIDA.
REMESSA NECESSÁRIA NÃO CONHECIDA. RECURSO CONHECIDO E
IMPROVIDO. 1- Comprovado o trabalho em escala de plantão no período
noturno, conforme documentos juntados à inicial (evento 1, ANEXOS PET
INI3), se desincumbiu o autor do ônus probatório que lhe era imposto, na
forma do art. 373, I, do CPC. 2- Adicional de periculosidade. Em que pese a
descrição do adicional de periculosidade na Constituição Federal, art. 7º,
inciso XXIII, como direito social, tal não resta incluído no art. 39, §3º, da
Constituição Federal, como direito assegurado aos servidores ocupantes de
cargo público. 3- Isso não significa que os servidores públicos não possuem
tal direito de maneira indistinta, mas sim que o pagamento de tal verba
necessita de lei específica regulamentadora da matéria, ante a submissão ao
princípio da legalidade pela administração pública. 4- Na legislação estadual,
há previsão genérica do pagamento de adicional de periculosidade, exigindo
regulamentação específica, eis que não determina quais atividades merecem o
pagamento do adicional, em quais percentuais e quais graus de
periculosidade. Carecendo de regulamentação específica, obstado o
recebimento do adicional de periculosidade. 5- (...) 8- Sentença mantida.
Remessa necessária não conhecida. Recurso conhecido e improvido.
(TJTO, Apelação/Remessa Necessária Nº 0033581-18.2019.8.27.0000/TO, 1ª
Câmara Cível, Desa. Desembargadora JACQUELINE ADORNO DE LA CRUZ
BARBOSA, julgado em 15/04/2020). (grifo nosso)

Verifica-se, pois, que a implementação do adicional de


periculosidade depende de prévia autorização legislativa (inexistente no Estado),
não bastando a simples edição de legislação genérica sem regulamentação
específica, razão pela qual improcede o pleito autoral neste ponto.

3. HORAS EXTRAORDINÁRIAS

O autor aduz que cumpria escalas de plantão de 24 horas com folga


de 72 horas e que em razão desse regime possui direito ao recebimento de horas
referentes a seus serviços extraordinários prestados.

O serviço extraordinário dos servidores estaduais encontra-se assim


regulamentado na Lei nº 1.818/2007:

Art. 71. O serviço extraordinário é remunerado com acréscimo de 50% em


relação à hora normal de trabalho.

Parágrafo único. Somente é permitido serviço extraordinário para atender


situações excepcionais e temporárias, respeitado o limite máximo de duas
horas por jornada diária, segundo critérios estabelecidos em regulamento.

Referida normativa também possui aplicação imediata e não


depende de qualquer regulamentação porquanto do próprio texto legal é possível
extrair os requisitos necessário à sua implementação, bastando a prova do
exercício do labor extraordinário para o seu efetivo pagamento.

Contudo, a parte autora não comprovou ter ultrapassado a jornada


máxima de trabalho aplicável ao regime diferenciado por ele exercido.

O servidor que exerce regime diferenciado de trabalho não se


submete ao mesmo cálculo de horas extras destinado aos demais servidores que
exercem carga horária diária de 08 horas e semanal de 40 horas.

Conforme orientação jurisprudencial assente do STJ deve ser


utilizado o divisor de 200 horas mensais para o cálculo de horas extras.

Nesse sentido:
ADMINISTRATIVO. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC PREJUDICADA.
ANÁLISE DO MÉRITO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. ADICIONAL DE
HORAS EXTRAS. AUSÊNCIA DE MATÉRIA CONSTITUCIONAL.
PRECEDENTES. ESCALA DE REVEZAMENTO. 24X72 HORAS. DIVISOR.
200 HORAS MENSAIS. ART. 19 DA LEI N. 8.112/90. PRECEDENTES. TOTAL
DE HORAS MENSAIS INFERIOR. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. I -
Recurso especial provido para afastar o pagamento de horas extras aos
servidores públicos. II - O Supremo Tribunal Federal já se manifestou sobre a
inexistência de matéria constitucional em relação ao pagamento de horas
extras a servidor público submetido a regime de plantão, o que afasta a
exigência de interposição de recurso extraordinário. Precedentes: RE 597.761
AgR, Relator(a): Min. Roberto Barroso, Primeira Turma, julgado em
28/4/2015, Acórdão Eletrônico DJe096 Divulg 21/5/2015 PUBLIC 22/5/2015;
ARE 866847 AgR, Relator(a): Min. Dias Toffoli, Segunda Turma, julgado em
28/4/2015, Acórdão Eletrônico DJe-108 Divulg 5/6/2015 Public 8/6/2015; e
ARE 825545 AgR, Relator(a): Min. Cármen Lúcia, Segunda Turma, julgado em
14/10/2014, Acórdão Eletrônico DJe-209 Divulg 22/10/2014 Public
23/10/2014. III - Nos termos do art. 19 da Lei n. 8.112/90, a jornada máxima
de trabalho dos servidores públicos federais corresponde a 40 horas semanais.
Nesse contexto, e conforme a jurisprudência consolidada desta Corte, o divisor
adotado no cálculo do adicional decorrente do serviço extraordinário é de 200
horas mensais. Precedentes: AgRg no REsp 1227587/RS, Rel. Ministro
Napoleão Nunes Maia Filho, Primeira Turma, julgado em 2/8/2016, DJe
12/8/2016; AgRg no REsp 1132421/RS, Rel. Ministro Ericson Maranho
(desembargador Convocado do TJ/SP), Sexta Turma, julgado em 13/10/2015,
DJe 3/2/2016; REsp 805.437/RS, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma,
julgado em 24/3/2009, DJe 20/4/2009; e REsp 1019492/RS, Rel. Ministra
Maria Thereza de Assis Moura, Sexta Turma, julgado em 3/2/2011, DJe
21/2/2011. IV - Ocorre que escalas de trabalho em regime de revezamento de
24 horas de trabalho por 72 horas de descanso perfazem, quando muito, 8
(oito) dias de trabalho mensal, o que multiplicado por 24 horas equivale a
apenas 196 (cento e noventa e seis) horas de trabalho ao logo do mês, ou seja,
número inferior ao divisor de 200 (duzentas) horas mensais relativas aos
servidores públicos federais regidos pela Lei n. 8.112/90, o que afasta a
pretensão de percepção de horas extras. V - Agravo interno improvido. (AgInt
nos EDcl no REsp 1553781/RS, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO,
SEGUNDA TURMA, julgado em 01/03/2018, DJe 06/03/2018). (grifo nosso)

Assim, exercendo o servidor escala de trabalho em regime de


revezamento de 24 horas de trabalho por 72 horas de descanso, conforme
comprovado no evento 1, o que perfaz, no máximo, 08 dias de trabalho mensal,
equivalente a 192 (cento e noventa e duas) horas de trabalho ao longo do mês, ou
seja, número inferior ao divisor de 200 (duzentas) horas mensais, não faz jus à
percepção de horas extras.

Em reforço:
EMENTA: (...) HORAS EXTRAS. PREVISÃO CONSTITUCIONAL E LEGAL.
APLICAÇÃO IMEDIATA. REGIME DIFERENCIADO DE REVEZAMENTO.
DIVISOR DE 200 HORAS MENSAIS. AUSÊNCIA DE LABOR
EXTRAORDINÁRIO. PEDIDO IMPROCEDENTE. RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. 3. O direito ao percebimento de horas extras
decorre de direito fundamental aplicável a todos os ocupantes de cargos
públicos, nos termos do art. 7, XVI c/c art. 39, § 3º, da Constituição Federal e
dos arts. 19 e 71 do Estatuto dos Servidores Públicos do Estado do Tocantins
(Lei 1818/07), e também possui aplicação imediata, independente de qualquer
regulamentação. 4. Ocorre que o servidor que exerce regime diferenciado de
trabalho não se submete ao mesmo cálculo de horas extras destinado aos
demais servidores. Nesse contexto, e conforme a jurisprudência consolidada
do STJ, o divisor adotado no cálculo do adicional decorrente do serviço
extraordinário é de 200 horas mensais. 5. Exercendo o servidor escala de
trabalho em regime de revezamento de 24 horas de trabalho por 72 horas de
descanso, o que perfaz, no máximo, 08 dias de trabalho mensal, equivalente a
192 (cento e noventa e duas) horas de trabalho ao longo do mês, ou seja,
número inferior ao divisor de 200 (duzentas) horas mensais, não faz jus à
percepção de horas extras. 6. Recurso conhecido e parcialmente provido.
(TJTO AP 00180274320198270000, Relª. Desª. Etelvina Maria Felipe, julgado
em: 2/10/2019) (grifo nosso)

EMENTA: (...) 5- Por fim, acertada a decisão proferida pelo Magistrado de


piso quanto à impossibilidade de pagamento de horas extraordinárias ao autor
da demanda, ora Apelante. Garantido pela Constituição Federal, em seu art.
7º, XVI e aos servidores públicos em seu art. 39, §3º, é regra autoaplicável, não
necessitando de regulamentação específica infraconstitucional. 6- Há
legislação estadual específica, art. 70 e 71 da Lei nº 1.818/2007 para
pagamento das horas extraordinárias, porém, no presente caso, não há
comprovação de que o ora recorrente extrapolou a sua carga horária mensal
de trabalho, de 200 horas mensais, eis que trabalha em regime de plantão (7
dias de trabalho por 21 dias de descanso), totalizando, ordinariamente, 168
horas mensais. Não há registro de entrada e saída do servidor, demonstrando
o trabalho para além das horas da escala de plantão acostada aos autos. 7-
Honorários advocatícios recursais majorados em 3% três por cento) – art. 85,
11º do NCPC. 8- Sentença mantida. Remessa necessária não conhecida.
Recurso conhecido e improvido. (TJTO AP 0033581-18.2019.8.27.0000, Relª.
Desª. Jacqueline Adorno de La Cruz Barbosa, julgado em: 15/4/2020) (grifo
nosso).

4. REFLEXOS

Em relação aos reflexos no 13º salário, nas férias, no terço


constitucional de férias e no descanso semanal remunerado, o servidor público a
eles não faz jus, uma vez que não há legislação específica que preveja o
pagamento desses reflexos.
A Administração Pública é regida por princípios constitucionais,
dentre os quais o princípio da legalidade, que representa a total subordinação do
Poder Público à previsão legal. Assim, inexistindo previsão legal que garanta ao
servidor público auferir os reflexos no 13º salário, nas férias, no terço
constitucional de férias e no descanso semanal remunerado decorrentes do
reconhecimento do direito ao adicional noturno, não pode o administrador
proceder a esses pagamentos, não sendo aplicável aos servidores públicos os
preceitos da Consolidação das Leis do Trabalho.

A propósito:

INTERPOSIÇÃO DE RECURSO VOLUNTÁRIO. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO


DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C COBRANÇA. SERVIDOR PÚBLICO
ESTADUAL. ADICIONAL DE INSALUBRIDADE/PERICULOSIDADE.
AUSÊNCIA DE LEI REGULAMENTADORA. PRINCÍPIO DA LEGALIDADE.
VERBA INDEVIDA. APLICAÇÃO DE NORMA POR ANALOGIA.
IMPOSSIBILIDADE. REFLEXOS DO ADICIONAL NOTURNO. AFASTADOS.
HORAS EXTRAORDINÁRIAS. NÃO COMPROVAÇÃO. SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA. (...) 6- Considerando a regulamentação
específica pelo ente federado recorrente, há que se reconhecer ao servidor
público o direito pleiteado ao adicional noturno, no entanto, seus reflexos e
incidências nas parcelas de férias, 1/3 sobre as férias, horas extras e 13º
(décimo terceiro) salário, devem ser afastados. 7- Recursos Conhecidos.
(Apelação Cível 0003467-44.2020.8.27.2722, Rel. JOSÉ RIBAMAR MENDES
JÚNIOR, GAB. DO DES. AMADO CILTON, julgado em 09/12/2020, DJe
18/12/2020). (grifo nosso)

Destarte, não são devidos os reflexos pleiteados pela parte


requerente, por ausência de previsão legal, haja vista se tratar de relação jurídica
estatutária, sem disciplina legal específica

5. VALOR DA CONDENAÇÃO

Cumpre registrar, por derradeiro, que, com relação ao adicional


noturno, a parte requerente aponta saldo devedor de R$ 11.100,60 (onze mil, cem
reais e sessenta centavos) (evento 01, INIC1, págs. 26 e 27), valor este que não
foi impugnado pelo requerido, conforme já se fez menção em linhas supra.

Assim, trata-se de ponto incontroverso, mormente porque, tratando-


se de interesse secundário do ente público, admite-se a presunção de veracidade
dos fatos alegados, devendo tal valor corresponder à importância a ser paga ao
servidor.

IV. DO DISPOSITIVO

Ante o exposto julgo parcialmente procedentes os pedidos


formulados na inicial, pelo que CONDENO o Estado do Tocantins a
implementar nos vencimentos do autor o adicional noturno e a lhe pagar os
valores retroativos do valor de R$ 11.100,60 (onze mil, cem reais e sessenta
centavos), a título de adicional noturno, com incidência de correção monetária
pelo IPCA-E e juros de mora segundo o índice de remuneração da caderneta de
poupança, conforme o artigo 1º-F da Lei n. 9.494/1997, com redação dada pela
Lei n. 11.960/2009, contados, respectivamente, da data do pagamento e da
citação, sobre os quais não incidirão descontos referentes ao imposto de renda e
contribuição previdenciária, cujo cálculo deverá ser apresentado por ocasião do
requerimento de cumprimento de sentença, sem prejuízo, contudo, de posterior
remessa à contadoria do TJTO.

Resolvo o mérito, nos termos do artigo 487, inciso I do Código de


Processo Civil.

Sem condenação em custas ou honorários advocatícios nesta


instância.

Decorrido o prazo recursal de 10 (dez) dias sem a apresentação de


recurso inominado, CERTIFIQUE-SE o trânsito em julgado e ARQUIVEM-SE
os autos, com as cautelas e formalidades devidas.

Lado outro, havendo a interposição de recurso, INTIME-SE a parte


contrária, para que, no prazo de 10 (dez) dias, apresente contrarrazões,
remetendo-se os autos, ato contínuo, à Turma Recursal, eis que a análise da
admissibilidade é daquele órgão jurisdicional de segundo grau.

Sentença NÃO SUJEITA A REEXAME NECESSÁRIO, nos


termos do art. 11 da Lei 12.153/2009.

Desnecessária a intimação do Ministério Público, a teor da cota


contida nos autos (evento 18).

Intime-se. Cumpra-se.

Palmas/TO, data certificada pelo sistema eletrônico.

JOSÉ EUSTAQUIO DE MELO JUNIOR


Juiz de Direito

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