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PAULO – SP.
PROCESSO Nº 1086463-84.2021.8.26.0100
O Agravante informa o(s) nome(s) e endereço(s) dos advogados habilitados nos autos, aptos a
serem intimados dos atos processuais (novo CPC, art. 1.016, inc. IV):
FORMAÇÃO DO INSTRUMENTO:
Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua
revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na
sentença, contra a qual caberá apelação.
O presente Agravo de Instrumento é instruído com cópia integral do processo originário, entre
cópias facultativas e obrigatórias, motivo qual se declaram como sendo autênticos e conferidos com os
originais, sob as penas da lei.
1 - Procuração outorgado aos advogados do Agravante com poderes para requerer a Gratuidade
da Justiça (novo CPC, art. 105, caput);
3 - Pedido de gratuidade da justiça (CPC, art. 99, caput c/c art. 105, caput);
5 - Certidão narrativa de intimação do patrono do Recorrente (CPC, art. 1.017, inc. I);
PRECLAROS DESEMBARGADORES
Da análise dos documentos colacionados, vê-se que a decisão interlocutória recorrida fora proferida
não em virtude da prolação de sentença. Ao invés disso, fora pronunciada quando da análise da peça inicial;
Nesse passo, não há que se falar em apelação, aplicando-se, desse modo, os ditames previstos no art.
101, caput c/c art. 1.015, inc. V, ambos do Código de Processo Civil.
CONSIDERAÇÕES DO PROCESSADO:
Trata-se de Ação Monitória, na qual se postulou os benefícios da justiça gratuita, o qual foi
denegado pelo juízo a quo, sob o argumento de que os documentos apresentados pela agravante, denotam
que esta possui capacidade financeira de arcar com as custas processuais.
Notasse que, a agravante é uma microempresa, ou seja, trata-se de um pequeno negócio, que luta
mês a mês para manter o mínimo de equilíbrio financeiro para honrar todas as suas obrigações como pessoa
jurídica e também prover o sustento de sua proprietária.
A DECISÃO RECORRIDA:
De boa conduta processual que evidenciemos, de pronto, a decisão interlocutória atacada, para
que esta Câmara possa melhor conduzir-se na análise do presente recurso.
Decidiu o senhor Juiz, em seu último ato processual (decisão anexa), que:
Diante do princípio constitucional da probidade administrativa, tem o juiz o dever de
verificar a real situação econômica da parte para o deferimento da justiça gratuita,
haja vista que conceder o benefício implica declinar ao Estado o custo de uma ação
judicial. A presunção não é absoluta (art. 98, § 3º, do Código de Processo Civil), ainda
mais se há elementos nos autos incompatíveis com a hipossuficiência propalada.
Eis, pois, a decisão interlocutória hostilizada, a qual, sem sombra de dúvida, permissa
venia, merece ser reformada.
Antes de tudo, urge asseverar que a Lei nº 1.060/50, até então principal legislação
correspondente a regular os benefícios da justiça gratuita, apesar da vigência do novo CPC, ainda
permanecem em vigor, embora parcialmente.
(...)
III – os arts. 2º, 3º, 4º, 6º, 7º, 11, 12 e 17 da Lei no 1.060, de 5 de fevereiro de 1950;
Nesse compasso, com a vigência do CPC, há apenas uma revogação limitada, a saber:
II - os selos postais;
Assim, a verificação desta disponibilidade financeira deve levar em consideração o valor total
das custas e o rendimento mensal ou o patrimônio imediatamente disponível ao jurisdicionado.
Conforme se extrai dos julgados supra, é necessário uma análise do caso concreto para uma justa
averiguação da necessidade do benefício da justiça gratuita, no presente caso tem de ser levar em conta que
os valores apresentados no demonstrativo dos autos representa apenas a receita bruta da recorrente, sendo
que aqueles valores não refletem a quantia que a parte recorrente tem livre a sua disposição, pois necessita
cobrir todas os custos e despesas de seu funcionamento.
E ainda é preciso levar em consideração o período em que estamos inseridos, onde, como já
relatado, o setor empresarial esta em baixa, e as duras penas as pequenas empresas tentam restabelecer sua
saúde financeira.
Insta salientar que, o fato de a pessoa possuir receita bruta não significa que ela tenha
disponibilidade imediata deles.
É mister salientar, que o recolhimento das custas judiciais deve ser feito em dinheiro, por meio
da guia de recolhimento, de forma que o que deve contar, na avaliação de suficiência financeira é a
disponibilidade de recursos e não a sua mera existência.
Por todo o exposto, verifica-se que o juízo a quo errou em sua decisão, devendo esta ser
reformada, haja vista que a agravante não possui condições de arcar com as despesas do processo sem o
prejuízo de sua manutenção na atividade empresarial. Nessa diretriz, estabelece o inciso LXXIV, de seu art.
5º, em observância ao devido processo legal.
Lado outro, inarredável que a decisão atacada é carente de fundamentação. Assim, far-se-ia
necessária a indicação, precisa, da irrelevância dos documentos afirmados como indicativos da
hipossuficiência (CPC/2015, art. 99, § 2º c/c art. 5º, caput, da Lei 1.060/50). Assim não o fez.
Nesse diapasão, o Magistrado tão somente poderia indeferir o pedido quando absolutamente
seguro que a parte, em verdade, teria condições de arcar com as custas e despesas judiciais. Não foi o caso.
De outro bordo, registre-se que a parte contrária poderá requerer, a qualquer momento durante a
instrução processual, a revogação de tais benefícios, desde que demonstre cabalmente a existência de
recursos pela parte adversa. (novo CPC, art. 100, caput).
Nesse diapasão, à luz da prova de hipossuficiência financeira colaciona, nada obsta que seja
deferido os benefícios da Justiça Gratuita, não importando que seja a beneficiária uma pessoa jurídica, o
que, a propósito, é disposto pela Súmula 481 do Egrégio Superior Tribunal de Justiça:
STJ – Súmula 481: Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica
com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os
encargos processuais.
DA NECESSÁRIA TUTELA ANTECIPADA RECURSAL - PREENCHIMENTO DOS
PRESSUPOSTOS (art. 995, parágrafo único C/C art. 1.019, inc. I , do CPC).
Da mesma maneira, é inarredável, venia concessa, que o magistrado de piso longe passou de
ater-se à disciplina indicada no art. 99, § 2º, do Código de Processo Civil, e, além disso, aos ditames
do art. 5º, caput, da Lei 1.060/50.
Como consequência pede-se que seja concedida tutela antecipada recursal, com vigência
até o pronunciamento definitivo de mérito, ordenando-se, via reflexa, que o juízo monocrático
imponha regular andamento ao feito, sem a necessidade, neste instante, de recolhimento das custas
iniciais e outras despesas.
Por tais fundamentos, entende-se que a decisão deva ser reformada, posto que:
PEDIDOS e REQUERIMENTOS:
Em suma, tem-se que a decisão guerreada, na parte citada em linhas anteriores, com o devido
respeito, merece ser agravada.
1 - Pede-se que seja concedida tutela antecipada recursal, com vigência até o
pronunciamento definitivo de mérito, ordenando-se, via reflexa, que o juízo monocrático imponha
regular andamento ao feito, sem a necessidade, neste instante, de recolhimento das custas iniciais e
outras despesas.
2 - Anular o ato decisório, que ordenou o recolhimento das custas processuais e demais
despesas processuais ulteriores, ordenando-se o regular processamento do feito.