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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR PRESIDENTE DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO

PAULO – SP.

PROCESSO Nº 1086463-84.2021.8.26.0100

AGRAVANTE: MARIA NATALIA LIMA FLORENTINO - ME

AGRAVADO: CONSÓRCIO FERROVIA INTEGRAÇÃO

MARIA NATALIA LIMA FLORENTINO - ME, devidamente qualificada nos autos do


processo em epígrafe, vêm, por intermédio de seus advogados adiante assinados (procuração em anexo),
com endereço profissional localizado na Rua Catulo da Paixão Cearense, 135, Sala 516, Empresarial Central
Park, Triângulo, Juazeiro do Norte – CE, CEP: 63.041-162, respeitosamente, perante Vossa Excelência,
AGRAVO DE INSTRUMENTO C/C
inconformadas, com a decisão de fls. 70, interpor
PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL , com guarida no art.
101, caput, art. 995, parágrafo único c/c art. 1.015 e segs. do Código de Processo Civil, pelos motivos
de fato e de direito que expõe nas razões anexas:

NOMES E ENDEREÇOS DOS ADVOGADOS:

O Agravante informa o(s) nome(s) e endereço(s) dos advogados habilitados nos autos, aptos a
serem intimados dos atos processuais (novo CPC, art. 1.016, inc. IV):

DO AGRAVANTE: Dr. JOÃO CLAUDINO DE LIMA JUNIOR, brasileiro, casado,


Advogado inscrito na OAB/CE sob o nº. 25.357 e OAB/PE sob o nº 1.471-A, Dra. GILBENE CALIXTO
PEREIRA CLAUDINO, brasileira, casada, Advogada, inscrita na OAB/PE sob o nº 23.194 e OAB/CE
sob o nº 34.688 – A, ambos com endereço profissional na Rua Catulo da Paixão Cearense, 135, Sala 516,
Central Park, Triângulo, Juazeiro do Norte – CE, CEP: 63.041-162.

DO AGRAVADO: Ainda não habilitado nos autos do processo.

DA TEMPESTIVIDADE DESTE RECURSO:


O recurso deve ser considerado como tempestivo. Os patronos da parte Agravante foram
intimados da decisão atacada na data de 20/08/2021, consoante se vê da certidão de publicação de fls. 72,
ora acostada. (novo CPC, art. 1.017, inc. I).

FORMAÇÃO DO INSTRUMENTO:

a) Preparo (art. 101, § 1º, do CPC/2015):

O Recorrente deixa de acostar o comprovante de recolhimento do preparo, dado que o tema em


vertente diz respeito ao benefício da Gratuidade da Justiça, na hipótese negado. Com efeito, utiliza-se do
preceito contido no art. 101, § 1º, do CPC/2015.

Art. 101. Contra a decisão que indeferir a gratuidade ou a que acolher pedido de sua
revogação caberá agravo de instrumento, exceto quando a questão for resolvida na
sentença, contra a qual caberá apelação.

§ 1o O recorrente estará dispensado do recolhimento de custas até decisão do relator


sobre a questão, preliminarmente ao julgamento do recurso.

b) Peças obrigatórias e facultativas (CPC, art. 1.017, inc. I e III):

O presente Agravo de Instrumento é instruído com cópia integral do processo originário, entre
cópias facultativas e obrigatórias, motivo qual se declaram como sendo autênticos e conferidos com os
originais, sob as penas da lei.

1 - Procuração outorgado aos advogados do Agravante com poderes para requerer a Gratuidade
da Justiça (novo CPC, art. 105, caput);

2 - Petição Inicial (CPC, art. 1.017, inc. I);

3 - Pedido de gratuidade da justiça (CPC, art. 99, caput c/c art. 105, caput);

4 - Decisão interlocutória recorrida (CPC, art. 1.017, inc. I);

5 - Certidão narrativa de intimação do patrono do Recorrente (CPC, art. 1.017, inc. I);

6 - Documentos de apontamento da hipossuficiência da Recorrente(CPC, art.1.017, inc. III).


Diante disso, pleiteia-se o processamento do presente recurso, sendo esse distribuído a uma das
Câmaras Cíveis deste Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (novo CPC, art. 1.016, caput),
para que, inicialmente, e com urgência, seja submetido à análise do pedido de tutela recursal (novo CPC,
art. 1.019, inc. I).

Respeitosamente, pede deferimento.

São Paulo – SP, na data do protocolo.

João Claudino Lima Junior


OAB – CE/ 25.357 e OAB – PE/1.471-A

Gilbene Calixto Pereira Claudino


OAB-PE/23.194 e OAB – CE/34.688-A

Davi Deziderio Nogueira Torquato


Estagiário

RAZÕES DE AGRAVO DE INSTRUMENTO:


AGRAVANTE: MARIA NATALIA LIMA FLORENTINO - ME

AGRAVADO: CONSÓRCIO FERROVIA INTEGRAÇÃO

ORIGEM: 12ª VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO- SP

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO

COLENDA CÂMARA CÍVEL

PRECLAROS DESEMBARGADORES

DOS FATOS E DO DIREITO (CPC, art. 1.016, inc. II)

DA PERTINÊNCIA PROCESSUAL DESTE RECURSO:

Da análise dos documentos colacionados, vê-se que a decisão interlocutória recorrida fora proferida
não em virtude da prolação de sentença. Ao invés disso, fora pronunciada quando da análise da peça inicial;

Nesse passo, não há que se falar em apelação, aplicando-se, desse modo, os ditames previstos no art.
101, caput c/c art. 1.015, inc. V, ambos do Código de Processo Civil.

CONSIDERAÇÕES DO PROCESSADO:

Trata-se de Ação Monitória, na qual se postulou os benefícios da justiça gratuita, o qual foi
denegado pelo juízo a quo, sob o argumento de que os documentos apresentados pela agravante, denotam
que esta possui capacidade financeira de arcar com as custas processuais.

Na decisão em comento, o juiz de piso considerou que receitas brutas, de em média R$


22.487,40 (vinte e dois mil, quatrocentos e oitenta e sete e quarenta centavos), atestam que a recorrente
possui disponibilidade financeira. Todavia, tais valores não correspondem ao lucro da empresa recorrente,
uma vez que receita bruta apenas representa o total de valores que entraram no caixa, sem a dedução dos
custos e despesas, por tanto tal fator não gera presunção absoluta de capacidade financeira imediata da
pessoa jurídica.

Ao em vez do precipitado indeferimento da justiça gratuita, ao magistrado é facultado intimar a


parte para oferecer lastro probatório suficiente a comprovação de sua hipossuficiência, uma vez que julgue
insuficiente os já acostados nos autos.

Notasse que, a agravante é uma microempresa, ou seja, trata-se de um pequeno negócio, que luta
mês a mês para manter o mínimo de equilíbrio financeiro para honrar todas as suas obrigações como pessoa
jurídica e também prover o sustento de sua proprietária.

Ademais, o prolongado período de pandemia afetou o setor empresarial de forma extremamente


agressiva, principalmente empresas de pequeno porte, pois possuem menos capital financeiro para suportar a
retração da economia por um período tão elástico. Os noticiários registram tais impactos negativos:
Desta forma, diante de tão farto conjunto probatório há evidente error in judicando por parte do
juízo de primeira instância, ao decidir negar o pedido de gratuidade da justiça, razão pela qual interpõe-se o
presente agravo, visando reforma a decisão vergastada, assegurando-se a agravante o direito de acesso à
justiça.

Certo é que inexiste, no caso, presunção legal quanto à hipossuficiência da Recorrente,


porquanto postula como pessoa jurídica (novo CPC, art. 99, § 3º). Todavia, indiscutível que os aludidos
documentos são suficientes a comprovação da impossibilidade de pagamentos de despesas processuais.

Colhe-se da decisão guerreada, fundamento de que, não houve comprovação cabal da


miserabilidade alegada.

A DECISÃO RECORRIDA:

De boa conduta processual que evidenciemos, de pronto, a decisão interlocutória atacada, para
que esta Câmara possa melhor conduzir-se na análise do presente recurso.

Decidiu o senhor Juiz, em seu último ato processual (decisão anexa), que:
Diante do princípio constitucional da probidade administrativa, tem o juiz o dever de
verificar a real situação econômica da parte para o deferimento da justiça gratuita,
haja vista que conceder o benefício implica declinar ao Estado o custo de uma ação
judicial. A presunção não é absoluta (art. 98, § 3º, do Código de Processo Civil), ainda
mais se há elementos nos autos incompatíveis com a hipossuficiência propalada.

Nessa esteira, indefiro a gratuidade da justiça que o(a)(s) autor(a)(es) requereu(ram),


porque os valores arrecadados consignados no demonstrativo de Apuração do Simples
Nacional (fls. 10/12), denotam disponibilidade financeira bastante, apta a permitir que
suporte o ônus próprios do ingresso em Juiízo.

Como corolário, recolha o autor as custas iniciais em 15 dias, observando o deliberado


item precedente, sob pena de cancelamento da distribuição e extinção terminativa.

Eis, pois, a decisão interlocutória hostilizada, a qual, sem sombra de dúvida, permissa
venia, merece ser reformada.

BENEFÍCIOS DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA - COMPROVAÇÃO DA HIPOSSUFICIÊNCIA:

A controvérsia se restringe quanto à Gratuidade da Justiça, em favor da pessoa jurídica e


necessidade de comprovação de sua hipossuficiência.

Antes de tudo, urge asseverar que a Lei nº 1.060/50, até então principal legislação
correspondente a regular os benefícios da justiça gratuita, apesar da vigência do novo CPC, ainda
permanecem em vigor, embora parcialmente.

Disciplina a Legislação Adjetiva Civil, in verbis:

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 1.072 – Revogam-se:

(...)

III – os arts. 2º, 3º, 4º, 6º, 7º, 11, 12 e 17 da Lei no 1.060, de 5 de fevereiro de 1950;

Nesse compasso, com a vigência do CPC, há apenas uma revogação limitada, a saber:

5. A Lei 1.060/1950. Até a edição do CPC/2015, a Lei 1.060/1960 constituía a principal


base normativa do benefício da justiça gratuita. Essa lei não foi completamente revogada
pelo CPC/2015, sobretudo porque há nela disposições que se relacionam à assistência
judiciária. “(Teresa Arruda Alvim Wambier … [et. al.], coordenadores. Breves
comentários ao Novo Código de Processo Civil. – São Paulo: RT, 2015, p. 355)
O art. 5º, LXXIV, da Constituição, determina que “o Estado prestará assistência jurídica integral
e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recurso”.

No mesmo diapasão, dispõe o art. 98, do CPC:

Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com insuficiência de


recursos para pagar as custas, as despesas processuais e os honorários advocatícios tem
direito à gratuidade da justiça, na forma da lei.

§ 1o A gratuidade da justiça compreende:

I - as taxas ou as custas judiciais;

II - os selos postais;

III - as despesas com publicação na imprensa oficial, dispensando-se a publicação em


outros meios;

IV - a indenização devida à testemunha que, quando empregada, receberá do


empregador salário integral, como se em serviço estivesse;

V - as despesas com a realização de exame de código genético - DNA e de outros exames


considerados essenciais;

VI - os honorários do advogado e do perito e a remuneração do intérprete ou do


tradutor nomeado para apresentação de versão em português de documento redigido
em língua estrangeira;

VII - o custo com a elaboração de memória de cálculo, quando exigida para


instauração da execução;

VIII - os depósitos previstos em lei para interposição de recurso, para propositura de


ação e para a prática de outros atos processuais inerentes ao exercício da ampla defesa
e do contraditório;

IX - os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da prática de


registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à efetivação de decisão
judicial ou à continuidade de processo judicial no qual o benefício tenha sido
concedido.

A situação de insuficiência financeira caracteriza-se pela indisponibilidade imediata de recursos


financeiros suficientes para arcar com as custas do processo sem causar prejuízos ao próprio sustento do
autor e de sua família.

Assim, a verificação desta disponibilidade financeira deve levar em consideração o valor total
das custas e o rendimento mensal ou o patrimônio imediatamente disponível ao jurisdicionado.

Neste sentido, orienta-se a jurisprudência do STJ:

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL.


ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. LEI N. 1.060/1950. ADOÇÃO DE
CRITÉRIO NÃO PREVISTO EM LEI. CRITÉRIO OBJETIVO DE RENDA
INFERIOR A 10 SALÁRIOS MÍNIMOS. INADMISSIBILIDADE. NECESSIDADE
DE ANÁLISE DO CASO CONCRETO. RETORNO DOS AUTOS À ORIGEM. 1. O
Superior Tribunal de Justiça fixou a orientação jurisprudencial de que "a decisão sobre a
concessão da assistência judiciária gratuita amparada em critérios distintos daqueles
expressamente previstos na legislação de regência, tal como ocorreu no caso (renda do
autor), importa a violação aos dispositivos da Lei n. 1.060/1950, que determinam a avaliação
concreta sobre a situação econômica da parte interessada com o objetivo de verificar a sua
real possibilidade de arcar com as despesas do processo, sem prejuízo do sustento próprio ou
de sua família" (AgInt no AgInt no AREsp 868.772/SP, Rel. Ministro Sérgio Kukina,
Primeira Turma, DJe 26/9/2016). 2. Concluiu a Corte de origem que o recorrente percebe
remuneração superior ao parâmetro objetivo utilizado por aquele órgão colegiado para
aferir-se o deferimento dos benefícios da justiça gratuita. Todavia, este Tribunal pacificou o
entendimento de que, para desconstituir a presunção estabelecida pela lei, há necessidade de
perquirir, concretamente, a situação financeira atual do requerente, o que não foi observado
no caso. 3. Recurso especial provido. (REsp 1706497/PE, Rel. Ministro OG FERNANDES,
SEGUNDA TURMA, julgado em 06/02/2018, DJe 16/02/2018).

PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO


ESPECIAL. CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 1973. APLICABILIDADE.
INDEFERIMENTO DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. CRITÉRIOS
DISTINTOS DAQUELES PREVISTOS NA LEI N. 1.060/50. ILEGALIDADE.
ARGUMENTOS INSUFICIENTES PARA DESCONSTITUIR A DECISÃO
ATACADA. I - Consoante o decidido pelo Plenário desta Corte na sessão realizada em
09.03.2016, o regime recursal será determinado pela data da publicação do provimento
jurisdicional impugnado. Assim sendo, in casu, aplica-se o Código de Processo Civil de
1973. II - Esta Corte orienta-se no sentido de que o indeferimento da assistência judiciária
gratuita com base em critérios distintos daqueles expressamente previstos na legislação de
regência, assim como ocorreu no caso dos autos, importa em violação da norma esculpida na
Lei n. 1.060/1950, que determina a avaliação concreta sobre a situação econômica da parte
interessada com o objetivo de verificar a sua real possibilidade de arcar com as despesas do
processo, sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família. III - A Agravante não
apresenta, no regimental, argumentos suficientes para desconstituir a decisão agravada. IV -
Agravo Regimental da União improvido. (AgRg no AREsp 32.465/MG, Rel. Ministra
REGINA HELENA COSTA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 04/04/2017, DJe
11/04/2017)

Conforme se extrai dos julgados supra, é necessário uma análise do caso concreto para uma justa
averiguação da necessidade do benefício da justiça gratuita, no presente caso tem de ser levar em conta que
os valores apresentados no demonstrativo dos autos representa apenas a receita bruta da recorrente, sendo
que aqueles valores não refletem a quantia que a parte recorrente tem livre a sua disposição, pois necessita
cobrir todas os custos e despesas de seu funcionamento.
E ainda é preciso levar em consideração o período em que estamos inseridos, onde, como já
relatado, o setor empresarial esta em baixa, e as duras penas as pequenas empresas tentam restabelecer sua
saúde financeira.

Insta salientar que, o fato de a pessoa possuir receita bruta não significa que ela tenha
disponibilidade imediata deles.

É mister salientar, que o recolhimento das custas judiciais deve ser feito em dinheiro, por meio
da guia de recolhimento, de forma que o que deve contar, na avaliação de suficiência financeira é a
disponibilidade de recursos e não a sua mera existência.

Por todo o exposto, verifica-se que o juízo a quo errou em sua decisão, devendo esta ser
reformada, haja vista que a agravante não possui condições de arcar com as despesas do processo sem o
prejuízo de sua manutenção na atividade empresarial. Nessa diretriz, estabelece o inciso LXXIV, de seu art.
5º, em observância ao devido processo legal.

O acesso ao Judiciário é amplo, voltado igualmente às pessoas jurídicas. A Agravante, como


visto acima, demonstrou sua total carência econômica, de modo que se encontra impedida de arcar com as
custas e despesas processuais.

Lado outro, inarredável que a decisão atacada é carente de fundamentação. Assim, far-se-ia
necessária a indicação, precisa, da irrelevância dos documentos afirmados como indicativos da
hipossuficiência (CPC/2015, art. 99, § 2º c/c art. 5º, caput, da Lei 1.060/50). Assim não o fez.

Ao contrário disso, sob pena de ferir princípios constitucionais, como os da razoabilidade e o da


proporcionalidade, a restrição de direitos deve ser vista com bastante cautela.

Nesse diapasão, o Magistrado tão somente poderia indeferir o pedido quando absolutamente
seguro que a parte, em verdade, teria condições de arcar com as custas e despesas judiciais. Não foi o caso.
De outro bordo, registre-se que a parte contrária poderá requerer, a qualquer momento durante a
instrução processual, a revogação de tais benefícios, desde que demonstre cabalmente a existência de
recursos pela parte adversa. (novo CPC, art. 100, caput).

Assim, em determinados casos, comprovada por meio de declaração de hipossuficiência


econômica, tem a jurisprudência, não só do colendo Superior Tribunal de Justiça, concedido a Assistência
Judiciária às pessoas jurídicas, in verbis:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AJG. PESSOA JURÍDICA. COMPROVAÇÃO DA


SITUAÇÃO FINANCEIRA. REQUISITOS PARA A OBTENÇÃO DO BENEFÍCIO
ATENDIDOS. 1. A jurisprudência do STJ se pacificou no sentido de ser possível o
deferimento da AJG para pessoa jurídica, desde que esta comprove os requisitos para a
obtenção do benefício. 2. Tendo sido demonstrada a necessidade de litigar ao amparo da
justiça gratuita, resta viabilizada sua concessão. (TRF 4ª R.; AG 5005025-
27.2018.4.04.0000; Segunda Turma; Relª Juíza Fed. Luciane Amaral Corrêa Münch; Julg.
31/07/2018; DEJF 03/08/2018).

AGRAVO DE INSTRUMENTO. EMBARGOS À EXECUÇÃO. PEDIDO DE JUSTIÇA


GRATUITA. PESSOA JURÍDICA. INDEFERIMENTO LIMINAR. AUSÊNCIA DE
PRÉVIA INTIMAÇÃO PARA COMPROVAR OS PRESSUPOSTOS PARA A
CONCESSÃO DA BENESSE. NECESSIDADE. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO. DECISÃO REFORMADA. 1. É cediço que o benefício da assistência
judiciária gratuita não é incondicionado, devendo ser concedido àqueles que comprovarem a
insuficiência de recursos, consoante disposto no art. 5º, inc. LXXIV, da Constituição Federal.
2. Encontra-se pacificada a jurisprudência no sentido de que as pessoas jurídicas, embora
possam gozar dos benefícios da Justiça Gratuita, devem comprovar, de forma consistente, que
não tem condições de arcar com as despesas processuais sem prejuízo de sua sobrevivência. O
entendimento foi sedimentado na Súmula 481 do STJ: Faz jus ao benefício da justiça gratuita
a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com
os encargos processuais. 3. Mesmo as pessoas jurídicas em regime de falência, embora
possam gozar dos benefícios da Justiça Gratuita, devem comprovar, de forma consistente, os
requisitos exigidos pela Lei nº 1060/50. 4. No caso concreto, o Magistrado Planicial, ao
concluir que a empresa recorrente teve lastro suficiente para captar empréstimo de alto valor,
achou por bem indeferir, de plano, a benesse, sem observar a regra disposta no § 2º do art. 99
do CPC, segundo a qual, antes do indeferimento liminar, deve-se determinar a intimação da
parte para comprovar fazer jus ao benefício. 5. Assim, impõe-se o provimento do agravo, com
o fim de revogar a decisão que indeferiu liminarmente o pedido de justiça gratuita à
agravante, para que seja providenciada, antes, a intimação da mesma no sentido de comprovar
que preenche os pressupostos necessários à concessão da benesse, em especial pela juntada da
última declaração de imposto de renda, balancetes contábeis da empresa e extratos bancários
dos últimos 30 (trinta) dias, após o que o Magistrado estará melhor respaldado para decidir. 6.
Recurso conhecido e provido. Decisão reformada. ACÓRDÃO Acordam os Desembargadores
integrantes da Quarta Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará,
unanimemente, em conhecer do recurso, para dar-lhe provimento, nos termos do voto da
relatora. (TJ-CE - AI: 06251725720178060000 CE 0625172-57.2017.8.06.0000, Relator:
MARIA DE FÁTIMA DE MELO LOUREIRO, 2ª Câmara Direito Privado, Data de
Publicação: 13/12/2017)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DE JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA.


HIPOSSUFICIÊNCIA FINANCEIRA DEMONSTRADA. AGRAVO CONHECIDO E
PROVIDO. 1- Dispõe o Enunciado nº 481 da Súmula do STJ que faz jus ao benefício da
justiça gratuita, a pessoa jurídica com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua
impossibilidade de arcar com os encargos processuais. Ausente qualquer elemento que
infirme a hipossuficiência do agravante, o deferimento da gratuidade de justiça é medida que
se impõe. 2- Comprovada a insuficiência de recursos para arcar com as despesas do
processo, sem o comprometimento da manutenção de suas atividades, deve-se reconhecer o
direito à concessão da gratuidade judiciária. 3- AGRAVO DE INSTRUMENTO
CONHECIDO E PROVIDO. (TJDF; Proc 0709.54.7.612017-8070000; Ac. 111.1850;
Quarta Turma Cível; Rel. Des. Luís Gustavo Barbosa de Oliveira; Julg. 25/07/2018;
DJDFTE 03/08/2018).

APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS À EXECUÇÃO. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO


DO MÉRITO. Falta de preparo. Pleito de gratuidade de justiça indeferido. Determinação de
recolhimento não atendido. Reiteração do benefício que foi negado. Cancelamento da
distribuição -decisão que não apreciou o pleito de recolhimento de custas ao final do
processo -pessoa jurídica. Acesso à justiça. Deferimento de custas ao final. A concessão da
gratuidade da justiça à pessoa jurídica demanda, necessariamente, a demonstração da
impossibilidade de arcar com as custas do processo. Súmula nº 481 do STJ. A documentação
apresentada pelo apelante não tem o condão de fazer prova inequívoca de seu estado de
hipossuficiência jurídica. No entanto, deve-se assegurar o direito do acesso à justiça à pessoa
jurídica que demonstra dificuldade de arcar com as despesas processuais. A jurisprudência
passou a mitigar a obrigatoriedade de antecipação das despesas processuais, permitindo o
pagamento das custas ao final do processo, conforme o enunciado nº 27 do fundo especial
deste tribunal de justiça. Provimento parcial ao recurso, autorizando o recolhimento das
despesas processuais ao final. (TJRJ; APL 0307775-29.2016.8.19.0001; Rio de Janeiro;
Décima Sétima Câmara Cível; Rel. Des. Edson Aguiar de Vasconcelos; DORJ 03/08/2018;
Pág. 477).

Nesse diapasão, à luz da prova de hipossuficiência financeira colaciona, nada obsta que seja
deferido os benefícios da Justiça Gratuita, não importando que seja a beneficiária uma pessoa jurídica, o
que, a propósito, é disposto pela Súmula 481 do Egrégio Superior Tribunal de Justiça:

STJ – Súmula 481: Faz jus ao benefício da justiça gratuita a pessoa jurídica
com ou sem fins lucrativos que demonstrar sua impossibilidade de arcar com os
encargos processuais.
DA NECESSÁRIA TUTELA ANTECIPADA RECURSAL - PREENCHIMENTO DOS
PRESSUPOSTOS (art. 995, parágrafo único C/C art. 1.019, inc. I , do CPC).

As questões destacadas no presente Agravo de Instrumento comprovam a imperiosa necessidade


da intervenção Estatal. Desse modo, reclama, sem sombra de dúvidas, a concessão da tutela antecipada
recursal (novo CPC, art. 1.019, inc. I).

Quanto ao pressuposto da “probabilidade de provimento do recurso” (CPC, art. 995, parágrafo


único c/c art. 1.012, § 4º) é de reconhecer-se que a peça recursal em espécie traz à tona inúmeros
documentos comprobatórios da hipossuficiência financeira da Agravante. Bem assim o pleito encontra
acolhimento no verbete contido na Súmula 481 do Egrégio Superior Tribunal de Justiça.

Da mesma maneira, é inarredável, venia concessa, que o magistrado de piso longe passou de
ater-se à disciplina indicada no art. 99, § 2º, do Código de Processo Civil, e, além disso, aos ditames
do art. 5º, caput, da Lei 1.060/50.

De outro bordo, o pleito semelhantemente obedece ao requisito do “risco de dano de difícil


reparação”. A extinção da demanda, por falta do recolhimento das custas iniciais, por si só, representa um
evidente risco e, óbvio, de custosa reparação. E isso já foi anunciado na decisão guerreada, vale ressaltar.

Como consequência pede-se que seja concedida tutela antecipada recursal, com vigência
até o pronunciamento definitivo de mérito, ordenando-se, via reflexa, que o juízo monocrático
imponha regular andamento ao feito, sem a necessidade, neste instante, de recolhimento das custas
iniciais e outras despesas.

RAZÕES DO PEDIDO DA REFORMA (CPC, art. 1.016, inc. III):

Por tais fundamentos, entende-se que a decisão deva ser reformada, posto que:

a) o magistrado de primeiro grau determinou o recolhimento de custas processuais, apesar da


parte autora da ação haver asseverado e comprovado sua hipossuficiência financeira. Ademais, porquanto a
decisão interlocutória em vertente contrariou disposições contidas no art. 99, § 2º, do CPC.

PEDIDOS e REQUERIMENTOS:

Em suma, tem-se que a decisão guerreada, na parte citada em linhas anteriores, com o devido
respeito, merece ser agravada.

Por todas as considerações destacadas,


Pede, como questão de fundo, a reforma do decisório atacado, o qual atrelado ao Proc. nº.
1086463-84.2021.8.26.0100, por este combatido, objetivando, em consequência, confirmar a tutela
antecipada recursal requerida, além disso, provendo-o para:

1 - Pede-se que seja concedida tutela antecipada recursal, com vigência até o
pronunciamento definitivo de mérito, ordenando-se, via reflexa, que o juízo monocrático imponha
regular andamento ao feito, sem a necessidade, neste instante, de recolhimento das custas iniciais e
outras despesas.

2 - Anular o ato decisório, que ordenou o recolhimento das custas processuais e demais
despesas processuais ulteriores, ordenando-se o regular processamento do feito.

3 - Pleiteia (02), outrossim, a intimação da Agravada, para, querendo, responder em


15(quinze) dias (CPC, art. 1.019, inc. II).

Respeitosamente, pede deferimento.

São Paulo – SP, na data do protocolo.

João Claudino Lima Junior


OAB – CE/ 25.357 e OAB – PE/1.471-A

Gilbene Calixto Pereira Claudino


OAB-PE/23.194 e OAB – CE/34.688-A

Davi Deziderio Nogueira Torquato


Estagiário

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