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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE

DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO ..

LIVRE DISTRIBUIÇÃO

Agravante: EMPRESA XISTA LTDA


Agravado: BANCO ZETA S/A
Proc. de origem nº.: 12345-99.2017.10.07.0001 – 00ª Vara Cível de XXXX/XX
Ação de Execução

EMPRESA XISTA LTDA, pessoa jurídica de direito


privado, inscrita no CNPJ(MF) sob o nº. 33.444.555/0001-66, estabelecida na Rua
Xispa, nº. 000 – Curitiba(PR) – CEP nº 33.444-555, não se conformando, venia
permissa maxima, com a r. decisão interlocutória que indeferiu o pedido de
liberação de penhora junto à Ação de Execução nº. 445577-99.2016.10.07.0001,
originário da 00ª Vara Cível de Curitiba (PR), em que vem, com o devido respeito à
presença de Vossa Excelência, interpor o presente recurso de

AGRAVO DE INSTRUMENTO
C/C
PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL,

com guarida no art. 995, parágrafo único c/c art. 1.015, inc. X do Código de
Processo Civil, em razão das justificativas abaixo evidenciadas.
NOMES E ENDEREÇOS DOS ADVOGADOS

O Agravante informa o(s) nome(s) e endereço(s) dos


advogados habilitados nos autos, aptos a serem intimados dos atos processuais
(CPC, art. 1.016, inc. IV):

DA AGRAVANTE: Dr. Beltrano de Tal, inscrito na Ordem dos Advogados do


Brasil, Seção do Paraná, sob o nº. 112233, com endereço profissional sito
na Av. Xista, nº. 000 – Salas 919/920 – Curitiba/PR;

DA AGRAVADA: Dra. Maria de Tal, inscrita na Ordem dos Advogados do


Brasil, Seção do Paraná, sob o nº. 221144, com endereço profissional sito
na Av. Xista, nº. 000, em Curitiba/PR;

DA TEMPESTIVIDADE DESTE RECURSO

O recurso deve ser considerado como tempestivo. O


patrono da parte Agravante fora intimado da decisão atacada na data de 00 de
março de 0000, consoante se vê da certidão ora acostada. (CPC, art. 1.017, inc. I).

Dessarte, o patrono da Agravante fora intimado em 00


de março de 0000, por meio do Diário da Justiça nº. 0000 (CPC, art. 231, inc. VII
c/c 1.003, § 2º). Igualmente, o prazo do recurso em espécie é quinzenal (CPC, art.
1.003, § 5º) e, por isso, o prazo processual fora devidamente obedecido.

FORMAÇÃO DO INSTRUMENTO

a) Preparo (CPC, art. 1.007, caput c/c art. 1.017, § 1º)


O Recorrente acosta o comprovante de recolhimento
do preparo, cuja guia, correspondente ao valor de R$ 00,00 ( .x.x.x. ), atende à
tabela de custas deste Tribunal.

b) Peças obrigatórias e facultativas (CPC, art. 1.017, inc. I e III)

 Procurações outorgadas aos advogados das partes (CPC, art. 1.017,


inc. I);
 Petição Inicial da Ação de Execução (CPC, art. 1.017, inc. I);
 Decisão interlocutória recorrida (CPC, art. 1.017, inc. I);
 Petição requerendo a alteração da penhora para o formato de
constrição da renda diária (CPC, art. 1.017, inc. I);
 Certidão narrativa de intimação do patrono do Recorrente (CPC, art.
1.017, inc. I);
 Certidões de apontamento de dívidas da Serasa, balancetes, folha
de pagamento, contrato social e extratos bancários (CPC, art.1.017,
inc. III);
 Auto de penhora (CPC, art.1.017, inc. III);
 Cédula de Crédito Bancário alvo de execução (CPC, art.1.017, inc.
III);
 Cópia integral do processo dos Embargos à Execução (CPC, art.
1.017, inc. III);

Diante disso, pleiteia-se o processamento do presente


recurso, sendo o mesmo distribuído a uma das Câmaras Cíveis deste Egrégio
Tribunal de Justiça (CPC, art. 1.016, caput), para que seja, inicialmente, e com
urgência, submetido para análise do pedido de tutela recursal (CPC, art. 1.019, inc.
I).
Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade, 00 de fevereiro de 0000.

Beltrano de Tal
Advogado – OAB(PR) 112233
RAZÕES DE AGRAVO DE INSTRUMENTO
AGRAVANTE: EMPRESA XISTA LTDA
AGRAVADO: BANCO ZETA S/A

EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ

COLENDA CÂMARA CÍVEL

PRECLAROS DESEMBARGADORES

DOS FATOS E DO DIREITO (CPC, art. 1.016, inc. II)

Trata-se de Agravo de Instrumento interposto à


decisão interlocutória, a qual, em sede de Ação de Execução de título extrajudicial,
indeferiu o pleito de redução do valor da penhora.

A decisão guerreada, confrontando às regras


processuais pertinentes, em seu âmago assim foi enfocada:

Não há razão para acolher o pedido de modificação da


penhora.
O atual CPC prima pela celeridade no recebimento do crédito.
Por isso, não se deve tão só fomentar a ideia da onerosidade
da execução, mas, igualmente, em razão do credor que
almeja a prestação jurisdicional.
Ademais fora obedecida a ordem preferencial estabelecida no
art. 835 do CPC.
Em face disso, em que pese os documentos colacionados,
indefiro o pedido de alteração ou redução da penhora.
Prossiga-se com a execução.

Cuidemos, portanto, de demonstrar, data venia, o


equívoco fomentado pelo d. Magistrado.

PRELIMINARMENTE
Nulidade – Ausência de fundamentação

A Agravante solicitara fosse alterada a forma de


constrição para a modalidade de penhora do faturamento. A Agravante, na
ocasião, fizera longos comentários acerca da propriedade do referido pleito.
Todavia, o mesmo fora negado.

O pedido em liça fora rechaçado, porém, concessa


venia, sem a devida e necessária motivação.

O Agravante, como se denota do item 2.7 da peça em


comento, fizera aludido pedido e, para tanto, em obediência aos ditames do art.
847 c/c art. 805, ambos da Legislação Adjetiva Civil, trouxera elementos suficientes
para concluir-se da imprescindibilidade de promover-se a execução de forma
menos onerosa.

Entre inúmeros outros argumentos e elementos


comprobatórios, o arrazoado trouxera as seguintes justificativas para que fosse
possível tal desiderato almejado:

O bloqueio dos ativos financeiros bancários da Executada, o qual alcançou a


cifra elevadíssima de R$ 00.000,00 ( .x.x.x. ), qualifica-se como perigoso
gravame à saúde financeira da empresa executada. Verdade seja dita, a simples
penhora de 20%(vinte por cento) sobre o faturamento bruto de uma sociedade
empresária já o suficiente para provocar desmesurados danos financeiros. Na
realidade, pouquíssimas são as empresas brasileiras que suportariam isso, vez
que, no caso, inexiste sequer a dedução dos custos operacionais. É que a
margem de lucro das empresas, como consabido, é diminuta, chegando quase
a esse patamar de percentual acima destacado.

A constrição judicial ocorrida, como se percebe, voltou-se


exclusivamente aos ativos financeiros da Executada. Com isso, máxime em
função do expressivo montante, certamente trará consequências nefastas e
abruptas, como o não pagamento das suas obrigações sociais, sobretudo folha
de pagamento, fornecedores, encargos tributários, consumo de energia e água
etc.

E essas circunstâncias se encontram devidamente instruídas com


a presente petição. É dizer, a Executada colaciona documentos que comprovam
a projeção de receita da empresa; totalidade dos funcionários e a respectiva
soma necessária para pagamento desses; as despesas fiscais mensais; as
despesas operacionais permanentes; despesas mensais com fornecedores nos
últimos 3 meses; contrato social da empresa em que se evidencia um capital
social diminuto; além de outros documentos diversos que sustentam a
dificuldade financeira que passa a empresa Executada.

De outro turno, é inconteste (CPC, art. 374, inc. I) que o cenário


atual das finanças do País é um dos piores de todos os tempos.

Nesse passo, urge evidenciar o teor substancial inserto na


Legislação Adjetiva Civil:

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL


Art. 1º - O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado conforme
os valores e as normas fundamentais estabelecidos na Constituição da
República Federativa do Brasil, observando-se as disposições deste Código.

Art. 8º - Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às


exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa
humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a
publicidade e a eficiência.

Em abono ao exposto acima, urge transcrever o magistério de


José Miguel Garcia Medina:

“No contexto democrático, o modo como se manifestam e relacionam os


sujeitos do processo deve observar as garantias mínimas decorrentes do due
process of law. Assim, interessam, evidentemente, as regras dispostas no
Código de Processo Civil em outras leis, MS, sobretudo, a norma constitucional.
Entendemos que os princípios e valores dispostos na Constituição Federal
constituem o ponto de partida do trabalho do processualista. A atuação das
partes e a função jurisdicional devem ser estudadas a partir da compreensão de
que o processo é um espaço em que devem ser estudas a partir da
compreensão de que o processo é um estado em que se devem se materializar
os princípios inerentes a um Estado que se intitula ‘Democrático de Direito’ ...”
(MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil comentado: ... --
São Paulo: RT, 2015, p. 31)

E isso, igualmente, nos remete aos preceitos legais que


preservam a função social dos contratos (CC, art. 421).

No plano constitucional observemos que:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos
Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático
de Direito e tem como fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana;
(...)
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

E ainda no mesmo importe:

LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO

Art. 5º - Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e
às exigências do bem comum.

Destarte, a prova documental ora colacionada comprova, sem


qualquer dúvida, que a decisão que determinou o bloqueio dos ativos
financeiros da Executada e certamente inviabilizará suas atividades. E isso
poderá concorrer também para a quebra da mesma, o que, como se viu, não é
o propósito da Lei.

E foi justamente com esse salutar propósito, a evitar quebras de


empresas, que o Egrégio Tribunal Superior do Trabalho acolheu o
entendimento salutar de que é aconselhável a constrição de uma pequena
parcela do faturamento da empresa. E isso para atender, mesmo que
parcialmente, o direito a crédito alimentar do trabalhador.

Com efeito, cabe ao magistrado, inexistindo suporte sumular


nesse tocante, tomar por analogia a seguinte Orientação Jurisprudencial:
OJ nº 93 -SDI-2: É admissível a penhora sobre a renda mensal ou faturamento
da empresa, limitada a determinado percentual, desde que não comprometa o
desenvolvimento regular de suas atividades.

Entrementes, a despeito de tamanha fundamentação, o


pleito fora obstado por meio da decisão antes mencionada.

Seguramente essa deliberação merece reparo.

Com esse enfoque dispõe o Código de Processo Civil


que:

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 489. São elementos essenciais da sentença:


§ 1o Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela
interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo,
sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
(...)
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes
de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;

Sem sombra de dúvidas a regra supra-aludida se


encaixa à decisão hostilizada. A mesma passa longe de invocar argumentos
capazes de motivar a rejeição ao pedido buscado.
A ratificar o exposto acima, é de todo oportuno gizar o
magistério de José Miguel Garcia Medina:

“O conceito de omissão judicial que justifica a oposição de embargos de


declaração, à luz do CPC/2015, é amplíssimo. Há omissão sobre o ponto
ou questão, isso é, ainda que não tenha controvertido as partes
(questão), mas apenas uma delas tenha suscitado o fundamento (ponto;
sobre a distinção entre ponto e questão, cf. comentário ao art. 203 do
CPC/2015). Pode, também, tratar-se de tema a respeito do qual deva o
órgão jurisdicional pronunciar-se de ofício (p. ex., art. 485, § 3º do
CPC/2015), ou em razão de requerimento da parte. Deve ser decretada a
nulidade da decisão, caso a omissão não seja sanada. “( MEDINA, José
Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil comentado: ... – São Paulo:
RT, 2015, p. 1.415)
(itálicos do texto original)

Nesse mesmo passo são as lições de Teresa Arruda


Alvim Wambier:

“ Em boa hora, consagra o dispositivo do NCPC projetado ora comentado,


outra regra salutar no sentido de que a adequação da fundamentação
da decisão judicial não se afere única e exclusivamente pelo exame
interno da decisão. Não basta, assim, que se tenha como material para
se verificar se a decisão é adequadamente fundamentada (= é
fundamentada) exclusivamente a própria decisão. Esta nova regra prevê
a necessidade de que conste, da fundamentação da decisão, o
enfrentamento dos argumentos capazes, em tese, de afastar a conclusão
adotada pelo julgador. A expressão não é a mais feliz: argumentos.
Todavia, é larga e abrangente para acolher tese jurídica diversa da
adotada, qualificação e valoração jurídica de um texto etc.
Vê-se, portanto, que, segundo este dispositivo, o juiz deve proferir
decisão afastando, repelindo, enfrentando elementos que poderiam
fundamentar a conclusão diversa. Portanto, só se pode aferir se a
decisão é fundamentada adequadamente no contexto do processo em
que foi proferida. A coerência interna corporis é necessária, mas não
basta. “ (WAMBIER, Teresa Arruda Alvim ... [et al.]. – São Paulo: RT, 2015,
p. 1.473)
(itálicos e negritos do texto original)

Não fosse isso o bastante, urge transcrever igualmente


as lições de Luiz Guilherme Marinoni:

“Assim, o parâmetro a partir do qual se deve aferir a completude da


motivação das decisões judiciais passa longe da simples constância na
decisão do esquema lógico-jurídico mediante o qual o juiz chegou à sua
conclusão. Partindo-se da compreensão do direito ao contraditório como
direito de influência e o dever de fundamentação como dever de debate,
a completude da motivação só pode ser aferida em função dos
fundamentos arguidos pelas partes. Assim, é omissa a decisão que deixa
de se pronunciar sobre argumento formulado pela parte capaz de alterar
o conteúdo da decisão judicial. Incorre em omissão relevante toda e
qualquer decisão que esteja fundamentada de forma insuficiente (art.
1.022, parágrafo único, II), o que obviamente inclui ausência de
enfrentamento de precedentes das Cortes Supremas arguidos pelas
partes e de jurisprudência formada a partir do incidente de resolução de
demandas repetitivas e de assunção de competência perante as Cortes
de Justiça (art. 1.022, parágrafo único, I). “ (MARINONI, Luiz Guilherme;
ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Novo curso de processo civil:
tutela ... vol. 2. – São Paulo: RT, 2015, p. 540)

É necessário não perder de vista a posição da


jurisprudência oriunda do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. NÃO


OCORRÊNCIA. DECISÃO QUE ANALISA O PEDIDO DE CONCESSÃO
DE EFEITO SUSPENSIVO AOS EMBARGOS À EXECUÇÃO.
FUNDAMENTAÇÃO. NECESSIDADE. ART. 165 DO CPC.
1. Afasta-se a alegada violação do art. 535 do CPC quando o acórdão
recorrido, integrado pelo julgado proferido nos embargos de
declaração, dirime, de forma expressa, congruente e motivada, as
questões suscitadas nas razões recursais. 2. É nula, por ausência de
motivação, decisão que confere efeito suspensivo a embargos à
execução nos termos do art. 739 - A, § 1º, do CPC, sem que haja
fundamento que justifique essa excepcionalidade. 3. Agravo em
Recurso Especial conhecido para negar provimento ao recurso
especial. (STJ; AREsp 120.546; Proc. 2011/0279821-9; RS; Terceira
Turma; Rel. Min. João Otávio de Noronha; DJE 16/06/2014)

No mesmo sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. IMPUGNAÇÃO AO CUMPRIMENTO DE


SENTENÇA. INDENIZATÓRIA. CEEE. CÁLCULO. CORREÇÃO. DEVER
DE FUNDAMENTAR (ART. 93 DA CF/88). DECISÃO
DESCONSTITUÍDA.
Decisão judicial que se limitou a reconhecer a correção do cálculo
apresentado pela contadoria e não apreciou, de forma detida, os
argumentos deduzidos pelos litigantes, não deve ser mantida pela
ausência de fundamentação. Nula toda e qualquer decisão que não
contenha fundamentação, conforme o artigo 165, do código de
processo civil e artigo 93, ix, da constituição federal. Deram
provimento ao agravo de instrumento. (TJRS; AI 0410398-
09.2015.8.21.7000; Porto Alegre; Décima Nona Câmara Cível; Rel.
Des. Eduardo João Lima Costa; Julg. 17/12/2015; DJERS 28/01/2016)

PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO. EXECUÇÃO DE TÍTULO


EXTRAJUDICIAL. MORTE DO EXEQUENTE. SENTENÇA DE EXTINÇÃO
COM BASE NOS ARTS. 267, IV, E 295, III, AMBOS DO CPC.
AUSÊNCIA DE REQUISITO ESSENCIAL. RELATÓRIO. ART. 458 DO
CPC. NULIDADE. FALECIMENTO DO AUTOR DA DEMANDA.
NECESSÁRIA SUSPENSÃO DO PROCESSO. PREVISÃO LEGAL
EXPRESSA. ARTS. 43, 265, I, 791, II, E 1.055, TODOS DO CPC.
SENTENÇA ANULADA EX OFICIO.
1. São requisitos essenciais da sentença o relatório, a
fundamentação e o dispositivo. Inexistente qualquer dos requisitos
expressos no art. 458, impõe-se a anulação da sentença ex oficio. 2.
Ademais, havendo notícia de falecimento do exequente da ação,
não há que se falar em extinção do feito com base nos arts. 267, IV,
e 295, III, ambos do CPC. Devendo a ação ser suspensa, conforme
previsão expressa constante nos arts. 265, I, 791, II e 1.055, todos
do mesmo diploma legal, até que seja regularizado o polo ativo da
demanda, pela habilitação-incidente do espólio ou herdeiros do de
cujus. 3. Ante o exposto, impende declarar a nulidade da sentença
de fl. 49, determinando-se a remessa dos autos à primeira instância
para suspensão da ação de execução, nos termos do art. 791, II, do
CPC. 4. Apelo parcialmente provido. (TJPE; Rec. 0093282-
86.1996.8.17.0001; Primeira Câmara Cível; Rel. Des. Roberto da
Silva Maia; DJEPE 22/01/2016)

Diante disso, ou seja, face à carência de


fundamentação, mostra-se necessária a anulação do decisum combatido, e, por tal
motivo, seja proferida nova decisão (CPC, art. 1.013, § 1º).

(1)
NECESSIDADE DE MODIFICAÇÃO DA PENHORA
– PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 805 c/c 847, CAPUT, DO CPC

As questões destacadas no arrazoado em vertente são


de gravidade extremada e reclama, sem sombra de dúvidas, a modificação da
penhora. Inquestionável que a hipótese ora trazida à baila preenche os requisitos
exigidos pelo art. 805 c/c art. 847, caput, do Estatuto de Ritos.

Convém ressaltar que o Executado, ao requerer a


modificação da penhora, ponderou que comprovara o preenchimento de todos os
requisitos legais para tal desiderato.
Tais pressupostos, a saber, a menor onerosidade e
ausência de prejuízos ao Exequente, são bem elucidados pelo professor Nélson
Nery Júnior:

“ 2. Poder do credor sobre o patrimônio do devedor.


(...)
Depois, como consequência desse temperamento da situaçã o de
vantagem que o credor tem sobre o patrimô nio do devedor, traça
limites para a atuaçã o do credor, impedindo-lhe de escolher o maio
mais gravoso para o devedor, para a satisfaçã o de seu crédito. Ao juiz
a lei comina o dever de dirigir o processo para que a execuçã o se faça
de maneira menos gravosa para o devedor. “ (NERY JÚ NIOR, Nélson;
ANDRADE NERY, Rosa Maria. Comentários ao Código de Processo Civil.
– Sã o Paulo: RT, 2015, p. 1679)

Como bem enfatiza José Miguel Garcia Medina,


também no tocante aos referidos pressupostos, esse leciona que:

“II. Substituição do bem penhorado, com fundamento na menor


onerosidade da medida executiva (arts. 805 e 847 do CPC/2015). O art.
847 do CPC;2015 refere-se, particularmente, à hipótese em que a
substituição é requerida pelo executado. No caso, o fundamento da
substituição consistirá na possibilidade de a penhora sobre outro
penhorado ser, para o executado, menos gravosa. Deverá o executado,
no entanto, demonstrar que a substituição não trará prejuízo ao
exequente (cf. art. 847, caput, do CPC/2015). Incide, aqui, o disposto no
art. 805 do CPC/2015: não se levará a efeito a substituição, se a
substituição tornar a execução mais lenta ou custosa ao exequente,
prejudicando a realização da tutela jurisdicional executiva. Os
fundamentos para a substituição da penhora, no caso do art. 848 do
CPC/2015, são mais amplos e podem ser de modo mais objetivo, isso é,
sem que se atente a circunstâncias como o grau de gravidade da medida
em relação ao executado. “ (MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de
Processo Civil comentado: ... – São Paulo: RT, 2015, pp. 1.145/1.146)

O bloqueio dos ativos financeiros bancários da


Executada, o qual alcançou a cifra elevadíssima de R$ 00.000,00 ( .x.x.x. ),
qualifica-se como perigoso gravame à saúde financeira da empresa executada.
Verdade seja dita, a simples penhora de 20%(vinte por cento) sobre o faturamento
bruto de uma sociedade empresária já o suficiente para provocar desmesurados
danos financeiros. Na realidade, pouquíssimas são as empresas brasileiras que
suportariam isso, vez que, no caso, inexiste sequer a dedução dos custos
operacionais. É que a margem de lucro das empresas, como consabido, é
diminuta, chegando quase a esse patamar de percentual acima destacado.

A constrição judicial ocorrida em face do despacho


mencionado, como se percebe, voltou-se exclusivamente aos ativos financeiros da
Executada. Com isso, máxime em função do expressivo montante, certamente
trará consequências nefastas e abruptas, como o não pagamento das suas
obrigações sociais, sobretudo folha de pagamento, fornecedores, encargos
tributários, consumo de energia e água etc.

E essas circunstâncias estavam devidamente


instruídas com a peça processual em liça. É dizer, a Executada trouxera à colação
documento que comprova a projeção de receita da empresa; totalidade dos
funcionários e a respectiva soma necessária para pagamento desses; as despesas
fiscais mensais; as despesas operacionais permanentes; despesas mensais com
fornecedores nos últimos 3 meses; contrato social da empresa em que se
evidencia um capital social diminuto; além de outros documentos diversos que
sustentam a dificuldade financeira que passa a empresa Recorrente.

De outro turno, é inconteste (CPC, art. 374, inc. I) que


o cenário atual das finanças do País é um dos piores de todos os tempos.

Nesse passo, urge evidenciar o teor substancial inserto


na Legislação Adjetiva Civil:

CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL

Art. 1º - O processo civil será ordenado, disciplinado e interpretado


conforme os valores e as normas fundamentais estabelecidos na
Constituição da República Federativa do Brasil, observando-se as
disposições deste Código.

Art. 8º - Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins


sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a
dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a
razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência.

Em abono ao exposto acima, urge transcrever


novamente o magistério de José Miguel Garcia Medina:

“No contexto democrático, o modo como se manifestam e relacionam os


sujeitos do processo deve observar as garantias mínimas decorrentes do
due process of law. Assim, interessam, evidentemente, as regras
dispostas no Código de Processo Civil em outras leis, MS, sobretudo, a
norma constitucional. Entendemos que os princípios e valores dispostos
na Constituição Federal constituem o ponto de partida do trabalho do
processualista. A atuação das partes e a função jurisdicional devem ser
estudadas a partir da compreensão de que o processo é um espaço em
que devem ser estudas a partir da compreensão de que o processo é um
estado em que se devem se materializar os princípios inerentes a um
Estado que se intitula ‘Democrático de Direito’ ...” (ob. cits., p. 31)

E isso, igualmente, nos remete aos preceitos legais


que preservam a função social dos contratos (CC, art. 421).

No plano constitucional observemos que:

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel


dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana;
(...)
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

E ainda no mesmo importe:

LEI DE INTRODUÇÃO ÀS NORMAS DO DIREITO BRASILEIRO


Art. 5º - Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se
dirige e às exigências do bem comum.

Destarte, a prova documental colacionada comprovara,


sem qualquer dúvida, que a decisão que determinou o bloqueio dos ativos
financeiros da Executada e certamente inviabilizará suas atividades. E isso poderá
concorrer também para a quebra da mesma, o que, como se viu, não é o propósito
da Lei.

E foi justamente com esse salutar propósito, a evitar


quebras de empresas, que o Egrégio Tribunal Superior do Trabalho acolheu o
entendimento salutar de que é aconselhável a constrição de uma pequena parcela
do faturamento da empresa. E isso para atender, mesmo que parcialmente, o
direito a crédito alimentar do trabalhador.

Com efeito, cabe ao magistrado, inexistindo suporte


sumular nesse tocante, tomar por analogia a seguinte Orientação Jurisprudencial:

OJ nº 93 -SDI-2: É admissível a penhora sobre a renda mensal ou


faturamento da empresa, limitada a determinado percentual, desde que
não comprometa o desenvolvimento regular de suas atividades.

No mesmo sentido é a orientação pacificada junto ao


Superior Tribunal de Justiça:

STJ, Súmula 417 - Na execução civil, a penhora de dinheiro na ordem de


nomeação de bens não tem caráter absoluto.
Não bastasse isso, a execução deverá ser conduzida
de sorte a ser o quanto menos gravosa à parte executada (CPC, art. 805).

Nesse sentido:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO.


CONVERSÃO EM AÇÃO EXECUTIVA. PENHORA DE PERCENTUAL DO
FATURAMENTO DA EMPRESA DEVEDORA. REQUISITOS.
O art. 620, CPC [CPC/2015, art. 805], consagra o princípio da menor
onerosidade, devendo a execução se processar da forma menos gravosa
para o executado, compatibilizando-se com o direito do exequente à
satisfação do seu crédito e à tutela jurisdicional adequada e efetiva. A
ordem preferencial de nomeação à penhora dos bens do devedor
prevista pelo art. 655, CPC [CPC/2015, art. 835], não é absoluta, devendo
sua aplicação atender às circunstâncias do caso concreto, à
potencialidade de satisfazer o crédito exequendo e a forma menos
onerosa para o devedor. Segundo o Superior Tribunal de Justiça, a
penhora de percentual do faturamento de empresa devedora depende
da presença dos seguintes requisitos: o devedor não possuir bens ou, se
os tiver, sejam esses de difícil execução ou insuficientes a saldar o crédito
demandado; haja indicação de administrador e esquema de pagamento
(arts. 678 e 719, CPC) [CPC/2015, art. 863 e 869]; e o percentual fixado
sobre o faturamento não torne inviável o exercício da atividade
empresarial. (TJMG; AI 1.0433.15.007899-9/002; Rel. Des. José Arthur
Filho; Julg. 02/02/2016; DJEMG 19/02/2016)

AGRAVO DE INSTRUMENTO EM EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL.


Pretensão recursal de afastamento da ordem de restrição aos veículos
localizados em seu nome via sistema renajud. Acolhimento. Ordem
restritiva de circulação. Medida severa que não garante a satisfação do
crédito exequendo e causa evidente prejuízo ao desenvolvimento da
atividade empresarial do executado. Ordem restritiva à transferência e
alienação dos bens que atinge o interesse do credor (CPC, art. 612) e se
revela menos gravosa ao executado (CPC, art. 620). Precedentes 1. O
envio de ordem judicial eletrônica de restrição de circulação de veículos
automotores via sistema renajud, autorizada no regulamento próprio do
sistema (art. 6º), é medida extrema que se justifica apenas em situações
excepcionais; 2. Inexistindo justo motivo, a ordem restritiva de circulação
deve ser afastada, inclusive nos casos em que o bem é utilizado para o
desempenho da atividade empresarial do executado; 3. A simples
proibição de alienação e transferência dos bens é meio igualmente eficaz
à tutela do direito de crédito, uma vez que garante ao credor o direito de
protestar pela penhora dos direitos do devedor fiduciante, e atende ao
princípio da menor onerosidade da execução (art. 620). Decisão
reformada. Decisão conhecido e provido. (TJPR; Ag Instr 1356489-7;
Maringá; Décima Sexta Câmara Cível; Rel. Juiz Conv. Francisco Eduardo
Gonzaga de Oliveira; Julg. 18/11/2015; DJPR 27/11/2015; Pág. 292)

PENHORA.
Execução de título extrajudicial. Decisão judicial que deferiu a penhora do
faturamento da empresa coexecutada agravante. Alegação de que é
medida extrema, vulnerando o princípio da menor onerosidade (art. 620
do CPC), e contrariando a Súmula nº 417 do STJ, pois a penhora de
dinheiro, na ordem de nomeação de bens, não tem caráter absoluto.
Descabimento. Ressalta-se que a nomeação de bens deve atender à
dupla finalidade do processo de execução: A satisfação do credor, do
modo mais célere possível, através da forma menos onerosa ao devedor.
Sendo o faturamento de empresa bem que se constitui em dinheiro e
pode ser perseguido, sobretudo se encontrado no próprio local da
execução, nada mais harmônico com o rol legal e o espírito do
procedimento parcial executório que a excussão de percentual deduzido
com prudência. Além disso, consta incluído na ordem de preferência,
tendo base legal prevista no inc. VII do art. 655 do CPC, ou seja, vai ao
encontro do disposto na Súmula nº 417 do STJ. Ademais, os bens que a
recorrente indicou não foram aceitos, bem como nada impede indique os
livres e desembaraçados de sua titularidade. Conduta que traduz muito
mais interesse em prolongar a cobrança do que facilitar a satisfação do
crédito. Assim, no caso concreto, legítimo que sobre o faturamento da
empresa seja fixado percentual a ser penhorado, de modo a não paralisar
as atividades da pessoa jurídica executada e trilhar, finalmente, a
satisfação do credor e fim da execução. Apenas uma observação é
necessária: Deve-se ater ao requisito essencial da nomeação de
administrador pelo Juízo de primeiro grau para que se cumpra a
destinação dos valores apurados e excutidos em garantia, de modo
imparcial e correto. Decisão mantida. Agravo de instrumento não
provido. Dispositivo: Negam provimento ao recurso. (TJSP; AI 2101231-
17.2015.8.26.0000; Ac. 8990070; São Paulo; Décima Nona Câmara de
Direito Privado; Rel. Des. Ricardo Negrão; Julg. 09/11/2015; DJESP
27/11/2015)

E, note-se, há aresto inclusive obstando a inclusão do


nome do devedor nos órgãos de restrições, quando a execução já esteja garantida:

PROCESSO CIVIL. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PENHORA INTEGRAL DO


VALOR DEVIDO. MANUTENÇÃO DO NOME DO DEVEDOR EM CADASTRO
DE INADIMPLENTES. IMPOSSIBILIDADE. MEDIDA MAIS GRAVOSA.
APLICAÇÃO ART. 620, CPC.
1. Quando por vários meios o credor puder promover a execução, o juiz
mandará que se faça pelo modo menos gravoso para o devedor. Art. 620
do Código de Processo Civil. 2. Havendo a penhora da integralidade do
valor devido, a manutenção do nome da recorrente nos órgãos de
proteção ao crédito é medida por demais onerosa, pois se trata de
alternativa menos eficiente e mais prejudicial ao devedor. 3. Recurso
conhecido e desprovido. (TJDF; Rec 2015.00.2.013246-2; Ac. 879.649;
Segunda Turma Cível; Rel. Des. Mario-Zam Belmiro; DJDFTE 14/07/2015;
Pág. 117)

De toda prudência, portanto, que seja concedida a


tutela recursal, máxime em decorrência das nefastas consequências financeiras
que a constrição está ocasionando à Agravante.

DA NECESSIDADE DE PROVER-SE A TUTELA RECURSAL INVOCADA

– PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DE QUE TRATA O


ART. 847 DO CPC

As questões destacadas no presente Agravo de


Instrumento são de gravidade extremada e reclama, sem sombra de dúvidas, a
concessão da tutela recursal (CPC, art. 1.019, inc. I).

Diante dos fundamentos estipulados, levando-se em


conta igualmente aos ditames do art. 805 c/c art. 847, caput, do Código de
Processo Civil, o Agravante pede, com supedâneo no art. 1.019, inc. I c/c art.
1.012, § 4º, do Estatuto de Ritos:
( a ) seja suspenso o ato impugnado e, via reflexa, torne sem
efeito a decisão que determinou o bloqueio de ativos
financeiros em nome da Agravante.

( b ) requer, ainda, que o magistrado processante seja


instado a abster-se de realizar bloqueio judicial em contas
correntes da Recorrente;

( c ) pleiteia, ainda, seja liberada de pronto a referida


constrição, ordenando que a constrição seja processada por
meio da penhora de renda da empresa Recorrente, limitada
a 10%(dez por cento) do seu faturamento mensal,
observando-se a forma preceituada no art. 866, § 1º, do CPC.

RAZÕES DO PEDIDO DA REFORMA (CPC, art. 1.016, inc.


II)

Por tais fundamentos, concessa venia, a decisão deve


ser reformada, posto que: a) inexistiu fundamento suficiente na decisão guerreada;
b) a execução é extremamente gravosa ao Recorrente.

PEDIDOS e REQUERIMENTOS

Em suma, tem-se que a decisão guerreada, na parte


citada em linhas anteriores, com o devido respeito, merece ser agravada.

Por todas as considerações relevadas,


pede-se, como questão de fundo, a reforma do
decisório atacado, o qual atrelado ao Proc. nº. 3333-
11.22222.4.55.0001/0 (Ação de Execução), por este combatido,
objetivando, em consequência, confirmar a tutela antecipada
recursal requerida e, mais, acolhendo este recurso para que:

(a) seja anulada a decisão guerreada por ausência de


fundamentação;

(b) além disso, do reflexo do pedido anterior, seja


liberada a constrição da penhora de ativos financeiros,
determinando-se seja transmudada para penhora da
renda da empresa, limitando-a ao percentual mensal de
10%(dez por cento) sobre o faturamento bruto.

(c) Pleiteia, igualmente, a intimação da Agravada, por


seu patrono regularmente constituído nos autos, para,
querendo, responder em 15(quinze) dias (CPC, art.
1.019, inc. II).

Respeitosamente, pede deferimento.

Cidade, 00 de fevereiro de 0000.

Beltrano de Tal
Advogado – OAB(PR) 112233

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