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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO MARANHÃO

Processo originário n° 1234/2019.


Juízo: 14ª Vara Cível do Termo Judiciário de São Luís.

ALISSON AZEVEDO, já qualificado, por seu advogado que esta


subscreve, com endereço profissional situado na Rua XXX, local onde recebe as
notificações de praxe e estilo, vem perante Vossa Excelência, inconformado com
a decisão interlocutória proferida nos autos do cumprimento de sentença
referenciado acima que deferiu o desbloqueio de quantia penhorada do
executado no valor de R$ 15.984,86 (quinze mil e novecentos e oitenta e quatro
reais e oitenta e seis centavos) para AQUINO SOARES, já qualificado, interpor,
com fulcro no artigo 1.015 do CPC, o presente:

AGRAVO DE INSTRUMENTO COM PEDIDO DE EFEITO SUSPENSIVO

Pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos:


1. DOS PRESSUPOSTOS DE ADMISSIBILIDADE

a) Do Preparo

Pode-se entender o preparo como o pagamento das custas referente ao


processamento do recurso, com natureza jurídica de taxa judiciária referente a
prestação de serviço público jurisdicional, assim, no ato de interposição do
recurso, tem-se que comprovar o recolhimento das referidas custas, conforme
reza o artigo 1.017, §1º do Código de Processo Civil, in verbis:

Art. 1.017. A petição de agravo de instrumento será instruída:


[...]
§ 1º Acompanhará a petição o comprovante do pagamento das
respectivas custas e do porte de retorno, quando devidos, conforme
tabela publicada pelos tribunais.

Portanto, segue em anexo a cópia do comprovante de pagamento com o


respectivo boleto, cumprindo uma das exigências para o recebimento do
presente recurso.

b) Da Tempestividade

O presente Agravo de Instrumento é tempestivo, visto que este foi


protocolado antes do decurso do prazo de 15 (quinze) dias úteis. Sobre a
contagem do prazo vale ressaltar que considerando que o processo tramita sob
a forma eletrônica os prazos processuais terão início no primeiro dia útil
subsequente ao que for considerado como data da publicação que no presente
caso foi realizado no dia 01 de abril de 2022, e de acordo com o artigo 4°, §4°
da Lei n.º 11.419/2006, ipsis litperis:

Art. 4º. Os tribunais poderão criar Diário da Justiça eletrônico,


disponibilizado em sítio da rede mundial de computadores, para
publicação de atos judiciais e administrativos próprios e dos órgãos a
eles subordinados, bem como comunicações em geral.
§ 4º. Os prazos processuais terão início no primeiro dia útil que seguir
ao considerado como data da publicação.

Porém, apenas ocorreu a leitura eletrônica no dia 13 de abril de 20022,


sendo portando o início da contagem do prazo será no dia 19 de abril, sendo o
primeiro dia útil, uma vez que os dias 13, 14 e 15 de abril são feriados de acordo
com o calendário Forense. Vale ressaltar o feriado nacional presente no dia 21
de abril do mesmo ano.
Juntamente, preceitua o artigo 219 do Código de Processo Civil/2015,
veja:

Art. 219. Na contagem de prazo em dias, estabelecido por lei ou pelo


juiz, computar-se-ão somente os dias úteis.

Nesse caso, o termo inicial compreende o dia 19.04.2022, razão pela qual
efetivamente o prazo começou a transcorrer, sendo, portanto, o termo final dia
10.05.2022, razão pela qual o referido Agravo de Instrumento é tempestivo,
considerando que o mesmo foi peticionado dentro do prazo legal.

c) Dos Nomes e Endereço dos Advogados

ADVOGADO DA AGRAVANTE: Dr. X, OAB n. X, com Endereço profissional


situado na Rua X, Bairro X, Cidade X – MA.

ADVOGADO DO AGRAVADO: Dr. X, OAB n. X, com Endereço profissional


situado na Rua X, Bairro X, na Cidade X – MA.

d) Da Formação do Instrumento

O Agravo de instrumento será instruído de acordo com o artigo 1.017 do


CPC/2015, dessa forma, em virtude de que a presente lide tramita de modo
eletrônico, destaca-se o que dispõe o § 5º do referido dispositivo, in verbis:

“Art. 1017. A petição de agravo de instrumento será instruída:


[...]
§ 5º. Sendo eletrônicos os autos do processo, dispensam-se as
peças referidas nos incisos I e II do caput, facultando-se ao
agravante anexar outros documentos que entender úteis para a
compreensão da controvérsia”.

Nesse caso, portanto, dispensa-se a formação do instrumento por força


do que dispõe o dispositivo supramencionado.
2. DOS FATOS NA EXORDIAL

Em síntese, Aquino Soares, ora parte requerida no processo, atravessou


petição sustentando a nulidade da citação por edital bem como requerendo o
cancelamento da penhora eletrônica realizada.
Contudo, no que diz respeito a nulidade de citação como preliminar, a
qual foi rejeitada pelo juízo, pois ele entendeu que a regularidade do ato citatório
já foi impugnada pela Defensoria Pública em sede de contestação.
Por fim, tratando-se do pedido de cancelamento da penhora eletrônica,
a qual foi determinada a penhora eletrônica nas contas bancárias do requerido
foi limitado o valor de até R$ 299.428,14 (duzentos e noventa e nove mil e
quatrocentos e vinte e oito reais e quatorze centavos), entretanto foi bloqueado
apenas um montante de R$ 15.984,86 (quinze mil e novecentos e oitenta e
quatro reais e oitenta e seis centavos), em uma de suas contas bancárias.

2.1 DA DECISÃO RECORRIDA

Tendo em vista aos fatos já narrado, o juízo entendeu que o valor


bloqueado em uma das contas do requerido é impenhorável. Por conseguinte,
Aquino Soares, requerido, havia juntado o comprovante de vínculo empregatício
com hospital IDU e juntado o extrato bancário que indica o recebimento de
valores pelo TED SAÚDE LTDA, qual recebe por depósito realizado no dia 19 de
janeiro de 2018, referente ao salário pelos serviços prestados na unidade
hospitalar.
A partir da documentação juntada pelo requerido, o juízo determinou o
desbloqueio da constrição do valor bloqueado, por meio da decisão
interlocutória.
Dessa forma, O presente Agravo de Instrumento Com Pedido de Efeito
Suspensivo, tem a finalidade e determinar a suspensão da eficácia dessa
decisão, demonstrando os requisitos legais para a concessão de tal efeito.
Ademais, tem a finalidade de bloquear 30% (trinta por cento) de R$15.984,86
(quinze mil e novecentos e oitenta e quatro reais e oitenta e seis centavos)
referente ao salário de Aquino Soares, de sua conta bancária, para o pagamento
da dívida que têm com Alisson.
3. DO MÉRITO

A impenhorabilidade salarial não tem por objetivo que o salário do devedor


seja penhorado mitigando a sua dignidade, mas que essa porcentagem em
penhora seja de verbas recebidas, mas que não façam parte diretamente do
percentual que abrange a sua subsistência, mas sim daquelas acerca do alto
padrão de vida, sendo assim, essa exceção na penhora em conta salário é
admitida em várias jurisprudências, inclusive para pensão alimentícia, pois esta
possui base no parágrafo segundo do art. 833 do CPC, in verbis:

Art. 833. São impenhoráveis:


[...]
§ 2º O disposto nos incisos IV e X do caput não se aplica à hipótese de
penhora para pagamento de prestação alimentícia,
independentemente de sua origem, bem como às importâncias
excedentes a 50 (cinquenta) salários-mínimos mensais, devendo a
constrição observar o disposto no art. 528, § 8º , e no art. 529, § 3º.

Dessa forma, o entendimento jurisprudencial mais recente é no sentido de


permitir que ocorra o bloqueio parcial conta corrente destinada ao recebimento
de conta salários, desde que não atinja o sustento mínimo do devedor, senão
vejamos:

I – O art. 833, inc. IV, do CPC dispõe sobre a impenhorabilidade das


pensões, no entanto, é admitida a constrição de percentual dessa
verba, assegurada a subsistência do devedor e de sua família, com
preservação do mínimo existencial e da dignidade. EREsp
1.582.475/MG julgado pela Corte Especial do e. STJ em 03/10/18.”
(Acórdão 1181555, 07075731820198070000, Relatora: VERA
ANDRIGHI, 6ª Turma Cível, data de julgamento: 26/06/2019, publicado
no DJe: 04/07/2019)

O fato de a jurisprudência ter-se inclinado em admitir a penhora de parte


de salários, proventos e pensões do devedor, revela um prestígio e – porque não
dizer – uma forma de fomentar essa modalidade de constrição judicial, que,
indubitavelmente, é a mais eficaz.
Este é o entendimento jurisprudencialmente pacificado em outros
tribunais, senão vejamos:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE EXECUÇÃO FISCAL.
PENHORA DE SALÁRIO. POSSIBILIDADE DE PENHORA DE 30%
PARA PAGAMENTO DE DÉBITO. DECISÃO MANTIDA. Consoante
entendimento do STJ, mitiga-se a regra geral da Impenhorabilidade do
salário, prevista no artigo 833, IV, do NCPC, quando ficar demonstrado
que o percentual penhorado não afetar a subsistência do devedor. –
Processo: AI 2000648-72.2019.12.0000 MS. 2ª Câmara Cívil. Relator:
Des. Eduardo Machado Rocha. Data da publicação: 03/10/2019.

Portanto, ao se analisar de forma aprofundada o caso concreto, vir-se que


o agravado juntou o documento, sendo este o extrato bancário, o qual indica o
recebimento de valores pelo TED SAÚDE LTDA, que supostamente confirmaria
recebimento de salário por seu vínculo empregatício com a unidade hospitalar.
Contudo, essa informação não tem caráter suficiente para comprovar
natureza salarial do valor existente em sua conta, pois a quantia é considerada
exorbitante quando comparada ao salário médio dos trabalhadores. Podendo ter
como exemplo o fato que na data do depósito do valor, o qual chega a ser um
valor exorbitante ao valor do salário mínimo vigente à época dos fatos. Portando,
o agravado, claramente, com base nos valores depositados em conta bancária,
o qual possui quantia acima do vencimento mínimo nacional, que este é capaz
de manter a dignidade e segurança alimentar sua e da família.
Por fim, consequentemente ao que foi expresso, demonstra-se que tal
decisão interlocutória há de ser reformada e, por seguinte, que seja realizado o
bloqueio de R$ 4.795,45 (quatro mil e setecentos e noventa e cinco e quarenta
e cinco centavos), da conta bancária de Aquino, o qual se refere ao seu salário,
para utilização de pagamento da dívida existente com Alisson, pois, ao que foi
exposto, não oferece lesão ou prejuízo do sustento do agravado e de sua família.

3.1 DO EFEITO SUSPENSIVO

Além disso, entende-se que o efeito suspensivo é determinado para


suspender todos os efeitos da decisão vergastada, assim, conforme dispõe o
artigo 995 do CPC/2015, a decisão perderá sua eficácia quando houver
disposição legal ou decisão judicial em sentido contrário à ela, senão vejamos:
Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo
disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso.
Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa
por decisão do relator, se da imediata produção de seus efeitos houver
risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar
demonstrada a probabilidade de provimento do recurso.

Dessa forma, o Fumus Boni Iuris encontra-se no fato de que é possível


que seja realizada a penhora de parte do salário, não excedendo no valor para
que não comprometa a subsistência do Devedor, com base no que decidiu a
Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça ao julgar os Embargos de
Divergências em REsp n.° 1.582.475/MG que determinou a penhora de 30% do
salário do Devedor, senão vejamos:

PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM


RECURSO ESPECIAL.EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL.
IMPENHORABILIDADE DE VENCIMENTOS.CPC/73, ART. 649, IV.
DÍVIDA NÃO ALIMENTAR. CPC/73, ART. 649, PARÁGRAFO 2º.
EXCEÇÃO IMPLÍCITA À REGRA DE IMPENHORABILIDADE.
PENHORABILIDADE DE PERCENTUAL DOS VENCIMENTOS. BOA-
FÉ. MÍNIMO EXISTENCIAL. DIGNIDADE DO DEVEDOR E DE SUA
FAMÍLIA.
1. Hipótese em que se questiona se a regra geral de impenhorabilidade
dos vencimentos do devedor está sujeita apenas à exceção explícita
prevista no parágrafo 2º do art. 649, IV, do CPC/73 ou se, para além
desta exceção explícita, é possível a formulação de exceção não
prevista expressamente em lei.
2. Caso em que o executado aufere renda mensal no valor de R$
33.153,04, havendo sido deferida a penhora de 30% da quantia.
3. A interpretação dos preceitos legais deve ser feita a partir da
Constituição da República, que veda a supressão injustificada de
qualquer direito fundamental. A impenhorabilidade de salários,
vencimentos, proventos etc. tem por fundamento a proteção à
dignidade do devedor, com a manutenção do mínimo existencial
e de um padrão de vida digno em favor de si e de seus
dependentes. Por outro lado, o credor tem direito ao recebimento
de tutela jurisdicional capaz de dar efetividade, na medida do
possível e do proporcional, a seus direitos materiais.
4. O processo civil em geral, nele incluída a execução civil, é
orientado pela boa-fé que deve reger o comportamento dos
sujeitos processuais. Embora o executado tenha o direito de não
sofrer atos executivos que importem violação à sua dignidade e à
de sua família, não lhe é dado abusar dessa diretriz com o fim de
impedir injustificadamente a efetivação do direito material do
exequente.
5. Só se revela necessária, adequada, proporcional e justificada a
impenhorabilidade daquela parte do patrimônio do devedor que seja
efetivamente necessária à manutenção de sua dignidade e da de seus
dependentes.
6. A regra geral da impenhorabilidade de salários, vencimentos,
proventos etc. (art. 649, IV, do CPC/73; art. 833, IV, do CPC/2015),
pode ser excepcionada quando for preservado percentual de tais
verbas capaz de dar guarida à dignidade do devedor e de sua família.
7. Recurso não provido. (EREsp 1582475/MG, Rel. Ministro
BENEDITO GONÇALVES, CORTE ESPECIAL, julgado em
03/10/2018, REPDJe 19/03/2019, DJe 16/10/2018). [Grifos
acrescentados]

Outrossim, o Periculum In Mora está presente no desbloqueio do valor de


R$ 15.984,86 (quinze mil novecentos e oitenta e quatros reais e oitenta e seis
centavos) que, dessa forma, faria com que o Agravante não tenha êxito na sua
demanda, visto que não teria outra possibilidade de penhoras os bens do
Agravado.
Assim, destaca-se o que dispõe o artigo 1.019, I do Código de Processo
Civil/2015, in verbis:

Art. 1.019. Recebido o agravo de instrumento no tribunal e distribuído


imediatamente, se não for o caso de aplicação do art. 932, incisos III e
IV, o relator, no prazo de 5 (cinco) dias:
I - poderá atribuir efeito suspensivo ao recurso ou deferir, em
antecipação de tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal,
comunicando ao juiz sua decisão;

Por fim, diante da demonstração do Fumus Boni Iuris e do Periculum In


Mora, é certo que foi comprovado que para o presente Recurso de Agravo de
Instrumento deve ser concedido o efeito suspensivo ope judicis, de acordo com
o que estabelece dispositivo supramencionado.
4. DOS PEDIDOS

Diante disso. em razão do exposto, com fundamento no artigo 1019 e


seguintes do CPC, requer-se:

a) Seja o presente Agravo de Instrumento recebido e concedido in limine litis e


inaudita altera pars o efeito suspensivo postulado, de forma a suspender a
eficácia da decisão vergasta que arrestou o bem do adquirente de boa-fé,
restituindo o bem ao Peticionante;

b) Seja intimado o Agravado para apresentar contrarrazões no prazo de 15


(quinze) dias, nos termos do art. 1019, II do CPC;

c) No mérito seja PROVIDO o presente recurso, para reformar a decisão de


base guerreada, para que na Decisão Interlocutória agravada, seja bloqueado o
valor de R$15.984,86 (quinze mil e novecentos e oitenta e quatro reais e oitenta
e seis centavos) para a quitação da dívida e no caso de não ser possível a
utilização deste valor, que seja bloqueado 30% (trinta por cento) de R$15.984,86
(quinze mil e novecentos e oitenta e quatro reais e oitenta e seis centavos)
mensalmente até que a dívida seja quitada, neste caso, equivale ao valor de R$
4.795,45 (quatro mil e setecentos e noventa e cinco e quarenta e cinco centavos)
mensalmente até o pagamento do valor restante da dívida, referente ao seu
salário depositado em conta.

d) Que seja provido o recurso em questão, reformando assim a decisão de base


do juízo ad quo hora guerreada.

Nestes termos,
Pede deferimento.

São Luís – MA, 19 de abril 2022

ADVOGADO(a) X
OAB n° XXXXX

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