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Tribunal de Justiça do Piauí

PJe - Processo Judicial Eletrônico

06/10/2022

Número: 0823853-97.2020.8.18.0140
Classe: APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA
Órgão julgador colegiado: 5ª Câmara de Direito Público
Órgão julgador: Desembargador EDVALDO PEREIRA DE MOURA
Última distribuição : 30/06/2021
Valor da causa: R$ 80.000,00
Processo referência: 0823853-97.2020.8.18.0140
Assuntos: Abono de Permanência
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Partes Procurador/Terceiro vinculado
MARIO SERGIO BEZERRA DE SOUSA (APELANTE) MARCELO AUGUSTO CAVALCANTE DE SOUZA
(ADVOGADO)
ESTADO DO PIAUI (APELADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
83756 26/09/2022 11:04 Acórdão ACÓRDÃO SEGUNDO GRAU
68
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PIAUÍ

ÓRGÃO JULGADOR : 5ª Câmara de Direito Público

APELAÇÃO / REMESSA NECESSÁRIA (1728) No 0823853-97.2020.8.18.0140

APELANTE: MARIO SERGIO BEZERRA DE SOUSA

Advogado(s) do reclamante: MARCELO AUGUSTO CAVALCANTE DE SOUZA

APELADO: ESTADO DO PIAUI


REPRESENTANTE: ESTADO DO PIAUI

RELATOR(A): Desembargador EDVALDO PEREIRA DE MOURA

EMENTA

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO SOBRE CÁLCULO DE DÉCIMO TERCEIRO E


TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. REMUNERAÇÃO INTEGRAL.
RELAÇÃO DE TRATO SUCESSIVO. SÚMULA Nº 85 DO STJ.
PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO NÃO CONFIGURADA. VERBAS
DE NATUREZA INDENIZATÓRIA OU PROPTER LABOREM NÃO SE
INCORPORAM AOS VENCIMENTOS PARA QUALQUER EFEITO.
INEXISTÊNCIA DO DIREITO RECLAMADO. SENTENÇA MANTIDA.
RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO.

1. Inicialmente, cumpre destacar que, consoante entendimento do Superior


Tribunal de Justiça, a redução de vencimentos sofrida por servidores denota
prestação de trato sucessivo, estando prescritas apenas as prestações
vencidas no quinquênio que precedeu à propositura da ação (prescrição
progressiva), devendo, portanto, ser aplicado ao caso concreto o teor da
Súmula nº 85 do STJ. Prejudicial de mérito relativa à prescrição do fundo de
direito afastada.

2. De acordo com o Estatuto dos Servidores Públicos do Estado do Piauí


(LC 13/94) e das normas que regem os vencimentos dos policiais militares,
as verbas de caráter indenizatório ou de natureza propter laborem NÃO

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COMPÕEM a remuneração integral do servidor.

3. Nesse sentido, não assiste razão ao recorrente, de modo que não faz jus
à inclusão do adicional noturno e auxílio-refeição na base de cálculo do 13º
salário e do abono de férias.

4. Quanto à VPNI-Lei 6173/2012 e ao COMPLEMENTO LEI 6933, após uma


minuciosa análise da ficha financeira acostada (ID 4428337), verificou-se
que as referidas rubricas foram levadas em consideração no cômputo da
gratificação natalina e do adicional das férias, o que demonstra uma clara
intenção do autor em tentar induzir o julgador a erro.

5. Destarte, demonstrado que o cálculo das parcelas reivindicadas pelo


Apelante foi efetuado de acordo com os ditames constitucionais e legais,
impõe-se a manutenção da sentença em sua integralidade.

6. Recurso conhecido e não provido.

ACÓRDÃO

Acordam os componentes da Egrégia 5ª Câmara de Direito Público do Tribunal de


Justiça do Estado do Piauí, à unanimidade, VOTO pelo CONHECIMENTO e NÃO
PROVIMENTO do recurso interposto pelo apelante MARIO SERGIO BEZERRA DE
SOUSA, a fim de manter a sentença vergastada em sua integralidade e, com fulcro
no art. 85, § 11 do Código de Processo Civil, majoro em 5% (cinco por cento) os
honorários fixados na sentença, passando do valor de 10% (dez por cento) sobre o
valor atualizado da causa para 15% (quinze por cento), mantendo a cobrança nas
mesmas condições da sentença apelada. Sem parecer ministerial, na forma do voto
do Relator.

ACÓRDÃO

Acordam os componentes da Egrégia 5ª Câmara de Direito Público do Tribunal de


Justiça do Estado do Piauí, à unanimidade, VOTO pelo CONHECIMENTO e NÃO

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PROVIMENTO do recurso interposto pelo apelante MARIO SERGIO BEZERRA DE
SOUSA, a fim de manter a sentença vergastada em sua integralidade e, com fulcro
no art. 85, § 11 do Código de Processo Civil, majoro em 5% (cinco por cento) os
honorários fixados na sentença, passando do valor de 10% (dez por cento) sobre o
valor atualizado da causa para 15% (quinze por cento), mantendo a cobrança nas
mesmas condições da sentença apelada. Sem parecer ministerial, na forma do voto
do Relator.

RELATÓRIO

Cuida-se de APELAÇÃO CÍVEL interposta por MARIO SERGIO BEZERRA DE


SOUSA, em face de sentença proferida pelo juízo da 2ª Vara dos Feitos da Fazenda Pública da
Comarca de Teresina-PI que julgou improcedente a Ação Ordinária (PO-0823853-
97.2020.8.18.0140) e condenou o autor ao pagamento dos honorários em 10% (dez por cento)
sobre o valor atualizado da causa.

Em síntese, aduz o apelante que é servidor público militar do Estado do Piauí e que o
ente demandado não cumpre o que preceitua a Constituição Federal no tocante ao conceito de
remuneração integral, suprimindo gratificações e outras rubricas no momento do cálculo do
décimo terceiro e do terço de férias.

Diante disso, requer o conhecimento e provimento do recurso, a fim de que seja


corrigida a base de cálculo do valor correspondente ao 13º salário (gratificação natalina) e 1/3 de
férias, condenando-se o Estado do Piauí a pagar a diferença dos últimos cinco anos (ID n.
4428364).

Intimado, o Estado do Piauí apresentou contrarrazões, sustentando a prescrição de


fundo de direito e a improcedência dos pedidos autorais. Por fim, pugnou pela manutenção da
sentença e majoração dos honorários em sede recursal (ID n. 4428466).

Instado a se manifestar no feito, o Ministério Público do Estado do Piauí devolveu os


autos sem exarar parecer meritório, por entender ausente interesse público que justificasse sua
intervenção (ID n. 5853923).

É o relatório.

VOTO

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I- DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE

Quanto aos requisitos de admissibilidade, verifica-se que o recorrente possui interesse


recursal e as partes são legítimas. O recolhimento de custas é dispensado em razão da
gratuidade de justiça concedida, e, de igual sorte, o recurso é tempestivo.

Presentes, portanto, os pressupostos objetivos e subjetivos de admissibilidade,


conheço do recurso.

Sem preliminares, passo à análise do mérito.

II. DO MÉRITO RECURSAL

II.1. DA QUESTÃO PREJUDICIAL DE MÉRITO – PRESCRIÇÃO DE FUNDO DE DIREITO

Inicialmente, o ente apelado suscitou a questão prejudicial de mérito, aduzindo que a


pretensão do apelante estaria prescrita, já que não houve redução de vantagem, mas sim ato
único de efeitos permanentes. Defende, assim, que o termo inicial da prescrição seria a data de
ingresso do autor no serviço público.

No entanto, tais argumentos não devem prosperar, haja vista que a pretensão do autor
se refere a uma relação de trato sucessivo que visa à percepção mensal de valor que reputa
correto referente ao cálculo do décimo terceiro e do abono de férias. Assim, a violação persistiria
a cada mês em que o direito pretendido é negado. Portanto, afastada a prescrição do fundo de
direito.

Por se tratar de prestação de trato sucessivo, no entanto, estariam prescritas as


prestações vencidas antes do quinquênio anterior à propositura da ação, incidindo o art. 3º do
Decreto nº 20.910/32.

A Súmula nº 85 do Superior Tribunal de Justiça no mesmo sentido dispõe:

Súmula nº 85, STJ: Nas relações jurídicas de trato sucessivo em que a


fazenda pública figure como devedora, quando não tiver sido negado o
próprio direito reclamado, a prescrição atinge apenas as prestações
vencidas antes do quinquênio anterior a propositura da ação.

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Isto posto, visto que se trata de relação jurídica de trato sucessivo, que se renova mês
a mês, reconheço que somente estariam prescritas, caso houvesse reconhecimento do direito de
fundo sustentado, as parcelas vencidas no quinquênio anterior à propositura da ação.

Isto posto, rejeito a tese de prescrição do fundo de direito.

Sigo no exame do mérito.

II.2. DA IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO PRINCIPAL

Segundo consta nos autos, o apelante é servidor público efetivo, ocupante do cargo de
Cabo da Polícia Militar, e objetiva a inclusão das rubricas ADICIONAL NOTURNO, AUXÍLIO
REFEIÇÃO, VPNI-LEI 6173/2012 e COMPLEMENTO LEI 6933 na base de cálculo do 13º salário
e do terço constitucional de férias, por entender que o Estado do Piauí vem efetuando o
pagamento de forma incorreta, considerando apenas o salário, em vez da remuneração integral.

Não obstante os argumentos expostos, conclui-se, após análise detida da exordial e da


documentação que a instrui, que o recorrente não faz jus ao direito reclamado, impondo-se,
assim, a manutenção da sentença combatida.

Para tanto, inicialmente, destaco a correta forma de calcular as verbas pleiteadas nos
termos da Constituição Federal e da legislação estadual.

O art. 7º, da Constituição Federal dispõe:

Art. 7º. São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social:

VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor


da aposentadoria;

XVII – gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a


mais do que o salário normal;

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No mesmo sentido, a Lei nº 5.378/2004, que trata sobre o Código de Vencimento da
PMPI e dá outras providências, em seus arts. 39 e 40, assevera:

Art. 39. O policial militar da ativa e da inatividade terá direito à percepção do


décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor
integral dos proventos.

Art. 40. O policial militar da ativa terá direito ao gozo de férias anuais
remuneradas com um terço a mais do que a remuneração normal,
concedido concomitantemente com a remuneração do mês,
independentemente de solicitação.

Por sua vez, o Estatuto do Servidor Público do Estado do Piauí, Lei Complementar nº
13 de 03/01/1994, dando o conceito de remuneração, aduz:

Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das


vantagens pecuniárias permanentes, estabelecidas em lei.

(...)

§ 3º - Não compõem a remuneração, para efeito do cálculo de qualquer


outra vantagem ou para a concessão de licença ou afastamento, as
verbas de natureza indenizatória, tais como diária, ajuda de custo,
ajuda de transporte, auxílio-alimentação, vale-transporte, o adicional
noturno, a gratificação pela prestação de serviço extraordinário ou
qualquer outra vantagem condicionada à efetiva prestação do serviço.
(Incluído pela Lei Complementar nº 84, de 07/05/2007) (grifo nosso)

Nesse contexto, o Decreto Estadual nº 15.555/2014 prevê expressamente que devem


ser excluídas do cômputo do abono de férias as gratificações/vantagens de natureza indenizatória
e aquelas condicionadas à efetiva prestação do serviço, in verbis:

Art. 32. Não se incluem no cálculo do adicional de férias de servidor


civil ou de militar do Estado as vantagens de natureza indenizatória, o

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adicional noturno, a gratificação pela prestação de serviço extraordinário, o
salário família, a gratificação por substituição ou qualquer outra vantagem
condicionada à efetiva prestação do serviço

Por oportuno, em nome do princípio da legalidade, ainda ressalto os Decretos


Estaduais nº 14.719/2011 e 14.482/2011, que afastam de forma clara a incidência do adicional
noturno e a do auxílio alimentação da base de cálculo de qualquer outra vantagem remuneratória.
Veja-se:

DECRETO Nº 14.719, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2011

Fixa o valor do auxílio-alimentação para militares do Estado e dá outras


providências.

Art. 3º O valor do auxílio-alimentação não é computado para a


concessão de nenhuma outra vantagem remuneratória, inclusive
décimo terceiro salário, nem para efeito de teto de remuneração. (grifo
nosso)

DECRETO Nº 14.482, DE 26 DE MAIO DE 2011

Regulamenta a concessão da gratificação pela prestação de serviço


extraordinário e do adicional noturno.

Art. 10. A gratificação pela prestação de serviço extraordinário e o


adicional noturno não são computados para a concessão de nenhuma
outra vantagem remuneratória, inclusive gratificação natalina (décimo
terceiro salário). (grifo nosso)

Vê-se, portanto, que as verbas de caráter indenizatório e aquelas condicionadas à


efetiva prestação do serviço, por se tratar de verbas transitórias, não compõem a remuneração
para fins de cálculo de qualquer outra vantagem.

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Assim, mostra-se incabível a pretensão do autor de incorporar o ADICIONAL
NOTURNO e AUXÍLIO-REFEIÇÃO na base de cálculo do terço constitucional e do décimo
terceiro.

Nesse sentido, destaco novamente o art. 41 do Estatuto dos Servidores Públicos do


Piauí:

Art. 41 - Remuneração é o vencimento do cargo efetivo, acrescido das


vantagens pecuniárias permanentes, estabelecidas em lei.

§ 3º - Não compõem a remuneração, para efeito do cálculo de qualquer


outra vantagem ou para a concessão de licença ou afastamento, as
verbas de natureza indenizatória, tais como diária, ajuda de custo,
ajuda de transporte, auxilio-alimentacao, vale transporte, o adicional
noturno, a gratificação pela prestação de serviço extraordinário ou
qualquer outra vantagem condicionada a efetiva prestação do serviço.

Lado outro, quanto à VPNI-Lei 6173/2012 e ao COMPLEMENTO LEI 6933, após


uma minuciosa análise da ficha financeira acostada (ID 4428337), verifico que as referidas
rubricas foram levadas em consideração no cálculo do 13º salário e do abono de férias em
todos os anos pleiteados, o que demonstra uma clara intenção do recorrente em tentar
induzir o julgador a erro.

Dessa forma, restou comprovado que o décimo terceiro salário e as férias do apelante
estão sendo calculados de forma correta, incidindo sobre a remuneração integral do militar que,
contudo, não abrange verbas indenizatórias (auxílio alimentação) ou verbas condicionadas
à prestação do serviço (adicional noturno).

Com efeito, registro que este tem sido o entendimento deste Egrégio Tribunal. Veja-se:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO – APELAÇÃO CÍVEL – AÇÃO


DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C/C COBRANÇA DE VERBAS –
INTEGRAÇÃO DE RÚBRICAS NA BASE DE CÁLCULO DO DÉCIMO
TERCEIRO SALÁRIO E ABONO DAS FÉRIAS - IMPOSSIBILIDADE -

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VERBAS DE NATUREZA INDENIZATÓRIA OU PROPTER LABOREM NÃO
SE INCORPORAM AOS VENCIMENTOS PARA QUALQUER EFEITO -
EXPRESSA VEDAÇÃO LEGAL (ART.41 E 43 DA LC 13/94) -
INEXISTÊNCIA DO DIREITO RECLAMADO – MANUTENÇÃO DA
SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA - RECURSO CONHECIDO, MAS
IMPROVIDO. 1. Inviável a incidência de verbas propter laborem ou de
natureza indenizatória sobre o cálculo do 13º e abono de férias, por
expressa vedação prevista no Código de Vencimentos da PMPI e
Estatuto dos Servidores Públicos do Estado do Piauí (LC 13/94).
Precedentes; 2. Assim, mostra-se incabível a pretensão recursal de
incorporação das rúbricas “Adicional noturno e Auxílio-refeição” na
base de cálculo do terço constitucional ou décimo terceiro, tendo em
vista que possuem natureza indenizatória ou condicionada à efetiva
prestação do serviço, de modo que não refletem no quantum dessas
parcelas, por se tratar de verbas transitórias. Frise-se que a rúbrica
VPNI está devidamente inclusa no cômputo da gratificação natalina e
do adicional das férias; 3 Portanto, demonstrado que o pagamento das
verbas reclamadas encontra-se de conformidade com a Lei Estadual e
Constituição Federal, impõe-se a manutenção da sentença na sua
integralidade; 4. Recurso conhecido, mas improvido. (ApCiv- 0823930-
09.2020.8.18.0140, Desembargador Rel. Pedro de Alcântara da Silva
Macedo, 5ª Câmara de Direito Público-TJPI; 17/05/2022) (grifei)

PROCESSO CIVIL. DIREITO ADMINISTRATIVO. APELAÇÃO CÍVEL.


IMPUGNAÇÃO DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA. INVIABILIDADE DA VIA
ELEITA. AÇÃO SOBRE CÁLCULO DE DÉCIMO TERCEIRO E TERÇO
CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS. REMUNERAÇÃO INTEGRAL.
GRATIFICAÇÕES NUNCA RECEBIDAS PELO SERVIDOR NÃO PODEM
COMPOR REMUNERAÇÃO INTEGRAL. GRATIFICAÇÕES JÁ
INCORPORADAS DO PAGAMENTO DE FÉRIAS E DÉCIMO TERCEIRO.
IMPOSSIBILIDADE DE ADICIONAL NOTURNO, EXTRAORDINÁRIO E
AUXÍLIO ALIMENTAÇÃO SEREM INCORPORADOS AO PAGAMENTO
DE FÉRIAS E DÉCIMO TERCEIRO.RECURSO NÃO PROVIDO.

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1. Inviável a impugnação da justiça gratuita em contrarrazões recursais
diante da vedação da reformatio in pejus. No caso, cabia ao apelante utilizar
recurso próprio caso quisesse reformar parte da sentença, em caso de
recurso exclusivo

da defesa, o deferimento de pedido em contrarrazões implicaria em violação


aos princípios recursais.

2. A pretensão se refere a uma relação de trato sucessivo, que visa à


percepção mensal de valor que reputa correto, referente ao adicional por
tempo de serviço. Assim, a violação persiste a cada mês em que o direito
pretendido é negado. Afastada a prescrição do fundo de direito.

3. O apelante requer que o décimo terceiro salário e o terço constitucional


de férias sejam calculados com base na remuneração integral do servidor,
incluindo diversas gratificações incidentes em seu contracheque, contudo,
requereu a inclusão de gratificações que nunca foram recebidas pelo
apelante no cálculo da gratificação natalina e das férias o que, obviamente,
é completamente indevido.

4. A matemática elementar comprova que o décimo terceiro e o terço


constitucional de férias do apelante utilizam na base de cálculo a vantagem
pessoal, VPNI, Grat. Curs. Esc. Polícia e insalubridade. Dessa forma,
enganosa e descabida a alegação da parte autora de que tem recebido
décimo terceiro e terço de férias com valor equiparado apenas ao
vencimento básico.

5. Adicional noturno, auxílio alimentação e gratificação por horas


extraordinárias não fazem parte da remuneração do servidor por previsão
expressa do estatuto do servidor público do Estado do Piauí. 6. Recurso
conhecido e não provido.

(ApCiv-0816826-97.2019.8.18.0140 - Desembargador EDVALDO PEREIRA


DE MOURA - EDVALDO PEREIRA DE MOURA - 5ª Câmara de Direito
Público - 22 de março de 2022)

APELAÇÃO CÍVEL. SERVIDOR PÚBLICO. RUBRICAS NÃO

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PRMANENTES DE NATUREZA INDENIZATÓRIA. INCIDÊNCIA NA BASE
DE CÁLCULO DA GRATIFICAÇÃO NATALINA (13º SALÁRIO) E DO
ABONO DE 1/3 (UM TERÇO) DE FÉRIAS. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO
DESPROVIDO.
1. Os Tribunais Superiores já pacificara o entendimento no sentido de
que as verbas indenizatórias não integram a base de cálculo para o
pagamento do 13º salário e do terço constitucional de férias.
2. De acordo com a Lei Complementar nº13/1994, as gratificações não
permanentes, de natureza indenizatória não incidem na base de cálculo
do 13º salário e do terço constitucional de férias, por não integrarem a
remuneração do servidor, portanto, é descabido o pedido da apelante
de incidência das rubricas Extraordinário, Adicional noturno, Vantagem
pessoal, Grat. Curs. Esc. Polícia, Taxa de insalubridade, Cond. Esp. De
Trabalho e Auxílio refeição na base de cálculo da gratificação natalina
(13º salário) e do abono de 1/3 (um terço) de férias.
3. Recurso conhecido e desprovido. Decisão unânime.
(Apelação Cível nº 0814988-22.2019.8.18.0140- Des. Relator JOAQUIM
DIAS DE SANTANA FILHO- 6ª Câmara de Direito Público-TJPI, Data do
Julgamento: 18/02/2022; Data da Publicação: 22/02/2022) (grifei)

Destarte, demonstrado que o cálculo das parcelas reivindicadas pelo recorrente foi
efetuado de acordo com os ditames constitucionais e legais, como bem sustentou o
apelado, impõe-se a manutenção da sentença vergastada em todos os seus termos.

DISPOSITIVO

ANTE O EXPOSTO, com base nas razões expendidas, VOTO pelo CONHECIMENTO
e NÃO PROVIMENTO do recurso interposto pelo apelante MARIO SERGIO BEZERRA DE
SOUSA, a fim de manter a sentença vergastada em sua integralidade e, com fulcro no art. 85, §
11 do Código de Processo Civil, majoro em 5% (cinco por cento) os honorários fixados na
sentença, passando do valor de 10% (dez por cento) sobre o valor atualizado da causa para 15%
(quinze por cento), mantendo a cobrança nas mesmas condições da sentença apelada.

É como voto.

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Sem parecer ministerial.

DECISÃO

Acordam os componentes da Egrégia 5ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça do


Estado do Piauí, à unanimidade, VOTO pelo CONHECIMENTO e NÃO PROVIMENTO do recurso
interposto pelo apelante MARIO SERGIO BEZERRA DE SOUSA, a fim de manter a sentença
vergastada em sua integralidade e, com fulcro no art. 85, § 11 do Código de Processo Civil,
majoro em 5% (cinco por cento) os honorários fixados na sentença, passando do valor de 10%
(dez por cento) sobre o valor atualizado da causa para 15% (quinze por cento), mantendo a
cobrança nas mesmas condições da sentença apelada. Sem parecer ministerial, na forma do voto
do Relator.

Participaram do julgamento os Excelentíssimos Desembargadores Des. Edvaldo Pereira de


Moura, Des. Sebastião Ribeiro Martins e Des. Pedro de Alcântara da Silva Macêdo.

Acompanhou a sessão Presente a Exma. Sra. Dra. Lenir Gomes dos Santos Galvão- Procuradora
de Justiça.

PLENÁRIO VIRTUAL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PIAUÍ, Teresina,


data registrada no sistema.

DES. EDVALDO PEREIRA DE MOURA

RELATOR

DES. SEBASTIÃO RIBEIRO MARTINS

PRESIDENTE

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