O autor move ação de execução de sentença contra o executado para receber honorários advocatícios. Solicita a penhora de parte dos proventos de aposentadoria do executado, alegando ser crédito de natureza alimentar e que outras medidas foram infrutíferas. Cita jurisprudência que permite a penhora sobre aposentadoria para quitar débitos alimentares. Pede que seja expedido ofício ao INSS para reter valores da aposentadoria até quitar o crédito de R$48.023,24.
O autor move ação de execução de sentença contra o executado para receber honorários advocatícios. Solicita a penhora de parte dos proventos de aposentadoria do executado, alegando ser crédito de natureza alimentar e que outras medidas foram infrutíferas. Cita jurisprudência que permite a penhora sobre aposentadoria para quitar débitos alimentares. Pede que seja expedido ofício ao INSS para reter valores da aposentadoria até quitar o crédito de R$48.023,24.
O autor move ação de execução de sentença contra o executado para receber honorários advocatícios. Solicita a penhora de parte dos proventos de aposentadoria do executado, alegando ser crédito de natureza alimentar e que outras medidas foram infrutíferas. Cita jurisprudência que permite a penhora sobre aposentadoria para quitar débitos alimentares. Pede que seja expedido ofício ao INSS para reter valores da aposentadoria até quitar o crédito de R$48.023,24.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 2ª VARA
CÍVEL DA COMARCA DE CAÇAPAVA-SP
Processo nº 0001365-14.2022.8.26.0101
LEANDRO GONÇALVES TEODORO, já
devidamente qualificado nos autos em epígrafe, CUMPRIMENTO DE SENTENÇA, que move em face JOSÉ MAURO DE SOUZA, vem respeitosamente à presença de Vossa Excelência, expor e requerer o que segue:
Compulsando os autos, às fls. 50/67, foram
acessadas as declarações de imposto de renda do executado, nas quais se verifica a informação sobre a existência de benefício previdenciário ativo, que se trata de aposentadoria por tempo de contribuição, senão vejamos:
DIRPF2019 DIRPF2018
Pois bem, denota-se dos autos que todas as
medidas empregadas até o momento não surtiram qualquer efeito, permanecendo em aberto o crédito exequendo e ausente de garantia a execução.
De outro turno, o Executado não mostrou qualquer
interesse no pagamento do débito, ainda que parcial e parcelado, estando em situação cômoda enquanto o Exequente fica a “ver navios” na recuperação do seu crédito alimentar.
Como é cediço, na vigência do Código de Processo
Civil de 2015 a impenhorabilidade dos vencimentos e proventos de aposentadoria não tem mais cunho absoluto, podendo ser deferida a penhora, desde que, mantido o mínimo para a subsistência do devedor e de sua família, e desde que frustrado outros meios de satisfação da obrigação.
Eis o entendimento do Superior Tribunal de Justiça
sobre o tema: “AGRAVO INTERNO NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL. PENHORA DE 25% DOS VENCIMENTOS E PROVENTOS DE APOSENTADORIA DA DEVEDORA. POSSIBILIDADE. IMPENHORABILIDADE RELATIVA (CPC/2015, ART. 833, IV). AGRAVO IMPROVIDO.
1. O Novo Código de Processo Civil, em seu art.
833, deu à matéria da impenhorabilidade tratamento um tanto diferente em relação ao Código anterior, no art. 649. O que antes era tido como "absolutamente impenhorável", no novo regramento passa a ser "impenhorável", permitindo, assim, essa nova disciplina maior espaço para o aplicador da norma promover mitigações em relação aos casos que examina, respeitada sempre a essência da norma protetiva. Precedente: EREsp 1.582.475/MG, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, CORTE ESPECIAL, julgado em 03/10/2018, REPDJe 19/03/2019, DJe de 16/10/2018.
2. No caso, proposta ação de execução de título
extrajudicial, e julgados improcedentes os embargos à execução, foi determinada, após a busca infrutífera por outros bens e valores, a penhora de vencimentos e proventos de aposentadoria da executada, o que não se mostra ilegal, à luz da recente jurisprudência desta Corte.
3. O Tribunal de origem, examinando as
circunstâncias da causa, entendeu adequada a limitação da constrição a 25% dos valores referentes à aposentadoria e ao salário da devedora, percentual que deixou de ser impugnado no recurso especial e, ademais, não destoa dos precedentes desta Corte.
4. Em se tratando de relação jurídica de trato
continuado, nada impede a eventual revisão da questão pelas instâncias ordinárias (CPC/2015, art. 505).
5. Agravo interno não provido.” (AgInt no AREsp
1408762/AM, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 11/06/2019, DJe 28/06/2019).
In casu, conforme histórico dos autos, todas as
medidas empregadas para a recuperação do crédito restaram infrutíferas, de modo que a penhora de parte dos proventos da aposentaria se montra perfeitamente cabível, ainda mais quando se denota total desinteresse do executado quanto ao pagamento, ainda que parcelado e parcial, do débito exequendo.
Além disso, o crédito exequendo é dotado de
natureza alimentar, consistente nos honorários advocatícios fixados em sentença, e, portanto, se trata de exceção à regra de impenhorabilidade, consoante previsão do artigo 833, inciso IV, parágrafo 2º do Código de Processo Civil, de mais a mais a demonstrar o perfeito cabimento da medida.
Corrobora tal tese a jurisprudência recente do
Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, vejamos:
“PENHORA – Pretensão de que a constrição recaia
sobre 30% dos proventos de aposentadoria do Executado, ora Agravado – Possibilidade apenas em relação ao montante relativo aos honorários advocatícios - Exceção à regra da impenhorabilidade, prevista no §2º, do artigo 833, do CPC/2015, que permite a penhora na hipótese de pagamento de prestação alimentícia, independentemente de sua origem – No caso, pequena parte do débito exequendo é relativo à verba honorária – Possibilidade de constrição de 10% do valor da aposentadoria para pagamento de referida parcela, ante sua natureza alimentar – Mantida a impossibilidade de penhora para quitação do restante do valor devido - Decisão reformada – Recurso provido, em parte.” (Agravo de Instrumento nº 2216987-35.2019.8.26.0000, Relator (a): Mario de Oliveira, Órgão Julgador: 38ª Câmara de Direito Privado, TJ/SP – julgado em 21/02/2020).
“AGRAVO DE INSTRUMENTO. Execução de Título
Extrajudicial. Contrato de Honorários Advocatícios. Decisão que indeferiu o pedido de penhora sobre trinta por cento (30%) dos proventos de aposentadoria do executado. INCONFORMISMO do exequente deduzido no Recurso. ACOLHIMENTO PARCIAL. Débito exequendo formado por honorários advocatícios contratuais, que constituem crédito de natureza alimentar. Impenhorabilidade que comporta mitigação, "ex vi" do artigo 833. § 2º, do CPC de 2015. Penhora sobre dez por cento (10%) dos proventos de aposentadoria do executado que se mostra razoável e proporcional. Decisão parcialmente reformada. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.*” (Agravo de Instrumento nº 2100918-17.2019.8.26.0000, Relator (a): Daise Fajardo Nogueira Jacot, Órgão Julgador: 27ª Câmara de Direito Privado, TJ/SP – julgado em 17/01/2020).
“CUMPRIMENTO DE SENTENÇA. Pedido de
penhora sobre 30% de eventuais honorários sucumbenciais que porventura o executado vier a receber. Hipótese em que se trata de execução de honorários advocatícios. Verba de natureza alimentar. Súmula vinculante nº 47. Aplicabilidade da exceção à regra da impenhorabilidade. Art. 833, § 2º, do CPC. Possiblidade de constrição. Recurso provido.” (Agravo de Instrumento nº 2228971- 16.2019.8.26.0000, Relator (a): Gilberto dos Santos, Órgão Julgador: 11ª Câmara de Direito Privado, TJ/SP – julgado em 18/12/2019).
Desta feita, diante da possibilidade de constrição
sobre proventos de aposentadoria para pagamento da verba honorária ora executada, serve a presente para requerer se digne Vossa Excelência deferir a penhora dos valores recebidos a título de aposentadoria pelo executado, expedindo-se competente ofício ao INSS para que retenha o valor na fonte, transferindo mensalmente os valores para conta judicial vinculada aos autos, até satisfação do crédito atualizado de R$ 48.023,24, conforme planilha anexa.