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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA

IDA
Nº 70055512461 (Nº CNJ: 0275873-61.2013.8.21.7000)
2013/CÍVEL

NOVO JULGAMENTO. APELAÇÃO CIVEL.


PREVIDÊNCIA PRIVADA. AÇÃO REVISIONAL.
MIGRAÇÃO. REG/REPLAN. CLÁUSULA DE
RENÚNCIA. AUSÊNCIA DE ABUSIVIDADE.
INAPLICABILIDADE DO CDC.
1. Mesmo considerando a inaplicabilidade do CDC às
entidades fechadas de previdência complementar, caso dos
autos, não há alteração do resultado final proposto, haja vista
a necessária observância aos princípios da boa-fé e da
função social do contrato (arts. 421 e 422 do CC). Além
disso, o art. 423 do CC determina que, no contrato de
adesão, deve-se adotar a interpretação mais favorável ao
aderente.
2. A nulidade das cláusulas de renúncia a direito adquirido e
desistência das regras do plano anterior no termo de
transação extrajudicial não obstam a migração nem permite
a invocação do plano de benefícios primitivo, sob pena de
criar, na verdade, uma terceira espécie de plano,
aproveitando-se os benefícios do antigo e acrescentadas
vantagens ao novo. Sendo assim, em que pese eventual
migração ou adesão a novo plano não impeça o exame
judicial, a pretensão não merece prosperar.
3. Situação em que os autores aderiram ao novo plano de
previdência privada REG/REPLAN em 01-08-1977, bem
como aceitaram os termos quanto ao saldamento em 25-8-
2006 e em 25/1/2008, oportunidade em que concederam
plena quitação de todos direitos relacionados ao plano
originário.
4. Diante da renúncia expressa aos direitos previstos no
plano anterior, bem como renúncia das ações, inexistindo
qualquer indício de conduta ilegal pela ré que demonstre
coação e macule a autonomia da vontade da parte
demandante, o pedido de declaração de nulidade de
cláusulas do novo plano deve ser julgado improcedente.
5. Redimensionamento dos ônus sucumbenciais.
APELAÇÃO PROVIDA EM NOVO JULGAMENTO.

APELAÇÃO CÍVEL QUINTA CÂMARA CÍVEL

Nº 70055512461 (Nº CNJ: 0275873- COMARCA DE PORTO ALEGRE


61.2013.8.21.7000)

FUNDACAO DOS ECONOMIARIOS APELANTE


FEDERAIS - FUNCEF

CARLOS ELLY PINTO PALMA APELADO

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IDA
Nº 70055512461 (Nº CNJ: 0275873-61.2013.8.21.7000)
2013/CÍVEL

MARIANO CANCIAN BELLE APELADO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.


Acordam os Desembargadores integrantes da Quinta Câmara Cível do
Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em prover o apelo da ré, em novo julgamento.
Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além da signatária (Presidente), os eminentes
Senhores DES. JORGE ANDRÉ PEREIRA GAILHARD E DES.ª LUSMARY
FATIMA TURELLY DA SILVA.
Porto Alegre, 31 de maio de 2023.

DES.ª ISABEL DIAS ALMEIDA,


Relatora.

RELATÓRIO
DES.ª ISABEL DIAS ALMEIDA (RELATORA)
Trata-se de novo julgamento da apelação cível interposta por FUNDAÇÃO
DOS ECONOMIÁRIOS FEDERAIS - FUNCEF, em face da sentença (fls. 572-580),
proferida nos autos da ação ordinária de cobrança proposta por CARLOS ELLY PINTO
PALMA e MARIANO CANCIAN BELLE, que julgou a demanda nos seguintes termos:

Isso posto>
a) JULGO EXTINTO O FEITO em relação ao autor
Mariano Cancian Belle, com Bse no artigo 267, inciso V, do
Código de Processo Civil (litispendência).
Condeno o demandante ao pagamento de 50% das custas
processuais e dos honorários advocatícios ao procurador da
parte contrária, que fixo em R$ 700,00, corrigidos
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monetariamente pelo IGP-M FGV, a partir desta data até o


efetivo pagamento.
b) Afasto as demais preliminares e JULGO
PARCIALMENTE PROCEDENTES os pedidos formulados
por Carlos Ely Pinto Palma somente para declarar a
nulidade das cláusulas 5º do Termo de Adesão e Transação
ao Regulamento de Benefício REB e 5º, 6º e 7º do Termo de
Adesão às Regras de Saldamento do REG/REPLAN e
Novação de Direitos Previdenciários.
Diante da sucumbência recíproca, condeno o autor Carlos
Ely Pinto a arcar com 30% das custas processuais e
honorários advocatícios ao patrono da parte adversa, que
fixo em R$ 1.000,00, corrigidos monetariamente pelo IGP-
M FGV desde esta data até o efetivo pagamento, tendo em
vista os critérios legais, bem como a singeleza da matéria,
face à sua repetitividade, sendo admitida a compensação.
Ainda, condeno a ré a arcar com 20% das custas
processuais e honorários advocatícios ao patrono da parte
adversa, que fixo em R$ 600,00, corrigidos monetariamente
pelo IGP-M FGV desde esta data até o efetivo pagamento,
tendo em vista os critérios legais, bem como a singeleza da
matéria, face à sua repetitividade, sendo admitida a
compensação.

Interpostos embargos de declaração pelo autor Carlos Elly Pinto Palma (fls.
583-585), foram desacolhidos nos seguintes termos (fl. 595):

R.h. Vistos, etc.


Recebo os embargos declaratórios opostos pelo autor
Carlos (fls. 583/585), visto que tempestivos, e desacolho os
mesmos, pois na sentença não há omissão, já que não está
em debate na ação proposta a natureza jurídica do auxílio
alimentação e do auxílio cesta alimentação.
Basta uma simples leitura da sentença para verificar que
tem por base o auxílio cesta alimentação, requerido na
inicial, havendo apenas breve menção à Súmula 680 do STF
na fl. 579, sem que a mesma tenha sido empregada para
fundamentar o julgamento de improcedência do pedido de
inclusão do auxílio cesta alimentação na aposentadoria.
[...]

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Conforme já relatado, a parte ré, em suas razões recursais (fls. 586-593v.),


reedita, inicialmente, as preliminares arguidas ao longo do processado, de prescrição do
fundo de direito, e de necessidade de formação de litisconsórcio necessários com a Caixa
Econômica Federal e a consequente remessa dos autos à Justiça Federal. Atinente ao
mérito, discorre sobre os efeitos da renúncia aos planos anteriores na hipótese de migração,
o que se deu na hipótese vertente. Enfatiza que a transação realizada implicou na renúncia
ao direito de ação nos termos pretendidos na presente demanda, porquanto a parte autora
desistiu e renunciou expressamente às possíveis ações contra a recorrente, vinculadas ao
seu anterior regulamento. Colaciona precedentes em prol das teses que defende, pugnando,
ao final, pelo provimento do recurso.
Foram apresentadas contrarrazões (fls. 598-615), subindo os autos a esta
Corte, vindo conclusos.
Foi proferido acórdão de julgamento em 11/9/2013 (fls. 619-626),
desacolhendo as preliminares e desprovendo a apelação, assim ementado:
APELAÇÃO CÍVEL. PREVIDÊNCIA PRIVADA.
AÇÃO ORDINÁRIA. FUNDAÇÃO DOS
ECONOMIÁRIOS FEDERAIS - FUNCEF.
MIGRAÇÃO DE PLANOS.
LITISCONSÓRCIO PASSIVO. Descabida a formação de
litisconsórcio passivo entre a demandada e a Caixa
Economia Federal, visto que a relação jurídica em debate diz
respeito a benefício previdenciário de natureza
complementar, não estando em liça relação obrigacional pela
qual deva responder a instituição financeira. Desnecessidade
de remessa dos autos à Justiça Federal.
PRESCRIÇÃO. Em se tratando de obrigação de trato
sucessivo, não há falar em prescrição do fundo de direito,
mas apenas das parcelas anteriores ao quinquênio de
ajuizamento da ação. Precedentes do STJ e desta Corte.
MIGRAÇÃO. A migração não tem o condão de acarretar a
renúncia ao direito adquirido, no plano anterior, com base no
art. 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal Desta forma,
é possível o controle judicial das cláusulas do novo plano
previdenciário.
PREQUESTIONAMENTO. A decisão não está obrigada a
enfrentar todos os dispositivos legais levantados em recurso,
mas, sim, a resolver a controvérsia posta.
DESACOLHIDAS AS PRELIMINARES E APELAÇÃO
DESPROVIDA.

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Interpostos recurso especial (fls. 629-649) e extraordinário (fls. 652-659)


pela ré, a 3º Vice-Presidência desta Corte negou seguimento ao Recurso Especial em relação
à matéria abrangida pelo REsp n. 1.370.191/RJ (Tema 936/STJ); e admitiu o recurso em
relação à inaplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor (fls. 802-813).
Sobreveio julgamento do Recurso Especial interposto (fls. 839-841-v),
conhecendo em parte e, nessa extensão, provendo parcialmente para determinar novo
julgamento da apelação à luz do entendimento vinculante da Súmula 563/STJ e do Tema 943
dos Recursos Repetitivos.
As partes foram intimadas do retorno dos autos (fl. 844) e deixaram de se
manifestar.
Foram observados os dispositivos legais, considerando a adoção do sistema
informatizado.
É o relatório.

VOTOS
DES.ª ISABEL DIAS ALMEIDA (RELATORA)
Eminentes colegas.
Na inicial, busca a parte autora a declaração de nulidade de cláusulas
abusivas em virtude de migração realizada do Termo de Adesão e Transação ao
Regulamento de Benefícios REB, Termo de Adesão às Regras de Saldamento do
REG/REPLAN e Novação de Direitos Previdenciários. Além disso, postula a incorporação
aos seus proventos do benefício cesta-alimentação e 13ª cesta-alimentação. A ação foi
julgada parcialmente procedente, sendo indeferida a incorporação dos benefícios referidos.
Sobreveio a apelação da parte ré insurgindo-se quanto ao desacolhimento de
preliminares e, atinente ao mérito, contra a declaração de nulidade de cláusulas dos Termos
citados.
No Recurso Especial n. 1850777/RS, interposto pela ré, foi dado parcial
provimento à parte conhecida para determinar o rejulgamento da apelação à luz do
entendimento vinculante da Súmula 563/STJ e do Tema 943 dos Recursos Repetitivos.

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Com efeito, o Código de Defesa do Consumidor é inaplicável no caso por se


tratar de contrato entabulado entre a parte autora e entidade de previdência complementar
fechada, nos termos da Súmula 563/STJ, in verbis:

O Código de Defesa do Consumidor é aplicável às entidades abertas de


previdência complementar, não incidindo nos contratos previdenciários
celebrados com entidades fechadas.

Mesmo considerando a inaplicabilidade do CDC às entidades fechadas de


previdência complementar, caso dos autos, não há alteração do resultado final proposto, haja
vista a necessária observância aos princípios da boa-fé e da função social do contrato (arts.
421 e 422 do CC). Além disso, o art. 423 do CC determina que, no contrato de adesão, deve-
se adotar a interpretação mais favorável ao aderente.
Significa dizer que, mesmo não se tratando de relação de consumo, o Código
Civil prevê a necessidade de proteção do vulnerável contratual, com a vedação da
onerosidade excessiva e de cláusulas antissociais por abuso de direito (art. 187).
Quanto ao pedido de declaração de nulidade das cláusulas alegadamente
abusivas contidas nos termos de adesão referentes à renúncia a direitos adquiridos em planos
anteriores e a desistência a ações judiciais, entendo que, na esteira do moderno
posicionamento da Corte Superior, não merece acolhida.
Isso porque a nulidade das cláusulas de renúncia a direito adquirido e
desistência das regras do plano anterior no termo de transação extrajudicial não obstam a
migração nem permite a invocação do plano de benefícios primitivo, sob pena de criar, na
verdade, uma terceira espécie de plano, aproveitando-se os benefícios do antigo e
acrescentadas vantagens ao novo. Sendo assim, em que pese eventual migração ou adesão a
novo plano não impeça o exame judicial, a pretensão não merece prosperar.
Frisa-se que os autores aderiram ao novo plano de previdência privada
REG/REPLAN em 01-08-1977, bem como aceitaram os termos quanto ao saldamento em
25-8-2006 e em 25/1/2008 (fls. 264 e 274), oportunidade em que concederam plena quitação
de todos direitos relacionados ao plano originário.
Consoante se extrai do documento de migração trazido com a contestação,
os demandantes aderiram à troca de plano, sem que exista qualquer indício probatório de que
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tenham sido obrigados a aderir a tal modificação, senão que optaram de forma voluntária ao
novo plano de benefícios e ao seu regulamento.
Não há indícios de qualquer conduta ilegal ou abusiva da parte requerida a
ensejar o reconhecimento da abusividade ou descumprimento do pactuado por ocasião do
saldamento do contrato anterior e da formação dos valores que passaram a servir de base do
plano de complementação que passou a viger entre as partes.
No mesmo sentido é a tese firmada pelo e. STJ no item 1.2 do julgamento do
Tema Repetitivo 943:

1.2. Em havendo transação para migração de plano de benefícios, em observância à


regra da indivisibilidade da pactuação e proteção ao equilíbrio contratual, a
anulação de cláusula que preveja concessão de vantagem contamina todo o negócio
jurídico, conduzindo ao retorno ao status quo ante.

E a jurisprudência desta Câmara:


APELAÇÃO CÍVEL. PREVIDÊNCIA PRIVADA. FUNDAÇÃO ATLANTICO DE
SEGURIDADE SOCIAL. REJEITADAS AS PRELIMINARES DE SUSPENSÃO
DO FEITO, ILEGITIMIDADE PASSIVA DA FUNDAÇÃO, LITISCONSÓRCIO
PASSIVO NECESSÁRIO, PRESCRIÇÃO DO FUNDO DE DIREITO,
DECADÊNCIA, INÉPCIA DA INICIAL E AUSÊNCIA DE INTERESSE DE
AGIR. MIGRÇAÃO PLANO. VERBAS REMUNERATÓRIAS RECONHECIDAS
PELA JUSTIÇA DO TRABALHO. DIFERENÇAS SALARIAIS.
POSSIBILIDADE DE INCORPORAÇÃO. TEMAS 955 E 1.021 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. CABIMENTO DA COMPENSAÇÃO DE VALORES
APÓS LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. SÚMULA 111 DO SUPERIOR
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 1. INICIALMENTE, EM RELAÇÃO AO PEDIDO DE
SOBRESTAMENTO DO FEITO POR CONTA DO TEMA 1.021 DO E. STJ,
TEM-SE QUE RESTOU PREJUDICADA SUA ANÁLISE, HAJA VISTA QUE O
ALUDIDO TEMA JÁ FOI JULGADO PELA INSTÂNCIA SUPERIOR. 2. NÃO
MERECE ACOLHIMENTO A PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE PASSIVA
DA FUNDAÇÃO E DE LITISCONSÓRCIO PASSIVO NECESSÁRIO COM A OI
S/A, UMA VEZ QUE O TEMA EM DEBATE JÁ ESTÁ PACIFICADO NO E.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, NO SENTIDO DE QUE O
PATROCINADOR NÃO TEM LEGITIMIDADE PARA FIGURAR NO POLO
PASSIVO NOS FEITOS EM QUE A CONTROVÉRSIA É REFERENTE A
PLANOS DE BENEFÍCIOS, POIS SÃO DEMANDAS QUE ENVOLVEM
SOMENTE A ENTIDADE DE PREVIDÊNCIA PRIVADA E O PARTICIPANTE.
3. QUANTO ÀS PRELIMINARES DE DECADÊNCIA E DE PRESCRIÇÃO,
SEM RAZÃO A PARTE RÉ, PORQUANTO NAS AÇÕES EM QUE O PLEITO
VERSA SOBRE A COMPLEMENTAÇÃO DA APOSENTADORIA OU
REVISÃO DO BENEFÍCIO, TRATANDO-SE DE RELAÇÃO DE TRATO
SUCESSIVO, RATIFICADA POR POSTERIORES REPACTUAÇÕES, EM QUE
AS PRESTAÇÕES SÃO CONTINUADAS, NÃO HÁ FALAR EM

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DECADÊNCIA, E, QUANTO À PRESCRIÇÃO, ESTA OCORRE SOMENTE


QUANTO ÀS PARCELAS VENCIDAS ANTERIORES AO QUINQUÊNIO QUE
ANTECEDE O AJUIZAMENTO DA DEMANDA, NOS TERMOS DA SÚMULA
291 DO STJ. 4. É DE SER AFASTADA A PRELIMINAR DE INÉPCIA DA
INICIAL, UMA VEZ QUE A EXORDIAL ATENDEU OS SEUS
PRESSUPOSTOS, HAVENDO NOS AUTOS CAUSA DE PEDIR ARTICULADA
DE MANEIRA LÓGICA E ADEQUADA, TAMBÉM CABENDO MENCIONAR
QUE A INICIAL FOI INSTRUÍDA COM OS DOCUMENTOS MÍNIMOS
NECESSÁRIOS À PROPOSITURA DA DEMANDA. 5. COM RELAÇÃO À
PRELIMINAR DE FALTA DE INTERESSE DE AGIR DA PARTE AUTORA,
IGUALMENTE NÃO MERECE SER REFORMADA A SENTENÇA, POIS A
PARTE AUTORA PRETENDE A APLICAÇÃO EM SEU BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO DAS PARCELAS RECONHECIDAS EM DEMANDA
TRABALHISTA. AINDA, HÁ QUE SE SALIENTAR O EVIDENTE VÍNCULO
JURÍDICO ESTABELECIDO ENTRE AS PARTES. 6. NA QUESTÃO DE
FUNDO, VERIFICA-SE QUE A MATÉRIA POSTA EM LIÇA SE REFERE À
INCLUSÃO, NO CÁLCULO DO BENEFÍCIO DE PREVIDÊNCIA
COMPLEMENTAR VINCULADO AO DEMANDANTE, DE VERBAS
REMUNERATÓRIAS RECONHECIDAS PELA JUSTIÇA DO TRABALHO. 7. É
INCONTROVERSO NO FEITO QUE O AUTOR FIRMOU O “TERMO DE
TRANSAÇÃO EXTRAJUDICIAL E OPÇÃO DE MIGRAÇÃO AO PLANO DE
BENEFÍCIOS BRTPREV”. DESSA MANEIRA, DE FATO, NÃO PODEM SER
APLICADAS AS DISPOSIÇÕES ESTABELECIDAS NO PLANO ANTIGO, EIS
QUE DA LEITURA DAS CLÁUSULAS DO REFERIDO TERMO, VERIFICA-SE
A RENÚNCIA PELO AUTOR QUANTO AOS DIREITOS RELACIONADOS AO
PLANO ORIGINÁRIO. 8. ESTABELECIDO O PLANO QUE INCIDENTE AO
CASO EM ANÁLISE, PASSA-SE A VERIFICAR A POSSIBILIDADE DE
ACOLHIMENTO DO PLEITO AUTORAL QUANTO À INCLUSÃO DE
VERBAS REMUNERATÓRIAS RECONHECIDAS PELA JUSTIÇA LABORAL
EM SEU BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO. E, NO PONTO, TEM-SE QUE DEVE
SER APLICADA A MODULAÇÃO DOS EFEITOS DA DECISÃO DO E.
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, QUANDO DO JULGAMENTO DOS
TEMAS 955 E 1.021. 9. O REGULAMENTO APLICÁVEL TRAZ PREVISÃO
NO SENTIDO DE QUE, PARA FINS DE CÁLCULO DO BENEFÍCIO
PREVIDENCIÁRIO, SERÃO CONSIDERADAS AS VERBAS
REMUNERATÓRIAS DO PARTICIPANTE. 10. ASSIM, EM TENDO SIDO
RECONHECIDO, PELA JUSTIÇA DO TRABALHO, O DIREITO AO
RECEBIMENTO DE VERBAS REVESTIDAS DE CARÁTER
REMUNERATÓRIO, HÁ QUE SE RECONHECER A POSSIBILIDADE DE
INCLUSÃO DOS REFLEXOS DA REFERIDA VERBA NO CÁLCULO DA
RENDA MENSAL INICIAL DO DEMANDANTE. 11. PARA TANTO, A TEOR
DO QUE DETERMINOU O C. STJ, PARA A EFETIVAÇÃO DA REFERIDA
INCLUSÃO, HÁ QUE SE ESTIPULAR A PREMÊNCIA DA RECOMPOSIÇÃO
PRÉVIA E INTEGRAL DAS RESERVAS MATEMÁTICAS, A QUAL SE DARÁ
ATRAVÉS DO DEVIDO APORTE PELO DEMANDANTE DE VALOR A SER
APURADO, EM SEDE DE LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA, POR ADEQUADO
ESTUDO TÉCNICO ATUARIAL. NO PONTO, ENTENDE-SE PELA
POSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO ENTRE A VERBA A SER PAGA PELA
DEMANDADA A TÍTULO DE REVISÃO DE BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO
E A RECOMPOSIÇÃO DAS RESERVAS MATEMÁTICAS DEVIDAS PELO
AUTOR, À LUZ DA JURISPRUDÊNCIA DESTA C. CÂMARA CÍVEL. 12. EM
RELAÇÃO À VERBA SUCUMBENCIAL, DEVE SER DETERMINADA A
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OBSERVÂNCIA À SÚMULA 111 DO E. STJ. PREFACIAIS REJEITADAS E,


NO MÉRITO, APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA.(Apelação Cível, Nº
50097179820148210001, Quinta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator:
Lusmary Fatima Turelly da Silva, Julgado em: 26-11-2021)

Dessa forma, diante da renúncia expressa aos direitos previstos no plano


anterior, bem como renúncia das ações, inexistindo qualquer indício de conduta ilegal pela ré
que demonstre coação e macule a autonomia da vontade da parte demandante, o pedido de
declaração de nulidade daquelas cláusulas deve ser julgado improcedente também.
Ainda, diante da total improcedência dos pedidos formulados na inicial,
redimensiono os ônus sucumbenciais, devendo o autor Carlos Ely Pinto Palma arcar com a
integralidade das custas e honorários advocatícios em favor do patrono da ré, que mantenho
no valor fixado na sentença em R$1.000,00, conforme o disposto no art. 85, §8º, do CPC.
Isso posto, voto por prover o apelo da ré em novo julgamento, nos termos da
fundamentação.

DES. JORGE ANDRÉ PEREIRA GAILHARD - De acordo com o(a) Relator(a).


DES.ª LUSMARY FATIMA TURELLY DA SILVA - De acordo com o(a) Relator(a).

DES.ª ISABEL DIAS ALMEIDA - Presidente - Apelação Cível nº 70055512461, Comarca


de Porto Alegre: "EM NOVO JULGAMENTO, PROVERAM O APELO DA RÉ.
UNÂNIME."

Julgador(a) de 1º Grau: VIVIANE SOUTO SANT'ANNA

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