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Tribunal de Justiça do Estado da Bahia


PODER JUDICIÁRIO
QUARTA TURMA RECURSAL - PROJUDI

PADRE CASIMIRO QUIROGA, LT. RIO DAS PEDRAS, QD 01, SALVADOR - BA


ssa-turmasrecursais@tjba.jus.br - Tel.: 71 3372-7460

Ação: Procedimento do Juizado Especial Cível


Recurso nº 0002170-49.2022.8.05.0004
Processo nº 0002170-49.2022.8.05.0004
Recorrente(s):
COELBA COMPANHIA DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA

Recorrido(s):
JOSE EDILSON PORFIRO FERREIRA

DECISÃO MONOCRÁTICA

RECURSO INOMINADO. PRESSUPOSTOS RECURSAIS ATENDIDOS. DEMANDAS


REPETITIVAS. ART. 15, INC. XII, RESOLUÇÃO N° 02/2021 DO TJ/BA. DIREITO DO
CONSUMIDOR. SERVIÇO DE FORNECIMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA.
REFATURAMENTO DE CONSUMO. SUPOSTA RECUPERAÇÃO DE CONSUMO EM
DECORRÊNCIA DE IRREGULARIDADE NO MEDIDOR. INADEQUAÇÃO DO MÉTODO
UTILIZADO PELA COMPANHIA DE ENERGIA PARA COMPELIR O CONSUMIDOR AO
PAGAMENTO DE DÉBITO, UMA VEZ QUE APURADO UNILATERALMENTE PELA
MESMA E CONTESTADO PELO CONSUMIDOR. OFENSA AO PRINCÍPIO DO
CONTRADITÓRIO. ABUSIVIDADE DA CONDUTA DA ACIONADA. COBRANÇA DE
DÉBITO RELATIVO A CONSUMO DE ENERGIA EM VALOR MUITO SUPERIOR AO
CONSUMO NORMAL. DOS AUTOS NÃO SE EXTRAI QUE O APONTADO DEFEITO NO
MEDIDOR TENHA SIDO FRUTO DE AÇÃO DO USUÁRIO DO SERVIÇO. CONSUMIDOR
QUE NÃO PODE SER PENALIZADO POR FALHA DO SERVIÇO DA
CONCESSIONÁRIA DE SERVIÇO PÚBLICO. HISTÓRICO DE CONSUMO QUE NÃO
REVELA PATAMAR COBRADO PELA CONCESSIONÁRIA. PEDIDO DE INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS. AUSÊNCIA DE SUSPENSÃO OU NEGATIVAÇÃO INDEVIDA.
DANOS MORAIS NÃO CONFIGURADOS. SENTENÇA REFORMADA PARCIALMENTE
TÃO SOMENTE PARA EXCLUIR A INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. RECURSO
DA ACIONADA CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.

Vistos, etc…

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A Resolução nº 02, de 10 de fevereiro de 2021, que instituiu o Regimento Interno das


Turmas Recursais dos Juizados Especiais Cíveis, Criminais e da Fazenda Pública do
Estado da Bahia e da Turma de Uniformização da Jurisprudência, estabeleceu a
competência do relator para julgar monocraticamente matérias com uniformização de
jurisprudência ou entendimento sedimentado.

Analisados os autos observa-se que tal matéria já se encontra sedimentada no âmbito da


4ª Turma Recursal. É o caso dos autos.

Preliminares debatidas na sentença cuja fundamentação passo a integrar o presente


julgado.

A sentença de mérito julgou parcialmente procedente os pedidos, nos seguintes termos:


“12 - Posto isso, nos termos dos artigos 5º, X e XXXII, da CF, arts. 186 e 927 do Código
Civil, e arts. 6º, VI, 12, 14, 18, 19 e 20 do CDC, JULGO PROCEDENTE o pedido inicial,
resolvendo-se o mérito da causa (art. 487, I, CPC), para: (a) DECLARAR indevida a
fatura, contrato n. 0219797753 e foi cobrada no valor de R$ 7.575,43, com vencimento
em 05/12/2019. (b) DECLARAR a nulidade da cobrança. (c) CONDENAR A
RÉ cancelar a dívida e abster-se de cobrar o valor de R$ 7.575,43, direta ou
indiretamente, sob pena de multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a cada cobrança
indevida e restituição em dobro do valor eventualmente pago. (d) CONDENAR A RÉ
a pagar à parte Autora a quantia de R$ 800,00 (oitocentos reais), a título de
compensação pelos danos morais, devendo incidir correção monetária (INPC) a partir
desta decisão (Súmula 362 do STJ) e juros moratórios de 1% ao mês a partir da citação
(STJ, AgInt no REsp 1426478) (art. 322, § 1º, do CPC). Saliente-se que continua vigendo a
Súmula 326 do STJ, enquanto não houver superação por aquele tribunal.
(e) Julgo improcedente o pedido contraposto.”

Inconformada, a parte ré interpôs recurso inominado.

JOSE EDILSON PORFIRO FERREIRA ajuizou esta ação contra COELBA COMPANHIA
DE ELETRICIDADE DO ESTADO DA BAHIA, requerendo o restabelecimento e/ou
manutenção do fornecimento de energia e indenização por danos morais.

Alega, em síntese, que está sendo cobrada no importe de R$ 7.575,43, com vencimento
em 05.12.2019, embora sempre tivesse o histórico de consumo baixo.

A acionada, por seu turno, arguiu a preliminar de complexidade da causa, haja vista a
necessidade de realização de perícia e, no mérito, sustentou a regularidade do débito, sob
o fundamento de que realizou uma inspeção no seu imóvel e constatou uma irregularidade

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no medidor, gerando, portanto, o débito impugnado. Ainda, refuta todos os argumentos


aduzidos pela autora na inicial, e defende a inexistência no dever de indenizar.

Ao compulsar os autos, é de se ver que a inspeção realizada não observou os princípios


constitucionais do contraditório e da ampla defesa. Não se pode emprestar o caráter de
prova pericial à inspeção unilateralmente procedida pela empresa fornecedora de energia
elétrica, pois não foi facultado ao consumidor se valer de auxiliar com conhecimento
técnico específico na área durante a alegada constatação.

Com efeito, a alegada irregularidade não foi devidamente apurado, como também o valor
encontrado pela Recorrente como diferença de consumo lastreou-se em estimativas, o que
afronta o direito de informação que regula as relações de consumo, consoante reza o art.
4º do CDC.

A responsabilidade objetiva das empresas concessionárias de energia elétrica é


respaldada, inclusive, em regra constitucional inserida no parágrafo 6º, do art. 37.

Contudo, os fatos narrados não configuram dano moral, tendo em vista que não
desbordaram os limites do mero aborrecimento. Não restou demonstrado que ocorreu a
suspensão do serviço, tampouco a inscrição da parte autora em cadastro de
proteção ao crédito ou qualquer situação mais grave, que ocasionasse ofensa a
honra objetiva da acionante, tal como negativação ou suspensão do serviço.

Ante o exposto, nos termos do art. 15, inc. XII, do Regimento Interno das Turmas
Recursais, DÁ-SE PROVIMENTO AO RECURSO INOMINADO DA RÉ para excluir da
sentença tão somente a condenação por danos morais, mantendo-se seus demais termos.

Sem ônus da sucumbência.

Em havendo embargos de declaração, as partes ficam, desde já, cientes de que "quando
manifestamente protelatórios os embargos de declaração, o juiz ou o tribunal, em decisão
fundamentada, condenará o embargante a pagar ao embargado multa não excedente a
dois por cento sobre o valor atualizado da causa", nos termos do § 2°, art. 1.026, CPC.

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Em não havendo mais recursos, após o decurso dos prazos recursais, deverá a Secretaria
das Turmas Recursais certificar o trânsito em julgado e promover a baixa dos autos ao
MM. Juízo de origem.

Salvador/BA, 30 de novembro de 2022.

MARTHA CAVALCANTI SILVA DE OLIVEIRA

JUÍZA DE DIREITO RELATORA

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