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AUTOS FINDOS

6ª Vara de Família da Comarca de Belo Horizonte


]Proc. Número: 6098618-41.2015.8.13.0024
Valor da causa: R$ 788,00
Direito de família : guarda

1. Ação

A presente ação é uma ação cívil na área de família, com um pedido de expedição do
2. Nome do Autor

A ação foi proposta por RENATO JOSÉ DE SOUZA LEITE


3. Nome do Réu

A ação foi promovida em face do: Procurador-Chefe da 2ª Procuradoria da Dívida Ativa do


Estado de Minas Gerais; ESTADO DE MINAS GERAIS; Superintendente Regional da Fazenda
em Belo Horizonte.
4. Fatos

A Impetrante, empresa autorizatária de serviços públicos de telecomunicação, foi autuada pela


Fiscalização Estadual por ter deixado de recolher o ICMS supostamente incidente sobre
prestações de serviços de comunicação por meio de cartões e recargas de telefonia móvel
pré-pagas, no período compreendido entre junho a dezembro de 2010.

Regularmente impugnado, o auto de infração foi julgado integralmente procedente, decidindo o


Conselho de Contribuintes do Estado de Minas Gerais pela manutenção das exigências do
imposto supostamente devido, bem como pela correta aplicação das penalidades aplicadas. Neste
contexto, diante do encerramento do processo administrativo, a Impetrante está exposta a
nefastos danos de difícil reparação, consubstanciado na iminência de inscrição em dívida ativa e
subsequente encaminhamento à execução fiscal do débito, o que certamente impactará sua
capacidade de comprovação de regularidade fiscal e demandará a indisponibilização de vultoso
patrimônio para fins de garantia da execução fiscal.
Assim, impetrou-se tal mandada, pelo qual pleiteia a extinção integral do crédito tributário,
alegando o impetrante que as recargas e cartões pré-pagos de telefonia móvel são cartões, fichas
ou assemelhados e, conforme prevê expressamente a Lei Complementar nº 87/96, devem ser
tributados pelo ICMS no momento do seu fornecimento.

5. Pedidos do reclamante

Pediu a Impetrante a concessão de medida liminar, inaudita altera parte, nos termos do art. 7º, III
da Lei nº 12.016/09, para determinar às Autoridades Coatoras, por si ou por seus subordinados,
que se abstenham de exigir, inscrever em dívida ativa, ou executar o suposto crédito tributário
consubstanciado no AI nº 01.000245254.71 (doc. nº 03, cit.), bem como de lhe impor qualquer
restrição direta ou indireta relacionada a este lançamento, tais como: denegação de certidão com
efeitos negativos, inscrição no CADIN Estadual, negativa de regimes especiais que dependem da
prova de regularidade fiscal;
a concessão da ordem, para que se determine às Autoridades Coatoras, em definitivo, que se
abstenham de exigir, inscrever em dívida ativa, ou executar o suposto crédito tributário, e a
extinção do crédito tributário consolidado no PTA nº 01.000245254.71.

Após isso, os documentos ,com fim de comprovar o direito do impetrante, foram anexados.
6. Recurso Especial

A questão trazida no recurso especial resume-se em definir a que Estado pertence o


ICMS-comunicação incidente sobre o fornecimento de fichas ou cartões telefônicos quando o
estabelecimento revendedor está situado em Estado diverso daquele onde se localiza a sede da
concessionária fornecedora dos cartões. Assim, foi dado provimento ao recurso especial.

Diante disto, foi deferida a liminar, determinando aos Impetrados que se


abstenham de exigir, inscrever em dívida ativa, ou executar o suposto crédito tributário
consubstanciado no AInº 01.000245254.71, bem como de impor a Impetrante qualquer restrição
direta ou indireta relacionada a este lançamento, até decisão final deste juízo.

7. Manifestação do impetrado
Diante da concessão de liminar ao impetrante manifestou da seguinte forma:
1° - Que não houve autuação relativamente à prestação de serviços de telecomunicações mediante
uso de cartões físicos, mas tão somente de recargas virtuais, bem como as diferenças entre uma e
outra modalidade; 2° - Que a decisão prolatada no Acórdão/Resp. 1.119.517, tratada como caso
análogo pela Impetrante, não serve como paradigma para o presente caso; 3° - Que o sujeito ativo
da obrigação tributária não está sob a égide da Lei Complementar, devendo esta ser interpretada
conforme a Constituição da República e partindo de uma visão sistemática; 4° - Que a Lei
Complementar 87/96 não ampara a Impetrante em sua pretensão, bem como a legislação estadual
que rege a espécie; 5° - Que a Impetrante mudou o seu comportamento a partir do ano de 2013;
6° - Que as multas são devidas, em razão de descumprimento das duas obrigações: principal e
acessória, desprovidas de confiscatoriedade; 7° - Que a decisão liminar deve ser modificada, haja
vista que ausentes os requisitos que ensejaram o seu deferimento.

8. Manifestação da promotoria

Em decisão, deu-se a promotoria : DIANTE DO EXPOSTO, e o mais que dos autos consta,
DENEGO A SEGURANÇA, resolvendo o mérito, nos termos do art. 269, inciso I, do CPC. Sem
condenação em honorários advocatícios, com apoio nas Súmulas 512 do STF e 105 do STJ e art.
25 da Lei 12.016/2009.
9. Apelação
Após essa decisão, sobreveio sentença denegando a segurança, fundamentada, precipuamente,
na diferença existente entre os cartões indutivos para uso em terminais públicos (“orelhões”) e
os créditos virtuais disponibilizados eletronicamente, o que, segundo a decisão, alteraria a regra
de tributação. O recebimento da apelação epigrafada em seu duplo efeito (devolutivo e
suspensivo-ativo), revigorando os efeitos da liminar inicialmente concedida, e, a reforma da
sentença recorrida para que seja concedida a segurança, de modo a determinar às Autoridades
Impetradas, em definitivo, que se abstenham de exigir, inscrever em dívida ativa, ou executar o
suposto crédito tributário consubstanciado no AI nº 01.000245254.71, bem como de lhe impor
qualquer restrição direta ao indireta relacionada a este lançamento, decretando-se, nessa
oportunidade, a extinção do crédito tributário consolidado no PTA nº 01.000245254.71.

10. Embargos de declaração da impetrante


Na decisão proferida em 17 de março de 2016, foi deferido por este d. Magistrado o recebimento
da apelação aviada pela Empresa em ambos os efeitos, haja vista, conforme demonstrado no
recurso, o evidente dano irreparável (ou de difícil reparação) a que a Empresa está sujeita.

requer a Embargante o acolhimento destes embargos de declaração para sanar a obscuridade


verificada, para que conste na r. decisão, de forma expressa, que a apelação foi recebida em
ambos os efeitos com o objetivo de restabelecer a liminar anteriormente deferida, diante dos
danos irreparáveis ou de difícil reparação, aos quais a Oi Móvel está exposta.

Posto e recebido os embargos de declaração, o juiz rejeitou o recurso.


11. Contrarrazões de apelação do recorrido

Os impetrados, recorreram aos embargos de declaração alegando que “Tais punições, para
cumprirem o seu papel inibitório e pedagógico, hão de ser severas e em valores compatíveis com
o seu propósito, pois de nada adiantaria uma branda penalidade, que não oferecesse ao
contribuinte qualquer receio de vir a atentar contra a legislação tributária. De qualquer forma,
tais penalidades devem estar previstas na legislação da entidade federativa competente para a
instituição do tributo e, somente, por lei, do mesmo ente, pode a respectiva penalidade ser
excluída, na conformidade do que está disposto na Constituição da República (art. 150, §6º) e
Código Tributário Nacional (art. 97, inc. V)”

Esclarece-se que a pretensão da Recorrente de ver reduzida a multa confunde-se com um pleito
de verdadeira ANISTIA, introduzida no CTN como uma das hipóteses de exclusão do crédito
tributário (art. 175, inc. II), cuja redução somente pode ser feita por lei, na conformidade do
previsto nos supracitados dispositivos da CRFB (art. 150, §6º) e CTN (art. 97), não podendo o
Poder Judiciário adentrar a essa seara, pois, do contrário, atentaria contra a Separação dos
Poderes, cláusula pétrea constitucional (art. 60, §4º, inc. III). Por todo o exposto, requerem os
Recorridos que seja negado provimento ao recurso, mantendo-se a denegação da segurança, em
lídimo atendimento ao Direito e à Justiça.

12. Decisão
Tratando-se de mandado de segurança em que foi denegada a segurança, o recurso de apelação
interposto em face de sentença tem, em regra, efeito meramente devolutivo. Todavia, admite-se
o recebimento em ambos os efeitos, em casos excepcionais de flagrante ilegalidade ou
abusividade, ou de dano irreparável ou de difícil reparação

No compulsar dos autos, o perigo está comprovado no fato em verificar que a exigência de
recolhimento do tributo poderá acarretar danos a recorrente, posto que ficará a mesma
impossibilitada em obter a CND, e assim, firmar contratos com o poder público ou
impossibilidade em obter créditos. Na nova sistemática no Novo Código de Processo Civil, a
tutela provisória há de ser concedida quando verificado o perigo de dano, sendo a sua concessão
medida que se impõe. Forte nesses fundamentos, CONCEDO A TUTELA ANTECIPADA
PROVISÓRIA para manter os efeitos da liminar anteriormente deferida pelo Juiz.

13. Da decisão dos embargos

As AUTORIDADES APONTADAS COMO COATORAS, bem como o ESTADO DE MINAS


GERAIS, nos autos do Mandado de Segurança em epígrafe, vem dar ciência da decisão que
negou provimento os Embargos Declaratórios aviados pela Impetrante
14. Acórdão

Vistos etc., acorda, em Turma, a 7ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de


Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em POR MAIORIA, NEGAR
PROVIMENTO AO RECURSO.
15. Pedido de efeito suspensivo

Formulado por Oi Móvel S.A. (em recuperação judicial), em sede de recurso especial interposto
contra acórdão deste Tribunal, que negou provimento à apelação, nos autos de mandado de
segurança em que se discute a sujeição passiva do ICMS relativo à prestação de serviços de
comunicação mediante pagamento em ficha, cartão ou assemelhados.
16. Recurso Especial
Trata-se de recurso especial interposto por Oi Móvel S.A., com fundamento no art. 105, III, “a”,
“b” e “c”, da Constituição da República, contra acórdão deste Tribunal que, por maioria de
votos, negou provimento à apelação nos autos de mandado de segurança em que se discute a
sujeição passiva do ICMS relativo à prestação de serviços de comunicação mediante pagamento
em ficha, cartão ou assemelhados.
A ascensão do recurso é viável, pois se reconhece como configurado o dissídio jurisprudencial
suscitado pela recorrente, haja vista que a divergência se encontra devidamente comprovada
porque trazido à colação o julgado proferido no REsp nº 1.119.517/MG, no qual, em caso
semelhante ao dos autos, a controvérsia foi dirimida de forma contrária à da presente demanda,
concluindo-se que o ICMS-comunicação deve ser recolhido no estado onde se localiza a sede da
concessionária de telefonia que fornece fichas, cartões ou assemelhados, sendo irrelevante o
local da efetiva utilização do serviço pré-pago. Admiteu-se o recurso.
17. Agravo Interno

Trata-se de agravo interno apresentado por Oi Móvel S.A. contra decisão desta VicePresidência
que determinou o sobrestamento do seu recurso extraordinário até pronunciamento do Supremo
Tribunal Federal quanto aos Temas nºs 487 (RE nº 640.452/RO) e 816 (RE nº 882.461/MG). Em
suas razões, a agravante suscita a impossibilidade de sobrestamento do recurso em relação aos
temas indicados, que se aplicariam apenas ao pedido sucessivo formulado em suas razões
recursais. Argumenta, em síntese, que as teses a serem fixadas podem não ser úteis à solução da
demanda caso seja acolhido o pedido principal. Sustenta, ainda, que o entendimento
eventualmente firmado em relação àqueles temas não poderá ser aplicado por este Tribunal antes
da apreciação, pelo STF, do pedido principal. Sucessivamente, aduz a inaplicabilidade do Tema
nº 487 à situação dos autos, assegurando que as multas fiscais aplicadas decorreram do não
recolhimento de ICMS ao Estado de Minas Gerais, não se tratando, pois, como no paradigma, de
multas aplicadas quando a infração praticada não gera débito tributário. Pede, ao final, o regular
prosseguimento do recurso extraordinário ou, ao menos, a exclusão da referência ao Tema nº
487.

Ante o exposto, mantém-se a decisão agravada, e, nos termos do artigo 517, § 10, do RITJMG,
nega-se seguimento ao agravo.

18. Acórdão

Vistos etc., acorda, em Turma, a 7ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de


Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em POR MAIORIA, NEGAR
PROVIMENTO AO RECURSO.
19. Efeito suspensivo do Recurso especial
Aponta, ainda, a ocorrência de dissídio jurisprudencial. Sucessivamente, insurge-se contra as
multas aplicadas, afirmando estar configurado o bis in idem. Na situação em exame, mostra-se
presente, em princípio, o requisito do fumus boni iuris, haja vista revestir-se de razoabilidade a
tese desenvolvida no recurso no sentido de que o ICMS-comunicação deve ser recolhido no
estado onde se localiza a sede da concessionária de telefonia que fornece fichas, cartões ou
assemelhados, sendo irrelevante o local da efetiva utilização do serviço pré-pago. Assim, a
plausibilidade das razões invocadas, aliada à existência de entendimentos divergentes entre os
membros da Turma Julgadora – haja vista o voto vencido -, e o deferimento da medida liminar
na instância de origem, indicam, ao menos em juízo de cognição sumária, a presença do fumus
boni iuris. No que tange ao periculum in mora, entende-se estar configurada a possibilidade de
ocorrer dano grave de difícil reparação à parte requerente, diante da impossibilidade de obter
certidão positiva de débitos com efeito de negativa bem como da iminência de penhora na
execução em curso. Mediante tais considerações, caracterizada a plausibilidade do direito
invocado e o perigo iminente de dano, defere-se o pedido para imprimir efeito suspensivo ativo
ao recurso especial interposto pela requerente, nos termos da medida liminar deferida na
instância de origem.
20. Agravo Interno

Em face das razões lançadas no agravo interno, determina-se a intimação do agravado, Estado
de Minas Gerais, para se manifestar sobre o recurso no prazo legal. Intimem-se
21. Acórdão

Vistos etc., acorda, em Turma, a 7ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de Justiça do Estado de


Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, em POR MAIORIA, NEGAR
PROVIMENTO AO RECURSO.

pós isso, foi admitido recurso com efeito suspensivo do próprio


22. Decisão
OI MÓVEL S/A (em recuperação judicial), já qualificada nos autos do processo epigrafado, em
que contende com o SR. PROCURADOR-CHEFE DA 2ª PROCURADORIA DA DÍVIDA
ATIVA DO ESTADO DE MINAS GERAIS e o SR. SUPERINTENDENTE REGIONAL DA
FAZENDA (SRF-BH), autoridades vinculadas ao ESTADO DE MINAS GERAIS (FAZENDA
PÚBLICA ESTADUAL), vem respeitosa e tempestivamente, perante V. Exa., por seus
procuradores infraassinados, em atenção ao despacho publicado em 18.09.2018, INFORMAR
que o crédito tributário em voga restou integralmente quitado no bojo do Plano de Regularização
de Créditos Tributários proposto pela Fazenda mineira, sendo que a Impetrante desistiu do writ e
renunciou ao direito sobre o qual se funda a ação, nos moldes no art. 5º, §4º da Lei Estadual nº
22.549/17. Em decorrência, houve a perda do objeto dos recursos extraordinário interposto nos
mesmos autos.

Arquivou-se o processo por desistência do direito, pela baixa da quitação dos débitos.

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