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0056
RECLAMANTE: MARCOS VINICIUS FRACARO
RECLAMADOS: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
PROJETO DE SENTENÇA
I. RELATÓRIO
Dispensado nos termos do artigo 38 da Lei 9.099/95.
II. FUNDAMENTAÇÃO
Aplicação do Código de Defesa do Consumidor
Aplica-se, in casu, o contido no Código de Defesa do Consumidor, haja
vista que se trata de relação de consumo. Deve-se considerar que o CDC traz normas de
ordem pública e interesse social (artigo 1º), em atenção ao mandamento constitucional
exposto no artigo 5º, XXXII, CF, direito fundamental do cidadão. Por tal razão, a
incidência da legislação consumerista pode ser analisada de ofício e a qualquer tempo
pelo Magistrado.
Analisando detidamente os autos, conclui-se que as partes qualificam-se
como consumidor e fornecedor, formando uma relação de consumo. Não há mais
qualquer discussão de que os bancos e instituições financeiras são fornecedores,
principalmente após decisão da ADI 2591 e do Enunciado 297 da Súmula do STJ. Além
da redação do artigo 3º, §2º do CDC, sabe-se que os serviços bancários são
remunerados, prestados de forma ampla e geral e, principalmente, os tomadores destes
serviços (os consumidores) são considerados a parte mais fraca e vulnerável da relação.
A parte reclamante é destinatária final e usuária do serviço prestado pelo
reclamado, amoldando-se, por certo, ao conceito de consumidor exposto no artigo 2º do
mesmo diploma legal. Sendo assim, reconheço a relação de consumo entre as partes.
Julgamento antecipado
Inicialmente, cabe ressaltar que o presente feito comporta julgamento
antecipado, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil de 2015, porquanto
as provas trazidas aos autos são suficientes para o julgamento da lide. Ademais, o
magistrado como destinatário da prova, tem o dever de indeferir as diligências inúteis
ou protelatórias (art. 370, parágrafo único, do CPC), garantindo, assim a razoável
duração do processo (arts. 5°, LXXVIII, da CF e 4° e 6° do CPC).
MÉRITO
Trata-se de ação de declaratória de inexistência de debito c/c reparação civil
por dano moral com pedido de tutela antecipada de MARCOS VINICIUS FRACARO
em face de BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A.
O ponto controvertido nos autos reside na suposta inscrição indevida do
nome do autor nos órgãos de proteção ao crédito.
O reclamante alega que após requerer o encerramento da sua conta corrente
em 28/12/2017 foi-lhe cobrado o valor de R$59,90. Ainda, que em março de 2018 foi
surpreendido com uma cobrança no valor de 58,83 referente ao cartão de crédito.
Alega que realizou todos os pagamentos, mas que em maio de 2018 foi
novamente surpreendido, porém dessa vez com a negativação do seu nome.
Em síntese, a ré alega que a cobrança se refere ao mês de janeiro e ao item
DEBITO AUT. FAT.CARTAO MASTER CARD. Alega também que tal valor se refere
a utilização do cheque especial.
Analisados os autos verifico que a pretensão do autor deve prosperar.
Considerando a inversão do ônus da prova, bem como o disposto no art.
373, II do CPC, deveria a ré proceder com a produção de provas suficientes a fim de
ensejar a improcedência da demanda.
Compulsando os autos verifico que o autor devidamente comprovou que
requereu o encerramento da sua conta (seq. 1.4).
Ainda, comprovou que foi cobrado pela anuidade do cartão de crédito (seq.
1.5).
A ré não logrou êxito em comprovar que a conta corrente e o cartão de
crédito são desvinculados, de forma que tenho que o encerramento da conta corrente
deveria encerrar automaticamente o cartão de crédito.
Portanto, após o autor pagar o valor remanescente de R$59,90 a conta,
juntamente com o cartão de crédito, deveriam ter sido encerrados.
Dessa forma qualquer cobrança à título de taxas e tarifas após tal data foi
indevida.
Considerando que a as cobranças foram indevidas, resta concluir que a
inscrição decorrente dessas cobranças também foi.
Do quantum indenizatório
III. DISPOSITIVO
Por todo o exposto e pelo que consta nos autos, com fulcro nos artigos 5º e
6º da Lei 9.099/95, bem como no art. 487, I do CPC, no mérito, JULGO
PROCEDENTE o pedido para:
Juiz Leigo