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AUTOS: 0006096-75.2019.8.16.

0056
RECLAMANTE: ORDALIA MARIA LOPES SILVA
RECLAMADOS: BANCO SANTANDER (BRASIL) S.A. (citação online)

PROJETO DE SENTENÇA

I. RELATÓRIO
Dispensado nos termos do artigo 38 da Lei 9.099/95.

II. FUNDAMENTAÇÃO
Aplicação do Código de Defesa do Consumidor
Aplica-se, in casu, o contido no Código de Defesa do Consumidor, haja
vista que se trata de relação de consumo. Deve-se considerar que o CDC traz normas de
ordem pública e interesse social (artigo 1º), em atenção ao mandamento constitucional
exposto no artigo 5º, XXXII, CF, direito fundamental do cidadão. Por tal razão, a
incidência da legislação consumerista pode ser analisada de ofício e a qualquer tempo
pelo Magistrado.
Analisando detidamente os autos, conclui-se que as partes qualificam-se
como consumidor e fornecedor, formando uma relação de consumo.
A parte reclamante é destinatária final e usuária do serviço prestado pelo
reclamado, amoldando-se, por certo, ao conceito de consumidor exposto no artigo 2º do
mesmo diploma legal. Sendo assim, reconheço a relação de consumo entre as partes.
Julgamento antecipado
Inicialmente, cabe ressaltar que o presente feito comporta julgamento
antecipado, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil de 2015, porquanto
as provas trazidas aos autos são suficientes para o julgamento da lide. Ademais, o
magistrado como destinatário da prova, tem o dever de indeferir as diligências inúteis
ou protelatórias (art. 370, parágrafo único, do CPC), garantindo, assim a razoável
duração do processo (arts. 5°, LXXVIII, da CF e 4° e 6° do CPC).

MÉRITO
Trata-se de AÇÃO ORDINÁRIA DE INDENIZAÇÃO POR DANOS
MORAIS E MATERIAIS.
Em síntese, a parte autora narra que possui um cartão de crédito com o
banco réu, sendo que em determinado momento ficou inadimplente. Narra também que
realizou a negociação da dívida e que pagou todas as parcelas do acordo, entretanto, que
vem sofrendo cobranças e que teve seu nome inscrito nos órgãos de proteção ao crédito.
A parte ré, por sua vez, alega que através do protocolo sob o n°. 74871749
registrado em 13/07/2018, a Autora acionou o Banco a fim de informar que havia
quitado seu acordo, entretanto, lhe foi explicado que conforme se infere do histórico de
pagamento do acordo n°. 151702699, não houve o adimplemento da última parcela.
Então, no mesmo contato foi firmado um novo acordo sob o n°. 182153493,
a fim de prever a quitação do saldo devedor existente, o qual restou pago pela Autora,
não havendo que se falar em inscrição ou cobrança indevida.

Pois bem, analisando os autos verifico que é caso de improcedência dos


pedidos autorais.
Conforme se verifica do áudio de seq. 43.2, a partir dos 51seg a Autora
confirma “eu paguei 30 de 31, falta à última”. Então, a atendente formaliza um novo
acordo, prevendo a quitação desta última parcela, sendo sob o n°. 182153493, no
importe de R$210,00 (duzentos e dez reais), com vencimento para 20/07/2018.
Assim aos 10min e 14seg a atendente informa a Autora o valor do acordo
sendo uma parcela única de R$210,00 (duzentos e dez reais), o qual foi aceito pela
parte, bem como, tendo sido instruída quanto a forma de pagamento e tendo ainda a
partir dos 11min e 16seg a atendente repassado todas as informações quanto ao novo
acordo entabulado entre as partes, não havendo quaisquer dúvidas pela Autora e tendo
ainda confirmado sua anuência aos 11min e 34seg
Ademais, a partir dos 20min e 28seg a Autora é informada que em caso de
existência de apontamento negativo junto aos órgãos de proteção ao crédito, mediante o
pagamento, o nome é excluído em 3 (três) a 5 (cinco) dias úteis.
Desta maneira, embora a Autora afirme que teria quitado o seu primeiro
acordo, tal informação não deve prosperar, eis que houve o pagamento apenas de 30
(trinta) parcelas, restando à última ausente de adimplemento.
Assim, eventual cobrança foi devida e, mesmo que não fosse, as meras
cobranças sem repercussões não possuem o condão de causar danos morais. Saliento
que não restou provado nos autos qualquer inscrição da autora nos órgãos de proteção
ao crédito.
Nesse sentido:
DE REZENDE APELAÇÃO CÍVEL. RESPONSABILIDADE
CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO
C/C INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
CONTRATAÇÃO DE CARTÃO DE CRÉDITO NÃO
DEMONSTRADA. COBRANÇA INDEVIDA. AUSÊNCIA DE
QUALQUER CONSTRANGIMENTO CAPAZ DE CAUSAR
ABALO PSÍQUICO. MERO DISSABOR DO COTIDIANO.
DANO MORAL NÃO CONFIGURADO. SENTENÇA
PARCIALMENTE REFORMADA. READEQUAÇÃO DO ÔNUS
DA SUCUMBÊNCIA. RECURSO PROVIDO. 14106-24.2015 fls.
2/9 (TJPR - 9ª C.Cível - 0014106-24.2015.8.16.0194 - Curitiba - Rel.:
Vilma Régia Ramos de Rezende - J. 23.08.2018)

No mesmo sentido o enunciado nº 9 das Turmas Recursais do Paraná:


ENUNCIADO Nº 9 – Cobrança – dano moral – inocorrência:  A
simples cobrança de dívida inexistente, sem maiores reflexos, não
acarreta dano moral.

III. DISPOSITIVO

Por todo o exposto e pelo que consta nos autos, com fulcro nos artigos 5º e
6º da Lei 9.099/95, bem como no art. 487, I do CPC, no mérito, JULGO
IMPROCEDENTE os pedidos.

O pedido de concessão dos benefícios da assistência judiciária gratuita será


analisado em caso de interposição de recurso inominado.

Sem custas nem honorários nesta fase (artigo 55 da Lei 9.099/95).

Nos termos do artigo 40 da Lei 9.099/95, submeta-se a decisão à apreciação


da juíza togada para homologação.

Cambé, datado e assinado digitalmente.

Gregory Tonin Maldonado

Juiz Leigo

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