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0056
RECLAMANTE: ELIO GABRIEL JUSTINO
RECLAMADOS: BANCO BRADESCO CARTOES S.A.
PROJETO DE SENTENÇA
I. RELATÓRIO
Dispensado nos termos do artigo 38 da Lei 9.099/95.
II. FUNDAMENTAÇÃO
Aplicação do Código de Defesa do Consumidor
Aplica-se, in casu, o contido no Código de Defesa do Consumidor, haja
vista que se trata de relação de consumo. Deve-se considerar que o CDC traz normas de
ordem pública e interesse social (artigo 1º), em atenção ao mandamento constitucional
exposto no artigo 5º, XXXII, CF, direito fundamental do cidadão. Por tal razão, a
incidência da legislação consumerista pode ser analisada de ofício e a qualquer tempo
pelo Magistrado.
Analisando detidamente os autos, conclui-se que as partes qualificam-se
como consumidor e fornecedor, formando uma relação de consumo. Não há mais
qualquer discussão de que os bancos e instituições financeiras são fornecedores,
principalmente após decisão da ADI 2591 e do Enunciado 297 da Súmula do STJ. Além
da redação do artigo 3º, §2º do CDC, sabe-se que os serviços bancários são
remunerados, prestados de forma ampla e geral e, principalmente, os tomadores destes
serviços (os consumidores) são considerados a parte mais fraca e vulnerável da relação.
A parte reclamante é destinatária final e usuária do serviço prestado pelo
reclamado, amoldando-se, por certo, ao conceito de consumidor exposto no artigo 2º do
mesmo diploma legal. Sendo assim, reconheço a relação de consumo entre as partes.
Julgamento antecipado
Inicialmente, cabe ressaltar que o presente feito comporta julgamento
antecipado, nos termos do art. 355, I, do Código de Processo Civil de 2015, porquanto
as provas trazidas aos autos são suficientes para o julgamento da lide. Ademais, o
magistrado como destinatário da prova, tem o dever de indeferir as diligências inúteis
ou protelatórias (art. 370, parágrafo único, do CPC), garantindo, assim a razoável
duração do processo (arts. 5°, LXXVIII, da CF e 4° e 6° do CPC).
PRELIMINARES
Da Preliminar de interesse de agir
Há interesse de agir sempre que o processo puder propiciar ao demandante
um resultado favorável. Contrariamente, só ocorre a falta do interesse de agir quando
não for mais possível a obtenção do resultado almejado. O exame do interesse se faz
com base na afirmação do autor, a correspondência entre afirmação e realidade já é
problema de mérito. No caso em tela, a preliminar se confunde com o mérito do pleito
inicial, portanto, a defesa será analisada no momento oportuno, de maneira que rejeito a
preliminar aventada.
MÉRITO
Trata-se de ação de inexistência de débito c/c danos morais de ELIO
GABRIEL JUSTINO em face de BANCO BRADESCO CARTOES S.A.
O ponto controvertido nos autos reside nas supostas cobranças indevidas
recebidas pelo reclamante.
O reclamante alega que vem recebendo cobranças de um débito que já foi
discutido nos autos 0011339-73.2014.8.16.0056.
Analisando tais autos, verifico que no mesmo foi homologado um acordo
entre as partes, onde o autor recebeu o valor de R$2.000,00.
O acordo consta na seq. 1.6 sendo que a sentença que homologou o acordo
está na seq. 1.5.
Tendo isso em vista, considerando que se trata do mesmo débito – com a
mesma origem - tenho que o mérito do presente processo já foi analisado e há coisa
julgada.
Dessa forma, como preceitua o art. 485, V do CPC, a medida de rigor é
julgar extinto o presente processo sem resolução de mérito, sendo que o autor deverá
pleitear o cumprimento do acordo nos autos supramencionados.
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de
coisa julgada;
III - DISPOSITIVO
Por todo o exposto, com fulcro nos artigos 5º e 6º da Lei 9.099/95, bem
como no artigo 485, V do Código de Processo Civil, JULGO EXTINTO sem
resolução de mérito, o presente processo.
Juiz Leigo