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Processo n° 1011790-47.2017.8.26.0008
(Rescisão do contrato e devolução do dinheiro)
CONTRARRAZÕES
AO RECURSO DE APELAÇÃO
Nestes termos,
pede deferimento.
FÁBIO CARDOZO DE SÁ
OAB/SP 353.570
CONTRARRAZÕES AO RECURSO DE APELAÇÃO
Colenda Câmara,
Nobres Desembargadores.
Senão, vejamos!
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Súmula 1: O Compromissário comprador de imóvel, mesmo inadimplente, pode pedir a rescisão do
contrato e reaver as quantias pagas, admitida a compensação com gastos próprios de administração e
propaganda feitos pelo compromissário vendedor, assim como com o valor que se arbitrar pelo tempo de
ocupação do bem.
Súmula 2: A devolução das quantias pagas em contrato de compromisso de compra e venda de imóvel
deve ser feita de uma só vez, não se sujeitando à forma de parcelamento prevista para a aquisição.
Súmula 3: Reconhecido que o compromissário comprador tem direito à devolução das parcelas pagas por
conta do preço, as partes deverão ser repostas ao estado anterior, independentemente de reconvenção.
Analisando a questão de fundo, pois, mostra-se
indisputável o cabimento da apreciação do pedido à luz dos preceitos e
princípios que regem as demandas de natureza consumerista.
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AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. REVISÃO CONTRATUAL. POSSIBILIDADE. RELATIVIZAÇÃO
DO PRINCÍPIO PACTA SUNT SERVANDA. COMISSÃO DE PERMANÊNCIA. COBRANÇA (...). A revisão dos
contratos é possível em razão da relativização do princípio pacta sunt servanda, para afastar eventuais
ilegalidades, ainda que tenha havido quitação ou novação (...)” (AgRg no REsp 921.104/RS, Rel. Ministro
HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, Quarta Turma, julgado em 22.05.2007, DJ 04.06.2007 p. 375).
DA APLICAÇÃO DOS JUROS DE MORA
SOMENTE APÓS O TRÂNSITO EM JULGADO DA
SENTENÇA
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Art. 240. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna
litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei no 10.406,
de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil).
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Código Civil, artigo 405: Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.
Nesse contexto é o entendimento recente do
E.TJSP5.
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AGRAVO DE INSTRUMENTO – Compra e venda de imóvel – Ação de rescisão contratual – Decisão que
julgou parcialmente o mérito – Alegação da ré de cerceamento de defesa – Questão de direito –
Desnecessidade de depoimento pessoal dos autores, oitiva de testemunhas e perícia contábil - Autores
que buscam a rescisão por não mais conseguirem adimplir com as parcelas do preço – Procedência –
Rescisão que se impõe – Devolução das parcelas pagas – Percentual de retenção pela administração bem
fixado em 10% – Juros de mora sobre os valores a serem restituídos que incidem a partir da citação – Art.
405 do CC – Decisão mantida - Recurso Improvido. (TJSP, Agravo de instrumento nº 2171514-
31.2016.8.26.0000, acórdão nº 2017.0000143714. Rel. EGIDIO GIACOIA, 03ª Câmara de Direito Privado.
Data do julgamento: 09 de março de 2017.).
Ação de rescisão contratual cumulada com restituição de quantias pagas - Contrato de compromisso de
compra e venda de imóvel - Rescisão contratual pleiteada pelo comprador - Decisão que apreciou parte
do mérito dos pedidos iniciais, nos termos do Artigo 356 do Código de Processo Civil, com a postergação
da análise do pedido de devolução da quantia paga a título de comissão de corretagem e Taxa Sati -
Abusividade da cláusula nona do contrato - Imposição de desvantagem indevida ao consumidor - Nulidade
confirmada - Mantida a determinação de restituição de 90% dos valores pagos - Juros de mora que
incidem desde a citação (art. 405 do Código Civil) - Decisão mantida - Recurso não provido. (TJSP, Agravo
de instrumento nº 2238772-58.2016.8.26.0000, acórdão nº 2017.0000272205. Rel. MARCIA DALLA DEA
BARONE, 03ª Câmara de Direito Privado. Data do julgamento: 21 de abril de 2017).
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“Incluem-se os juros moratórios na liquidação, embora omisso o pedido inicial ou a condenação”
(Súmula nº 254).
artigo 1.062 do diploma de 1916, e, depois dessa data, pelo artigo 406 do
atual Código Civil”7.
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STJ, 3ª Turma, REsp 594486/MG, Rel. Min. CASTRO FILHO.
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Nesse sentido: Apelação nº 1001722-24.2014.8.26.0564, Rel. Des. PERCIVAL NOGUEIRA, julgado em:
15.6.2015, Apelação nº 1005928- 24.2014.8.26.0001, Rel. Des. ÊNIO ZULIANI, julgado em: 30.4.2015 e
Apelação nº 0000828-60.2013.8.26.0577, Rel. Des. LUIZ ANTONIO COSTA, julgado em: 10.2.2015.
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“COMPROMISSO DE COMPRA E VENDA – Rescisão contratual cumulada com restituição de quantias
pagas – Desistência dos compradores em razão da impossibilidade financeira – Circunstância que não
impede a devolução das parcelas pagas a título de aquisição do imóvel, sob pena de ofensa ao art. 53 do
CDC, admitida a retenção de 10% pela construtora para ressarcimento de perdas e danos e despesas
administrativas – Adequação – Devolução que deve ser feita de uma só vez, acrescida de juros de mora
contados a partir da citação – Sentença mantida – Recurso desprovido.”
Assim, mostra-se perfeitamente cabível que a
incidência dos juros legais de 1% (um por cento) ao mês a partir da citação
até a data da efetiva restituição dos valores pagos pelos autores.
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Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de
produtos e serviços que:
(...)
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que coloquem o consumidor em
desvantagem exagerada, ou sejam incompatíveis com a boa-fé ou a equidade; ”
o consumidor em desvantagem exagerada ou que sejam incompatíveis com
a boa-fé ou equidade.
DO POSICIONAMENTO JURISPRUDENCIAL
DOMINANTE SOBRE A MATÉRIA
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COMPRA E VENDA – RESCISÃO CONTRATUAL - Iniciativa do comprador –
Restituição de quantias pagas – Valores pretendidos pela ré que se mostram abusivos – Percentual de
devolução de 90%, que se mostra adequado à hipótese, já que a autora sequer ingressou na posse do
imóvel – Precedentes TJSP e STJ – Juros de mora contados a partir do trânsito em julgado – Comissão de
corretagem – Cláusula redigida com clareza, cumprindo o dever de informação – O percentual de
retenção, portanto, deverá ser aplicado sobre a quantia adimplida, excluídos os valores pagos a título de
comissão de corretagem – Dano moral – Inocorrência – Ausência de atraso e de dano à autora a justificar
a pretendida indenização – Recurso parcialmente provido. (TJSP, Apelação nº 1123121-
20.2015.8.26.0100, acórdão nº 2017.0000920500. Rel. FABIO PODESTÁ, 5ª Câmara de Direito Privado.
Data do julgamento: 29 de novembro de 2017)
VENDA E COMPRA. Ação de rescisão contratual, c.c. restituição de quantias pagas. Desistência dos
adquirentes, que podem pedir a resilição e reaver parte dos valores que desembolsaram. Vendedora tem
o direito de reter 10% do montante pago pelos compradores, a título de ressarcimento das despesas
administrativas. Inteligência das Súmulas nºs. 1, 2 e 3 deste E. Tribunal e nº 543 do C. STJ. Possibilidade
de repasse do pagamento da comissão de corretagem ao consumidor, desde que exista disposição
expressa no contrato neste sentido, o que não ocorreu no caso em exame. Percentual a ser devolvido que
deve abranger a totalidade dos valores pagos. Sentença mantida. Recurso desprovido. (TJSP, Apelação nº
1033309- 30.2016.8.26.0100, acórdão nº 2017.0000874253. Rel. PAULO ALCIDES, 6ª Câmara de Direito
Privado. Data do julgamento: 14 de novembro de 2017)
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“O tribunal, ao julgar recurso, majorará os honorários fixados anteriormente levando em conta o
trabalho adicional realizado em grau recursal, observando, conforme o caso, o disposto nos §§ 2º a 6º,
sendo vedado ao tribunal, no cômputo geral da fixação de honorários devidos ao advogado do vencedor,
ultrapassar os respectivos limites estabelecidos nos §§ 2º e 3º para a fase de conhecimento”.
O parágrafo acima encontra-se em sintonia com o
artigo 85, §1º, que prescreve: “são devidos honorários advocatícios na
reconvenção, no cumprimento de sentença, provisório ou definitivo, na
execução, resistida ou não, e nos recursos interpostos, cumulativamente”.
DO PEDIDO
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“Somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março de 2016, será
possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do art. 85, § 11, do novo CPC. ”
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“Concernente aos honorários advocatícios, conforme o Enunciado Administrativo n. 7 deste Superior
Tribunal de Justiça, somente nos recursos interpostos contra decisão publicada a partir de 18 de março
de 2016, será possível o arbitramento de honorários sucumbenciais recursais, na forma do artigo 85, §
11, do novo Código de Processo Civil.” (STJ, EDcl no AgRg no AREsp 489.160/RS, Rel. Ministro Paulo de
Tarso Sanseverino, Terceira Turma, julgado em 14/06/2016, DJe 17/06/2016)
a) Afastar a alegação de impossibilidade de desfazimento do contrato
sem a aplicação de penalidade para o Apelado, uma vez que a
tentativa das Recorrentes em reter absurdos OITENTA POR CENTO
dos valores pagos em contrato, evidencia confisco de parte
expressiva das quantias pagas, além de afrontar as normas do
Código de Defesa do Consumidor, Portarias nº 3 de 15 de março de
2001 e nº 4 de 13 de março de 1998 e outros aplicáveis,
especialmente considerando que no caso sub examine o
empreendimento ainda não foi concluído, aliado ao fato de que a
recorrente nada demonstrou em termos de prejuízo com a revenda
do imóvel no mercado, aliado ao fato de que o apartamento nunca
foi ocupado pelo Apelado;
FÁBIO CARDOZO DE SÁ
OAB/SP 353.570