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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

Departamento Acadêmico de Linguagem e Comunicação


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens
Área: Linguagem e Tecnologia
Linha de Pesquisa: Estéticas contemporâneas, modernidade e tecnologia

A TESSITURA ESTÉTICA DE PRODUÇÃO ENQUANTO


OPERANTE DO SISTEMA DE PADRONIZAÇÃO
ESTRUTURAL SIMBÓLICO NO JORNALISMO
CONTEMPORÂNEO:
UMA ANÁLISE SOBRE A MÍDIA
Mestranda: Priscila Tobler Murr
Orientadora: Maurini de Souza
https://
www.youtu
be.com/wa
Produção e reprodução de conteúdo noticioso,
veiculado pelos grandes conglomerados de mídia,
têm base em conjuntos de práticas “padrão”,
atribuídas ao jornalismo.

Busca por aquilo que Elaine Tavares (2011, p. 41-51)


classifica como “utopia” da neutralidade, a imprensa
padroniza sua atuação, mediante a tríplice “[...]
tessitura ética, técnica e estética” (MEDINA, 2003, p.
50).
Tendo como imperativo a difusão da imagem
midiática, a prática jornalística contemporânea, se
apropriando de suas congêneres artísticas (BAITELLO
JR.; KLEIN, 2014, p. 484) por meio de uma lógica
comercial, recebe a outorga de ferramenta a serviço
do poder via dominação simbólica (BOURDIEU, 1989).

Não há imparcialidade, mas, sim, “influência”,


imposta pela estética do padrão concernente a essa
prática, via “[...] mecanismos de seleção, organização
e hierarquização” (SILVA, 2014, p. 318).
Em busca do aclaramento relativo ao “ethos
jornalístico” (TRAQUINA, 2005, p, 51) por meio da
investigação sobre as “[...] fórmulas aplicadas às
rotinas estéticas da narrativa” (MEDINA, 2003, p. 50),
o objeto de estudo serão as elaborações audiovisuais
informativas produzidas pelo coletivo midialivrista
independente Mídia NINJA, a fim de elucidar
questões acerca da contribuição ativista à elaboração
da estética do discurso informativo audiovisual
contemporâneo frente à imprensa hegemônica.
Por meio da análise das peculiaridades relativas à prática
jornalística, propõe-se:
uma revisão teórica acerca do padrão de mídia contemporâneo em
função das qualidades estéticas as quais asseguram a preservação da
estrutura vigente, reforçando e mantendo o arranjo de poder regido
pelos sistemas simbólicos;

apresentação de um apanhado geral sobre os métodos de realização na


mídia, considerando o panorama estético impulsionado pelas
atualizações ocorridas nesse campo ao longo do tempo, por meio do
elencar da tipologia relativa aos preceitos básicos do fazer jornalístico;

Por meio de análise empírica (descrição estrutural, sob a ótica de


Barthes, 1990), apontar os elementos estéticos do coletivo Midia Ninja
como ruptura de padrão jornalístico articulados pelas possibilidades
tecnológicas da cibercultura.
Para isso, as teorias dos pensadores da área da
Comunicação já citados aparecerão junto das ideias
de Patrick Charaudeau (2013), Pierre Bourdieu (1989)
e Roland Barthes (1990), tangenciando a reflexão de
base marxista proposta por Adelmo Genro Filho
(2012), que estabelece intercomunicação entre esses
pensamentos.
O objeto para esta análise consiste na cobertura
informativa realizada na data em que o ex-presidente do
Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, esteve em Curitiba - em 07
de abril de 2018, quando Lula se entregou à Polícia Federal
(PF), em cumprimento com a determinação de seu
mandado de prisão -, com foco analítico à cobertura NINJA.

Sem deixar de considerar o todo da atuação do grupo


militante, selecionou-se, como objeto elementar, algumas
das tomadas de vídeo postadas na página @midiaNINJA,
no Facebook.
O material, nomeado “#AoVivo
Milhares de pessoas que recebiam Lula na sede da P
olícia Federal em Curitiba são atacadas pela Polícia”
, expõe a situação em Curitiba concomitantemente à
chegada de Lula à capital parananense.

A tomada foi escolhida por questões de valor-notícia


(LAGE, 1982), com base em critérios de “relevância
histórica” (GOHN, 2017), “mobilização social”
(BUTTERFIELD; CHEQUER, 2016) e “cobertura por
parte de mídias alternativas” (LORENZOTTI, 2014).
Averiguando da forma como se dá a mecânica de
construção de sentido no contexto de tais
elaborações e, considerando que o universo de
informação midiática não é apenas um reflexo do
que acontece no espaço público, mas sim um sistema
construído (CHARAUDEAU, 2013), admite-se a
contribuição dos NINJA com relação ao estímulo dos
interesses público e do público (LAGE, 1998), na
posição de instrumento de contracultura, em prol do
impactar e congregar indivíduos.
REFERÊNCIAS
BAITELLO JR., Norval; KLEIN, Alberto. Teorias da imagem. In: CITELLI, Adilson; el al. Dicionário de comunicação: escolas, teorias e
autores. São Paulo: Contexto, 2014. p. 484-487.
BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand, 1989.
BUTTERFIELD, Colin; CHEQUER, Rogerio. Vem pra rua: a história do movimento popular que mobilizou o Brasil. São Paulo: Matriz, 2016.
CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2013.
GENRO FILHO, Adelmo. O segredo da pirâmide: para uma teoria marxista do jornalismo. Florianópolis: Insular. 2012.
GOHN, Maria da Glória. Manifestações e protestos no Brasil: correntes e contracorrentes na atualidade. Curitiba: Editora Cortez, 2017.
LAGE, Nilson. Controle da opinião pública: um ensaio sobre a verdade conveniente. Rio de Janeiro: Vozes, 1998.
_____. Ideologia e técnicas da Notícia. Florianópolis: Insular, 1982.
LORENZOTTI, Elizabeth. Jornalismo século XXI: o modelo #MídiaNINJA (Edição Digital). São Paulo: E-galáxia, 2014.
MEDINA, Cremilda de Araújo. A arte de tecer o presente: narrativa e cotidiano. São Paulo: Summus, 2003.
MÍDIA NINJA. #AoVivo Milhares de pessoas que recebiam Lula na sede da Polícia Federal em Curitiba são atacadas pela Polícia. Brasil,
2016. Disponível em: <https://www.facebook.com/MidiaNINJA/videos/1122015071289970/>. Acesso em: 05 jun. 2018.
SILVA, Juremir Machado da. Pierre Bourdieu e a reprodução pela mídia. In: CITELLI, Adilson; el al. Dicionário de comunicação: escolas,
teorias e autores. São Paulo: Contexto, 2014. p. 316-318.
TAVARES, Elaine. Em busca da utopia: os caminhos da reportagem no Brasil dos anos 50 aos anos 90. Florianópolis: Pobres e Nojentas,
2011.
TRAQUINA, Nelson. Teorias do jornalismo: a tribo jornalística - uma comunidade interpretativa transnacional. Florianópolis: Insular,
2005. 2 v. (v.2).

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