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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

Departamento Acadêmico de Linguagem e Comunicação


Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens
Área: Linguagem e Tecnologia
Linha de Pesquisa: Estéticas contemporâneas, modernidade e
tecnologia

Disciplina: OP01 – Imagem, Visualidade e Tecnologias


Professora: Drª. Anuschka Lemos
Aluna: Priscila Tobler Murr

No âmbito telejornalístico, as imagens são o que mais importa. Aliadas ao som,


transmitem a mensagem com maior eficiência, se compararmos tal mídia ao rádio ou ao
jornal impresso, por exemplo. No atual cenário de convergência midiática, tal recuso
passou a ser um imperativo, imprescindível às transmissões, sobretudo via redes
sociais. Nesse sentido, observa-se a atuação de diversas fontes de informação que não
aquelas tradicionais.
Norval Baitello Junior, em seu livro “A era da iconofagia: reflexões sobre
imagem, comunicação, mídia e cultura”, trata do fascínio exercido pelas imagens com
relação ao homem. Para ele, a relação humana com as imagens se da num duplo
movimento de “devorar” e “ser devorado” por elas (BAITELLO JUNIOR, 2014, p.07).
Sendo assim, é possível transportar a realidade das imagens para o modelo informativo
do século XXI, quando os grandes conglomerados de comunicação deixam de estar no
centro, como detentores máximos do poder de transmitir notícias, e passam a ter a
concorrência de grupo menores, organizados conforme os recursos disponíveis,
normalmente aqueles que emergiram juntamente com a Era Digital.
Como exemplo do mencionado, os coletivos midialivristas, tal qual a Mídia
NINJA, atuam com base nessa dinâmica apontada por Baitello Junior (2014). E mais:
utilizam-se da notícia como “mercadoria”, mas não uma mercadoria qualquer (GENRO
FILHO, 2012, p.146). “Devorar” e “ser devorado”, na atuação dos NINJA, são palavras
que significam o processo produtivo do grupo. Além de as imagens veiculadas por eles
serem deles próprios, há a aceitação com relação às imagens produzidas por terceiros,
por “cidadãos comuns”, aqueles que estão alheios às técnicas de produção audiovisual,
mas que estão completamente imersos na situação registrada. O “devorar”, no caso
NINJA, consiste basicamente em apropriação acerca dos fatos do mundo, além da
aglutinação com relação às imagens que lhe são disponibilizadas voluntariamente. Já o
“ser devorado”, pressupõe também relação com esse ator que auxilia na elaboração de
imagens, mas, em maior grau, diz respeito à estrutura “[...] de uma sociedade
mediatizada, globalizada, teleidiotizada [...]” (BAITELLO JUNIOR, 2014, p.07).
Para mais, relacionando tal contexto à ideia de Genro Filho (2012, p. 146)
acerca do produto informativo, percebe-se que a notícia jornalística, reproduzindo
fenômenos “tal qual são”, e resguardando sua forma singular e sua aparência básica,
insinua a presença de uma “essência” singular, a qual se almeja constantemente nesse
tipo de produção. Além do mais, na face desse “singular”, e nas feições daquilo que é
particular, emerge o universal, mostrando-se em forma de alusões que se dissolvem
antes mesmo de se formarem (GENRO FILHO, 2012, p. 146).
Logo, aufere-se que o status semiótico das imagens, que garante a elas uma
pluralidade de realidades, conforme as interpretações de cada indivíduo, contribuí para
a famigerada repercussão daquilo que é produzido pelos NINJA (BAITELLO JUNIOR,
2014, p.63). Isso porque, diferentemente da mídia tradicional, o estabelecimento de
relação entre o produtor e o receptor da informação – relação que até se confunde ao
longo do processo –, se dá com base justamente nesse duplo movimento referido por
Baitello Junior (2014). Tal situação é igualmente explicada por Patrick Charaudeau
(2013) como sendo um “duplo processo de semiotização”, o qual consiste em significar
o mundo, mediante o engajamento social por meio da linguagem.
Em suma, o ato informativo com base em “devorar” e “ser devorado”
(BAITELLO JUNIOR, 2014, p.07) pode representar, de forma um tanto simplista, o
processo produtivo, reunindo todas as instâncias as quais atuem no sentido de
produção imagética com objetivos de repercussão social.
REFERÊNCIAS

BAITELLO JUNIOR, Norval. A era da iconofagia: reflexões sobre imagem,


comunicação, mídia e cultura. São Paulo: Paulus, 2014.

CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das mídias. São Paulo: Contexto, 2013.

GENRO FILHO, Adelmo. O segredo da pirâmide: para uma teoria marxista do


jornalismo. Florianópolis: Insular. 2012.

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