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Mídia audiovisual
Marcia Leite
Ante a dificuldade de acesso a bons vídeos? Não nos esqueçamos da geração de cineastas
capitaneada por Glauber Rocha: “Uma idéia na cabeça... Uma câmara na mão!”.
Mídia audiovisual
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Especialização em Educação a Distância
tipo de produção cultural exerce sua atividade “pedagógica” e a maneira pela qual
ela é apreendida e significada pelos seus espectadores/consumidores.
Duas grandes correntes teóricas voltadas para o estudo dessas relações tornaram-
se referência nas últimas décadas na América Latina: os chamados estudos
culturais (assentados, principalmente, nos trabalhos de Richard Hoggart, Raymond
Williams, Stuart Hall, Henry Giroux, Graeme Turner e John Storey) e a teoria das
mediações (apoiada, fundamentalmente, nos trabalhos de Néstor Canclini, Jésus
Martin-Barbero e Guilhermo Orozco).
No que diz respeito às relações entre educação e comunicação, tais pesquisas vêm
apontando, de forma bastante contundente: 1) a necessidade de prepararmos os
profissionais de comunicação para lidar, de forma adequada e responsável, com os
conteúdos veiculados pela mídia e, 2) a urgência de oferecer aos professores e
educadores em geral as ferramentas e os recursos teóricos e materiais necessários
para a melhoria da qualidade dos artefatos culturais veiculados pela mídia.
Nesse sentido, pode-se propor em cursos a distância, por exemplo, aos estudantes
a realização de pequenos ensaios fotográficos ou videográficos que abordem
conteúdos trabalhados em atividades interativas, tais como diversidade cultural,
relação família/trabalho, organização e gestão empresarial, entre outros. Isto é, ao
invés de nos restringirmos exclusivamente aos textos escritos, deveríamos propor e
ensinar a realizar trabalhos e experiências que envolvam o uso de registros em
imagem ou imagem-som e discutir, virtual e coletivamente, as técnicas e o modo de
realização desse tipo de material a fim de se colocar os textos audiovisuais como
fontes de informação e produção de novos conhecimentos.
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Especialização em Educação a Distância
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Especialização em Educação a Distância
Para que esse tipo de atividade seja produtiva, é preciso que o professor/tutor veja o
filme antes de exibi-lo, recolha informações sobre ele e sobre outros filmes que
abordem temática semelhante e elabore um roteiro de discussão que evidencie os
elementos para os quais se deseja chamar a atenção.
Filmes de ficção científica, por exemplo, oferecem um rico material para a discussão
de conceitos científicos e de determinados aspectos da história da ciência. O ensino
de física, química, matemática e biologia só tem a ganhar com a implementação
desse tipo de proposta.
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Articular textos fílmicos e textos acadêmicos é uma excelente estratégia para traba-
lhar temáticas complexas com os estudantes, pois a imagem em movimento tende a
apresenta ao espectador realidades e experiências muito distintas das dele.
Cabe assinalar que para serem valorizados pelo que são e não apenas pelo uso que
se pode fazer deles, textos fílmicos, assim como textos literários, precisam ser
apresentados com o máximo possível de referências. O estudante deverá ter acesso
a informações que lhe permitam identificar o contexto em que o filme foi produzido:
país de origem, língua, direção (dados biográficos), ficha técnica, premiações,
significado que tem no contexto da cinematografia de origem e/ou no cenário
mundial e assim por diante.
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A proposta não é ensinar como fazer vídeo e cinema – isso cabe aos cursos específicos –
mas, sim, ensinar como desenvolver a sensibilidade para escolher o que interessa ao
conteúdo abordado e também como explorar os materiais disponíveis.
Podemos citar alguns exemplos bem-sucedidos, em que os vídeos são utilizados para
enriquecer e ampliar as aprendizagens. Nesses casos, eles podem ser usados para
sensibilizar os alunos para determinado assunto; para ilustrar assuntos acontecidos no
passado ou em lugares distantes, ou, ainda, situações imaginárias; para simular
experiências ou situações que, se fossem reais, exigiriam muito tempo para acontecer, ou
muitos recursos.
Sem negar sua influência e poder de persuasão, sabemos hoje que a TV é, apenas, mais
uma variável capaz de contribuir, de modo positivo, para a formação do indivíduo: tudo
depende do que ele assiste, como, com quem e por quê.
As análises críticas à TV, certamente, delineiam novas tarefas para a educação. É preciso
considerar o ecossistema comunicativo ampliado pela introdução de outras linguagens,
pelas representações e pelos relatos da vida cotidiana. Torna-se necessário incorporar as
novas tecnologias, não apenas como transmissoras de conteúdos, mas como estratégias de
construção/reconstrução do conhecimento e como objeto de estudo.
Existe uma grande diversidade de programas televisivos que podem ser utilizados com
finalidades educativas. Podemos até chegar a considerar que todo programa audiovisual é
passível de ser trabalhado pedagogicamente, se isso for feito de modo crítico. Podemos
afirmar ainda que a educação constitui, hoje, um grande mercado consumidor de recursos
audiovisuais, mesmo que não tiremos deles todo o proveito. Um dos aspectos fundamentais
da incorporação dos recursos audiovisuais à educação é a exigência de uma maior sintonia
entre a área de produção dos programas e a escola.
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• ler em conjunto – o tutor disponibiliza trechos dos programas e comenta-os junto com os
alunos;
• ler com funções – os alunos ganham tarefas específicas para realizar durante a projeção:
anotar a cena mais importante, a caracterização dos personagens, músicas e efeitos, as
palavras-chave, as imagens mais significativas etc.;
• ler de forma concentrada – após a exibição, selecionam-se algumas cenas significativas
que são revistas a partir de alguns questionamentos;
• analisar a linguagem – discutem-se a linguagem e conteúdo do programa: que história é
contada, quem conta, para quem;
• completar o programa – exibe-se apenas parte do vídeo e os alunos desenvolvem, em
grupos, possibilidades de continuação;
• recortar o programa – preparam-se diferentes formas de interpretar a mensagem do
programa, utilizando várias linguagens.
Referência Bibliográficas
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TURNER, Graeme. Cinema como prática social. São Paulo: Summus, 1997.
XAVIER, Ismail. O cinema brasileiro moderno. São Paulo: Editora Paz e Terra, Coleção
Leitura, 2001.
_______.(org.) A experiência do cinema. Rio de Janeiro: Graal/Embrafilme, 1983.
WHITE, Robert. Tendências dos estudos de recepção. Comunicação & Educação, 13: 41-
60, SP: Moderna, 1998.
ZUSMAN, Waldemar. Os filmes que eu vi com Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1994.