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Graduando em Eng. Agronômica
Setembro de 2016
Sumário
Introdução 3
1. Aspectos Biológicos da espécie 4
1.1 Descrição geral da espécie 4
1.11 Morfologia 4
1.2 Fisiologia 5
1.3 Fenologia 6
1.31Os ciclos propagativos de Cyperus rotundos 6
1.4 A dormência dos tubérculos, sua resposta ao manejo e a condições
ambientais 9
1.5 A sobrevivência dos tubérculos e sua resposta ao manejo e
ambiente. 10
1.6 Crescimento vegetativo, sua resposta ao manejo e as condições
ambientais. 11
2. Aspectos ecológicos da espécie 12
2.1 Interação com outras espécies 12
2.2 Fenômeno de alelopatia 13
3. Métodos de Controle 13
3.1Métodos de controle tradicionais 13
3.2 Alternativas de controle em produção orgânica 14
3.21 Métodos mecânicos 14
3.22 Uso de compostos alelopáticos 15
3.23 Controle Biológico 17
3.24 Uso de palha tipo mulching 18
3.25 Plantas de cobertura 18
3.26 Uso da solarização 19
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4. Descrição de ensaio de campo 19
Introdução 19
Uso da solarização para o controle de ervas invasoras 19
Materiais e Métodos 22
Referências Bibliográficas 23
Introdução
A tiririca (Cyperus rotundus) é uma planta Monocotiledônea pertencente a ordem
Graminales, ou seja, faz parte do grande grupo das plantas de folha estreita como as
gramíneas, no entanto é da família Cyperaceae e possui uma série de particularidades
morfológicas que serão abordadas adiante. A tiririca é uma planta daninha amplamente
distribuída no território brasileiro e em muitos outros países. Ela é reportada como
planta daninha em todos os continentes com exceção da Antártida, em mais de 90 países
de clima tropical e subtropical. Devido ao seu grande vigor e capacidade de dispersão
ela é considerada por muitos autores como a planta daninha mais nociva do mundo
(Holm et al., 1991). No Brasil, estima-se que 50% dos solos são infestados com a
tiririca (Garcia & Arevalo, 1986). Acredita-se que seu centro de origem mais provável é
o continente asiático, mais especificamente o Sudão (Tarr, 1955, 1963) ou a Índia
(Kissmann, 1991; Lorenzi, 2000) e foi introduzida no Brasil através dos navios
mercantes portugueses. A tiririca é um problema especialmente complicado de
solucionar em sistemas orgânicos de produção, principalmente devido a impossibilidade
do emprego herbicidas, neste caso o controle da tiririca é muito difícil e pode ser
considerado o principal entrave para a produção orgânica de hortaliças.
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utilizados para o controle da tiririca e em seguida aborda comparativamente os métodos
alternativos de controle, adequados ao manejo da produção orgânica. Por último, traz a
descrição de um ensaio sobre o uso de solarização para o controle da tiririca em
ambientes de produção orgânica. Essa descrição tem o objetivo principal traçar as
diretrizes da sua condução e servir como base para sua execução no futuro.
A tiririca como planta perene apresenta estruturas de reserva subterrâneas, que podem
ser divididas em rizomas, tubérculos e bulbos basais. Os rizomas quando jovens tem
tecido branco e turgido que com o tempo se tornam escuros e lignificados. Eles
consistem de uma série de entrenós alongados que se estendem para superfície,
lateralmente ou até se aprofundam no perfil do solo. O meristema apical desse rizoma,
quando vai de encontro com a superfície acumula reservas e se diferencia num bulbo
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basal. Quando o rizoma cresce lateralmente ou se aprofunda o meristema apical se
diferencia num tubérculo.
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1.2 Fisiologia
A tiririca deve muito da sua agressividade como invasora ao seu metabolismo
fotossintético do ciclo C4, que lhe confere significativa vantagem sobre a maioria das
plantas cultivadas que possuem a rota fotossintética do ciclo C3 em condição de clima
tropical e subtropical. Plantas com rota fotossintética C4 exibem maior crescimento na
faixa de temperatura que vai de 30 a 35 °C e apresentam saturação luminosa acima de
50% da radiação solar, enquanto as plantas C3 por sua vez encontram seu ótimo
crescimento na faixa que vai de 10 a 25°C e demonstram saturação luminosa à uma
intensidade de 20 a 30% da radiação solar (Wills 1987). Somado a isso, a rota C4
permite fixar CO2 em altas taxas com um baixo consumo de água por unidade de
matéria seca produzida.
1.3 Fenologia
1.31Os ciclos propagativos de Cyperus rotundos.
Ciclo reprodutivo
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As sementes de tiririca encontram-se dentro de aquênios (frutos secos que contém uma
semente) que apresentam dormência associada ao seu tegumento duro. Quando estas
são viáveis, produzem plântulas de baixo vigor que raramente sobrevivem à condições
de campo. Em conclusão, a maioria dos autores afirma que a propagação reprodutiva
não é o meio mais importante de dispersão da tiririca, não obstante pode constituir uma
fonte de infestação para novas áreas, além de ser importante para a diversidade genética
e adaptação da espécie aos diversos ambientes.
Ciclo vegetativo
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que seguem estas plantas emergem e o processo se repete com o desenvolvimento de
mais rizomas a partir dos bulbos das novas plantas, e em cada ápice de rizoma se
diferencia uma nova planta, repetindo-se assim o padrão de crescimento. Entre 6 e 8
semanas pode ser observada a produção dos primeiros tubérculos, no entanto eles
aparecem solitários e ainda não organizados em cadeia (estrutura de tubérculos
interconectados). Nesse período também são observadas as primeiras inflorescências.
A partir da décima semana algumas cadeias duplas ou triplas podem ser observadas com
os tubérculos mais velhos, de coloração escura e geralmente dormentes, já os mais
novos ainda são brancos e macios. Nesse período alguns rizomas mais velhos se
encontram maduros, rijos e escuros, que no entanto não significa que há uma
interrupção no fluxo de seiva (Wills & Briscoe, 1970), tal conexão ainda exerce
importância para a manutenção da dormência dos tubérculos. Nas semanas que seguem
mais estruturas subterrâneas se desenvolvem e as cadeias se alongam formando um
reticulado denso. Com vinte semanas a maturação da parte aérea e subterrânea era
evidente no presente estudo.
O ciclo de crescimento e propagação descrito acima foi estudado por Houser em 1962
na Geórgia durante uma estação de crescimento. No entanto, em um ambiente tropical a
velocidade dos processos seria provavelmente mais rápida, no entanto o padrão de
crescimento e produção de novas estruturas é próprio da espécie.
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inverno que permaneciam latentes no frio, com apenas uma ou duas brotações,
brotavam intensamente e floresciam quando as temperaturas se elevavam.
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rizoma. Na pratica, a dormência secundária implica que após a brotação do tubérculo
mãe não ocorre sua morte, de modo que não ocorre redução na população original.
Os mecanismos que controlam a dormência dos tubérculos de tiririca ainda não são
completamente compreendidos, no entanto vários fatores contribuem pra sua ocorrência
e duração. Dentre eles a dominância apical entre os tubérculos de uma cadeia é
considerada um dos principais fatores (que também ocorre entre as gemas num
tubérculo), pois ela exerce forte efeito na dormência dos tubérculos das posições
inferiores, no entanto a dominância é superada se a posição dos tubérculos é invertida
(Muzik & Cruzado,1953). Os mesmos autores comprovaram que a dormência vinculada
a dominância apical pode ser quebrada se os rizomas que ligam os tubérculos à cadeia
forem imersos em agua fervente causando a morte do tecido e resultando na brotação
dos tubérculos. O fato da separação dos tubérculos da cadeia surtir grande efeito quebra
da sua dormência traz importantes implicações em relação a operações mecânicas que
fragmentam o reticulado subterrâneo uniformizando a brotação.
Nesser et al (1997), baseados em ensaio na Costa Rica, sugerem que a dormência está
diretamente correlacionada com a idade do tubérculo. Eles constataram um aumento na
taxa de dormência do grupo de tubérculos avaliados conforme sua idade avançava,
assim como na ocorrência de tubérculos em dormência secundária. Isso indicou que
dentro do grupo haviam duas subpopulações que poderiam responder diferente a
estímulos do ambiente. Ademais, tubérculos imaturos brotaram 100% em uma ampla
faixa de temperaturas (Horowitz, 1965). Nesse mesmo estudo de observação da
viabilidade e dormência os autores desenvolveram um modelo matemático para a
longevidade que previu a meia-vida dos tubérculos de 16 meses, sendo que 99% de
mortalidade ocorreria aos 42 meses.
Não obstante, a incapacidade dos tubérculos maduros de brotar da mesma maneira que
os imaturos sugere um nível de dormência inato desses tubérculos. Compostos fenólicos
e ácido abscísico foram apontados como inibidores da brotação dos tubérculos, por
outro lado, citoquininas e outras substâncias foram apontadas com promotores da
brotação, acredita-se que o balanço dessas substâncias controlam a dormência e a sua
10
quebra nos tubérculos (Nashimoto, 2001 apud Friedman & Horowitz 1971; Teo et al.
1974).
Siriwardana et al. (1987) encontrou que a grande maioria dos tubérculos estavam
situados nos primeiros 16 cm do solo (99%), no entanto tubérculos foram reportados de
emergir de 64 cm de profundidade (Andrews 1940). Embora não ocorram em grande
quantidade, os tubérculos situados em profundidade são maiores e contém mais reserva
(Siriwardana et al. 1987), além de estarem menos sujeitos a flutuações de temperatura e
umidade, o que lhes garante maiores chances de sobreviver por longos períodos e servir
de fonte para reinfestação dos campos de cultivo (Nashimoto, 2001)
A brotação dos tubérculos de tiririca aparenta ser fortemente regulada pela temperatura.
A faixa ótima de temperatura em que ocorrem as maiores taxas brotação (de 80-90%)
está situada na faixa de 25º à 35ºC. Em temperaturas inferiores a 10º C e superiores a
44º C não ocorrem brotações. Contudo, alternâncias no regime térmico aparentam surtir
maior efeito na brotação que regimes constantes de temperaturas.
Miles et al. (1996) encontrou uma correlação linear da brotação com aumento de
temperaturas constantes, no entanto em regimes alternados de (25º/35ºC) a tiririca
respondeu mais rápido e com taxas maiores (100% de brotação). Num outro ensaio, Sun
and Nashimoto (1997) mostraram para tubérculos armazenados à temperatura constante
11
de 20ºC que mesmo um único pulso térmico de 35ºC por 30 minutos já é suficiente para
provocar a quebra da dormência de 85% dos tubérculos, ante apenas 25% sem o pulso
térmico.
Apesar da luz não ser necessária à brotação dos tubérculos ela a estimula. Tubérculos
brotados próximos À superfície <1cm) tendem a ter de duas a três gemas brotadas
(Observação pessoal). Muzic & Cruzado notaram que embora na presença luz as gemas
apicais tendem a brotar primeiro muitas outras brotam em seguida, enquanto tubérculos
brotados no escuro tendem a ter apenas uma gema.
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A tiririca é conhecida pela sua alta capacidade de propagação e dispersão. Horowitz
(1972), observou em Haifa (Israel) que tubérculos isolados, plantados no começo da
primavera e crescendo sem competição, aos dois meses já apresentavam nove novas
plantas que já havia se distanciado 90 cm do tubérculo de origem. No terceiro mês já
apresentava 50 plantas. No final do experimento, 20 meses após o plantio, a área
ocupada pela tiririca era de 56 m², com uma média de 1000 tubérculos/m², no entanto
no centro da área a população era de 3500 tubérculos/m². Esse valor coincide com os
encontrados por Houser na Georgia, EUA (1962), registrou um mesmo aumento na
população durante vinte semanas de crescimento.
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2.1 Interação com outras espécies
O fato de possuir metabolismo do ciclo C4 também lhe confere uma alta demanda por
saturação luminosa, no entanto por se tratar de uma planta herbácea de porte baixo a
tiririca geralmente sofre sobre a sombra dos cultivos mais altos e densos, muitas vezes
desaparecendo. Mas retorna com violência uma vez que a cobertura vegetal foi retirada
(Nashimoto, 2001)
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observado no desenvolvimento do sistema radicular das plântulas de repolho, brócolis,
rabanete, mostarda e couve flor, no entanto sementes de tomate e alface não sofreram o
efeito.
3. Métodos de Controle
3.1Métodos de controle tradicionais
Atualmente o método de controle mais usado no controle da tiririca é o químico, por
meio da aplicação de herbicidas. Esse é tido como o método mais barato e que traz os
melhores resultados de controle da tiririca. Alguns herbicidas são reportados por serem
mais efetivos no seu controle.
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Pavezi (1988), reportou um controle mais eficiente da tiririca quando métodos químicos
e mecânicos foram combinados. Ela atribuiu a quebra da dormência dos tubérculos pelo
preparo de solo, que brotaram mais uniformemente potencializando o efeito do
herbicida (Glifosato).
Hamalan and James (1999) encontraram controle eficiente da tiririca em milho com a
aplicação de 32 a 130 gramas de i.a./ha de Halosulfuron. Este é um herbicida seletivo
para plantas da família Cyperaceae, que normalmente não exerce controle de outras
espécies de daninhas.
A Tiririca é uma planta de difícil controle por métodos mecânicos, pois mesmo após
uma capina da parte aérea os pontos de crescimento nos bulbos basais ficam protegidos
sob o solo e são nutridos pela grande quantidade de reservas armazenadas. Santos et al.,
observou na Carolina do Sul que duas semanas após uma capina já havia significativa
brotação e inclusive produção de novos rizomas. Entretanto ele afirma que remoções
frequentes da parte aérea podem exaurir as reservas subterrâneas em um curto intervalo
de tempo. No estado do Alabama, completa erradicação da tiririca foi conseguida com
sucessivas gradagens, em intervalos de 3 semanas, durante duas estações de
crescimento. (Smith and Mayton 1938, 1942).
Na Nicarágua, após uma estação seca de quatro meses procedeu-se a aração do solo
seco. A operação causou a morte de grande parte dos tubérculos por dessecação e
reduziu em larga medida a brotação no cultivo subsequente. O resultado foi melhor
quanto maior o intervalo entre a aração e a irrigação da área, apresentando o melhor
resultado com 10 dias de intervalo (Vargas et al.,1990).
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3.22 Uso de compostos alelopáticos
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a No. of No. of leaves Length of No. of No. of leaves
t mother of mother mother leaves daughter of daughter
e shoots/tuber shoots/tuber (cm) shoots/tuber shoots/tuber
( 45 75 45 75 45 75 45 75 45 75
g days days days days days days days days days days
/
k
g
s
o
il
)
Purpl --------- 2.00 3.0 20.5 24.0 45.0 57.0 4.0 5.0 11.0 15.0
e
nutse
dge
alone
(P)
Purple --------- 2.00 2.0 15.6 20.0 41.0 31.9 3.0 1.9 8.0 5.5
nutsedge
+ Maize
(M)
P.+M.+ 25 2.00 2.0 14.0 10.0 39.0 27.6 1.0 1.0 3.0 2.0
Morus 50 2.00 0.0 13.0 0.0 37.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
alba 75 1.33 0.0 10.0 0.0 33.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
P.+ 25 2.00 2.0 12.0 8.0 37.0 24.0 1.0 0.0 2.0 0.0
M.+ 50 1.00 0.0 6.0 0.0 34.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
Vitis
vinifera 75 1.00 0.0 5.0 0.0 30.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0
LSD at 5% 0.24 0.10 1.06 0.13 1.26 1.09 0.63 0.07 0.68 0.43
Silveira et al. (2010) num experimento realizado em Viçosa MG observou que o extrato
aquoso obtido por infusão de folhas de Alecrim-pimenta (Lippia sidoides) em aplicação
para o controle de tiririca reduziu em 50% a porcentagem de emergência dos tubérculos
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sendo comparável ao tratamento que utilizava 5 L/ha de Atrazina (2,5 kg/há ing. Ativo).
O extrato interferiu também na velocidade de emergência.
O uso de controle biológico para controlar a tiririca tem sido intensamente estudado e
inúmeros microrganismos, principalmente fungos foram detectados como patógenos, no
entanto poucos provocam danos significativos na daninha.
Nesser (1997) reportou pela primeira vez a predação de tubérculos de tiririca pela larva
do besouro Curculionidae Sphenophorus incurrens.
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3.24 Uso de palha tipo mulching
O uso de palha para o controle de tiririca foi testado no Paquistão por Mahmood &
Cheema (2004). No experimento eles avaliaram diferentes doses da palha de sorgo
(Sorghum bicolor) como cobertura morta e também incorporada. Na maior dose de
palha, de 15 ton/ha, o controle da densidade de plantas foi de 45% e 40% para
superficial e incorporada, respectivamente aos 40 dias de tratamento. Silva (2003)
testando diferentes doses de palha de cana de açúcar, encontrou redução no número de
plantas quando comparado ao controle, no entanto a palha não foi capaz de reduzir a
produção de tubérculos.
O efeito da cobertura morta sobre a tiririca pode ser atribuído a uma série de fatores,
provavelmente a combinação deles. De início a palha oferece uma barreira física para a
emergência da tiririca. Somado a isso, tem-se o efeito da palha sobre a temperatura do
solo que diminui e passa a oscilar menos ao longo do dia, fator que contribui para
redução da brotação, assim como na manutenção de uma maior umidade no solo, que
cria um microclima favorável a fungos patogênicos prejudiciais a tiririca (Khatounian,
comunicação pessoal). Dessa maneira, a cobertura é um recurso importante para ajudar
no controle da invasora, principalmente nos meses de inverno em que sua multiplicação
é mais lenta. No entanto, ela não deve ser usada como medida isolada, mas sim se um
componente de uma estratégia integrada de controle da tiririca.
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Diversas espécies de adubos verdes foram reportadas por promoverem a supressão da
tiririca, dentre elas mucuna-preta, o feijão de porco e as crotalária juncea. Além do
efeito de competição, a elas são atribuídos efeitos alelopáticos que inibem o crescimento
da tiririca quando são incorporadas ao terreno (Fontanetti et al., 2007).
Araújo et al. (2015) avaliando o efeito de cobertura do solo e supressão da tiririca, com
corte aos 90 dias de três espécies de adubo verde: milheto (Penisetum americanum),
guandú (Cajanus cajan) e Crotalária spectabilis em comparação com o pousio,
encontrou redução de 56%, 40% e 30% respectivamente aos 120 dias após o corte. Eles
observaram que mesmo o milheto produzindo mais biomassa, não foi o mais eficiente
em cobrir o solo e na supressão da tiririca. A Crotalaria spectabilis foi a cultura que
produziu menos matéria seca, no entanto foi a que apresentou melhor supressão da
tiririca, sugerindo que produza substâncias de efeito alelopático na invasora.
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Uso da solarização para o controle de ervas invasoras
Elmore (1991) reporta que a princípio a solarização foi concebida como alternativa à
métodos químicos como o Brometo de metila (esterilizador de solo) para o controle de
patógenos do solo. No entanto quando verificou-se que o método também controlava
outros organismos antagônicos, como as ervas invasoras, experimentos foram
conduzidos para melhor entender o processo.
D’Addabbo et al. (2010) reporta que uma série de mecanismos estão envolvidos no
controle durante a solarização, mas ressalta que essencialmente é o seu efeito térmico
que desencadeia mudanças químicas e biológicas no solo promovendo assim o controle
das pragas. Elmore (1991) ainda ressalta que o período do ano no qual se dá a
solarização interfere muito nas temperaturas atingidas, sendo que somente sob a alta
radiação solar dos meses de verão o controle foi efetivo. O mesmo autor ainda sugere
que temperaturas sensivelmente menores foram reportadas nas bordas dos canteiros e
que canteiros mais largos são mais eficientes no aquecimento do solo.
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RIT foram eficientes no controle inclusive a 15 cm de profundidade. Pode-se atribuir ao
fato de que o plástico RIT a tiririca não foi capaz de perfurar.
Rubin & Benjamin (1983), em Israel encontraram temperaturas nas camadas superiores
do solo (5 cm de profundidade) da ordem de 18ºC maiores sob solarização, que
atingiram picos de 53ºC durante os períodos mais quentes do dia. No entanto esse
aumento era sensivelmente menor em à 30 cm de profundidade, com picos de 37ºC.
Eles também registraram uma melhor manutenção da umidade do solo ao longo do
tempo coberto com plástico, o que garante uma melhor transmissão do calor.
Dessa maneira, como a maior proporção dos tubérculos está situada na superfície do
solo, cerca de 85% no primeiros 12 cm (Siriwardana & Nashimoto, 1987), boa parte
seria controlada pelo aumento da temperatura. No entanto Rubin & Benjamin (1984)
sugerem que a solarização em si não é capaz de elevar a temperatura das camadas
inferiores a ponto de inviabilizar os tubérculos de tiririca situados a 30 cm, no entanto
proporcionaria uma variação diária na temperatura dessas camadas profundas suficiente
para promover a brotação dos tubérculos (Miles et al.,1996) que por consequência
seriam mortos quando expostos as altas temperaturas superficiais durante a emergência
(Chase et al., 1998)
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Numa outra perspectiva, Nashimoto e Kawabata (1999) identificaram a solarização
seguida de aplicação de Glifosato como eficiente medida para o controle de tiririca. Os
autores atribuíram o efeito a quebra de dormência proporcionada pela solarização que
impõe aos tubérculos de tiririca um regime de temperaturas alternadas. Uma vez que
após uma solarização notaram um maior número de tubérculos brotados conectados a
parte aérea, permitindo assim uma melhor translocação do herbicida resultando num
melhor controle. Vale ressaltar que esse experimento foi realizado no Havaí em março
(final do inverno) e as temperaturas do ambiente não foram maiores que 24ºC durante o
período de solarização.
Materiais e Métodos
Antes do início, avaliações da população dos tubérculos no perfil do solo serão feitas
para avaliar sua quantidade e distribuição nas profundidades. Para tanto será utilizado
um quadrado de 50 cm de lado (0,25m²), ou 30 cm de lado (0,09m²) e serão coletados os
tubérculos e bulbos basais de tiririca nas profundidades de 0 a 5 cm, 5 a 15 e 15 a 30
24
cm. Esse procedimento será repetido após a solarização para avaliação da multiplicação
e viabilidade dos tubérculos de tiririca.
O primeiro passo para o estabelecimento do ensaio será o preparo do solo com enxada
rotativa da área infestada para romper as ligações entre as cadeias de tubérculos e com
isso quebrar a dormência imposta pela dominância apical, uniformizando a brotação.
Em seguida a área será irrigada até a saturação para garantir a umidade necessária a
brotação dos tubérculos.
As parcelas nas dimensões 3x3m (ou 2x2m) serão cobertas com a lona plástica e terão
suas bordas enterradas a fim de impedir a saída de ar e umidade permitindo a criação de
um bolsão de calor entre o solo e a superfície. Para evitar a perfuração da lona pela
lança de emergência da tiririca, serão usadas varas de bambú estendidas para garantir
que a lona não encoste no solo evitando a perfuração.
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