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É inegável a preocupação crescente com o meio Por isso, atualmente, os extratos de plantas inse-
ambiente, dessa forma, observa-se o crescimento da ticidas surgem como objeto de pesquisa, e vêm sendo
agricultura orgânica visando evitar os efeitos prejudi- estudados como alternativa no manejo integrado de
ciais dos produtos químicos ao agroecossistema e, pragas. Nesse contexto, a família Meliaceae tem se
assim, substituí-los por métodos alternativos de con- destacado, tanto pelo número de espécies vegetais
trole de pragas e doenças, preservação das proprieda- inseticidas, como pela eficiência de seus extratos
des do solo, manejo de plantas daninhas, cobertura (RO E L et al., 2000). Além dessa família, segundo
morta, adubação verde e rotações de culturas, entre J ACOBSON (1989) outras espécies botânicas
outras práticas (LUZ et al., 2007). Nesse contexto, se- (Annonaceae, Asteraceae, Cannellaceae, Labiateae,
gundo VASCONCELOS et al. (2006), uma alternativa que e Rutaceae) também demonstram serem promisso-
vem sendo retomada para o controle de pragas é o uso ras no controle de pragas. Todavia são escassos os
de metábólitos secundários presentes em algumas estudos sobre o potencial inseticida para a grande
plantas, as quais são chamadas de “plantas insetici- maioria das espécies, o que implica na necessidade
das”. Diversas substâncias oriundas dos produtos do desenvolvimento de pesquisas para a descoberta
intermediários ou finais do metabolismo secundário de novas alternativas.
dessas plantas, que podem ser encontradas nas raízes, Segundo MEDEIROS et al. (2005) e TORRES et al.(2006)
folhas e sementes, entre eles, rotenóides, piretróides produtos naturais extraídos de plantas constituem-
alcalóides e terpenóides, podem interferir severamen- se em fonte de substâncias bioativas compatíveis com
te no metabolismo de outros organismos, causando programas de manejo integrado de pragas (MIP).
impactos variáveis, como repelência, deterrência ali- Dessa forma, pode ser um forte aliado a outros méto-
mentar e de oviposição, esterilização, bloqueio do dos de controle de insetos, mantendo o equilíbrio
metabolismo e interferência no desenvolvimento, sem ambiental, sem deixar resíduos químicos, sem ação
necessariamente causar a morte (MEDEIROS, 1990; tóxica aos animais e ao homem, reduzindo os efeitos
LANCHER, 2000). Nesse último caso, pode haver retar- negativos ocasionados pela aplicação descontrolada
damento no desenvolvimento do inseto, causando de inseticidas organossintéticos.
efeito insetistático como frisaram HERNANDEZ &
VENDRAMIM (1998). Ação sobre os insetos
O piretro, extraído das flores de Chrysanthemum
cinerariaefolium, mantém um efeito residual de até Para avaliar os efeitos sobre insetos, os alimentos
sete dias nos vegetais tratados. A sua instabilidade (folhas, grãos) ou as posturas são imersos por deter-
em presença da luz motivou a busca por piretróides minados períodos nos extratos, ou então estes são
sintéticos. Antes da década de 70, do século XX, aplicados em dietas artificiais ou sobre as pragas,
foram desenvolvidos princípios ativos cujas formu- presas e hospedeiros. FERNANDES et al. (1996) constata-
lações também se mostraram altamente instáveis em ram, como efeitos, a inibição da alimentação ou
presença de luz. A partir de 1970, foram obtidos os deterrência, redução de consumo alimentar, atraso no
sintéticos permetrina, cipermetrina e fenvalerato, os desenvolvimento, deformações, esterilidade dos adul-
quais apresentaram menor toxicidade em compara- tos e mortalidade. VENDRAMIM (1997) também consta-
ção aos outros produtos químicos da época, excelen- tou repelência, inibição da oviposição, alterações do
te efeito de contato e fotoestabilidade (CAVERO, 1980). sistema hormonal, alterações no comportamento
Já a retenona, principal ingrediente extraído das sexual.
raízes de timbó, Lonchocarpus spp., e exportada pelo De acordo com GALLO et al. (2002), o objetivo
Brasil como inseticida, apresentava toxicidade so- principal do uso de extratos vegetais é reduzir o
bre peixes e era utilizada na pesca pelos índios crescimento da população de pragas. Segundo os
(GOMES , 1946). Os inseticidas sintéticos, apesar da autores, a mortalidade do inseto é apenas um dos
eficiência, podem apresentar uma série de proble- efeitos e que, geralmente, necessita de concentrações
mas, como contaminação ambiental, presença de muito elevadas.
altos níveis de resíduos nos alimentos, desequilíbrio Os efeitos de extratos de plantas na sobrevivência
biológico devido à eliminação de inimigos naturais, da fase embrionária de lepidópteros pragas são pou-
surgimento de populações de insetos resistentes co conhecidos devido ao baixo ou nenhum efeito
(HERNÁNDEZ & VENDRAMIM, 1996). Além disso, a sobre os ovos. Esse fato se deve à existência de uma
fitotoxicidade, o efeito sobre outros organismos não- camada lipídica ou cerosa na parte interna do córion,
alvo, o aumento no custo dos pesticidas e a pressão com capacidade de reter substâncias tóxicas, impe-
da sociedade por produtos livres de agrotóxicos dindo-as de atingir o embrião. No entanto, o efeito
tornou necessária a busca por produtos ovicida pode variar de acordo com a espécie do inseto
biodegradáveis e seletivos (RAGURAMAN & S INGH, 1999; e com as características das substâncias utilizadas
LOVATTO et al., 2004). (TORRES et al., 2006).
RAGURAMAN , S. & SINGH, R.P. Biological effects of neem azedarach e Aspidosperma pyrifolium no desenvolvi-
(Azadirachta indica) seed oil on an egg parasitoid, mento e oviposição de Plutella xylostella. Bragantia,
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