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Grupo de Estudos em Manejo Integrado de Pragas - GEMIP

PRAGAS DE VIVEIROS FLORESTAIS E MÉTODOS DE CONTROLE

Aurélio de Sousa MENDES¹, Gustavo Aires SARMANHO¹, Lucas Oliveira ARAÚJO¹,


2
Victor Pereira De OLIVEIRA1, Anderson Gonçalves da SILVA

RESUMO: Viveiros florestais são essenciais para a produção de mudas de espécies nativas e
exóticas que serão utilizadas para futuros trabalhos relacionado a silvicultura e
reflorestamento, portanto, cuidados devem ser tomados para que não ocorra ataques de pragas
que contribuam para o insucesso do empreendimento e que causem danos econômicos na
produção. Assim, o objetivo desse trabalho é acrescentar a estudos já existentes informações
sobre espécie, injurias e táticas de controle químico e biológico dos insetos-pragas em
viveiros florestais.

Palavras-chave: Mudas, Reflorestamento, Insetos-pragas.

PEST NURSERY FORESTRY AND CONTROL METHODS

ABSTRACT: Forest nurseries are essential for the production of seedlings of native and
exotic species that will be used for future work related to forestry and reforestation, so care
must be taken to avoid pest attacks that can contribute to the failure of the enterprise and also
cause losses to the economic production. Thus, the objective of this study is to add new
information to existing studies about species, injuries and tactics of chemical and biological
control of arthropod pests in forest nurseries.

Keywords: Seedlings, Reforestation, Insects pests.

1
Discentes do curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal Rural da Amazônia, campus Paragominas,
PA 256, Km 7
2
Professor da Universidade Federal Rural da Amazônia, coordenador do Grupo de Estudos em Manejo
Integrado de Pragas – GEMIP/UFRA, Câmpus de Paragominas.

Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA – Pragas de Viveiros Florestais e Métodos de Controle
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1. INTRODUÇÃO

O viveiro de produção de mudas florestais é o setor base dentro do processo produtivo,


pois é responsável pelo abastecimento de mudas para implantação de povoamentos florestais,
recuperação de áreas degradadas, silvicultura urbana, parques, entre outras finalidades.
DAVIDE & FARIA (2008), definem um viveiro florestal como uma área delimitada, com
características apropriadas, onde são utilizados insumos, equipamentos e técnicas para a
produção de mudas de qualidade.
Devido à fragilidade das plântulas de espécies florestais, quaisquer danos que estas
venham a sofrer podem ser fatais para seu desenvolvimento e sobrevivência, tornando a fase
do viveiro essencial para o decorrer do processo de crescimento das mudas para um
empreendimento florestal qualquer. O ataque de insetos é bastante comum em viveiros de
mudas, por isso devemos dar atenção a esta questão, na tentativa de eliminar e/ou diminuir
essas ameaças, o conhecimento dos principais insetos-pragas, suas formas de atuação e
comportamento aliada a algumas técnicas e tecnologias que veem contribuindo no combate a
pragas em viveiros florestais, para a produção de mudas mais saudáveis e menos propicias a
ataques de pragas.
Geralmente, o fator que determina a ocorrência dessas pragas é o tipo de sistema
adotado na produção de mudas e o tipo de manejo das mudas. A utilização de canteiros
suspensos diminui a probabilidade ao ataque de pragas, pois a maioria está associada ao solo,
como cupins, formigas, paquinhas, formigas cortadeiras e grilos (ZANETTI, 2008).
Embora a suspenção de viveiros e a produção de mudas em casas de vegetação tenham
aumentado, ainda existem diversas essências florestais nativas e exóticas que são produzidas
no sistema antigo de produção e são suscetíveis a um grande número de ataques de pragas,
mas as empresas estão investindo cada vez mais em tecnologias eficazes que eliminam a
incidência dos surtos de pragas em viveiros. Portanto, esse artigo irá enfocar nos principais
insetos-pragas que atacam viveiros florestais suspensos.

2. CONCEITO DE PRAGA
Segundo definição de PICANÇO (2010) há dois conceitos de praga, um está
caracterizado como convencional, onde um organismo é considerado praga, quando
constatada sua presença na cultura. A outra já é uma definição mais recente e está relacionada
com a quantidade de insetos-pragas, ou seja, a incidência/densidade do mesmo e estabelece
que um indivíduo só é considerado praga quando a sua população está em níveis elevados

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(não estamos considerando insetos vetores) causando danos econômicos na produção, esse é o
conceito relacionado ao Manejo Integrado de Pragas - MIP.

3. PRINCIPAIS INSETOS-PRAGAS DE VIVEIROS FLORESTAIS


As principais pragas que atacam viveiros florestais estão distribuídas em diferentes
ordens e famílias, entre elas, as que mais se evidenciam em viveiros florestais suspensos estão
relacionadas na figura 1. Podemos caracteriza-las pertencentes principalmente da ordem
Hemiptera (principalmente Subordem‎:‎‎Sternorrhyncha), que possuem aparelho bucal do tipo
picador sugador tetraqueta, sendo a maioria das espécies fitófagas, ou seja, alimentam-se
exclusivamente da seiva dos vegetais e também da ordem díptera.

A B C D

FIGURA 1: Principais insetos-pragas de viveiros florestais. Em A: cochonilha (Coccus viridis), B:


mosca-branca (Bemisia tabaci), C: mosca-mimadora (Lirimyza spp.) e D: pulgão (Schizaphis
graminum).
Fonte: Google imagens.

3.1. COCHONILHA (Coccus viridis e Coccus africanus)


Cochonilha pertence a ordem Hemiptera e a família Coccidae, segundo COSTA et al.,
(2011) possuem coloração verde e forma oval, com 2 a 3 mm de comprimento (Figura 1A),
fixam-se em ramos e folhas, principalmente nas nervuras. São insetos sugadores que atacam e
se instalam na parte aérea da planta, os danos causados pelo sugamento da seiva, acarreta o
enfraquecimento da planta. Existem outras espécies de cochonilhas, entre elas estão: Saissetia
coffeae e Plaanococcus citri. De acordo com COSTA et al., (2011) os métodos de controle
podem ser biológicos, com inimigos naturais como joaninhas e parasitoides como micro-
himenópteros e controle químico, fazendo-se pulverizações de Diazinom – 600 g/l –
formulação concentrado emulsionável (CE) – 150 ml para 100 litros de água ou Mefosfolam.

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3.2 MOSCA-BRANCA (Bemisita tabaci)


Mosca-branca ou piolho-das-plantas (Figura 1B), pertencente à família Aleyrodidae é
uma das pragas mais conhecidas do mundo e está presente em praticamente em todas as
regiões agrícolas. Segundo GOULART et al., (2013), os danos causados pela mosca-branca
são sucção de seiva que enfraquece as plantas, o deposito de toxinas que provocam
crescimento desuniforme dos tecidos vegetais, além da transmissão de vírus. A mosca-branca
é a principal praga de viveiros no município de Paragominas, Estado do Pará, principalmente
devido a proximidade com plantios de soja, que é uma planta hospedeira da praga. O método
de controle é físico com o uso de armadilhas adesivas na cor amarela (principalmente com o
intuito de monitoramento da praga) e também podem ser utilizados produtos microbianos já
disponíveis no mercado à base do fungo Beauveria bassiana. Destaca-se que não existem
formulações químicas (sintéticas) registradas para o controle químico em viveiros (apesar de
já existirem dezenas para culturas agrícolas).

3.3. PULGÃO (Schizaphis graminum)


Os pulgões ou afídeos (Família Aphididae) são insetos sugadores (Figura 1C), chegam
ao tamanho máximo de cinco milímetros de comprimento, vivem em climas tropicais se
reproduzem por partenogênese, e geram somente fêmeas deste modo sua reprodução é
bastante acelerada onde uma mãe gera vinte réplicas iguais a ela por dia. Segundo ZANETTI
et al., (2008) os danos causados pelos pulgões as plantas são pela sucção continua de seiva e
produção de honeydew, uma substância açucarada e pegajosa que favorece o desenvolvimento
de um fungo preto conhecido como fumagina, que cobre as folhas e reduz a fotossíntese da
planta, além de injetarem substâncias toxicas que fazem estragos nas plantas e também
transmitem doenças de uma planta para outra. Sobre os métodos de controle, não existem
produtos registrados para o controle dessa praga em viveiros florestais.

3.4. MOSCA MINADORA (Liriomyza spp.)


Mosca pequena (Figura 1D) que pertence a ordem díptera e a família Liriomyzidae
põe ovos na parte interna do tecido foliar de onde nascem larvas que se locomovem por
dentro das folhas, formando galerias por isto é conhecida como moscas minadoras ou larvas
minadoras. Segundo MICHEREFF et al., (2016) o ataque é ocasionado pelas larvas, que
abrem galerias em forma de serpentina entre a epiderme superior e a inferior das folhas
(parênquima foliar), resultando em lesões esbranquiçadas. De acordo com COSTA et al.,

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(2011) o controle da mosca minadora em viveiros florestais é basicamente químico com


pulverização de Deltametrina, na dosagem de 300 ml/100 litros de água.

4. TIPOS DE CONTROLE DE PRAGAS


De acordo com PICANÇO (2010) o manejo integrado de pragas é um sistema de
controle de pragas que procura preservar e aumentar os fatores de mortalidade natural das
pragas (bióticos e abióticos) pelo uso integrado dos métodos de controle selecionados com
base em parâmetros técnicos, econômicos, ecológicos e sociológicos. Além disso, vêm se
usando a algum tempo os canteiros suspensos, que são menos propícios ao ataque de insetos
que vivem no solo.
Na fase de viveiro, o controle dos insetos-pragas é realizado basicamente por métodos
químicos, ou seja, aplicação de produtos fitossanitários manipulados por empresas
especializados nesse tipo de princípio ativo, mas também existem métodos biológicos, físicos
e mecânico.
A aplicação pode ser feita direta ou indiretamente sobre insetos, obedecendo as doses
adequadas recomendas pelo fabricante. Portanto, produtos fitossanitários são separados em
grupos de acordo com suas formulações, sendo necessário portanto conhecimentos técnico-
cientifico para correta aplicação e obedecendo o uso de equipamentos individuais de proteção
do aplicador.
FARIAS & SILVA (2012) definem que as táticas de controle químico são a base de
produtos fitossanitários através de pulverizadores costais ou através da água de irrigação, em
viveiros abertos, ou por nebulização em casas de vegetação. COSTA et al., (2011) destacam
que os viveiros devem fazer programas de monitoramento de pragas para determinar o uso de
controle químico. Portanto, é preciso treinar os funcionários no reconhecimento das pragas,
sendo aceito que até 5% das mudas sejam atacadas. A partir desse percentual de ataque, o
controle deverá ser efetuado.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O principal objetivo desse estudo, em última instância, é demonstrar como atingir uma
melhor produção em viveiros florestais e gerar plantas mais saudáveis e resistentes nos seus
primeiros anos de vida, que é fase mais vulnerável ao ataque de pragas e doenças, evitando
pragas típicas que podem interferir nesse processo. Portanto, dois pontos mostraram-se
importantes para remediar esse problema, o primeiro seria o reconhecimento dos principais

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insetos-pragas que podem interferir no processo de crescimento, e segundo a forma de


utilização dos principais métodos de controle recomendados para cada tipo de praga, uma vez
que, como já ressaltado, cada tipo de praga responde melhor a certos tipos específicos de
controle

Deve-se, portanto, sempre estar atento às novas tecnologias de controle de pragas em


desenvolvimento, e aperfeiçoar o uso das já disponíveis, com destaque especial para os
métodos de controle biológico, vertente em crescimento no controle de insetos-pragas, com o
intuito de diminuir o uso de produtos químicos sintéticos que podem ser muito invasivos e
destrutivos se usados de forma indevida, enquanto que o controle biológico é natural e
consegue atuar de forma específica e precisa.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, G. S. Crise Socioambiental e Conversão Ecológica da Agricultura Brasileira.


Rio de Janeiro, AS-PTA, 2001. Artigo... Disponível em:
<http://planetaorganico.com.br/site/index.php/controle-biologico/>. Acesso em: 12 de abril
de 2016.
CADALTO, N.; SILVA, S. M.; FUJIHARA, T. R.; FORTI, C. R. A Granja – O brasil
agrícola. Revista... Edição 751. Botucatu/SP. O que fazer com as formigas cortadeiras?
ABRAISCA, 2014. Disponível em; <http:// http://www.abraisca.org.br/index.php/noticias/10-
o-que-fazer-com-as-formigas-cortadeiras>. Acesso em 11 de abril 2016.
COSTA,‎ E.‎ C.;‎ D’ÁVILA,‎ M.;‎ CANTARELLI,‎ E.‎ B.;‎ MURARI,‎ A.‎ B.‎ Entomologia
Florestal. (Cap. 6-7), 2ª Ed. UFSM. Santa Maria: 2011.
DAVIDE, A. C. & FARIA, J. M. R. Viveiros Florestais. In: DAVIDE, A. C.; SILVA. E. A.
A. da. Produção de sementes e mudas de espécies florestais. 1ª Ed. Lavras: Editora UFLA,
2008.
FARIAS, P. R. S. & SILVA, A. G. Manual de Entomologia Florestal. Apostila... UFRA.
Belém: (2012). Disponível em:< http://www.ebah.com.br/content/ABAAAApu8AK/manual-
entomologia-florestal>. Acesso em 18 de maio de 2016.
GOULART, S. Mosca branca; 2013. Disponível em:
<http://www.jardineiro.net/pragas/mosca-branca.html> Acesso em; 25 de abril 2016.
MICHEREFF, M.; GUIMARÃES, J. A.; PINHO, A. Larva-Minadora: descrição, biológica e
ecológica. EMBRAPA; Brasília DF 2016. Disponível em: <http://
http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cebola/arvore/CONT000gnn6iroc02wx5ok0cdjv
sc39djfru.html>. Acesso em: 9 de abril de 2016.
PICANÇO, M. C. Manejo Integrado de Pragas. Apostila... UFV. Viçosa: 2010. Disponível
em:< http://www.ica.ufmg.br/insetario/images/apostilas/apostila_entomologia_2010.pdf>.
Acesso em: 12 de abril de 2016.

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SILVA, P. H. S. Pragas subterrâneas. EMBRAPA; Brasília: 2011. Disponível em: <


http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/feijao-
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ZANETTI, R. Notas de aula de ENT 115: Pragas de viveiros florestais. Apostila... Lavras,
MG. Disponível em:
<http://www.den.ufla.br/siteantigo/Professores/Ronald/Disciplinas/Notas%20Aula/MIPFlores
tas%20viveiros.pdf. Acesso em: 9 de abril de 2016.

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