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CAPÍTULO 1

RELAÇÃO COM O AMBIENTE

INTRODUÇÃO

As plantas medicinais são consideradas recurso primário de uso na


medicina tradicional e também na indústria farmacêutica. Grandes quantidades
são usadas no preparo de infusões e decocções nos países onde a medicina
tradicional é importante recurso terapêutico, social e econômico. Também é
importante nos países industrializados onde é crescente a parcela da
população que está usando as plantas medicinais em tratamentos. Grandes
quantidades de plantas são utilizadas na indústria de extratos com alto
conteúdo de constituintes ativos e de produtos quimicamente puros, com uso
direto e na síntese de outros produtos.
Por causa da crescente utilização das plantas medicinais tanto pela
medicina tradicional quanto pela indústria, há necessidade de padronização da
qualidade de todos os derivados naturais (produtos puros, extratos e plantas)
de forma assegurar as propriedades farmacológicas. Portanto, o uso de plantas
coletadas em seus ambientes de crescimento deve ser minimizado ou
encerrado dando lugar ao uso de plantas cultivadas com tecnologias
alternativas e apropriadas (ANDRADE, 1999).
O cultivo possibilita a sobrevivência das plantas medicinais em seus
ambientes na floresta, nos campos, cerrados dentre outros, pois minimiza o
extrativismo. Outra vantagem é possibilitar maior previsibilidade fitoquímica das
plantas colhidas. Balbaa (1983) enfatiza que em muitos casos o cultivo das
plantas medicinais melhora a qualidade das plantas. O cultivo possibilita a
escolha de variedades que tenham os caracteres desejados. Possibilita melhor
desenvolvimento das plantas, melhor manejo das condições de solo, práticas
agrícolas específicas, controle de fungos e insetos, melhores condições de
colheita e de tratamentos pós-colheita, secagem, dentre outras vantagens.
A maioria dos compostos utilizados medicinalmente são produtos do
metabolismo secundário da planta. Os metabólitos secundários não têm função
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básica nos processos fisiológicos do vegetal. Desempenham a função
ecológica na defesa das plantas a microrganismos, a herbívoros. A biossíntese
destes compostos protetores é induzida também por danos mecânicos e
estresse ambiental (ZANGERL, 1997).
Há espécies medicinais com especificas recomendações terapêuticas
populares, de acordo com o local de ocorrência (MARTINS, 1994). Está sendo
reconhecido que tais variações podem ocorrer em função de fatores genéticos
(indivíduo, população, taxonomia), ecológicos (pressões de variação em clima
ou solos, parasitas, predadores, competidores, patógenos) e fisiológicos
(estágio de desenvolvimento, ritmo estacional ou circadiano, alocação de
energia, rotas metabólicas alternativas, hormônios, estado reprodutivo),
conforme Brown Júnior (1988).
Em manjericão (Ocimun spp.) foi verificado que a influência ambiental é
significativa na quantidade dos constituintes químicos, tornando necessário
avaliar os efeitos fitoterápicos de acordo com o ambiente de desenvolvimento
da plantas (KAMADA, 1999).
O conhecimento de todos esses fatores permite o manejo mais equilibrado
do ambiente da planta. Permite que canalize a energia no sentido da síntese de
substâncias importantes na sobrevivência. Finalmente permite ótima utilização
pelos humanos. Tais conhecimentos auxiliam e são determinantes na
adequação das estratégias de cultivo de cada espécie (BROWN JÚNIOR, 1988
e ANDRADE, 1999).

INTERAÇÃO GENÓTIPO X AMBIENTE

Os fatores genéticos, definidos pelo genótipo, regulam e mantem as


características próprias da planta, nos seus diversos aspectos, inclusive a
síntese de metabólitos.
Foi observado em diversas plantas medicinais, com número de
cromossomos alterado, variações na produção de compostos ativos. Em
Atropa belladona, a forma 4n produziu 68% mais atropina que a forma 2n. Em
Datura stramonium a forma 4n produziu 60 a 150% mais hioscinamina que a

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forma 2n. Em Mentha spicata a forma 4n produziu cerca de 10% de mentol
produzido pela forma 2n.
A maioria das espécies medicinais utilizadas não são cultivadas.
Trabalhos de seleção e melhoramento de plantas medicinais são escassos, ou
inexistentes, na maioria das espécies, sendo necessários estudos relacionados
à adaptação e às condições de cultivo (KAMADA, 1998).
A aplicação da genética na agricultura tem possibilitado plantas de
maior vigor, maior taxa de crescimento, aumento da resistência a doenças, a
estresses e aumento da produção e da atividade dos constituintes. A base
genética da planta assegura parcialmente a eficiência de crescimento e de
produção de compostos. A amplitude de variabilidade do fenótipo em função de
mudanças ambientais, é específica de cada genótipo (KAMADA, 1998 e
TÉTÉNY, 1983).
Nas espécies Hesperozygis ringens e Hesperozygis rhododon
cultivadas em mesmo ambiente houve diferenças nos rendimentos do óleo
essencial das folhas em 4% e 1% respectivamente. O óleo volátil de H. ringens
é caracterizado pela concentração de pulegona (79%). Foram encontrados
derivados oxigenados, ausentes no óleo de H. rhododon na qual o maior
constituinte é a mentona (43,4%), enquanto que a pulegona é apenas 30% de
sua fração volátil (ANDRADE, 1999).
As espécies Senna occidentalis, Senna tora e Senna alata contêm
saponinas e esteróides enquanto que flavonas e flavonóides estão presentes
apenas em S. alata e S. tora (SOARES, 1994).
A obtenção de novas e melhores variedades é possível desde que haja
variabilidade genética (ANDRADE, 1999). Essa variabilidade natural foi
detectada em funcho com significativas diferenças quanto a quantidade e
qualidade do óleo essencial em dez cultivares de Foeniculum vulgare crescidos
em mesmo ambiente. A estabilidade do comportamento de cultivares nos
ambientes é diferenciada, significando que o melhor genótipo em determinado
ambiente dificilmente será novamente melhor em ambientes diversos
(KAMADA, 1998).

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Analisando os constituintes das raízes de Camellia sinensis (TAKEO,
1981) foi observado na cultivar Assamica maior teor linalol e no cultivar
Sinensis maior produção de geraniol, enquanto nos clones provenientes do
Japão e nos híbridos da China as características foram intermediárias. Houve
maior rendimento de digoxina e de digitoxina na espécie Digitalis lanata quando
foi propagada a partir de sementes de linhagens melhoradas provenientes da
Europa (MAGALHÃES, 1997).

EFEITOS DO AMBIENTE

Os fatores do ambiente podem ser divididos em bióticos e abióticos,


considerando que determinada população está sempre interagindo com o
ambiente, recebendo influência e interferindo no ambiente (CASTELLANI,
1997).

FATORES BIÓTICOS

Os fatores bióticos estão relacionados com as interações planta-


microrganismos, planta-planta e planta-herbívoros. São respostas dos
mecanismos, variam de acordo com as relações ecológicas locais e podem
alterar os processos de síntese de metabólitos.
Os organismos são atacados por predadores e produzem compostos
aleloquímicos objetivando autoproteção. Esses compostos resultantes do
metabolismo secundário são micromoléculas estruturalmente variadas,
desempenham funções ecológicas, são formadas pela derivação das rotas
primárias e tem valor biológico (GOTTLIEB, 1987).
Dentre os grupos de compostos secundários estão as
furanocumarinas, com propriedades tóxicas a herbívoros. Fenilpropanóides são
compostos tóxicos a insetos, com efeito tóxico sinergístico às furanocumarinas.
Monoterpenos tem função de atração dos polinizadores e também tem ação
antimicrobiana. Sesquiterpenos são tóxicos e repelem insetos. Os ésteres de
ácidos graxos são toxinas e protegem contra larvas de lepdópteros. Fenólicos
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são os compostos considerados de maior importância nas interações
patogênicas entre plantas e fungos (PEIPP, 1997 e ZANGERL, 1997).
A presença do fungo micorrízico Glomus intraradices nas raízes de
Hordeum vulgare induz acumulação de alguns metabólitos secundários como
resposta defensiva da planta à penetração dos fungos (PEIPP, 1997). No
cultivo de sorgo (Sorghum bicolor) o tanino dos grãos minimiza o ataque de
pássaros mas diminui a qualidade nutricional. A alternativa foi introduzir genes
que condicionam grãos sem taninos, mas com a presença do glicosídeo
cianogênico produzido pelo metabolismo secundário, que confere aos grãos a
resistência aos pássaros (PRATES, 1996).
Foi demonstrado que contra a agressão por microorganismos, fungos e
pragas foi possível estimular a produção de compostos defensivos
(eventualmente também medicinais), frequentemente ausentes em plantas não
agredidas, por meio da presença dos agentes agressores que ativaram genes
de defesa (BROWN JÚNIOR, 1988).
Na sequencia evolutiva há evidencias da função ecológica dos
compostos secundários além da defesa. Há envolvimento na associação
mutualística de plantas floríferas com insetos herbívoros. Algumas relações
têm sido feitas entre espécies dependentes da polinização por insetos que
produzem compostos secundários responsáveis pela atração via odor exalado
ou via coloração atrativa. Os insetos polinizadores, neste caso também são
herbívoros (GOTTLIEB, 1987).
As inflorescências da planta Senecio articulatus exalam forte odor.
Foram identificados 22 compostos responsáveis pelo odor das inflorescências.
O maior componente é o ácido isovalérico com grande flutuação temporal. As
maiores produções aconteceram durante o dia, coincidindo com o momento de
abertura das flores e o período de maior visitação dos insetos polinizadores
(KITE e SMITH, 1997).
Em Pastinaca sativa há altos níveis de metabólitos primários e
secundários voláteis no estágio inicial de desenvolvimento. No estágio final do
desenvolvimento há baixos níveis de metabólitos primários e altos níveis de
metabólitos secundários não voláteis. Estas alterações são consistentes com

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mudanças naturais nas interações entre a planta e os insetos. Os botões e
flores de plantas polinizadas por insetos estabelecem relação mutualística e os
compostos secundários voláteis atuam como atrativo dos polinizadores. Os
metabólitos primários teriam a função de nutrir os insetos (ZANGERL. 1997).

FATORES ABIÓTICOS

Entre os diversos fatores abióticos são destaque as variações


climáticas ou edáficas. A diversidade de ambientes ecogeográficos do Brasil é
responsável pela enorme quantidade de espécies de plantas medicinais.
Na adaptação às mais diversas condições ambientais há desafios
evolutivos incomuns. As plantas que ocorrem ao longo de algum gradiente
ambiental variam também quanto à sua constituição genética e a atividade
fisiológica. Essa variação foi condicionada pelo processo de seleção natural.
Plantas pertencendo à mesma espécie respondem diferenciadamente às
tensões ambientais (OLIVEIRA, 1997).
A adaptação é processada por mecanismos de defesa e os
componentes químicos da defesa são utilizados pela humanidade como
medicinais (ANDRADE, 1999).
O conteúdo e a composição do óleo de sementes de muitas plantas é
afetado pela localização geográfica e condições climáticas do local de
crescimento (JOHANSSON, 1997). Foram encontradas variações quantitativas
e qualitativas na essência de Thymus hyemalis quando as plantas foram
coletadas em três localidades.
Foram identificados os constituintes do óleo de Zingiber officinale
proveniente de Fiji e os resultados obtidos em outros estudos com amostras de
outras localidades revelaram composições diferentes (SMITH e ROBINSON,
1981). O gengibre cultivado na Jamaica tem maior aroma que os cultivados em
outros países e o gengibre cultivado na África é mais pungente (BALBAA
1983).
Nas amostras de Satureja obovata coletadas em várias localidades
houve variações qualitativas e quantitativas do óleo essencial, da fração

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fenólica. Variou também a atividade antimicrobiana e espasmolítica
(NAVARRO, 1989).
Em Peumus boldus crescido na região de Tuscany, Itália houve melhor
qualidade que o crescido no Chile, por causa do óleo, rico em ascaridol e
outros constituintes aromáticos, e por causa dos níveis dos constituintes
tóxicos (MIRALDI e FERRI, 1996). Os constituintes do exudado da folha de
Aloe ferox proveniente de 34 localidades não variaram quanto ao conteúdo dos
majoritários, mas variaram em função dos constituintes minoritários (WYK,
1995). Houve variações nos teores de glicosídeos flavonóides das plantas de
Chaerophillum aerum coletadas em diversas localidades (GONNET, 1983).

a) Latitude

Latitude é a distância de alguma região em relação à linha do Equador.


Teoricamente, plantas cultivadas em latitudes equivalentes (N e S) tenderiam a
ter o mesmo comportamento no desenvolvimento, época de floração e teor de
princípios ativos. Porém, nem sempre tem sido assim observado. Estudos com
Datura stramonium e Hyosciamus sp. demonstraram que plantas cultivadas em
latitudes sul eram mais ricas em alcalóides que as plantas cultivadas na latitude
norte equivalente (CORREA JÚNIOR, 1991).
Em sementes de Rubum chamaemorus e Empetrum nigrum coletadas
entre latitudes de 60,5° e 69,5° houve variações quanto ao conteúdo e
composição do óleo (JOHANSSON, 1997).
A concentração e a composição do óleo dos aquênios de duas
espécies anuais e onze espécies perenes de Helianthus, foi influenciada pela
localização geográfica quanto a latitude e foi correlacionada com a
temperatura. A correlação entre a concentração de óleo e a latitude e longitude
foi positiva e significativa, tanto em espécies perenes como em anuais
(SEILER, 1994).

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b) Altitude

À medida que a altitude aumenta (altura da região em relação ao nível


do mar) diminue a temperatura (cerca de um grau a cada 200 metros),
aumenta a insolação, interferindo no desenvolvimento das plantas e na
produção de princípios ativos. A Achillea millefolium quando cultivada em
altitude acima de 1000m, tem menor porte e maior teor de óleos essenciais
(CORREA JÚNIOR, 1991).
Houve variação no conteúdo do alcaloide Terbaine, em Papaver
bracteatum, quando a planta cresceu na altitude de 1280 m e 1119m, por 4
anos. Foi considerado o estágio de crescimento da planta. A 1280 m o
aumento do alcalóide foi similar em cada ano de crescimento e maior (84 -
88%) quando comparado com as plantas crescidas à 1119 m (58 – 68%)
(SACO e BELMONTE, 1988). A espécie Chinchona succirubra cresce mais em
baixa altitude, mas nesta condição praticamente não produz alcalóides
(BALBAA, 1983). O ótimo habitat do cultivo da Arnica montana é na altitude
maior que 1800m pois a planta produz maiores teores de flavonóides totais
(TÉTÉNY, 1983).

c) Temperatura

Dentre os fatores climáticos, a temperatura exerce função muito


importante na sobrevivência, por estar mais ligada ao crescimento e
desenvolvimento da planta. Pela curva de crescimento da planta há a
temperatura mínima, a temperatura máxima e a faixa de temperatura ótima de
desenvolvimento de cada espécie. Quando pouco adaptadas às temperaturas
de alguma região as espécies terão obstáculos fisiológicos ao tentarem
produzir biomassa e princípios ativos. Há influências no metabolismo primário
(respiração e fotossíntese) e por consequência no metabolismo secundário.
Todos os outros fatores climáticos, direta ou indiretamente, estão relacionados
com a temperatura (MARTINS, 1994).

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A temperatura controla a variação estacional da produção de
flavonoides, de leucoantocianinas e também o crescimento de Asplenium
thichomanes. Em temperaturas baixas (12°C), a biossíntese de flavonóides é
mais favorecida que a síntese de leucoantocianinas pois aparentemente é
menos sensível ao fator calor do ambiente (VOIRIN e LEBRETON, 1972).

d) Luminosidade

A luz desempenha função fundamental nos vegetais, exerce influencia


na fotossíntese e outros processos fisiológicos, como o crescimento, o
desenvolvimento e a forma da planta. Os vegetais respondem à proporção de
luz e escuro, dentro do ciclo de 24 horas, esse comportamento é conhecido
como fotoperiodismo e em muitas espécies são responsáveis pela germinação
de sementes ou formação de bulbos e flores (CORREA JÚNIOR, 1991).
As plantas medicinais são enquadradas dentro das três grandes
classes do fotoperiodismo quanto ao florescimento. As plantas de dia curto
florescem quando recebem iluminação durante o período inferior a determinado
número de horas por dia, abaixo do fotoperíodo crítico. As plantas de dia longo
florescem ou mais rapidamente florescem quando recebem iluminação por
período maior que o número crítico de horas por dia. As plantas neutras
florescem sem dependências do período de iluminação (BALBAA, 1983).
Geralmente as plantas de dias curtos são de origem tropical, e as plantas de
dia longo são de regiões temperadas (MARTINS, 1994).
A importância do fotoperiodismo vai além da determinação do ponto de
colheita, da produção de sementes, da época de plantio. Plantas em condições
ambientais favoráveis utilizam melhor a energia solar e realizam a fotossíntese
com mais eficiência resultando em maiores rendimentos econômicos. A
adaptação da planta ao local de crescimento resulta em alterações
morfológicas, anatômicas e produtivas (CASTELLANI, 1997).
Em plantas de Thymus vulgaris com suplemento de luz houve maior
número de glândulas de óleo essencial, maior conteúdo de óleo e maior
deposição de cera na superfície foliar, em relação às plantas que receberam

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somente luz natural (LETCHAMO e GOSSELIN, 1996). Nas plantas de Centella
erecta quando expostas ao sol ocorre aumento no diâmetro do pecíolo, maior
número de células parenquimáticas no limbo foliar e maior teor de saponinas
triterpênicas (AZEVEDO, 1996) evidenciando efeitos ambientais. Em plantas de
Justicia pectoralis (chambá) expostas ao sol ocorre maior teor de cumarinas.
Em plantas de Mikania laevigata o teor de cumarina não variou
significativamente quando estavam ao sol ou à sombra, mas houve tendência
de maiores teores por efeito da luz solar (0,85%) comparado ao efeito da
sombra (0,66%) (REHDER, 1998 e BARROS 1992). Em plantas Tropaeolum
majus o número de flores e a produção de sementes decresce em função do
sombreamento. O sombreamento não influenciou o rendimento de óleo ou de
ácido erúcico extraídos da semente. Os rendimenos decrescem por efeito da
menor exposição solar, indicando que há limites de tolerância amplos quanto
ao efeito da luz (CASTELLANI, 1997).

e) Disponibilidade de água

A água na planta é de importância decisiva no crescimento. É o meio


transportador de substâncias solúveis e mediadora de todos os processos
bioquímicos. A eficiência de absorção de água pela planta depende das
condições climáticas onde está crescendo, da capacidade hídrica do solo e das
exigências de água pela planta durante os estágios de desenvolvimento. A
adaptabilidade da planta em condições de estresse hídrico é também
influenciada pela duração e pela magnitude do estresse, além da variabilidade
genotípica (FRANZ, 1983 e ANDRADE, 1999).
É conhecida a prática de cultivar plantas medicinais e aromáticas em
condições limite de umidade.
As respostas do metabolismo de óleo essencial nas plantas de
Cymbopogum pendulus e Cymbopogum nardus, variam em função do nível e
permanência do estresse hídrico (SANGWAN, 1994).
Nas plantas Mentha piperita as respostas da produção de óleo
essencial também ocorrem em função da intensidade e da permanência do

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estresse. Após uma semana de estresse osmótico, não houve alteração na
produção total de óleo pelas folhas. Após duas semanas, a produção total de
óleo foi significativamente reduzida conforme a intensidade do estresse.
Quanto a composição do óleo, os monoterpenos não tiveram variações
significativas, mas a proporção relativa de sesquiterpenos aumentou com o
estresse osmótico (CHARLES, 1990).
Nas plantas de Mentha piperita, as altas produções de óleo foram
associadas a altos níveis de irrigação, porém a composição do óleo não foi
significativamente alterada em função da irrigação (CLARK e MENARY, 1980).
Houve menor número de glândulas de óleo essencial e
consequentemente menor conteúdo de óleo nas plantas de Thymus vulgaris
quando crescidas em condições de estresse hídrico. As plantas com
compensação nestas condições realizaram maior deposição de cera na
superfície foliar como barreira física a perdas dos óleos voláteis (LETCHAMO e
GOSSELIN, 1996). Nas plantas Thymus capitatus o estresse hídrico induziu
altas produções de óleo essencial e declínio da fração fenólica. A irrigação
aumentou a quantidade total de hidroxifenóis, particularmente de ácido
clorogênico, gálico e cafeíco (DELITALA, 1986). O estresse hídrico reduz o teor
de ácido ascórbico, a produção de matéria seca e a taxa de crescimento da
vinagreira (Hibiscus sabdariffa L.) (ALCÂNTARA e NOGUEIRA, 1992).
A produção de flores e o conteúdo de óleo de Matricaria chamomilla
aumentou com frequentes aplicações de baixos níveis de água. Resultados
semelhantes também foram obtidos em Artemisia dracunculus e Pimpinella
anisum L., mas que receberam irrigação acima da capacidade de campo nas
fases críticas do desenvolvimento. No caso da Atropa beladona, a intensa
irrigação teve efeito positivo em todas as fases de desenvolvimento. O nível de
alcalóides diminui com o desenvolvimento e não foi afetado pela irrigação
(FRANZ, 1983).

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f) Nutrição

Dentre os fatores de estresse que podem interferir na composição


química das plantas a nutrição merece destaque (MARTINS, 1994). Devido a
resultados contraditórios obtidos, são completamente divergentes as
interpretações sobre influência de fertilizantes no metabolismo secundário
(FRANZ, 1983).
As plantas medicinais diferem quanto as exigências de nutrientes que
influem na síntese de compostos ativos em termos quantitativos e quantitativos
(ANDRADE, 1999).
Além destas diferenças de produção deve ser considerado os custos
da fertilização. Em alguns casos são dispensáveis e podem causar declínio da
produção. O uso de adubos químicos pode ser poluente (ANDRADE, 1999).
A adubação orgânica tem sido recomendada preferencialmente nas
plantas medicinais, pois em muitos casos contém os nutrientes necessários a
boa estruturação física do solo e satisfatoria produtividade de biomassa e
qualidade fitoquímica. Quando usada de forma equilibrada oferece menos
riscos ao ambiente e às pessoas que consumirão as plantas (ANDRADE,
1999). A adubação mineral deve ser evitada, mas pode ser recomendada nos
casos de correção das deficiências do solo que possam comprometer o
desenvolvimento das plantas (MARTINS, 1994). A deficiência de P e K no solo
reduz a concentração de cumarinas em Justicia pectoralis (BARROS, 1992). A
correção do solo com calcário pode ser necessária visando não diminuir a
absorção dos outros nutrientes e também pelo fornecimento de cálcio e
magnésio (MARTINS, 1994).
Nas plantas de Baccharis trimera o uso de adubo mineral e adubo
orgânico (esterco de gado) não influenciou significativamente o rendimento de
óleo essencial, enquanto a altura e biomassa foram incrementadas conforme o
aumento do adubo orgânico (DIAS e CAMARGO, 1996).
O esterco de gado misturado com silagem e aplicado no cultivo de
Lippia Alba, em doses crescentes, aumentou a biomassa e diminuiu o teor de
óleo essencial (MING, 1992).

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Nas plantas de Cordia verbenaceae houve aumento na produção de
artemetina e hidroxiartemetina com o uso do adubo mineral NPK mineral
(MONTANARI JÚNIOR, 1992).
Nas plantas Digitalis lanata e Digitalis purpurea não houve variações na
produção de biomassa e nos teores de digitoxina e digoxina quando foi feita a
adubação mineral com NPK, comparadas às plantas sem adubação
(MAGALHÃES, 1994).
Na pesquisa sobre a influência da fertilização no crescimento e
conteúdo do óleo essencial da planta Rosmarinus officinalis houve efeito
significativo da fertilização na altura, na biomassa e na produção de óleo
essencial. As maiores produções de óleo foram obtidas nas plantas que
receberam menor fertilização (BOYLE e CRAKER, 1991).
Quanto a aplicação de nitrogênio as respostas são variadas. Quando o
nitrogênio está deficiente no solo a papoula (Papaver somniferum) e a
beladona (Atropa belladona) aumentam a concentração de alcalóides enquanto
na lobélia (Lobelia inflata) há redução dos alcaloides (MARTINS, 1994). O
aumento de NPK incrementou a produtividade de folhas sem alterar os teores
de escopolamina em Atropa belladona (MAGALHÃES, 1997). As plantas de
Catharanthus roseus respondem favoravelmente à adubação nitrogenada
(MAGALHÃES, 1992).
Houve aumento no teor de óleo essencial de camomila após aplicação
de nitrogênio e de fósforo. Houve diminuição com aplicação de potássio. A
quantidade de bisaboloides e bisaboloxide cresceu com a aplicação de
nitrogênio e decresceu com a aplicação de potássio (FRANZ, 1983). Em
plantas de Mentha piperita L. crescentes aplicações de nitrogênio, promovem
aumentos significativos de biomassa e do teor de óleo essencial (CLARK e
MENARY, 1980).

A forma de aplicação do nitrogênio (NO₃‫ ־‬ou NH₄⁺) altera o conteúdo e


a composição do óleo essencial de Ocimum basilicum (ADLER, 1989).
As plantas de Mentha piperita quando crescidas em condições de
deficiência de manganês tem significante declínio na acumulação de óleo,
provavelmente causado pela redução da capacidade fotossintética e pelo
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declínio da área foliar nestas condições. A folha é o órgão onde há a
biossíntese e acumulação de óleo nesta espécie (SRIVASTAVA e LUTHRA,
1994).
As plantas de Mentha arvensis, crescidas com deficiência ou toxidez de
zinco, diminuem o conteúdo de mentol e o conteúdo total do óleo essencial
(MISRA, 1992).
Os teores de calcário aplicados em plantas de Eclipta alba não
causaram diferenças significativas em: altura, número de brotos, comprimento
da raiz dentre outros. O comprimento da raiz foi maior com o aumento da dose
do calcário (PEREIRA, 1996).
A composição do solo também deve ser considerada principalmente no
cultivo das plantas cujo composto ativo é acumulado nas raízes. No cultivo de
plantas de Pfaffia paniculata, em varias composições de solo, os solos mais
argilosos e de melhor fertilidade causaram maior produção de raízes embora
fossem mais finas e de mais difícil limpeza que nos solos arenosos
(MAGALHÃES e PEREIRA, 1996).

g) Manejo da cultura

Além da irrigação, adubação e luminosidade outras práticas possíveis


de manejo devem ser observadas. A melhor adaptação ao local de
desenvolvimento e a qualidade fitoquímica importa nas espécies medicinais.
A prática da poda permite maior penetração dos raios solares,
reduzindo condições de umidade o que pode ser favorável em algumas
espécies. É recomendada a poda periférica, dentre outras práticas, na erva
baleeira (Cordia verbenaceae) pois contribui positivamente nos teores de
artemetina e hidroxiartemetina (Montanari Júnior, 1992).
O espaçamento entre plantas, pode favorecer a produtividade de
biomassa e de compostos ativos. O espaçamento entre plantas é particular em
cada espécie. Segundo Garcia e Alfonso (1996) os melhores rendimentos em
grãos e maior número de capítulos/planta de “Cardo Mariano” (Silybum

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marianum L.) foram obtidos no espaçamento 70cm entre fileiras e na
densidade 125000 plantas/ha.
Em plantas de Mentha x villosa há aumento na produção de biomassa
e de óleo à medida que é aumentado o arranjo espacial entre plantas. O
espaçamento 0,60 x 0,35m é o mais indicado (MATTOS, 1996).
A porcentagem de curcumina em rizomas de Curcuma longa L. não
varia em função do espaçamento conforme verificado por Cecílio Filho (1996).
Importa então saber se em espaçamentos menores aumenta a biomassa e
consequentemente a porcentagem de Curcumina.
Práticas como cobertura morta, tutoramento, consórcios, também são
possíveis na condução dos cultivos das plantas medicinais, dependendo de
particularidades do local de plantio e da planta.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O crescente uso das plantas com propósito medicinal, pela população


e pela indústria, enfrenta dois problemas também crescentes. Há ameaças aos
ambientes naturais de ocorrência das plantas medicinais. Há risco ao
patrimônio genético. A imprevisibilidade fitoquímica e as duvidosas
identificações das plantas são dificuldades emergentes. Os compostos
químicos biologicamente ativos das plantas são produtos ou subprodutos do
metabolismo secundário das plantas e são respostas dos metabolismos à
integração das plantas com o ambiente.
Pesquisadores, instituições e ambientalistas estão enfatizando a
necessidade dos cultivos de modo equilibrado levando em consideração os
fatores genéticos, ecológicos e fisiológicos envolvidos e visando qualidade. Nas
plantas medicinais há grande necessidade de qualidade. As quantidades de
compostos ativos são relativamente pequenas. A planta a ser utilizada como
medicamento deve estar isenta de resíduos de qualquer ordem.
A variabilidade genética de cada espécie expressa variações na
massa, forma, constituintes, sabor, aroma e outros. É decorrente de
adaptações ao longo da evolução biológica. Os produtos do metabolismo
secundário conferem ao vegetal proteção às pressões de predadores e
microrganismos.
A base genética não implica na manifestação definida de
características. A expressão dos genes é dependente do ambiente, e
fenômenos epigenéticos estão envolvidos.
É possível incrementar a produção de compostos de defesa
eventualmente medicinais, quando ausentes em plantas.
As condições climáticas de temperatura, luz, umidade, oscilantes pela
altitude e pela latitude, interferem na manifestação genética causando
diferenciações anatômicas, morfológicas, de desenvolvimento, de resistência e
dos compostos ativos.

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As práticas da agricultura, objetivando maior quantidade e qualidade de
compostos medicinais devem considerar as relações das plantas com o
ambiente.
As espécies com resistência ou tolerância à deficiência hídrica são
originadas em locais áridos. Plantas originadas em maiores altitudes preferem
temperaturas mais amenas. Plantas de origem tropical preferem dias curtos.
Plantas de origem temperada preferem dias longos.

27
CAPÍTULO 2

COLHEITA

INTRODUÇÃO

Houve crescimento no interesse pela pesquisa das plantas medicinais.


Vários fatores estão contribuindo. É significativo o percentual da população da
Terra que faz uso de plantas medicinais pelas necessidades de cuidar da
saúde. As plantas medicinais são fonte importante de matéria prima da
indústria farmacêutica e alimentícia. Pelo acelerado processo de devastação
dos recursos naturais as plantas medicinais estão ameaçadas de extinção.
Entre os principais grupos de compostos ativos sintetizados pelas
plantas, estão os alcalóides, os glicosídeos, os óleos essenciais, os açúcares,
os óleos fixos e os ácidos orgânicos. Os compostos químicos biologicamente
ativos são, em geral, produtos ou subprodutos do metabolismo secundário das
plantas produzidos em resposta a demandas integração da planta com o
ambiente. A base genética da espécie, os fatores ambientais (temperatura, luz,
água, solo, altitude, latitude) e fatores técnicos (época de colheita, transporte,
secagem e armazenamento) afetam o conteúdo de compostos ativos
(CASTELANNI, 1997, SILVA e CASALI, 2000).
Por causa desses fatores é necessário equilibrar as interferências
manejando o ambiente e assim possibilitar a síntese dos compostos. (BROWN
JÚNIOR, 1988).
O crescente uso das plantas medicinais torna evidente a necessidade
do cultivo. É necessário a visão mais abrangente comparada aos cultivos
convencionais. Além da produtividade em kg/ha, os cultivos devem visar maior
equilíbrio entre produtividade e qualidade. É necessário o manejo adequado
dos fatores que interferem nesta qualidade. Os fatores técnicos são
considerados decisórios na qualidade final. Todo esforço no cultivo das plantas
pode ser perdido quando há indevida atenção às etapas de colheita,
beneficiamento e armazenagem. O manejo desses fatores em cada condição
28
particular contribui com ganhos em qualidade, minimiza perdas e contribui com
a conservação da matéria prima por maior tempo (ANDRADE, 1999).

COLHEITA: TECNOLOGIA E EFICIÊNCIA

Nas espécies medicinais, a produção de compostos com atividade


terapêutica tem considerável variabilidade. O momento de colheita varia de
acordo com: o órgão da planta, o estágio de desenvolvimento, a época do ano
e a hora do dia (MARTINS, 1994). A distribuição dos compostos ativos pode
estar bastante irregular. Alguns grupos de compostos estão com maior
frequência em partes específicas. Há variações na concentração de compostos
conforme os ritmos estacionais ou circadianos.
Há variações do teor de polifenóis nos tecidos em Prunus avium.
Variações do conteúdo fenólico em partes de Taraxacum offinale foram
observadas (WILLIANS, 1996 e TARNAI, 1994).
Em Aristolochia elegans há 58 constituintes no óleo, sendo que 80%
estão presentes nas folhas e talos e o restante na raiz. Em dois cultivares de
Chrysanthemum parthenium há esteróis em todos os órgãos mas com teores
variáveis (WHKOMIRSKI, 1996 e VILA, 1997).
A localização de compostos ativos e o conteúdo variam com o estágio
de desenvolvimento. Em plantas perenes e anuais de ciclo longo, é necessário
observar que a máxima concentração ocorre a partir de algum estágio, idade,
fase ou alguma interação destes fatores. O momento de colheita do alecrim
(Rosmarinus officinalis) é durante e após a floração, e no 2º ou 3º de ciclo
(ANDRADE 1999, SILVA e CASALI, 2000).
No estudo anatômico da pariparoba (Piper regnellii) houve variações
nas estruturas secretoras, conteúdo da secreção conforme a idade da folhas.
Os tricomas secretores de lipídeos, proteínas e polissacarídeos surgem no
início da diferenciação foliar e atingem o máximo de secreção na folha ainda
muito jovem. Na folha adulta, os tricomas são poucos e predominam células
isoladas contendo alcalóides, fenóis, mucilagens e principalmente lipídeos. A
quantidade relativa é variável em função da idade do órgão e da planta. Nas
29
plantas com mais de 12 meses, no pecíolo, além dessas estruturas, há o canal
secretor da mucilagem. (SILVA e MACHADO, 1996).
A concentração dos compostos ativos pode variar ao longo do dia e o
melhor horário de colheita é pela manhã bem cedo ou no final da tarde. Os
alcalóides e os óleos essenciais são concentrados pela manhã, os glicosídeos
à tarde. No Ocimum selloi Benth houve maior conteúdo de óleo essencial
quando colhido ás 7:00 horas da manhã. Em Virola surinamensis o nível de
monoterpenos foi o máximo às 6:00 horas e às 21:00, outros compostos foi às
12:00 horas (ANDRADE, 1999 e MARTINS, 1994).
Ocorrem variações na concentração de compostos segundo ritmos
estacionais ou circadianos. Em Virola surinamensis o nível de sesquiterpenos
variou entre 5-15% nos meses de fevereiro e junho e foi menor que os
conteúdos de monoterpenos. Os monoterpenos aumentaram 50% em junho. O
conteúdo de sesquiterpenos aumentou em 50% na fase inicial de crescimento
do fruto em outubro. No conteúdo de flavonóides e de terpenos em Ginkgo
biloba há variações em intervalos quinzenais de colheita (ANDRADE, 1999 e
LOPES, 1997).
Conforme a época de colheita de Mentha piperita houve variação nos
resultados de produção e conteúdo do óleo essencial. As maiores produções
de biomassa e de óleo foram no final de agosto e início de setembro. As
concentrações de menthol, neomenthol e metil acetato aumentaram com o
crescimento da planta. A mentona e a isomentona tiveram maiores
concentrações em plantas imaturas e o menthofuran e pulegona estiveram
mais presentes no florescimento (COURT, 1993 e ANDRADE, 1999).
Nas plantas de Mentha x villlosa, na estação seca, há maior produção
de óleo aos 88 dias após o transplantio das mudas. Há associação do aumento
das estruturas vegetativas neste período com posterior decréscimo devido a
senescência dessas estruturas. Na estação chuvosa o máximo de produção
ocorre aos 95 dias após o transplantio, com possível atraso devido as chuvas
que causam queda das folhas mais velhas (MATTOS, 1996 e ANDRADE,
1999).

30
Estão disponíveis algumas recomendações gerais do momento de
colheita. Há variações devido à características particulares da espécie. Quando
a parte colhida é casca e “entre casca”, a colheita é quando a planta está
florida. Quando a parte colhida são flores, é no início da floração. Quando
frutos e sementes, são na maturação. Quando raiz, é na fase adulta. Quando
talos e folhas, são antes do florescimento.
A colheita deve ser realizada com o tempo seco e após o orvalho
secar. A colheita após algum período prolongado de chuvas pode reduzir o teor
de compostos ativos em função do aumento do conteúdo de água nos tecidos
das plantas (CORREA JÚNIOR, 1994, MARTINS, 1994 e ANDRADE, 1999 ).

OPERAÇÕES PÓS-COLHEITA

Os compostos do metabolismo secundário são essenciais na vida das


plantas antes da colheita e pós-colheita. Durante o período de pós-colheita, a
síntese de muitos compostos é continuada, por exemplo, o aroma volátil de
Malus sylvestris. Há degradação de outros compostos liberando energia e
precursores das reações de síntese. Muitas dessas mudanças ocorrem após a
colheita, porém nem sempre são de interesse tecnológico. Deve ser feita a
conservação pós-colheita visando minimizar as mudanças indesejáveis (KAYS,
1991 e ANDRADE, 1999).
A produção colhida no momento mais indicado, deve ser mantida em
recipientes. Evitar esmagamento, proteger do sol e imediatamente transportar.
Evitar a aceleração do processo de degradação, significa minimizar perdas na
qualidade. As plantas colhidas seguem geralmente três direções. 1 – Uso direto
da produção fresca. 2 – Extração de substâncias ativas ou aromáticas da
produção fresca. 3 – Secagem e uso posterior ou comercialização.
Independente do encaminhamento a produção deve inicialmente passar pela
seleção. Devem ser eliminado o que é estranho como terra, pedras, insetos ou
partes da planta em condições indesejáveis (sujas, descoloridas, manchadas,
danificadas). As plantas de uso doméstico na forma de chás, tinturas, preparo
de xaropes, pomadas, entre outros, devem ser utilizadas o mais rápido
31
possível. Algumas plantas aromáticas e condimentares são comercializadas
frescas em feiras, supermercados ou vendidas diretamente a restaurantes. As
flores frescas de Tropaeolum majus são acompanhantes de enfeites com
folhas verdes assim são comercializadas desta forma, diretamente nos
restaurantes (ANDRADE, 1999 e MARTINS 1994).
O valor qualitativo pós-colheita de vegetais frescos depende da
qualidade mantida durante desenvolvimento. Porém é influenciada por fatores
pré-colheita resultantes da combinação de componentes genéticos e
ambientais. A qualidade pode ser mantida, durante a fase pós-colheita, desde
que realizados manejos tecnicamente adequados. É necessário conhecer o
desempenho das plantas em condições diversas de luz, temperatura, umidade,
além do uso de embalagens e do potencial de estocagem.
Folhas frescas de Ocimum basilicum L., estocadas por 8 dias à 12°C
não desenvolveram sinais de dano por frio, mas quando armazenados à 4°C os
danos apareceram após 2 dias e aumentaram com o tempo. Em temperaturas
moderadas de 8°C os danos aparecem após 4 dias (MEIR, 1997, WESTON e
BARTH, 1996).
Não houve mudanças de composição do gengibre fresco durante a
estocagem, quanto ao teor de óleo a 12,5°C ou 22°C. O teor de fenóis
aumentou gradualmente à 22°C e houve menores mudanças à 12,5°C.
O consumo de plantas medicinais frescas tende a garantir a ação mais
eficaz das propriedades terapêuticas. Não sendo possível o consumo imediato
a secagem é o método de conservação das propriedades das plantas, quando
bem conduzida (MARTINS, 1994 e PAULL, 1998).
Os procedimentos da secagem visam a durabilidade. É necessário
evitar modificações físicas, químicas ou microbiológicas na planta (BACCHI,
1996). A secagem reduz a ação de enzimas permitindo a conservação das
plantas por maior tempo. A eliminação da maior parte da água, aumenta o
percentual de compostos ativos em relação ao peso. O desenvolvimento de
métodos modernos de processamento e de preservação de plantas medicinais
ajudam a manter a qualidade por maior tempo (PALEVITCH, 1991 e CORREA
JÚNIOR, 1994).

32
A secagem deve ser iniciada no mesmo dia da colheita, com exceção
das raízes e rizomas. As plantas medicinais não devem ser secas ao sol devido
a presença de compostos voláteis. Os raios solares muito intensos endurecem
as células superficiais dos vegetais e a água fica retida sem ter saída e
evaporar. É possível a pré-secagem à pleno sol por poucas horas. O calor
facilita a separação quando há interesse em separar as folhas dos talos.
(MAGALHÃES, 1997).
Há vários processos de secagem, com destaque de dois grupos:
secagem natural e secagem artificial. Dependendo das propriedades físicas
dos compostos presentes na planta, um ou mais processos podem ser
utilizados (ANDRADE, 1999).
Não é recomendado lavar as plantas medicinais antes da secagem.
Nas plantas de manjericão houve maior teor de óleo essencial quando não
haviam sido lavadas (em água ou em solução de hipoclorito de sódio). Nas
plantas não lavadas, e nas lavadas em água a qualidade microbiológica foi
caracterizada por valores até 60.000 UFC/g. Conforme a Portaria do Ministério
da Saúde de 28/01/87 as condições higiênicas foram insatisfatórias. Houve
maior carga microbiológica nas folhas de Vernonia ferruginea não lavadas
antes da secagem em relação às lavadas com água, porém não foi avaliada a
qualidade fitoquímica (COSTA, 1996).
Antes da secagem as plantas devem ser separadas por espécie.
Plantas colhidas inteiras devem ter cada parte (folha, flor, semente, fruto e raiz)
seca em separado, por causa do tempo de secagem ser diferente. As plantas
devem ser separadas de modo a permitir a circulação do ar, pois evita a
formação de mofo e fermentações. Na secagem em bandejas, organizar
camadas finas com 3 cm de folhas e 15-20 cm de flores ou sumidades floridas
(CORREA JÚNIOR, 1991 e MARTINS, 1994).

SECAGEM NATURAL

Na secagem natural basicamente os ramos são cortados e pendurados


em local sombreado. O uso de estrados de deposição ou peneiras, dentre

33
outros, também são comuns. A secagem natural é procedimento tecnicamente
lento. Não é feita ao sol. O local deve ser ventilado visando evitar fungos e
facilitar a saída da água. O local também deve estar higienizado, protegido de
poeira, de insetos e de outros animais.
A velocidade da secagem natural depende da ventilação, da umidade
relativa e de temperatura. Quando alguma condição climática for desfavorável,
a secagem é muito lenta resultando em perdas de qualidade. A secagem
natural só é viável em regiões com baixa umidade relativa. Estando com 50%
de umidade relativa será eficiente, rápida e com qualidade (MARTINS, 1994 e
ANDRADE, 1999).
Na comparação da secagem natural com os métodos de secagem em
estufa e em sala com desumidificador, a secagem natural possibilitou
aparência e aroma inadequados. Estes resultados foram justificados pelas
condições de alta umidade relativa do local.

SECAGEM ARTIFICIAL

A secagem artificial é fundamentada no aumento da capacidade do ar


de retirar água das plantas. São usados métodos que aumentam a temperatura
do ar. A associação da ventilação com o ar quente incrementa a secagem
(MARTINS, 1994, ANDRADE, 1999).
A temperatura da secagem varia geralmente entre 20 e 40°C quando
são secadas as sumidades floridas, as flores e as folhas. Varia geralmente
entre 60 e 70°C na secagem das cascas e raízes. Há diversos tipos de
secadores que podem ser adaptados na secagem de plantas medicinais.
(CORREA JÚNIOR, 1991 e ANDRADE, 1999).
O desumidificador de ambientes é alternativa bastante viável na
secagem de espécies medicinais. Atualmente o desumidificador tem sido
usado na secagem em trabalhos de pequeno porte de prefeituras e pastorais
de saúde (ANDRADE, 1999).
A escolha do método mais adequado de secagem depende das
características da planta e dos componentes químicos. O método de secagem

34
conveniente minimiza perdas visuais e perdas na composição (SILVA e
CASALI, 2000).
Há grandes perdas no teor de óleo das plantas de Mentha piperita
quando submetida a secagem, causadas por volatizações (COURT, 1993).
Nas plantas de Mikania laevigata houve variação no teor de cumarinas
entre as folhas frescas e as folhas submetidas ao processo de secagem. Nas
folhas frescas o teor foi significativamente maior (1,14%) que as folhas secas
(0,49% e 0,69%, respectivamente na secagem à 30°C por 4 dias e à 45°C em 1
dia) (REHDER, 1998).
Houve melhor qualidade visual nas folhas de Mikania glomerata
quando secas em estufa com circulação forçada de ar à 37°C, comparada a
câmara com desumidificador (ANDRADE, 1999).

35
CONSIDERAÇÕES FINAIS

As operações de colheita são decisórias na manutenção da qualidade


visual, microbiológica e fitoquímica das plantas medicinais cultivadas
ecologicamente.
O momento ideal de realizar a colheita varia de acordo com o órgão da
planta. Há influências do estágio de desenvolvimento, da época do ano e da
hora do dia. Os compostos químicos das plantas medicinais são
micromoléculas estruturalmente muito variadas e desempenham funções de
proteção na planta. A presença e o teor dos compostos varia entre espécies de
acordo com o momento e o local de crescimento da planta.
A composição química é diferente nas diversas partes (folha, raiz,
inflorescências e brácteas). Em Taraxacum officinale nas flores foi detectado
altos teores de flavonóides, nas raízes não estavam presentes. Os flavonóides
são importantes em muitas espécies como atrativo a insetos polinizadores.
O horário de colheita é função do composto ativo e há picos de
produção ao longo do dia.
O processo de colheita e a escolha dos utensílios (tesoura de poda,
podão, enxada, etc.) devem ser adequados à parte colhida. A matéria prima
não deve ser amontoada. Pelos danos mecânicos há entrada de
microorganismos que aceleram o processo de deterioração e perda da
qualidade.
As plantas medicinais usadas frescas devem ser consumidas o mais
rápido possível. As perdas evoluem a cada instante, a vida útil e a qualidade
são reduzidas. É comum a utilização da secagem que permitirá a conservação
das plantas por período maior de tempo.
A escolha do método de secagem depende do órgão vegetal a ser
seco (raiz, flor, folhas, sementes), do composto ativo e da disponibilidade de
equipamentos.
A opção pela secagem natural depende das características da planta e
do ambiente de secagem. A secagem artificial com desumidificador de ar têm
tido resultados satisfatórios.

36
Há fatores técnicos e particularidades na manutenção da qualidade
final das plantas medicinais. É importante otimizar: ponto de colheita, tipo de
secagem, embalagem e o tempo de armazenamento.
Há carência de pesquisas e respectiva continuidade. Há grande
número de variáveis envolvidas e grande número de espécies utilizadas como
recurso terapêutico. A pesquisa foi intensificada recentemente e ainda está
muito limitada. Os resultados das pesquisas já realizadas estão muito
dispersos.

37
CAPÍTULO 3

METABOLISMO SECUNDÁRIO

INTRODUÇÃO

O termo “produto natural” é reservado a todos os compostos de origem


natural, específicos de um único organismo, ou comum a grupos de
organismos (MANN, 1987).
Os produtos naturais são estudados na Química de Produtos Naturais.
Os métodos utilizados são destinados ao isolamento, a purificação de novos
compostos e a determinação estrutural (ANDRADE, 1999).
O interesse contemporâneo pelos produtos naturais é crescente em
estudos de Quimiotaxonomia, estudos de enzimas e na química-ecológica. Há
crescente interesse por produtos naturais na medicina.
Os compostos químicos dos organismos vivos, são sintetizados e
degradados por reações anabólicas e catabólicas, mediadas por enzimas. Esse
complexo sistema de reações químicas constitue o metabolismo dos
organismos. Todos os organismos possuem rotas metabólicas primárias
semelhantes de produção dos compostos primários que são essenciais na
sobrevivência, tais como: açúcar, aminoácidos, ácidos graxos, nucleotídeos e
seus polímeros derivados (polissacarídeos, proteínas, lipídeos, RNA, DNA,
etc). As plantas utilizam as rotas metabólicas secundárias na produção dos
compostos “metabólitos secundários” (MANN, 1987, KAYS, 1991 e ANDRADE,
1999).

METABÓLITOS SECUNDÁRIOS

A síntese e a degradação de carboidratos, ácidos orgânicos, proteínas,


lipídeos, pigmentos, compostos aromáticos, fenólicos, vitaminas e
fitohormônios são processos secundários em relação a respiração e a

38
fotossíntese. Compostos do metabolismo secundário são essenciais durante o
desenvolvimento dos vegetais e também na fase pós-colheita (KAYS, 1991).
Os metabólitos secundários são função da particularidade química das
plantas e diferem qualitativa e quantitativamente, são sintetizados em
pequenas quantidades. As rotas do metabolismo secundário são codificadas
genéticamente, são ativadas durante em estágios do crescimento e
desenvolvimento, ou em períodos de estresse, ou de defesa dos
microorganismos e dos insetos. O potencial do metabolismo secundário
depende da base genética da planta em responder a estímulos internos ou
externos (MANN, 1987 e MARTINS, 1994).
O precursor do metabólito secundário pode ser usado na biossíntese
de metabólitos secundários (proteínas, ácidos graxos, dentre outros), Várias
dessas reações, na maioria reverssíveis, são catalizadas por enzimas de
oxidação, redução, alquilação, hidrólise, hidroxilação, que utilizam cofatores
como adenosina trifosfato (ATP), coenzima A (CoASH), e nicotinamida adenina
dinucleotídeo (NAD(P)+/ NAD(P)H ) (MANN, 1987 e MARTINS, 1994).

PRINCIPAIS CLASSES DE COMPOSTOS NATURAIS ATIVOS

A composição química das plantas é pouco conhecida. Muitos


constituintes naturais não foram isolados e estudados químicamente. Muitos
compostos, já isolados e com estrutura química determinada, não foram
estudados quanto as atividades biológicas e terapêuticas.
Há grande diversidade de metabólitos secundários nas plantas
lenhosas. O número de compostos no reino vegetal é extremamente grande
(ANDRADE, 1999).
Há três origens da síntese de compostos secundários, diferenciadas
pelos precursores.
a) ácido shiquímico, precursor de muitos compostos aromáticos, incluindo
aminoácidos aromáticos, ácidos cinâmicos, e alguns polifenóis.
b) aminoácidos, fonte de alcalóides e peptídeos.

39
c) acetato, que por meio de duas rotas biossintéticas origina compostos como
poliacetilenos, polifenóis, terpenos, esteróides, carotenóides dentre outros.
Os metabólitos secundários sintetizados pelas plantas lenhosas, com
alguma atividade biológica determinada, são aproximadamente 940 compostos
ativos, de dezenas de classes químicas (ANDRADE, 1999).
Os alcalóides e os terpenos são as classes químicas com maior
potencialidade de fornecer compostos com atividade farmacológica, seguidos
de lignanas, flavonóides, cumarinas e outras (MANN, 1987).

1ª ORIGEM - METABÓLITOS DERIVADOS DO ÁCIDO SHIQUÍMICO

A rota do Shiquimato, descoberta e muito pesquisada, é frequente nos


microorganismos e plantas (HERRMANN, 1995).
Pelo Shiquimato as plantas sintetizam phenilalanina, tirosina, triptofano
e muitos outros compostos aromáticos críticos que sustentam funções
primárias de sobrevivência. Via rota do Shiquimato, metabólitos secundários
são elaborados com objetivos ecológicos (FLOSS, 1997).
Em condições normais de crescimento, 20% do carbono fixado pelas
plantas flui pela rota do Shiquimato. Na totalidade, aproximadamente 7x100 Kg
de carbonos/ano são utilizados na síntese de vários metabólitos secundários,
em diversas quantidades e épocas e em compartimentos celulares específicos
(HERRMANN, 1995).
A rota do Shiquimato é iniciada com a reação de condensação das
moléculas de fosfoenolpiruvato (PEP) e eritrose 4-fosfato (E4p) catalizada pela
enzima 3-deoxi-D-arabino-heptulosanato (DAHP). Ferimentos mecânicos e
ataque de fungos têm causado acúmulo do m-RNA, e síntese de DAHP. O
clorismato nestas circunstâncias é necessário pois é desviado e entra na
síntese das ligninas de reparo das lesões. Esses estímulos ambientais não só
causam a síntese de DAHP, mas atuam especificamente nos tecidos. A enzima
Shiquimato cinase é controlada pela disponibilidade de energia. Quando as
plantas estão em condições energeticamente favoráveis, o carbono do
Shiquimato é desviado até a síntese de outros compostos secundários, ou

40
estocado na forma de quinato. Algumas rotas são produtoras de compostos
secundários provenientes direta ou indiretamente da rota do Shiquimato
(ANDRADE, 1999).

TRIPTOFANO E COMPOSTOS RELACIONADOS

Triptofano - O triptofano é formado a partir do corismato.


Ácido indol 3 – acético - O hormônio de crescimento ( auxina) ácido
indol 3- acético (IAA), é produzido a partir do triptofano seguindo rotas de
acordo com a espécie (DEWICK, 1995).

FENÓIS E ÁCIDOS FENÓLICOS

Fenol e Tirosina Fenol-liase - A enzima tirosina fenol-liase catalisa


reações.
Ácido salicílico – Foi considerado apenas constituinte das plantas.
Tem função regulatória na resistência das plantas à doenças. Tem origem do
ácido cinâmico e duas vias intermediárias podem estar envolvidas: ácido 2-
cumárico ou ácido benzóico (DEWICK, 1995).
Ácido Gálico e Galotaninos - A biossíntese dos galotaninos foi
elucidada.
Ácido Homogentísico - Formado a partir do 4-hidroxifenilpiruvato é
produto do catabolismo da tirosina em muitos organismos, sendo importante
fonte de tocoferol e plastoquinonas.

FENILPROPANÓIDES

Tem diversas funções biológicas, em determinadas espécies e tecidos


são induzidos por vários estresses bióticos e abióticos (DIXON e PAIVA, 1995).
De acordo com Herrmann (1995) todos os fenilpropanóides são derivados do
ácido cinâmico.

41
ÁCIDOS HIDROXICINÂMICOS E ESTERES

Ligninas - São polímeros de subunidades aromáticas, formados a


partir da fenilalanina, por sequência de várias reações pouco definidas. Os
monômeros que compõe as ligninas variam com a espécie, e com o estágio de
desenvolvimento. Desempenham funções de impermeabilidade da parede
celular, de suporte estrutural das plantas vasculares e terrestres, de transporte
de água, dentre outras (WHETTEN e SEDEROFF, 1995).
Segundo Dewick (1995) há dificuldades no isolamento de ligninas da
parede celular. São necessários tratamentos que podem ocasionar mudanças
nos polímeros originais.
Lignanas - As lignanas possuem distribuição universal nas plantas
lenhosas e grande variedade de metabólitos, devido as diversas reações entre
seus precursores.
Há grande número de metabolitos com atividade antioxidativa,
antitumoral. Com atividade anticâncer, foram relatadas 36 lignanas naturais. O
consumo de muitos alimentos ricos em lignanas tem reduzido os riscos de
desenvolver vários tipos de câncer, e há vários mecanismos explicativos da
ação protetora (WARD, 1997). Entre os compostos com atividade biológica já
comprovada estão: os ácidos cafeíco e ferúlico, o safrol, anetol, eugenol,
honoquinol, magnolol, conferol (MANN, 1987).
Ácido Trópico - Todos os precursores dos ácidos trópicos
(fenilalanina, ácido fenilpirúvico e ácido fenliacético) podem ser incorporados
em alcalóides dando origem a outros alcalóides como escopolamina e
hiosciamina comuns em Datura stramonium (DEWICK, 1995).
Taxol - Diterpeno com importante atividade anticâncer, isolado da
espécie Taxus brevifolia, muito utilizado (DEWICK, 1995).
Cumarinas - Vários tipos de cumarinas com interesses particular são
encontradas. São amplamente distribuídas no reino vegetal sendo classe de
lactonas, são abertas em meio básico e ciclizadas novamente com tratamento
ácido (ANDRADE, 1999).

42
A rota de formação das cumarinas e hidroxicumarinas segue a
formação do hidroxinâmico fenilalanina divergindo na formação de 2
hidroxilações (STRACK, 1997). Em Melilotus alba (Fabaceae), foi verificado a
formação de cumarinas a partir do 2-O-glucosídeo. No vacúolo é transformada,
há isomerização induzida por luz UV in vitro. Em condições naturais há
evidências que no vacúolo não ocorra tal dependência. No final do processo de
formação da cumarina ocorre espontaneamente a lactonização e deglicolização
catalizada pela enzima O- glicosidase, quando o tecido é danificado por
exemplo por injúria mecânica. Em tecidos intactos, ou não danificados, a O-
glicosidase e o 2-O- glicosídeo estão separados em níveis celulares, sendo que
o glicosídeo está localizado no vacúolo e a O - glicosidase está associada a
parede celular ou localizada em espaços intercelulares (STRACK,1997).
Segundo Dixon e Paiva (1995) a produção de cumarinas é induzida por
danos de herbívoros. Atinge níveis tóxicos aos herbívoros e causa efeito
estrogênico e anticoagulante. Mann (1987) relatou propriedades
anticoagulantes de cumarinas em ratos, exercendo efetivo controle na
população.
As hidroxicumarinas podem estar na forma de agliconas ou
conjugadas, por exemplo o chicórico. As rotas de substituição de
hidroxicumarinas têm sido determinadas pelos níveis de cumarinas, por
substituições seqüencias do hidroxicinâmico fenilalanina. Os cumaratos são
precursores da umbelliferona. Exemplo são as biossínteses a partir da
umbelliferona originando escopoletina (STRACK, 1997).
A escopoletina, é potente estimulante de germinação (em
concentrações de 2-20ppm). A umbeliferona é também de importância
comercial, pela absorção de radiação UV, em muitas preparações (MANN,
1987). De acordo com Strack (1997) muitas hidroxicumarinas são derivadas da
umbelliferona, como as furanocumarinas e dihidropiranocumarinas.
Recentes pesquisas metabólicas do fungo Aspergillus variecolor,
demonstram que as cumarinas não são derivadas apenas do shiquimato, mas
também do acetato. Exemplo é a isocumarina, 6-methoxymellin, produzida pela
cenoura em resposta a infestação de fungos (MANN, 1987). Muitas

43
furanocumarinas são tóxicas e frequentemente são fitoalexinas que inibem a
germinação de esporos de fungos patogênicos (STRACK,1997).
A cumarina possui efeito antipirético e inibidor da carcinogênese,
enquanto que outras cumarinas tem amplo espectro de ação farmacológica,
como a escopoletina, antiarrítmica, vasodilatadora, hipotensora,
broncodilatadora, bloqueadora da junção neuromuscular, espasmolítica e
simpatolítica. A umbeliferona é inibidora da carcinogênese, antiespasmódica,
antiarrítmica e antimutagênica. A esculetina tem atividades antitumoral,
antimalárica e antifúngica.
Flavonóides e Antocianinas - Os flavonóides compõem a grande
classe de metabólitos secundários. As antocianinas estão dentro dessa classe
especial devido a grande diversidade de cores do composto.
As antocianinas são importantes por desempenharem grandes
funções. A síntese de antocianinas nas pétalas tem a função de atrair
polinizadores, enquanto a síntese nas sementes e frutos tem a função de
garantir a dispersão (HOLTON e CORNISH, 1995).
Antocianinas e outros flavonóides protegem as estruturas do vegetal
dos danos causados pela radiação UV (DIXON e PAIVA, 1995, HOLTON e
CORNISH, 1995).
Segundo Dixon e Paiva (1995) os níveis de antocianinas aumentam em
plantas estressadas de frio e por fatores nutricionais (principalmente fosfato).
Os flavonóides, incluindo as antocianinas, são derivados das rotas
biossintéticas do acetato e shiquimato, tendo como precursores o malonil-CoA,
e p-cumaril CoA. Em muitas plantas, antocianinas e flavonóides são
sintetizados na mesma célula e acumulados no mesmo local (HOLTON e
CORNISH, 1995). Também são denominados pigmentos, possuem como
unidade básica 15 carbonos com dois anéis aromáticos hidroxilados, ligados
entre si por um fragmento de 3 carbonos. Vários compostos possuem
atividades farmacológicas, com destaque a apigenina, taxfolina, morina,
naringenina, genisteína e epicatequina. Vários flavonóides são usados na
produção de odores e sabores de alimentos e bebidas de origem vegetal
(ANDRADE, 1999).

44
Quinonas –

a) Naftoquinonas - Muitos compostos derivam das naftoquinonas, como as


filoquinonas (vitamina K1) e menaquinonas (vitamina K2).
b) Axenomicinas – Constituem grupo particular caracterizado por antibióticos.
c) Ubiquinonas - As ubiquinonas (coenzima Q) também são derivadas do
corismato.
d) Tacoferol e Plastoquinonas - São acumulados nos cloroplastos das plantas
(DEWICK, 1995).

Àcidos Cianogênicos e Glicosinolatos – A rota biossintética desta


classe é muito característica (DEWICK, 1995).

2ª ORIGEM - ALGUNS METABÓLITOS DERIVADOS DOS AMINOÁCIDOS

O metabolismo secundário a partir dos aminoácidos, pode seguir várias


rotas. Vários metabólitos secundários são produzidos, principalmente nas
plantas superiores, como os alcalóides. São compostos complexos e exóticos.
Nos fungos e bactérias estes alcalóides não são produzidos (MANN, 1987).

ALCALÓIDES

São compostos de origem vegetal, com propriedades alcalinas pela


presença de nitrogênio amínico. Podem ser sólidos ou líquidos, incolores ou de
coloração amarela ou roxa. Há enorme diversidade química. São subdivididos
em subclasses, com destaque os alcalóides indólicos, quinolínicos,
isoquinolínicos e tropanos (MARTINS, 1994).
Pesquisadores têm relatado o uso farmacológico dos alcalóides como
estimulante do sistema nervoso central, anestésico, analgésico, dentre outras
(MANN,1987).
A função dos alcaloides nas plantas é pouco conhecida. São
marcadores filogenéticos que atuam como reserva na síntese de proteínas na

45
proteção contra insetos e outros herbívoros. São estimulantes, reguladores do
crescimento. São agentes finais da desintoxicação por transformações simples
de outras substâncias cujo acúmulo é nocivo aos vegetais (MARTINS, 1994).
Na célula vegetal estão localizados nos vacúolos. Na forma de sal
ficam nas paredes celulares, de folhas, sementes, raízes e caules, com
concentração muito variada durante o ano. Em certas épocas ficam restritos
somente a determinados órgãos. Apenas 10 a 15% das plantas conhecidas
contem alcalóides (MARTINS, 1994).
Os alcalóides podem ser subdivididos de acordo com a origem. Os
alcalóides podem ser derivados via metabolismo dos aminoácidos alifáticos
ornitina e lisina. Alcalóides podem ser derivados dos aminoácidos aromáticos
fenilalanina, triptofano e tirosina (MANN, 1987).

a) Alcalóides derivados do metabolismo da ornitina e lisina

Neste grupo estão os alcalóides pirrolidinos, pirrolizidínicos,


piperidinos, quinolizidínicos e piridinos. Nos alcalóides pirrolidinos há um
núcleo tropano. São compostos de grande interesse farmacológico como
hiosciamina, escopolamina e atropina (MANN,1987).
Os alcalóides pirrolizidínicos possuem duas formas distintas incluindo
substâncias como necina, retronecina e heliotridina. Provavelmente a
importância desses compostos está no mecanismo de comunicação e proteção
de plantas contra predadores. Os piperidinos são derivados da lisina, como
exemplo é o licopodine. Os quinolizidínicos, ocorrem no gênero Lupinus, mas
também são encontrados em vários outros gêneros e famílias botânicas. São
originados da lisina e incluem a lupaina, esparteína e matrina. Os alcalóides
piridínicos tem o núcleo pirrólico, como na nicotina e lobelina (MANN, 1987).

46
b) Alcalóides da fenilalanina e do triptofano

Possuem núcleo isoquinolínico com um sistema de anel da ciclização


da dopamina e aldeído alifático. São exemplos: emetina, berberina, catequina,
dopamona, e efedrina, todos com grande atividade terapêutica (MANN, 1987).

c) Alcalóides derivados do triptofano

São alcalóides formados a partir de pequenas mudanças na molécula


de triptofano.

d) Alcalóides derivados do Ácido Antranílico

O ácido antranilico é metabólito do triptofano, e pode originar alguns


alcalóides, vários desses alcalóides ocorrem na família Rutaceae (MANN,
1987).

3ª ORIGEM - METABÓLITOS DERIVADOS DO ACETATO

Vários produtos naturais são derivados da acetil-coenzima-A, por duas


rotas pela adição de unidades de C2, e ácidos graxos ou pela condensação de
unidades de C5 que formam os isoprenóides (MANN, 1987).

ÁCIDOS GRAXOS E ACETOGENINAS

As acetogeninas provem de modificações (redução e ciclização). Os


ácidos graxos, estruturalmente, são simples metabólitos do acetato. Os ácidos
graxos podem ser saturados ou insaturados. Os mais comuns são metabólitos
primários, apenas alguns mais raros são metabólitos secundários (MANN,
1987).

47
ISOPRENÓIDES: METABÓLITOS DERIVADOS DO MEVALONATO

O metabolismo do acetato também gera diversificado grupo de


metabólitos secundários: os isoprenóides ou terpenóides. É o segundo grupo
com maior número de constituintes ativos (MANN,1987).
Os isoprenóides são constituídos de unidades de 5 carbonos( unidade
isopreno). A nomenclatura e as classificações refletem o número de unidades
isoprenos presentes e as formas de ciclização, com diversos esqueletos
cíclicos ou não (BRAMLEY, 1997).
Monoterpenos - Os monoterpenos são simples isoprenóides com
estrutura de 10 carbonos, contem duas unidades isopreno. São componentes
de óleos essenciais e acumulam em plantas das Famílias Umbelliferae e
Pinaceae. Provavelmente são encontrados em plantas superiores e algas
(BRAMLEY, 1997). São muito comuns: citral, linalol, cânfora, carvacrol. Há
outros de ampla utilização na indústria de cosméticos ou alimentícia. Há
monoterpenos com importantes propriedades farmacológicas.
Os monoterpenos são subdivididos em categorias de acordo com a
estrutura: acíclicos, cíclicos e iridóides (PFANDER e STOLL, 1991).
Sesquiterpenos - Mais de 100 esqueletos de sesquiterpenóides são
conhecidos. São encontrados em plantas, musgos, fungos e algas. Geralmente
ocorrem com monoterpenos em óleos essenciais, mas em quantidades
menores. A acumulação em plantas superiores ocorre em glândulas de óleo,
que são estruturas secretoras especializadas. (BRAMLEY, 1997).
Poucos sesquiterpenos lineares são conhecidos em comparação com
os cíclicos. São destaque: himalacol e costunolídeo. Alguns compostos
antitumorais, como vernolepina, fenolina e elenfatina, também são exemplos de
sesquiterpenos. Há mais de 300 sesquiterpenos lactonas em plantas. São
utilizados como fármaco. O ácido abcísico é encontrado nas mono e
dicotiledôneas e gimnospermas (BRAMLEY, 1997).
Diterpenos – São terpenos com 20 unidades de carbono, tem origem
no pirofosfato de geranilgeranil e são caracterizados pela raridade de cadeias
acíclicas. O tripdiolídio tem atividade antimitótica e inibe da síntese de DNA e

48
RNA. A bacatina, composto taxânico, tem potente atividade citotóxica (MANN,
1987).
Os diterpenos são encontrados principalmente em plantas superiores e
fungos. As giberelinas são diterpenóides tetracíclicos essenciais no
crescimento e desenvolvimento das plantas. Foram identificadas 90
giberelinas, sendo 79 em plantas superiores e 27 em fungos (BRAMLEY,
1997).
Sesterpenos - São isoprenóides com 25 unidades de carbono.
Ocorrem em pequeno número na natureza e poucos são conhecidos. A maioria
são de origem marinha. São mais comuns em esponjas marinhas, fungos e
liquens (HANSON, 1996).
Triterpenos – São abundantes e há grande número de compostos
ativos. Estão incluídos alguns metabólitos de grande importância biológica
como colesterol, vitamina D, hormônios sexuais dos mamíferos e inúmeros
outros esteróides. São terpenóides com 30 unidades de carbono originados de
vias biossintéticas e modificações secundárias da molécula de esqualeno.
Embora o colesterol e os outros esteróides, possuam apenas 27 a 29 unidades
de carbono, também são classificados como triterpenóides por originarem da
mesma molécula de esqualeno (MANN, 1987).
Aproximadamente 4000 moléculas de triterpenóides já foram
identificadas. Dentre essas apenas 300 moléculas de esteróis ocorrem em
plantas (fitosteróis), incluindo stigmasterol, sitosterol, que desempenham nas
plantas funções análogas as do colesterol nos animais, porem relacionadas ao
crescimento das plantas. Também têm função na manutenção da integridade
das membranas e na regulação da permeabilidade (MANN, 1987 e BRAMLEY,
1997).
As saponinas são triterpenóides glicosídicos encontradas em plantas,
cuja função ainda não está bem compreendida, tendo baixa toxicidade aos
humanos, provavelmente devido a baixa absorção pelo intestino (BRAMLEY,
1997).
Os cardenolideos são esteróides com 23 unidades de carbono, com
atividade cardíaca e conhecidos como glicosídeos cardiotônicos. Exemplo é a

49
digitoxina utilizada clinicamente como estimulante do coração. Os
cardenolideos ocorrem em muitas famílias de plantas e também de alguns
insetos (BRAMLEY, 1997).
Tetraterpenos - Os terpenos têm 40 unidades de carbono. Nesta
subclasse de metabólitos está a maioria dos carotenóides. Os carotenóides são
encontrados nas plantas verdes e também em algumas algas, fungos e
bactérias (MANN, 1987). Os carotenóides vegetais podem ser pigmentos
vermelhos, laranja ou amarelo. Estão nas membranas de cloroplastos e em
cromoplastos. Nos estágios finais de desenvolvimento das plantas esses
pigmentos contribuem com a coloração de flores e frutos. A cor final pode ser
mascarada pela clorofila nos tecidos fotossintetizantes (BARTLEY e SCOLNIK,
1995).
Nos tetraterpenos aproximadamente 600 estruturas foram identificadas.
Os carotenóides são divididos em dois subgrupos. Os carotenos são hidratos
de carbono e as xantofilas são derivados oxigenados. Podem ser acíclicos ou
não, todos estão na forma trans, embora haja isômeros cis (KAYS, 1991;
BRAMLEY, 1997).
A função vital dos carotenóides em tecidos fotossintéticos é a proteção
em processos foto-oxidativos. São precursores do ácido abcísico, e da vitamina
D. São amplamente consumidos pelos humanos, principalmente como corante
natural de alimentos. Do ponto de vista farmacológico são compostos de
pequena importância, mas extremamente úteis biológicamente, como é o caso
da vitamina A (BARTLEY e SCOLNIK, 1995; BRAMLEY, 1997).

IMPORTÂNCIA DO METABOLISMO SECUNDÁRIO

A evolução das plantas consiste em adaptações a estresses


ambientais, a pressões de herbívoros e outros animais ou microorganismos. As
plantas que sobreviveram são caracterizadas pela maior flexibilidade de
adaptação às condições adversas de crescimento. Estas adaptações são
modificações morfológicas, anatômicas, fisiológicas e bioquímicas. As

50
alterações bioquímicas envolvem os metabolismos primário e secundário
(HARBORNE, 1997).
O processo de adaptação das plantas ao ambiente envolve competição
entre as espécies na busca do equilíbrio predador-presa. As espécies podem
ser adaptadas as condições adversas, migrarem até outras áreas, ou serem
extintas.
As plantas terrestres que foram adaptadas aos predadores, herbívoros
insetos e animais, não migraram. Houve dispersão de sementes, por isso
desenvolveram varias rotas de síntese dos metabólitos secundários (MANN,
1987). Muitos metabólitos secundários originados de plantas são portanto
utilizados na defesa. O processo de evolução é contínuo e as plantas são mais
competitivas com os metabolitos secundários. Mas muitos herbívoros e
microorganismos também desenvolveram tolerância aos efeitos químicos dos
metabólitos secundários (ANDRADE, 1999).
Há muitos insetos que são especializados em famílias de plantas
tóxicas não atacadas por outros fitófagos. Os insetos evoluíram a especialidade
nestas plantas pois adquiriram receptores específicos dessas substâncias
tóxicas. Os insetos usam então o metabólito como localizador das plantas que
podem comer. Deste modo garantem a vantagem competitiva na utilização de
recursos alimentares primários, vindos da fotossíntese desses vegetais.
Grande quantidade de plantas são resistentes aos herbívoros por possuírem,
como defesa química, as toxinas ou os repelentes sintetizados pelo
metabólismo secundário. A maioria das classes de metabólitos secundários é
tóxica aos animais (HARBORNE, 1997).
A síntese dos metabólitos secundários tem custo energético alto.
Muitos precursores são desviados do metabolismo primário, junto com
enzimas, e energia. Assim as plantas quando atacadas pelos herbívoros estão
diante do dilema: crescimento ou defesa (HARBORNE, 1997).
Altos custos de defesa implicam em baixas taxas de crescimento, e
vice-versa. A adoção de alguma opção é função do ambiente. A planta terá
mais aptidão de crescimento ou de defesa. Defesa ou crescimento não são

51
excludentes. Essas duas opções dependem da base genética de cada planta
(MARTINS, 1988).
A hipótese do balanço crescimento-diferenciação está fundamentada
na passagem fisiológica entre crescimento-diferenciação. A síntese de
metabólitos secundários implica em diferenciação. Conforme a hipótese, as
plantas perenes podem ser divididas em dois grupos: com crescimento
dominante, rápido, fracas em defesas químicas mas altamente capazes de
induzir a resistência. No segundo grupo a diferenciação é dominante, há baixa
taxa de crescimento, melhor defesa, há sistemas de resistência facilmente
acionados e rápidos.
As diferenças químicas entre as plantas indicam que os aumentos nas
concentrações de metabólitos secundários são respostas a condições de
estresse ambiental. Nos ambientes ricos em recursos há muita competição. O
balanço C/N tende a diminuir. Há aumento do N e são produzidos
temporariamente os metabólitos secundários de rotas nitrogenadas. Se alguma
folha é predada a planta a repõe. Nos ambientes onde há escassez de
recursos, há predação predominando. O êxito vai depender da eficência na
retenção da forma de utilização dos recursos disponíveis. Com alto balanço
C/N, a defesa dependerá dos compostos carbônicos. O processo de
diferenciação predomina nesses ambientes. Como a taxa de fotossíntese,
comparativamente, não é muito alterada, o excesso de carbono economizado
no crescimento, é gasto na defesa química (MARTINS, 1988).
Plantas crescidas em ambientes pobres em nitrogênio e condições de
estresse hídrico cessam a produção de folhas novas. Os precursores e a
energia desse processo são desviados ao metabolismo secundário. Essas
plantas imediatamente estarão mais resistentes a insetos predadores. As taxas
de sobrevivência dos insetos são reduzidas a níveis baixíssimos principalmente
nas folhas mais novas que têm mais terpenos que as folhas velhas
(HARBORNE, 1997).
Os metábolitos secundários associados à resistência aos
microorganismos fitopatogênicos, podem ser classificados em compostos pré e
pós-infeccionais. Os compostos pré-infeccionais são metabólitos constitutivos

52
presentes em concentrações tais que impedem o desenvolvimento de
microorganismos ou em concentrações baixas que aumentam rapidamente
após o início da infecção. Os compostos pós-infeccionais surgem por hidrólise
ou oxidação de precursores inativos presentes nas células. Podem estar
totalmente ausentes nos tecidos da planta saudável sendo sintetizados de novo
no local da infecção com as fitoalexinas (DIETRICH, 1987).
No processo de indução fitoquímica, as fitoalexinas são produzidas
após poucas horas da infecção, no máximo 48 horas da invasão. As folhas
perdem palatabilidade aos herbívoros. O efeito sobre a palatabilidade das
folhas aumenta com o passar de muitos dias da indução. Alguns vegetais
produzem compostos voláteis que atraem insetos parasitóides que ao visitarem
as folhas eliminam os herbívoros (HARBORNE, 1997).
As fitoalexinas podem ter o acúmulo induzido não apenas por
organismos vivos mas também por seus produtos (eliciadores) ou por
condições de estresse como injúria, frio, luz UV e sais de metais pesados
(DIETRICH, 1987).
Está sendo reconhecido que variações na produção dos metabólitos
secundários podem ocorrer ao longo do tempo. As variações são de origem
genética (indivíduo, população) ou ecológica (pressões de variação em clima
ou solos, parasitas, predadores, competidores, patógenos) ou fisiológica
(estágio de desenvolvimento, ritmo estacional ou circadiano, alocação de
energia, hormônios, estado reprodutivo) (BROWN JÚNIOR, 1988). Atualmente
fenômenos epigenéticos estão sendo associados às variações dos metabólitos
secundários.
Os metabólitos que exercem função de proteção das plantas aos
herbívoros, geralmente estão localizados na superfície da planta, onde são
mais percebidos. Têm sido detectados em tricomas, na cêra e resina de folhas,
e exudados dos brotos. Quando presentes nos vacúolos das folhas, são
encontrados nas células da epiderme da superfície superior, e no caso das
plantas laticíferas, estão presentes no látex (HARBORNE, 1997). Variações no
acúmulo desses metabólitos entre folhas e flores, raiz e caule, ocorrem em
função do deslocamento dos compostos pela planta ao longo do

53
desenvolvimento. Assim, por exemplo os alcalóides são sintetizados na raiz e
transportados até as folhas (ANDRADE, 1999).
Muitos compostos secundários produzidos pelas plantas podem
também participar em interações na polinização, dispersão de frutos e
sementes e simbiose radicular com bactérias (MARTINS, 1988). Portanto
podem ser produzidos visando atração (antocianinas, carotenóides, óleos
essenciais) dos polinizadores ou dos agentes da dispersão das sementes ou
estruturas propagativas. São feitas alterações em coloração e odores
objetivando garantir a sobrevivência da espécie. Alguns desses compostos
secundários também podem ter função de suporte estrutural das plantas, como
as ligninas e lignanas.

Interações planta-herbívoro

Muitos metabolitos secundários produzidos pelas plantas podem ser


repelentes ou tóxicos aos herbívoros ou atrativos do processo de polinização.
Algumas borboletas da família Danaidaea, têm predileção por espécies
de plantas produtoras de cardenolideos. São assimilados no estágio de larva,
incorporados no tecido da borboleta adulta, que então fica não palatável a
muitos predadores pela toxidade. Esse tipo de hábito está presente em
algumas espécies de insetos. É denominado hábito aposemático. Os insetos
aposemáticos são especialistas em plantas tóxicas e concentram as
substâncias desagradáveis no seu tegumento ou extremidades. São insetos
dotados de cores vistosas, e hábito preguiçoso. Assim, não atraem inimigos, e
constantemente sinalizam experiências negativas (BROWN JÚNIOR, 1988).
Em outras situações a planta pode produzir compostos repelentes aos
insetos. Poucas espécies de insetos têm sido encontradas em plantas que
contêm nicotina e peretrinas, por exemplo. Porém ocorrem também as atrações
específicas no caso dos polinizadores e também dos predadores de outros
insetos. O sabor é fundamental em muitas interações planta-animal, assim
como o odor. A cafeína e taninos são compostos responsáveis por alterações
do paladar das plantas. Os monoterpenos voláteis (geraniol, neral, citral)

54
podem atuar como atraentes e repelentes dos insetos. Ocorrem também
algumas interações hormonais entre plantas e insetos (ANDRADE, 1999).

Interações inseto-inseto

Os insetos utilizam grande número de compostos orgânicos voláteis


como mediadores de interações intra e interespecíficas. Esses compostos são
tipicamente monoterpenos, benzoquinonas, fenóis simples, ésteres de ácidos
graxos, e respectivos produtos do metabolismo. Algumas funções desses
compostos são distintas como: atração sexual, fatores de agregação, indução,
sinal de alarme, repelência, além dos ferormônios que são disseminados
visando recepção de insetos da mesma espécie (ANDRADE, 1999).

Interações planta-planta

As interações entre plantas são menos intensas que entre os insetos. E


geralmente são não-específicas. Os metabólitos secundários são liberados no
ambiente e aumentam o crescimento de folhas, resinas de árvores, dentre
outras. Ou reduzem o crescimento. Liberados via raiz, esses compostos
diminuem a competição de outras espécies, inibem germinação ou
crescimento, como no caso das cumarinas. Em relação ao aumento do
crescimento dois métodos de dispersão são utilizados: lixiviação pela chuva e
volatilização. Em climas áridos, compostos voláteis, usualmente monoterpenos,
são usados quase que exclusivamente. Em ambientes muito úmidos (como
florestas), fenóis e outros solúveis em água são utilizados. Nos ambientes
intermediários a esses extremos, diversos compostos voláteis e agentes
alelopáticos estão envolvidos (ANDRADE, 1999).

55
Interações planta-microrganismos

Muitas plantas respondem a invasão microbiana produzindo compostos


que inibem o crescimento dos patógenos. São as fitoalexinas, usualmente
produzidas em pequenas quantidades e por período limitado.
As fitoalexinas englobam vários grupos de substâncias naturais, tais
como: terpenos, isoflavonóides, poliacetilenos. As fitoalexinas são
características de famílias e os tipos de compostos produzidos estão
intimamente relacionados aos constituintes secundários que ocorrem
naturalmente nas famílias botânicas (DIETRICH, 1987).

56
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização de plantas como alimento, medicamento, matéria-prima na


construção de utensílios, talvez seja tão antiga quanto os humanos. Tais
experiências foram despertadas com o convívio e observações da natureza,
particularmente dos animais. Estes recursos ainda são utilizados. É crescente o
interesse de pesquisadores e indústrias em verificar e certificar as
potencialidades desses vegetais. Estes estudos abrangem várias áreas de
conhecimento, pois na natureza as relações são complexas e envolvem o todo.
(ANDRADE, 1999)
Os metabólitos vegetais estão divididos em primários e secundários.
Os primários são os essenciais, mantenedores das atividades básicas e vitais.
Os secundários não são simplesmente os menos importantes nem menos
vitais. O metabolismo secundário é diferenciado do primário pela ausência de
reações e produtos comuns à maioria das plantas. São específicos de
determinados grupos (MARTINS, 1994).
A separação dessas duas vias metabólicas é teórica. A classificação
dos compostos em primários e secundários depende muito da importância de
determinado composto. Depende do estágio de desenvolvimento da planta
(ANDRADE, 1999).
Rotas metabólicas e enzimas são utilizadas pelos vegetais. Poucas
rotas e poucos metabólitos foram identificados por causa da vasta quantidade
de espécies, com suas particularidades, sendo cada espécie bastante
complexa (ANDRADE, 1999).
Os precursores dos metabólitos secundários: ácido shiquímico,
aminoácidos e acetato, definem três pontos de origem e produção. Ao estudar
estas rotas, ocorrem “pontos de interseção” e os eventos não estão separados
(MANN, 1987).
O ácido shiquímico é precursor de metabólitos secundários. Os
metabólitos originados dos produtos finais (aminoácidos aromáticos) e aqueles
originados dos compostos intermediários são desvios da rota do ácido
shiquímico (ANDRADE, 1999).

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Compostos já identificados e originados da rota biossintética do ácido
shiquímico, são importantes nos vegetais, apesar de considerados como não
essenciais. Exemplo é o grupo das antocianinas que colore pétalas, frutos ou
sementes, atraindo polinizadores e dispersores de sementes, garantindo a
perpetuação da espécie. Esta função é essencial ou vital. Há outras, como a
repelência de herbívoros (ANDRADE, 1999).
Alguns metabólitos derivam de aminoácidos aromáticos que são
produtos finais da rota de degradação do ácido shiquímico. Outros metabólitos
como os alcalóides derivam dos aminoácidos não aromáticos (ANDRADE,
1999).
Os alcalóides têm propriedades alcalinas causadas pelo nitrogênio
amínico. Embora apenas 10-15% das plantas conhecidas tenham em sua
constituição, os alcalóides têm importancia nos vegetais e nas relações
ecológicas. São de grande interesse principalmente da indústria farmacêutica
(MARTINS, 1994).
O acetato é precursor de muitos metabólitos secundários e também
primários como os ácidos graxos. São considerados, depois dos derivados do
ácido shiquímico, a maior classe de compostos presente em plantas. No caso
dos terpenos, há estruturas diferenciadas pelo número de unidades de
isoprenos e ciclizações, e são compostos amplamente distribuídos entre os
vegetais. As espécies vegetais, em sua maioria, contêm grupos de
substâncias, dependendo da codificação genética e dos estímulos
proporcionados pelo meio. Portanto, o metabolismo secundário tem função
muito relacionada a ecologia da planta (ANDRADE, 1999). Atualmente há o
entendimento que mecanismos epigenéticos estão envolvidos.
A capacidade ecológica de interagir e adaptar com o meio contribuiu na
sobrevivência das espécies, nos nichos ecológicos. Possibilitam adaptações ao
longo do tempo. E estão ocorrendo modificações, pois na natureza os
processos são dinâmicos. Há interações e interferências dos humanos na
natureza. Os metabólitos secundários têm função de defesa das plantas aos
herbívoros, microorganismos, ao estresse ambiental, na atração de

58
polinizadores. Tem função estrutural, além de muitas outras particularidades,
mas são essenciais à sobrevivência das espécies (ANDRADE, 1999).
Muitos metabólitos secundários são responsáveis por qualidades
atribuídas aos vegetais ao longo do tempo. Principalmente atributos medicinais
certificados pela pesquisa, tornando cada vez maior o interesse em entender
estes processos, tanto por parte da comunidade científica, quanto interesses
particulares de indústrias (ANDRADE, 1999).
A comunidade científica caminha na tentativa de compreender a
natureza. Mas continua a visão fragmentada e materialista dos fatos. É
percebido nas pesquisas o foco de fragmentar antes de entender (ANDRADE,
1999).
Todos os processos são complexos e interligados, são específicos a
determinadas situações. Cada evento, por mais desprezível que pareça, é
extremamente essencial, importante e particular, pois cada indivíduo é a
manifestação da totalidade (ANDRADE, 1999).
Muitas conclusões são propostas e muitas hipóteses são consideradas
verdadeiras. A pesquisa está sendo feita unilateralmente, só focando eventos
físicos fragmentados.

59
CAPÍTULO 4

1 – PLANTAS MEDICINAIS E EFEITOS DA RADIÂNCIA

Durante o período do dia as plantas são influenciadas por: temperatura,


deficiência hídrica, diversas condições de magnitude da luz e qualidade da luz.
Esses fatores atingem a fotossíntese e outras atividades fisiológicas como:
crescimento, desenvolvimento e a morfogênese. Esses fatores influem na
síntese dos compostos ativos das plantas medicinais. A pesquisa tem
concedido mais atenção ao aumento da produtividade por meio da produção de
biomassa (CARVALHO, 1999). Ainda que considerável volume de informação
tenha sido publicado sobre a produção primária, não é recomendável adaptar
esses dados diretamente à produção de metabólitos secundários, por causa
das circunstâncias especiais nestes sistemas (HORNOK, 1997).
Pouco é conhecido sobre a resposta das plantas medicinais e
aromáticas a umidade e a luz. Luz é o pré requisito essencial à vida das
plantas, mas em excesso pode inibir a fotossíntese e levar à destruição foto-
oxidativa do aparato fotossintético (SRIVASTAVA e STRASSER, 1996).
Será efetiva a radiação luminosa que for incorporada em algum
composto químico. A subsequente ação desse composto receptor, depois de
absorver a luz, determinará o uso pela planta. Em termos ecológicos, três
propriedades da luz podem influenciar separadamente o metabolismo e o
desenvolvimento da plantas: (a) qualidade espectral, (b) intensidade (c)
duração. Todos os efeitos resultantes (morfogênicos, fotoperiódicos e tróficos)
interferem na formação dos metabólitos especiais ou secundários. A resposta
depende inicialmente do pigmento receptor, que determina quais comprimentos
de onda de luz são absorvidos, e, em segundo lugar, da intensidade e duração
do período luminoso (WHATLEY e WHATLEY, 1982).

60
1.1 – Fotoreceptores

A luz do ambiente é percebida pelas plantas por meio de vários


fotoreceptores, como o fitocromo. Além do fitocromo, há ainda os receptores da
luz azul e ultravioleta-A (UV-A), criptoreceptores, os quais junto com os
fitocromos tem relação com o crescimento e desenvolvimento das plantas,
desde a germinação até a iniciação floral (GUO, 1998).
Os fotoreceptores, detectam mudanças na qualidade, intensidade e
duração da luz, regulam a época de florescimento e muitos outros processos
relacionados ao desenvolvimento. O fitocromo, nas folhas é sensível à luz
vermelho e vermelho-distante. Tem função fotorregulatória importante no
florescimento (BAGNALL, 1995; SUÁREZ-LÓPEZ e COUPLAND, 1998).
Dentre os principais grupos de pigmentos associados à fotorresposta
nas plantas três são destaque: as clorofilas, envolvidas com a fotossíntese; o
fitocromo, relacionado com algumas mudanças morfogenéticas, com a
percepção do fotoperíodo (provavelmente com os ritmos diários das plantas) e
o terceiro é o β- caroteno ou flavinas, envolvidos com fototropismo (WHATLEY,
WHATLEY, 1982).

1.2 – Clorofila

A fotossíntese é o processo das plantas sintetizarem compostos


orgânicos utilizando matéria prima inorgânica, e a luz solar. Esse processo
ocorre nos cloroplastos, que estão presentes nas partes verdes das plantas. Os
pigmentos clorofilas a e b, capturam luz, e são encontrados nas lamelas
cloroplastídicas (WHATLEY e WHATLEY, 1982).
As clorofilas a e b juntamente com alguns carotenóides, funcionam
como pigmentos “antena” na captura de energia luminosa necessária à
fotossíntese. A clorofila a é considerada tetrapirrol cíclico, com a porfirina tendo
no centro um átomo de magnésio ligado covalentemente. Unido ao anel IV,
está o fitol, de cadeia longa, não saturado, que funciona como âncora, não
polar. É importante por posicionar as moléculas de clorofila a na orientação
61
correta nas lamelas do cloroplasto. Os sistemas de anéis na porfirina têm nove
duplas ligações de modo conjugado. Estas ligações, alternam simples e duplas,
suprem muitos elétrons deslocados que podem tomar parte na absorção de luz.
A estrutura da clorofila b é muito similar, exceto pelo fato de que o grupo metil
(CH3-) no anel é convertido em composto do grupo aldeído (-CHO) alterando a
posição das duas principais faixas de absorção, pela mudança na distribuição
dos elétrons (WHATLEY e WHATLEY, 1982).

1.3 – Fitocromo

O comprimento do dia é percebido pela molécula do fitocromo,


presente nas folhas e que é sensível à luz (vermelho e vermelho distante). Há
mais de uma espécie molecular de fitocromo nas plantas. Em Arabidopsis
thaliana L., por exemplo, planta considerada modelo de estudo devido a sua
simplicidade, são conhecidos cinco genes que codificam fitocromos. Cada
fitocromo A, B e C está presente tanto nas plantas crescidas na luz quanto nas
crescidas no escuro, embora varie as quantidades. Os polipeptídeos
codificados pelos genes PHYA, PHYB E PHYC são distintos, e membros da
família do fitocromo provavelmente com funções específicas (BAGNALL, 1995).
O fitocromo-A é fotolábil (instável à luz) e parece estar mais
relacionado ao fenômeno “de-etiolação”. Assim, mutações que afetam essa
forma de fitocromo, impedem (caso da ervilha) ou enfraquecem (caso da
Arabidopsis thaliana) a resposta fotoperiódica esperada nas plantas. Em
mutantes phyA de Arabidopsis há, também, atraso no florescimento (SUÁREZ-
LÓPEZ e COUPLAND, 1998).
O fitocromo B é estável à luz, e está envolvido com fenômenos, tais
como exposição à sombreamento e a luz vermelho-distante (CARVALHO,
1999).

62
1.4 – Criptocromos

Os receptores de luz azul e ultravioleta A, os criptocromos, mediam,


junto com o fitocromo, o crescimento e desenvolvimento da planta regulado
pela luz. O fitocromo A e B e o criptocromo 1 (cry1) funcionam tanto na
fotomorfogênese inicial quanto na indução floral (GUO, 1998).

1.5 – Irradiância Ultravioleta

Reduções graduais nos níveis de ozônio estratosférico, decorrentes de


poluentes antropogênicos, como cloro-fluor-carbono e óxido de nitrogênio,
estão associadas com alterações na irradiância luminosa, com a incidência de
irradiação ultravioleta B (UVB, 280-320nm), particularmente entre 290 e 315
nm (McCLOUD, 1992 e VEIT, 1996).
A exposição aos altos níveis de UVB está associada a danos no
crescimento das plantas, decréscimos nas taxas fotossintéticas, menor taxa de
fixação de nitrogênio, redução na atividade enzimática, destruição de clorofila e
níveis menores de proteínas solúveis. É sabido ainda que a UVB pode alterar
características anatômicas e morfológicas das plantas, além de interferir nas
interações de competição entre as plantas e os níveis de aleloquímicos nos
tecidos vegetais (VEIT, 1996 e CARVALHO, 1999).
Portanto, aumentos na UVB causam sequelas nos processos
fisiológicos nas plantas. São destaque: a alteração nos padrões de
metabolismo primário e secundário, e a indução da biossíntese de vários
derivados do ácido xiquímico, incluindo flavonóides e cumarinas. Esses
compostos, frequentemente, atuam como agentes de defesa contra patógenos
e herbívoros (McCLOUD, 1992; McCLOUD e BEREMBAUM, 1994).

1.6 – Função dos Flavonóides

A proteção das plantas contra irradiação solar UVB é feita com o


acúmulo de flavonóides foliares, por causa da grande absorvância na região do
63
UVB. Foram realizados estudos sobre a variação diurna dos níveis de
flavonóides em plantas cobertas durante dez meses com filtros absorvedores
ou transmissores de UVB. Foram constatadas marcantes alterações nos teores
de flavonóides solúveis e de metanol. Houve aumento crescente até o meio dia
e decréscimo no período da tarde até a noite (VEIT, 1996). Foi mostrado que
nas plantas controle (nunca cobertas com filtros) o conteúdo de flavonóides
seguiu o curso diurno, quanto a densidade do fluxo de fótons (PFD). Nas
plantas com filtros transmissores de UVB, o declínio no nível de flavonóides
durante a tarde foi mais lento do que o declínio da densidade do fluxo de
fótons. Nenhuma alteração foi observada nos níveis de flavonóides das plantas
cobertas com filtros absorvedores de UVB. Antes de amanhecer, as folhas de
todos os tratamentos tinham essencialmente o mesmo conteúdo de flavonóides
(aproximadamente 5% da matéria seca). Após remoção dos filtros, as folhas
previamente cobertas com filtros absorvedores de UVB mostraram aumento no
teor de flavonóides durante a manhã do dia seguinte, os quais foram indistintos
das folhas expostas diretamente a radiação UVB natural. A função dos
flavonóides tem sido muito pouco estudada “in situ” em plantas nativas. A
maioria desses estudos está concentrado em espécies cultivadas. Na maioria
das plantas estudadas há aumentos relativamente lentos nos níveis de
flavonóides em resposta a UVB. O acúmulo de flavonóides é estimulado pela
UVB. Em geral acompanha o aumento na radiação UVB enquanto a radiação
visível aumenta (VEIT, 1996).
Alterações ecológicas podem ser particularmente importantes nas
plantas com metabólitos secundários fotoativos. Tais metabólitos são
compostos com potencial de absorver luz ultravioleta e de atingir o estado de
energisado (CARVALHO, 1999). As moléculas energisadas podem reagir
diretamente com macromoléculas biológicas, tais como DNA ou proteínas.
Nessa reação direta inibem funções biológicas. Nessa reação, interagem com o
oxigênio no seu estado fundamental e geram formas tóxicas de oxigênio, que
podem continuar a danificar as células e tecidos. A eficácia da irradiação UVB
na ativação de compostos fotossensíveis ainda não é bem compreendida. Há
possibilidade do UVB ser tão eficaz quanto a UVA (ultravioleta – a, 320-400

64
nm) no aumento da toxicidade de compostos fotossensíveis (McCLOUD,
1992).
Os efeitos diretos do aumento da irradiação UVB no DNA das plantas
podem ser menos prejudiciais. Efeitos no DNA podem não ser comuns a todas
as plantas. Quando os efeitos em plantas são considerados, o impacto da
irradiação UVB varia dentro e entre as espécies. Na soja há cultivares
resistentes e susceptíveis a UVB. Há diferença na sensibilidade à UVB entre
várias espécies de plantas (McCLOUD e BEREMBAUM, 1994).
Plantas e seus insetos consumidores (herbívoros) são parte da
diversidade biótica do planeta. Os efeitos do aumento da irradiação UVB
significam a possibilidade de profundas alterações do ecossistema terrestre por
meio das interações entre produtores e consumidores (McCLOUD;
BEREMBAUM, 1994). Os metabólitos secundários são importantes por
constituírem compostos das plantas de atividade medicinal nos animais.

1.7 – Compostos Fototóxicos

As furanocumarinas lineares são exemplo de compostos que absorvem


luz UV e são, portanto, fototóxicas a vários organismos vivos. São
responsáveis em parte, pela resistência de algumas plantas a algumas
espécies de fungos patogênicos (CARVALHO, 1999). Esses compostos
ocorrem em várias famílias de plantas, como Apiaceae, Rutaceae e Moraceae,
e provavelmente são responsáveis pela ocorrência de mutagênese,
carcinogênese e fotodermatites (TRUMBLE, 1992).
Vários fatores indutores de estresse (luz ultravioleta, temperaturas
baixas, danos mecânicos, dentre outros) aumentam as concentrações de
furanocumarinas em algumas plantas. Além disso, alguns compostos,
notavelmente os herbicidas, aplicados pós-plantio (como prometrine), causam
estresse nas plantas, e amarelecimento das folhas. O inseticida Naled causa
estresse fisiológico, também, em outros sistemas de plantas. Outros inseticidas
suprimem variavelmente os danos em insetos. Esses danos em insetos
induzem a produção de furanocumarinas lineares (McCLOUD, 1992).

65
Foram feitos estudos sobre qualidade da luz com a aplicação de ondas
curtas de ultravioleta a plantas contendo alcalóides (Nicotiana tabacum, Atropa
caucasica e Datura godronu) (CARVALHO, 1999). Foi constatado maior
conteúdo de alcalóides com o aumento da produção de matéria seca. Ondas
curtas azuis aumentam os níveis de alcalóides de Stephania glabra, Rauwolfia
canescens e Solanum laciniatum (HORNOK, 1997).

2 – PESQUISA SOBRE RADIÂNCIA EM PLANTAS MEDICINAIS

A maioria dos estudos sobre luz em plantas medicinais, particularmente


sobre o metabolismo secundário, está concentrada na função da luz sobre a
síntese de óleos essenciais, o que tem despertado muito interesse (LI, 1996).
A biossíntese e o metabolismo de monoterpenos em Mentha piperita
L., são influenciados por fatores ambientais, como a luz. É sabido que o
comprimento do dia exerce influencia nessas plantas (CARVALHO, 1999). Dias
longos induzem florescimento e dias curtos provocam crescimento típico de
inverno, com muitos estolões. Interrupções da noite causam efeitos de
fotoperíodo. As quantidades de cada monoterpeno no óleo de menta são
fortemente influenciadas pelo comprimento do dia (BURBOTT e LOOMIS,
1967).
Foi pesquisada a interferência da iluminação e da temperatura no óleo
da menta. Foram comparados os valores de terpenos a partir de dois ramos
crescidos simultaneamente, com todas as condições semelhantes, exceto
temperatura noturna. O comprimento do dia de 14 horas foi referência, a partir
da experiência com plantas crescidas em casa de vegetação. Em dias mais
curtos houve menor crescimento e produção de ramos não eretos. Dias mais
longos apressaram o florescimento. Com 14 horas de comprimento do dia
houve apenas efeito da temperatura noturna. Em 8 horas, houve pouco
crescimento e baixa produção de óleo. Havendo um único lampejo de luz
durante o período noturno causou crescimento típico de dias longos. Quando o
comprimento do dia foi aumentado até 18 horas, a temperatura da noite teve
pouco efeito na composição do óleo, ao contrário das demais condições. O

66
comprimento de dia 18 horas propiciou pequeno crescimento (BURBOTT e
LOOMIS, 1967).
Os efeitos de fatores ambientais no metabolismo são complexos e
exigem cuidado na interpretação dos dados. Há efeito do fotoperíodo no
florescimento e crescimento vegetativo, mas nenhuma influência direta no
metabolismo de monoterpenos. Além disso, o aumento na quantidade de óleo
essencial reflete intensamente no aumento do crescimento (BURBOTT e
LOOMIS, 1967 e CARVALHO, 1999).
Resultados semelhantes foram citados, porém há redução no conteúdo
de monoterpenos em Hedeoma drummondii. O efeito da luz no metabolismo de
monoterpenos ainda não está bastante elucidado. Pouco é sabido sobre a
função da luz na diferenciação dos tricomas glandulares (YAMAURA, 1989).
Plântulas de Thymus vulgaris, crescidas no escuro por um a sete dias
após germinação, foram irradiadas por 24 horas antes da colheita. O tempo de
exposição das plântulas com 4 dias de idade, estioladas à luz, suficiente em
estimular a produção de timol, foi estimado, após vários períodos de tempo (10
minutos a 10 horas), antes que retornassem a escuridão (Figura 1). Os
resultados significam que a produção de timol foi estimulada até por 10 minutos
de irradiação. Independentemente do tempo de exposição, houve o período de
ausência de 10 horas, antes do timol começar a ser acumulado. Esse período é
presumivelmente necessário na síntese de monoterpenos aromáticos. A
quantidade de timol nos cotilédones aumentou com incremento do tempo de
irradiância. Essa relação foi também observada quando plântulas estioladas
foram expostas à luz continuamente por maior período de tempo (Figura 2),
indicando que a síntese de timol é dependente de Luz (YAMAURA, 1989).
A taxa de biossíntese de giberelinas em plantas de dia longo é maior
em dias longos. Há crescimento da parte aérea e há formação de flores,
comparada a taxa predominante durante o crescimento vegetativo em dia curto
(ZEEVAART e GAGE, 1993).
O aumento na biossíntese de giberelinas nas últimas etapas da rota
implica na reposição mais rápida dos precursores anteriores (CARVALHO,
1999). É esperado que a conversão do geranylgeranyl pirofosfato ent-Kaureno,

67
o primeiro passo na biossíntese de giberelinas, seja estimulada em plantas
crescidas em dias longos (ZEEVAART e GAGE, 1993).

Adaptado de YAMAURA, 1989 e CARVALHO. 1999

Figura 1 – Efeito da irradiação luminosa por curto período de tempo sobre a


formação de timol em plântulas de Thymus vulgaris estioladas, com
quatro dias de idade.

Adaptado de YAMAURA, 1989 e CARVALHO, 1999.

Figura 2 – Efeito da iluminação contínua sobre a formação de monoterpenos


em plântulas de Thymus vulgaris estioladas, com quatro dias de
idade.
68
Utilizando o método de quantificar a biossíntese de ent-kaureno in vivo,
baseado no acúmulo de ent-Kaureno após adição de retardantes de
crescimento, que bloqueiam a sua oxidação, foi estudado o efeito do
fotoperíodo sobre a biossíntese de ent-Kaureno. Foi utilizada a planta
Agrostemma githago L., de dia longo. O acúmulo de ent-Kaureno foi medido
por diluições isotópicas por meio de cromatografia. A taxa crescente de
biossíntese de ent-Kaureno em condições de dias longos, foi considerada
efeito fotoperiódico. No tratamento de dias longos e no tratamento de dias
curtos houve o mesmo período principal de luz. O tratamento e dias longos foi
suplementado com irradiação luminosa baixa (lâmpadas incandescentes de
40W) (ZEEVAART e GAGE, 1993). Houve acúmulo de precursores da síntese
e houve conversão de g. g. pirofosfato em ent-kaureno. Houve efeito do
fotoperíodo na biosíntese de ent-kaureno causando taxas crescentes no
tratamento de dias longos.

3 – INTENSIDADE LUMINOSA

A intensidade luminosa tem efeito mais pronunciado do que a


composição espectral da luz nos ecótipos de plantas (CARVALHO, 1999). Os
estudos sobre o efeito da intensidade luminosa em plantas medicinais têm sido
principalmente sobre a redução da incidência de luz solar causada pelo
sombreamento das plantas (HORNOK, 1997).
Estudos utilizando o fitotron têm mostrado a função da intensidade
luminosa na formação de alcalóides morfínicos, como pode ser visto na Figura
3. Ao longo da curva de saturação com o aumento da intensidade luminosa
houve maior quantidade de alcalóides. Foi verificado que a quantidade de
morfina aumentou mais rapidamente no cultivar Kompolti M. A quantidade de
codeína aumentou mais rapidamente no cultivar Reading. O cultivar “Reading”
foi morfínico na intensidade luminosa 16000 lux. Mas tem características
codeínicas quando a intensidade luminosa está acima de 16000 lux (HORNOK,
1997).

69
Adaptado de HORNOK, 1997 e CARVALHO, 1999.

Figura 3 – Diferenças na curva de saturação morfina-codeína dos cultivares


Kompolti M e Reading, causadas por aumentos simultâneos no
peso da cápsula mg/g e intensidade luminosa. I - morfina; II -
codeína.

A produção de resina foliar foi significativamente maior em plântulas de


Copaifera langsdorfii em plena luz solar (Figura 4) do que nas plantas
sombreadas (6% da luz total). A irradiância causou efeito sobre a altura dos
caules primários e número de folhas. Nas plântulas com irradiação plena os
caules tiveram menor altura e maior número de folhas.

70
Adaptado de FEIBERT, E. B, 1988 e CARVALHO, 1999.

Figura 4 – Comparação de médias de produção de resina foliar em plântulas de


Copaifera langsdorfii submetidas a dois tratamentos de irradiância –
luz solar plena e sombreamento (6% da luz total).

A função da luz na síntese de óleos essenciais tem despertado grande


interesse. O acúmulo de óleos essenciais nas plantas medicinais depende
direta e indiretamente da luz (CARVALHO, 1999). A produção de óleo
essencial de camomila (Chamomilla recutita), o respectivo teor de camazuleno
no óleo, o número e dimensões das flores, é maior em níveis maiores de
exposição solar (LI, 1996 e HORNOK, 1997).
O sombreamento está associado ao decréscimo no conteúdo de óleos
essenciais, podendo influenciar na composição desses óleos (CARVALHO,
1999). A composição dos óleos de algumas plantas, no entanto, é alterada
quando há variação do periodo luminoso (fotoperíodo), como já foi relatado
(YAMAURA, 1989; DUDAI, 1992 e LI, 1996).
O efeito do sombreamento (15%, 27%, 45% da luz total) sobre a
produção de óleo essencial foi estudado em Salvia (Salvia officinalis) e tomilho
(Thymus vulgaris). Houve maior produção do óleo (quantidade total) nas
plantas de sálvia crescidas com 45% de luz e nas plantas de tomilho crescidas
com luz total (Figuras 5 e 6). A composição desses óleos também foi alterada
(Figura 5 e 6) (LI, 1996).

71
Adaptado de LI, 1996 e CARVALHO, 1999.

Figura 5 – Conteúdo total de óleo essencial (—) e dos componentes em plantas


de Salvia officinalis crescidas em níveis de luz (15%, 27%, 45% e
100% da luz total).

Adaptado de LI, 1996 e CARVALHO, 1999.


Figura 6 – Conteúdo total de óleo essencial (––) e dos componentes em
plantas de Thymus vulgaris crescidas em níveis de luz (15%,
27%, 45% e 100% da luz total).
72
Em plantas medicinais foi verificado que a produtividade e a produção
de óleos essenciais estão relacionadas diretamente com a produção de
biomassa e com a fotossíntese (CARVALHO, 1999). A produtividade e a
produção de óleo essencial aumentaram com o aumento no nível de luz
(HALVA, 1992).
As folhas são aclimatadas fotossinteticamente à condição de luz e
sombra por meio de alterações anatômicas e fisiológicas. As folhas ao sol são
geralmente mais espessas e têm maior capacidade fotossintética por unidade
de área, devido a maior quantidade de enzimas e condutância estomática
(SIMS e PEARCY, 1992). Nas plantas de Alocasia macrorrhiza crescidas com
1% ou 20% da luz total ocorreram diferenças nos aspectos anatômicos e nos
parâmetros fisiológicos. A capacidade fotossintética foi 66% maior nas plantas
crescidas nas maiores irradiâncias (Quadro 1), e a espessura foliar 41% maior
nessas mesmas plantas. Em ambas situações houve apenas uma camada de
tecido paliçádico, porem essas células foram mais alongadas nas plantas
crescidas ao sol (SIMS e PEARCY, 1992).

73
Quadro 1 – Capacidade fotossintética máxima e dados anatômicos em folhas
maduras desenvolvidas em alta ou baixa intensidade luminosa, 11
e 0,5 mol fótons m-2 dia-1, respectivamente.

Adaptado de SIMS e PEARCY, 1992 e CARVALHO, 1999.

74
A produção de matéria seca, de folhas frescas e de inflorescências
frescas em Plantago major (transagem) foi influenciada pela luminosidade,
sendo mais expressiva em maior luminosidade. Em baixa luminosidade não
houve variações significativas na produção de raízes frescas durante o
crescimento das plantas. Porém em alta luminosidade o acréscimo na
produção de raízes frescas e secas foi significativo e crescente (SOUZA,
1998).
Foram constatados os efeitos da intensidade luminosa nas dimensões
de lâminas foliares de plantas crescidas a 2500 ft-c ou 500ft-c. As lâminas
foliares foram menores a 2500ft-c. Houve redução na expansão celular e no
número de divisões celulares da lâmina foliar (FRIEND e POMEROY; 1970).

75
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O conhecimento e uso das plantas medicinais é muito antigo. No


entanto, na época da revolução industrial, com o crescimento da indústria
química, foi negligenciado e houve maior atenção às drogas químicas,
industrializadas. Está havendo retorno ao estudo dessas plantas. É a volta à
natureza ou a busca pela vida mais saudável, pois as drogas industrializadas
causam muitos efeitos colaterais.
Antigamente, as plantas medicinais eram obtidas quase exclusivamente
por extrativismo. Então havia muita variação na composição dessas plantas e
mesmo no aspecto físico, devido a interferências ambientais, principalmente.
Ainda há extrativismo, mas algumas plantas já são obtidas por meio de cultivo.
Assim, há necessidade de pesquisas, pois há pouca informação relativa às
condições mais adequadas de cultivo e melhores épocas de colheita.
A planta utiliza principalmente as defesas física e química. A defesa
química está concentrada nos metabólitos secundários das plantas que
constituem de modo geral os compostos ativos medicinais. Assim qualquer
alteração no ambiente, assim como agressões por parte de herbívoros, por
exemplo, causam estresse nas plantas e ativação do sistema de defesa.

76
CAPÍTULO 5

ESTRESSE HÍDRICO

Os ciclos diários e sazonais do ambiente têm algum grau de


regularidade e previsibilidade (CARVALHO, 1999). O crescimento das plantas
é concretizado satisfatóriamente e respondendo as variações ambientais
(CHAPIN III, 1991). Mudanças muito imprevisíveis nas plantas ocorrem por
causa das mudanças no clima e na disponibilidade de nutrientes. Em razão das
plantas estarem enraizadas no solo há limitada capacidade de escapar das
mudanças desfavoráveis, tais como extremos de temperatura, baixa
disponibilidade de água, falta de nutrientes e luz insuficiente ou excessiva
(SMIRNOFF, 1995).
A água é escassa em muitas áreas, especialmente em regiões áridas e
semi-áridas (CHARTZOULAKIS e DROSOS, 1997). O suprimento reduzido de
água é considerado fator limitante do desenvolvimento e da produtividade das
plantas. A deficiência de água altera processos bioquímicos e fisiológicos
(CARVALHO, 1999). Induz várias respostas metabólicas e fisiológicas tais
como: fechamento estomático, declínio na taxa de crescimento, acúmulo de
solutos e antioxidantes, além de outras resultantes do estresse (STEPONKUS,
1990 e SINGH-SANGWAN, 1994). Algumas mudanças causam danos à planta.
Há mudanças que ocorrem enquanto a planta faz ajustes fisiológicos, quando é
reduzida a disponibilidade de água. Não só as plantas são diretamente
afetadas pela deficiência hídrica, mas potencialmente também os organismos
integrados com as plantas. Tem sido proposto que plantas sujeitas a
deficiência hídrica são mais vulneráveis aos parasitas (ENGLISH-LOEB, 1997).
Provavelmente substâncias relacionadas com a função de defesa são
alteradas. As plantas medicinais, sintetizam os metabólitos secundários,
relacionados com a defesa do vegetal. No entanto pouco é sabido sobre os
efeitos de condições ambiente favoráveis sobre os compostos do metabolismo
secundário (CARVALHO, 1999).

77
A característica principal das plantas adaptadas à ambientes pobres de
algum recurso ambiental é o crescimento lento. Essa lentidão é observada em
plantas adaptadas a ambientes inférteis, com pouca água, salinos e muito
sombreados. Devido à inflexível relação entre raiz e parte aérea, essas plantas
podem dispor de quantidade de biomassa insuficiente a produção de
fotossintatos. Além disso, as plantas crescem menos por causa da maior
alocação de recursos em funções associadas à sobrevivência nos ambientes
desfavoráveis (CHAPIN III, 1991).
Resultados significativos das respostas fisiológicas das culturas
agrícolas à ambientes com pouca água são conhecidos. O desempenho das
plantas medicinais e aromáticas em limitada disponibilidade de água é pouco
estudado (SINGH-SANGWAN, 1994; LETCHAMO e GOSSELIN, 1996).
Desde os primórdios da agricultura, os humanos reconhecem o efeito
prejudicial e algumas vezes devastador da seca nas várias espécies agrícolas.
Quase todos os componentes do crescimento das plantas são afetados. É
destaque a produção de matéria seca, o componente que mais contribui na
produção total de qualquer espécie agrícola (NAUTIYAL, 1996).

A) EFEITOS SOBRE A FOTOSSÍNTESE

Concentração de Clorofila

O efeito danoso da deficiência hídrica sobre a fotossíntese foi


descoberto em 1885. No início, foi interpretado que a inibição da atividade dos
cloroplastos poderia ser causada apenas pela mudança nos pigmentos
cloroplastídicos. Mais tarde foi constatado que a síntese de clorofila, de fato, é
altamente sensível a baixa disponibilidade hídrica, conforme o Quadro 1
(NAUTIYAL, 1996).

78
Quadro 1 – Efeito do estresse hídrico no conteúdo de clorofilas em folhas de
Pongamia pinnata.

Intervalos de Teor de Clorofila (mg)g peso da amostra fresca


Irrigação
Clorofila Clorofila Clorofila Relação a/b
a b Total
Diariamente 0.9980 0.7574 17554 1.3176
De 7 em 7 dias 0.9770 0.3664 1.3434 2.6660
De 15 em 15 dias 0.9709 0.7148 1.6857 1.3582
De 30 em 30 dias 0.3534 0.3116 0.6650 1.1341
Adaptado de NAUTIYAL, 1996 e CARVALHO, 1999.

No Quadro 1 consta os dados de clorofila, obtidos a partir de folhas do


sexto nó mais apical de plantas de Pongamia pinnata, crescidas em quatro
intervalos de irrigação (restrição de irrigação por 7, 15 ou 30 dias). É evidente
que a concentração de clorofila a, b e total aumentou invariavelmente no
estresse causado pelo intervalo de 15 dias entre irrigações. Houve queda no
conteúdo de clorofila nas plantas irrigadas com intervalo de um mês. A
resposta mostra que essas plantas podem sobreviver e serem
fotossinteticamente ativas quando mantidas em condição de estresse hídrico
ameno. Na condição mais severa de estresse surgem efeitos diversos no
conteúdo de clorofila, porque a síntese de clorofila é altamente sensível a
baixos potenciais hídricos foliares (NAUTIYAL, 1996).

Condutância Estomática e Taxa de Assimilação Fotossintética

Nos Quadros 2 e 3 estão os resultados das trocas gasosas de folhas,


em cultivares submetidos a regime de estresse hídrico em condições
controladas. No vigésimo dia de aplicação do estresse hídrico, as plantas de
todos os cultivares tiveram a condutância estomática e taxa de assimilação
fotossintética reduzida em relação às plantas-controle. Entretanto, foram
bastante visíveis as diferenças de desempenho entre cultivares, a partir das
primeiras horas do fotoperíodo. A resposta foi praticamente uniforme durante
todo o período de monitoramento. Pela condutância estomática e pela taxa de
assimilação fotossintética os cultivares foram classificados em dois grupos
79
quanto a reação ao estresse: - (a) cultivares mais adaptados ao estresse
hídrico, com valores mais elevados (A e B), - (b) cultivares sensíveis ou menos
adaptados (C e D) a estresse hídrico (REGINA e CARBONNEAU, 1997).
Regina e Carbonneau (1997) determinaram nos cultivares A, B, C e D
a concentração de ácido abscísico (ABA), devido a importância reguladora no
funcionamento dos estômatos nas situações de estresse hídrico. O acúmulo de
ABA nas células-guarda induz ao fechamento progressivo dos estômatos,
reduzindo assim as perdas de água por transpiração e permitindo as plantas
suportarem a deficiência hídrica.

Quadro 2 – Condutância estomática (µmol H2O. M-2 S-1) das folhas, segundo
dois níveis de irrigação em condições controladas, em quatro
horários.

Condutância estomática (µmol H2O. M-2 S-1) *


Cultivar Estresse Hídrico
Controle 1:30 2:30 3:30 6:00 7:00
A 0.30 0.12a 0.10a 0.09a 0.07a 0.06ab
B 0.26 0.09a 0.09a 0.10a 0.07a 0.08a
C 0.27 0.06b 0.05b 0.05b 0.05a 0.04b
D 0.21 0.05b 0.05b 0.04b 0.04a 0.04b
*Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente pelo teste
de Newman Keuls (p=0,05).
Adaptado de REGINA, 1997 e CARVALHO, 1999.

80
Quadro 3 – Taxa de assimilação fotossintética (µmol CO2. M-2 S-1) das folhas
de quatro cultivares, segundo dois níveis de irrigação em condições
controladas e quatro horários.

Taxa de Assimilação Fotossintética µmol CO2. M-2 S-1)*


Cultivar Estresse Hídrico
Controle 1:30 2:30 3:30 6:00 7:00
A 14.9 7.5 a 6.9 a 6.4 a 4.4 3.9 a
B 11.3 6.2 a 6.5 a 6.4 a a 4.5 a
C 10.3 3.6 b 2.8 b 2.0 b 5.4 1.4 b
D 11.5 2.2 b 2.1 b 2.0 b a 1.8 b
1.5
b
1.5
b
*Médias seguidas pela mesma letra não diferem significativamente pelo teste
de Newman Keuls (p=0,05).
Adaptado de REGINA, 1997 e CARVALHO, 1999.

Segundo Regina e Carbonneau (1997) o ABA permanece normalmente


acumulado nos cloroplastos do mesofilo das folhas, principal local de sua
síntese. Porém em condição de estresse hídrico migra até células da epiderme.
Essa migração provoca o acúmulo do íon K+ nas células-guarda, como forma
de manter alta a pressão osmótica. Tem sido demonstrado que o ABA atua
também como emissor de sinais radiculares, transmitindo à parte aérea as
principais evidências da menor quantidade de água captada pelas raízes das
plantas. Esses sinais são manifestados pelo aumento da concentração de ABA
nos vasos do xilema. Os sinais permitem às plantas responderem às mudanças
das condições de extração da água do solo e estão relacionados com menor
abertura dos estômatos e com a menor atividade fotossintética das folhas de
plantas não irrigadas. O ABA foi quantificado em folhas coletadas no dia
seguinte ao da realização dessas medições das trocas gasosas, e durante a
terceira hora do fotoperíodo, momento em que os cultivares revelaram maiores

81
diferenças na resposta ao estresse hídrico. Os teores do ABA das folhas
aumentaram sistematicamente (Figura 1) com o estresse hídrico. A intensidade
desse aumento foi bastante variável entre os cultivares. Os teores mais baixos
foram observados nas plantas-controle dos cultivares C (5,9µg/100g M.S) e D
(6,59 µg/100g M.S.), e aumentaram com o estresse hídrico, atingindo
diferenças máximas nos dois níveis de irrigação. Essas diferenças foram
inferiores no A e no B, nas quais as plantas-controle já possuíam os teores
mais altos em ABA, 17,9 e 23µg/100 g M.S, respectivamente (REGINA e
CARBONNEAU, 1997).
À exceção do cultivar A, as variações na forma de acumular ácido
abscísico (ABA-GE) também foram positivas com o estresse hídrico. Da
mesma forma que ocorre com o ABA-livre, as diferenças foram maiores nos
cultivares D e C, com teores mais baixos (51,8 e 68,8 µg/100 g M.S,
respectivamente) nas plantas-controle.
Os teores de ABA nas folhas e as medições das variações diárias das
trocas gasosas mostraram que esses dois parâmetros estão relacionados na
resposta varietal ao estresse hídrico (CARVALHO, 1999).

82
Adaptado de REGINA, 1997 e CARVALHO, 1999.

Figura 1 – Teores de ácido abscísico (ABA) das folhas de quatro cultivares A,


B, C e D segundo dois níveis de irrigação em condições controladas
( controle, estresse hídrico). I – Ensaio ABA-GE (0-60); II –
Ensaio ABA-GE (0-200); III – Ensaio ABA-GE (0-300).

Os resultados mostraram duas formas distintas de respostas. Os


cultivares mais sensíveis ao estresse hídrico revelaram maiores reduções na
condutância estomática e assimilação fotossintética. Além disso, os teores de
ABA foram mais baixos nas folhas das plantas-controle. Houve maior aumento
de ABA nas folhas das plantas estressadas. Os cultivares A e B, que
mantiveram maior intensidade nas trocas gasosas no regime de estresse
hídrico mostraram, ao mesmo tempo, teores maiores de ABA nas folhas das

83
plantas-controle, e menores variações (nos teores) entre os dois níveis de
irrigação.
Os efeitos do acúmulo de ABA sobre a regulação dos estômatos
podem mudar durante o estresse hídrico. Com o decorrer do tempo, os
estômatos poderiam modificar suas reações, devido a presença constante de
teores altos de ABA. Tal hipótese esclarece o fato das plantas serem capazes
de manter seus estômatos abertos em condições de estresse hídrico e terem
as concentrações mais altas de ABA em condições normais de irrigação
(REGINA e CARBONNEAU, 1997).

B) EFEITOS SOBRE O CRESCIMENTO

Na maioria das plantas o crescimento resulta do aumento no conteúdo


de água dos tecidos (CARVALHO, 1999). A água é absorvida por osmose e
gera a pressão de turgor. Se as células crescem, o volume da célula aumenta,
evitando assim o aumento da pressão de turgor. A falta de pressão de turgor
mantém o potencial hídrico menor dentro das células do que fora. O potencial
de crescer induzido pela diferença de turgor entre xilema e as células em
crescimento dirige a absorção de água pelas células. Portanto é o centro do
processo de crescimento. A intensidade da diferença desse potencial depende
parcialmente da água poder ser movida e também da condutância do fluxo. A
deficiência hídrica reduz a diferença de potencial e inibe o crescimento
(NONAMI, 1997).
O suprimento de água às plantas é fundamental no crescimento e
produção, especialmente nas plantas cultivadas em casa de vegetação, onde a
irrigação é a única fonte de água. Com o objetivo de estudar o efeito de níveis
de irrigação sobre o crescimento de plantas, Chartzoulakis e Drosos (1997)
pesquisaram em casa de vegetação, as quantidades de água de irrigação.
Foram testadas (0.40, 0.65, 0.85, e 1.00 x Etm) baseadas em dados de
evapotranspiração máxima (Etm) obtidos com o uso de tensiômetros. A
evapotranspiração máxima entre duas irrigações sucessivas pode ser
calculada por meio da formula Etm=IW-DW, onde IW é a quantidade de água de

84
irrigação necessária na manutenção da capacidade de campo e DW é a
quantidade de água drenada no solo na profundidade de 45cm (NONAMI,
1997).
O crescimento da planta, expresso em área foliar total, número de
folhas e matéria seca foi reduzido significativamente com a aplicação da
irrigação de 0.65 e 0.40x Etm, (Quadro 4) um mês após o tratamento, enquanto
que nenhuma diferença foi encontrada entre o controle e o tratamento 0.85x
Etm (NONAMI, 1997).

Quadro 4 – Crescimento de plantas irrigadas com níveis de água, um mês após


a aplicação.

Irrigação Área foliar total Número de folhas Matéria seca (g)


2
(cm ) por planta
1.00xETm 25.797a * 52.5a 23.11a
0.85xETm 27.387a 53.8a 23.53a
0.65xETm 14.734b 34.3b 15.46b
0.40xETm 12.717b 31.7b 14.05b
*Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença significativa a P<0.05
(Teste de Duncan).

Adaptado de NONAMI, 1997 e CARVALHO, 1999.

Relações Hídricas

Nonami (1997) pesquisou em vermiculita a quantidade adequada de


água (1X). A hipótese seria que o decréscimo no crescimento induzido pela
diferença potencial poderia ser a causa inicial e controlável da inibição do
crescimento durante a deficiência em água. Após o crescimento inicial as
plântulas (com 60 horas) foram transplantadas com vermiculita e mesma
quantidade inicial de água (1X, ΨW = -0.01MPa), no vaso com vermiculita e
deficiente em água (1/8x; ΨW= -0.28+/- 0.01 Mpa).
Antes do transplante em vermiculita com suprimento de água
adequado (1X), a parte aérea cresceu ativamente. O potencial hídrico do
xilema (ΨO) foi – 0.01 Mpa, o mesmo da vermiculita (ΨW,). O potencial da zona
de alongamento (ΨW) foi inferior a -0.26 Mpa e, estável na planta intacta. Esse

85
decréscimo no potencial hídrico (ΨW) indicou que o gradiente de redução do
potencial estendeu ao xilema e fora do xilema até as células em expansão,
durante o crescimento ativo. Houve portanto crescimento induzido pelo
potencial hídrico (NONAMI, 1997).
Poucos minutos após as plântulas terem sido transplantadas, na
vermiculita deficiente em água (-0,28 Mpa), o crescimento começou a ser
inibido. O potencial hídrico dentro do xilema (ΨO) decresceu, mas na zona de
alongamento não decresceu. Assim a diferença (ΨO- ΨW) foi menor, indicando
que o gradiente igualou no lado do xilema. O potencial osmótico (Ψ S)
gradualmente também diminuiu, enquanto os solutos osmoticamente ativos
acumularam nas células da zona de alongamento (ajuste osmótico), a pressão
de turgor (ΨP) foi pouco aumentada (NONAMI, 1997).
Aproximadamente 5 horas após o transplante no meio deficiente em
água, o potencial do xilema caiu até o nível do potencial da zona de
alongamento, e o crescimento induzido pela diferença de potencial foi quase
nulo. Durante o transplante, as raízes foram desconectadas do suprimento
externo de água, e o potencial hídrico do xilema e da zona de alongamento
caiu até próximo a 20 horas, quando a água foi retirada a partir do tecido
maduro até os tecidos em alongamento, eventualmente alcançando – 0.6 Mpa.
Nesse ponto, o potencial osmótico da zona de alongamento foi – 1.0Mpa e o
xilema foi reidratado enquanto as raízes reconectaram com a água da
vermiculita. Com 50 horas, o potencial do xilema tinha aumentado até alcançar
o mesmo valor da vermiculita, restabelecendo, assim, o crescimento induzido
pela diferença de potencial, mas em níveis inferiores (Ψ O= -3 Mpa e ΨW da
zona de alongamento = - 0.6 Mpa). Durante essa reidratação, o crescimento
retomou a taxa moderada, mantida por vários dias. A recuperação do potencial
hídrico do xilema e do crescimento indicou que a água pode novamente ser
absorvida a partir da vermiculita e ser movida até dentro das células
circundantes (NONAMI, 1997).

86
Produção de Matéria Seca

O crescimento da papoula pode ser incrementado com o aumento do


nível de irrigação (CARVALHO, 1999). Em dois experimentos realizados em
dois anos, em todas as irrigações (Quadro 5) houve aumento de matéria seca
total (Figura2), comparando com o tratamento sem irrigação (NI). O aumento
máximo na produção de matéria seca total entre NI e a aplicação de irrigação
até atingir 50% de florescimento (IS) foi 2,5 t/ha no primeiro ano e 6,0t/ha no
segundo ano (CHUMG, 1987).

Quadro 5 – Quantidade de irrigação (mm) aplicada em dois anos.

1º ano de irrigação 2º Ano de


Data Data Irrigação
NI IF IC IS NI IF IS
11/12 - 32 32 32 17/11 - 32 32
16/12 - 32 32 32 23/11 - 32 32
23/12 - - 32 32 02/12 - 32 32
27/12 - - 32 32 08/12 - 32 32
04/01 - - 32 32 16/12 - - 32
12/01 - - - 32 22/12 - - 32
Total - 64 160 192 31/12 - - 32
09/01 - - 32
Total 128 265
NI= Sem irrigação; IF= Aplicação da irrigação com 50% de florescimento; IC=
Aplicação de irrigação com 100% de cápsulas; IS= Aplicação da irrigação com
90% de senescência foliar.
Adaptado de CHUMG, 1987 e CARVALHO, 1999.

A irrigação aumentou o índice máximo de área foliar (LAI) e atrasou a


senescência foliar nos dois anos (Figura 2). Diferenças nesse índice ocorreram
antes do aumento na produção máxima de matéria seca total, especialmente
no segundo ano (CHUMG, 1987).
O crescimento das principais partes das plantas também foi afetado
pela irrigação (Figura 3). No primeiro ano o crescimento da parte aérea das
plantas do tratamento IS continuou até aproximadamente 4 semanas, além das
plantas do tratamento NI (CARVALHO, 1999).

87
Adaptado de CHUMG, 1987 e CARVALHO, 1999.

Figura 2 – Efeito da irrigação na produção total de matéria seca de papoulas no


(A) 1º ano e no (B) 2º ano. ■ – NI, ▲ – IF, ♦ – IC e ● – IS.

88
Adaptado de CHUMG, 1987 e CARVALHO, 1999.

Figura 3 – Efeito da irrigação no índice de área foliar papoula no (A) 1º ano e


no (B) 2º ano. ■ – NI, ▲ – IF, ♦ – IC e ● – IS.

A adaptabilidade e a tolerância ao estresse hídrico são intrínsecas das


espécies vegetais. Fisiologicamente a tolerância pode estar associada ao
estádio da planta “potencialmente crescer”, com estresse, e completar o ciclo
de vida. Entretanto, algumas plantas podem ter estratégia adaptativa quando o
crescimento é limitado pelo estresse, enquanto a deficiência de água persistir
na rizosfera. Em outra situação, as plantas podem diminuir o crescimento por

89
longo tempo de sobrevivência em condições de seca. (SINGH-SANGWAN,
1994).
Em plantas de Cymbopogon spp. expostas a estresse hídrico por longo
tempo pode ocorrer distúrbios fisiológicos e metabólicos. Singh-Sangwan,
(1994) pesquisaram alguns distúrbios em duas espécies de Cymbopogon
(capim-limão). Verificaram que, como outras plantas, a resposta geral das
espécies de capim limão, a estresse hídrico prolongado in situ, inclui redução
no crescimento e na área foliar da planta (Quadro 6). A maior redução na área
foliar, altura da planta, e matéria seca foliar em C. pendulus indica maior
adaptação a estresse (SINGH-SANGWAN, 1994).

Quadro 6 – Influência de estresse hídrico ameno e moderado no crescimento


de Cymbopogon nardus e C. pendulus.

Tratamento Altura da Comprimento Área foliar Peso da Teor


planta da folha (cm) (cm2) folha umidade
(cm) fresca (g) (g/folha)

C. nardus
Controle 115 ± 3.6 93 ± 2.8 38.4 ± 1.8 0.96 ± 0.66 ± 0.05
Ameno 88 ± 6.0 76 ± 5.4 25.7 ± 0.7 0.01 0.45 ± 0.04
Moderado 79 ± 4.8 67 ± 2.3 21.6 ± 1.0 0.66 ± 0.43 ± 0.03
C. pendulus 0.04
Controle 77 ± 6.6 64 ± 5.1 30.8 ± 1.7 0.64 ± 0.44 ± 0.01
Ameno 56 ± 4.1 46 ± 3.2 18.0 ± 1.5 0.06 0.43 ± 0.02
Moderado 50 ± 1.5 37 ± 2.5 15.9 ± 0.8 0.31 ± 0.05
0.73 ±
0.04
0.60 ±
0.05
0.45 ±
0.05
Adaptado de SINGH-SANGWAN, 1994.

90
Efeito no conteúdo de prolina

Durante o experimento de estresse hídrico em plantas de duas

espécies de Cymbopogon (C. nardus e C. pendulus), a concentração de prolina

foi maior aos 90 dias do que aos 45 dias, em ambas espécies, tanto nas

plantas submetidas a estresse hídrico quanto nas plantas com irrigação

completa (Figura 4). As alterações no conteúdo de prolina e no potencial

hídrico em plantas com estresse por 45 e 90 dias representam a influência de

fatores somados como idade do tecido, magnitude do estresse, e a base

genética das espécies (SINGH-SANGWAN, 1994).

Adaptado de SINGH-SANGWAN, 1994 e CARVALHO, 1999.

Figura 4 – Conteúdo de prolina influenciado por dois níveis de seca em


Cymbopogon nardus e C. pendulus aos 90 dias e 45 dias ■ C,
controle, T1 estresse hídrico ameno e T2 estresse moderado.

91
C) EFEITO SOBRE METABÓLITOS SECUNDÁRIOS

Tem sido considerado como resposta comum, nas plantas sujeitas a


deficiência hídrica, a maior vulnerabilidade a parasitas (CARVALHO, 1999).
Essa resposta poderia ocorrer de dois modos. A planta com estresse por
deficiência hídrica estar mais sensível a injúria, sendo assim, a mesma
intensidade de pressão do parasita causa maior prejuízo na planta com
estresse, comparada a planta não estressada. A planta estressada responde
como melhor fonte nutritiva dos parasitas, resultando em aumento da sua
população e consequentemente dos danos (ENGLISH-LOEB, 1997).
Pela teoria do estresse originalmente estabelecida (ENGLISH-LOEB,
1997) as plantas sujeitas a ampla variedade de estresse, inclusive estresse
hídrico, assumem melhor estádio nutritivo e menor condição de defesa aos
herbívoros artrópodes. As evidencias, no entanto, estão confusas. Não é
sabido especificamente como as defesas químicas em muitas espécies
respondem ao estresse hídrico. Os compostos contendo nitrogênio, tais como
alcalóides, tendem a aumentar o teor mediante estresse hídrico. Nos
compostos de defesa sem nitrogênio, o padrão de resposta não é bem
entendido (ENGLISH-LOEB, 1997).
O estresse moderado pode resultar em aumento dos níveis de defesa
molecular sem N. Exemplos são os taninos, resinas e óleos. Esse padrão de
resposta é pouco provável se fosse passiva, pois as plantas são rápidas em
diminuir a taxa de crescimento quando expostas a estresse moderado,
enquanto os processos fotossintéticos são mantidos. O estresse hídrico mais
severo poderia causar decréscimos nas defesas reduzindo tanto o crescimento
quanto a fotossíntese (ENGLISH-LOEB, 1997).
Em plantas submetidas a estresse hídrico as quantidades dos
compostos de defesa, geralmente, aumentam com o estresse porém não
linearmente. Esse aumento pode ser mais significativo após a segunda semana
de estresse hídrico sendo possível detectar diferenças no conteúdo de água.
Os dados indicam que as plantas manifestaram o estresse hídrico antes das
defesas serem acionadas (ENGLISH-LOEB, 1997).

92
Tem ocorrido interação entre os tratamentos e a época de colheita. Foi
significativa a interação quanto a conteúdo de rutina, ácido clorogênico (CHA),
inibidores de proteinases (PI) e polifenol (PPO). O efeito do estresse hídrico
varia com a época de colheita, o que seria esperado até algum limite, pois a
intensidade do estresse hídrico aumenta com o tempo. English-Loeb (1997)
verificou também, na época de colheita efeitos nos níveis totais de compostos
de defesas. Conclusivamente esses níveis mudam, provavelmente, em função
da idade da planta (CARVALHO, 1999).
Diferentemente do nitrogênio, as concentrações de carboidratos
solúveis nas folhas respondem de modo mais consistente com o aumento do
estresse hídrico. Houve efeito significativo da época de colheita nos teores de:
água, nitrogênio, e carboidratos, indicando que os níveis desses compostos
variam com a idade da planta (ENGLISH-LOEB, 1997).

D) EFEITO NA PRODUÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS

Nas folhas destacadas de Cymbopogon ssp. expostas a estresse


hídrico de curta duração ocorreram alguns distúrbios fisiológicos e metabólicos,
inclusive na biogênese de óleos essenciais. Singh-Sangwan (1994) realizaram
experimento com Cymbopogon nardus e C. pendulus com o propósito de
verificar se as respostas, após pouco tempo de exposição a estresse hídrico
em folhas destacadas, refletem os reais eventos que ocorrem na planta intacta
e submetida a prolongado estresse hídrico. Foram analisadas diversas
variáveis como relações hídricas, acúmulo de soluto, biogênese de óleo
essencial e atividade catalítica de duas importantes enzimas (fosfoenolpiruvato
carboxylase – PEP e geraniol dehydrogenase - GeDH). A PEP é importante na
fotossíntese C4 e devido a sua participação em diversas funções fisiológicas,
incluindo aquelas adaptativas e tecido-específicas. A enzima GeDH,
recentemente, foi relatada como catalisadora da transformação geraniol-citral,
e tem sido determinante da qualidade do óleo essencial de folhas de capim
limão (SINGH-SANGWAN, 1994).

93
Os efeitos de 45 e 90 dias (estresse ameno e moderado) no conteúdo
de óleo essencial (g por 100g de matéria fresca) e na produtividade (g por
planta) em duas espécies são mostrados no Quadro 7. O conteúdo de óleo não
aumentou significativamente aos 45 dias em C. nardus, mas em C. pendulus
houve aumento evidente nas plantas com estresse moderado. Noventa dias de
estresse ameno resultou no aumento do conteúdo de óleo em ambas espécies.
Entretanto, após 90 dias de estresse moderado, a resposta foi especifica. O
teor de óleo diminuiu em relação ao controle em C. nardus. Em C pendulus o
teor de óleo foi mantido no mesmo nível elevado quando no estresse ameno
(SINGH-SANGWAN, 1994).
A produtividade de óleo por planta não diminuiu nas duas espécies no
estresse ameno ou moderado após 45 dias, exceto em C. nardus onde o
decréscimo de 20% foi notado após estresse moderado. O estresse hídrico
moderado por 90 dias resultou no declínio da produtividade de óleo por planta
em C. nardus, enquanto o nível foi quase o mesmo do controle em C. pendulus
(SINGH-SANGWAN, 1994).

Quadro 7 – Efeito de estresse de seca ameno e moderado sobre o óleo


essencial e Cymbopogon nardus e C. pendulus.

Produtividade de óleo Essencial


Tratamentos g/ por 100g matéria seca g por planta
45 dias 90 dias 45 dias 90 dias

C. nardus
Controle 0.32 ± 0.03 0.42 ± 0.02 0.46 ± 0.02 0.60 ± 0.03
Ameno 0.39 ± 0.02 0.57 ± 0.03 0.43 ± 0.01 0.63 ± 0.02
Moderado 0.36 ± 0.02 0.27 ± 0.02 0.37 ± 0.03 0.32 ± 0.03
C. pendulus
Controle 0.59 ± 0.04 0.58 ± 0.04 0.31 ± 0.02 0.30 ± 0.01
Ameno 0.60 ± 0.04 0.81 ± 0.04 0.30 ± 0.02 0.41 ± 0.03
Moderado 0.72 ± 0.04 0.80 ± 0.04 0.29 ± 0.02 0.32 ± 0.03
Adaptado de SINGH-SANGWAN, 1994 e CARVALHO, 1999.

94
Após 45 dias houve aumento significativo na quantidade de geraniol
em relação ao controle em ambas condições de estresse em C. nardus. Em
Cymbopogom pendulus não houve qualquer mudança no conteúdo de geraniol.
A quantidade de citral não variou com estresse moderado (45 dias). Houve
declínio de citral em C. nardus e aumento em C. pendulus, comparando com os
respectivos controles. Com 90 dias houve aumento acima do controle na
quantidade de geraniol em ambas espécies. Em estresse moderado o geraniol
em C. nardus foi reduzido. A quantidade de citral aumentou em C. pendulus no
estresse moderado, enquanto em C. nardus foi diminuindo (SINGH-
SANGWAN, 1994).
Com o objetivo de investigar as possíveis alterações na biogênese de
óleos essenciais, Singh-Sangwan (1994) realizaram estudos com
radiomarcadores. A distribuição relativa da radioatividade entre os principais
monoterpenóides, o citral e geraniol, incorporada nos óleos, consta da Figura 5.
Após 90 dias de estresse hídrico, ameno e moderado, a proporção de
radioatividade presente no geraniol aumentou, enquanto que em citral declinou
após estresse ameno e aumentou com estresse moderado. Assim, a resposta
de C. pendulus foi diferente de C. nardus na biogênese de óleos. Em C.
pendulus aumentou ambos constituintes de óleo nos dois tratamentos de
estresse, comparando com o controle. Os aumentos observados na biogênese
de geraniol em C. nardus e de citral em C. pendulus são similares às
mudanças observadas no acúmulo desses constituintes na presença de
estresse hídrico (SINGH-SANGWAN, 1994).

95
Adaptado de SINGH-SANGWAN, 1994 e CARVALHO, 1999.

Figura 5 – Porcentagem de radioatividade incorporada no citral (■) e no


geraniol ( ) em Cymbopogon nardus e C. pendulus em regime de
estresse ameno (T1), moderado (T2) e não estressadas (C).

As atividades catalíticas da PEP carboxilase e GeDH foram


monitoradas em plantas submetidas e dois níveis de estresse hídrico. Em
folhas não estressadas de C. nardus, a atividade PEP carboxilase foi em torno
de 4 unidades/g de massa fresca e 0.43 unidades/mg de proteína. A atividade
especifica, tanto quanto a atividade com base em grama de massa fresca,
dobrou na condição de estresse ameno. Em C. pendulus, a atividade
enzimática em condição não estressante não foi muito menor do que a
observada em C. nardus (SINGH-SANGWAN, 1994).
A deficiência moderada de água também causou aumento na
atividade catalítica em ambas espécies. Em C. nardus, o aumento no nível
enzimático nas plantas com estresse hídrico ameno foi comparável, tanto em
termos da atividade específica, quanto com base em grama/matéria fresca. Em
plantas de C. pendulus submetidas a estresse moderado, a atividade
específica aumentou, acima dos níveis observados na plantas controle, na
mesma magnitude das plantas com estresse ameno. Com base em

96
grama/matéria fresca, o aumento foi mais pronunciado (SINGH-SANGWAN,
1994). Em razão da matéria fresca ter diminuído nas duas espécies (quadro 8),
é mais significativo expressar as alterações em atividade especifica, unidade
por miligrama de proteína (CARVALHO, 1999).

Quadro 8 – Efeitos de estresse hídrico ameno e moderado no acumulo do óleo


essencial.

Produção de Óleo Essencial


Tratamentos grama/100gramas de matéria grama/planta
seca
45 dias 90 dias 45 dias 90 dias

C. nardus
Controle 0.32 ± 0.03 0.42 ± 0.02 0.46 ± 0.020 0.60 ± 0.035
Ameno 0.39 ± 0.02 0.57 ± 0.03 0.43 ± 0.018 0.63 ± 0.023
Moderado 0.36 ± 0.02 0.27 ± 0.02 0.37 ± 0.030 0.32 ± 0.029
C. pendulus
Controle 0.59 ± 0.04 0.58 ± 0.04 0.31 ± 0.021 0.30 ± 0.016
Ameno 0.60 ± 0.04 0.81 ± 0.04 0.30 ± 0.025 0.41 ± 0.031
Moderado 0.72 ± 0.04 0.80 ± 0.04 0.29 ± 0.020 0.32 ± 0.026
Adaptado de SINGH-SANGWAN, 1994 e CARVALHO, 1999.

O estresse hídrico por 90 dias causou aumento no conteúdo de óleo


em grama/matéria fresca em ambas espécies. A produtividade de óleo por
planta foi semelhante ao controle, nas plantas com estresse hídrico ameno e
moderado por 45 e 90 dias. Exceto em C. nardus que respondeu
diferentemente no estresse mais severo (ou seja, 90 dias de estresse
moderado). As observações são qualitativamente similares ao padrão de
14
biossíntese de óleo, a partir de CO2, em folhas destacadas e estressadas por
pouco tempo. As alterações no acúmulo de óleo induzidas por estresse são
consideradas principalmente decorrentes do efeito no crescimento e
diferenciação da planta. Em condições de estresse as plantas desenvolvem
maior densidade de glândulas produtoras de óleo devido a redução da área

97
foliar, o que resulta na alta quantidade de óleo acumulado (SINGH-SANGWAN,
1994).
Dependendo da espécie, o estresse hídrico pode aumentar, diminuir ou
não ter efeito sobre os níveis de metabólitos (CARVALHO, 1999). Observações
de campo indicam que no funcho (Foeniculum vulgaris Mill.) há resposta à
irrigação no crescimento. Entretanto, o efeito da irrigação na produtividade de
óleo e anetol não é bem conhecido. Buntain e Chung (1994) relataram que a
irrigação aumentou a porcentagem de óleo nas plantas de funcho acima do
controle, sem irrigação. Há poucas informações sobre a resposta quanto a
produtividade total de óleo ou quanto ao teor de anetol de plantas irrigadas
(BUNTAIN e CHUNG, 1994). Os tratamentos dos experimento foram: (1) sem
irrigação, (2) aplicação de 200mm, desde o início do alongamento até a antese
da primeira umbela, (3) aplicação de 350mm a partir da antese até o
amadurecimento da primeira umbela; e (4) aplicação de 550mm, irrigação
completa, desde o início do alongamento do caule até a maturidade. O
crescimento e desenvolvimento dessa cultura foi considerado normal quando
comparado a maioria dos cultivos comerciais.
As sementes são a principal fonte de óleo em plantas de funcho, com
90-95% do óleo localizado nas umbelas. O efeito da irrigação na produtividade
das sementes de plantas apícolas, incluindo funcho, pode fornecer informações
a respeito do efeito na produtividade de óleo. Há outras plantas que tem
mostrado correlação positiva entre produtividade de sementes (ou frutos) e a
frequência de irrigação. São exemplos: o anis, o coentro e a cenoura. A
composição do óleo também pode variar com o regime de irrigação. Mesmo
quando a produtividade de coendro aumenta, devido a irrigação, o conteúdo de
carvona do óleo é baixo.
Buntain e Chung (1994) pesquisaram o efeito do nitrogênio e da
irrigação sobre a produtividade de funcho. Não houve efeito do nitrogênio em
qualquer dos componentes da produtividade, e não foram encontradas
interações com os tratamentos de irrigação. O efeito da irrigação na massa
seca das plantas inteiras foi distinto dos efeitos sobre os principais

98
componentes da produtividade. A maior produtividade ocorreu na irrigação
completa.
O tomilho (Thymus vulgaris L.) é conhecido pela boa adaptação a
regiões semi-áridas quentes e também a zonas temperadas frias úmidas, tanto
da Europa como da América do Norte. Nestes ambientes produz alta
quantidade de óleo demandado pela indústria. Os vários processos de
adaptação do tomilho a diversas condições de crescimento, as modificações
em características morfológicas ou fisiológicas são pouco conhecidas e
documentadas. Mudanças nas características morfológicas, disposição de cera
epicuticular, taxas de transpiração estomática e cuticular são importantes
indicadores de adaptação, especialmente ao estresse hídrico. A cera
epicuticular em plantas é importante na conservação da água na folha por
reduzir a transpiração cuticular (LETCHAMO e GOSSELIN, 1996).

E) EFEITO NAS GLÂNDULAS PRODUTORAS


DE ÓLEO ESSENCIAL

O efeito de três níveis de água e dois regimes de luz, sobre a formação


de glândulas produtoras de óleo essencial em folhas de Thymus vulgaris
(tomilho), sobre a quantidade de cera epícuticular na superfície das folhas, e
alguns caracteres morfológicos foi pesquisado por Letchamo e Gosselin (1996).
A quantidade de água fornecida às plantas foi 90% (tratamento controle), 70%
(tratamento moderado) e 50% (tratamento com baixo conteúdo de água) da
capacidade de campo.
Foram encontradas diferenças significativas no número de glândulas de
óleo essencial entre os dois regimes de luz e os tratamentos de irrigação
(Quadro 9). O número de glândulas de óleo essencial em ambas faces da folha
aumentou nas plantas na condição de maior irradiância (com luz suplementar),
comparado à condição de luz natural. Todas as plantas com deficiência hídrica
tiveram número menor de glândulas de óleo essencial. O número médio
dessas glândulas na luz suplementar, aumentou em 14% no tratamento com
água no nível 50%. Aumentou 48% no nível de água 70%. No controle esse

99
aumento foi 55%. Não foram determinadas as dimensões das glândulas, porem
nas glândulas das plantas crescidas na luz suplementar e com água no nível
50% foram maiores do que aquelas crescidas em luz natural e com maior
disponibilidade de água (LETCHAMO e GOSSELIN, 1996).

Quadro 9 – Feitos da luz suplementar e do conteúdo de água no número de


glândulas de óleo essencial/2,27µm2, em folhas de Thymus
vulgaris.

Conteúdo de água (%) Luz suplementar Luz Natural


Abaxial Adaxial Média Abaxial Adaxial Média
90 32.0 24.5 28.3 20.0 16.4 18.2
70 40.5 27.8 34.3 24.5 21.7 23.1
50 35.8 23.8 29.8 32.3 20.0 26.2
Média 36.1 25.4 30.8 25.6 19.4 22.5

Adaptado de LETCHAMO, 1996 e CARVALHO, 1999.

F) EFEITO NA QUANTIDADE DE CERA EPICUTICULAR

A cera da superfície foliar, relacionada com a transpiração cuticular e


com as glândulas produtoras de óleo essencial foi pesquisada. Quantidades
significativamente maiores de cera epicuticular ocorreram nas plantas de
tomilho crescidas na luz suplementar (Quadro 10). O aumento relativo no
conteúdo de cera epicuticular devido a luz suplementar foi 31%. Quando as
plantas foram cultivadas em substrato com água no nível 50%, este aumento
foi 21% no tratamento com água no nível 70% da capacidade de campo. No
tratamento controle o aumento foi 34%. Tendência similar foi observada nas
plantas crescidas em luz natural (LETCHAMO e GOSSELIN, 1996).
Houve diferença significativa no acúmulo de cera epicuticular entre os
tratamentos de irrigação. O maior acúmulo de cera ocorreu nas folhas
crescidas com deficiência hídrica (50% da capacidade de campo) e com luz
suplementar (Quadro 10). A menor quantidade de cera foi encontrada nas
folhas das plantas crescidas em luz natural e água a 90% da capacidade de
100
campo (tratamento controle) (LETCHAMO e GOSSELIN, 1996). Pelo Quadro
11, todas as características morfológicas estudadas nas folhas de tomilho
foram alteradas pelas condições de crescimento (CARVALHO, 1999).

Quadro 10 – Efeitos da luz suplementar e conteúdo de água no acúmulo de


cera epicuticular foliar (CEF) e no conteúdo de óleo essencial
(COE) em folhas de Thymus vulgaris.

Conteúdo de água (%) Luz suplementar Luz Natural


COE (%) CEF (mg) COE (%) CEF (mg)
90 1.72 171 1.10 128
70 2.18 179 1.26 148
50 1.28 241 1.11 163
Média 1.73 188 1.16 146
Adaptado de LETCHAMO, 1996 e CARVALHO, 1999.

Quadro 11 – Efeitos da luz suplementar e conteúdo de água no comprimento


(mm), largura e espessura (mm) de folhas de Thymus vulgaris.

Conteúdo Luz suplementar Luz Natural


de água Comprimento Largura Espessura Comprimento Largura Espessura
(%)
90 7.88 4.09 0.45 8.17 4.55 0.41
70 7.22 4.02 0.62 8.21 5.17 0.44
50 6.89 3.83 0.59 7.32 4.38 0.39
Média 7.33 3.98 0.55 7.90 4.70 0.41
Adaptado de LETCHAMO, 1996 e CARVALHO, 1999.

101
G) EFEITO NO CRESCIMENTO DE ESTRUTURAS
REPRODUTIVAS

Recentes estudos demonstraram que o estresse hídrico durante o


florescimento, especialmente nos estádios de produção de frutos, tiveram
efeitos negativos na produtividade (CHARTZOULAKIS e DROSOS, 1997). A
pesquisa foi conduzida em casa de vegetação. Foram analisados os efeitos de
níveis de irrigação (0.40, 0.65, 0.85 e 1.00x Etm) sobre as plantas de pimenta.
A quantidade da água de irrigação foi estimada pelos dados de
evapotranspiração máxima (Etm) obtidos de tensiômetros. A produtividade em
frações de Etm aplicadas constam do Quadro 12. A produtividade mais alta, em
torno de 4,4 KG por planta, foi causada pelos tratamentos 1.00 e 0.85xETm,
irrigadas com quantidade de água equivalente a 348mm e 296mm
respectivamente.

Quadro 12 – Produtividade de frutos de pimenta, crescidos em casa de


vegetação em níveis de água.

Tratamento Água aplicada (mm) Produtividade


de irrigação Kg/ planta Frutos/planta
% Etm 1º ano 2º ano 1º ano 2º ano 1º ano 2º ano
100 329 366 4.43a* 4.32 a 55.3 a 57.2 a
85 280 311 4.38 a 4.05 a 51.8 ab 58.8 a
65 214 238 3.34 b 3.10 b 48.8 ab 43.4 b
40 132 147 2.64 c 1.99 c 44.2 b 34.1 b

Letras diferentes dentro da mesma coluna indicam diferença significativa a


P<0.05 (teste de Duncan).
Adaptado de CHARTZOULAKIS, 1997 e CARVALHO, 1999.

Algumas características da qualidade de frutos em relação a irrigação


estão no Quadro 13. O peso médio dos frutos foi reduzido significativamente
nos anos e de 0.65 a 0.40 xETm. A massa seca e a concentração de sólidos

102
solúveis de frutos foram significativamente inferiores com os tratamentos 0.85 e
1.00 xETm. Esses resultados mostram que a deficiência hídrica pode melhorar
significativamente a qualidade dos frutos quanto a sólidos solúveis, mas essa
vantagem é acompanhada do decréscimo da produtividade.

Quadro 13 – Características de frutos de pimenta crescida em casa de


vegetação em regimes de irrigação.

Tratamento Água aplicada (mm) Produtividade


de irrigação Kg/ planta Frutos/planta
% Etm 1º ano 2º ano 1º ano 2º ano 1º ano 2º ano
100 329 366 4.43a* 4.32 a 55.3 a 57.2 a
85 280 311 4.38 a 4.05 a 51.8 ab 58.8 a
65 214 238 3.34 b 3.10 b 48.8 ab 43.4 b
40 132 147 2.64 c 1.99 c 44.2 b 34.1 b

* Letras diferentes dentro da mesma coluna indicam diferença significativa a


P<0.05 (teste de Duncan).

Adaptado de CHARTZOULAKIS, 1997 e CARVALHO, 1999.

103
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O ambiente das plantas é dinâmico, está constantemente mudando.


São vários os componentes (temperatura, luz, disponibilidade de água e
nutrientes, dentre outros) que causam a diversidade ambiental. Raramente
apenas um fator muda nesse ambiente, pois a mudança no padrão de algum
fator desencadeia alterações nos outros. Se a temperatura sobe muito,
provavelmente há alteração na quantidade de luz, na disponibilidade de água,
nas necessidades de nutrientes, dentre outros.
As plantas são constituídas principalmente por água, assim, alterações
na disponibilidade de água podem limitar a sobrevivência. O estudo de
estresse ambiental desperta atenção dos pesquisadores. Os fatores limitantes
mais estudados são a temperatura e a água. Os efeitos sobre muitas culturas
tradicionalmente utilizadas como alimento são bem conhecidos, e estão
relacionados principalmente com a redução no crescimento das plantas. Tem
sido pesquisado basicamente os efeitos sobre o metabolismo primário, em
especial sobre a fotossíntese.
Poucos são os trabalhos referentes ao efeito do estresse hídrico em
plantas medicinais, principalmente sobre os compostos do metabolismo
secundário. O efeito sobre os metabólicos secundários varia com o tipo de
estresse, com a intensidade e o tempo. O estresse hídrico pode causar
aumento na quantidade de óleos essenciais. Mas pode causar redução logo
em seguida. É interessante saber como ocorreu esse efeito, qual estapa do
metabolismo dessa substância foi alterada: biogênese, acúmulo ou
degradação. Também é elucidativo determinar as respostas quanto ao
crescimento, potencial hídrico foliar, conteúdo de prolina, relações hídricas da
planta, número de glândulas, quantidade de cera epicuticular foliar, além do
comprimento, largura e espessura das folhas.

104
CAPÍTULO 6

INTERAÇÃO PLANTA - INSETO

Duas populações, no mesmo ambiente, podem estabelecer ou não


interações. As consequências das interações podem ser benéficas ou adversas
(CARVALHO, 1999). A partir das relações, plantas e animais desenvolveram
estratégias, acumularam atributos físicos e respostas químicas. Houve
adaptações, e ajustes às necessidades exigidas pelo consórcio entre seres
vivos (HARBONE, 1993).
A defesa das plantas contra herbívoros tem sustentação em fatores
físicos e químicos. As estratégias de defesa física são evidentes e incluem
revestimentos com tricomas tectores ou glandulares e a produção de
secreções. Defesas químicas, muito importantes são feitas por toxinas e
compostos repelentes produzidos pelas plantas. Esses compostos são os
metabólitos secundários das plantas. Esses compostos constituem parte
importante dos fármacos ativos utilizados na terapêutica (CARVALHO, 1999).
O metabolismo secundário das plantas está intimamente relacionado à
co-evolução bioquímica de plantas e herbívoros. Esta conclusão surgiu na
década de 50. Nos anos 60 compostos foram descobertos e deram
sustentação a teoria (HARBONE, 1993). Atualmente é aceito o pressuposto de
que o acúmulo de metabólitos secundários nas plantas medicinais é
consequência da defesa química. Recentes pesquisas químicas e biológicas
resultaram em muitas evidencias relacionadas a função defensiva dos
compostos nas próprias plantas e nos organismos humanos. Estes compostos,
estruturalmente diversos, agem como inibidores do crescimento, como
antidigestivos, desestimulantes e inseticidas (SOSA, 1994).

PLANTA NATIVA E PLANTA CULTIVADA

A maioria das plantas nativas ou cultivadas, farmacologicamente ativas


ou não, estão sujeitas ao ataque de parasitas animais ou vegetais e de
105
predadores (CARVALHO, 1999). Entre os parasitas animais, os ácaros e
nematóides merecem destaque. A maior susceptibilidade das plantas
cultivadas ao ataque de parasitas pode ser atribuída a várias causas, entre as
quais a acentuada simplificação dos sistemas agro-econômicos. É a presença
contemporânea, no mesmo espaço, de plantas da mesma espécie. Como
conclusão a suscetibilidade resulta no enfraquecimento da resistência
intrínseca (MICHELE, 1996).
A proteção dos cultivos de plantas medicinais não pode ser idêntica à
tradicionalmente empregada nas culturas agrícolas e nas plantas ornamentais
(CARVALHO, 1999). Não há pesticidas registrados visando o cultivo de plantas
medicinais. Devido à toxicidade e aos resíduos, é irracional a pulverização de
plantas destinadas ao preparo de remédios, aos cosméticos e a dieta
alimentar. Deve ser considerado ainda os efeitos tóxicos dos pesticidas nas
abelhas e outros insetos reconhecidos como visitantes assíduos das espécies
medicinais (MICHELE, 1996).

ATIVIDADE QUÍMICA

Antes da descoberta da síntese química, os pesticidas utilizados eram


de origem animal e vegetal (CARVALHO, 1999). Dentre os pesticidas naturais
usados são destaques: as piretrinas (obtidas a partir das flores do
Chrysanthrmum), as rotenonas (obtidas das raízes das leguminosas das
espécies de Denis), as nicotinas (obtidas das folhas do fumo), as quassinas
(obtidas a partir do lenho de espécies tropicais de Quassia e Picrasma), as
veratrinas (obtidas a partir de espécies de Veratrum, família Liliaceae), dentre
outras. Atualmente esses compostos têm uso secundário, pois estão sendo
substituídos pelos pesticidas industriais. Entretanto, a experiência acumulada
nos últimos 40 anos, nas analises ambientais e quanto aos riscos à saúde
pública, quanto a resistência aos pesticidas sintéticos, têm apontado ao retorno
dos pesticidas naturais (GALLO, 1996 e MICHELE, 1996).
Entre as plantas aromáticas e as medicinais, atualmente conhecidas
pela ação inseticida, estão Pimpinella anisum, Matricaria recutita, Anethum

106
graveolens, Eucalyptus globulus, Tanacetum parthenium, Tanacetum vulgare,
Allium sativum, Mentha pulegium, Rosmarinus officinalis, Ruta graveolens,
Salvia officinalis e Citrus aurantiu. Todas estas plantas sintetizam compostos
aromáticos e óleos essenciais, considerados responsáveis pela atividade
inseticida (LAURENT, 1997). O óleo essencial de Lavandula angustifolia e
alguns dos seus principais constituintes, como linalol, linalil-acetato e cânfora,
segundo Perruci (1996) têm atividade acaricida.
Os parasitas constituem sério problema à saúde na maioria dos países
em desenvolvimento. Os efeitos causados pelo Trypanosoma cruzi, afetam 16
a 18 milhões de pessoas na América Latina. As espécies que transmitem o
tripanosoma diferem conforme a região de ocorrência. Na ausência do
tratamento efetivo a erradicação do Triatominae nas regiões infestadas é
considerado bom método visando impedir a disseminação, particularmente
quando há atenções às condições de moradia e de educação sanitária
(LAURENT, 1997).
As piretrinas sintéticas e as deltametrinas, estão entre os inseticidas
mais efetivos contra Triatominae. O custo do controle do vetor é maior que
recursos econômicos de vários países. Com o possível desenvolvimento de
resistência, a procura por novos compostos, derivados de plantas, significa
importante desafio cientifico (LAURENT, 1997).
Os vetores Triatominae são sensíveis a alguns óleos essenciais de
plantas medicinais. É sabido que o óleo essencial de Melia azederach, por
exemplo, aumenta a taxa de mortalidade de ninfas de T. infestans tratadas com
aplicações tópicas. Laurent (1997) testou a atividade de 63 óleos essenciais
obtidos a partir de algumas plantas bolivianas.
Os principais componentes dos óleos essenciais dessas plantas,
determinados por cromatografia gasosa foram: E-anetol nos óleos anísicos de
Pimpinella anisum (74%), Tagestes pusilla (96%), Foeniculum vulgare (66%) e
Coreopsis fasciculata (23%). Outros destaques são: limonemo (38%) e
ascaridol (35%) de Chenopodium ambrosioides; pulegona (49%) de Hedeoma
mandoniana (79%) e Mynthostachys andina (73%); 1-mentona de
Mynthostachys andina (29%) e Mentha arvensis (73%); 1-8 cineol de

107
Eucalyptus globulus (63%), E-nerolidol de Baccharis sp. (80%); linalol (82%) de
Satureja, metil acetato, lamentol, isomentol e piperitona foram também
encontrados em Mentha arvensis (LAURENT, 1997).
Muitos diterpenos neo-clerodanas, com atividade antidigestoria contra
larvas de insetos, têm sido isolados a partir de plantas medicinais das famílias
Compositae e Labiatae. Espécies como Ajuga, Baccharis, Salvia e Tecrium são
importantes fontes desses compostos Foram testadas e comparadas as
atividades antigestorias de sete compostos clerodanas. Foi verificado que,
dentre estes, os mais ativos foram três tendo como característica estrutural o
sistema αβ – insaturado – γ lactona e, na cadeia lateral, um anel furano (SOSA,
1994).
As plantas da família Piperaceae, nativa dos trópicos, além de
utilizadas como medicinais, têm sido, também úteis no controle de pragas. É
destaque por ser mais ativa a Piper decurrens. A bioatividade do gênero Piper
tem sido atribuída a presença de ligninas e ou amidas, tais como alquil ou
isobutilamidas olefínicas (CHAURET, 1996).
Os componentes voláteis das resinas de espécies medicinais de
Commiphora consistem principalmente de monoterpenos e sesquiterpenos. A
resina volátil de C. rostrata tem atividade de defesa contra pragas e patógenos
potenciais. A casca desta planta não é danificada por insetos e outros animais.
Tem sido observado que os insetos, como as formigas, quando aproximam
dessas plantas e encontram algum corte com resina exposta, imediatamente
são afastadas (McDOWELL, 1988).

FUNÇÃO DOS POLIFENOIS

Polifenois ou taninos são metabólitos secundários amplamente


distribuídos no reino vegetal e estão presentes em várias plantas medicinais. A
função dos taninos nas plantas demanda pesquisas e é fascinante campo de
estudo. No desenvolvimento da teoria sobre co-evolução bioquímica, as
funções e a biossíntese dos taninos foram intensamente investigadas

108
(CARVALHO, 1999). Atualmente é conhecida a estrutura das principais classes
de tanino e as respectivas rotas de biossíntese (HASLAM, 1994).
Os dois radicais principais da estrutura dos polifenóis são ésteres de
galoil e de hexahidroxidifenol e seus derivados proantocianidinas condensadas.
Há evidencias que suportam a proposição do metabólito β-1, 2, 3, 4 6-
pentagaloil-D-glucose exercer importante função na formação da maioria dos
galotaninos e dos elagitaninos, que ocorrem nas plantas medicinais. Os
galotaninos são taxonomicamente restritos e intimamente associados a tribo
Rhoideae da Família Anacardiaceae. O exemplo mais comum de galotaninos é
o ácido tânico (HASLAM, 1994).
Os elagitaninos são bom exemplo da proliferação de estruturas
secundárias por meio de oxidações e desidrogenações (primariamente),
clivagens hidrolíticas e rearranjos moleculares que dão origem a vários
polifenóis. Esta enorme diversidade estrutural tem importante consequência
medicinal e ecológica significando especificidade na associação dos polifenois
ás varias meléculas, como as proteínas e os polissacarídeos (HASLAM, 1994).
As proantocianidinas condensadas estão presentes como oligômeros
(solúveis), contendo 2 a 5 ou 6 unidades catequinas (núcleo flavano-3-ol
fenólico) e polímeros (insolúveis). Em todas as plantas os polímeros têm
significado quantitativo. A proantocianidinas oligoméricas são, em geral, as
responsáveis por muitas das propriedades das plantas, tipicamente atribuídas
aos taninos condensados. A presença de altos níveis dessas proantocianidinas
está associada a impalatabilidade e a resistência de várias plantas aos vários
herbívoros e aos efeitos medicinais (HASLAM, 1994). Scalbert e Haslam (1987)
citam o estudo da variação no conteúdo de taninos nas folhas da árvore
“Carvalho” (Quercus robus L.) durante a estação de crescimento. A árvore
Carvalho é infestada por insetos na primavera, mas raramente é sujeita à
predação no final desta estação ou na seguinte. O nível de taninos hidrolisáveis
permanece relativamente constante durante essa estação, sendo que taninos
condensados (proantocianidinas) não são sintetizados até o fim da estação
(SCALBERT e HASLAM, 1987).

109
Foi concluído que o período de maior ataque de insetos coincide com o
período em que o conteúdo total de taninos foi menor e os taninos
condensados estavam quase ou totalmente ausentes. Esta conclusão indica
qual a melhor época de coleta das plantas medicinais tanínicas. Foi então
entendido que a resistência das folhas maduras, provavelmente, era o principal
fator que bloqueia o ataque dos insetos. Indiretamente, dentre os possíveis
fatores, seria o declínio na disponibilidade de nitrogênio. Esse período coincide
com o decréscimo nos níveis de proteínas foliares sendo concomitante ao
aumento dos taninos foliares (SCALBERT e HASLAM, 1987). Assim a
presença de insetos e o estádio fenológico das folhas são marcadores das
plantas com vistas à presença de taninos com fins medicinais.
A biossíntese de polifenóis medicinais envolve substancial gasto de
energia. Com base na moderna ecologia química seria esperado que houvesse
algum ganho compensatório pelas plantas que os produzem (CARVALHO,
1999). Tem sido entendido, que os taninos fazem parte da estratégia de defesa
química quantitativa das plantas sendo por isso medicinais. Os taninos repelem
predadores por meio do seu forte e característico efeito adstringente (HASLAM,
1994). É sabido que os taninos têm capacidade de formar complexos insolúveis
com proteínas ricas em prolina implicando no manejo adequado das plantas
com fins medicinais (SCALBERT e HASLAM, 1987).

ALELOQUÍMICOS

Entre os milhares de metabólitos secundários, característicos das


plantas medicinais e superiores, há grupos de compostos potencialmente
tóxicos (CARVALHO, 1999). Os aleloquímicos são os produtos naturais que
influenciam o crescimento, saúde, comportamento ou biologia das populações
de outras espécies. Há evidencias convincentes de que esses produtos
naturais tóxicos constituem o arsenal de defesa química ou de ataque
ecológico das plantas (ROSENTHAL, 1988). Porem são conhecidos vários
aleloquímicos com grande efeito medicinal.

110
O fenômeno da alelopatia já foi bastante questionado por alguns
estudiosos (CARVALHO, 1999). Dentre as causas de crítica é o fato da maioria
dos estudos ter sido feita com pouco ou nenhum conhecimento dos compostos
ativos, sua natureza química, modalidade de transporte, quantidade liberada do
agente e concentração nos solos (FISCHER, 1994). No estudo farmacológico
das plantas medicinais vários aleloquímicos tem sido detectados, porém, não
com o objetivo de avaliar os efeitos alelopáticos (CARVALHO, 1999).
Os aleloquímicos também protegem as plantas contra insetos, fungos
patogênicos, bactérias e vírus e outras plantas, com as quais competem. Tais
compostos propiciam às plantas efeitos medicinais e vantagem seletiva em
relação aos herbívoros, devido a toxicidade potencial. Podem inibir ou repelir e
eliminar organismos não adaptados (ROSENTHAL, 1988).
Alguns herbívoros, potenciais consumidores desses compostos tóxicos,
têm evoluído mecanismos que lidam especificamente com os aleloquímicos
(ROSENTHAL, 1988). Em decorrência de algumas famílias estarem
caracterizadas pela presença de algum grupo de aleloquímicos, muitas
espécies de insetos estabeleceram relações particulares com determinadas
espécies de plantas. Porém, há espécies de insetos generalistas. São os
insetos repelidos ou envenenados por aleloquímicos de defesa química,
compostos medicinais ou fármacos ativos. (BOWER e PUTTICK, 1988).
Alguns compostos da mesma classe de fitoquímicos podem ter efeitos
medicinais e ações especificas nos insetos herbívoros (CARVALHO, 1999). A
composição química da planta medicinal e das plantas em geral é importante
na seleção do hospedeiro adequado. Além da combinação de dois ou mais
compostos pode ocorrer efeitos de sinergismo positivo ou negativo tanto nos
insetos ao consumirem essas plantas como nos humanos que utilizam as
plantas com fins medicinais. Portanto, variações qualitativas ou quantitativas na
composição química de plantas medicinais são determinantes na adequação
de insetos, e constituem importante componente da defesa vegetal (BOWER e
PUTTICK, 1988).
Apesar de várias famílias de plantas medicinais serem caracterizadas
por algum grupo particular de composto aleloquímico biossinteticamente

111
relacionado e táxon-específicos, pode haver variação neste padrão. A
composição química pode variar entre as populações da mesma espécie. Pode
variar entre indivíduos dentro da população, e até mesmo entre partes da
planta medicinal, nas quais compostos particulares podem estar presentes em
quantidades variadas. O espectro de compostos químicos medicinais ao qual o
inseto herbívoro é exposto pode variar com a planta, com as populações de
plantas, com a parte da planta e com a fenologia da planta e do inseto. Pode
variar, ainda, com as estações do ano, e em função das condições nas quais a
planta está crescendo (CARVALHO, 1999).
Muitas famílias de plantas são caracterizadas por algum grupo
específico de aleloquímicos. As Crucíferas caracteristicamente contêm
glucosinolatos. As Asclepiadaceas contêm cardenolídeos. Os glicosídeos
iridóides são importantes nas Scrophulariaceas. Glicosídeos iridóides são
compostos derivados do monoterpenos e são encontrados em
aproximadamente 50 famílias de plantas. Como exemplo de glicosídeos
iridóides é destaque a ipolamida, encontrada nas plantas do gênero
Stachytarpheta (Verbenaceae). O especiosideo (glicosídeo iridóide) da Catalpa
speciosa (Bignociaceae) atua como agente desestimulante dos insetos
generalistas tal como a ipolamida (BOWER e PUTTICK, 1988).
Os efeitos fitotóxicos dos monoterpenos variam, tanto quanto a
solubilidade em água. Em muitos casos, esses compostos são ativos mesmo
abaixo dos níveis de solubilidade na água (FISCHER, 1994). Devido à natureza
relativamente apolar os monoterpenos tem sido classificados como voláteis. A
solubilidade em água dos monoterpenos é negligenciável quando comparada
com a solubilidade de outros produtos naturais mais polares. O transporte
aquoso é considerado essencial na eficiência da atividade alelopática. Mas o
transporte na forma volátil tem sido proposto como alternativa de algumas
plantas (FISCHER, 1994) e tem sido meio de detectar a planta com efeito
medicinal (CARVALHO, 1999).
A complexidade das ações alelopáticas em ecossistemas naturais é
devida ao grande número de reações envolvidas no conjunto dinâmico de
transformações simultâneas. Após a liberação de algum composto secundário,

112
potencialmente medicinal, a partir de folhas e ou raízes da planta, ocorre a
sequência de eventos químicos, fotoquímicos e ou microbianos. Há então a
liberação de compostos não tóxicos e ativação de derivados com efeitos
tóxicos e específicos (FISCHER, 1994).
Nos estudos feitos com aleloquímicos do metabolismo secundário tem
sido quantificada a atividade efetiva (CARVALHO, 1999). No entanto,
recentemente foi verificado que muitos produtos naturais, de origem vegetal
(fotossensibilizadores), interagem com a luz, produzindo moléculas em estado
excitado, passíveis de processos tóxicos, inclusive alelopáticos, altamente
energéticos. A maioria das pesquisas com aleloquímicos está relacionada com
os microrganismos. A relação dos insetos com os aleloquímicos e a influência
desses compostos na vida dos insetos começou a receber atenção
(CHAMPAGNE, 1986). A interação das plantas medicinais com insetos é
complexa e pouco estudada. Os usos medicinais têm relações com a presença
de aleloquímicos das plantas (CARVALHO, 1999).

COMPOSTOS FOTOTÓXICOS

Com a crescente compreensão da importância medicinal ecológica dos


metabólitos secundários das plantas, é interessante conhecer mais
cuidadosamente o significado dos fitoquímicos fototóxicos (CARVALHO, 1999).
Compostos fototóxicos ou fotossensibilizadores são fitoquímicos que requerem
luz visando a completa expressão da toxicidade (DOWNUM e RODRIQUEZ,
1986).
Fototoxicidade é a modalidade de defesa desenvolvida por plantas com
o propósito de proteção. O sistema é disparado quando alguns metabólitos
secundários são excitados e atingem maior grau de energia após a absorção
da radiação solar ou da luz ultravioleta artificial, em comprimentos de onda
específicos faixa de 320 – 400nm. Em tais estados de excitação esses
compostos fotossensíveis exercem efeitos altamente tóxicos nas biomoléculas
interativas (MECKES-LOZOYA e GASPAR, 1993). As moléculas fotossensíveis
podem reagir com outras moléculas do sistema. As mudanças químicas

113
resultantes nas células são suficientemente intensas e causam o término da
célula. Além disso, em muitas das fotorreações, o composto fotossensível
transfere a energia de excitação até a molécula de oxigênio que
subsequentemente oxida outra molécula. Os compostos fototóxicos podem
inibir o crescimento ou mesmo aniquilar vírus, bactérias, fungos, larvas de
nematóides e insetos (DOWNUM e RODRIQUEZ, 1986). Atividades medicinais
de plantas podem ser devidas à presença destes compostos. Os compostos
tóxicos aos seres humanos são utilizados com fins medicinais, via ciência da
homeopatia, com a tecnologia de dinamizar os extratos de plantas tóxicas.
Compostos fototóxicos ou fotossensibilizadores ocorrem em pelo menos 30
familias de plantas. Consideráveis informações estão disponíveis sobre os tipos
de metabólitos secundários fotossensibilizadores e a natureza não específica
da ação biocida. Mas pouco é sabido sobre a distribuição e a frequência
(DOWNUM e RODRIQUEZ, 1986). Entre os compostos fototóxicos, estão as
quinonas, acetilenos e alcalóides. As furanocumarinas da família Apiaceae são
os fotossensibilizadores mais estudados quanto a função nas interações
planta-inseto (CHAMPAGNE, 1986). As furanocumarinas derivadas da fenil-
alanina, são também características das famílias Rutaceae e Umbelliferae
porem ocorrem também nas famílias Leguminosae, Moraceae, Solanaceae,
Pitosporaceae, Thymeleaceae e Orchidaceae (TOWERS, 1986).
Entre os compostos fotossensibilizadores naturais mais ativos estão
poliacetilenos e respectivos derivados tiofenóis que são característicos da
família Asteraceae, onde são diversos e abundantes. São também encontrados
em várias outras famílias de plantas, como Campanulaceae, Umbelliferae e
outras. Poliacetilenos alifáticos simples têm ação (não fotodinâmico)
independente do oxigênio e pode envolver a formação de radicais livres por
fotoexcitação. Os tiofenóis mais avançados biossinteticamente são compostos
fototóxicos do tipo II que danificam organismos via produção catalítica do
radical superóxido. Poliacetilenos parcialmente ciclizados, intermediários
quanto a estrutura entre acetilenos alifáticos e tiofenóis, aparentemente têm
acesso tanto a mecanismos de ação fotodinâmicas quanto não-fotodinâmicas.
O alvo provável é as membranas (CHAMPAGNE, 1986 e TOWERS, 1986).

114
O acúmulo, em quantidades razoáveis, dos compostos, fototóxicos em
canais resiníferos ou tricomas glandulares, significa ter função desestimulante
sobre organismos, como os insetos. Estes compostos fotoativos provavelmente
não têm funções metabólicas ou fisiológicas nas plantas.
A ação tóxica dos compostos fototoxicos não está restrita a reações
mediadas pela luz. Há vários poliacetilenos e tiofenóis com ação antibiótica. Os
poliacetilenos de funções como fitoalexina são tóxicos a fungos mesmo na
ausência de fotossensibilização. A atividade possivelmente é maior na
presença de luz, com comprimento de onda próximo a faixa da luz ultravioleta
(CHAMPAGNE, 1986).
Os efeitos dos poliacetilenos e tiofenóis em insetos herbívoros e a
razão da fotossensibilização nesta atividade ainda são pouco entendidos
(CHAMPAGNE, 1986). Várias plantas que contêm compostos fototóxicos ou
fotossensíveis são utilizadas na medicina tradicional. Alguma correlação deve
haver entre a fototoxicidade dos extratos de algumas espécies e o respectivo
efeito terapêutico. (MECKES-LOZOYA e GASPAR, 1993).

O PÓLEN E OS AROMAS FLORAIS

A polinização cruzada é a transferência de pólen, das anteras, onde é


produzido, ao estigma das flores de outras plantas. A polinização cruzada é
mais arriscada do que a autopolinização por isso as plantas floríferas têm
evoluído muitas estratégias com o propósito de garantir o sucesso dessa
transferência (BORG-KARLSON e TENGÖ, 1986). Há nova linha de estudos
abordando o uso medicinal do pólen. E o néctar é reconhecido como produto
de efeito medicinal (CARVALHO, 1999).
Plantas polinizadas pelo vento produzem enormes quantidades de
pólen com o objetivo de compensar a imprecisão do processo de liberação.
Outras plantas utilizam agentes biológicos na distribuição do pólen. O custo
metabólico é alto porque requer investimento energético nos sinais, (como os
aromas florais), nas cores vistosas das flores e na compensação pelo trabalho

115
(com néctar). O aroma floral é bom exemplo desses sinais (BORG-KARLSON e
TENGÖ, 1986).
Em muitas categorias de flores a polinização causa rápida mudança no
perianto e estimula a senescência ou abscisão de pétalas ou alguma alteração
na coloração das pétalas. Estas mudanças, provavelmente, orientam
polinizadores potenciais na direção de outras flores ainda não polinizadas.
Desse modo é aumentada a eficiência da polinização (WOLTERING, 1997).
O pólen tem odor característico de cada espécie de planta.
Frequentemente é distinto do odor da flor inteira. Odores de pólen são
considerados, evolucionariamente, como atraentes dos insetos visitantes de
flores, em algumas angiospermas primitivas (DOBSON, 1987).
Há evidências em estudos químicos da presença de revestimento
oleoso dos grãos de pólen como a principal fonte de compostos voláteis. Tem
sido comprovado que extratos de pólen contendo, principalmente, óleos de
revestimento são agentes olfatórios que atraem abelhas produtoras de mel e
consumidoras de pólen. Outras pesquisas indicam que abelhas pólen-
especificas e solitárias discriminam as espécies de plantas por meio dos
odores desse revestimento. Em relação aos componentes químicos do pólen
as pesquisas são muito limitadas. Poucos constituintes dos óleos essenciais
têm sido caracterizados (DOBSON, 1987 e LINSKENS, 1997).

O NÉCTAR E A PROPÓLIS

Alterações nas práticas agrícolas e reduções das áreas disponíveis têm


levado ao decréscimo do número de plantas produtoras de néctar. O aumento
do uso de herbicidas nos sistemas de monoculturas tem erradicado muitas
plantas invasoras. As plantas nativas e espontâneas são importante fonte de
néctar ou pólen e necessárias na manutenção das colônias de abelhas
produtoras de mel (HERBERT, 1996).
A própolis, produto resinoso das colméias, é obtida de matéria-prima
coletada pelas abelhas. E tem sido usada com bastante sucesso na medicina e
como cosmético. A atividade biológica da própolis é diversificada. Mais de 156

116
componentes foram identificados na própolis e a maioria é de natureza
fenólica. As abelhas coletam a matéria-prima usada na produção da própolis
em gemas de árvores resinosas. Pouco é conhecido sobre a composição e
origem (BANKOVA, 1994). A própolis tem sido reconhecida como recurso
terapêutico de ampla utilidade.

117
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A teoria da co-evolução bioquímica entre as plantas e herbívoros indica


a importância da interação desses dois reinos. No entanto, a interação planta
medicinal-inseto tem recebido menor atenção dos pesquisadores. Há poucos
trabalhos a respeito. Há mais trabalhos sobre interação planta medicinal-
microrganismos e sobre efeitos de compostos de origem vegetal sobre células
humanas, ratos e outros animais.
No processo de co-evolução bioquímica não só os metabólitos vegetais
secundários merecem atenção, mas também o modo de agir dos insetos.
São muitos os compostos químicos possivelmente envolvidos na
interação planta medicinal-inseto. A maior parte dos trabalhos publicados,
aborda os compostos voláteis. O envolvimento nas estratégias de defesa e na
atração química é evidência da grande importância dos compostos voláteis na
vida das plantas.
Dependendo da planta, do inseto e da situação o mesmo tipo de
composto químico, como os monoterpenos, pode ter funções e atividades
diferenciadas.

118
CAPÍTULO 7

EFEITOS ESTRESSANTES

O estresse inclui qualquer perturbação estranha ao ecossistema. Se o


fator estressante faz parte do ecossistema a perturbação é causada por
excessos do fator (VOGT, 1993). O modo como as plantas respondem ao
estresse induzido pelos humanos é agravado por motivo das plantas crescerem
e serem naturalmente adaptadas ao ambiente estressante. É essencial,
portanto, distinguir respostas normais daquelas que reduzem significativamente
o crescimento, ou causam a mortalidade das plantas.
Mudanças significativas na estrutura e na função do ecossistema, em
resposta a estresses antropogênicos, não são detectadas até que o sistema
alcance algum limite ou até que sinais visuais sejam observados. Estádios
posteriores ou mais tardios de estresse podem ser confundidos com muitos
fatores secundários, os quais interagem contribuindo com a mortalidade das
plantas. O ataque de insetos e a ocorrência de doenças, por exemplo, podem
indicar deposição da chuva ácida. Nesse estádio, as plantas já foram expostas
por muito tempo à condições estressantes, e a incidência de pragas aumentou
nas plantas já enfraquecidas (VOGT, 1993). É necessário, portanto, conhecer
os indicadores precoces da resposta das plantas ao estresse.
As plantas como organismos sésseis, têm desenvolvido aparatos úteis
na adaptação às variações do ambiente circundante (STAUB e DENG, 1996).
Os vegetais estabelecem comunicações com outras plantas e com outros
organismos. A comunicação pode ser por contatos físicos diretos, por meio dos
sistemas radiculares das plantas, ou por sinais químicos. Comparados com as
comunicações dos animais, os sinais são específicos, e envolvem,
principalmente terpenóides, alcalóides e compostos fenólicos (PEÑUELAS,
1995).
A comunicação planta-a-planta não é exclusivamente via conecções
orgânicas. Água e ar também transferem sinais químicos planta à planta, ou de
uma parte a outra parte da planta. Exemplos bem conhecidos são as

119
interações alelopáticas. Por alelopatia a planta pode afetar o desenvolvimento
de qualquer outra, via compostos dissolvidos na água, ou exsudatos
radiculares, ou via substâncias voláteis, como etileno e metil jasmonato
(BRUIN, 1995).

TERPENÓIDES

Os terpenóides constituem o maior grupo de compostos orgânicos das


plantas e 1500 a 2000 compostos estão completamente caracterizados. Os
compostos tepenóides têm sido considerados como participantes do sistema
de defesa das plantas. A síntese é induzida em resposta a fatores internos
(genéticos e bioquímicos) e externos (ecológicos), tanto bióticos, quanto
abióticos (PEÑUELAS, 1995).
Alguns terpenóides são metabólitos primários, comuns a todas as
plantas quais sejam: carotenóides, clorofilas, componentes de membrana,
substâncias reguladoras do crescimento vegetal, entre outros (GERSHENZON,
1994 e PEÑUELAS, 1995). Os metabólitos secundários terpenóides estão
vinculados a defesa contra herbívoros ou patógenos, a interações alelopáticas,
ciclagem de nutrientes, atração de polinizadores, dispersores e entomófagos.
São qualitativamente ou quantitativamente característicos de cada família,
espécie, cultivar e órgão da planta (GERSHENZON, 1994 e PEÑUELAS,
1995).
Os demais metabólitos secundários, apesar de funções similares, são
menos diversos, tem menor significado, não possuem o potencial de mediar
importantes interações ecológicas (PEÑUELAS, 1995). Em comparação com
as outras classes de metabólitos secundários, e com a grande maioria dos
metabólitos primários, os terpenóides têm maior gasto energético de síntese,
devido ao alto grau de redução química. O custo médio de todos os
terpenóides, listados no quadro 1 (3,18g de glicose/g), é até mesmo maior do
que o grupo selecionado de metabólitos secundários com nitrogênio (2,27).
Mas é similar ao custo médio (3,24) de outro grupo representativo de alcalóides
conforme Quadro 2 (GERSHENZON, 1994).
120
Do ponto de vista ecológico, qualquer listagem de benefícios dos
terpenóides às plantas deveria levar em consideração os custos
(GERSHENZON, 1994). São várias as evidências de que o acúmulo de
terpenóides pode envolver altos custos de energia e nutrientes. Em primeiro
lugar os terpenóides podem estar presentes em concentrações muito altas,
como no Eucalyptos dives (10-13% da massa seca). Em segundo lugar,
usualmente os terpenóides são estocados em complexas estruturas secretoras,
tais como ductos resiníferos, tricomas glandulares ou laticíferos. Em terceiro
lugar, alguns terpenóides têm rápida reciclagem metabólica significando que a
síntese contínua deve ser necessária por manter algum nível mínimo de
concentração. Em quarto lugar, há correlações inversas, entre o acúmulo de
terpenóides e o crescimento. Há indicações de que compostos terpenóides de
defesa estão presentes em número reduzido quando há menor necessidade
(GERSHENZON, 1994).
Os terpenóides são considerados linguagem química muito versátil do
sistema de comunicação das plantas. Provavelmente são mantidos no sistema
de memória das plantas. Assim, quando sinalizado quimicamente ou
fisicamente, o sistema de memória responde a situações anteriores e sintetiza
terpenóides (ou outros metabólitos secundários). Em geral, após interação com
outros organismos, há aumento desproporcional, em quantidade e com rapidez
dos compostos químicos com efeito mais intenso nessas situações
(PEÑUELAS, 1995). Muitos terpenóides não estão presentes constitutivamente
nas plantas, mas são produzidos em resposta a herbívoros e patógenos
(CARVALHO, 1999).

121
Quadro 1 – Custo dos substratos e cofatores requeridos na biossíntese
dos terpenóides de algumas plantas.

122
Continuação do Quadro 1

a
Os custos foram calculados como quantidade de glicose necessária: nos
percursos, nos reagentes e cofatores necessários à biossíntese, por meio
dos métodos disponíveis b, de acordo com Penning de Vries, 1974, e outros,
citados por GERSHENZON, 1994.

Adaptado de GERSHENZON, 1994 e CARVALHO, 1999.

123
Quadro 2 – Custo médio dos substratos e cofatores necessários à biosíntese
de terpenóides e de várias outras classes de metabólitos
primários e secundários.

* Inclui glicosídeos cianogênicos, glucosinolatos, aminoácidos não protéicos, e


inibidores de proteinases.
Adaptado de GERSHENZON, 1994 e CARVALHO, 1999.

As plantas medicinais majoritariamente são obtidas por extrativismo,


portanto é esperada grande variabilidade na qualidade. A demanda por
produtos de alta qualidade, não pode ser satisfeita pela simples coleta de
plantas heterogêneas crescidas em condições não controladas. Foram
iniciados programas de pesquisa, visando tecnologias de produção agronômica
e orgânica de plantas medicinais. É necessário bases tecnológicas no cultivo
das plantas medicinais (LETCHAMO e GOSSELIN, 1995).
A produtividade da planta medicinal está diretamente relacionada à
taxa de assimilação fotossintética de carbono determinada pela interação entre
o aparato fotossintético das plantas e o ambiente. Embora a natureza do

124
sistema fotossintético determine a capacidade máxima da fotossíntese, a
amplitude dessa capacidade depende de fatores ambientais externos. Durante
o período do dia, pode haver alterações na temperatura, deficiência hídrica,
variações na quantidade de luz, exposição a poluentes, entre outros
(SRIVASTAVA e STRASSER, 1996).

NÍVEIS ATMOSFÉRICOS DE CO2

Os aumentos antropogênicos da concentração de CO2 atmosférico


provavelmente estão produzindo alterações na vegetação (PEÑUELAS, 1996).
Aumentos na concentração de CO2 atmosférico causam aumento da
fotossíntese e no crescimento de plantas C3, principalmente acima de 18ºC.
Como consequência da maior concentração de carbono, da menor
concentração de nitrogênio nos tecidos vegetais, e da maior relação C/N,
alguns autores relatam que os aumentos na concentração de CO2 atmosférico
produziram alterações na concentração de Compostos Secundários
Sustentados pelo Carbono (CSBC), de acordo com a hipótese do balanço
nutriente – carbono (PEÑUELAS, 1996). Estas pesquisas são ecologicamente
importantes por causa dos efeitos desses compostos nas diversas interações
planta-herbívoro e nas taxas de decomposição.
Tanto o suprimento de nitrogênio, como a disponibilidade de luz e o
estresse hídrico têm sido identificados como fatores que afetam as
concentrações de CSBC, por influenciar o crescimento e a fotossíntese.
Entretanto, os experimentos em meios enriquecidos com CO 2, não têm gerado
dados capazes de apoiar a hipótese (PEÑUELAS, 1996). O padrão de
respostas inclui o aumento e a ausência de alteração na produção de CSBC
assim como a redução na concentração dos diversos CSBC.
Foi analisada a variação na concentração de compostos fenólicos em
plantas submetidas a ambientes enriquecidos com dióxido de carbono (CO 2).
Foi verificado que a concentração de compostos fenólicos é alterada ou não,
nas plantas bem ou mal irrigadas. Em todas as espécies pesquisadas houve
aumento na quantidade total de fenólicos por planta. Significativos aumentos
125
no crescimento ocorrem em função do aumento dos níveis de CO 2 atmosférico.
Esses resultados mostram, ainda, a possível inversão entre a concentração de
fenólicos e crescimento, em condições de alto nível de CO2 (PEÑUELAS,
1996). Esse estudo mostrou o efeito variável dos níveis altos de CO 2 nas
concentrações de fenólicos (CARVALHO, 1999).
Quando o aumento no crescimento é pequeno há incremento na
concentração de fenólicos, porém quando o aumento é maior, a concentração
decresce. Níveis altos CO2 promovem assimilação de carbono (produção de
massa seca). Quando a alocação de carbono é relativamente maior, há menos
carbono alocado na produção de compostos secundários. Esses resultados
estão adequados à hipótese do equilíbrio entre crescimento e diferenciação
(PEÑUELAS, 1996). O crescimento é dominante em condições mais
favoráveis, e a diferenciação (com aumento da síntese de CSBS) é dominante
em condições menos favoráveis (CARVALHO, 1999).
Aumentos da concentração de CO2 atmosférico podem causar aumento
da concentração de CSBC. Os terpenóides estão incluídos nesse aumento por
meio do ganho de compostos fotossintetizantes e excesso de carbono,
conforme a hipótese do balanço carbono/nutrientes ou balanço
crescimento/diferenciação (PEÑUELAS, 1996).
Foram pesquisadas 17 espécies de plantas medicinais. Em altas
concentrações de CO2 responderam com concentrações médias de CSBC, em
torno de 14% maiores. Entretanto, os terpenóides (rota do ácido mevalônico),
em relação aos compostos fenólicos (rota do ácido xiquímico), responderam
com grande variação na produção de CSBC, nos vários ensaios e nas
espécies. É provável que a concentração em compostos secundários,
especialmente terpenóides, não é completamente governada por mudanças na
disponibilidadede CO2, e pode estar regulada bioquimicamente (PEÑUELAS e
LLUSIA, 1997). Variações sazonais nas concentrações de terpenóides têm sido
relatadas por vários autores (CARVALHO, 1999).
As concentrações de terpenóides (terpenos) nas plantas, geralmente,
estão em torno de 1-2% da matéria seca, mas podem atingir 15-20%. A taxa de
emissão de monoterpenos, à partir da vegetação, é estimada como 120-

126
150x1012 gramas de carbono por ano, ou seja 0,1 a 0,3% da produtividade
primária global líquida (PEÑUELAS e LLUSIA, 1997).
O conteúdo de terpenos em plantas de Rosmarinus officinalis varia em
torno de 0,2-1% da matéria fresca, em concordância, portanto, com os valores
previamente relatados. Os resultados mostrados nas Figuras 1 a 3 significam
que, embora a dimensão das reservas e a composição de terpenos voláteis
nas plantas estejam sob controle genético, são também influenciadas pelos
fatores ambientais, tais como suprimento de CO2, sazonalidade (maiores
conteúdos no outono), e idade (maiores quantidades nas plantas mais velhas).
Os terpenos mais abundantes nesses óleos foram α-pineno, cineol, canfora,
borneol e verbenona e representam cerca de 75% do total. Outros
monoterpenos também são encontrados em R. officinalis (PEÑUELAS e
LLUSIA, 1997). Nenhuma diferença significativa foi encontrada na composição
de terpenos entre os tratamentos ou estações (CARVALHO, 1999).
Os principais terpenos de R. officinalis foram α-pineno, β-pineno,
myrcene, Δ3-carene, ρ-cymeno, cineoli, γ-terpinene, e linalool na primavera e α-
pineno, camphene, myrcene, Δ3-carene, ρ-cymeno no outono. No outono, os
monoterpenos mais voláteis e, especialmente α-pineno (alcançou cerca de
50%) foram proporcionalmente mais importantes que no verão. Os
monoterpenos menos voláteis, tais como γ-terpinene, linalool e canfora,
estavam presentes em menores porcentagens. Borneol, verbenona e 1, 7, 7-
trimetilbiciclo [2.2.1] heptano-2-ol, voláteis, não foram detectados em grandes
quantidades. A biomassa da planta foi aumentada com a exposição a 700
μmol/mol CO2 (PEÑUELAS e LLUSIA, 1997). A concentração de terpenos
também aumentou com altos níveis de CO2, mas não houve efeito dos altos
níveis CO2 nas taxas de emissão (CARVALHO, 1999).

127
Adaptado de PEÑUELAS e LLUSIA, 1997 e CARVALHO, 1999.

Figura 1 – Taxas mensais de crescimento da biomassa foliar de Rosmarinus


officinalis com o tratamento de 350 (A CO2) e 750 (E CO2)
μmol/mol de CO2 e dois níveis de irrigação: alta umidade (A) ou
baixa umidade (B).

128
Adaptado de PEÑUELAS e LLUSIA, 1997 e CARVALHO, 1999.

Figura 2 – Concentração total de terpenos de plantas de Rosmarinus officinalis


com o tratamento de 350 (A CO2) e 750 (E CO2) μmol/mol de CO2 e
dois níveis de irrigação: alta umidade (A) ou baixa umidade (B).

129
Adaptado de PEÑUELAS e LLUSIA, 1997 e CARVALHO, 1999.

Figura 3 – Taxa de emissão total de terpenos de plantas de Rosmarinus


officinalis com o tratamento de 350 (A CO2) e 750 (E CO2)
μmol/mol de CO2 e dois níveis de irrigação: alta umidade (A) ou
baixa umidade (B).

130
EFEITOS DOS METAIS PESADOS

A poluição por metais pesados no solo e no ar está aumentando em


áreas muito populosas e com intensa atividade agrícola. As plantas podem ser
contaminadas com metais pesados vindos do solo e da atmosfera. As fontes de
metais pesados nos solos podem ser aerossóis de chumbo provenientes do
fumo, combustão de combustíveis fósseis, fertilizantes agrícolas, composto
orgânico urbano, distribuição de lixo urbano ou industrial, indústrias
metalúrgicas, extração e fundição de metais não-ferrosos. Metais pesados,
como cádmio, chumbo, cobre e manganês, estão entre os principais poluentes
ambientais (ZHELJAZKOV e FAIR, 1996).
O cádmio é classificado como o metal pesado mais danoso, por ser
tóxico, não só aos humanos e animais, mas também às plantas. O cádmio
interfere negativamente no crescimento das plantas em concentrações
relativamente baixas, podendo ainda, ser absorvido pelas plantas e
armazenado nas partes mais subterrâneas (SCHNEIDER e MARQUARD,
1996). O cádmio é fornecido ao solo, principalmente, por meio de fertilizantes
químicos, precipitação, e também pelo esgoto, composto orgânico urbano e
pelo calcário. Os estudos realizados sobre poluição ambiental mostram que
altos níveis de cádmio causam clorose e necrose das plantas, reduzem a
produtividade e alteram a atividade enzimática. Vários autores relatam que
muitos dos efeitos do cádmio nas plantas poderiam também ser explicados
pela deficiência de nutrientes. O cádmio exerce influencia na absorção e na
utilização de nutrientes minerais e interfere com vários mecanismos e funções
bioquímicas (PASQUALE, 1995).
Pouco é conhecido sobre as modificações qualitativas e quantitativas
dos metabólitos secundários, os constituintes farmacologicamente ativos das
plantas medicinais (PASQUALE, 1995). As plantas acumuladoras de cádmio
demandam especial atenção quando o cádmio é armazenado em órgãos
vegetais utilizados na alimentação, ou com fim medicinal, especialmente
quando o cádmio é detectado em extratos vegetais (SHNEIDER e
MARQUARD, 1996).

131
Em plantas Coriandrum sativum expostas a altos níveis de cádmio
(100ppm e 100mg/L), o sintoma visual precoce de toxidade é o aparecimento
progressivo de amarelecimento nas folhas, além da dimuição no comprimento
das raízes ou caules e no número de umbelas. A matéria seca total foi menor
nas plantas crescidas em solos tratados do que nas plantas tratadas com
pulverização foliar (Quadros 3 e 4) (PASQUALE, 1995).

Quadro 3 – Efeitos da correção do solo com cádmio sobre o desenvolvimento


de Coriandrum sativum L.

Adaptado de PASQUALE, 1995 e CARVALHO, 1999.

Quadro 4 – Efeitos da pulverização com cádmio sobre o desenvolvimento de


Coriandrum sativum L.

Adaptado de PASQUALE, 1995 e CARVALHO, 1999.

132
O conteúdo de Cádmio nas plantas de Coriandrum sativum, expresso
em ppm de matéria seca, consta da Figura 4. As plantas crescidas em solo
corrigido (com cádmio) mostraram grande acúmulo nas raízes (3,46 e
4,49ppm). O transporte às partes aéreas foi limitado e os frutos continham os
menores conteúdos (0,192 e 0,139ppm). O maior conteúdo de cádmio foi
observado nas folhas das plantas expostas a pulverização (27,18 e 94,55ppm).
Nessas amostras os menores conteúdos de cádmio foram encontradas nas
raízes (0,773 e 2,229ppm) (PASQUALE, 1995).
Solos corrigidos com 100ppm de cádmio causaram modificações
morfológicas significativas na base das células da superfície foliar. Houve
encurvamento (por inchamento) das celulas-guarda estomáticas, presença de
célula com paredes anticlinais sinuosas nas áreas próximas às nervuras e
espessamento da cutícula, em forma de faixa. Nos estômatos houve abertura
intensa (PASQUALE, 1995).

133
Adaptado de PASQUALE, 1995 e CARVALHO, 1999.

Figura 4 – Conteúdo total de cádmio nas plantas de Coriandrum sativum L.


(ppm de matéria seca): pulverização com10 mg/L (A1) e com 100
mg/L de cádmio (A2); correção do solo com 10 ppm (B1) e com
100ppm de cádmio (B2).

As folhas basais das plantas expostas à pulverização (Cd 100mg/L)


tiveram suas células epidérmicas cobertas pela cutícula lisa e paredes
anticlinais sinuosas com ângulos sub-agudos. Nos estômatos houve maior
abertura em comparação com as plantas do tratamento de correção do solo
comparadas com o controle (PASQUALE, 1995).
Chumbo é outro metal pesado perigoso, com impacto ambiental muito
alto. Há muita controvérsia sobre os efeitos do chumbo nas plantas. Se o
chumbo é essencial então quantidades muito baixas são necessárias. Por

134
causa das conseqüências ambientais, tem sido estudado intensivamente por
30 a 40 anos (ZHELJAZKOV e FAIR, 1996). A absorção de chumbo pelas
plantas depende das formas solúveis do elemento nos solos e sua
concentração no solo, assim como, pH e temperatura. O chumbo é muito
pouco transportado das raízes até a parte aérea. Cerca de 90-95% da
concentração de chumbo nas partes superiores das plantas portanto é devida à
absorção foliar (ZHELJAZKOV e FAIR, 1996). As plantas medicinais, cujo uso
predominante é das folhas ou raízes, devem ser colhidas em locais sem
poluição com chumbo. Essa observação é válida no extrativismo e no cultivo.

DANOS POR FUNGOS

Comparadas às hortaliças, como exemplo o tomate, as ervas


medicinais e aromáticas raramente são danificadas por fungos. Quando
ocorrem fungos dificilmente são controlados. O espaçamento entre plantas, a
fertilização apropriada e o tempo de irrigação podem ajudar na prevenção de
danos por fungos. Alguns fungos podem não ser percebidos até que alguma
injúria ocorra (TRUEMAN e WICK, 1996).
Dentre os mais devastadores das plantas medicinais e aromáticas
estão os fungos das ferrugens. Há murcha e queda das folhas, menor
produtividade, menor qualidade dos óleos essenciais e diminuição das
substâncias biologicamente ativas (MARGINA e ZHELJAZKOV, 1996). Foram
identificadas ferrugens em 12 espécies de plantas medicinais: Phragmidium
micronatum em Rosa damascena cv. trigintipetala; Puccinia menthae em
Mentha piperita, Mentha arvensis, e Mentha spicata; Puccinia dracunculina em
Artemisia dracunculus L.; Puccinia absinthii em Artemisia absinthium L.;
Puccinia asparagii em Asparagus officinalis L.; Puccinia balsamitae em
Chrysanthrmum balsamita L.; Puccinia tanaceti em Tanacetum vulgare L.;
Puccinia commutata em Valeriana officinalis L.; Puccinia malvacearum em
Althe officinalis L., e Puccinia horriana em Chrysanthemum indicum L.
(MARGINA e ZHELJAZKOV, 1996). Na maioria dessas espécies, a ferrugem
afetou mais que 50% das folhas, resultando em danos significativos.

135
Muitas plantas têm sido relatadas como susceptíveis a espécies de
Fusarium. Esse fungo está amplamente distribuído e várias das suas formas
são hospedeiras de plantas (TRUEMAN e WICK, 1996). Esses fungos causam
murcha nas plantas, consequentemente reduzem a produção e a qualidade em
decorrência das micotoxinas (ANGELINI, 1996).
O gênero Fusarium inclui desde fungos saprófitas do solo até
fitopatógenos de vários tipos. A esse grupo pertencem diversas espécies como
F. graminearum e F. nivale. F. graminearum (ANGELINI, 1996). Nos Estados
Unidos três plantas aromáticas têm sido hospedeiras de F. oxysporum:
Anethum graveolens L., Nepeta cataria L. e Ocimum basilicum L.. Na Índia,
esse fungo tem infectado plantas de Cumunum cyminum L., Coriandrum
sativum L. e Mentha arvensis haplocalyx var. piperascens L. (TRUEMAN e
WICK, 1996).
O controle tem sido feito com agentes biológicos, como a bactéria do
solo Streptomices griseoviridis, rizobactéria promotora do crescimento vegetal
(RPCP). Além disso, o hipoclorito de sódio é usado na desinfecção de
sementes e outras partes das plantas (TRUEMAN e WICK, 1996). Tratamentos
com altas temperaturas também são usados em menor proporção devido aos
danos causados nas sementes com baixa tolerância ao calor.

CONTROLE QUÍMICO DE PLANTAS INVASORAS

A presença de plantas invasoras pode afetar o cultivo de plantas


aromáticas. As invasoras podem prejudicar a cor, o odor dos óleos essenciais,
ainda, reduzir a produção de óleo. Há interesse em conhecer o efeito de
herbicidas nas plantas aromáticas. Vários efeitos na produtividade da planta e
do óleo foram relatados e dependem da natureza do herbicida, tempo e
quantidade aplicada (EL-KELTAWI e CROTEAU, 1987).
El-Keltawi e Croteau (1987) observaram modificações significativas
tanto na produção quanto na composição de óleos essenciais de plantas
crescidas em ambiente controlado, como resultado da influência de
reguladores de crescimento e biorreguladores. Mudanças na composição são

136
mais notáveis nas espécies, tais como sálvia e hortelã-pimenta, que produzem
óleos complexos contendo múltiplos componentes monoterpênicos. Em alguns
casos tem sido possível correlacionar mudanças no conteúdo de monoterpenos
com alterações no metabolismo de monoterpenos (EL-KELTAWI e CROTEAU,
1987).
Vários herbicidas, pré e pós-emergência, foram testados nas
concentrações de 100-400 ppm, em aplicação foliar, a fim de verificar sua
influência no crescimento e produção de óleos em Sálvia (Salvia officinalis).
Foram observados três categorias gerais de efeitos: (a) plantas em que havia
ligeiro ou pequeno estímulo no crescimento e produção de óleos; (b) plantas
em que havia moderada limitação no crescimento e concomitante decréscimo
na produção de óleo; e (c) plantas que tiveram o crescimento severamente
limitado e significativo decréscimo na produção de óleo. Embora tenha havido
variação nos efeitos sobre o crescimento e produção de óleos, as alterações na
composição foram uniformes (EL-KELTAWI e CROTEAU, 1987).
No Quadro 5 estão os resultados de três herbicidas. Na sálvia, os
autores (EL-KELTAWI e CROTEAU, 1987) entenderam que não houve
nenhuma correlação entre crescimento e formação de óleos essenciais. Em
estudos com o biorregulador DCPTA e o retardante de crescimento AMO 1618
houve limitação do crescimento da planta porem sem redução na produção de
óleo, e com aumento da produção. A citocinina, aumenta a produção de óleos
sem exercer efeito sensível no crescimento ou desenvolvimento. Os sítios
primários de biossíntese de monoterpenos são as glândulas epidérmicas
secretoras, estruturas completamente expostas. Essas estruturas são mais
sensíveis às aplicações foliares do que outras partes da planta (EL-KELTAWI e
CROTEAU, 1987).

137
Quadro 5 – Efeito de alguns herbicidas e substâncias reguladoras de
crescimento no crescimento das plantas de Sálvia e na
produção de óleos essenciais.

138
Continuação do Quadro 5.

Adaptado de EL-KELTAWI e CROTEAU, 1987

Adaptado de EL-KELTAWI e CROTEAU, 1987 e CARVALHO, 1999.

139
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A utilização de plantas medicinais enfrenta algumas dificuldades. A


principal é a baixa qualidade dos produtos disponíveis no mercado. As plantas
são obtidas por extrativismo ou por cultivo. No extrativismo, além de tornar as
espécies passíveis de extinção, a colheita, secagem e conservação, é feita
sem cuidado. Não é possível garantir a qualidade e eficiência da planta. Há
várias dificuldades quando a planta não é cultivada no seu ecossistema natural.
Condições de luz, temperatura e umidade inadequadas, podem
prejudicar o desenvolvimento normal das plantas. O uso de herbicidas,
fungicidas, fertilizantes químicos e a presença de poluentes como os metais
pesados, alteram o crescimento, o desenvolvimento das plantas e também a
quantidade das substâncias farmacologicamente ativas. A maioria dos
compostos são metabólitos secundários, produzidos em resposta a alguma
condição estressante. As plantas cultivadas em ambientes bem irrigados, bem
drenados, com grande disponibilidade de nutrientes minerais e luz, livres de
organismos fitopatogênicos e de herbívoros, podem não produzir os
metabólitos. É necessário conhecer as condições naturais de cada planta antes
de iniciar o cultivo.
Os terpenóides (como os óleos essenciais) são sintetizados,
principalmente em estruturas secretoras externas das plantas. Os metabólitos
secundários são afetados pela maioria das condições estressantes ou
desfavoráveis ao crescimento e desenvolvimento das plantas. Têm despertado
o interesse de muitos pesquisadores quanto a alterações na quantidade e na
composição.
Muitos terpenóides são voláteis e envolvidos na repelência, na atração
de predadores e de insetos polinizadores.

140
CAPÍTULO 8

PÓS-COLHEITA

Produtos de plantas medicinais estão sendo considerados com maior


seriedade na terapêutica. Assim o cultivo e o beneficiamento de plantas
medicinais são de importância fundamental (SILVA, 2000).
O uso de plantas medicinais pela população mundial tem sido muito
significativo nos anos recentes, conforme a Organização Mundial de Saúde
(OMS). A utilização de plantas medicinais, prática tradicional dos povos da
Terra, tem recebido incentivos da OMS. São muitos os fatores que estão
colaborando no desenvolvimento de práticas de saúde que incluam plantas
medicinais, principalmente econômicos e sociais (SILVA, 2000).
Segundo a OMS, planta medicinal é qualquer planta que possui, em
um dos seus órgãos ou em toda a planta, substâncias com propriedades
terapêuticas. As plantas medicinais são fonte importante de matéria-prima e de
substâncias úteis na indústria farmacêutica e alimentícia. Além das plantas
utilizadas pela indústria química, várias são usadas pela indústria farmacêutica
com aval do Ministério da Saúde. São utilizadas também pela indústria de chás
empacotados (SILVA, 2000).
A maioria das plantas medicinais é utilizada pelo consumidor, na forma
dessecada. O uso da maior parte destas plantas, quando feito corretamente,
não implica praticamente nenhum prejuízo ao usuário. Podem causar riscos à
saúde: as plantas mofadas, o preparo inadequado, a manutenção em
recipientes ou locais impróprios, o uso continuado sem alternar com outras
plantas (SILVA, 2000 e ANDRADE, 1999).
Por causa da crescente importância, as plantas medicinais são
demandadas cada vez mais e são alternativas de renda da família agrícola. As
plantas medicinais são tema de interesse de químicos, médicos, farmacêuticos,
biólogos, botânicos, agrônomos e agricultores, desde a produção da matéria
prima até o uso correto.

141
1 - ASPECTOS DA PÓS-COLHEITA

A matéria prima colhida no momento adequado e de forma correta,


deve ser acondicionada de modo a preservar as características. A aceleração
do processo de degradação contribui com perdas significativas de qualidade.
Portanto, deve ser transportada imediatamente ao local de comercialização de
ervas frescas ou ao local de secagem (SILVA, 2000).
Os compostos do metabolismo secundário são essenciais à vida da
planta no período pré-colheita, e na pós-colheita. Durante a pós-colheita a
síntese de muitos compostos é continuada e há degradação de outros
compostos liberando energia e precursores das reações de síntese. Várias
degradações ocorrem após a colheita, porém nem sempre são desejadas
(KAYS, 1991). A atividade fisiológica pós-colheita depende das funções
naturais de cada parte da planta e determina, a longevidade da matéria prima
durante o armazenamento (CHITARRA e CHITARRA, 1990).
As alterações químicas nas plantas estão relacionadas com oxidações
biológicas. O manejo das plantas e da matéria prima deve minimizar as
reações de oxidação e fermentações (SILVA, 2000).
A colheita interrompe o suprimento de água ao órgão vegetal, assim, a
perda de água por transpiração determinará, em grande parte, as perdas
quantitativas e qualitativas das plantas. A perda de água pode acelerar a
deterioração da planta pelo aumento das reações catabólicas, como a
degradação de clorofila (FINGER e VIEIRA, 1997).
Após colheita há basicamente: a comercialização das plantas frescas
(podem ser embaladas ou não), a extração por solventes (destilação ou outros
processos químicos visando a separação do princípio ativo das plantas) e
conservação das plantas por meio da secagem (Figura 1).

142
PLANTAS RECÉM-COLHIDAS

A qualidade pós-colheita de vegetais frescos geralmente depende de


todas qualificações alcançadas ao longo do crescimento e do desenvolvimento.
Porém são influenciadas por fatores pré-colheita resultantes da combinação de
efeitos genéticos e ambientais (WESTON e BARTH, 1996). A qualidade
alcançada pode ser mantida, com manejos adequados durante a fase pós-
colheita. É necessário conhecer o desempenho das plantas colhidas em
condições diversas: de luz, temperatura, umidade, em embalagens e na
armazenagem (SILVA, 2000).

PÓS-COLHEITA

Plantas Frescas Secagem

Restaurantes Supermercado Natural Artificial

Caseiro
Câmara Seca

Galpão
Secadores
Estufa Solar Adaptados

Figura 1 – Fluxograma geral pós-colheita.

143
Algumas espécies aromáticas e condimentares são fonte de renda
quando comercializadas frescas em feiras, supermercados e restaurantes. As
flores frescas de Tropaeolum majus são muito utilizadas como acompanhante e
como enfeite (CASTELLANI, 1997) e são compradas diretamente.
Nos tecidos vegetais há funcionamento normal de mecanismos
fisiológicos em intervalos limitados de temperatura. Os limites máximos de
temperatura são 30º e 35ºC, porém a susceptibilidade à injúria, no limite
mínimo de temperatura, é bastante variável. A atividade respiratória é reduzida
em baixas temperaturas. Dentro da variação fisiológica própria de cada
espécie, a taxa respiratória normalmente é aumentada com o incremento da
temperatura, principalmente entre 5º e 20ºC (CHITARRA e CHITARRA, 1990).
Lange e Cameron (1994), relatam que a disponibilidade é mais
duradoura quando os ramos de Ocimum basilicum são colhidos ao final da
tarde por haver redução da injúria por frio. Os autores avaliaram a conservação
pós-colheita pelo aparecimento de danos por frio, tais como necrose e
aquosidade dos tecidos, além de clorose e micélio de fungos (Figuras 2 e 3).

Adaptado de LANGE e CAMERON, 1994 e SILVA, 2000.

Figura 2 – Desenvolvimento de danos por frio em manjericão com tempo


crescente de exposição a baixas temperaturas e armazenado no
escuro.

144
Altura dos Cortes

Adaptado de LANGE e CAMERON, 1994 e SILVA, 2000.

Figura 3 – Efeito da temperatura no armazenamento de manjericão em função


da altura do corte das plantas.

Assim como diversos órgãos e espécies vegetais, a senescência dos


tecidos de manjericão decorre da oxidação de diversos compostos como
proteínas, lipídios e clorofila. O teor de clorofila (Figura 4) é utilizado no
monitoramento do processo de senescência e conservação pós-colheita
(CANTWELL e REID, 1994), assim como a injúria por frio (figura 5).
Folhas frescas de Ocimum basilicum L., armazenadas até por 8 dias à
12ºC não desenvolveram sintomas de injúria por frio. Mas à 4ºC os sintomas
apareceram após dois dias de armazenagem e aumentaram severamente com
o tempo. A 8ºC os sintomas de injúria apareceram após 4 dias de
armazenagem (MEIR, 1997).
A temperatura de armazenagem influencia no tempo de permanência
útil Ocimum basilicum, ocorrendo injúria por frio quando os ramos foram
mantidos abaixo de 5ºC (LANGE e CAMERON, 1994). O tempo de
armazenamento também pode alterar o teor de óleo essencial. Smallfield
(1994) relatam que o tempo de armazenamento reduziu tanto o teor quanto a
145
composição de óleo essencial de coentro (Coriandrum sativum), havendo
progressivo aumento dos teores de alcoóis e redução dos teores de aldeídos
(Figura 6).

Adaptado de CANTWELL e REID, 1994 e SILVA, 2000.

Figura 4 – Relação entre clorofila e respiração do manjericão armazenado.

Adaptado de CANTWELL e REID, 1994 e SILVA, 2000.

Figura 5 – Desenvolvimento de injúria por frio em manjericão.


146
Adaptado de SMALLFIELD, 1994 e SILVA, 2000.

Figura 6 – Efeito da estocagem na produção e conteúdo de óleo de folhas


cortadas de Coriandrum sativum.

PLANTAS SECAS

Os humanos pré-históricos observaram provavelmente que as


produções dos períodos de fartura poderiam ser mantidas visando os tempos
de escassez. Com o advento do fogo, surgiram os métodos de defumação. Em
seguida foi descoberto o efeito do sal na conservação. Esses métodos
utilizados até hoje, chegaram ao Brasil com os primeiros colonizadores (HSU,
1997).
A primeira máquina de desidratar frutas e vegetais por métodos
artificiais surgiu na França em 1795 e funcionava com o sistema de
aquecimento de ar com controle da temperatura (BEUER, 1976).

147
A secagem passou a ser aplicada de forma significativa na primeira
guerra mundial, em razão da necessidade de alimentos destinados a suprir as
tropas em combate. Na segunda guerra mundial, haviam nos Estados Unidos,
técnicas de secagem de 169 espécies de vegetais, destinadas a alimentar
soldados e marinheiros (CRUZ, 1990).
Nos últimos cinquenta anos, tanto na ciência quanto na tecnologia
houve pesquisas no sentido de aprimorar novos sistemas de preservação de
alimentos. Essas pesquisas tornaram viável a secagem de enorme variedade
de produtos com fins comerciais, inclusive as ervas aromáticas (SILVA, 2000).
Atualmente grande parte dos países desenvolvidos utiliza métodos
avançados de secagem possibilitando o comércio amplo por todo o planeta.

Cuidados na Fase Pré-Secagem

Alguns procedimentos básicos devem ser levados em consideração


com o propósito de obter plantas de boa qualidade, independentemente do
método de secagem.
a) Lavar previamente as plantas e retirar o excesso de terra e poeira. Esta
lavação deve ser rápida e não deve comprometer os compostos ativos das
plantas. Não é recomendável a lavação de plantas medicinais, entretanto
Costa (1996) em estudo com manjericão, observaram que a lavação com
água ou solução de hipoclorito de sódio proporcionou as melhores condições
higiênicas conforme a analise da contaminação microbiológica. Devem estar
equilibradas: a qualidade fitoterápica e a qualidade microbiológica.
b) As plantas devem ser separadas por espécie, evitando interferências na
secagem e nos compostos ativos.
c) As plantas colhidas e transportadas ao local da secagem não devem receber
raios solares, assim o transporte é imediato ao local de secagem.
d) Antes da secagem, deve haver a eliminação de elementos estranhos (pedra,
outras plantas, etc...) e partes da planta que estejam em condições
indesejáveis (descoloridas ou manchadas, prejudicadas por insetos,
danificadas, etc...).

148
e) Quando as raízes são volumosas cortar em pedaços ou fatias por facilitar a
secagem.
f) Na secagem de folhas manter os talos, pois preservam a qualidade e
facilitam o manuseio. As camadas devem ser feitas com 3 cm de folhas ou
15 a 20cm de flores e sumidades floridas (CORREA JÚNIOR, 1994).
g) O local deve ser limpo previamente com sanitizantes.

Na secagem ou desidratação os procedimentos visam à durabilidade


do fitoterápico. É fundamental evitar modificações físicas, químicas ou
microbiológicas nas plantas (BACCHI, 1996). São denominadas drogas
conforme a OMS, a parte seca da planta medicinal ou a planta toda seca.

Secagem

O consumo de plantas medicinais frescas é mais recomendável por


garantir a ação mais eficaz das propriedades terapêuticas. Mas nem sempre é
possível, e a secagem é o método de conservação mais eficiente quando bem
conduzida (MARTINS, 1994).
A secagem visa impedir a deterioração da planta ou parte e consiste na
redução do teor de água. A secagem afeta a atividade das enzimas permitindo
a conservação das plantas por maior tempo. Ao eliminar a água há aumento do
percentual de princípios ativos, em peso (SILVA, 2000).
A atividade de água (aw) afeta os fenômenos de transporte de água
nos alimentos. A atividade de água é destaque no processamento,
conservação e armazenagem. A atividade de água (aw) indica a disponibilidade
no crescimento de microrganismos e quanto a ocorrência de reações como, por
exemplo, o escurecimento, a oxidação e a hidrólise, dentre outras (JARDIM,
1987).
A secagem bem conduzida visa manter a atividade de água
estabilizada, não possibilitando condições ao desenvolvimento de
microrganismos que comprometam a qualidade da matéria prima (SILVA,
1998).

149
Na secagem, é muito importante a velocidade da retirada de água, pois
acelerar possibilita degradar os compostos ativos. A secagem não deve ser
conduzida nem muito rápida, nem muito lenta e ser iniciada no mesmo dia da
colheita (SILVA, 2000).
O equilíbrio entre temperatura, circulação e umidade relativa do ar
define a secagem. O sucesso da secagem depende da técnica utilizada ao
aumentar a capacidade higroscópica do ar, isto é, a capacidade do ar em
absorver umidade. Se a temperatura for muito baixa ou a umidade muito alta, a
secagem será lenta permitindo a proliferação de microrganismos. Se a
temperatura for muito alta dará origem a algo como “casca externa” que
impedirá a saída da umidade e causa deterioração da matéria prima (CRUZ,
1990).
São basicamente dois processos de secagem: secagem natural e
secagem artificial. Segundo Bacchi (1996), depende dos compostos ativos da
espécie o processo que pode ser utilizado.

Curvas de Secagem

No estudo da secagem de alecrim e hortelã foi verificado que a


necessidade do ajuste de equações cúbicas que representassem as curvas de
secagem do alecrim e da hortelã. As curvas de secagem das espécies foram
muito distintas (figura 7). No alecrim, com menor teor de umidade inicial, em
razão da maior quantidade de matéria seca, a secagem foi mais lenta. Na
hortelã, com maior teor de umidade no inicio, a secagem foi muito rápida.
Assim atingiram o limite máximo de umidade recomendado (10%) após 48 e 96
horas, respectivamente na hortelã e no alecrim (MARTINS, 1995).

150
Adaptado de MARTINS, 1995 e SILVA, 2000.

Figura 7 – Curvas de secagem de alecrim (Rosmarinus officinallis) e hortelã-


comum (Mentha x villosa).

Foi estudada a curva de secagem da inflorescência de artemísia,


influenciada pelo hipoclorito e o cloreto de sódio. Foi verificado que o
tratamento com hipoclorito de sódio atrasou a secagem nas primeiras horas,
em função da imersão das inflorescências na solução aquosa (Figura 8). Essa
diferença no teor de umidade foi reduzida gradativamente até o encerramento
do processo de secagem, 72h após o início. Assim, a imersão causou
pequenas alterações. No final da secagem, a umidade média foi muito próxima
entre os dois tratamentos, em torno de 20%. A umidade média foi
estatisticamente diferente. O uso de solução de hipoclorito de sódio e cloreto
de sódio comercial, caso promova redução da carga microbiana nas
inflorescências, pode ser muito satisfatório, pois o processo de secagem é
pouco afetado. O processo de secagem estudado é satisfatório na secagem de
plantas, medicinais aromáticas, em pequena escala, pois a qualidade não tem
alterações de cor e aroma (FIGUEIREDO, 1995).

151
Adaptado de FIGUEIREDO, 1995 e SILVA, 2000.

Figura 8 – Curvas de secagem de inflorescências de Tanacetum parthenium


tratadas com hipoclorito de sódio.

MÉTODOS DE SECAGEM, ARMAZENAMENTO, TEMPERATURA

Os métodos de secagem e armazenamento devem preservar as


plantas medicinais quanto a integridade, mantendo a qualidade pós colheita. As
perdas do aroma de alguns produtos, podem resultar do manejo inadequado de
secagem (SILVA, 2000).
Foram estudados os efeitos dos métodos de secagem, armazenamento
e temperatura sobre a qualidade do aneto (Anethum graveolens L.). Foi
verificado que as isotermas de absorção foram similares, no método com ar
quente (35-75ºC), assim como, quando as plantas foram secadas, congeladas
rapidamente e embaladas à vácuo (Figura 9). A capacidade da água nas
plantas de aneto secas com ar quente foi maior na desadsorção comparada a

152
adsorção das plantas congeladas rapidamente e embaladas à vácuo
(PÄÄKKÖNEN, 1989),

Adaptado de Pääkkönen, 1989 e SILVA, 2000.

Figura 9 – Isotermas de sorção da secagem pelo congelamento e secagem


pelo ar do aneto (Anethum graveolens L.) à 23ºC.

153
O método de secagem não causou efeito sobre a umidade do aneto
durante o armazenamento. A retenção da cor foi analisada após três e nove
meses. As cores iniciais de armazenamento do produto constam do Quadro 1.

Quadro 1 – Efeito do tempo de armazenamento (3 e 9 meses), da exposição à


luz e da temperatura na cor do aneto (Anethum graveolens L.)
processado.

Adaptado de PÄÄKKÖNEN, 1989 e SILVA, 2000.

Nas plantas congeladas e armazenadas à vácuo houve intensa cor


verde e mais acentuada, comparada com a amostra seca de ar quente. Após
nove meses de armazenamento, na presença de luz ou temperatura elevada,
na cor das plantas congeladas houve poucas mudanças. O processo de
secagem ao ar quente afetou substancialmente as plantas, mais do que as
condições de armazenamento. O resultado do aroma e do sabor nos dois
tratamentos foi avaliado após oito meses de armazenamento. As amostras
foram mantidas em potes de vidros. Os resultados indicam que o aroma e
sabor do aneto seco com ar quente, após processamento, foram
significativamente menores do que o aneto congelado. Diferença similar no
aroma e no sabor foi mostrada após oito meses. (PÄÄKKÖNEN, 1989).

154
Foi relatado que o total de compostos voláteis no aneto fresco diminui
drasticamente após a secagem. No aneto congelado rapidamente e embalado
à vácuo houve mais compostos voláteis comparado ao aneto seco com ar
quente. A diferença no aroma e no sabor, pela avaliação sensorial, foi
intensificada na secagem com ar quente e não foi significativa no aneto
congelado. A avaliação sensorial no aneto congelado revelou significativa
mudança na qualidade do produto (HUOPALAHTI, 1985). Quando
armazenadas à 23ºC as plantas congeladas mantiveram o aroma e o sabor
(Figura 10).
Após seis e doze meses armazenadas houve intensificação no sabor e
no aroma em plantas com embalagens à vácuo e foram significativamente
maiores do que as plantas armazenadas nos potes de vidro ou embalagem de
papel. À 35ºC, o aroma e o sabor foram reduzidos após três meses de
armazenamento, e decresceram independente da embalagem. As avaliações
após três, seis e doze meses de armazenamento mostraram que a embalagem
e a temperatura de armazenamento não causaram efeito significativo no aroma
e no sabor das plantas de aneto secas com ar quente. As condições de
armazenamento foram importantes nas plantas congeladas de aneto e os
efeitos dos processos de deterioração não foram notados após um ano de
armazenamento. Após três anos de armazenamento nos potes de vidro, o
aroma e o sabor foram fracamente diminuídos no aneto congelado. No aneto
seco com ar quente, a resposta foi bastante diferente. Houve intenso aroma e
sabor após um ano de armazenamento (HUOPALAHTI, 1985). Essa
intensidade de aroma e sabor foi mantida após dois anos (Figura 10).

155
Adaptado de HUOPALAHTI, 1985 e SILVA, 2000.

Figura 10 – Odor e sabor de aneto seco por congelamento e seco com ar


imediatamente após processamento e após 12 e 24 meses de
armazenamento em vasilhames de vidro. Médias de 12 dados.
Média dentro ● ou ▲ seguidos pela mesma letra são significativas
a 1% pelo teste de Tukey. 0 = fraca intensidade, 100 = forte
intensidade.

156
O aneto congelado rápido e embalado à vácuo é melhor preservado
em potes de vidro ou sacos de papel. A temperatura no ambiente de
armazenamento intensificou o aroma e o sabor. O armazenamento a 35ºC
reduziu fortemente a intensidade do aroma e do sabor destas plantas
(HUOPALAHTI, 1985). A embalagem não causou efeito significativo, na
qualidade nas plantas após secagem com ar quente.
O mesmo estudo foi realizado em Saturaja hortensis L., cuja folhas e
flores secas são utilizadas na culinária pelas qualidades aromáticas. O aroma é
dado pelo carvacol (30-45%), e outros compostos tais como: a-pinene (7-8%),
p-cymene (30%), dipentene, timol, borneol, 1-linalool, terpineol e 1-carione. As
amostras foram secas por meio de dois métodos. No primeiro, após a colheita,
as plantas foram imediatamente secas por 24h pelo método convencional de
secagem com ar seco em tubos com cloreto de lítio à 35-37ºC. No segundo
método, as amostras foram secas por 12hs e congeladas, em seguida foram
armazenadas à 20ºC aproximadamente. A coloração, nos dois métodos de
secagem, após três e nove meses de armazenamento foi verde amarronzada
(Quadro 2) (PÄÄKKÖNEN, 1989).

Quadro 2 – Dados obtidos na escala do Atlas (1969) referentes a cor, em


Saturaja hortensis L. submetida ao armazenamento, temperatura,
luminosidade e dois métodos de secagem.

Adaptado de PÄÄKKÖNEN, 1989 e SILVA, 2000.


157
Após nove meses de armazenamento, a intensidade e a cor das
plantas do segundo método foi pouco diferente da cor original. A coloração das
amostras secas pelo primeiro método, após nove meses de armazenamento,
foi inalterada. A intensidade do aroma e do sabor das plantas secas pelo
método convencional foi mais significativa do que as plantas do segundo
método. Quanto aos sistemas de armazenamento-embalagem, após oito
meses, nos potes de vidro a intensidade do aroma foi significativamente maior
nas plantas secas pelo segundo método. O aroma e o sabor das plantas
congeladas e armazenadas em vidro foram pouco reduzidas durante o período
de oito meses. Após seis meses de armazenamento não houve diferenças
estatísticas no aroma e no sabor das plantas congeladas. A intensidade de
sabor e de aroma das plantas congeladas foi significativamente maior
(PÄÄKKÖNEN, 1989).
Foi mostrado que o método de embalagem não teve efeito sobre a
qualidade do produto seco ao ar (método convencional). Nas amostras
armazenadas à 35º C, em embalagem à vácuo, no pote de vidro, após nove
meses de armazenamento, a intensidade do aroma e sabor das amostras
congeladas foi significativamente maior quando armazenadas à 23ºC em potes
de vidro e à 35ºC nas embalagens de papel. O método de embalagem afeta a
intensidade do aroma e sabor das plantas congeladas mais do que o
armazenamento e a temperatura (PÄÄKKÖNEN, 1989),
Nas plantas secas pelo método convencional, os sistemas de
armazenamento, temperatura e embalagem não tiveram efeitos significativos
sobre o aroma e o sabor. Após doze meses a intensidade do aroma e do sabor
foi significativamente maior nas plantas congeladas do que nas amostras
estocadas em vidro, em papel. Foi concluído que as plantas congeladas
rapidamente e embaladas à vácuo foram responsivas ao armazenamento em
condições ambiente e perderam compostos voláteis. O método de embalagem
não foi significativo quanto ao aroma e o sabor das plantas secas pelo método
convencional durante um ano de armazenamento (SILVA, 2000).

158
Efeitos da secagem sobre o conteúdo de compostos voláteis

A secagem visa a preservação da qualidade e a comercialização com


todo o seu poder terapêutico. Envolve monitoramento de temperatura e
cuidados especiais. Assim a secagem inadequada causa perdas do composto
ativo, principalmente das plantas aromáticas. Há mudanças nos componentes
do aroma durante a secagem, independente dos métodos (SILVA, 2000).
Do total de compostos voláteis do aneto, 1,7 a 3,9 vezes são reduzidos
quando é feito o congelamento das plantas, e 6,7 a 11,2 vezes são reduzidos
quando o tratamento é com secagem via ar (HUOPALAHTI, 1985). A redução
total de óleo essencial do manjericão é 37 a 45% e de manjerona é 23 a 33%
(NYKÄNEM E NYKÄNEM, 1987). Entretanto na manjerona o conteúdo de
óleos, tanto nas plantas secas como nas frescas, foi similar. Houve diferenças
significativas entre métodos de secagem, no aroma e no sabor de aneto seco,
bem como, redução no aroma e sabor de salsa e folhas de louro
(PÄÄKKÖNEN, 1989).
O efeito da secagem e armazenamento (três, seis e sete meses) sobre
óleo essencial de manjericão foi pesquisado por Nykänem e Nykänem (1987).
Foi constatada a redução na concentração de muitos componentes durante o
período de armazenamento do produto (SILVA, 2000).
Os compostos voláteis são muito sensíveis a secagem. As folhas
verdes de framboesa secadas em estufa, congeladas rapidamente e
embaladas à vácuo, tiveram redução no total do conteúdo de voláteis quando
comparadas às folhas frescas congeladas (KIRSI, 1989).
Perdas nos componentes voláteis também são detectadas em raízes.
Em cenouras secas com ar quente a perda foi 75% por secagem (KAMINSK,
1986). No congelamento à vácuo a perda foi 69% e por secagem em
microondas foi 84%. No tomilho, os métodos de secagem em estufa, secagem
com congelamento e microondas não afetaram a composição do óleo. Vários
dos componentes deste óleo foram perdidos conforme o perfil cromatográfico
do composto timol, de maior expressão (KOLLER, 1995). As mudanças no

159
aroma e na concentração dos constituintes voláteis durante a secagem são
frequentemente desconsiderados (SILVA, 2000).
Foram compararados métodos de isolamento de compostos voláteis de
vários sistemas e concluído que HS (headspace), ou sistema do “Efluente
Principal”, é muito dependente da volatilização dos componentes aromáticos,
enquanto “Destilações Simultâneas com Solvente” (SDE) tem demonstrado
bons resultados na determinação do conteúdo de óleo essencial. As análises
de HS-GC podem ser mais correlacionadas com análise sensorial do que as
análises de GC dos aromas concentrados por destilação e extração por
solvente. O método HS detecta a mudança na composição do aroma na fase
vapor e pode ser melhor correlacionado com a avaliação sensorial (LEATHY E
REINECCIUS, 1984). Em geral, ao utilizar HS são determinados mais
compostos do que com destilação e extração. Os sistemas de avaliação não
permitem uniformidade satisfatória, e mais pesquisas devem ser feitas nesta
área (JENNINGS E FILSOOF, 1977).
Foram identificados cerca de 100 compostos voláteis pelos métodos
SDE e HS (Efluente Principal) em tomilho e sálvia. Os compostos que foram
identificados são: cis-hex-3-en-1-ol, tricicleno, α-Thujeno, α-Pineno, Canfeno,
Sabineno, oct-1-em-3-ol, β-Pineno, Mirceno, Octan-3-ol, α-Felandreno, δ-3-
Carene, α-Terpineno, ρ-Cimeno, Limoneno, β-Felandreno, 1,8-Cineole, cis-β-
Ocimeno, trans-β-Ocimeno, γ-Terpineno, trans-Sabineno hifrato, Terminoleno,
Linalol, α-Thujona, cis-Sabineno hifrato, β-Tujona, Cânfora, Isopulegol,
Mentona, Isoborneol, Isomentona, Borneol, Terpinen-4-ol, p-Cimen-8-ol, α-
Terpineol, cis-Dihidrocarvone, Metilchavicol, Citronelol, Nerol, Timol metil éter,
Neral, Carvone, Carvacrol metil éter, Geraniol, Linalil acetato, Geranial, Bornil
acetato, Isobornil acetato, Timol, Carvacrol, Timol acetado, Eugenol, Geranil
acetato, β-Elemeno, β-Cariofileno, α-Ionone, [cis]-α-trans-Bergamoteno, α-
Humuleno, allo-Arpmadendreno, γ-Muroleno, Germacreno D, β-Ionone, α-
Muroleno, β-Bisaboleno, γ-Cadineno, δ-Cadineno, cis-Nerolidol, trans-
Calameneno, trans-Nerolidol, Cariofileno óxido, Viridiflorol, γ-Eudesmol, T-
Cadinol, Farnesol (VENSKUTONIS, 1996).

160
A concentração destes constituintes no tomilho, consta no Quadro 3 e
em sálvia no quadro 4. Os resultados das análises em HS (Efluente Principal)
mostram influência da secagem nos constituintes aromáticos (Quadro 3 e 4).

Quadro 3 – Composição (em unidades arbitrárias) dos constituintes principais


do Tomilho em extratos (SDE) e efluente principal (HS).

*Seco por congelamento


Adaptado de VENSKUTONIS, 1996 e SILVA, 2000.

161
Quadro 4 – Composição (em unidades arbitrárias) dos constituintes principais
da Sálvia em extratos (SDE) e efluente principal (head space, HS).

*Seco por congelamento


Adaptado de VENSKUTONIS, 1996 e SILVA, 2000.

O total de compostos de sálvia fresca foi maior, diminuiu nas plantas


secas-congeladas e diminuiu mais ainda nas plantas secas em forno. No caso
da secagem em estufa, os resultados foram comparados em ambas
temperaturas. O total do conteúdo em HS foi 4,6 vezes menor na secagem a
30ºC e 3,7 vezes menor na secagem à 60ºC em comparação com a planta
fresca. As mudanças individuais dos constituintes conforme o HS foram
similares em todas amostras com poucas exceções. A concentração dos
compostos da sálvia e do tomilho na secagem, aumentou à 60ºC e no

162
congelamento. Os picos de tomilho no SDE-GC não foram todos detectados e
apenas alguns foram demonstrados. A sálvia foi avaliada por SDE. Outros
trabalhos mostraram que no HS do tomilho ocorreram maiores concentrações
de compostos na secagem em estufa à 60ºC. Na sálvia a maior concentração
foi nas plantas secas-congeladas. Estes constituintes poderiam ser produtos
voláteis sensíveis à temperatura ou ocorreu degradação enzimática durante a
secagem (VENSKUTONIS, 1996).
Houve mudanças no conteúdo total de compostos voláteis pelo método
SDE (Figura 11). Houve influência da secagem em forno sobre o total de
constituintes isolados por SDE sendo similar na sálvia e tomilho
(VENSKUTONIS, 1996).

163
Adaptado de VENSKUTONIS, 1996 e SILVA, 2000.

Figura 11 – Alterações em unidades arbitrárias (u.a.) no conteúdo total dos


constituintes voláteis em tomilho e sálvia durante a secagem. (1)
constituintes isolados pelo SDE (Extração com destilação e
solvente); (2) constituintes isolados pela dinâmica do HS (Head
space), ou Sistema de Efluentes Principais.

164
Os compostos voláteis foram determinados nas plantas frescas e
secas, em forno à 60ºC, havendo redução de 31% na sálvia seca em forno
quando comparada com as plantas frescas. O total de compostos voláteis
isolados por SDE em plantas secas-congeladas de sálvia não mudou,
comparado às plantas frescas. O tomilho teve aumento de 20%, no seu
principal componente que é o timol. A porcentagem da concentração de alguns
constituintes voláteis de tomiho e sálvia teve coeficientes de eficiência
determinados e constam do Quadro 5. É interessante notar que em alguns
compostos, os coeficientes são diferentes no tomilho e na sálvia. O coeficiente
de eficiência é calculado com base em plantas secas. As mudanças no
coeficiente de tomilho e sálvia durante a secagem são mostrados na Figura 11.
O efeito da secagem à 30ºC e da secagem com congelamento das
plantas sobre o conteúdo de compostos voláteis isolados por SDE não foi
significativo. As perdas à 60ºC foram 43% no tomilho, e 31% na sálvia. As
mudanças nas concentrações dos componentes voláteis no HS diferiram
significativamente no tomilho e sálvia e foram dependentes do método de
secagem. A extensa relação de voláteis do tomilho seco à 60ºC indica que a
estrutura biológica das glândulas de óleo na planta são fortemente afetadas. A
porcentagem do conteúdo individual dos compostos no HS e SDE pode revelar
mudanças de equilíbrio entre o conteúdo relativo de compostos voláteis e o
óleo essencial volatilizado no HS (VENSKUTONIS, 1996).

165
Quadro 5 – Porcentagem de compostos voláteis e seus coeficientes de
eficiência (C0) em Tomilho e Sálvia recém-colhidos.

Adaptado de VENSKUTONIS, 1996 e SILVA, 2000.

Radiação, secagem e contaminação microbiológica

Após a secagem de plantas medicinais ocorre contaminação por


microrganismos. Diversos métodos são empregados na descontaminação
incluindo a radiação. A OMS define a tecnologia da radiação como exposição
do alimento a energia de radiação emitida por fonte radioativa. Desde 1976, em
condições específicas e com restrições, o processo de radiação é considerado
pela OMS adequado e seguro (SILVA, 2000).
Embora a radiação de alimentos seja regulamentada em muitos países,
várias barreiras permanecem e impedem a utilização em escala comercial
maior. Essas barreiras não são de natureza científica ou técnica mas estão
relacionadas com o custo e, principalmente, à aceitação pelo consumidor. A

166
radiação de interesse primário pela indústria de alimentos é a radiação
eletromagnética (SILVA, 2000).
O espectro de energia eletromagnética abrange larga faixa de radiação
desde ondas de rádio, sem efeito biológico detectável, até raios cósmicos. A
energia é veiculada e ondas agem como se fossem produzidas e enviadas em
discretas quantidades de energia denominada quanta. A energia depende da
frequencia da radiação e quanto maior a frequencia da radiação, maior o
conteúdo de energia e menor o comprimento de onda. A radiação de alimentos
possibilita produtos livres de insetos, reduz ou elimina a contaminação
bacteriana ou fúngica, assim, pode reduzir a deterioração fisiológica. O efeito
das radiações ionizantes sobre microrganismos é dependente do meio de
suspensão, temperatura, atividade de água, atmosfera, estágio de
desenvolvimento e injúria fisiológica (SILVA, 2000).
Nas indústrias, a irradiação é usada como método de esterilização de
plantas medicinais. Há três classes de radiação iônica: eletromagnética (raios
gama e raios X) e partículas (raios betas). A radiação tem efeito biológico
durante o processamento. Tem efeito direto nos eventos químicos como
resultado da energia depositada. Tem efeito indireto pelas consequências da
reatividade, na difusibilidade e nos radicais livres formados. Trabalhos
científicos citam a irradiação das plantas medicinais como ideal na esterilização
bacteriológica. Mudanças nas doses de radiação tem sido adotadas no
tratamento de plantas, assim 10KGy (1Gray representa a absorção de 1
Jaule/Kilo) tem sido usado na destruição de esporos e bactérias e 5KGy
promove suficiente esterilização (SILVA, 2000).
Bachman e Witkowski (1978) detectaram fraca modificação na
composição volátil de manjerona, após a irradiação. Jaddou e Al-Hakim (1978)
mostraram que houve aumento na quantidade de ácido graxo com uso de
irradiação sem modificar o sabor. A irradiação de plantas medicinais incluindo o
tomilho com doses de 50KGy, não causou modificação perceptível nos
compostos voláteis. O mesmo ocorreu na composição química e organoléptica
de paprika após irradiação de 16KGy. O efeito não significativo da irradiação
sobre a composição química das plantas secas pode ser pelo baixo conteúdo

167
de água, limitando as possibilidades na formação de radicais livres. Entretanto,
algumas mudanças no sabor, assim como o aumento na concentração de
aroma dos compostos de pimenta, foi demonstrado nas doses acima de
100KGy.
Venskutonis (1996) comprovou a influencia da secagem e da irradiação
sobre a composição de compostos voláteis de tomilho. Entre os 70
constituintes foram identificados 53. As análises estatísticas evidenciaram
mudanças durante a secagem, irradiação e armazenamento das folhas de
tomilho (Quadro 6). Em decorrência da irradiação, alguns constituintes são
afetados pela secagem e armazenamento. A redução no conteúdo dos
constituintes após secagem foi 1-3% e não diferiu entre os dois métodos de
secagem.

Quadro 6 – Valores P (parâmetro estatístico) da probabilidade de mudança de


compostos de aroma do tomilho durante a secagem e irradiação.

Adaptado de VENSKUTONIS, 1996 e SILVA, 2000.

168
Foi utilizada a irradiação nas folhas de manjericão em duas doses de
raios gama com microondas e verificado 47 picos por meio da cromatografia. O
linalol e estragol tiveram aumento com a radiação gama e com microondas. A
composição do óleo essencial foi diferente, exceto em alguns compostos e em
quantidades menores. A radiação gama causou evidentes mudanças na
composição do óleo (ANTONELLI, 1998).
O tratamento de esterilização com radiação mudou o perfil dos
constituintes do óleo essencial de manjericão, discordando de trabalhos
publicados e mostrando a necessidade de mais pesquisas. Foi relatado que
estes tratamentos podem afetar a saúde humana, pois as características
originais do produto são alteradas. O método tem sido aceito por prevenir a
esporulação de microrganismos (SILVA, 2000).
Contudo estes métodos são recentes e deve ser pesquisada a
influência da irradiação sobre as plantas medicinais.

Secagem Natural

A secagem natural é lenta, deve ser conduzida à sombra, em local


ventilado, sem poeira e sem a presença de insetos. A secagem natural é
recomendada em regiões que tenham condições climáticas favoráveis,
relacionadas a ventilação, umidade relativa e temperatura (MARTINS, 1994).
Se o ar está bastante seco a secagem será rápida. Se o ar está úmido, como
acontece após a chuva, a secagem será lenta, as plantas podem ficar mofadas
e impróprias ao consumo (SANTOS e MARTINS, 1995). Há vários métodos de
secagem natural, alguns são destaque.

 Secagem doméstica

A secagem doméstica é usual em pequenas quantidades de plantas,


geralmente produzidas em horta caseira. Este método consiste basicamente
em colocar os ramos cortados pendurados em local sombreado (GIACOMETTI,
1989). Entretanto é necessário o conhecimento de particularidades da espécie
a ser seca. No manjericão, por exemplo, as folhas são desprendidas do galho

169
após a secagem. Neste caso, é utilizado algum saco de papel envolvendo os
ramos da planta. É também usado o saco de papel com plantas nos estrados,
peneiras grandes, bandejas com fundo telado, dentre outros recursos (SILVA,
2000).

 Secagem ao sol

É aplicável em regiões com dias consecutivos de sol e com a média de


35 a 40ºC, desde que haja baixa umidade relativa do ar e baixo índice de
poluição (CRUZ, 1990). A vantagem deste método é o custo baixo, mas é
demorado. Em média são quatro a cinco dias, dependendo da planta ou órgão.
As condições sanitárias devem ser cuidadosamente observadas visando atingir
o padrão mínimo. As baixas condições sanitárias causam perdas no preço do
produto, assim como a aparência visual pode não atender aos padrões do
consumidor. Neste método pode ser usado desde lonas plásticas estendidas
no chão, até bandejas e equipamentos que proporcionem melhores condições
ao produto (SILVA, 2000).
O modelo de secagem ao sol ou sombra em bandejas pode ser
utilizado tanto na secagem ao sol, como na secagem caseira e dentro de
galpões. Este sistema oferece proteção às plantas, o que proporciona melhores
condições higiênicas (CRUZ, 1990).
Outra possibilidade é secagem em bandejas teladas, dispostas como
gaveteiro, construído sobre roldanas que facilitam o deslocamento
(MAGALHÃES, 1997). Este sistema pode ser utilizado tanto ao sol quanto à
sombra (SILVA, 2000).
A velocidade de secagem depende da ventilação, umidade relativa e
temperatura. Sendo assim, quando alguma das condições climáticas for
desfavorável, a secagem é muito lenta e há perdas na qualidade. A secagem
natural só é viável em regiões de baixa umidade relativa e em 50% de umidade
relativa é eficiente (MARTINS, 1994).
Alguns secadores solares são equipados com ventilador que mantém o
ar em circulação, agilizando o tempo de secagem. O método funciona à partir
do sistema de aquecimento de ar acoplado em compartimentos fechados,

170
munidos de duas aberturas. A primeira abertura é na parte inferior, por onde
penetra o ar aquecido. A segunda é na parte superior, onde o ar deverá sair.
Nesse percurso o ar aquecido leva calor e retira a água que evaporou devido
ao aumento de temperatura. Neste processo o ambiente é quente e seco. A
desvantagem do sistema é ser lento e depender das condições climáticas.
A estufa solar é considerada secador eficaz e de fácil construção,
funciona muito bem com presença e ação de raios solares. Pode ser construída
em bambu ou madeira, revestida de plástico, com tela fina na portinhola. É
coberta com sombrite que evita incidência direta dos raios solares. Dentro da
estufa, sobre a bandeja de tela plástica, as plantas são colocadas. Durante o
dia a estufa deve ir ao sol e a noite deve ficar em local coberto.
Avaliando dois métodos de secagem e duas épocas de coleta de assa-
peixe, não foram encontradas diferenças significativas entre o uso da estufa
solar e a câmara seca, quanto ao padrão microbiológico (Quadro 7) (COSTA,
1999).

Quadro 7 – Cargas fúngicas totais médias, em UFC/G (Unidades Formadoras


de Colônias/g) da droga de Assa-peixe, obtida após lavação e
secagem em estufa solar e Câmara.

As médias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem pelo teste de
Tukey a 5%.
Adaptado de COSTA, 1999 e SILVA, 2000.

171
Nos últimos anos a demanda por plantas medicinais aumentou. Alguns
países e a Argentina cultivam menta, sálvia e camomila em escala comercial.
Nestes países tanto o cultivo como a colheita são totalmente mecanizados. Por
serem produtos perecíveis, a secagem deve ser imediata visando manter a
qualidade do produto. Geralmente entram na secagem a 30/50ºC com 85% de
água, chegando ao final com 11%. Boa alternativa é fazer coincidir as épocas
de colheita com períodos de insolação e utilizar a energia solar como fonte de
calor (COSTA, 1999).
Foram realizados alguns estudos no Instituto de Agricultura e
Engenharia da Universidade de Honhenheim, visando a construção do sistema
de secagem solar de baixo custo e comercial (MULLER, (S.D)). A estrutura foi
montada em ferro galvanizando retangular, resistente aos ventos e à neve, com
15m nas laterais por 4,4m de altura. A altura é dependente do número de
segmentos. A água é retirada ao longo das partes laterais aproveitando a maior
extensão e maior insolação durante o dia. O ar quente passa pela cobertura da
estufa com algumas modificações. Foram montados perfis de PVC (cloreto de
polivinil) sobre os quais foram instalados duas capas suplementares. A primeira
é preta, absorve 97% da radiação solar. A segunda funciona como bolha de ar
visando reduzir o calor. A capa adicional pode ser removida facilmente e a
estufa é usada na sua função original. Na parte nordeste e sudeste da
cobertura o ar é quente. A cobertura foi feita pelo lado sudeste (Figura 12). A
altura do ar quente atinge 17m e corresponde à área utilizável de 34 m 2 de ar
quente. A secagem das plantas é separada, em quadras com 5 m de largura
por 2m de lateral e 1,2m de altura. As plantas são dispersas sobre o piso de
azulejo. O piso é fixado a 0,5m sobre o concreto formando pequenos
compartimentos. Deve ser mantida a uniformidade e a distribuição de ar no
piso (SILVA, 2000).
A Figura 13 ilustra a radiação no nível horizontal e também no sudeste
e nordeste. A energia instalada na face sul da cobertura foi 7,1 KWh/m 2d, a
face norte recebeu 68% deste valor. Pela manhã e à tarde, a radiação em
ambas as partes da cobertura foi a mesma. A face norte do ar quente contribui

172
consideravelmente no calor do ar de secagem durante as horas de baixa
radiação solar (SILVA, 2000).

Adaptado de SILVA, 2000.

Figura 12 – Secador solar tipo estufa.

Adaptado de SILVA, 2000.

Figura 13 – Radiação, em função da hora do dia, da cobertura em suas faces


norte e sul, assim como, na superfície horizontal da cobertura.

173
A velocidade de secagem do ar foi 0,1m/s de acordo com a taxa do
fluxo de ar de 3300m3/hr, por unidade. O total da pressão de vapor mudou, 50
a 100 Pa como na Figura 14. A pressão de vapor do ar quente decresceu na
proporção inversa da temperatura devido a correlação entre resistência do ar e
a expansão térmica do filme plástico e do ar quente. Durante a noite, o fluxo de
ar foi reduzido em 10% devido ao aumento da resistência do ar quente (SILVA,
2000).

Figura 14 – Pressão total e pressões parciais, em função da hora do dia, do


aquecedor de ar, do tubo de ar e do conjunto.

Na secagem à 40ºC é utilizado um ventilador adicional na operação. A


temperatura de secagem do ar é consideravelmente influenciada pela
circulação de ar como indica a Figura 15. Com total circulação de ar, a lateral
da parede com ventilação é completamente fechada e o ar atinge 60ºC. Isto
corresponde ao máximo de diferença na temperatura do ar de secagem e o
ambiente de 12K e 30K, respectivamente. Devido ao calor de armazenamento
no piso de concreto, a temperatura dentro da casa é 0,5k, aumentada durante
a noite (Figura 16).

174
O aumento da temperatura devido ao aquecimento pelo sol, diminui a
umidade do ar de secagem aproximadamente 20% em relação ao ambiente.
No começo da secagem, no segundo dia de secagem da menta, a mistura
decresce rapidamente, causando aumento da saturação do ar de exaustão.
Inicialmente a quantidade de água absorvida do ar de secagem foi 5g/kg de ar
seco. Durante a secagem este valor é continuamente decrescido com
saturação do ar na exaustão.

Adaptado de SILVA, 2000.

Figura 15 – Influência da circulação de ar no diferencial de temperatura de


secagem, em função da hora do dia.

175
Adaptado de SILVA, 2000.
Figura 16 – Diferencial da temperatura de secagem do ar e do ambiente em
função da hora do dia.

A secagem típica é exemplificada com a sálvia (Figura 17). Na


secagem de 1200Kg de planta, a sálvia entra no processo com 62% e ao final
de três dias possui 11% do conteúdo inicial. A taxa de secagem dos talos é
menor do que das folhas. Devido a diferença na taxa de secagem, deve haver
a mistura balanceada entre talos e folhas.

Adaptado de SILVA, 2000.


Figura 17 – Evolução da umidade de galhos e folhas da sálvia em função do
período do dia.
176
A secagem convencional foi realizada como referência da secagem
solar. O decréscimo no conteúdo de menta é mostrado na Figura 18.
Devido ao aumento de 40ºC a 45ºC, a taxa de secagem foi forçada
durante o período de aquecimento causando o consumo de energia de 0,51
combustível/Kg de planta. Em quatro dias foi concluída a secagem em ambos
sistemas. Simplificando o manuseio das plantas, a carga foi limitada a 250 Kg
(Quadro 8). A capacidade básica da estufa é suficiente e seca 0,67 ha/dia. O
resultado do consumo de energia depende da espécie. Na menta foi gasto
0,27KWh/Kg evaporado de água e 0,93KWh/Kg de planta. Foi calculado o
consumo de energia de 0,1KWh/Kg de água evaporada e 0,3KWh/Kg de planta
seca.

Adaptado de SILVA, 2000.

Figura 18 – Evolução da umidade da hortelã no secador com fonte de calor


combustível e no secador solar, em função da hora do dia.

177
Quadro 8 – Capacidade e consumo de energia de hortelã, sálvia e ópio.

Adaptado de MULLER (SD) e SILVA, 2000.

Quanto à qualidade do produto, a percentagem de compostos ativos e


a cor das plantas foram semelhantes (Quadro 9). O conteúdo de óleo de menta
na secagem solar, foi 3,5ml/100g peso seco, isto equivale à 40% a mais do que
na secagem tradicional. O conteúdo de clorofila e carotenóides confirmou a
percepção visual de que em estufa solar a menta após a secagem intensifica a
sua coloração. Comparado ao método convencional de secagem da sálvia, o
conteúdo de óleo foi aumentado em 25%.

178
Quadro 9 – Percentagem de componentes ativos de sálvia, menta e ópio do
secador convencional e do secador solar.

Adaptado de MULLER (SD) e SILVA, 2000.

Foi concluído que durante um ano de teste, a estufa solar provou ser
eficiente na secagem de hortelã e sálvia. O aquecimento do ar de secagem
pela energia solar, aumentou a qualidade das plantas, intensificando a
coloração e o conteúdo de compostos ativos (MULLER, SD). A capacidade do
sistema é eficiente por facilitar a secagem na propriedade e utilizar este espaço
com outros fins após o período de secagem. Pesquisas devem ser feitas
visando otimizar a estufa solar, o aumento da qualidade das plantas e o baixo
custo de energia (SILVA, 2000).

179
Secagem Artificial

O desenvolvimento de métodos modernos de processamento e


preservação de plantas medicinais ajudam a manter a qualidade por longo
tempo (PALEVITCH, 1991). O beneficiamento das plantas medicinais varia de
acordo com a forma de comercialização. A grande maioria das plantas,
entretanto, é comercializada na forma dessecada simplesmente (SILVA, 2000).
A secagem artificial é fundamentada no aumento da capacidade do ar
de retirar a umidade das plantas. Assim, são utilizados métodos que aumentam
a temperatura e fazem ventilação ou simplesmente reduzem a umidade
(MARTINS, 1994).
A temperatura de secagem de sumidades floridas varia entre 20 e
40ºC. Temperaturas acima de 45ºC danificam os órgãos vegetais, pois causam
cocção das plantas. A secagem é superficial e internamente a planta continua
seu processo metabólico acelerado, apesar de inativarem maior quantidade de
enzimas. Há perda significativa na qualidade dessas plantas em cascas e
raízes a 60-70ºC (MARTINS, 1994).
Diversos tipos de secadores podem ser adaptados à secagem de
plantas medicinais. O principal cuidado nesta adaptação é controlar a
temperatura. Não pode ultrapassar o máximo tolerado em cada tipo de planta.
Não deve ocorrer infiltração de fumaça no local de secagem. Não comprometer
a qualidade das plantas, quando usar alguma fonte externa de calor como
fornalha (SILVA, 2000).
A técnica usada na inativação de enzimas é o choque térmico e
consiste em expor a planta a ser seca à altas temperaturas (100ºC ou acima),
por poucos segundos. Em razão dos custos é pouco provável que o produtor
comum faça uso deste processo (MONTANARI, 1996).
Na secagem artificial, com fins comerciais, basicamente dois tipos de
secadores são empregados: os secadores com temperatura e umidade
controlada e os secadores especiais.
Os secadores tradicionais são galpões onde o aquecimento do ar pode
ser feito de diversas maneiras. O mais usual é aquecer o ar numa fornalha

180
externa e canalizar o ar quente através de tubulação até o interior do secador.
O monitoramento da temperatura e da umidade é feito pelo termômetro e pelo
higrômetro localizados no centro do galpão. Assim há o controle da entrada e
da saída do ar quente e úmido. Dentro do galpão deve haver estrutura de
madeira ou de metal onde são colocadas as plantas em feixes ou bandejas
(SILVA, 2000).
Outro sistema de secagem bastante interessante e muito utilizado
antigamente na Europa, em particular na França, associa a técnica da sala de
secagem ao sistema de secagem ao sol (Figura 19). No galpão é colocada
uma grade horizontal com pequena distância do piso. Do lado de fora do
galpão, no mesmo nível dessa grade são instaladas placas de zinco ou de
alumínio que absorvem o calor do sol e aquecem o ar que passa debaixo da
grade e envolve as plantas distribuídas sobre a grade (CRUZ, 1990).
Outra experiência é operar o secador com ar aquecido por resistências
elétricas. O ar aquecido é insuflado na parte inferior do secador, formando fluxo
ascendente, e passa pela tela de inox, onde as plantas serão distribuídas. A
lona que cobre a parte superior do secador, tem função de melhorar a
distribuição do ar de secagem. O sistema de prateleiras funciona de modo
similar e possibilita a secagem de algumas espécies simultaneamente
(MAGALHÃES, 1997).

Adaptado de SILVA, 2000.


Figura 19 – Sistema que associa a técnica da sala de secagem ao sistema de
secagem solar.

181
O uso do desumidificador de ar na secagem de plantas medicinais é
bastante viável. Foi experimentado nas instalações do Grupo Entre Folhas em
Viçosa/MG. O desumidificador, aparelho elétrico que reduz a umidade relativa
do ar em níveis preestabelecidos, é colocado em sala fechada e escura. Este
sistema é simples, e permite a secagem rápida das plantas, quando a umidade
relativa é fixada em 50 ou 60%. A sala deve ficar fechada. Evitar a entrada de
ar úmido, o que também reduz a deposição de poeira sobre as plantas. São
utilizadas armações de madeira e tela plástica (estrados) sobrepostos, onde as
plantas são depositadas em camadas com poucas plantas (MARTINS, 1994).
Foi pesquisada a secagem do alecrim e da hortelã com
desumidificador. Foi concluído que o desumidificador em sala fechada, ao
abrigo de luz solar direta, foi eficiente na secagem das plantas medicinais.
Além da eficiência, a secagem em temperatura ambiente, ocorre sem riscos de
excessos, como nos sistemas que utilizam ar aquecido e necessitam de
controle constante. A qualidade das plantas secas foi satisfatória, pois a cor e o
aroma permaneceram intensos, provavelmente com poucas perdas (MARTINS,
1995).
A simples caracterização morfológica permite dispor as plantas em
grupos que podem permanecer ao mesmo tempo na sala de secagem. Desde
que não ocupem o mesmo estrado e com tempo de secagem bastante
próximo. Na pesquisa feita com desumidificador foi adotado, como critério de
final de secagem, o estado levemente quebradiço das plantas (MARTINS,
1995).
De acordo com a Figura 20, na estufa de secagem as plantas foram
consideradas secas, ao atingirem o peso constante, ou seja, após três dias. Na
sala com desumidificador as plantas foram consideradas secas após seis dias.
A secagem natural somente foi concluída após 8 dias de exposição ao
ambiente quando a perda de umidade foi estabilizada. Nas plantas secas em
estufa não houve diferença visual entre os métodos de preparo pós-colheita,
como nas plantas secas com desumidificador. As plantas secas naturalmente
não diferiram visualmente entre os métodos de preparo “lavagem com jato de
água” e o método de imersão com hipoclorito de sódio. O método sem lavar

182
diferiu dos demais pois a aparência foi insatisfatória tornando o método
desprezível (SILVA, 1995).

Adaptado de SILVA, 1995.

Figura 20 – Determinação do final da secagem em manjericão (Ocimum


basilicum) submetido a três tratamentos de secagem.

As folhas com melhor aparência foram secadas na estufa com


circulação de ar forçada. A sala com desumidificador propiciou aparência
apenas satisfatória. Na secagem natural a aparência foi menos satisfatória. A
rapidez de secagem na temperatura mais alta na ventilação forçada da estufa,
causou eficiente perda de água. As folhas estavam com boa aparência, porém,
com perdas de aroma e danos ao óleo essencial. O manejo pós-colheita de
imersão em solução de hipoclorito de sódio foi mais efetivo na avaliação
microbiológica do que os demais em razão das contagens de bolores e
leveduras menores que 6.000 UFC (Unidades Formadoras de Colônia),
conforme o padrão de qualidade da Portaria 1, DINAL/MS, 28.1.97, referente a
especiarias e condimentos (SILVA, 1995).
A escolha do método mais adequado de secagem depende da espécie
e dos componentes químicos da planta. O melhor método de secagem causa
mínima perda visual e composição do produto. Há grande perda no teor de

183
óleo da espécie Mentha piperita quando submetida à secagem, devida à
volatilização (COURT, 1993).
Comparando a secagem natural com dois outros métodos de secagem
(estufa solar e sala com desumidificador), foi observado que na secagem
natural houve perdas na aparência e aroma das plantas. Entretanto a estufa
solar foi utilizada em época de clima desfavorável (COSTA, 1996).
Nas plantas de Mikania laevigata também houve variação no teor de
cumarinas entre as folhas frescas e as folhas pós-secagem. Nas folhas frescas
o teor foi significativamente maior que 1,14% e nas secas foi 0,19 e 0,69%,
respectivamente na secagem à 30ºC por 4 dias e à 45ºC por um dia (REHDER,
1998).
A secagem em sala com desumidificador foi adequada, pois manteve
as características da planta como teor de óleo essencial e qualidade
microbiológica (SILVA, 1998).

3 - ARMAZENAMENTO

Após a secagem a conservação dependerá de três itens básicos:


umidade residual, embalagem e tempo de armazenamento. O usual é embalar
quando as plantas estiverem levemente quebradiças. O procedimento de pesar
a planta no momento que chega ao local de secagem e pesar também nos dias
consecutivos é considerado monitoramento satisfatório. Quando o peso estiver
constante significa aptidão a ser embalada (SILVA, 2000).
O teor de umidade ideal após a secagem deve ser 5 a 10% em folhas e
flores. Nas cascas e raízes a umidade varia entre 12 e 20% (MARTINS, 1994).
O local de armazenamento deve estar limpo e sanitizado. A cada
entrada de nova espécie no galpão de secagem proceder a limpeza. O
acondicionamento na embalagem depende do volume a ser armazenado.
Pequenas quantidades podem ser armazenadas em frascos de vidro ou sacos
de polietileno denso, que permita boa conservação. Silva (1998) pesquisou a
qualidade de três plantas medicinais, orégano, mil folhas e salsa, após
secagem em câmara com desumidificador e armazenagem por seis meses ou

184
um ano. As embalagens pesquisadas foram: frascos de vidro, sacos de papel e
sacos de polietileno de baixa densidade. A qualidade microbiológica das
plantas foi melhor preservada na embalagem de vidro.
O uso saco de juta é recomendado na embalagem de grandes
volumes. Em todas as situações de armazenagem é recomendado colocar
estrados de madeira sobre o piso. As embalagens não devem permanecer
encostadas na parede. Realizar inspeções periódicas e havendo qualquer
indício de deterioração as plantas devem ser retiradas do local (SILVA, 2000).
Cada lote a ser seco deve ser identificado, numerado, constar o nome
do produtor, período de secagem, tipo de secagem utilizada, início e término da
secagem e conter o visto da pessoa responsável pelo armazenamento. Estes
cuidados garantem a qualidade e a identidade do produto além de possibilitar o
rastreamento (SILVA, 2000).

Embalagens Protetoras

Embalagens de filmes plásticos (polietileno, poliestireno, dentre outros)


são usadas amplamente como proteção física. Tem o propósito de reduzir a
deterioração na comercialização e no armazenamento das plantas medicinais.
Essas embalagens quando usadas logo após a colheita da planta possibilitam
menor manuseio entre o produtor e o consumidor.
A maior vantagem do uso de filmes plásticos na comercialização é
manter a qualidade pela redução da perda de água. Porém, os filmes plásticos
permitem o acúmulo de CO2 e a redução na concentração de O2 pela
respiração favorecendo a formação da atmosfera modificada no interior da
embalagem. A atmosfera modificada pode ser benéfica no armazenamento da
maioria dos produtos, porém o resultado satisfatório dependerá da combinação
adequada da planta, da temperatura de armazenamento e da permeabilidade
do filme aos gases CO2 e O2 relacionados a respiração (SILVA, 2000).
A escolha das embalagens de armazenamento depende da espécie, da
quantidade e do destino da produção. Em cada espécie, a planta estando seca
ou fresca, deve ser escolhida e otimizada a embalagem com o tempo de

185
estocagem. Experimentações e conhecimentos básicos possibilitam as
escolhas e as otimizações (SILVA, 2000).
Sankat e Maharaj (1996) avaliaram as características pós colheita de
Eryngium foetidum L. e verificaram que a embalagem em polietileno de baixa
densidade retardou a degradação da clorofila e a perda de odor, mantendo o
sabor (Quadro 10).

Quadro 10 – Avaliações visuais pós-colheita de Eryngium foetidum L.


embalado e não embalado estocado em várias temperaturas.

P = embalado NP = não embalado


Adaptado de SANKAT, 1996 e SILVA, 2000.

186
Foi pesquisado o efeito do armazenamento no óleo essencial de
Mentha arvensis e foi concluido que há diferenças na composição do óleo
essencial no decorrer do tempo (SHALABY, 1988).
Foi avaliada a conservação pós-colheita, dos rizomas de gengibre
armazenados em condições ambientais e na câmara fria, com embalagem em
sacola telada e no filme PVC. Foi observado que a refrigeração ampliou o
período de conservação dos rizomas. Houve redução na perda de peso e
inibição da brotação, porém aumentou o crescimento de microorganismos na
superfície do rizoma. O armazenamento em condição ambiente foi limitado pela
brotação acentuada dos rizomas com consequente murcha e enrugamento. A
embalagem com filme de PVC reduziu a perda de peso, aumentou a incidência
de fungos e não influenciou a brotação dos rizomas (LANA, 1993).
Se todos os cuidados durante a colheita, pós colheita e
armazenamento forem realizados, aumenta a chance da cadeia produtiva ser
mais efetiva, ter boas características e a comercialização compensará os
cuidados técnicos (SILVA, 2000).

187
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O uso terapêutico de plantas medicinais no Brasil está bastante


difundido. Várias empresas nacionais empregam matéria-prima vegetal na
elaboração de medicamentos. É indispensável o cultivo comercial e o
beneficiamento pós-colheita objetivando atender a demanda.
Os produtos naturais estão com grande potencial no comercio e em
todas as áreas do conhecimento científico. Atualmente há preocupações com a
qualidade dos produtos porque está havendo reformulações no conceito de
qualidade de vida. A cadeia produtiva de plantas medicinais, desde o cultivo
até a comercialização, deve ser muito bem estudada em todas as etapas do
processo.
Os processos pós-colheita de plantas medicinais tem extrema
importância pois influenciam diretamente a qualidade e a quantidade de
compostos ativos.
Imediatamente após a colheita deve haver acondicionamento de modo
a preservar o máximo as características iniciais. As tecnologias devem evitar a
aceleração da degradação. As perdas qualitativas e quantitativas do produto
final devem ser minimizadas.
Realizada a colheita as plantas são encaminhadas a comercialização
imediata quando são demandadas frescas. Podem ser embaladas e haver
extração dos compostos ativos.
As plantas frescas devem ser utilizadas o mais rápido possível, pois as
perdas são iniciadas no momento da colheita e as perdas devem ser
minimizadas. O uso de embalagens protetoras adequadas podem aumentar o
período pós-colheita. A Capuchinha (Tropaeolum majus), por sua diversidade
de cores e sabor pungente, é comercializada fresca usada na decoração de
pratos finos e no tempero de carnes.
A planta seca ainda é a melhor opção do mercado. É preferida devido a
sua estabilidade química. O processo de secagem mantem a qualidade visual,
aroma e os princípios ativos permitindo maior período de comercialização. A
secagem possibilita a disponibilidade em épocas sem produção.

188
Antes da secagem elementos estranhos devem ser eliminados (pedras,
outras plantas, dentre outras). Partes da planta, em condições indesejáveis,
(descoloridas, manchadas, danificadas, etc) devem ser retiradas. O local de
secagem deve ser limpo previamente.
O processo de secagem visa impedir a deterioração por meio da
redução do teor de água mantendo a atividade de água estabilizada evitando o
desenvolvimento de microrganismos indesejáveis e a atividade de enzimas. A
desidratação permite aumentar o percentual de composto ativo em peso.
A aceleração no processo de secagem pode degradar o composto
ativo da planta. A temperatura, circulação e umidade relativa do ar são fatores
da eficiência e eficácia do processo.
A secagem ao ar livre (natural) embora mais econômica, necessita de
vigilância maior quanto a uniformidade das condições, a presença de insetos e
poeira. O local da secagem natural deve ser preferencialmente à sombra, pois
a irradiação solar pode interferir no composto ativo.
Na secagem artificial em estufas com circulação de ar forçada há
renovação do ar. E a secagem é mais rápida. A velocidade e a temperatura do
ar circulante demandam monitoramento constante.
Em Viçosa/MG, no Grupo Entre Folhas – Plantas Medicinais o
processo de secagem é realizado em sala fechada com desumidificador
(aparelho elétrico que reduz a umidade relativa do ar a níveis
preestabelecidos). O sistema é simples e permite a secagem rápida das
plantas, quando visa a umidade relativa entre 50-60%. O processo mantem a
qualidade visual e preserva as características químicas. O método de secagem
vai depender das condições da região e do capital disponível do produtor.
As plantas podem conter grande carga de contaminação
microbiológica, proveniente do local de cultivo ou mesmo introduzidas durante
a manipulação. O manejo no processo de secagem e armazenamento deve
impedir o desenvolvimento de microrganismos indesejáveis.
É necessário o controle da higiene no local de secagem e
armazenamento por meio de inspeções dos lotes e retirada daqueles que
estejam com suspeita de contaminação.

189
No Brasil não há normas que assegurem a produção de plantas
medicinais. Os profissionais de várias áreas e o saber popular contribuem com
a produção de qualidade e bons resultados no mercado competitivo.
As plantas medicinais são muito especiais e devem ser cultivadas de
modo a preservar o máximo do seu composto ativo.

190
CAPÍTULO 9

ÓLEOS ESSENCIAIS

INTRODUÇÃO

A fitoterapia como terapêutica popular e como restauradora da saúde


está sendo incrementada nos anos recentes, principalmente devido ao
crescente custo dos medicamentos sintéticos, e aos respectivos efeitos
colaterais. Paralelamente à expansão da pesquisa e a aplicação das plantas
nas práticas terapêuticas, há crescente demanda industrial de óleos essenciais
pelo valor aromático em: cosméticos, sabonetes, condimentos, doces, dentre
tantos. Alguns componentes dos óleos essenciais têm propriedades
terapêuticas, por isso são usados nos medicamentos (SILVA, 2000).
Na interação com o ambiente, as plantas medicinais e aromáticas
recebem estímulos. As respostas envolvem alterações bioquímicas. Algumas
das interações possíveis estão sendo estudadas, além das práticas culturais.
Há influência de fatores inerentes a própria planta sobre a produção de óleo
essêncial. Os procedimentos de secagem e armazenamento da matéria prima
vegetal podem contribuir significativamente com a preservação do potencial
aromático dos óleos essenciais (SILVA, 2000).
Poucos fatores e respostas tem sido efetivamente estudados
demandando esforço multidisciplinar dos pesquisadores, na otimização
qualitativa e quantitativa dos óleos essenciais e outros produtos metabólicos
das plantas medicinais (SILVA, 2000).
O metabolismo primário das plantas gera os compostos constituintes
de sobrevivência. São os açucares, aminoácidos, ácidos graxos, nucleotídeos
e polímeros derivados (polissacarídeos, proteínas, lipídios, RNA, DNA, etc). No
reino vegetal há outras rotas metabólicas, conhecidas como metabolismo
secundário, responsáveis pela produção de compostos cujas funções ainda
não estão completamente elucidadas (SILVA, 2000).

191
Os óleos essenciais são líquidos oleosos voláteis dotados de aroma
forte e quase sempre agradável, provenientes do metabolismo secundário. São
quase duas mil espécies de plantas, distribuídas em 60 famílias, que produzem
óleos essenciais. Estes óleos são normalmente elaborados nas folhas. São
armazenados em espaços extracelulares, entre a cutícula e a parede celular.
São constituídos basicamente pelos terpenos, sintetizados pela rota do ácido
mevalônico. Além dos terpenos, há os isoprenóides hormônios, tais como
giberelinas e ácido abscísico, esteróides, carotenóides e outros. Os gastos
energéticos da biossíntese dos terpenos, por causa da redução química, são
maiores do que aqueles correspondentes à síntese de grande parte dos
metabólitos primários e secundários. Os custos enzimáticos também são altos,
pois as enzimas que atuam na síntese aparentemente não são divididas com
outras vias metabólicas (SILVA, 2000).
Dentre as funções dos metabólitos secundários das plantas é destaque
a defesa contra insetos (pragas) e patógenos, pelo efeito tóxico. Podem ter a
função de atrair insetos polinizadores. Já são conhecidos diversos efeitos
alelopáticos de estímulo, de inibição da germinação de sementes, ou de
regulação da decomposição da matéria orgânica (SILVA, 2000).
Na fitoterapia os óleos voláteis são destaque pelas propriedades
antibacterianas, analgésicas, sedativas, expectorantes, estimulantes e
estomáquicas, dentre outras.

IMPORTÂNCIA DOS ÓLEOS ESSENCIAIS

Os óleos essenciais são usados pelo aroma e odores especiais que


passam a diversos produtos alimentícios e de perfumaria. Também é usado
nos medicamentos analgésicos, antissépticos, sedativos, expectorantes,
estimulantes, estomáquicos etc. No mercado global foi estimado em 7,5% o
crescimento em três anos ou 2,5%/ano (SILVA, 2000).
Programas de produção de óleos essenciais foram iniciados por
organizações governamentais e internacionais com espécies tradicionais e
também com novas espécies. Os países em desenvolvimento têm sido as

192
principais fontes de óleos brutos, devido políticas de diversificação da
produção. Há também o incremento das exportações ou redução de
importações, procurando equilibrar a balança comercial (VERLET, 1993). A
produção brasileira de óleos essenciais foi estimada em 45 milhões de dólares,
o que corresponde a 13,1% da produção global (SILVA, 2000).
O maior empecilho ao desenvolvimento da agroindústria produtora de
óleos essenciais é a concorrência com similares sintéticos. A indústria que
mais demanda óleos essenciais, a alimentícia, tem substituído os produtos
sintéticos por naturais extraídos de plantas, em função das exigências atuais
dos mercados. O rendimento de óleo essencial é avaliado com base no peso
da matéria seca, e pode ser muito variável, dependendo de vários fatores
(SILVA, 2000).

VARIAÇÕES NA COMPOSIÇÃO DO ÓLEO ESSENCIAL

Nos vegetais há grande flexibilidade na síntese das micromoléculas


das misturas complexas que são os óleos essenciais. Com o objetivo de
maximizar a produção é necessário a seleção de genes e a seleção de
ambientes. Agronomicamente as possibilidades de manejo são muitas (SILVA,
2000).
Os componentes dos óleos essenciais tem sido interpretados como
produtos finais e estáticos do metabolismo vegetal. Há evidências dos
metabólitos monoterpenos e sesquiterpenos serem simplesmente acumulados,
mas podem ter atividade no metabolismo (LANGENHEIM, 1994). Não são
conhecidas as funções no metabolismo. Os óleos essenciais podem ser
retirados das estruturas onde são sintetizados e acumulados. Depois podem
ser utilizados pela planta, de alguma forma (CROTEAU, 1987).
O conteúdo de óleo essencial pode variar em função de perdas na
volatilização, e também pelo catabolismo. Nas plantas de Virola surinamensis o
nível de monoterpenos alcançou o pico às 6:00hs e às 21:00hs. (LOPES,
1997).

193
Shalaby (1988) verificou no óleo essencial de Mentha arvensis a
presença de dezoito componentes. Treze foram identificados e houve maior
proporção de menthol. Os componentes variaram conforme o período de
armazenamento. As concentrações de menthol, neomenthol e metil acetato
aumentaram com o desenvolvimento da planta, enquanto a mentona e a
isomentona tiveram maiores concentrações em plantas imaturas. O methofuran
e pulegona estavam mais presentes no florescimento (CURT, 1993).
Em Agastache foeniculum não foi observado efeito de ano ou da
estação sobre o teor de estragol (MAZZA e KIEHN, 1992).
Weyersthal (1992) observaram que em Strobilanthes callosus o teor de
estragol passou por significativa variação, de acordo com o estágio de
desenvolvimento da planta. O teor foi nulo após a floração e atingiu 24% antes
da floração, o que alterou substancialmente o aroma da planta.
Bonnardeaux (1992) observou que em plantas de Ocimum basilicum,
colhidas em plena floração, houve maior conteúdo de óleo essencial. Variações
significativas ocorreram no teor total dos óleos essenciais e de seus
constituintes durante o dia. Houve o desaparecimento do eugenol, em um dos
períodos de coleta. No metileugenol houve leve aroma, mais suave, e é
utilizado na indústria de alimentos. Outros autores observaram que pode
causar alterações histológicas hepáticas em ratos (DEMILLO, 1994).
Bhargava (1996) observaram variações no conteúdo total do óleo de
Brássicas, decorrente do período de cultivo. Segundo Russo (1998), há
correlação entre a composição e os genótipos de algumas populações de
orégano da Itália.
No nectário de Eupatorium maximilliani foi detectado 2,20% de
alcalóides mas não foi detectada a presença dos alcalóides em folhas verdes.
Nas hastes a concentração foi apenas 0,07% (BROWN e MORRA, 1995).
Foi observado que o conteúdo do óleo essencial na planta de Lippia
alba, tratada com ácido giberélico, CCC, e etefon foi variável em todas as
estações do ano. Na primavera houve diminuição no conteúdo, no verão tornou
a aumentar o óleo essencial (Quadro 1) (MING, 1998). Takano e Yamamoto
(1996) pesquisaram o efeito de solução nutritiva no crescimento de Ocimum

194
basilicum. Foi verificado que há proporções específicas que causam aumento
no crescimento da planta e na produção de óleo essencial.
Foi observado em sálvia e tomilho que o nível de luz influiu no
crescimento e nos constituintes do óleo essencial (CRAKER, 1996). A planta
nos estágios de crescimento tem composição diferente no óleo essencial
(Figura 1 e 2). A composição de Valeriana fauriei e de Valeriana officinalis,
cultivadas em regiões especificas tiveram diferenças significativas na
composição de óleo essencial (Quadro 2), significando também que a
intensidade luminosa afeta a quantidade de alguns componentes (LEE, 1996).

Quadro 1 – Médias do rendimento de óleo essencial (%) de plantas de Lippia


alba, submetidas aos tratamentos GA3, Ethephon e CCC, nas
quatro épocas de coleta.

COLETAS
Tratamentos Outono Inverno Primavera Verão Médias
GA350 0,1000 0,1500 0,0800 0,2333 0,1408
GA3100 0,1166 0,1833 0,0800 0,2000 0,1450
Ethep. 100 0,1666 0,1166 0,1200 0,1500 0,1383
Ethep. 200 0,1666 0,1366 0,1066 0,2000 0,1525
CCC 1000 0,1033 0,0833 0,1066 0,2000 0,1233
CCC 2000 0,1366 0,2000 0,1333 0,2000 0,1675
Testemunha 0,1600 0,1333 0,0800 0,2000 0,1433

Médias 0,1367 0,1433 0,1009 0,1976


* médias de seis plantas
Houve significância, somente entre as coletas, pelo teste Tukey a 5%.
Adaptado de MING, 1998 e SILVA, 2000.

195
Adaptado de CRAKER, 1996 e SILVA, 2000.

Figura 1 – Total de óleo e conteúdo de alguns componentes do óleo essencial


de sálvia em 4 níveis de luminosidade.

196
Adaptado de CRAKER, 1996 e SILVA, 2000.

Figura 2 – Total de óleo e conteúdo de alguns componentes do óleo essencial


de tomilho em 4 níveis de luminosidade.

197
Quadro 2 – Composição do óleo essencial de espécies de Valeriana.

Adaptado de LEE, 1996 e SILVA, 2000.


198
A irradiação nas folhas de Ocimum basilicum, causa modificações no
conteúdo de óleo em função dos tratamentos utilizados ao longo do tempo
(ANTONELLI, 1998).
Foi observado que o conteúdo de citral em partes da planta de
Cymbopogon citratus não diferiu, entretanto o acréscimo de 5.93% foi
detectado na folha (MING, 1996).
Foram pesquisados alguns hormônios naturais em Ocimum basilicum e
verificado que o conteúdo influiu no crescimento e no óleo essencial. Houve
redução do methyl chavicol e do linalol quando as plantas foram tratadas com
hormônios em relação ao controle (Quadro 3) (MAHMOUD, 1996). Durante a
ontogenia o Ocimum basilicum passa por mudanças no conteúdo de óleos
voláteis, flavonóides, taninos, polifenol e o máximo ocorre antes do
florescimento (Quadro 4 e 5). Assim o corte da planta deve ser feito antes da
emissão de flores, quando as plantas estão com o conteúdo máximo de óleo
essencial (LEMBERKOVICS, 1996).
Foi quantificada a produção de óleos em cinco clones de Ocimum
basilicum e verificado que a máxima produção ocorreu com a utilização de
hormônios (TADA, 1996).
Dentre os fatores que afetam o metabolismo secundário, o estresse
hídrico também tem sido pesquisado quanto a influencia no teor de
componentes dos óleos essenciais (SILVA, 2000)
Foi observado que o teor de estragol no óleo de Ocimum basilicum é
incrementado quando as plantas são submetidas ao estresse hídrico (SIMON,
1993).

199
Quadro 3 – Efeito do GA, IAA e Cinetina no conteúdo de óleo essencial de
Ocimum basilicum.

TRATAMENTO GA IAA CINETINA CONTROLE

Adaptado de MAHMOUD, 1996 e SILVA, 2000.

200
Quadro 4 – Produção de componentes do óleo essencial (mg/m2) de Ocimum
basilicum durante a ontogênese.

III Antes da formação de bases florais


IV Formação de bases florais
V Início do florescimento
VI Florescimento
VII Final da floração
VIII Início da produção
IX Maturação
Adaptado de LEMBERKOVICS, 1996 e SILVA, 2000.

201
Quadro 5 – Conteúdo (%) de flavonóides, tanino, polifenol e óleos voláteis de
Ocimum basilicum durante vários estágios de desenvolvimento.

III Antes da formação de bases florais


IV Formação de bases florais
V Início do florescimento
VI Florescimento
VII Final da floração
VIII Início da produção
IX Maturação
Adaptado de LEMBERKOVICS, 1996 e SILVA, 2000.

PROPRIEDADES E ATIVIDADES DOS ÓLEOS ESSENCIAIS

A síntese de óleos essenciais pelas plantas tem demanda considerável


de energia, devido ao investimento em DNA, enzimas e fotossimilados.
Significa que há vantagens biológicas na planta. Os óleos essenciais são
sintetizados em respostas às necessidades ecológicas e de desenvolvimento
da planta. Há compostos que atuam como fitoalexinas (contra fungos e
bactérias), na atração de polinizadores, como repelentes e inibidores da
alimentação de animais. Alelopaticamente, estimulam ou inibem a germinação
de sementes. Atuam como reguladores da taxa de decomposição de matéria
orgânica no solo, o que facilita o aproveitamento dos nutrientes em ambientes
pobres, dentre outras (SILVA, 2000).

202
O glicosinolato, produto do metabolismo secundário, é responsável
pelo aroma característico das Brássicas em geral. Foi estudado o conteúdo de
glicosinolatos na folha e na raiz de Brássicas (BRADSHAM, 1993). Foi
constatado que há diferenças entre variedades, indicando variabilidade
genética quanto a síntese de glicosinolato. O glicosinolato possui ação
nematicida e fungicida, além de ser inibidor de germinação (BROWN, 1995).
O óleo de Cymbopogon citratus tem atividade contra insetos,
ocasionando efeito larvicida. É repelente com potencial uso pesticida pós-
colheita de alguns produtos (MISHRA, 1992).
O Citronelal é o componente principal responsável pela atividade
repelente de alguns artropodas. Em experimentos foram testados outros
estratos naturais com bons resultados (Quadro 6) (CARROLL, 1994).
A atividade antioxidante propiciada pelo óleo de oliva é decorrente da
presença de glicosídeos que tem também características organolépticas
(BIANCO, 1998).
Em Ocimum grantissimum há atividades bactericidas. O óleo de
Ocimum basilicum tem moderada atividade antibacteriana e antifúngica. A
ampla atividade de Ocimum grantissimum pode ser atribuída ao timol,
importante constituinte deste óleo essencial (NDOUNGA, 1997). As pesquisas
são importantes pois revelam o uso medicinal do óleo em substituição a alguns
antibióticos. Foi comprovado o uso do óleo de Cochlospermum regium com
atividade antibactericida, podendo a planta ser utilizada no tratamento de
quadros de infecção (BRUM, 1997).

203
Quadro 6 – Compostos detectados em fêmeas adultas de Ornithonyssus
sulviarum.

Média (%) de Alimentação (+/- Desvio Padrão)

__________________________________________________________________________
Composto 10g/litro Controle 1.0g/litro Controle
___________________________________________________________________________

a
– Dez indivíduos constavam de cada unidade de alimentação as médias são
de dois grupos de 10 indivíduos em três épocas (total 6 grupos de 10
indivíduos cada). Quando a alimentação foi maior que 10% nas duas primeiras
épocas, no nível 10g/litro, os testes foram cessados.
b
– Mortalidade completa no nível 10g/litro.
c
– Alimentação não reduzida significativamente (P>0.05).

Adaptado de CARROLL, 1994 e SILVA, 2000.

204
O óleo de Pulicaria undulara tem atividade sobre larvas de insetos. São
necessários mais estudos na comprovação desta atividade e sobre os
constituintes envolvidos. Magboul e Bashir (1997), analisaram a atividade
antimicrobiana dos compostos Vernolepin e Vernodalin, testando cada
constituinte isolado em Bacillus subtilis, Staphylococcus aureus, Pseudomonas
aeruginosa e Escherichia coli, Aspergillus niger e Candida albicans. Concluíram
que na concentração 0.0001%, a atividade é similar a ampicilina e neomicina, e
os isolados tiveram efeitos em bactérias e fungos.
Foi observado que os constituintes voláteis dos frutos de Licania
tomentosa não são apropriados ao consumo humano e podem ser tóxicos
como alimento, (Quadro 7) (ANDRADE, 1997). O alho, além das propriedades
condimentares, tem a alicina com ação no combate de leischimaniose (Figura 3
e 4), que interfere na Acetil-Coa Sintase da bactéria (Mc CLURE, 1996).

Quadro 7 Constituintes voláteis do aroma de frutos Licania tomentosa.

Adaptado de ANDRADE, (1997) e SILVA, 2000.

205
■ Leishmania mexicana ▓ Leishmania chasi

Adaptado de Mc CLURE, (1996) e SILVA, 2000.

Figura 3 – Percentagem de inibição do crescimento de Leishmania com doses


de alicina (19μg/ml).

Adaptado de Mc CLURE, (1996) e SILVA, 2000.

Figura 4 – Atividade antileishmania por 72 horas após doses de alicina.


206
EXTRAÇÃO DE ÓLEOS ESSENCIAIS

Os óleos essenciais constituem importante categoria de compostos


ativos produzidos por vegetais. São separáveis por arraste com vapor de água
e produzidos em estruturas anatômicas e celulares definidas, como cavidades
e pêlos glandulares (GOTTLIEB e SALTINO, 1987). Outra característica é
conferir aroma aos organismos produtores, embora ressaltando que esta
característica está em muitos outros produtos vegetais. Os óleos essenciais
são definidos por Waterman (1993) como misturas complexas, contendo
frequentemente mais de 100 compostos.
De acordo com Lopes (1997) várias técnicas podem ser empregadas
na extração de óleos essenciais, como a hidrodestilação, destilação por arraste
a vapor de água, extração com solventes orgânicos ou com CO 2 líquido. Deve
ser ressaltado que o processo de extração com CO2 possibilita ótimo resultado,
mas tem o inconveniente do alto custo. O método de extração deve ser
escolhido de acordo com as características de cada espécie (CRESPO, 1991).
O processo mais utilizado de extração é o arraste a vapor de água, pelo bom
rendimento, facilidade de execução e custo baixo (MANCINI, 1984 e MARTINS,
1996).
O fator tempo de destilação pode alterar os resultados das análises
quanto ao rendimento do óleo essencial e quanto a composição, conforme
citado por Mancini (1984). Em Mentha arvenis (hortelã), em Caryophyllus
aromatcus (cravo-da-índia) e em Cymbopogon citratus (capim-limão) houve
efeito do tempo de destilação (CICOGNA JÚNIOR, 1987).
Na separação e na identificação dos componentes dos óleos
essenciais surgem algumas dificuldades, por causa da presença de diversos
compostos isoméricos e da instabilidade de alguns terpenos (RUDLOFF,
1974).
A utilização da cromatografia em fase gasosa tem sido efetiva nas
análises de misturas complexas, propiciando bons resultados qualitativos e
quantitativos. Especialmente após a disponibilidade de equipamentos mais
modernos, que realizam grande parte das operações, como a integração e o

207
cálculo da área dos picos dos cromatogramas (MARTINS, 1996). As técnicas
cromatográficas possuem as vantagens de rapidez e grande precisão dos
resultados obtidos nas análises (SILVERSTEIN, 1981).

208
CONSIDERAÇÕES FINAIS

A composição química das plantas de cada espécie vegetal, ainda


demanda muitas pesquisas. Inúmeros constituintes naturais ainda não foram
isolados e estudados do ponto de vista químico. Muitos compostos já isolados,
ainda não foram analisados quanto às suas atividades biológicas e outros
potenciais, especialmente a utilidade terapêutica.
Os óleos essenciais são submetidos a estudos multidisciplinares, por
causa do uso em indústrias concedendo aroma a vários produtos alimentícios e
de perfumaria. Na terapêutica popular, as preparações tradicionais de plantas
medicinais, na forma de infusões, visa extrair e utilizar os benefícios dos
compostos fármaco-ativos.
O fato dos óleos essenciais serem produtos do metabolismo
secundário das plantas pode implicar em grandes variações na quantidade e
na composição. Os fatores da variabilidade são: parte da planta, hora de
colheita e estação, dentre outros. Muitas pesquisas sobre óleos essenciais são
realizadas na área química com analises do conteúdo de óleo nas plantas. Na
agronomia, é sabido que as plantas são influenciadas diretamente por fatores
ambientais, tais como solo, altitude, longitude, locais de cultivo, dentre outros.
Resultados de pesquisas considerando o efeito do comprimento do dia e do
termoperíodo são importantes por subsidiarem o zoneamento das plantas
medicinais. O cultivo em locais apropriados propicia maximização dos
princípios ativos.
Óleos voláteis e essências vegetais formam amplo grupo de compostos
que na fitoterapia são destaque pelas atividades antibacterianas, analgésicas,
sedativas, expectorantes, estimulantes e estomáquicas. Os compostos
sintetizados pelo metabolismo secundário tem a função de repelir herbívoros,
combater fitopatógenos, atrair insetos polinizadores, exercer funções
alelopáticas, estimular ou inibir a germinação de sementes e o crescimento de
outras plantas.

209
A utilização dos óleos essenciais pelos humanos tem sido crescente e
diversificada nas indústrias. O consumo direto das plantas verdes ou secas
também é crescente.
Os bons resultados na utilização dos óleos essenciais, e dos demais
compostos terapêuticos das plantas, pela sociedade de consumo, depende dos
conhecimentos integrados sobre fatores ecológicos, dados culturais e
considerações econômicas, das plantas medicinais.
Há necessidade do estudo completo e conjunto da planta, não apenas
dos componentes. Na natureza a planta está na forma integrada ao meio. Os
compostos estão por toda a planta. São produzidos por rotas pouco conhecidas
e de grande importância na defesa da planta. Com o estudo multidisciplinar
destes compostos fármaco-ativos, e dos óleos essenciais é possível descobrir
inseticidas, fungicidas naturais que causem menos danos ao ambiente e a
saúde. É fundamental preservar as plantas de forma racional, realizar cultivos
diferenciados visando a produção de fármacos com qualidade.

210
CAPÍTULO 10

ATUALIDADES EM COLHEITA E PÓS-COLHEITA

A colheita, etapa mais importante da cadeia de produção de plantas


medicinais, consolida todos os cuidados no cultivo. O produto estará adequado
ou não, dependendo da forma como foi colhido. A planta inicialmente bem
cultivada pode tornar imprópria pela colheita inadequada ao consumo ou sem
ação farmacológica. A concentração de compostos ativos na planta depende,
dentre outros fatores, da época e da forma como foi colhida (ANDRADE, 1999
e SARTÓRIO, 2000). Assim, o manejo adequado da colheita contribui com
ganhos de qualidade e minimiza perdas da qualidade alcançada (ANDRADE,
1999).
A colheita é concentrada em limitado período de tempo devido ao ciclo
relativamente curto da maioria das plantas medicinais. Agronomicamente foram
desenvolvidas técnicas que permitem a viabilidade do cultivo em várias épocas
(SARTÓRIO, 2000). O ponto de colheita varia de acordo com a espécie, com o
órgão da planta, estádio de desenvolvimento, época do ano e a hora do dia
(ANDRADE e CASALI, 1999).
No momento da colheita as temperaturas altas prejudicam a obtenção
de óleos essenciais, pois esses produtos são voláteis (PHAN, 1987). Em
trabalho realizado por Barbosa (2005), o tempo de permanência da erva-
cidreira-brasileira em campo, sob sol ou sombra antes da secagem, por até 540
minutos, não influenciou no teor de óleo essencial extraído das folhas. No
entanto houve alteração da relação entre seus componentes. Outros cuidados
devem ser tomados (SARTÓRIO, 2000).

a) Conhecimento sobre a planta. É necessário conhecer a planta antes de


coletar os órgãos de interesse farmacológico, como folhas, flores, frutos, etc.

b) Colher no início da manhã ou final da tarde. Não fazer a colheita em dias de


chuva, com sol forte ou com plantas úmidas de orvalho.

211
Os alcalóides e óleos essenciais estão em maior quantidade nas
manhãs enquanto os glicosídeos, nas tardes (MARTINS, 2003).
O horário de colheita da planta “colônia” exerce influência diretamente
no rendimento de óleo essencial com tendência quadrática ao longo do dia.
Apesar da composição similar do óleo, às 14:30 foi obtido o maior rendimento
de óleo. Há maior produção de óleo essencial no período da tarde com maior
incidência solar e temperatura, neste período é maior também a taxa
fotossintética. Foi observada maior produção de óleo essencial de erva-cidreira
no período da tarde e durante a estação seca (SANTOS, 2012).
Semelhantemente houve maiores teores de óleo essencial de menta quando as
folhas foram colhidas às 13h, com concentração maior de cis-mirtanol
(OLIVEIRA, 2012). Foi observado que o melhor horário de colheita da
alfavaquinha e do alecrim, visando obtenção de óleo, é 8:30 e 16:30
respectivamente. Nas duas espécies o menor percentual de óleo foi obtido na
colheita realizada às 12:30 (GONÇALVES, 2009).
Foi obtida maior concentração de óleo essencial de couve-cravinho em
colheitas realizadas às 7 e 13 horas, enquanto a maior produção de tanino na
planta foi alcançada às 18 horas (FONSECA, 2007).
Não foi detectada influência do horário de colheita na quantidade e
qualidade de óleo essencial de alfavaca cravo (LUZ, 2009). Foram observadas
apenas variações qualitativas no óleo essencial de erva-cidreira em função do
horário de colheita da planta (EHLERT, 2013).
Os trabalhos mostram que apesar do consenso geral há variações de
desempenho em relação a produção de metabólitos secundários.

c) Não colher plantas muito jovens, doentes, com incidência de inseto ou


respectivos danos. Evitar a coleta de partes vegetais deformadas,
empoeiradas, sujas, com manchas ou fora dos padrões (MARTINS, 2003).

d) Não havendo recomendação especial então colher folhas e hastes antes que
a planta emita flores.

212
Foi obtido maior rendimento de óleo essencial de alecrim-pimenta na
colheita de ramos aos 180 dias após transplantio. A época de colheita não
coincidiu com a maior produção de massa seca da espécie, a qual ocorreu aos
329 dias após transplantio (FIGUEIREDO, 2009). Foi observado que o teor de
óleo essencial aumenta com o desenvolvimento planta “colônia” e o composto
majoritário terpinenol está presente também em maiores concentrações em
plantas colhidas entre seis e nove meses de idade (SANTOS, 2012). Foi
observado pico de produção de óleo essencial em couve-cravinho aos 105 dias
(pré-floração) enquanto a produção de tanino teve aumento contínuo durante
todo o ciclo da planta (FONSECA, 2007). Foram observadas maiores teores de
óleo essencial em macela aos 135 dias após transplantio. Houve variação entre
a proporção dos compostos majoritários acetato de trans-pinocarveíla, acetato
de mirtenila e β-pineno em função do estádio de desenvolvimento da planta
(BEZERRA, 2008).
Não houve variabilidade sazonal quanto à produção de saponinas em
carqueja produzida no inverno, verão e primavera (BORELLA, 2006). Não
houve variabilidade sazonal na produção de óleo essencial em catuaba e
negramina, embora a colheita seja feita no inverno e outono, respectivamente,
visando manejo sustentável (CASTELLANI, 2006).

e) Colher as sumidades floridas, antes da floração total. Caso contrário, muitas


flores ficarão passadas.

f) Colher frutos e sementes somente após maturação completa, exceto se as


plantas dispersam suas sementes quando maduras. Nesse caso, a colheita
deve ser antecipada (MARTINS, 2003).

g) Colher raízes apenas em plantas adultas.

h) Colher cascas de árvores apenas ao final do ciclo anual ou antes da


floração. Há ainda a opção de colheita de galhos maduros, por meio das
podas, pois evita o anelamento e o consequente dano às árvores.

213
Algumas espécies possuem diversas camadas de casca, cada camada
com propriedade terapêutica distinta (MARTINS, 2003).

i) A época ideal de colheita das partes subterrâneas é a estação seca, outono


ou inverno.

j) Em algumas espécies, a época ideal de colheita é indicada pelo


murchamento da parte aérea, como no gengibre.

k) É indicado o uso de caixas ou cestos na colheita e os cuidados que evitem o


amontoamento e amassamento das plantas.

Sem esses cuidados, pode haver aceleração na degradação das


plantas e consequente perda de qualidade. É importante o uso de tesouras de
poda na colheita de partes aéreas e de pás, enxadas e enxadões nas partes
subterrâneas (MARTINS, 2003).

l) Levar as plantas o mais rápido possível à sala de secagem/armazenamento,


evitando aquecimento ou escurecimento. Caso haja secagem, iniciar
imediatamente após a colheita.

m) Raízes ou rizomas devem ser lavados e deixadas ao sol até secarem.

n) Folhas e flores não devem ser lavadas e o manuseio deve ser o mínimo
possível.

o) Caso haja presença de terra, fazer a lavagem e deixar secar à sombra.

p) Flores apenas serão lavadas se utilizadas de forma fresca.

q) Em plantas colhidas inteiras, os órgãos devem ser secos separadamente e


apenas depois devem ser unidos.

214
Após a colheita e seleção, as plantas medicinais seguem basicamente
três destinos distintos: 1- comercialização das plantas frescas, embalagem ou
não; 2- a extração do composto ativo por solventes, destilação ou outros
processos químicos; 3- a conservação por meio da secagem (MARTINS, 1994
e SILVA).

1 - Pós-Colheita

De maneira geral os produtos são colhidos quando estão em ótimas


condições visuais ou de consumo. No entanto, a deterioração iniciada a partir
do momento que são colhidos. A taxa deteriorativa varia entre produtos
conforme o metabolismo. Dessa forma, considerando as grandes distâncias
que normalmente o produto deve percorrer entre o local de produção e a mesa
do consumidor, foram demandadas técnicas pós-colheita que permitam a
manutenção da qualidade do produto por período maior (WILLS, 2007).
Se o consumo das plantas medicinais será na forma fresca predomina
a colheita de pequenas quantidades de uso caseiro, na forma de chás,
xaropes, pomadas e tinturas. Nesses casos, a planta é utilizada imediatamente,
comercializada em supermercados, feiras ou diretamente nos restaurantes.
Apesar de garantir a ação mais eficaz do potencial terapêutico, nem
sempre é possível manter as plantas frescas, o que torna a secagem método
de conservação eficiente quando bem conduzido. A maioria das plantas
medicinais é utilizada pelo consumidor na forma dessecada, de forma que não
haja modificações químicas, físicas e microbiológicas (ANDRADE, 1999 e
BOTSARIS, 2002). A conservação após a secagem dependerá basicamente da
umidade residual, da embalagem utilizada e do tempo de armazenamento
(MARTINS, 1994 e SILVA, 2000).
Vários fatores afetam a fase pós-colhieta de produtos hortícolas,
inclusive as plantas medicinais: diferenças varietais, cultivo, fatores climáticos
durante o desenvolvimento, estádio de desenvolvimento, manuseio e
condições do ambiente. Também a seleção, a limpeza, lavação, aparamento,
classificação, dimensionamento, depilação, cura, maturação, tratamentos

215
eventuais com hormônios ou outros insumos e a embalagem influenciam a
qualidade (GORINI, 1987). As causas de perdas pós-colheita podem ser
classificadas em dois grandes grupos (WILLS, 2007): 1) perdas físicas: podem
ter origem em danos mecânicos, pragas, doenças, evaporação intercelular de
água. 2) perdas de qualidade: por alterações fisiológicas e de composição. As
perdas na qualidade alteram a aparência, gosto ou textura e causam perda da
atratibilidade ao consumidor final. Essas alterações podem ser ocasionadas
pelo metabolismo normal, como a senescência ou pelo metabolismo anormal
como a injúria por frio.

Pós-colheita de plantas medicinais frescas

Vários aspectos estão envolvidos na determinação da qualidade das


plantas frescas, incluindo as propriedades nutricionais (vitaminas, proteínas,
carboidratos), propriedade higiênicas (condições microbiológicas, conteúdo de
componentes tóxicos), propriedades tecnológicas (capacidade de
armazenamento, valor utilitário), assim como as propriedades sensoriais
(aparência, flavor, textura) (MARTHENS e BAARDSETH, 1987). A textura pode
ser alterada durante o armazenamento em virtude da maior ação de enzimas
que degradam substâncias pécticas, celulose, hemicelulose e ligninas, as quais
em conjunto garantem a pressão de turgor dos tecidos (MARTHENS e
BAARDSETH, 1987). Especificamente nas folhas há mudanças na
concentração dos pigmentos, alterando muito negativamente a aparência. Há
perda da característica verde devido à degradação de clorofilas e síntese de
outros pigmentos (MARTHENS e BAARDSETH, 1987).
A qualidade pós-colheita de plantas frescas é determinada pela
combinação de fatores internos e externos aos órgãos vegetais (FINGER e
VIEIRA, 1997). Os fatores influenciam vários processos metabólicos com
destaque a respiração e a transpiração.
No período pós-colheita, a respiração possui a função mais importante.
E as principais razões são: a perda de substrato, a exigência em oxigênio, a
produção de dióxido de carbono. A liberação de energia calorífica pelo

216
processo respiratório influencia diretamente a qualidade pós-colheita de plantas
frescas (KADER, 1987). A taxa respiratória depende de fatores internos e
externos. Embora a temperatura seja o fator mais importante, a taxa
respiratória pode ser influenciada pela espécie, pelo genótipo, estádio de
desenvolvimento, composição química e pela concentração de gases, incluindo
o etileno no ambiente (KADER, 1987).
Na couve e no brócoli, assim como na maioria das plantas medicinais
folhosas, a deterioração pós-colheita envolve a dessecação (FRANCIS, 1987).
A transpiração causa perda de umidade, de aparência, de textura, flavor e
todos os componentes do preço do produto. Há murchamento, encolhimento,
perda de firmeza, perda de suculência e de crocância (BEM-YEHOSHUA,
1987). Após a colheita a transpiração continua e, na ausência de água, a planta
é desidratada em pouco tempo. O potencial hídrico do ar quente e
relativamente sêco é muito menor do que o potencial dos tecidos da planta
(WILLS, 2007). Embora a água constitua o principal componente da matéria
fresca, as plantas medicinais não toleram perdas de peso e demonstram sinais
de murcha e de enrugamento (FINGER e VIEIRA, 1997). Na transpiração, a
troca gasosa é feita através dos estômatos, lenticelas, cutícula e epicutícula,
que separam o espaço intercelular do ambiente externo. De maneira geral, o
xilema de plantas colhidas cessa a operação após o contato com o ar. No
entanto, a água encontra outras rotas, como através da parede contínua das
células (BEM-YEHOSHUA, 1987).
A perda de água pelos órgãos vegetais pode ocorrer pela decadência,
sobrematuração, injúria por frio, injúrias mecânicas e outros processos
fisiológicos indesejáveis (BEM-YEHOSHUA, 1987). A taxa de perda de água
varia, dentre muitos, com a relação entre área superficial e o volume. Outros
fatores são: estrutura, composição da superfície do produto vegetal, umidade
relativa do ar, movimentação do ar e embalagens protetoras (WILLS, 2007).
A redução da superfície evaporativa é importante procedimento de
reduzir a perda de água dos produtos hortícolas (BEM-YEHOSHUA, 1987). O
controle da transpiração pode ser pelo aumento da pressão de vapor da

217
atmosfera (85-95% de umidade relativa). A tranpiração é reduzida por
embalagens protetoras (BEM-YEHOSHUA, 1987).
Muitos procedimentos pós-colheita reduzem a taxa respiratória e a
perda de água. Como consequência reduzem também a incidência de
patógenos e as desordens fisiológicas (GORINI, 1987).

2 - Temperatura de armazenamento

A temperatura de armazenamento interfere diretamente no


metabolismo. É o fator ambiental de maior importância no controle da
deterioração pós-colheita. A temperatura ideal no armazenamento de todas as
espécies não está afixada (WILLS, 2007). Altas temperaturas aceleram as
reações químicas, aumentam as taxas respiratórias e taxas transpiratórias dos
órgãos vegetais e afetam a atividade de enzimas e proteínas (PHAN, 1987).
Quando armazenadas em temperaturas baixas, as taxas são menores
na ausência de dano causado pelo frio (PHAN, 1987). Em temperatura baixa
há diminuição da atividade respiratória dos produtos e redução da capacidade
do ambiente em absorver umidade. Como conseqüência há menor perda de
água por transpiração (MARTHENS e BAARDSETH, 1987; FINGER e VIEIRA,
1997). O maior benefício do armazenamento em baixas temperaturas é a
redução significativa do crescimento de microrganismos (WILLS, 2007).
Quando há dano por frio, as membranas celulares são destruídas, a
compartimentalização é comprometida e há distúrbio do metabolismo vegetal
(PHAN, 1987). A relação entre temperatura e tempo de armazenamento é
pertinente a cada produto e evita os danos.
Temperaturas de congelamento devem ser evitadas. A susceptibilidade
ao congelamento varia com as espécies, e depende principalmente da
concentração de solutos nos tecidos (PHAN, 1987 e WILLS, 2007). Alguns
produtos vegetais frescos podem suportar o congelamento. Pode haver
formação de gelo inter e/ou intracelular, por bastante tempo, sem ocorrer
danos. Há plantas que não suportam o congelamento mesmo por pouco tempo
(MOLINE, 1987 e WILLS, 2007).
218
Nas hortaliças folhosas e provavelmente nas plantas medicinais o
armazenamento refrigerado causa decréscimo da temperatura, e priva as
folhas da luz solar. Dessa forma, mesmo a fotossíntese não sendo sensível à
temperatura, não haverá luz o suficiente. Haverá desbalanço, a concentração
de CO2 na câmara fria pode ser aumentada com algum aumento na taxa
respiratória nos primeiros dias de armazenamento. Após algum tempo, a taxa
decresce e eventualmente cessa quando a temperatura for suficientemente
baixa (PHAN, 1987).

3 - Pré-resfriamento

O rápido resfriamento logo após a colheita é denominado pré-


resfriamento. É particularmente benéfico aos produtos altamente perecíveis
sendo essencial na remoção do calor de campo dos produtos recém-colhidos
(WILLS, 2007).
No Brasil, pela falta de conhecimento dos produtores, o
armazenamento ainda é feito de forma muito precária e o pré-resfriamento
geralmente não é efetuado. Este fato, juntamente com a entrada de novas
mercadorias ainda não resfriadas na unidade de armazenamento, faz com que
o processo de resfriamento na câmara seja muito demorado e irregular,
principalmente em função da oscilação da temperatura (LOUZADA, 2003).
Há vários métodos de pré-resfriamento e os meios são: o ar frio
(câmara fria, ar forçado ou ar pressurizado), a água (hidroresfriamento), o gelo
e a vácuo. A seleção do método mais apropriado de pré-resfriamento varia
com: a temperatura que o produto foi colhido; a estrutura e fisiologia do
produto, o tempo disponível de comercialização (WILLS, 2007).
O hidroresfriamento pode ser feito por imersão ou aspersão (SEIBERT,
2007) e tem a vantagem da rapidez, pois a água cobre toda a superfície de
contato do produto. O hidroresfriamento ajuda na limpeza e não permite que
haja perda de umidade durante o pré-resfriamento. A taxa de resfriamento
depende primariamente da taxa de transferência de calor entre o produto e o
meio. Depende também da respectiva diferença de temperatura, da natureza

219
do processo de resfriamento e da condutividade térmica do produto (WILLS,
2007).
A técnica é muito utilizada nas hortaliças folhosas como o ora-pro-
nobis, salsa e alface (BARBOSA, 2012; ÁLVARES, 2007 e FRANÇA, 2011).
O pré-resfriamento deve ser pesquisado e aplicado possibilitando
melhor qualidade pós-colheita das plantas.

4 - Reidratação

A reidratação é feita com água em temperatura ambiente e por


períodos prolongados. Como procedimento pós-colheita em cenoura, a
reidratação proporciona a reposição da água que foi perdida (SHIBAIRO E
UPADHYAYA, 1998). A hidratação promoveu maior turgescência e longevidade
de folhas de salsinha (ÁLVARES, 2006). Não houve aumento da longevidade
de coentro quando as folhas foram posteriormente armazenadas a 25 °C,
surgiram manchas escuras e amarelecimento de folhas. A hidratação do
coentro por 3 horas após a colheita aumenta a longevidade (aumento de um
dia em relação ao controle) se for seguida do armazenamento a 5 °C
(OLIVEIRA, 2012).

5 - Atmosfera modificada

Outro importante fator a ser observado durante o armazenamento são


as concentrações dos gases respiratórios e etileno na atmosfera. O aumento
das concentrações de dióxido de carbono e redução dos níveis de oxigênio até
0,033 e 21%, respectivamente, permite o controle do metabolismo vegetal. A
técnica tem sido denominadora “atmosfera modificada” e pode ser utilizada
concomitantemente à refrigeração (WILLS, 2007). O movimento do ar também
influi diretamente na qualidade pós-colheita por facilitar o controle de
temperatura e regularizar a pressão de vapor entre o produto e o ambiente,
além de controlar doenças ou distúrbios pós-colheita (LOUGHEED e ARGUE,

220
1987). No controle da atmosfera são utilizados recipientes fechados e
embalagens em filme plástico (WILLS, 2007).

6 - Embalagens protetoras

As embalagens protegem fisicamente e reduzem a deterioração pós-


colheita. Além de gerar a atmosfera controlada, reduzem o manuseio que
causam danos mecânicos. As embalagens reduzem a taxa de perda de água e
o movimento do ar em toda a superfície. Quando perfuradas as embalagens
evitam a condensação excessiva de vapor d’água na superfície do produto e a
proliferação de fungos e bactérias. Permitem maior troca de gases entre o
interior da embalagem e o ambiente sem alterar significativamente as
concentrações de CO2 e O2 no interior. As embalagens modernas, com
tecnologia avançada, são denominadas “embalagem ativa” e possibilitam
controle das condições internas (WILLS, 2007; FINGER e VIEIRA, 1997).
Foi detectada alteração da coloração e da concentração de clorofilas
em erva mate armazenado em função dos tipos de embalagens e do tempo
(CABRAL-MALHEIROS, 2010).
A embalagem plástica perfurada foi eficiente na redução da perda de
massa fresca das folhas de Pereskia aculeata Mill. A embalgem associada ao
hidroresfriamento proporciona a menor perda de massa acumulada das folhas
frescas quando armazenadas em ambiente refrigerado (BARBOSA, 2012).

Aspectos gerais da pós-colheita de plantas secas

Dentre os riscos do consumo está o uso de órgãos mofados, preparo


inadequado e a manutenção em recipientes ou locais impróprios. Nos recentes
cinquenta anos pesquisadores aprimoraram novos sistemas de preservação
dos alimentos e viabilizaram a secagem de plantas medicinais e aromáticas
(SILVA, 2000).
Inicialmente é feita a seleção, que elimina elementos estranhos como
pedras, terra, insetos ou partes de outras espécies, bem como partes da planta

221
que estiverem em condições indesejáveis como sujas, descoloridas,
manchadas, doentes, danificadas, etc. Não é recomendada a lavação das
plantas. Exceto quando os órgãos de interesse são rizomas e raízes. Na
secagem das folhas são mantidos os talos por preservarem qualidades,
evitarem danos e facilitarem o manuseio (ANDRADE, 1999 e MARTINS, 1994).
A secagem visa impedir a deterioração e diminuir atividades das
enzimas por desidratação. Evita a perda de qualidade da planta quanto mais
rapidamente for realizada (MARTINS, 1994). Ficam comprometidas as reações
de escurecimento, oxidação, hidrólise. É aumentada a percentagem de
compostos ativos em relação ao peso (SILVA, 2000). Deve ser feita no mesmo
dia da colheita, porém de forma lenta. Ao acelerar a retirada de água dos
tecidos pode comprometer a integridade dos compostos ativos. Os parâmetros
de qualidade da planta são mantidos com a secagem equilibrada quanto à
temperatura, umidade relativa e circulação do ar (SILVA, 2000).
As raízes, caules, folhas, frutos, flores, sementes são separadas pois
os tempos de secagem diferem (MARTINS, 1994 e BOTSARIS, 2002). As
folhas muito grandes devem ser fragmentadas de forma que permita a
secagem mais rápida e uniforme (BOTSARIS, 2002). Foi constatado no capim-
limão, que o comprimento de corte de 2 e 5 cm resultou no maior rendimento
de óleo em relação às folhas de 20 e 30 cm (MARTINAZZO, 2006). A secagem
de capim-limão reduzido à pó, em estufa com circulação forçada de ar,
proporcionou maiores rendimentos de óleo em comparação à folhas
fragmentadas com 1 e 20 cm de comprimento (COSTA, 2005).
A secagem pode ser realizada natural ou artificialmente. A secagem
natural ao ar livre, embora econômica, necessita de maior vigilância que
garanta a uniformidade das condições ambientais durante a operação. A
secagem natural, de uso doméstico, é recomendada em locais com condições
ambientais favoráveis. O longo tempo de secagem aumenta consideravelmente
o risco de ter micro-organismos na matéria-prima vegetal também degradação
dos componentes do óleo essencial, e da perda do óleo essencial por
volatilização natural (OLIVEIRA, 2011).

222
A secagem artificial é feita em: estufas, salas de secagem,
desumidificadores, exaustores, fornos elétricos, fornos de microondas. Estes
equipamentos permitem o controle mais rígido das condições de temperatura,
umidade, circulação de ar e luminosidade. A secagem artificial é fundamentada
no aumento da capacidade do ar em retirar a umidade das plantas, seja pela
maior temperatura ou pela ventilação (AZEVEDO e MOURA, 2010; SILVA,
2000; BOTSARIS, 2002; MARTINS, 1994; BLANCO, 2007).
Foram avaliados os métodos de secagem de duas espécies de boldo.
A secagem em estufa com circulação forçada de ar foi mais eficiente no boldo-
da-terra enquanto a estufa convencional foi mais eficiente na secagem de
boldo-miúdo, quando comparados com micro-ondas e camada delgada
(RODRIGUES, 2011).
Foi observado que a secagem em estufa foi mais rápida e comparada
ao desumidificador preservou: os constituintes do óleo essencial, o aroma e a
coloração original das folhas de manjericão. Nas folhas secas inteiras o teor de
óleo essencial foi maior em comparação com as folhas pulverizadas
(ROSADO, 2011). Houve maior rendimento de flavonoides em carqueja-doce
quando secas em estufa quando comparado à secagem em condições
ambientais e em forno micro-ondas (BORGO, 2010).
A secagem de erva-cidreira-brasileira provocou a redução dos teores
de óleo essencial e o aumento significativo do teor de citral nas folhas em
relação à planta fresca, independentemente da temperatura do ar de secagem
(BARBOSA, 2005). Resultado semelhante foi encontrado na secagem de
Melaleuca alternifolia (LEMOS, 2008). Houve incrementos no conteúdo de citral
de capim limão quando as folhas foram secas em sala com desumidificador,
comparado a estufa com circulação forçada de ar. As pesquisas indicaram que
as plantas podem ser submetidas até a 80ºC, sem alterações expressivas nos
componentes do óleo essencial (COSTA, 2005). A secagem em sala com
desumidificador possibilita o maior conteúdo de óleo essencial total comparado
ao outro método de secagem.
A temperatura em estufas com ventilação deve permanecer entre 20º e
40ºC na secagem de galhos floridos, folhas e flores. Entre 50º e 60ºC na

223
secagem de cascas e raízes. Acima de 45ºC, nas folhas, causa danos nos
conteúdos por efeito de cocção. Secadores especiais que atingem 80ºC podem
ser utilizados em determinadas espécies (AZEVEDO e MOURA, 2010;
MARTINS, 1994). No óleo essencial de Pectisbrevi pedunculata, na secagem
a 40ºC, as temperaturas provocaram rendimentos consideravelmente menores,
com reduções entre 63 a 82%. Essas reduções foram atribuídas à volatilização
do óleo essencial durante o processo de secagem em temperaturas mais
elevadas (50 e 60 °C) e o longo tempo de secagem à temperatura ambiente
(5100 min) (OLIVEIRA, 2011). O mesmo foi observado por David (2006) ao
analisar secagem de Ocimum selloi. O aumento da temperatura ocasionou
redução na proporção relativa entre monoterpenos e sesquiterpenos.
Foram observadas alterações nos teores de flavonoides,
naftodiantronas e floroglucinóis ao submeter a planta “hipérico” à várias
temperaturas de secagem. A secagem a 25 °C causou redução nos teores dos
metabólitos analisados. A 50 °C, os teores de rutina livre ou rutina glicosilada,
de quercetina ou quercitrina glicosilada e de hipericina foram preservados.
Apigenina livre e canferol não tiveram reduções significativas nas
concentrações, independente das temperaturas de secagem (DINIZ, 2007).
Não foram observadas alterações nos rendimentos de p-cimeno e timol
em folhas de alecrim pimenta (Lippia sidoides) secas em várias temperaturas
quando comparado a matéria-prima fresca. O aumento da temperatura do ar de
secagem incrementou o rendimento extrativo de cariofileno (RADUNZ, 2002).
De acordo com Azevedo e Moura (2010) dentre os cuidados com a
secagem devem ser incluídos os procedimentos:
 A área de secagem pode ocupar 10 a 20% da área cultivada em função do
tipo de secagem (secagem artificial ou natural).
 As plantas podem ser colocadas sobre ripados ou bandejas de tela.
 As bandejas podem ser sobrepostas com o espaço de 30cm que permita a
circulação do ar.
 Plantas aromáticas devem ser secas separadamente de tal modo que evite a
mistura dos aromas.

224
 As camadas de plantas devem ser finas. Devem permitir que o ar circule e
evite infestações de insetos, mofos e fermentações. As camadas de folhas
podem ter 3cm. As camadas de flores e galhos floridos podem ter 15 a 20
cm.
 A parte mais suculenta da planta deve ser separada da parte menos
suculenta possibilitando tempos de secagem distintos.
 Caso haja secagem irregular, alternar as posições. Não revolver e nem
danificar a matéria prima.
 Ao final da secagem, as folhas, flores e galhos floridos devem ter 5 a 10% de
umidade. As sementes, cascas e raízes devem ter 12 a 20%.

7 - Armazenamento e embalagem

Após a secagem, a conservação da plantas dependerá basicamente da


umidade residual, da embalagem e do tempo de armazenamento. É comum
embalar as plantas no momento que estão quebradiças com peso constante
(SILVA e CASALI, 2000).
A escolha do tipo de embalagem protetora é função da espécie, da
quantidade a ser armazenada e do destino da produção. Sacos de polietileno e
potes de vidro permitem boa conservação de plantas secas. A embalagem de
polietileno atóxico, fechado hermeticamente, é mais adequada ao produto seco
(BLANCO, 2007). Maiores quantidades são armazenadas em tonéis de
madeira (não aromática) pois aumentam o tempo de conservação (SILVA,
2000 e MARTINS, 1994).
O armazenamento de plantas medicinais secas tem sido pouco
estudado. Demonstra não haver grande demanda pelas indústrias do ramo.
Na prática, as plantas são armazenadas em grandes galpões em
embalagens de papel “kraft", juta ou polipropileto trançado, sem nenhum
acompanhamento das possíveis alterações físicas e químicas da planta
durante a estocagem (MARTINAZZO, 2006). Sacos de juta são recomendados
nos produtos que serão rapidamente utilizados (MARTINS, 1994).

225
A composição química de compostos voláteis é complexa e de
significativa contribuição no flavor. Assim como a concentração de
carboidratos, lipídeos e outras moléculas, a composição dos voláteis pode ser
alterada durante o armazenamento (MARTHENS e BAARDSETH, 1987).
Em capim-limão houve queda do teor de óleo essencial em função do
tempo de armazenamento, independentemente da embalagem. Mesmo com o
decréscimo, os teores permaneceram dentro dos limites exigidos pela indústria
brasileira de produtos farmacêuticos. A coloração da planta foi alterada em
função da embalagem utilizada. Quando armazenada em embalagem de
polipropileno, as plantas estavam acinzentadas, pois não houve proteção
contra a luz (MARTINAZZO, 2006).
Na comparação de tipos de embalagem, o papel kraft preservou as
características químicas e físicas da carqueja. Não houve variação no teor de
óleo essencial após um ano de armazenamento. O mesmo não ocorreu com
armazenamento em vidro, pois houve descoloração. Na embalagem de
polietileno de baixa densidade houve perda de metabólitos secundários com o
armazenamento. Houve decréscimo no teor de óleo essencial em folhas de
carqueja, reduzidas a pó e armazenadas, em função do tempo. O mesmo não
ocorreu quando as folhas foram apenas fragmentadas (3-5 cm) (SILVA, 2010).
A moagem causou maior decréscimo do teor de óleo essencial em função do
tempo de armazenamento quando comparado à fragmentação da folha
(COSTA, 2009). Estas pesquisas indicam que a fragmentação possibilita
preservar os tricomas glandulares, as estruturas secretoras do óleo.
Considerando o tempo de armazenamento, a biomassa seca na forma de pó
garante maior superfície de exposição que causa maior perda dos óleos
essenciais.

226
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