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CAPÍTULO 1

PLANTAS ALIMENTÍCIAS, CONDIMENTARES E MEDICINAIS E A SUA


RELAÇÃO COM O AMBIENTE

As plantas medicinais são consideradas recursos primários de uso na medicina


ancestral e na indústria farmacêutica. São usadas no preparo de infusões e decocções em
países onde a medicina tradicional é recurso terapêutico, social e econômico. A
indústria de extratos com grande teor de constituintes ativos e de produtos
quimicamente puros. O cultivo dessas plantas possibilita a escolha de variedades com
características desejadas, possibilita melhor desenvolvimento das plantas, melhor
manejo das condições de solo, práticas agrícolas, controle de fungos e insetos, entre
outros benefícios. Os compostos utilizados na medicina são do metabolismo secundário
da planta, que não tem função básica nos processos fisiológicos do vegetal, mas
desempenha função ecológica de plantas na defesa contra herbívoros. Existem espécies
com recomendações específicas na terapia popular, de acordo com o local de ocorrência
(MARTINS, 1994).

Interação genótipo e ambiente

A maioria das espécies medicinais utilizadas não são cultivadas, e os trabalhos


de melhoramento de plantas são escassos ou inexistentes, sendo necessário aprofundar
estudos sobre a adaptação e às condições de cultivo (KAMADA, 1998 e TÉTÉNY,
1983). A estabilidade de comportamento de cultivares nos ambientes é diferente, e
significa que o melhor genótipo em determinado ambiente dificilmente será melhor em
ambientes diversos.

Efeitos no ambiente

Os organismos predados produzem compostos aleloquímicos para sua auto


proteção, e desempenham funções ecológicas que são formadas pela derivação das rotas
primárias com auto valor biológico (GOTLLIEB,1987). A presença de fungos
micorrizicos nas raízes de cevada induz a cumulação de alguns compostos secundários
de defesa da planta à penetração de fungos (PEIPP, 1997). Os taninos do grão de sorgo
minimiza o ataque de pássaros e diminui a qualidade nutricional. Como alternativa,
introduziu-se genes que condicionam grãos sem tanino, mas com a presença do
glicosídeo cianogênico, que confere aos grãos resistência aos pássaros (PRATES,
1996). Algumas relações tem sido feitas entre espécies que dependem da polinização e
que produzem compostos responsáveis pela atração via odor exalado ou via coloração
atrativa. A planta suculenta conhecida como “vela”, exala um odor forte de sua
inflorescência devido a 22 compostos. O maior deles é o ácido isovalérico, com pico de
produção durante o dia por causa da abertura das flores e maior visitação dos insetos.
(KITE e SMITH, 1997).

A mandioquinha salsa possui altos níveis de metabolismos primários e


secundários voláteis no início do desenvolvimento. Na fase final, o metabolismo
secundário fica mais alto por mudanças naturais entre plantas e insetos naturais
interagindo. Os botões e flores estabelecem relações mútuas e os compostos primários
se tornam nutritivos para os insetos (ZANGERL.1997).

FATORES ABIÓTICOS

Latitude: Estudos feitos com dois tipos de plantas demonstraram que as


cultivadas na latitude sul eram mais ricas em alcaloides do que as plantas cultivadas no
norte. Outro estudo feito por Seiler (1994) mostrou que a concentração de óleos nas
sementes de espécies anuais e perenes de girassol foi influenciada pela localização
geográfica quanto à latitude, relacionando-se com a temperatura.

Altitude

Regiões mais altas do país irá interferir no desenvolvimento das plantas e na


produção de princípios ativos. CORREA JÚNIOR (1991) percebeu que a novalgina
cultivada acima de 1000m possui porte mais baixo e maior quantidade de óleos
essenciais. A papoula Iraniana acima de 1200m tem seu teor de alcaloide aumentado a
cada ano de crescimento, quando comparado com altitudes abaixo dessa. A chinchona
(canela na língua popular, se desenvolve melhor em baixas altitudes, mas também não
produz alcaloides. Arnica montana possui maiores teores de flavonoides totais em
altitudes acima de mil metros.

Temperatura

A temperatura está relacionada diretamente com o desenvolvimento da planta.


Para o bom desenvolvimento das plantas há temperatura, mínima, máxima e ótima.
Quando pouco adaptadas a determinadas regiões elas encontram dificuldades para
produzir biomassa e princípios ativos. A temperatura controla a variação de produção de
flavonoides, de leucoantocianinas e também o crescimento de samambaias. , que em
temperaturas a 12°C favorece a síntese de fçavonoides.

Luminosidade

As plantas medicinais se enquadram dentro das três grandes classes do


fotoperiodismo no florescimento. O fotoperiodismo vai além do ponto de colheita, da
produção de sementes, da época de plantio. Em ambientes favoráveis, utilizam melhor a
luz solar e realizam a fotossíntese com mais eficiência, trazendo maiores rendimentos
econômicos. Plantas de Tomilho recebendo maior luminosidade produziram mais
glândulas de óleos essenciais, maior conteúdo de óleo e maior deposição de cera na
folha.

Disponibilidade de água

A eficiência da água, fator decisivo no seu desenvolvimento é o meio


transportador de substâncias solúveis e mediadora de todos os processos bioquímicos. A
eficiência de absorção depende das condições climáticas do ambiente, da capacidade
hídrica do solo e das exigências de água durante o desenvolvimento. A produção de
flores e óleo em camomila oferecem melhor resposta em baixa disponibilidade de água,
assim como para a Artemísia. Já a Bela dona teve resposta ótima em todas as fases do
desenvolvimento. Já no orégano, o stress hídrico aumentou a quantidade total dos níveis
de óleo essencial e queda da fração fenólica. A Vinagreira por exemplo diminuiu a sua
capacidade de produção de matéria seca, ácido ascórbico e a taxa de crescimento.

Nutrição

A nutrição ganha destaque dentre os fatores da composição química das plantas.


A adubação química pode causar declínio na produção de plantas medicinais, por isso
recomenda-se a adubação orgânica, que me muitos casos contém nutrientes necessários
à boa produção. Deve-se evitar a adubação mineral, mas podendo ser usada no caso de
correção de deficiência do solo. A cumarina, utilizada em perfumarias, pode ser
reduzida da planta de Chambá em solos com deficiência de P e k (BARROS, 1992). A
correção com calcário pode ser necessária para não diminuir a absorção de nutrientes e
também pelo fornecimento de Cálcio e Magnésio (MARTINS, 1994). As plantas de
carqueja, o uso de adubo orgânico e mineral não influenciou não influenciou o
rendimento de óleo essencial, enquanto para altura e biomassa foram observados
diferenças conforme aumento do adubo orgânico (DIAS e CAMARGO, 1996). A
nutrição pode influenciar na produção ou diminuição da biomassa, crescimento,
produção de óleos e matéria seca da planta. Para bons resultados, é necessário conhecer
as espécies e a exigência nutricional delas.

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