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Após a Revolução Verde o uso de adubos verdes e estercos em geral foi trocado
pelos adubos solúveis, que na época foram acatados como a solução dos problemas de
aumento e desenvolvimento das plantas, o que consentiu acréscimo na produção de
alimentos no Brasil. Porém, a circunstância saiu do controle e acabou por derivar na
contaminação de recursos hídricos e na degradação dos solos antes saudáveis
(OLIVEIRA ABRANCHES et al., 2021).
Todavia, a adubação verde vem sendo largamente usada apenas com o desígnio
de incorporar nitrogênio ao sistema produtivo, ou seja, como um adubo nitrogenado e
como estímulo para a microvida do solo, sendo raramente usual com o objetivo de
acrescentar a matéria orgânica decomposta (húmus) no sistema produtivo, apesar de
grandes resultados desse material já terem sido explanados (PRIMAVESI; PRIMAVESI,
2018).
Em estudo prévio feito por Carvalho da Silva et al. (2021), descreveram duas
respostas distintas das plantas de gliricídia – tolerância e adaptação – ao estresse salino,
dependendo da quantidade de NaCl utilizada (Carvalho da Silva et al., 2021). Além
disso, ao aplicar abordagens de análise transcriptômica e metabolômica única e
integrativa, mostrou que a via de biossíntese de fenilpropanóides foi a via mais afetada
pelo estresse salino nas folhas de plantas jovens de gliricídia, com 15 metabólitos e três
genes expressos diferencialmente, e que esse papel da via foi mais manifesto no início
do estresse, não no longo prazo.
Embora seja reconhecida como uma das espécies exóticas invasoras mais
invasivas do planeta (LOWE et al., 2000) e de estar presente em praticamente todo o
território brasileiro (MICHELETTI, 2020), há poucos estudos ecológicos sobre L.
leucocephala no país (MARTELLI; SÁ; SAMUDIO, 2020). A maior parte das
pesquisas são voltadas para outros aspectos da planta, como por exemplo, os aspectos
14 fisiológicos (MEDEIROS et al., 2018; BICHOFF et al., 2018; MEDEIROS et al.,
2020), agronômicos (SILVA et al., 2020, CUBILLOS-HINOJOSA; SILVA-ARAUJO;
SÁ, 2021) e como vermicida em animais (SOARES et al., 2015). A espécie é estimada
como uma das piores exóticas invasoras do mundo (LOWE et al., 2000) e não há
registros de estudos no Brasil sobre seus impactos sobre a flora nativa e nem como as
mudanças no clima poderão afetar sua ocorrência.
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