Você está na página 1de 26

Visão geral dos recentes avanços

nos fungos micorrízicos

Overview of the Recent Advances in Mycorrhizal Fungi

Mestranda: Rayane Monique Sete da Cruz

Prof. Dr.: Odair Alberton


Desde 1999, os pesquisadores
observaram o crescente declínio
das populações e a perda de
espécies em todos os
ecossistemas.

Os solos são necessários para


produção do alimento, do ar e
a água limpa (a água potável
depende da manutenção das
propriedades do solo) e para
alcançar uma melhor saúde
humana.
Como parte da biota do
solo e raízes das plantas
colonizadoras, os fungos
micorrizicos arbusculares
(FMA) ligam os
componentes bióticos e
geoquímicos dos
ecossistemas fornecendo
os serviços ecossistêmicos
mais importantes.
Algumas análises apontaram as simbioses
fúngicas para prever a resposta do
ecossistema a mudanças globais.

• Micorrizas arbusculares
- mais comuns
- 80% (glomoromycota)
• Ectomicorrizas
- climas tropicais
- coníferas
Este artigo aborda os avanços
nos fungos micorrízicos com
base em resultados recentes de
pesquisa em todo o mundo e
com especial atenção aos
desenvolvimentos na América
Latina.
Estudos em micorrizas se
desenvolveram amplamente; no
entanto, a pesquisa em ecologia
e biogeografia ainda é limitada.
Simbiose micorrízica

Entre os microorganismos do solo, a FMA realiza


simbioses com mais de 80% de todas as espécies de
plantas terrestres. Além disso, algumas plantas
aquáticas e de zonas húmidas podem se associar à
FMA. As simbioses micorrízicas podem consistir na
internalização de um dos parceiros no hospedeiro da
planta, mas também na mudança do parceiro
simbiótico quando ocorre uma variação nas
condições ambientais.
As micorrizas arbusculares ligam os componentes
bióticos e geoquímicos do ecossistema, fornecendo
mais de seis serviços ecossistêmicos:

• aumento da aderência e estabilidade das plantas / solo


(a rede micelial radical extra melhora o rooteamento e o
estabelecimento da planta),
• promovendo o crescimento da planta (reduzindo o
requisito de fertilizantes),
• aumentando a resistência das plantas (seca, salinidade,
metais pesados e esgotamento de nutrientes minerais),
• aumentando a estabilidade, estrutura e retenção de água do
solo (através da secreção de glomalina e crescimento da
rede micelial),
• resistência vegetal melhorada contra estresses bióticos,
bioregulação no desenvolvimento vegetal
• melhor qualidade da planta para a saúde humana
(Modificação da fisiologia das plantas)
• aumento da diversidade da comunidade vegetal.
Alguns fungos são muito
atraentes para uso industrial
devido às enzimas lignolíticas
que podem degradar
poluentes químicos
(combustíveis fósseis,
madeira, resíduos sólidos) no
ambiente.
Gelviz-Gelvez et al. (2015) mostraram oito espécies
potenciais para uso em projetos de restauração
ecológica na região semi-árida do México Central.
Baseiam-se em atributos ecológicos adequados para a
restauração (cobertura, abundância, sociabilidade,
micorrização) e tolerância às futuras mudanças
climáticas projetadas. Várias espécies que não
tolerariam modificações ambientais causadas pela
mudança climática serão inadequadas para uso em
planos de restauração ecológica de longo prazo.
Estudos das interações entre os atributos biológicos,
físicos e químicos do solo e micorrizas permanecem
escassos e são especialmente deficientes no contexto da
recuperação florestal a longo prazo e da restauração
ecológica. Também os estudos sobre ecologia e
biogeografia e as aplicações de micorrizas na agricultura e
questões ambientais são limitados. Cada vez mais
estudos comparam savana seminatural, savana
recuperada e agroecossistema, em períodos secos e
úmidos (Furrazola et al., 2015).
Das mais de 7573 referências publicadas para a FMA
encontradas em nossa pesquisa do Google Scholar, apenas
104, menos de 2%, investigaram o efeito da mudança
climática nesses fungos, ou as relações com os pesticidas.
Dos mais de 2815 relatórios sobre ECM, menos de 3% foram
relacionados à mudança climática. Além disso, apenas sete
relatórios incluíram FMA e ECM.
Ambientes naturais
Abundância e diversidade de esporos
A biodiversidade de FMA em ambientes naturais é tipicamente
mais alta do que nos sistemas agrícolas, devido a mais
diversidade de plantas e um habitat mais complexo que pode
suportar uma maior variedade de organismos. No entanto,
depende do bioma e tipo de vegetação (Douds e Millner, 1999).
Normalmente, é encontrado um padrão universal de distribuição
de FMA (algumas espécies de FMA abundantes e espécies
raras), mas o FMA dominante pode mudar com o tempo
(variações sazonais e sucessão) (Buscot 2015).
As distribuições de esporos do FMA variam tanto
espacialmente como temporariamente dentro e entre as
plantas hospedeiras e com os tipos de solo. Na vegetação
natural, os números de esporos podem variar de 1 a 20 g-1
de solo seco. No entanto, alguns esporos devem ser usados
frescos e não são viáveis após secos, especialmente os de
Glomus.
Avanços recentes na identificação de esporos de FMA e suas
classes podem ser encontradas no site
(Http://glomeromycota.wix.com/lbmicorrizas)
Por exemplo, no Brasil, Freitas et al. (2014) identificaram 41
morfotipos de esporos em rizosfera de três leguminosas na
floresta amazônica.

Carvalho et al. (2012) relataram 49 espécies de FMA para


seis diferentes habitats naturais (campos das terras altas,
pântanos, cerrado, etc.)

Silva et al. (2014) 50 espécies FMA para três locais semi-


áridos (uma floresta seca, uma zona de transição e uma
floresta úmida).
Na floresta amazônica, Freitas et al.
(2014) estudaram esporos na rizósfera
de três árvores Leguminosae
miofotóficas. Eles descobriram que as
características do solo e a identidade
do hospedeiro da planta eram
responsáveis por afetar as
comunidades de FMAs. Observaram
uma menor variação da composição
das espécies, mostrando que as
espécies de AMF dominantes podem
ser recrutadas pelas comunidades de
plantas.
Colonização da Raiz

Nos climas tropicais, a colonização


das raízes é geralmente encontrada
durante a estação chuvosa.
Geralmente, a taxa de colonização
aumentou no período chuvoso
(Allen et al. 1998; Silva Junior e
Cardoso 2006; Pagano et al., 2009),
o que pode estar relacionado à
melhoria de nutrientes solúveis e a
uma maior atividade radicular
naquela estação.
Na simbiose ECM, as taxas de
colonização geralmente
aumentam no período chuvoso
(Pagano e Scotti 2008; Pagano
et al., 2009). Os fungos ECM
são particularmente dominantes
nos ecossistemas onde as
plantas são limitadas por N
(Read 1991), entretanto níveis
elevados de N e fertilizantes
inibem o crescimento de hifas
externas e corpos de frutas
(Olsson et al., 2003).
Em geral, vesículas e hifas são as
estruturas MA mais comuns
observadas nas raízes das plantas.
Demonstrou-se que as vesículas de
armazenamento aparecem nos
estágios posteriores da colonização,
sendo importantes contribuintes para
o dreno de carbono da planta
(Jakobsen et al., 2003), além de
propágulos (Smith e Read 2008).
Comumente, hifas sepcárias e
microsclerotium de fungos endófitas
septos escuros podem ser
encontrados durante os exames
radiculares
Hoje, o número de relatórios sobre a diversidade da FMA
é escasso, porém, estas informações relatadas são
capazes de apoiar as decisões de conservação do
ecossistema. Alguns estudos examinaram as respostas
micorrízicas e ecossistêmicas em múltiplos locais dentro
de um tipo de ecossistema. No entanto, hoje em dia é
necessário investigar ainda mais a composição e os
padrões de distribuição de espécies de FMA em
diferentes ecossistemas / biomas. Esse estudo facilitará
a utilização e gerenciamento do FMA para melhorar a
produtividade das árvores, bem como para obter outros
benefícios.
Por exemplo, na região semi-árida do Brasil, Pereira et al. (2014)
estudaram a abundância de FMA em diferentes plantações
econômicas em comparação com a área nativa da Mata Atlântica no
Brasil. Eles descobriram que a composição da comunidade FMA foi
mais afetada por diferentes usos da terra do que pelas
características do solo.
Os benefícios ambientais de FMA na estabilidade agregada do
solo estão bem documentados (Rillig e Mummey 2006) e,
recentemente, uma meta-análise confirmou que FMA
geralmente aumenta a agregação do solo (Leifheit et al.,
2014). No entanto, este tópico precisa de mais estudos em
ecossistemas naturais e agrícolas. Uma melhor compreensão
dos mecanismos que contribuem para o desenvolvimento e a
estabilidade dos solos ribeirinhos contribuirá para a gestão
dos rios naturais (Mardhiah et al., 2014). Apesar da pesquisa
focada nos FMA, trabalhos recentes sugerem que a ECM
também participa de uma melhor estrutura do solo (Zheng et
al., 2014).
Conclusão

Foi mencionada a necessidade de obter mais informações


para entender a importância da cobertura florestal de
conservação, do volume de água armazenada no solo e
organismos que vivem na biosfera. Além disso,
recomendou-se a preservação de micorrizas arbusculares e
Ectomicorrhizas para conservação de carbono no solo.
Finalmente, argumenta que os ecossistemas
naturais apresentam alta diversidade da FMA; no
entanto, ele diminui com altitude maior.

Consequentemente, são necessárias mais


pesquisas neste campo, especialmente no que diz
respeito às aplicações de micorrizas em questões
ambientais.
Obrigado pela
atenção!

Você também pode gostar