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Biogeografia

Material Teórico
Biomas mundiais

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Dra. Adriana Furlan

Revisão Textual:
Profa. Ms. Alessandra Fabiana Cavalcanti
Biomas mundiais

• Introdução
• Fatores interligados na formação e na manutenção dos domínios
vegetais
• Formações vegetais mundiais

OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Discutir sobre a formação dos biomas em termos de localização
espacial e a relação das sociedades com estes.

ORIENTAÇÕES
Nesta Unidade, vamos aprender sobre um importante tema: os Biomas
mundiais.

Para melhor compreensão do que iremos tratar procure ler, com atenção, o
conteúdo disponibilizado e o material complementar. Não esqueça! A leitura
é um momento oportuno para registrar suas dúvidas; por isso, não deixe de
registrá-las e transmiti-las ao tutor.

Além disso, para que a sua aprendizagem ocorra num ambiente mais
interativo possível, na pasta de atividades, você também encontrará as
atividades de Avaliação, uma Atividade Reflexiva e a videoaula. Cada material
disponibilizado é mais um elemento para seu aprendizado, por favor, estude
todos com atenção!

As pesquisas de campo que puder realizar na região em que reside ou trabalha


podem ser extremamente úteis para aplicar na prática as questões teóricas
estudadas aqui. Exercite sua observação, faça anotações e reflita sobre a
realidade a partir do que estiver estudando.
UNIDADE Biomas mundiais

Contextualização
Leia as notícias a seguir:
Explor

Desmatamento na África é 4 vezes a média mundial, dizem ONGs


Disponível em: http://goo.gl/RqJvJM
Explor

O desmatamento causa estragos em comunidades pobres do Pacífico Sul


Disponível em: http://goo.gl/9Dl4IK

A partir da leitura das notícias e da observação das imagens, vamos refletir


sobre uma questão muito importante: Quais as consequências da devastação das
florestas, especialmente em áreas pobres da África e da Ásia, acarretam tanto para
a biodiversidade quanto para as comunidades que dependem destas florestas para
sobreviver?

Responderemos esta e outras questões ao longo desta unidade e é importante


que estejamos atentos na relação entre as discussões teóricas e a realidade.

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Introdução
Ao analisarmos as diferentes paisagens do globo terrestre, podemos identificar
um enorme mosaico de formas e de padrões florísticos e faunísticos que se
distribuem em função de fatores distintos, mas em constante interação. Existem
ainda questões mais complexas das quais a Biogeografia, também, se ocupa, como
por exemplo, a busca de explicações para a ocorrência de cactáceas, tipicamente
encontradas no semiárido nordestino brasileiro em plena Amazônia ou em alguns
redutos do Sudeste.

O termo Bioma (do grego: Bio = vida + Oma = grupo ou massa) foi usado pela
primeira vez em 1943, pelo botânico Frederic Edward Clements (EUA, 1874-1945).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), bioma é um


conjunto de vida vegetal e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de
vegetação contíguos e que podem ser identificados a nível regional, com condições
de geologia e de clima semelhantes e que, historicamente, sofreram os mesmos
processos de formação da paisagem, resultando em uma diversidade de flora e de
fauna próprias. Podem ser considerados como biomas terrestres e biomas aquáticos
(estes divididos em fluviais, lacustres e marinhos).

A grande variedade de biomas encontrados no Brasil e no mundo deve-se a


fatores, como definido acima pelo IBGE, que podem se repetir em distintas partes
dos continentes, portanto as formações tendem a ser semelhantes, fatores tais
como o clima (macro e micro) e as condições geológicas (tipo de embasamento
rochoso predominante). Podemos acrescentar a estes fatores o tipo de relevo
existente (diferenças de altitudes interferem na formação vegetal e na distribuição
dos animais) e solos.

No caso dos biomas aquáticos, as condições de temperatura, de profundidade


da água, de condições químicas, entre outros, influenciarão no tipo de fauna e de
flora encontradas nestes ambientes.

Figura 1 – Biomas aquáticos


Fonte: www.hidro.ufcg.edu.br

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Figura 2 – Biomas terrestres


Fonte: www.geografia.seed.pr.gov.br

Vamos analisar e refletir sobre os fatores de formação destes ambientes e as


transformações pelas quais estes biomas têm passado ao longo do tempo, como
por exemplo, em função da ocupação humana.

Fatores interligados na formação e na


manutenção dos domínios vegetais
O clima
O clima é um dos elementos determinantes das espécies vegetais e animais
que existirão em determinadas áreas. As plantas e os animais se adaptaram a
determinadas condições através de um longo processo evolutivo. A variação
de umidade, de temperatura e de ventos interfere diretamente na existência de
determinadas formações vegetais e da fauna.

Os principais fatores formadores do clima são: latitude (interfere na incidência


de raios solares recebidos por determinada região, modificando as temperaturas
em diferentes latitudes, sendo o fator responsável pela diferenciação das zonas
climáticas); altitude (quanto maior a altitude, mais rarefeito se torna o ar e a
temperatura tende a ser menor); massas de ar (são grandes porções de ar da

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atmosfera que se estendem por milhares de quilômetros e suas características
dependerão das condições do ambiente em que se formaram e por onde farão sua
trajetória); continentalidade e maritimidade (correspondem à maior ou menor
proximidade de grandes massas de água, além de exercerem variação na umidade,
interferem também na temperatura da região); e as correntes marítimas (têm o
poder de interferir na temperatura atmosférica e no movimento das massas de ar).

O relevo
Tanto por suas formas quanto pela influência que exerce sobre os elementos
e alguns fatores do clima, o relevo tem grande importância na distribuição da
vegetação. A variação da altitude tem como consequência mais preponderante
a diferenciação das temperaturas. Quanto mais alto mais rarefeito é o ar e este
intercepta menor quantidade de raios solares, portanto o frio será maior.

Em função disso é possível explicarmos o porquê da existência de cumes de


montanhas nevados em plena região de savana no continente africano (figura 3).

O relevo interfere, também, na circulação dos ventos, interceptando-os,


desviando-os ou canalizando-os.

Figura 3 – Monte Kilimanjaro na Tanzânia (África)


Fonte: Wikimedia Commons

A formação geológica e os solos


Em função do tipo de rocha existente em determinada área, teremos a formação
de um determinado tipo de solo (autóctones). Os solos podem ter origem em outros
ambientes e serem transportados para outra área (solos alóctones).

A importância do papel desempenhado pelo solo em relação à vegetação é mais


do que evidente, pois é nele que a maioria das plantas encontra seu suporte e dele
retira os principais elementos de que necessitam para seu desenvolvimento.

Os solos variam em função do relevo e do clima, como por exemplo, quanto


maior a altitude menor a camada de solo e quanto mais seco determinada região
menor é a evolução do solo.

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Algumas espécies vegetais se adaptam a ambientes


distintos, como as encostas rochosas, por exemplo (figura 4).

Figura 4 – Bromélias em costão rochoso


Fonte: www2.bioqmed.ufrj.br

Formações vegetais mundiais


Tundra
A tundra se localiza na região norte do planeta, nas áreas periglaciais, próximas
à calota polar (figura 5).

Figura 5 – Localização e características da tundra no planeta


Fonte: Wikimedia Commons

Nestas áreas, o inverno dura 10 meses (devido ao grau de inclinação da Terra


e às altas latitudes), sendo que as precipitações ocorrem em forma de cristais
minúsculos de gelo (neve) e a temperatura não ultrapassa 10ºC. No verão, o solo
(permafrost) descongela na superfície formando-se algumas áreas alagadas (brejos).
Nesta estação, algumas plantas como as herbáceas, os liquens, os musgos e os
pequenos arbustos se desenvolvem, e seus ciclos de vida são bastante curtos o que
gera uma produção de biomassa que será rapidamente decomposta e reintroduzida
no ecossistema. Este é o momento que os animais procuram comida, já que antes
o solo estava congelado.

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O processo de ocupação humana nas áreas ocupadas pela tundra é bastante
comprometido, pois se trata de um clima extremamente frio, onde a pequena
incidência de raios solares e os solos pobres em nutrientes dificultam a prática da
agricultura e a criação de animais domésticos.

Uma das maiores ameaças a este bioma é o aquecimento global, pois este ambiente
é definido pelo clima, e à medida que a Terra é aquecida, o gelo presente na tundra
derrete, podendo mudar radicalmente esse bioma. Outra grave ameaça é o fato de
que sob a tundra, existem reservas minerais, como de petróleo e de gás, sendo que
para realizar sua extração ocorrerá a modificação (e até a destruição) do ambiente.

Na relação das comunidades nativas com este ambiente, podemos citar o caso dos
nativos Inuits que vivem da mesma forma (e bem adaptados) há dezenas de anos.
Já os vikings sucumbiram ao se deslocarem e ocuparem algumas ilhas do norte
do Canadá e da Groenlândia, enquanto grupos de nativos (os inuits) conseguiram
permanecer na região até os dias atuais. Como isso pode ser explicado? A resposta
está numa mistura de inadaptabilidade, desinteresse em aprender, comodismo, falta
de conhecimento técnico (ou “falso” conhecimento técnico) e heranças culturais
problemáticas. Percebeu-se, por exemplo, que os inuits tinham equipamentos para
pescar e para caçar foca, muito mais eficientes que aqueles pertencentes aos vikings.
Vale ressaltar que a foca ainda é o alimento mais farto daquela região, tal como à
época viking. Ainda assim, os vikings jamais adaptaram seus utensílios, num misto
de desinteresse e ojeriza pelo hábito de comer foca. Afinal, eles vinham da Europa e
só em último caso a incorporavam ao seu cardápio, considerada alimento de menos
prestígio. Assim, a tentativa de manter os modos de vida e os padrões europeus de
moradia e alimentação levaram os vikings ao colapso nestas áreas.

Taiga (Floresta Boreal)


Também é denominada, por alguns autores, como Floresta de Coníferas, por
ser, basicamente, formada por pinheiros, os quais não têm raízes muito profundas,
pois o solo neste ambiente é raso (composto por uma grossa camada de folhas e
pequenos ramos que estão constantemente sofrendo a reciclagem da matéria pela
ação dos decompositores).

O verão nesse bioma é um pouco mais longo do que na região da tundra e a


vegetação é adaptada ao longo período de inverno (o formato da árvore - de cone
– impede o acúmulo de neve, não prejudicando seu metabolismo; e o tronco possui
uma cortiça grossa que impede a árvore de perder calor (isolante)).

Localizada exclusivamente no hemisfério norte, é encontrada em regiões de


clima frio e com pouca umidade, ao sul da tundra. Caracterizada por estar sempre
verde (figura 6).

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O desmatamento é a maior ameaça a este bioma, pois boa parte de suas reservas
foi desmatada para a ocupação humana e, principalmente, para a produção de
papel e a utilização comercial de suas madeiras. A taiga siberiana, por exemplo,
que representa 20% da superfície florestal do planeta, está ameaçada de perder
suas árvores para satisfazer a demanda crescente de madeira do Japão e da China.
A pobreza dos habitantes dessas imensas terras russas e as relações de empresários
com a máfia é o pano de fundo desta situação, que pode acarretar “a destruição
de um dos últimos santuários naturais do mundo’’, segundo Josh Newell (Diário do
Grande ABC, 18/05/2016).

Figura 6 – Localização e características da taiga no planeta


Fonte: Wikimedia Commons

Floresta temperada
A Floresta temperada possui suas estações do ano bem definidas. São constituídas
de árvores de folhas decíduas ou caducifólias (que caem) e no fim do outono só
restam os galhos e o tronco. Esse mecanismo permite que a vegetação faça um
processo como o de hibernação, durante o inverno rigoroso, diminuindo assim a
atividade do organismo.

Esse bioma está em uma faixa onde a luz solar incidente é maior do que na
tundra e na taiga e, consequentemente, ocorre mais precipitação (em forma de
água). Desta forma, há condições que favorecem uma maior diversidade de plantas
e animais: de água, de calor e de umidade. O solo é rico em matéria orgânica e
profundo devido à decomposição de frutos, de folhas, de troncos e de galhos.

Figura 7 – Localização e características da floresta temperada no planeta


Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons

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A grande destruição deste tipo de floresta se deve à sua localização. Observe
com atenção que a distribuição desta vegetação coincide, em sua maior parte, com
as áreas mais desenvolvidas do planeta em termos econômicos (figura 8), o que
inclui expansão industrial e urbana, além das atividades agropecuárias (Estados
Unidos e Europa, por exemplo). Assim, há muito tempo estas florestas têm sofrido
desmatamento para retirada da madeira para diversos fins, para construção
de cidades e todo tipo de infraestrutura para atendimento do desenvolvimento
industrial que estas áreas têm apresentado ao longo do tempo.

Figura 8 – Localização das principais áreas industriais do planeta


Fonte: www.pt.slideshare.net

Desertos
Os desertos são caracterizados por precipitação de 250 mm ou menos. No caso
dos desertos quentes há a presença de uma vegetação de gramíneas, de arbustos,
de cactáceos sendo pobre e esparsa, assim como o solo dos desertos também é
pobre, pois não tem permanente reciclagem de matéria. A oscilação brusca de
temperatura em algumas dessas áreas (muito calor durante o dia e muito frio a
noite) dificulta a ocupação tanto pela flora como pela fauna. Somente as plantas
que se adaptaram e se tornaram mais resistentes a estas variações sobrevivem no
deserto, assim, temos representantes desse bioma que estão plenamente adaptados
à falta de água. Os cactos, por exemplo, apresentam sistemas de raízes superficiais,
cobrindo grande área, para absorver a água das chuvas passageiras (o nome dado a
essa característica é xeromorfismo). No caso dos desertos frios a fauna e flora são
igualmente escassas.

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Figura 9 – Localização dos principais desertos do planeta


Fonte: Wikimedia Commons

Embora as condições sejam difíceis para a sobrevivência nos desertos, algumas


comunidades fizeram destes ambientes (no caso dos desertos quentes) o seu lar
durante milhares de anos, como os beduínos, os tuaregues e os índios pueblos,
por exemplo. Na modernidade, a tecnologia avançada, incluindo sistemas de
irrigação, de dessalinização e de ar condicionado tornaram os desertos muito
mais hospitaleiros. Nos Estados Unidos e Israel, por exemplo, fazendas altamente
produtivas se localizam em áreas desérticas, graças a essas novas tecnologias.

Tem sido estudado e analisado, há tempos, o processo de aumento das áreas


desérticas o qual está ocorrendo, conforme pesquisas realizadas, nas bordas dos grandes
desertos e em regiões de clima semiárido. Esse processo é denominado desertificação.
Em algumas áreas têm sido verificada uma redução no volume anual de precipitação,
o que tem levado os estudiosos a considerar que está em curso um processo de
desertificação, ou seja, uma redução dos níveis de água precipitado anualmente.

As causas da desertificação ainda geram polêmica, podendo ter como base


fatores antrópicos (humanos), ecológicos ou ambos.

Algumas das comunidades tradicionais das áreas áridas e semiáridas sofreram


algumas modificações culturais com o passar do tempo, como a necessidade de
remoção da vegetação (para utilização como lenha) e o pastoreio de animais, o que
pode estar contribuindo para a expansão das áreas desérticas nessas regiões.

Vejamos o que um exemplo de notícia publicada na mídia sobre a situação das


comunidades que vivem nestas áreas.

Estudos apontam que a degradação do solo, assim como uma expansão de


desertos em partes da África (desertificação), custam trilhões de dólares na economia
mundial por ano e pode conduzir dezenas de milhões de pessoas para fora de casa,
de acordo com um estudo realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU)
em 2012. Um terço do mundo está vulnerável à degradação do solo; um terço da
África está ameaçado pela desertificação, conforme estudo publicado pelo The
Economics of Land Degradation. Este estudo citou, ainda, que até 50 milhões
de pessoas poderiam ser forçadas a buscar novas casas dentro de uma década por
conta da desertificação (Fonte: Notícias UOL, 15/092015).

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Podemos observar na figura 10 as áreas que são vulneráveis à desertificação
no mundo.

Figura 10 – Áreas com risco de desertificação


Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons

O debate internacional sobre o tema teve início em 1977, quando ocorreu a


Conferência das Nações Unidas sobre Desertificação, sendo este um marco histórico.

Estudos apontam que no planeta apenas 3% de terras são naturalmente férteis,


mas a cada ano cerca de 12 milhões de hectares de áreas produtivas se convertem
em terras áridas por conta de secas e de processos de desertificação.

Segundo a Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação, a


desertificação é “a degradação da terra nas regiões áridas, semiáridas e subúmidas
secas, resultante de vários fatores, entre eles as variações climáticas e as atividades
humanas”.

O processo é pouco perceptível no curto prazo pelas populações locais. Com


o passar do tempo e a instalação desse processo os moradores, os agricultores e
os pecuaristas, geralmente, abandonam essas terras e vão procurar outro lugar
para viver. As consequências disso são grandes problemas econômicos e sociais.
Em primeiro lugar, ocorre uma redução na oferta de alimentos e a recuperação da
área degradada exige grandes investimentos. Os problemas sociais, tais como a
migração das populações para os centros urbanos, a pobreza, o desemprego e a
violência, geram um desequilíbrio entre as diversas regiões mundiais, uma vez que
as áreas suscetíveis à desertificação encontram-se em regiões pobres, onde já há
uma desigualdade social a ser vencida.

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Floresta tropical
Bioma também conhecido como floresta pluvial e está localizado entre os dois
trópicos (de Câncer e de Capricórnio) e, principalmente, na região equatorial.
Predomina na América do Sul, onde se localiza a Floresta Amazônica. Existem
outros biomas parecidos na Ásia, na África, na Oceania e em muitas ilhas espalhadas
pelos oceanos.
Nesses locais, tanto o índice pluviométrico como as temperaturas médias são
elevadas, o que propicia a formação de uma vegetação bastante densa e diversificada.
O solo é coberto por uma camada de matéria orgânica em decomposição
(serrapilheira), que apresenta ter entre 1,0 e 1,5 metros de espessura e esta camada
fornece os nutrientes para a sustentação da floresta (ciclagem dos nutrientes).
Onde o solo é pobre o que mantém esse bioma sempre vivo e verdes são os
dejetos da floresta, a qual é autossustentável. A formação vegetal densa protege o
solo da erosão.
Há uma grande biodiversidade nos biomas pluviais em função das condições
existentes que favorecem o desenvolvimento tanto da vida vegetal quanto animal

Figura 11 – Localização e características das florestas tropicais


Fonte: Wikimedia Commons

As florestas tropicais são ambientes ocupados por comunidades tradicionais há


milhares de anos. O desmatamento, além de ser responsável por 1/5 das emissões
globais de gases de efeito estufa, causa a perda da biodiversidade e do modo de
vida das comunidades tradicionais que ali vivem.
Desde 1997, cerca de 13 milhões de hectares de florestas (principalmente
as tropicais) foram destruídos - o equivalente a uma área do tamanho da Grécia
destruída a cada ano.
Em todas as áreas de florestas tropicais do planeta, a extração ilegal da flora
e da fauna tem levado ao desaparecimento da sociobiodiversidade em um ritmo
alarmante. Além da extração de recursos das florestas, o desmatamento para a
construção de cidades, a agricultura e a pecuária tem dizimado áreas imensas.
No sudeste da Ásia, por exemplo, “os gatos, os cães, as vacas, os porcos e até
os peixes dourados britânicos estão ajudando a destruir as florestas”, diz o jornal
britânico The Guardian, apontando para os fabricantes de alimentos para animais
AB Agri, de propriedade da Associated British Foods, e a BOCM Pauls, além
do comerciante de mercadorias ED&F Man como principais atores. Afirma ainda
que o dendezeiro é principalmente cultivado em plantações em grande escala. A

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Malásia e a Indonésia têm se tornado os maiores produtores e exportadores de
óleo de dendê. Nesses países, a expansão das plantações industriais de dendezeiros
que cobrem milhões de hectares têm dizimado florestas e invadiram territórios de
comunidades indígenas

Você Sabia? Importante!

Habitantes das florestas tropicais - Os pigmeus são povos que habitam alguns lugares da
África e da Ásia e que não têm mais de 1,50 metros de altura. Os grupos de pigmeus mais
conhecidos vivem na região tropical da África e as semelhanças físicas entre os grupos
africanos e asiáticos são resultado do longo período de adaptação a ambientes similares.
Os povos pigmeus vivem praticamente da caça e da coleta sem se dedicar nem ao
plantio nem à criação de animais. A maioria mantém uma relação muito próxima com
outros povos da região em que vive e por isso perdeu sua língua original e adotou a
dos vizinhos.
Os famosos pigmeus da floresta de Ituri, no Congo, preservaram sua cultura graças à
aculturação com povos vizinhos.
Com a destruição das florestas estes povos correm, também, o risco de extinção, uma vez
que seu a preservação de seu modo de vida depende da conservação destes ambientes.

Fonte: Adaptado de: http://escola.britannica.com.br/article/483462/pigmeu

Savana ou campo tropical


Savana é o nome empregado a um tipo de formação vegetal que varia desde
um campo herbáceo até uma matriz campestre com árvores esparsas. Esse bioma
é típico de regiões de clima tropical, quente e úmido, onde a estação seca é
prolongada e durante a estação chuvosa, a precipitação pode chegar a mais de
1.000 mm/mês.
A vegetação é resistente ao fogo, que ocorre na estação seca, o qual é um agente
controlador do desenvolvimento de muitas plantas, limitando o desenvolvimento de
algumas e estimulando o crescimento de outras (espécies do estrato herbáceo).
Este bioma tem sofrido de forma significativa com a interferência humana.
Extensas áreas são utilizadas para o desenvolvimento de pastagens e agricultura.
Muitos animais típicos deste bioma, como os de grande porte (girafa, elefante, leão,
entre outros) estão ameaçados de extinção devido à perda de habitat e caça ilegal.

Figura 12 – Localização e característica da savana


Fonte: Wikimedia Commons

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Na África, muitas áreas desse bioma têm sido transformadas em áreas de


preservação (parques) voltadas para o turismo (safaris, principalmente), mas a
criação de grandes parques naturais, prontos e repletos de animais para safáris
turísticos, tem um preço. Em vários países, como no Quênia, por exemplo, nos
últimos anos aumentaram as mortes de cidadãos por ataques de animais selvagens,
segundo o Serviço de conservação da fauna queniana (KWS). As vacas que pastam
tranquilamente na savana africana e outros animais domésticos e grupos humanos
que vivem a cerca de poucos quilômetros do parque nacional de Tsavo se tornam
alvos fáceis de ataques de elefantes, leões, leopardos, búfalos, crocodilos entre
outros, que nele vivem, mas que não limitam seu território às fronteiras humanas.
A mudança no estilo de vida das comunidades tradicionais, o crescimento
demográfico, o aumento de infraestruturas e das áreas agrícolas, bem como o
pastoreio extensivo multiplicaram os conflitos entre humanos e animais. Os casos
de conflitos entre humanos e fauna são comuns e diários: danos na infraestrutura
de água, com perfurações de tanques e encanamentos, a destruição de cercas e de
terrenos agrícolas, destruição de plantações, além de vítimas mortais (moradores
das comunidades e turistas). Segundo dados do Fundo Mundial para a Fauna
Selvagem (WWF) mais de 200 pessoas morreram nos últimos cinco anos só por
ataques de animais.
No Parque Nacional de Nairóbi, os leões usam colares de rastreamento, onde
os moradores vivem sob o medo que os animais ultrapassem as cercas da reserva
e ataquem seu gado. Mas quando os humanos defendem seus sistemas de água,
seu gado ou suas fazendas, são os animais os que costumam acabar perdendo.
Segundo denunciou o WWF, as autoridades quenianas encarregadas da fauna
selvagem observaram um aumento imenso de morte de elefantes, chegando a
ocorrer entre 50 e 120 a cada ano.
Podemos observar, conforme estudado nesta unidade, que as formações vegetais
apresentam sua localização e sua distribuição em função de fatores naturais que
estão em constante interação há milhares de anos. O que podemos verificar é que as
formações vegetais (e os animais adaptados a elas) têm sido alvo de transformações
antrópicas há centenas de anos, sendo estas transformadas para atender as mais
variadas necessidades humanas, desde construção de áreas urbanas (moradias e
outros) até a exploração ilegal de seus recursos, como o desmatamento clandestino
que leva a devastação de áreas imensas de florestas a cada ano.
O fato desta destruição ter se acelerado nos últimos séculos levou as sociedades
a criarem áreas de preservação de espaços naturais para atender diversas
finalidades, como as de pesquisa, a proteção da biodiversidade e o lazer. Em
muitos locais, a extensão dessas áreas tem se mostrado insuficiente para que as
populações de animais possam sobreviver, o que tem levado esses a extrapolar
os limites dos parques, procurando alimento fora dessas fronteiras e causando
conflitos com as populações humanas que vivem no entorno dessas áreas.

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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Vídeos
Visita ao Bonete
O vídeo mostra a praia (e a comunidade) da praia do Bonete, localizada no Parque Estadual
de Ilhabela, no estado de São Paulo, no bioma de floresta tropical. Há depoimentos de
moradores sobre as alterações ocorridas na comunidade ao longo do tempo.
https://goo.gl/aBZwDq
Inuits 1/4 Discovery Channel. Colegio de Geografía UNAM
Muito interessante. Embora narrado em espanhol mostra a localização e a cultura
desta comunidade tradicional que sobrevive há milhares de anos na Tundra. Observe as
características da vegetação e dos animais (sua adaptação ao ambiente frio). Observe
também a vestimenta das pessoas, suas habitações, atividades que desenvolvem para
sobreviver e a forma como adaptaram as suas vidas a este ambiente e à introdução das
tecnologias modernas.
https://goo.gl/QJLqYy

Sites
Para um aprofundamento sobre o tema da desertificação, leia as perguntas e as respostas
disponíveis sobre a Gestão do território – desertificação, disponível no site do Ministério
do Meio ambiente:
http://goo.gl/dwk6sQ
O bambu, uma polêmica resposta ao desmatamento na África. O artigo discute a
polêmica sobre as plantações de bambu como uma possível solução comercial para o
desmatamento na África.
http://goo.gl/K5QYcP

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Referências
CALlEGARO. C. C. J. Estudos ambientais e sustentabilidade: Biomas –
Ecossistema. Disponível em: http://claucallegaro.wordpress.com . Acesso em
08/05/2016.

DIEGUES, A. C. (Org.) Os Saberes Tradicionais e a Biodiversidade no Brasil.


São Paulo: MMA e NUPAUB, 2000. Disponível em http://www.mma.gov.br/
estruturas/chm/_arquivos/saberes.pdf Acesso em 10/02/2016.

ECODEBATE, J. D. Colapso. Adaptado de https://www.ecodebate.com.


br/2010/04/07/colapso-como-as-sociedades-optam-entre-o-fracasso-e-a-
sobrevivencia-por-jared-diamond/ Acesso em 18/05/2016.

ROMARIZ, D. A. Biogeografia – temas e conceitos. São Paulo: Grupo Editorial


Scortecci, 2008.

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