Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
1 GENERALIDADES
2 PROCESSO DA CONCEPÇÃO
3 MODELAÇÃO DOS VÃOS
4 CONCEPÇÃO GERAL DA SUPERSTRUTURA
Critérios Gerais
O Material Estrutural
O Sistema Estrutural Longitudinal
A Secção Transversal
o Escolha do Tipo de Secção
o Superstrutura de Betão:
Superstrutura em laje
Superstrutura em laje vigada
Superstrutura em caixão
o Superstrutura Metálica
o Superstrutura Mista Aço-Betão
A concepção das pontes é um processo iterativo que obriga a um estudo e a uma análise
comparativa de soluções que satisfaçam o conjunto dos condicionamentos, topográficos,
geométricos, geotécnicos, hidráulicos, ambientais ou outros.
As soluções devem ser comparadas ao nível de Estudo Prévio, tendo em conta os aspectos
técnicos e de economia, incluindo-se nos primeiros o modo como as várias soluções dão
satisfação aos vários tipos de condicionamentos.
A concepção das pontes deve atender aos objectivos gerais para qualquer estrutura:
Funcionalidade
Segurança e Durabilidade
Economia
Estética e Integração ambiental
2. PROCESSO DA CONCEPÇÃO
No Capítulo 2, foi abordado o estudo da implantação da obra, bem como os aspectos que se
relacionam com o perfil longitudinal e transversal, incluindo-se neste a necessidade de prever o
conjunto de elementos a integrar no tabuleiro da ponte.
O passo seguinte consiste na formulação dos conceitos fundamentais sobre os quais deve
basear-se o estudo das soluções.
Trata-se de uma obra que deve ficar inserida num vale profundo, sendo de evitar a localização
de pilares na zona central do vale, não só pela maior dificuldade a nível da execução das
fundações como também por razões de integração da obra na envolvente (aspecto este que
será abordado em pormenor no Capítulo sobre Estética e Integração Ambiental). A relação entre
a altura dos pilares e o comprimento dos vãos livres é absolutamente determinante do tipo de
soluções que podem ser consideradas.
Tendo em conta a “simetria” do vale e a inclinação das encostas, será preferível por razões de
integração paisagística, que os vãos decresçam do centro do vale para as encostas (Figura 2).
Assim sendo se o vão central for da ordem dos 115m, os vãos seguintes poderiam ser da ordem
dos 77,5m e 55m respectivamente, conforme indicado na figura.
Figura 2 – SoIução A
Em relação a esta solução (Solução A – Fig 2), colocam-se desde já as seguintes questões:
como poderá ser executado o tabuleiro: em que material e com que processo construtivo?
qual o tipo de secção mais conveniente para o tipo de tabuleiro: uma secção aberta tipo laje
vigada ou uma secção em caixão?
que tipo de ligação deve existir entre os pilares e a superstrutura: monolítica ou com
aparelhos de apoio?
Figura 3 – SoIução B
a redução dos vãos permite pensar numa solução parcialmente pré-fabricada para o
tabuleiro, sendo as vigas de betão pré-fabricado ou metálicas, lançadas a partir dos
encontros, servindo as vigas posteriormente de cimbre para a betonagem da laje do
tabuleiro?
O método construtivo para esta Solução B, conduziria no primeiro caso a uma solução de
tabuleiro de betão armado pré-esforçado, enquanto no segundo caso ter-se-ia uma solução
mista aço-betão. O número de vigas a adoptar na secção transversal seria em princípio diferente
em ambas as soluções, já que o peso próprio das vigas de betão seria consideravelmente maior
do que o das vigas metálicas. A solução de betão teria o incoveniente de exigir vigas pré-
fabricadas com um comprimento e um peso demasiado elevado devido à ordem de grandeza
dos vãos. Esta solução de betão seria mais aconselhável para vãos menores, por exemplo da
ordem dos 45m.
Em alternativa as soluções A e B referidas, poder-se-ia ainda colocar a hipótese duma solução
tipo arco, ou pórtico de montantes inclinados (Solução C – Figura 4) indiscutivelmente a que
conduziria à melhor integração com o vale. Esta solução levantaria, no entanto, duas questões
fundamentais:
existem condições geotécnicas na inserção dos montantes com as encostas que permitam
absorver os elevados impulsos H isto é, a componente horizontal da reacção que garante o
funcionamento de arco?
como será possível construir o arco a partir das encontras, admitindo-se inviável, do ponto
de vista económico uma solução que exija um cimbre contínuo apoiado no solo?
H H
Figura 4 – SoIução C
Deverá começar por localizar-se os encontros da obra, garantindo-se que sua altura seja a
menor possível por razões estéticas, mas sempre com um mínimo para a inserção do tabuleiro.
Essa altura não deve, no entanto, ser de tal modo reduzida que se criem, por exemplo em obras
urbanas, verdadeiros locais de acumulação de lixo entre o tabuleiro e o solo ou que facilitem
actos de vandalismo dos aparelhos de apoio nos encontros. Convém, se possível, garantir um
mínimo de cerca de 2,0m de altura livre entre a face interior do tabuleiro e o terreno. Por outro
lado, a localização exacta dos encontros é função da modelação de vãos, pelo que deve
começar por fixar-se, duma forma aproximada, o comprimento total da obra procedendo ao seu
ajustamento após a referida modelação.
Por razões estéticas, se a ponte se encontra num vale com vertentes inclinadas, as modelações
mais favoráveis correspondem a reduzir os vãos, duma forma progressiva, do centro do vale
para os encontros. No entanto esta solução de “variação” contínua de vãos levanta óbvias
desvantagens construtivas obrigando a um ajustamento permanente dos moldes e do pré-
esforço do tabuleiro no caso de soluções de betão ou de espessura das chapas de aço de
secções transversais em tabuleiros mistos aço-betão.
Se a ponte se integrar num vale aberto ou numa zona mais ou menos plana, estando a rasante
à mesma cota em relação ao solo, a solução deve manter um vão tipo ao longo do comprimento
da obra. Respeitam-se assim dois conceitos estécticos básicos – Ordem e Ritmo. Exceptuam-
se, obviamente, os casos de zonas planas em que há necessidade de satisfazer
condicionamentos relativos à localização de pilares na zona de implantação da obra de arte,
como é o caso do atravessamento de cursos de água e de outras vias de comunicação.
Quando o tabuleiro é em viga contínua, a modelação dos vãos tipo e dos vãos extremos, deve
tentar satisfazer o critério de aproximar os momentos flectores positivos do vão extremo com os
dos vãos tipos. Pode mostrar-se que num tabuleiro em viga contínua de inércia
aproximadamente constante, ou até mesmo variável dentro dos valores correntes que é habitual
para a variação de secções, essa relação vão extremo/ vão tipo é da ordem de 0,6 a 0,8. Por
outro lado, se o vão extremo começa a ser inferior acerca de 0,5 do vão tipo, as reacções de
apoio no encontro tendem a ser negativas, mesmo para a acção da carga permanente, o que
cria imensas dificuldades à concepção dos aparelhos de apoio nos encontros.
Todos estes parâmetros são interdependentes, e a opção por um deles não pode ser tomada
sem considerar a sua influência nos restantes.
Dos restantes materiais estruturais, o aço e o betão são hoje em dia os materiais preferidos para
a execução de pontes. As opções são por conseguinte:
As pontes em viga Gerber (vigas formadas por associação de vigas simples isostáticas – vigas
em balanço, vigas simplesmente apoiadas e vigas simplesmente apoiadas com balanços –
algumas delas apoiadas em outras que lhes dão apoio) são estruturas isostáticas no sentido
longitudinal. Podem ser executadas em qualquer dos materiais anteriormente referidos, tendo
como principal desvantagem o facto da isostaticidade obrigar a juntas no tabuleiro, as quais
constituem sempre um problema no que se refere à durabilidade e custos de manutenção da
ponte.
No caso de tubos rectangulares há que tomar cuidado na betonagem, de modo a garantir que o
betão penetre sob os tubos de modo a não deixar vazios na lâmina inferior. Para tal, o betão
deve ser espalhado com o vibrador a partir dos lados.
Algumas das principais desvantagens das lajes vazadas desaparecem nas soluções em laje
nervurada obtidas por intermédio de cofragens recuperáveis em molde plástico do tipo das
utilizadas em edifícios (Figura 10 e Figura 11).
Uma outra solução para pontes em laje é a utilização de elementos (vigas) pré-fabricados em
forma de “T” invertido, os quais são solidarizados pelo betão colocado entre eles constituindo
desta forma uma verdadeira laje maciça (Figura 12).
Uma superstrutura em laje vigada, de betão armado ou betão armado pré-esforçado, consiste
especialmente em (Figura 13):
laje do tabuleiro
vigas principais
travessas ou carlingas
Figura 13 – Esquema Geral de uma Superstrutura em Laje Vigada
A laje do tabuleiro tem como função principal receber as cargas do tráfego e transmiti-las às vigas
principais que vencem o vão. As carlingas funcionam como elementos de ligação entre as vigas
principais, podendo ou não servir de apoio à laje de tabuleiro consoante esta lhe esteja ou não
ligada. Separando a laje de tabuleiro das carlingas consegue-se uniformizar, ao longo do vão, a
armadura da laje. As carlingas, contribuindo para a redistribuição transversal das cargas,
constituem junto com as vigas principais um sistema estrutural em grelha para as cargas
correspondentes ao peso próprio e para as sobrecargas de tráfego.
O número das vigas principais é dependente da largura da ponte (Figura 14), devendo este
número ser o menor possível tendo em vista o custo da cofragem e a facilidade de execução.
As vigas principais podem ser pré-fabricadas devendo neste caso estudar-se o número de vigas
a adoptar na secção transversal da superstrutura, tendo em vista a facilidade de montagem em
função do peso das vigas e do equipamento disponível. Neste caso podem adoptar-se
espaçamentos menores que 5m.
Quanto ao número de carlingas, deve ser o menor possível (eventualmente nenhuma), de modo
a facilitar a execução e economizar na cofragem. Para superstruturas com duas vigas principais
deve, em principio, adoptar-se:
No caso de 3, ou mais vigas principais é sempre aconselhável adoptar uma ou duas travessas
(uma a ½ vão ou duas a 1/3 ou 2/3 de vão) para conseguir uma melhor redistribuição transversal
das cargas e por conseguinte o funcionamento de grelha da superstrutura. Mais do que duas
carlingas é normalmente desnecessário.
As vigas principais tendem a funcionar como vigas T para os momentos positivos e como vigas
de secção rectangular para os momentos negativos (Figura 15a).
Quando os momentos negativos nos apoios intermédios são grandes, pode resolver-se os
problemas das tensões de compressão elevadas no betão, adoptando por exemplo:
Quanto ao posicionamento das vigas principais na secção transversal, esta deve ser tal que não
apareçam torções nas vigas sob as cargas permanentes (Figura 16).
Para concluir a análise das soluções em laje vigada, as quais podem ser utilizadas para vãos
até cerca de 70m, resumem-se algumas das suas vantagens e incovenientes:
Vantagens
menor peso próprio que as soluções em caixão
simplicidade de cofragem e armadura
facilidade de betonagem
possibilidade de pré-fabricação
Inconvenientes
capacidade limitada de absorver as tensões de compressão no “banzo” inferior
menor esbelteza que as soluções em caixão
pouco adaptáveis a pontes em curva ou pontes enviesadas
resistência à torção limitada.
4.4.4 Superstrutura em Caixão
Para grandes vãos, pontes curvas e pontes de largura variável, ou quando se pretende uma
superstrutura de altura mais reduzida por limitações de gabarit (viadutos urbanos), a solução
em caixão é uma solução adequada.
Relativamente à solução em laje vigada, a solução em caixão (Figura 18), com uma ou mais
células, oferece em geral, várias vantagens, designadamente:
um banzo inferior sobre os apoios constituído por uma laje que consegue absorver
mais facilmente as tensões de compressão
uma maior resistência à torção, tornando-a adequada às pontes curvas
uma maior esbelteza (cerca de +20%) do que nas pontes de laje vigada
maiores excentricidades dos cabos de pré-esforço nas secções com momentos
negativos
menores deformações por fluência, pois estão submetidas a menores tensões de
compressão no betão
As razões apontadas levam a que as soluções em caixão sejam, hoje em dia, preferidas para
as grandes pontes de betão armado pré-esforçado. Há, no entanto, que ter em conta algumas
das suas desvantagens relativamente às soluções em laje vigada, nomeadamente:
Hoje em dia as secções em caixão unicelulares são quase sempre preferidas, por razões de
simplicidade de execução, mesmo em pontes largas.
Apenas no caso de pontes largas e limitações de gabarit que obriguem a uma pequena altura
de secção, se adoptam caixões de mais de uma célula. Mas mesmo assim, nestes casos pode
recorrer-se a dois caixões unicelulares paralelos.
Larguras:
Espessuras mínimas:
i=3a4
5. CONCEPÇÃO GERAL DA INFRAESTRUTURA
5.1 COMPOSIÇÃO E FUNDAÇÕES DA INFRAESTRUTURA
A infra-estrutura das pontes é composta de:
Pilares
Fundações
Encontros
e sua função principal é transmitir ao solo as cargas introduzidas na superstrutura pelas acções
permanentes, variáveis e de acidente. A infra-estrutura deve constituir com a superstrutura um
sistema estrutural estável e resistente, em que as alterações de geometria da superstrutura,
devidas as acções térmicas, de retracção, de pré-esforço, de fluência e de assentamentos de
apoio possam ser acomodadas em boas condições de funcionamento da obra.
5.2 PILARES
A função dos pilares é transmitir as cargas da superstrutura às fundações. Quanto ao material,
os pilares podem classificar-se em:
Pilares de alvenaria de pedra
Pilares de madeira
Pilares metálicos (aço)
Pilares de betão armado ou pré-esforçado
Os pilares de alvenaria de pedra foram muito utilizados desde a Antiguidade até as primeiras
décadas do nosso século. Eram constituídos por alvenaria de pedra, isto é, pedra trabalhada
nas faces vistas, pedras essas interligadas por juntas dispostas segundo certas regras, de modo
a aumentar a resistência do conjunto. O estudo das alvenarias é um assunto que continua a
revestir-se de grande interesse, pois mesmo que por razões técnicas e económicas não seja um
material hoje em dia adoptado na construção de pontes, é um facto que só os problemas
motivados pela necessidade do reforço de pontes antigas é suficiente para justificar a nossa
atenção. Convém ter em conta que os pilares de alvenaria das pontes antigas, eram
evidentemente dimensionados tendo em conta a resistência do conjunto e não propriamente a
resistência das pedras, a qual é consideravelmente maior.
A resistência à compressão de uma pedra normal atinge valores superiores a 5000 N/cm2,
enquanto as tensões admissíveis à compressão numa alvenaria de pedra não excediam em
geral os 500 ou 600 N/cm2.
Os pilares de aço utilizam-se em pontes metálicas ou mistas e, hoje em dia, muito mais em obras
provisórias.
As soluções em ponte mista, em viga de alma cheia ou caixão, têm vindo a ser construídas por
toda a parte recorrendo a pilares de betão armado. Constituem-se assim, pontes com
superstrutura mista e pilares de betão armado.
O tipo de pilar mais correntemente usado hoje em dia é o pilar de betão armado, material este
que apresenta efectivamente excelentes características técnicas e económicas para pilares.
Podendo recorrer-se a menores esbeltezas do que nos pilares metálicos. Por motivos do menor
preço unitário do betão, o pilar de betão armado apresenta, em geral, menores esforços
secundários (devidos aos efeitos geometricamente não lineares) do que os pilares de aço.
A forma da secção transversal dos pilares pode ser o mais diversa possível, devendo em cada
caso o projectista escolhê-la tendo em atenção condicionamentos e factores específicos da obra,
entre os quais:
a topografia do local, condicionando a altura do pilar
as acções transmitidas pela superstrutura
a acção do vento sobre os pilares
as acções dos corpos flutuantes – caudal sólido, troncos de árvores, etc.
as acções acidentais correspondentes ao choque de embarcações
as condições do funcionamento do pilar em fase construtiva
as acções hidrodinâmicas
Os pilares correntes são, em princípio, preferíveis por razões de economia aos pilares parede.
Além disso apresentam, em geral, vantagens no que se refere a estética (aspecto mais leve) e
visibilidade aspecto este que pode ser importante em viadutos enviesados. Por estas razões
são, em geral, preferidos aos pilares parede, no caso de viadutos urbanos. Há, no entanto, que
ter em atenção, neste caso, a sua segurança ao choque de veículos, podendo utilizar-se uma
das seguintes soluções:
localizar o pilar a uma distância razoavelmente grande das vias de tráfego
adoptar dispositivos de protecção do pilar contra o choque de veículos
dimensionar o pilar para o choque de veículos
Das três soluções acima, a primeira pode estar inviabilizada por razões de espaço disponível ou
de aumentar os vãos da superstrutura, e a última por ser particularmente gravosa para a
economia do pilar.
Os pilares parede com talha-mar, são preferídos por razões hidráulicas. No caso de existir
navegação fluvial importante, devem possuir espessuras superiores a 3m por causa do choque
de embarcações, ou possuírem protecções apropriadas.
Quando se trata de viadutos ou pontes em que os pilares, por razões topográficas, são de grande
altura, os pilares tubulares são em geral os preferidos por razões de economia e estabilidade
estrutural. Efectivamente, no que se refere a estabilidade, as secções tubulares são as mais
aconselháveis na medida em que para uma mesma área de secção transversal possuem um
maior raio de giração (i) em relação ao correspondente de uma secção compacta.
Os pilares parede possuem uma dimensão transversal que se adapta ou não a toda a largura
da face inferior da superstrutura. A primeira solução é adequada, por exemplo, no caso de uma
superstrutura em caixão com ligação monolítica a pilares de grande altura, constituindo o
conjunto um pórtico longitudinal. Já no caso de uma ponte em viga contínua em laje vigada
betonada “in situ”, ou com vigas pré-fabricadas, pode adoptar-se um pilar parede de menor
largura do que a face inferior da superstrutura.
Figura 20 – Constituição dos Pilares
Nos primeiros (Figura 22) existe um muro de testa totalmente aparente e dois muros laterais
normalmente ligados ao muro de testa. Estes muros laterais podem ser perpendiculares ou
inclinados relativamente ao muro de testa, designando-se, no primeiro caso, por muros de
avenida (ou de retorno), e, no segundo, por muros de ala.
A inclinação adoptada nos muros de ala permite, em geral, uma melhor integração do encontro
no terrapleno, devendo estudar-se a sua dimensão em função da “saia” necessária para o aterro.
Em relação ao muro de testa, a inclinação dos muros de ala pode variar entre 90º (alas normais
ao eixo da ponte) até 0º (muros de avenida). Os muros laterais (ala ou avenida) são maiores ou
menores consoante as condições topográficas e geotécnicas, podendo em certos casos serem
suprimidos.
A superstrutura descarrega numa viga de grande porte (denominada Estribo) por intermédio de
aparelhos de apoio, o qual está integrado no próprio muro (caso de um muro de testa maciço)
ou descarrega sobre os gigantes tal como acontece na Figura 23. O estribo é sempre uma viga
de grande altura (> 0,70m em geral) de modo a conseguir absorver com pequenas deformações,
as elevadas cargas transmitidas pelos aparelhos de apoio.
Nem sempre se justifica um encontro do tipo acima referido. Para pequenas pontes,
nomeadamente pontes em laje com vãos até a ordem dos 15 a 20m, os encontros podem ser
realizados por simples paredes de betão armado (Figura 24). A laje pode ficar em apoios simples
em ambos os lados, pois os deslocamentos longidutinais são suficientemente pequenos para
que possam ser acomodados pelas rotações dos muros de testa e deformações dos aterros.
Para H > 7m, normalmente as soluções em muro de contrafortes (gigantes) são mais
económicas.
Sobre os Encontros Perdidos, em certos casos pode ser mais económico prolongar a
superstrutura e manter os ângulos de talude natural, reduzindo-se então o encontro a um simples
apoio para a extremidade do tabuleiro, sem ter por conseguinte a função de suportar o aterro.
Esta solução pode ser vantajosa nas passagens superiores às auto-estradas, em que a
existência de muros de testa muito próximos das vias, cria aos condutores uma sensação de
estrangulamento da estrada.
Na Figura 27, ilustra-se a situação de uma passagem superior com encontros perdidos.
Nas fundações superficiais, a carga é transmitida exclusivamente pela face interior da fundação,
enquanto nas fundações profundas a carga é, em geral, absorvida não só pela resistência do
solo à penetração da extremidade do elemento, mas também por efeito do atrito lateral solo-
parede do elemento.
É evidente que quando se trata de fundações profundas que atravessam camadas de solo
moles, a parcela de carga absorvida por efeito de atrito lateral é, em geral, suficientemente
pequena para que possa ser desprezada, em relação à resistência de ponta.
De uma forma muito geral, pode dizer-se que o que distingue uma fundação superficial de uma
fundação profunda é a relação h/b, de ordem inferior a 5 nas primeiras, e superior a 10 nas
segundas, em que b é a dimensão característica do elemento da fundação (dimensão em planta
da sapata ou diâmetro da estaca) e h a profundidade da cota de fundação ou altura da estaca.
Os blocos de fundação distinguem-se das sapatas por serem construídos com altura suficiente
para dispensar a armadura principal, adoptando-se unicamente uma armadura construtiva
horizontal junto à face interior. Embora seja menos corrente, podem utilizar-se blocos de
alvenaria de pedra ou em betão ciclópico.
As sapatas possuem menor altura relativamente aos blocos e têm sempre necessidade de uma
armadura horizontal de cálculo, pelo menos junto à face interior. As sapatas constituem o tipo
de fundação directa mais utilizada para pilares das pontes. Quer os blocos quer as sapatas,
poderão ser isolados, quando neles descarrega um único pilar, ou corridos quando servem de
suporte a mais do que um pilar ou a um pilar parede.
Figura 30 – Fundações por Blocos e Sapatas
Na sapata isolada transmite-se ao solo a carga de um único pilar, enquanto nas sapatas corridas
se reúnem as sapatas de dois ou mais pilares numa única sapata alongada.
Do ponto de vista qualitativo tem-se obtido, com base em ensaios em modelos reduzidos,
bastantes informações sobre os parâmetros que influenciam as infra-escavações.
Leitos constituídos por elementos finos ou mesmo areias, junto com elementos de grandes
dimensões – pedregulhos, tornaram-se perigosos pois os elementos finos tendem a ser
arrastados pela corrente provocando infra-escavações.
As fundações poderão ser protegidas contra as infra-escavações por intermédio de
enrocamentos, como se utilizava nas pontes antigas de alvenaria ou por uma cortina de estacas.
A cota de fundação deverá, no entanto, ter sempre a máxima infra-escavação previsível. As
medidas de protecção referidas destinam-se unicamente a aumentar o nível de segurança das
fundações.
Refira-se que só existe o risco de corrosão nas estacas metálicas, quando a estaca fica
parcialmente desenterrada, como pode acontecer em estacas de fundação de pilares de pontes
em rios. As partes das estacas metálicas que correm o risco de corrosão, deverão ser protegidas
por produtos adequados, nomeadamente por protecção com betão.
Quanto as estacas de betão armado poderão ser pré-fabricadas e cravadas ou moldadas “in
situ”. No primeiro caso, são geralmente de secção quadrada, podendo hoje em dia, recorrer-se
a estacas pré-esforçadas de modo a facilitar as operações de montagem.
As estacas moldadas “in situ” podem ser executadas com tubo moldador perdido ou recuperável,
podendo ainda distinguir-se dois tipos de estacas consoante o tubo moldador seja cravado com
ou sem remoção do terreno interior. Na Figura 28, apresenta-se um esquema executado para
estacas moldadas com recurso eventual a trepano para realizar o encastramento da estaca no
“bed–rock”.
Os caixões são afundados por “havage”, método que consiste no afundamento progressivo do
caixão a partir da extracção do solo no seu interior. O terreno pode ser escavado a céu aberto
ou sob ar comprimido, permitindo deste modo fazer uma escavação a seco mesmo abaixo do
nível freático ou das águas, no caso de um pilar num rio. O incoveniente da técnica do ar
comprimido relaciona-se com as más condições de trabalho nesses ambientes, os quais podem
ocasionar problemas de saúde. A execução de caixões com escavação manual sob ar
comprimido está limitada a profundidades da ordem dos 25m abaixo do nível da água, o que já
obriga a pressões de ar de 0,25 MPa = 2,5 atmosferas.
A fundação por barretas é, hoje em dia, um dos processos mais promissores. Utilizando o
princípio da técnica de paredes moldadas, as barretas devido à sua versatilidade têm vindo a
ser utilizadas, nalguns casos, em substituição dos Pegões tradicionais. As formas das secções
transversais têm por base um elemento alongado, mas por conjugação de vários elementos
podem obter-se secções em T ou U, com uma capacidade de carga.
custos
facilidades de execução
segurança durante a execução da obra
tempo de execução
A facilidade de execução tem muito a ver com a topografia do local onde está implantada a
ponte, a cota da rasante, a dificuldade de execução das fundações, a forma e geometria da
superstrutura, etc.
Os pilares das pontes são normalmente em betão armado. Estes pilares podem ser executados
recorrendo a:
cofragens tradicionais
moldes deslizantes ou moldes saltantes
pré-fabricação
A altura dos troços a betonar – plano de betonagem dos pilares, deve ter em consideração os
volumes de betão necessários, a segregação do betão, as armaduras em presença e a facilidade
de vibração do betão.
A execução dos pilares por moldes deslizantes é adequada a pilares de média ou grande altura.
O molde, em madeira ou metálico, é deslizado em direcção ao topo do pilar por intermédio de
macacos hidráulicos. Os moldes vão deste modo deslizando ao longo do betão que vai sendo
colocado e vibrado, de uma forma contínua que pode atingir os 0,50m por hora. Em pilares de
altura média (10 a 30m) poderá ser mais económico adoptar um esquema de moldes “saltantes”,
isto é, moldes com altura da ordem dos 3m que vão sendo içados à medida que se vão
efectuando as betonagens de troços do pilar de dimensão ligeiramente inferior ao molde. Para
fazer subir as formas há que recorrer, em geral, a torres auxiliares.
Fundamentamente pode dizer-se que a construção da superstrutura das pontes pode ser feita:
Os tabuleiros em betão armado pré-esforçado podem ser betonados “in situ” ou pré-fabricados.
Neste último caso pode recorrer-se a métodos e equipamentos especiais de colocação dos
elementos pré-fabricados.
Embora o vão não seja o único parâmetro condicionante da escolha do método construtivo,
refere-se no quadro seguinte uma possível representação da influência deste parâmetro nesta
escolha.
Quadro 6.3.1: MÉTODOS DE CONSTRUÇÃO DE TABULEIROS DE PONTES
O sistema de cavalete apoiado sobre o terreno pode ser total, em pontes pouco extensas (ex.
Passagens superiores), ou pode ser parcial com montagens e desmontagens sucessivas por
fases de betonagem, nas pontes de maior extensão. Esta última solução, permite um melhor
aproveitamento do cimbre, devendo os planos de betonagem e de pré-esfoço serem estudados
tendo em conta a reutilização referida. Estão, neste caso, as pontes em viga contínua com
ancoragens de continuidade nas juntas de betonagem, normalmente a ¼ a 1/5 de vão (Figura
31).
Com o desenvolvimento das pontes de betão armado, o método dos avanços começa a atrair a
atenção dos construtores e projectistas, sendo a ponte de Herval, sobre o Rio Peixe no Brasil,
em 1930, a primeira ponte executada por uma técnica semelhante à utilizada actualmente.
Freyssnet utiliza, em certa medida, a técnica dos avanços em pontes de betão pré-esforçado,
nomeadamente na ponte de Lucanzy com 55m de vão, em 1945 e em cinco pontes sobre o
Marne, com 75m de vão, em 1948-50. É, no entanto, Finsterwalder, na Alemanha, quem
propriamente inicia (1950-51) a técnica dos avanços sucessivos em pontes de betão pré-
esforçado.
A técnica dos avanços sucessivos pode ser executada:
a) simetricamente, para um e outro lado de um pilar (Figura 36)
b) assimetricamente a partir de um tramo já construído (Figura 37)
c) assimetricamente a partir de um encontro (Figura 37)
d) assimetricamente a partir de um pilar ou de um encontro, mas recorrendo a uma técnica
mista de avanços e cavalete apoiado sobre o terreno (Figura 44).
Figura 37
Na construção de pontes de betão pré-esforçado por avanços sucessivos, as aduelas vão sendo
pré-esforçadas à medida que são executadas (Figura 39). A ligação entre consolas, vindas de
um e outro pilar, é feita por intermédio de uma “aduela de fecho” com comprimento da ordem
dos 2m a 3m no caso de vãos correntes. O peso próprio de cada aduela, assim como do
equipamento necessário à sua construção, é suportado pelas partes da estrutura já betonadas
e pré-esfoçadas.
Esses momentos (MD e ME) são devidos, por exemplo, a uma assimetria acidental, em relação
ao pilar da betonagem de aduelas (isto é, uma aduela num dos lados é betonada antes da sua
“correspondente” do outro lado), ao efeito de assimetria de sobrecargas construtivas (SE e SD),
ao efeito do vento, etc. O momentos desequilibrados das consolas têm que ser absorvidos pelo
pilar, adoptando-se uma ligação rígida pilar-tabuleiro – pontes em pórtico, ou uma ligação
provisória com ancoragens pré-esforçadas ou apoios provisórios (torres metálicas em treliça) no
caso de pontes em viga continua (Figura 41).
As rótulas do fecho das consolas permitiam os deslocamentos axiais e as rotações, pelo que os
efeitos de variações de temperatura, da retracção, da fluência e da variação dos efeitos
hiperstáticos do pré-esforço eram eliminados no caso de consolas simétricas relativamente aos
pilares. Esta solução permitia ter as consolas rigidamente ligadas aos pilares, mas apresentava
variadíssimos inconvenientes dos quais:
Mesmo nas soluções em pórtico, o tabuleiro acaba por funcionar para as acções verticais
praticamente como uma viga contínua, pelo menos desde que a sua Inércia seja superior a 4~5
vezes a inércia dos pilares.
Apenas em pontes em que os pilares sejam muito rígidos (pilares baixos <20m) valerá a pena
em princípio, optar por colocar aparelhos de apoio de neoprene cintado para impedir que devido
às variações de comprimento do tabuleiro (temperatura, retracção e fluência) se gerem esforços
muito grandes nos pilares.
Quanto a forma da secção transversal dos tabuleiros, embora já tenham sido utilizadas secções
em laje vigada, a secção em caixão uni ou multicelular tem sido a forma preferida, e diga-se que
é efectivamente a mais adequada. Basta pensar na existência de uma lâmina de compressão
para absorver os enormes momentos negativos na fase construtiva. Esses momentos, podem
ser reduzidos, se se utilizar os métodos de avanços sucessivos em conjugação com um sistema
de tirantes suportados por torres provisórias, como se indica na Figura 47.
Figura 47 – Utilização de uma Torre Auxiliar e Tirantes no Método dos Avanços
Finalmente, refere-se que o método dos avanços sucessivos pode ser aplicado à construção
dos arcos (Figura 48) e à construção de pontes de tirantes. Possui também um grande domínio
de aplicação nas pontes construídas por aduelas pré-fabricadas.